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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E OS DERRAMAMENTOS DE ÓLEO NO MAR: UMA ABORDAGEM EXPLORATÓRIA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO MÁRIO ROBERTO LEMOS JÚNIOR Niterói, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E OS DERRAMAMENTOS DE ÓLEO NO MAR:

UMA ABORDAGEM EXPLORATÓRIA

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

MÁRIO ROBERTO LEMOS JÚNIOR

Niterói, 2013

MÁRIO ROBERTO LEMOS JÚNIOR

A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E OS DERRAMAMENTOS DE ÓLEO NO MAR:

UMA ABORDAGEM EXPLORATÓRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Graduação em Engenharia de Petróleo da

Escola de Engenharia da Universidade Federal

Fluminense, como requisito parcial para obtenção do

Grau de Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Orientador: Professor Geraldo de Souza Ferreira

Niterói, 2013

Dedico este trabalho a Deus, à minha família

e a meus amigos que sempre estiveram ao

meu lado, me dando suporte e sendo

essenciais durante toda a minha trajetória.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, que me guiou através da minha fé e do meu

coração até chegar aqui.

Aos meus pais Mário e Vera, por serem exemplos de seres humanos nos quais eu

me espelho e por sempre me apoiarem, não importando o tamanho dos obstáculos.

Obrigado por me ajudarem a ser uma pessoa melhor.

Aos meus irmãos Messias e Verimar, que também sempre me apoiaram e me deram

muito carinho, mesmo que mais distantes em alguns momentos.

Aos meus vários amigos de todas as épocas que sempre torceram por mim e me

deram apoio e força pra continuar seguindo atrás do meu sonho de me tornar engenheiro.

Ao professor e orientador Geraldo Ferreira, que concordou em me orientar na

elaboração deste trabalho e me incentivou a continuar com o estudo do tema proposto.

À UFF, que me proporcionou um momento único na vida.

A todos os meus parentes, que não são poucos, que também sempre me deram todo

o suporte e apoio pra correr atrás dessa graduação.

E a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho.

EPÍGRAFE

“Queira

Basta ser sincero e desejar profundo

Você será capaz de sacudir o mundo, vai

Tente outra vez

Tente

E não diga que a vitória está perdida

Se é de batalhas que se vive a vida

Tente outra vez”

Raul Seixas

RESUMO

Com a descoberta de petróleo no pré-sal, houve um aumento significativo nas

atividades de perfuração marítima e, com isso, aumentou-se também o risco de acidentes

com derramamento de óleo.

Para se estar pronto para esse tipo de acidente deve-se ter uma política ambiental

bem definida, um plano de contingência bem estruturado e equipamentos eficientes para

auxiliar no combate ao derramamento de óleo.

Este trabalho pretende abordar a evolução da política ambiental no Brasil, a estrutura

atual dos planos de contingência, situações em que podem ocorrer o derramamento de óleo

no mar e as tecnologias disponíveis para o sensoriamento remoto deste problema no mar.

Palavras-chave: derramamento de óleo, política ambiental, planos de contingência,

sensoriamento remoto.

ABSTRACT

With the discovery of oil in Pre-salt reservoir there was a significant increase in the

offshore drilling activities, and the increased risk of accidents with oil spill.

To be ready for this type of accident should have a well-defined environmental policy,

a well-structured contingency plan and efficient equipment to help fight the oil spill.

This study aims to address the evolution of the environmental policy in Brazil, the

current structure of contingency plans, situations in which an oil spill can occur in the sea and

the available technologies for remote sensing of oil spills in the sea.

Key words: oil spill, environmental policy, contingency plans, remote sensing.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Organograma SISNAMA no Estado do Rio de Janeiro........................................18

Figura 02 - Comparativo do total de acidentes ambientais registrados por região nos anos de

2010, 2011 e 2012................................................................................................................. 22

Figura 03 - Percentual de acidentes registrados por local referente ao ano de 2012 .......... 23

Figura 04 - Tipos de eventos ocorridos em acidentes ambientais no ano de 2010 ............. 25

Figura 05 - Organograma da Comissão Organizadora do Plano Nacional de Contingência 29

Figura 06 - Plataforma Semisubmersível P-18 ..................................................................... 36

Figura 07 - Navio sonda Petrobras 10000 ............................................................................ 37

Figura 08 - FPSO Cidade de Angra dos Reis ....................................................................... 38

Figura 09 - Operação de Offloading ..................................................................................... 39

Figura 10 - Mancha de óleo no Mar de Timor ..................................................................... 47

Figura 11 - Espalhamento Raman retratado ........................................................................ 48

Figura 12 - Imagem do RADARSAT da mancha de óleo no Golfo do México .................... 51

Figura 13 - Interface do usuário do sistema Miros OSD ....................................................... 53

Figura 14 - Imagem do sistema Sea-Hawk .......................................................................... 54

Figura 15 - Tela do sistema SECurus ...........................................................................;....... 55

Figura 16 - Mapeamento aéreo com o sensor multiespectral/termal e medição da

espessura.............................................................................................................................. 57

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Comprimento de onda das bandas de sensoriamento remoto .......................... 45

LISTA DE ACRÔNIMOS

AAE – Avaliação Ambiental Estratégica

ANP – Agência Nacional do Petróleo

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BP – British Petroleum (Petróleo Britânico)

CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo

CGEMA – Coordenação Geral de Emergências Ambientais

COMDEMA – Conselho Municipal de Meio Ambiente

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente

DIPRO – Diretoria de Proteção Ambiental

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FPSO – Floating Producing Storage and Offloading (Unidade Flutuante de Produção,

Estocagem e Transferência de Óleo)

GASBOL – Gasoduto Brasil-Bolívia

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INEA – Instituto Ambiental do Ambiente

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

LIDAR – Light Detection and Ranging (Detecção de Luz e Variação)

LURSOT – Laser-Ultrasonic Remote Sensing of Oil Thickness (Sensoriamento Remoto da

Espessura do Óleo com Laser Ultrassônico)

MMA – Ministério do Meio Ambiente

NASA – National Aeronautics and Space Administration

NUPAEM – Núcleos de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais

OIT – Organização Internacional do Trabalho

OSD – Oil Spill Detection (Detecção de Derramamento de Óleo)

P2R2 – Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências

Ambientais com Produtos Químicos Perigosos

PAM – Plano de Auxílio Mútuo

PEI – Plano de Emergência Individual

PNC – Plano Nacional de Contingência

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PRC – Plano Regional de Contingência

RADAR – Radio Detection and Ranging (Detecção de Ondas de Radio e Variação)

REDUC – Refinaria Duque de Caxias

SAR – Synthetic Aperture Radar (Radar de Abertura Sintética)

SEA – Secretaria Estadual do Ambiente

SEMA – Secretaria Especial de Meio Ambiente

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SISNOLEO – Sistema de Informações sobre Incidentes por Óleo nas Águas Jurisdicionais

Brasileiras

SLAR – Side Looking Airborne Radars (Radar de Busca Lateral a Bordo de Aeronave)

SMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente

TORGUÁ – Terminal da Ilha D’Água

UNCED 92 – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................................ 14

1.1 – Apresentação .......................................................................................................... 14

1.2 – Objetivos do Trabalho ............................................................................................. 14

1.3 – Metodologia do Trabalho ......................................................................................... 15

1.4 – Estrutura do Trabalho .............................................................................................. 15

CAPÍTULO 2 – POLÍTICA AMBIENTAL E OS PLANOS DE CONTINGÊNCIA NO BRASIL 16

2.1 – Histórico da Política Ambiental Brasileira ................................................................ 16

2.2 – Cenário Nacional dos Planos de Emergência .......................................................... 20

2.2.1 – A Origem dos Planos de Emergência no Brasil ................................................. 23

2.2.2 – Os Tipos de Planos de Emergência no Brasil ................................................... 25

CAPÍTULO 3 – A INDÚSTRIA MARÍTIMA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL E SEUS

IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE ....................................................................................... 33

3.1 – Perfuração, Produção e seus Impactos Ambientais................................................. 34

3.2 – Transporte de Petróleo e Gás Natural e seus Impactos Ambientais ........................ 37

3.3 – Eventos Acidentais em Ambiente Marítimo ............................................................. 39

3.4 – Efeitos do Vazamento de Óleo ................................................................................ 40

CAPÍTULO 4 - PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DOS EQUIPAMENTOS PARA

MONITORAMENTO DE DERRAMAMENTO DE ÓLEO ....................................................... 45

4.1 – Sensores Ultravioletas ............................................................................................. 45

4.2 – Sensores Visíveis e Infravermelhos ......................................................................... 46

4.3 – Sensores Multiespectrais (Ultravioleta-Visível-Infravermelho Proximal) ................... 47

4.4 – Fluorosensores ........................................................................................................ 47

4.5 – Espalhamento Raman ............................................................................................. 48

4.6 – Sensores Acústicos ................................................................................................. 49

4.7 – Sensores de Microondas ......................................................................................... 49

4.8 – Infravermelho Termal .............................................................................................. 50

4.9 – Radar ...................................................................................................................... 50

4.10 – Combinação de Sensores ..................................................................................... 51

CAPÍTULO 5 – PRINCIPAIS SISTEMAS DE DETECÇÃO DE DERRAMAMENTO DE ÓLEO

DISPONÍVEIS NO MERCADO ............................................................................................ 53

5.1 – Miros ....................................................................................................................... 53

5.2 – Sea-Hawk ................................................................................................................ 54

5.3 – SeaDarQ ................................................................................................................. 54

5.4 – APTOMAR .............................................................................................................. 55

5.5 – Amtech Aeronautical LTD ........................................................................................ 56

5.6 – Ocean Imaging ........................................................................................................ 56

5.7 – Optimare ................................................................................................................. 56

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES ................................................................. 58

6.1 - Conclusões .............................................................................................................. 58

6.2 – Sugestões ............................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 59

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 – Apresentação

Como vem havendo uma intensificação das atividades em ambiente marítimo,

especialmente em águas com grande profundidade, o risco de que ocorra um derramamento

de óleo fica cada vez maior. Com essa intensificação das atividades e com os desafios

tecnológicos impostos pelas novas fronteiras exploratórias, aumentam também as

probabilidades de alguma falha. Os campos do Pré-sal com reservas localizadas em águas

ultra profundas são exemplos de atividades que envolvem riscos.

Com isso, ao longo dos anos o rigor das políticas ambientais só vem aumentando.

Planos de contingência vêm sendo elaborados, punições mais severas estão sendo

estabelecidas e as cobranças, tanto com relação ao governo, quanto às empresas privadas

só estão aumentando.

Os impactos gerados por derramamentos de óleo podem causar estragos

devastadores ao meio ambiente, que podem perdurar por anos. Não só ao meio ambiente,

mas também podem afetar pessoas que vivem em função do mar que foi afetado pelo

derramamento.

É com base nisso que é importante o estudo acerca dos derramamentos de óleo,

para que se possa conseguir uma resposta mais efetiva ao problema. As tecnologias

utilizadas para monitorar o derramamento de óleo são fundamentais para auxiliar na tomada

de decisões com o intuito de minimizar os efeitos do vazamento.

1.2 – Objetivos do Trabalho

Este trabalho tem como objetivo mostrar todo o cenário acerca do derramamento de

óleo, e também tratar das políticas ambientais envolvidas nesse caso. Além disso pretende

identificar e analisar as principais tecnologias disponíveis para o sensoriamento remoto do

derramamento de óleo em ambiente marítimo.

15

1.3 – Metodologia do Trabalho

No presente trabalho, será utilizada como metodologia a pesquisa bibliográfica e

estudo sistematizado com base em material publicado em livros, revistas, jornais, artigos,

teses, dissertações, monografias e redes eletrônicas.

1.4 – Estrutura do Trabalho

Este trabalho será constituído de 6 capítulos. No capítulo inicial teremos uma breve

apresentação sobre o assunto do trabalho, bem como algumas informações tais como o

objetivo do trabalho e a metodologia utilizada para sua elaboração.

No capítulo 2 trataremos a política ambiental no Brasil e principalmente sua

evolução. Trataremos também sobre os planos de contingência existentes no Brasil, bem

como sua origem.

No capítulo 3 abordaremos as principais atividades da indústria de petróleo e gás no

ambiente marinho e os principais impactos que tais atividades podem trazer ao meio

ambiente. Abordaremos também os principais tipos de acidentes que podem ocorrer no mar,

bem como os efeitos dos vazamentos de óleo.

No capítulo 4 serão apresentadas as principais tecnologias utilizadas para auxiliar no

monitoramento do óleo no mar. Além disso é apresentada a combinação dessas

tecnologias, que podem tornar o monitoramento muito mais eficiente.

No capítulo 5 são destacados os principais equipamentos e sistemas existentes hoje

no mercado, com uma breve explicação sobre a tecnologia que estes utilizam.

No capítulo 6 além da conclusão são feitas sugestões para futuras pesquisas a partir

desse trabalho.

CAPÍTULO 2 – POLÍTICA AMBIENTAL E OS PLANOS DE CONTINGÊNCIA NO

BRASIL

2.1 – Histórico da Política Ambiental Brasileira

A política ambiental brasileira começou a se desenvolver tardiamente, e foi resultado

principalmente de pressões internacionais e de poucos grupos sociais do país. Até o ano de

1972, quando ocorreu a Conferência de Estocolmo, a política ambiental brasileira era

praticamente nula. O principal interesse da política do Brasil estava voltado para o

desenvolvimento econômico, principalmente da indústria de base, com o intuito de diminuir

as importações e aumentar a industrialização do país. Portanto, o momento não era o ideal

para uma política ambiental no país (BREDARIOL, 2001).

No ano de 1972 ocorreu a Conferência de Estocolmo, primeira conferência de âmbito

mundial relacionada ao meio ambiente e da qual o Brasil foi um dos participantes.

Encabeçada pelos EUA, a conferência estava preocupada com as consequências da

poluição ambiental gerada pela industrialização, principalmente nos países conhecidos

como Terceiro Mundo. A conferência defendia que os países criassem um planejamento

para um melhor controle ambiental, diminuindo os males causados pelas indústrias ao meio

ambiente. Porém, o posicionamento dos países subdesenvolvidos, o que incluía o Brasil, era

de rejeição às propostas da conferência, pois mesmo reconhecendo os malefícios

proporcionados ao ser humano pela poluição do meio ambiente, eles não abriram mão do

desenvolvimento econômico a qualquer custo. Dessa forma, o Brasil saiu da Conferência de

Estocolmo planejando construir a sua política ambiental internamente, sem prejudicar o

desenvolvimento do país preocupando-se com o meio ambiente (FERREIRA, 1998).

A primeira atitude do Brasil após a Conferência de Estocolmo foi criar a Secretaria

Especial de Meio Ambiente (SEMA), órgão especializado em assuntos relacionados ao meio

ambiente. A SEMA instituiu no Brasil um modelo de política ambiental que focava no

controle da poluição, ignorando outras áreas cujas políticas podem impactar no meio

ambiente, tal como saneamento básico. A SEMA adotou uma política com ênfase na

correção e punição, o que foi criticado por não visualizar o meio ambiente de uma forma

mais abrangente. Nessa época surgiu no estado do Rio de Janeiro a Fundação Estadual de

Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), que apesar de se esforçar para implantar uma

política ambiental mais abrangente e integrada, esbarrou na política da época que via a

política ambiental como um empecilho para o desenvolvimento econômico, relegando assim

a política ambiental (CALIXTO, 2011).

17

No ano de 1981, a Lei Federal 6.938 criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente

(SISNAMA), integrando entidades ambientais de todos os níveis. Esse sistema seria

coordenado por um órgão colegiado: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

Essa Lei foi criada com o intuito de reger a política do meio ambiente no país. O principal

objetivo dessa lei era: “a preservação ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país,

condições para o desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e

a proteção da dignidade da vida humana”. Alguns dos instrumentos listados pela lei para

assegurar esse objetivo são: avaliação de impactos ambientais e o licenciamento e a

revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (Lei federal 6.938/ 81, artigo 9,

incisos III e IV). Na Constituição Federal de 1988 ficou explicitado que a construção,

instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de

recursos ambientais, que fossem considerados efetivos ou potencialmente poluidores, iriam

depender de um licenciamento prévio emitido por qualquer órgão estadual que seja

integrante do SISNAMA.

Já no ano de 1989, sob a gestão do presidente José Sarney (1985- 1989), foi

promulgada a Lei 7.735, que criava um órgão federal que seria uma fusão das várias

secretarias que cuidavam da política ambiental no país. Esse órgão criado era o Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O IBAMA é uma

entidade autárquica que atua em regime especial, com administração autônoma e

financeiramente autônoma também, dotada de personalidade jurídica de direito público

(poder de polícia). Na figura 01 pode-se observar como exemplo a organização dos órgãos

ambientais do estado do Rio de Janeiro.

Para a execução do licenciamento ambiental, os critérios básicos exigidos e as

diretrizes estão presentes na Lei Federal 6.938/81 e nas resoluções do Conselho Nacional

de Meio Ambiente (CONAMA) nº 001/86 e nº 237/97. Os órgãos ambientais que atuam no

licenciamento ambiental são os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e o IBAMA, que são

integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). O IBAMA atua mais

licenciando projetos de grande porte, cujos impactos ambientais podem envolver mais de

um estado, e atua também nas atividades de petróleo e gás na plataforma continental.

À medida que o mundo e as tecnologias foram evoluindo, o pensamento ambiental

também evoluiu. Já não se pensava mais apenas nos efeitos sofridos pelo meio ambiente

advindos do desenvolvimento. Passou a se pensar no futuro, em se relacionar com o meio

ambiente de forma racional, para que no futuro as próximas gerações ainda tenham do que

usufruir. Passaram a ser combinados os aspectos econômicos e sociais com os ambientais,

tanto para a preservação do meio ambiente quanto para uma utilização sustentável dos

seus recursos para que ainda existam no futuro. Portanto, a partir daí o foco da política

18

ambiental internacional mudou, e o primeiro documento a tratar e representar esse

pensamento foi o Relatório Bruntland, do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA). Com base nesse pensamento foi realizada a Conferência das Nações

Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED-92), que ficou mais conhecida

como ECO-92, no Rio de Janeiro, Brasil (CALIXTO, 2011).

Figura 01 – Organograma SISNAMA no Estado do Rio de Janeiro

Fonte: <http://www.mprj.mp.br/>

A ECO-92 tinha o intuito de reunir representantes de todos os países do mundo para

debater e discutir a nova forma de pensamento ambiental, que era o desenvolvimento

sustentável. Para o Brasil, isso significava resolver o problema do desenvolvimento sob uma

ótica ambiental e socialmente sustentável. O Brasil se preparou muito para esse

19

conferência, tendo que tomar medidas emergenciais no campo ambiental, para que não

ficasse mal visto internacionalmente. Foi nessa época que foi criada a Secretaria do Meio

Ambiente da Presidência da República, que mais tarde viria ser o Ministério do Meio

Ambiente (MMA).

Como resultado da conferência ECO-92, foi gerado o documento Agenda XXI, que

continha programas que ajudariam na elaboração de políticas públicas locais, abordando

questões tais como desenvolvimento sustentável, biodiversidade, mudanças climáticas,

águas e resíduos que tornavam-se problemas da humanidade e passavam a ser o centro do

pensamento ambiental. Porém, sua implantação era muito cara, e muitas partes do texto,

devido à falta de consenso, eram vagas e sem prazos, o que enfraquecia o documento

Agenda XXI (BREDARIOL, 2001).

Foi se observando no decorrer dos anos 90 que o modelo da política ambiental no

Brasil não conseguia atender a pauta estabelecida na ECO-92, levando a uma certa crise.

Nem o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e

nem o Ministério de Meio Ambiente (MMA) conseguiam colocar em prática todas as

propostas ambientais. Por isso o MMA procurou realizar parcerias com Estados, Municípios,

ONG’s e entidades públicas e privadas, no intuito de ajudar na execução e no planejamento

das políticas ambientais (BREDARIOL, 2001).

No final dos anos 90, mais precisamente em 1998, foi aprovada no Brasil a Lei de

Crimes Ambientais, onde qualquer conduta ou atividade que causasse algum dano ao meio

ambiente seria punida civil, administrativa e criminalmente. Essa lei foi vista como mais um

instrumento de auxílio nas punições às pessoas ou empresas que cometessem algum crime

ao meio ambiente. E nem sempre a punição seria severa, em alguns casos o infrator

poderia reparar o dano causado ou até mesmo de alguma forma pagar sua “dívida” com a

sociedade.

Já em 2002 foi realizada conferência Rio +10, que seria uma continuação das

discussões iniciadas na ECO-92. Essa conferência teve o seu principal foco voltado para a

globalização e as mudanças climáticas. A partir dali ficou reconhecido o fato de que a

adoção do uso de energias renováveis é de vital importância para o futuro ambiental do

planeta. Numa visão geral, essa a Rio +10 foi uma derrota, pois o seu principal ponto que

era a urgente adoção de energias renováveis não foi aprovado por todos os países, que

discordavam em vários pontos. Portanto, ali só ficou aberto o caminho para futuras

negociações, frustrando a maioria das entidades ambientalistas (GOLDEMBERG, 2004).

A participação do Brasil na Rio +10 foi marcada pela contradição, segundo o diretor-

executivo do Greenpeace, Frank Guggenheim: o Brasil nada falou a respeito de seus novos

20

projetos nacionais de hidrelétricas e usinas nucleares, enquanto defendia a meta mundial

de 10% de energia oriunda de fontes renováveis até o ano de 2010.

Disso tudo, pode-se perceber que a política ambiental brasileira, se comparada às

outras políticas setoriais do Brasil, teve um desenvolvimento tardio, e sem contar que ele se

fez também devido às inúmeras pressões internacionais. Como exemplo disso, podemos

citar a Lei de Crimes Ambientais, uma lei muito elogiada em todo o mundo, mas que existe

há menos de 20 anos (RIGOTTO, 2002).

Como exemplo das pressões internacionais, alguns instrumentos de Gestão

Ambiental com enfoque estratégico, como a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), vêm

sendo implantados no Brasil por exigência de organizações internacionais, como o Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o financiamento de projetos, como o

gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol). A preocupação de alguns setores da indústria com a

preservação do meio ambiente só tem ocorrido devido às exigências impostas pelo

mercado, pela legislação e como já citado anteriormente exigência de organizações

internacionais.

Uma política ambiental bem estruturada deveria abranger vários aspectos da vida

humana em sociedade, onde estão inclusos os aspectos sociais, ambientais, políticos e

econômicos. O planejamento dessa política deve ter como foco a sustentabilidade, que

fornece uma sólida base para o desenvolvimento do ser humano junto com a preservação

de uma qualidade de vida para o ser humano no planeta. Por isso a política ambiental deve

fazer parte do plano de desenvolvimento de todas as nações. Com isso reconhece-se que

todos os processos de ajustes e crescimento das nações envolvem o aspecto ambiental de

forma relevante, sempre buscando combinar com aspectos culturais, autonomia nacional e

direitos humanos.

2.2 – Cenário Nacional dos Planos de Emergência

A estruturação de Planos de Resposta às Emergências no Brasil só começou a se

desenvolver após o acidente na Baia de Guanabara em 18 de janeiro de 2000, onde cerca

de 1300 metros cúbicos de óleo combustível marítimo (MF-380) vazaram de uma das linhas

do conjunto de oleodutos de que transferiam os produtos da Refinaria Duque de Caxias

(REDUC) para o Terminal da Ilha D’Água (TORGUÁ). Em 28 de abril do mesmo ano foi

criada a Lei nº 9966, que previa a integração de todos os planos de emergência de uma

determinada área ou região, tornando assim possível a integração nos níveis estadual e

nacional. Em 12 de dezembro de 2001 foi promulgada a Resolução CONAMA nº 293 que

21

estabelecia o conteúdo e as exigências mínimas para que fosse elaborado o Plano de

Emergência Individual. Em 11 de junho de 2008 a Resolução CONAMA nº 293 foi

substituída pela Resolução CONAMA nº 398 que inclui outras atividades que passariam a

ter a obrigação de desenvolver um Plano de Emergência Individual para ocasiões de

derramamento de óleo.

Apesar de bem intencionada com base na integração dos planos de emergência, a

Lei nº 9966 encontrou muita dificuldade para ser colocada em prática. Isso ocorre devido à

dificuldade dos órgãos ambientais em definir responsabilidades e elaborar os Planos

Regionais e o Plano Nacional de Contingência, além da falta de estrutura do Governo

Federal e dos Governos Estaduais. Mesmo assim algumas organizações, tanto públicas

quanto privadas, tomaram algumas atitudes com o intuito de desenvolver formas mais

efetivas nas respostas às emergências. Abaixo seguem algumas das iniciativas:

i. Desenvolvimento de softwares de modelagem de vazamento de óleo

(INFOPAE da Petrobras);

ii. Desenvolvimento de software de análise quantitativa de risco (SIRA do

INEA);

iii. Elaboração do banco de dados de acidentes ambientais desde 2006

(IBAMA);

iv. Elaboração de relatórios de acidentes ambientais desde 2006

(IBAMA);

v. Desenvolvimento de dados de vazamento de óleo no Estado de São

Paulo de 1974 a 2000 (CETESB);

Um dos principais recursos para elaboração dos planos de emergência é o banco de

dados com os acidentes ambientais, que pode ajudar na otimização dos recursos

necessários para o atendimento às emergências.

No ano de 2006 o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA), através do Decreto nº 5.718/2006 criou a Coordenação Geral de

Emergências Ambientais (CGEMA), que integra a Diretoria de Proteção Ambiental (DIPRO).

Esta coordenação foi criada com os objetivos de coordenar, supervisionar, normatizar,

executar, orientar, e apoiar a execução e também a implementação das ações e planos de

prevenção e resposta a acidentes e emergências ambientais; planejar, supervisionar e

controlar o andamento físico e financeiro das ações de emergência ambiental chefiados pela

administração central e unidades descentralizadas; apoiar, incentivar, orientar e

supervisionar as ações desenvolvidas pelos Núcleos de Prevenção e Atendimento às

Emergências Ambientais, nas unidades descentralizadas; e propor e apoiar a articulação

22

interinstitucional, nacional e internacional, para prevenção, atendimento e também

monitoramento em caso de acidentes e emergências ambientais. Além da atuação do

CGEMA, parte dos servidores do IBAMA atuam em todos os estados do Brasil, integrando

os Núcleos de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais (NUPAEM). Além dos

servidores que ficam no CGEMA na sede do IBAMA em Brasília, existem atualmente 220

servidores que atuam em todos os 27 NUPAEM no território brasileiro, sendo um por estado

e mais o Distrito Federal (IBAMA, 2012).

Segundo o Relatório de Acidentes Ambientais do IBAMA (2012), os acidentes

ambientais são classificados como eventos inesperados e indesejados que podem vir a

causar, direta ou indiretamente, danos tanto ao meio ambiente quanto à saúde da

população.

Tais eventos se mostram amplamente distribuídos em todo o território nacional. Mas

a região Sudeste se destaca das demais, pois apresenta o maior número de casos

registrados de acidentes ambientais ocorridos, com 430 ocorrências no ano de 2012 como

pode ser visualizado na figura 02. Essa quantidade de ocorrências equivale a 67% de todo o

território nacional. Isso ocorre desde 2006, que é o ano em que os relatórios de acidentes

começaram a ser elaborados. No ano de 2012 o estado de Minas Gerais ultrapassou o

estado de São Paulo no número de acidentes ocorridos. Esse maior número de acidentes

ocorre porque a região Sudeste é a região na qual o transporte de carga/produtos perigosos

é mais numeroso. Nos estados da região Sudeste acontece a maior parte do tráfego de

veículos com cargas e/ou produtos que oferecem risco à população e ao ambiente (IBAMA,

2012).

Figura 02 – Comparativo do total de acidentes ambientais registrados por região nos anos de 2010, 2011 e 2012.

Fonte: IBAMA (2012)

23

Como o modal rodoviário predomina na matriz de transporte brasileiro, concentrando

cerca de 60% do volume de cargas transportadas no Brasil, é neste local que está o maior

percentual da ocorrência de acidentes ambientais, com 28% do total de acidentes no ano de

2012. O transporte da produção gerada pelos setores químico, petroquímico e de refino de

petróleo, é na sua maior parte feito através de rodovias. Acidentes em plataformas estão em

segundo lugar, com 13% das ocorrências de acidentes ambientais (IBAMA, 2012). Estes

dados podem ser visualizados na Figura 03 apresentada logo abaixo:

Figura 03 – Percentual de acidentes registrados por local referente ao ano de 2012 Fonte: IBAMA (2012)

O governo brasileiro já desenvolveu algumas diretrizes e iniciativas do Plano

Nacional de Contingência de vazamentos de óleo e derivado, mas não definiu como integrar

os recursos de resposta à emergência dos Planos Regionais de Contingência, Planos de

Auxílio Mútuo e Planos de Emergência Individuais. Isso ocorre devido ao conflito de

interesses entre o setor público e o privado. A integração entre os setores público e privado

é muito importante, pois sem essa integração o interesse da sociedade fica prejudicado, no

sentido de adotar ações preventivas. O Brasil possui a competência tecnológica para

estruturar um atendimento de emergência de qualidade, porém falta uma ação

administrativa para estruturar os Planos de Contingência (Nacional e Regionais) (CALIXTO,

2011).

2.2.1 – A Origem dos Planos de Emergência no Brasil

Em 2001 no Brasil, o Decreto Legislativo nº 246 aprovou o texto da Convenção nº

174 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a Prevenção de Acidentes

24

Industriais Maiores. A Convenção objetiva, além prevenir acidentes industriais maiores,

limitar as consequências desses acidentes.

Todo país que vier a adotar essa Convenção deverá formular, rever e adotar,

periodicamente, uma política nacional coerente com relação à proteção dos trabalhadores,

da população e do meio ambiente, contra os riscos de acidentes ampliados. Tal política

deve ser implementada através de medidas preventivas e de proteção em ambientes com

grande risco de acidentes.

As empresas que possuírem instalações com grandes riscos, devem criar e manter

um sistema documentado de controle de risco que preveja:

i. A identificação e o estudo dos perigos e avaliação dos riscos;

ii. Medidas técnicas que envolvam projeto, sistemas de segurança,

construção, seleção de substâncias químicas,manutenção, operação e inspeção

sistemática da instalação;

iii. Formação e instrução de todo o pessoal que tem acesso às

instalações;

iv. Planos e procedimentos emergenciais que compreendam:

Preparação de planos e procedimentos eficientes de emergência local,

incluindo atendimento médico emergencial;

Fornecimento de informações a respeito de possíveis acidentes e planos

internos de emergência a autoridades e órgãos responsáveis por preparar os planos

e procedimentos de emergência, para proteção do meio ambiente e do público fora

da instalação;

Toda consulta necessária junto a essas autoridades e esses órgãos;

v. Medidas que reduzam as consequências de um acidente ampliado;

vi. Consulta aos trabalhadores e seus representantes;

Com base em todas essas informações fornecidas pelas empresas, a autoridade

competente deverá assegurar que planos e procedimentos de emergência serão criados e

coordenados junto a autoridades e órgãos pertinentes, com o intuito de proteger tanto a

população quanto o meio ambiente fora das instalações com riscos de acidentes.

Já em 2004 o Decreto nº 5.098 criou o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e

Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2),

cujo objetivo era prevenir a ocorrência de acidentes que envolvam produtos químicos

perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta às emergências com produtos

químicos no país (CALIXTO, 2011).

25

Este plano já vem atender a diversos tratados internacionais que lidam com o

controle de produtos e resíduos químicos. Além disso, o P2R2 é totalmente justificável a sua

implantação, pois como se pode observar na figura 04, o número de acidentes envolvendo

substâncias químicas no Brasil é grande.

Figura 04 – Tipos de eventos ocorridos em acidentes ambientais no ano de 2010.

Fonte: IBAMA, 2010.

O P2R2 é uma excelente iniciativa do Ministério do Meio Ambiente. Porém ainda não

é completo. Num futuro seria interessante a integração dos planos de contingência de

produtos químicos perigosos com os planos de contingência de vazamento de petróleo e

derivados, o que tornaria o combate às emergências muito mais efetivo.

2.2.2 – Os Tipos de Planos de Emergência no Brasil

Segundo o Art. 2º, Lei 9966, de 28 de abril de 2000, Plano de Emergência é o

conjunto de medidas que tem como meta determinar e estabelecer as responsabilidades por

setor e as ações que devem ser tomadas imediatamente após um incidente, e também

definem os recursos humanos, materiais, e equipamentos adequados à prevenção, controle

e combate à poluição.

Já o Plano de Contingência é o conjunto de procedimentos e ações que objetivam à

integração dos vários Planos de Emergência setoriais, e também a definição dos recursos

26

humanos, materiais e equipamentos complementares necessários para a prevenção,

controle e combate à poluição das águas (Art.2º, XX, Lei 9966/2000).

Os Planos de Emergência existente são:

i. PEI – Plano de Emergência Individual;

ii. PAM – Plano de Auxílio Mútuo;

iii. PRC e PNC – Plano Regional de Contingência e Plano Nacional de

Contingência;

2.2.2.1 – Plano de Emergência Individual

O Plano de Emergência Individual (PEI) é o documento, ou conjunto de documentos,

que contem as informações e descreve os procedimentos de resposta da instalação a um

incidente de poluição por óleo, definido como qualquer vazamento de óleo, decorrente de

fato ou ação intencional ou acidental, que gere dano ou risco de dano ao meio ambiente ou

à saúde humana (Art.2º, VIII e IX, Resolução CONAMA 293/2001).

De acordo com o anexo 1 da Resolução CONAMA 293/2001, as exigências mínimas

para que um Plano de Emergência Individual seja aceito são:

O Plano de Emergência Individual deverá conter pelo menos o seguinte conteúdo:

i. Identificação da instalação;

ii. Cenários acidentais;

iii. Informações e procedimentos para resposta;

iv. Sistemas de alerta de derramamento de óleo;

v. Comunicação do incidente;

vi. Estrutura organizacional de resposta;

vii. Equipamentos e materiais de resposta;

viii. Procedimentos operacionais de resposta;

ix. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo;

x. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo;

xi. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis;

xii. Procedimentos para monitorar a mancha de óleo derramado;

xiii. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado;

xiv. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo

derramado;

xv. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas;

xvi. Procedimentos para coleta e disposição dos resíduos gerados;

27

xvii. Procedimentos para deslocamento dos recursos;

xviii. Procedimentos para obtenção e atualização de informações

relevantes;

xix. Procedimentos para registro das ações de resposta;

xx. Procedimentos para proteção das populações;

xxi. Procedimentos para proteção da fauna;

xxii. Encerramento das operações;

xxiii. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias;

xxiv. Anexos;

Já o anexo 2 trata das informações referenciais para que seja elaborado o Plano de

Emergência Individual.

O Plano de Emergência Individual tem que ser apresentado para análise e

aprovação do órgão ambiental competente, junto com um documento que contenha as

seguintes informações referenciais:

i. Introdução;

ii. Identificação e avaliação dos riscos;

iii. Identificação dos riscos por fonte;

iv. Hipóteses acidentais;

v. Descarga de pior caso;

vi. Análise de vulnerabilidade;

vii. Treinamento de pessoal e exercícios de resposta;

viii. Referências bibliográficas;

ix. Responsáveis técnicos pela elaboração do Plano de Emergência

Individual;

x. Responsáveis pela execução do Plano de Emergência Individual;

Em 2008 foi publicada a Resolução CONAMA nº 398, que veio substituir a Resolução

CONAMA nº 293 de 2001. Essa Resolução ampliou os segmentos que devem elaborar o

Plano de Emergência Individual, que agora além dos portos organizados, terminais, dutos,

plataformas e instalações de apoio, marinas, estaleiros, sondas, clubes náuticos, instalações

similares e terminais terrestres, inclui também as refinarias.

28

2.2.2.2 – Plano de Área

No ano de 2003, o Decreto Federal nº 4871 estabelecia o Plano de Área, que é

conhecido como Plano de Auxílio Mútuo ou Plano de Ajuda Mútua. Seu objetivo é integrar

os recursos de atendimento à emergência de várias empresas públicas e privadas de uma

região, incluindo órgãos ambientais, de saúde, defesa civil e corpo de bombeiros, de forma a

disponibilizar maiores recursos para emergências que não podem ser atendidas por uma

única empresa.

Para isso, é necessário que o Plano de Auxílio Mútuo (PAM) crie uma estrutura com

todos os participantes do PAM, para que se defina as responsabilidades, recursos,

treinamento e simulados, com ações conjuntas das organizações envolvidas. A idéia é que

todas as empresas que participam do Plano de Auxílio Mútuo acionem o PAM sempre que

ocorrer um acidente que mostre necessário a sua utilização. Atualmente o Plano de Auxílio

Mútuo é obrigatório para atividades portuárias e plataformas. Mas para que dê certo é

preciso de muita colaboração entre os setores público e privado (CALIXTO, 2011).

2.2.2.3 – Plano Nacional de Contingência (PNC)

O Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo nas Águas

Jurisdicionais Brasileiras (PNC), é um documento que ainda não foi publicado, mas tem por

objetivo fixar responsabilidades, estabelecer uma estrutura organizacional de nível nacional

e definir as diretrizes que vão permitir aos órgãos do Poder Público e às instituições

privadas atuarem de forma coordenada em incidentes por poluição de óleo, que possam

afetar as águas jurisdicionais brasileiras, ou até mesmo de países vizinhos, com o intuito de

diminuir os danos ambientais. Após os estudos técnicos para elaboração do Plano Nacional

de Contingência, no ano de 2001 a Minuta do Decreto da regulamentação do plano foi

encaminhado para apreciação pelos ministérios envolvidos (Souza Junior et al, 2002). Em

2003 uma versão final do PNC foi incorporada ao texto de um novo Decreto e encaminhada

para avaliação dos ministérios. Tal versão está sendo apreciada pelo Ministério do Meio

Ambiente desde maio de 2003 (Souza Filho, 2006). Em 2006 o Ministério do Meio Ambiente

apresentou um documento com sugestões e recomendações para a proposta do Decreto do

Plano Nacional de Contingência, para torna-lo mais conciso, claro e consistente. Tal

documento foi elaborado pela equipe LIMA/COPPE/UFRJ (CARDOZO, 2007).

Este documento tinha o intuito de montar uma estrutura que facilite e agilize a

capacidade de resposta para combater um incidente com derramamento de óleo, diminuindo

29

assim os prejuízos ao meio ambiente. Dentre os tópicos deste documento elaborado com

base em estudos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) junto com o Instituto Brasileiro do

Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Marinha do Brasil,

LIMA/COPPE/UFRJ e Agência Nacional do Petróleo (ANP), podemos destacar (SOUZA

FILHO, 2006):

i. Mecanismos e procedimentos para comunicação e registro dos

incidentes;

ii. Critério de acionamento do Plano Nacional de Contingências;

iii. Organização operacional com representação de órgãos do Poder

Público para atuarem em incidentes com poluição por óleo;

iv. Mecanismos para facilitar e coordenar a mobilização de recursos

adicionais caso estes se façam necessários;

v. Responsabilidades para desenvolver programas de capacitação,

treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, operacional, gerencial e da alta

administração do Poder Público;

vi. Diretrizes para avaliação e aperfeiçoamento do PNC.

A composição da estrutura organizacional do Plano Nacional de Contingência conta

com uma Comissão Coordenadora que é formada por uma autoridade nacional, uma

Secretaria Executiva, duas autoridades responsáveis por Coordenações Setoriais e um

Comitê de Suporte. Tal estrutura organizacional pode ser observada na figura 05:

Figura 05: Organograma da Comissão Organizadora do Plano Nacional de Contingência

Fonte: Souza Filho (2006)

30

As ações de resposta a qualquer incidente de poluição por óleo são de

responsabilidade do poluidor, ou seja, o responsável pelo empreendimento/navio/operação,

que deverá comunicar imediatamente o incidente ao IBAMA (ou órgão ambiental

competente), à Agência Nacional do Petróleo e à Capitania dos Portos ou à Capitania

Fluvial, dependendo da jurisdição do incidente. Após a comunicação inicial do incidente, a

Coordenação Setorial correspondente ao incidente de poluição por óleo vai fazer uma

análise da significância do incidente, adotando como base os seguintes critérios:

i. Acidente, explosão ou incêndio de grandes proporções;

ii. Volume descarregado e em risco de ser descarregado;

iii. Sensibilidade da área ambiental afetada ou em risco;

iv. Poluição de corpo d’água importante;

v. Acionamento do Plano de Emergência Individual;

vi. Possibilidade de o derramamento de óleo atingir áreas de países

vizinhos.

Dentre os seus instrumentos para atingir o seu objetivo, o Plano Nacional de

Contingência pode contar com (CARDOSO, 2007):

i. Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo (Cartas SAO), que

caracteriza as áreas adjacentes às águas jurisdicionais brasileiras, para o

planejamento e condução das ações de resposta a incidentes de poluição por óleo;

ii. Centros de Resgate e Salvamento da Fauna, tais como Centros de

Pesquisa e Jardins Zoológicos, estabelecidos pelo Poder Público com o intuito de

apoiar o resgate e salvamento da fauna atingida pelo incidente de poluição por óleo;

iii. Planos de Emergência Individuais e de Áreas elaborados e

consolidados pelos portos organizados, instalações portuárias e plataformas,

refinarias, bem como suas instalações de apoio, para combate a incidentes de

poluição por óleo;

iv. Aperfeiçoamento, revisão e atualização do Plano Nacional de

Contingências através de programas de exercícios simulados, elaborados pelo

Comitê de Suporte e conduzidos pelas Coordenações Setoriais;

v. Redes e serviços de previsão hidrometeorológica para todo o território

nacional;

vi. Serviço de Previsão Meteorológica Nacional, operado pelo Instituto

Nacional de Meteorologia (INMET);

31

vii. Serviço meteorológico marinho, operado pelo Centro de Hidrografia da

Marinha do Brasil, responsável por elaborar previsões meteorológicas para a área

marítima de responsabilidade do Brasil;

viii. Sistema de Informações sobre Incidentes por Óleo nas Águas

Jurisdicionais Brasileiras (SISNOLEO), com acesso em tempo real pelas

Coordenações Setoriais e Operacionais e capaz de coletar, analisar, gerir e

disseminar informações importantes para o atendimento aos incidentes de poluição

por óleo, tais como inventários de materiais e equipamentos, diretório de

especialistas, lista dos Planos de Emergência Individuais e de Área, entre outras

informações relevantes;

ix. Termos de Cooperação, ou entendimento formais firmados com o

intuito de cooperação ampla, tanto na troca de informações e atualização

tecnológica, quanto nas ações de resposta a incidentes de poluição por óleo.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, desde a publicação da Lei 9.966 em abril

de 2000, apenas um acidente, ocorrido naquele mesmo ano no Paraná, apresentou

características que justificariam o acionamento do Plano Nacional de Contingência. Neste

acidente vazaram aproximadamente 4 milhões de litros de óleo de um duto, que vieram a

atingir dois rios na região. Os demais acidentes ocorridos no âmbito nacional não

apresentaram significância a ponto de justificar o acionamento do Plano Nacional de

Contingência. Nem mesmo o acidente no campo de Frade, operado pela Chevron, onde

vazaram aproximadamente 2400 barris (equivalente a 380 mil litros aproximadamente) ao

longo de 10 dias, sem nenhum operário ferido e sem toque de óleo na costa brasileira ou em

áreas sensíveis.

Apenas a título de comparação, o acidente no campo de Macondo no Golfo do

México, operado pela BP, 11 funcionários morreram, aproximadamente 4 milhões e 900 mil

barris (aproximadamente 780 milhões de litros) vazaram durante 87 dias, afetando inúmeras

praias e ecossistemas sensíveis.

Mas de qualquer forma, já está na consciência do governo brasileiro de que o Plano

Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo nas Águas Jurisdicionais

Brasileiras (PNC) precisa ser finalizado, aprovado e implantado o mais rápido possível. O

Brasil tem avançado muito em termos de planos de contingência, e possui tecnologia de

qualidade para atender de forma eficiente às exigências de um PNC.

Outro fato que mostra a urgência da necessidade de aprovação de um Plano

Nacional de Contingência (PNC) são os leilões dos blocos que voltaram a ocorrer em abril

de 2013, com a 11ª rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo, realizado após um

intervalo de 4 anos desde a última rodada. Esse intervalo tão grande se deu devido à

32

descoberta de óleo no Pré-sal e à discussão da nova distribuição dos royalties do petróleo

brasileiro. Para 2013 existe mais uma rodada de licitações de blocos exploratórios prevista,

e essa rodada deverá incluir pela primeira vez blocos da área do pré-sal. Com isso a

exploração em território nacional irá crescer demasiadamente, e sem nenhum plano de

contingência efetivo estabelecido para futuras situações de acidentes.

CAPÍTULO 3 – A INDÚSTRIA MARÍTIMA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL E

SEUS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE

Neste capítulo serão abordados as principais características das atividades da

indústria de petróleo em ambiente marinho no Brasil que podem gerar impactos no meio

ambiente. As atividades em ambiente marinho envolvem inúmeras situações que podem

impactar o meio ambiente, tais como eliminação de substâncias tóxicas, geração de

resíduos, eliminação de gases que prejudicam a atmosfera, mas com certeza nenhum deles

se compara ao impacto gerado por um grande vazamento de óleo. É por existir a

possibilidade de grandes vazamentos ao longo de toda a cadeia que a indústria teve de se

adequar, o que envolveu a elaboração de Planos de Contingência no intuito de diminuir os

possíveis impactos gerados por esses vazamentos, além do desenvolvimento de

tecnologias e equipamentos para monitorar e auxiliar no combate a esses vazamentos.

A cadeia de produção marítima da indústria de petróleo pode ser dividida em 4

etapas principais:

i. Pesquisa ou Exploração – De acordo com a Agência Nacional de

Petróleo (ANP), esta etapa engloba o conjunto de operações ou atividades para

avaliar áreas, com o objetivo de descobrir e identificar jazidas de petróleo ou gás

natural (Lei 9.478/97). Operações tais como aquisição de dados sísmico e

geofísicos e o mapeamento da geologia de superfície.

ii. Desenvolvimento – De acordo com a ANP, esta fase envolve o

conjunto de operações e investimentos que objetivam viabilizar as atividades de

produção de um campo de petróleo ou gás (Lei 9.478/97). Logo após a localização

de uma jazida, são feitos estudos a respeito da viabilidade econômica daquele

campo, e caso seja viável é feito todo um planejamento para o início da produção.

iii. Produção – De acordo com a ANP, esta etapa envolve o conjunto de

operações de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para

sua movimentação (Lei 9.478/97). Envolve desde a separação da mistura retirada

do reservatório, até o transporte do que foi produzido.

iv. Abandono – Ocorre geralmente quando poços já antigos deixam de

ser economicamente viáveis, sendo assim fechados. De acordo com a ANP é a

série de operações destinadas a restaurar o isolamento entre os diferentes

intervalos permeáveis que podem ser:

a) Permanente, quando não há o interesse de retornar ao poço;

34

b) Temporário, quando por qualquer motivo houver interesse de retorno

ao poço.

As etapas serão agora melhor descritas e avaliadas, bem como seus possíveis

impactos ao meio ambiente. Será analisado também o transporte do óleo do ambiente

marítimo para o terrestre.

3.1 – Perfuração, Produção e seus Impactos Ambientais

Para se falar dos impactos ambientais causados pela indústria do petróleo, primeiro

devemos definir o que é impacto ambiental. Segundo o Artigo 1º da Resolução CONAMA nº

001 de 23 de janeiro de 1986:

Para efeito desta Resolução, é considerado impacto ambiental

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer matéria ou energia que resulte das

atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

i. A saúde, a segurança e o bem-estar da população;

ii. As atividades sociais e econômicas;

iii. A biota;

iv. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

v. A qualidade dos recursos ambientais.

Estes impactos dependem de fatores tais como, tamanho e complexidade dos

projetos, estágio de desenvolvimento dos processos, natureza e sensibilidade do meio onde

irá ser desenvolvida a atividade, eficácia do planejamento e das técnicas de prevenção,

controle e mitigação da poluição, além dos efeitos proporcionados pelo próprio meio

ambiente (MARIANO, 2007).

O primeiro passo da atividade de exploração é a localização e identificação de

reservatórios de petróleo e gás natural que sejam comercialmente viáveis. Para tal fim são

feitas inúmeras pesquisas e mapeamentos sísmicos, estudos geofísicos avaliando os dados

sísmicos, além do conhecimento geológico geral. Dessa forma são definidas áreas ou

regiões com grande chance de possuírem reservas de petróleo e gás. Porém, mesmo com

as mais avançadas técnicas de estudos sísmicos, pesquisas e dados geológicos não é

35

possível se afirmar que a região identificada possui de fato um reservatório de óleo e gás.

Tal afirmação só pode ser feita após a perfuração de poços exploratórios.

A função primordial do primeiro poço exploratório é confirmar se a área definida

realmente contem óleo e/ou gás, mas outros testes podem ser realizados, inclusive teste de

poço, através do qual se pode obter pressão do reservatório, permeabilidade da formação e

estimativas da reserva encontrada. O projeto do poço deve ser aprovado pela ANP, dentro

do Plano de Desenvolvimento dos campos.

Para perfuração dos poços são utilizadas plataformas ou até mesmo navios

adaptados. Os principais modelos são1:

i. Plataformas Fixas: são as preferidas em campos localizados em

lâminas d’água de até 300m. São constituídos de módulos instalados sob uma

estrutura chamada “jaqueta” no local da operação, com estacas cravadas no fundo

do mar. São planejadas para receber todos os equipamentos de perfuração,

estocagem de materiais e instalações necessárias para a produção dos poços.

ii. Plataformas Semisubmersíveis: são dotadas de uma estrutura de

um ou mais conveses, apoiadas por colunas em flutuadores submersos. Por sofrer

movimentações devido a ondas, correntes e ventos, esta é dotada de sistema de

ancoragem e um sistema de posicionamento dinâmico, para evitar que os

movimentos danifiquem os equipamentos. São as preferidas para a perfuração de

poços exploratórios. A figura 06, abaixo, mostra uma plataforma desse tipo.

iii. Navios Sonda: é um navio planejado para a perfuração de poços

submarinos. Possui uma torre de perfuração localizada no centro do navio, onde

uma abertura no casco possibilita a passagem da coluna de perfuração. Possui um

sistema de posicionamento que anula os efeitos das ondas, ventos e correntes que

tendem a tirá-lo de sua posição. A figura 07, abaixo, mostra um exemplo de navio

sonda.

As atividades de perfuração já são diretamente associadas à geração de resíduos,

principalmente cascalho e lama de perfuração. São utilizados separadores especiais para

separar e limpar o cascalho da lama. As lamas separadas e os fluidos de limpeza do

cascalho são parcialmente reciclados para o sistema. O restante usualmente é

descarregado no mar, mas também pode ser transportado para terra e descartado de forma

adequada. A maior fonte de poluição das operações de perfuração são os cascalhos

cobertos por óleo, ou até mesmo cobertos por fluidos tóxicos. Já as lamas de perfuração

1 Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/atividades/exploracao-producao-

petroleo-gas/>

36

apresentam um perigo para o meio ambiente por geralmente apresentarem na sua

composição materiais lubrificantes, contendo assim bastante hidrocarboneto estável e

tóxico. A areia retirada juntamente com os hidrocarbonetos também pode ser uma fonte de

poluição (MARIANO, 2007).

Figura 06: Plataforma Semisubmersível P-18

Fonte: <www.odebrechtonline.com.br/>2

No que diz respeito às atividades de produção, praticamente todas as fases em

ambiente marítimo geram efluentes líquidos e gasosos e resíduos sólidos indesejáveis.

Durante o comissionamento das instalações podem surgir mudanças de desempenho

temporárias dos processos, gerando emissões atmosféricas inesperadas, descarte de

efluentes químicos no mar e geração de água de produção de qualidade inferior.

Na cadeia produtiva de exploração e produção de petróleo e gás, os maiores

impactos ambientais são causados por grandes vazamentos de óleo. Estes podem ser

originados por um blowout, por acidentes causados por falhas humanas que podem levar a

ruptura de dutos, choque de embarcações, ou até mesmo o afundamento de plataformas.

2 Disponível em: <http://goo.gl/BHnx4x>

37

Figura 07: Navio sonda Petrobras 10000.

Fonte: <www.blogmercante.com>3

3.2 – Transporte de Petróleo e Gás Natural e seus Impactos Ambientais

O transporte de hidrocarbonetos no Brasil se resume a três funções: escoamento da

produção, importação ou exportação tanto do óleo bruto quanto de seus derivados e

distribuição dos produtos processados. São utilizados nos transportes, dutos, terminais

marítimos e navios petroleiros.

O Brasil possui a produção de petróleo concentrada no ambiente marítimo. Como em

boa parte dos casos as instalações de produção ficam a quilômetros da costa brasileira, a

instalação de dutos para o transporte da produção é economicamente inviável. Por isso o

principal meio de transporte do petróleo no Brasil se dá por meio de navios petroleiros, que

utilizam os terminais marítimos espalhados ao longo da costa brasileira para transferir para

terra a produção. Isso não significa que o transporte por dutos não é utilizado, apenas é

pouco utilizado.

Uma das principais unidades de produção utilizadas no Brasil hoje são as FPSO’s

(Floating Producing Storage and Offloading) que são capazes de produzir, armazenar e

3 Disponível em: <http://www.blogmercante.com/2010/12/quem-e-dono-do-navio-sonda-petrobras-

10000/>

38

descarregar a produção. Além disso possuem uma planta de processo que separa e trata os

fluidos que são produzidos pelos poços. Para descarregar essa produção são utilizados

tanto navios petroleiros quanto navios aliviadores, cujas diferenças são pequenas

particularidades. Na figura 09 podemos observar como é uma operação de descarga.

Figura 08 – FPSO Cidade de Angra dos Reis.

Fonte: <www.agenciapetrobras.com.br>4

O transporte de petróleo e seus derivados envolve um volume muito grande, o que

torna essa atividade potencialmente arriscada com relação ao impacto ambiental que pode

ocasionar. Nas operações já ocorrem algumas descargas operacionais, porém essas são de

pequeno porte.

Já um derramamento de óleo das embarcações tem um grande porte, e pode gerar

um impacto no meio ambiente incalculável. Além da poluição no mar, o óleo pode atingir o

litoral, afetando toda uma população que depende daqueles recursos (pesca, lazer, turismo,

etc). Além do derramamento de óleo, esse transporte também gera impactos ambientais

crônicos, tais como emissões atmosféricas e geração de resíduos (CALIXTO, 2011).

4 Disponível em: <http://www.agenciapetrobras.com.br/materia.asp?id_editoria=8&id_noticia=975428>

39

Figura 09 – Operação de Offloading.

Fonte: <www.worldmaritimenews.com>5

3.3 – Eventos Acidentais em Ambiente Marítimo

As atividades da indústria de petróleo e gás natural no ambiente marítimo estão

constantemente sob o risco da ocorrência de acidentes. São muitas variáveis, que diante do

menor erro de cálculo, falha técnica ou humana, ou qualquer outro imprevisto, podem

resultar em um acidente.

Existe o tipo mais comum de acidente, que são os vazamentos de óleo.

Normalmente envolvem óleo cru e em pequenas quantidades. Podem acontecer tanto nas

atividades de perfuração quanto nas de produção (mais comum). Estes vazamentos podem

ter várias origens: vazamentos de tanques, principalmente em operações de descarga,

vazamentos em válvulas, conexões, juntas e nos dutos de transferência dos fluidos. Na

perfuração pode ocorrer vazamento da lama de perfuração a base de óleo. Mas geralmente

o impacto desses tipos de vazamentos são pequenos (MARIANO, 2007).

Já outro evento mais raro, porém muito mais grave, é o blowout. Pode ocorrer em

qualquer etapa de desenvolvimento de um poço, porém ocorre mais durante as operações

5 Disponível em: <http://goo.gl/vwF8h7>

40

de perfuração e completação. Este acidente ocorre quando os fluidos contidos nos poros da

formação exercem uma pressão maior do que a pressão dos fluidos de perfuração,

ocasionando o influxo dos fluidos da formação para o poço, e caso esse influxo não seja

controlável, os fluidos podem escoar descontroladamente para a superfície. Estes fluidos

liberados pelo poço podem gerar explosões e incêndios, principalmente se houver a

presença significativa de gás. Em alguns casos isso pode gerar a perda completa da

plataforma e até mesmo de vidas humanas. O controle desse escoamento incontrolado de

óleo pode ser rápido em algumas situações, mas em ambientes marítimos tudo é mais

delicado, e o controle pode demorar meses (MARIANO, 2007).

Outros eventos acidentais que podem ocorrer e ocasionar vazamento de óleo são:

i. Explosões e incêndios nas plataformas;

ii. Desastres naturais e suas implicações nas operações;

iii. Guerras e sabotagem;

iv. Furos ou rupturas nos dutos de escoamento da produção;

v. Colisão de navios aliviadores;

vi. Encalhe de navios aliviadores;

3.4 – Efeitos do Vazamento de Óleo

Para entender o impacto causado pelo derramamento de petróleo no mar, vamos

primeiro analisar composição química do petróleo e também o seu comportamento quando

este é derramado no mar.

O petróleo é formado a partir de matéria orgânica de origem biológica. Os restos de

plantas e animais se sedimentam e passam por transformações aeróbicas e anaeróbicas

feitas por bactérias. Esse produto na presença de água, ácido sulfúrico, enxofre e outros

componentes inorgânicos são transformados sob alta pressão e temperatura. Por processo

migratório o petróleo vai se acumulando, e finalmente são formados os reservatórios de

petróleo (SPEERS & WHITEHEAD, 1969). Por depender de vários fatores diferentes para

sua formação, é impossível definir precisamente a composição do petróleo, pois cada óleo

será diferente do outro.

O petróleo quando é derramado no mar se espalha e forma uma mancha com

espessura variável. A trajetória da mancha vai depender de alguns fatores, tais como

velocidade e direção do vento, correntes marinhas e fatores climáticos. Tudo isso contribuirá

para a expansão da mancha (CALIXTO, 2011).

41

A mancha de óleo, durante sua trajetória sofrerá vários processos intempéricos, que

vão depender de vários fatores: características da água do mar tais como pH, temperatura e

salinidade, presença de material em suspensão na água, das condições do clima e

principalmente das propriedades físico-químicas do óleo derramado no mar. O petróleo

interage na água, sofrendo os seguintes processos:

i. Espalhamento: este processo depende da gravidade, da volatilidade,

tensão superficial e viscosidade do óleo, e das condições do clima. No início do

derramamento, este é um dos processos que mais afeta o comportamento do óleo,

pois este se espalha, aumentando sua área e diminuindo sua espessura,

aumentando assim a transferência de massa por dissolução e evaporação. A

viscosidade influencia, pois óleos menos viscosos se espalham muito mais. Depois

de um tempo a maior influência no espalhamento se dá devido ao vento que vai

direcionando a mancha. Então é que correntes e ondas começam a predominar na

influência do espalhamento. Tanto a observação quanto a previsão deste fenômeno

são ótimas medidas no auxílio durante a efetivação de um plano de contingência,

otimizando os recursos disponíveis (CALIXTO, 2011).

ii. Evaporação: este processo depende de fatores como volatilidade do

óleo, área e espessura da mancha, vento, estado do mar, radiação solar,

temperatura do mar e do ar. Quanto mais componentes com baixo ponto de

ebulição, maior será a evaporação do óleo. O grau de espalhamento influencia

também, pois quanto maior a superfície de contato com o ar, maior será a

evaporação. Também colaboram para acelerar o processo de evaporação: mares

agitados, altas temperaturas e grandes velocidades de vento (CORSON, 1993).

iii. Dispersão: é um processo que realiza a quebra da mancha de óleo em

pequenas gotículas, aumentando a área de contato do óleo com a água,

colaborando com a sedimentação e a biodegradação do óleo. Colaboram para o

processo de dispersão as ondas e a turbulência marinha (CORSON, 1993).

iv. Emulsificação: Com a dispersão do óleo na água, formam-se gotículas

que formam emulsões do tipo: água + óleo. Quando são formadas gotículas muito

pequenas, essa emulsão de óleo na água passa quase que despercebida. Em águas

calmas as emulsões se aglomeram, formando a película superficial. Uma vez

emulsionados na água, os hidrocarbonetos agilizam os processos de dissolução,

fotoxidação e biodegradação. O derramamento pode também gerar emulsão de água

no óleo, sendo esta mais estável, podendo persistir por um longo período após o

derramamento (CALIXTO, 2011).

v. Dissolução: processo este que ocorre logo após o derrame, quando o

óleo está sofrendo fotoxidação e biodegradação, gerando compostos mais solúveis.

42

Tem grande influência nas consequências biológicas em um ambiente marinho.

Depende de fatores como temperatura e turbulência da água, espalhamento e

composição da mancha (CALIXTO, 2011).

vi. Oxidação: neste processo as moléculas de hidrocarbonetos reagem

com o oxigênio do ambiente, gerando compostos solúveis que se dissolvem na água,

e também substâncias mais resistentes e persistentes às alterações. Geralmente

estas reações ocorrem na superfície, portanto, quanto mais espalhadas estiverem as

películas, mais rápidas estas reações ocorrerão. Este é um processo relativamente

lento, e depende principalmente da quantidade de oxigênio que consegue penetrar

na película. Sais presentes na água e metais no óleo podem servir de catalisadores

para o processo. Outro fator que pode ser um catalisador são os raios ultravioletas, e

que nesse caso a oxidação é chamada fotoxidação. Influenciam neste processo a

espessura da mancha, concentração de materiais particulados suspensos e

concentração de aromáticos com grande peso molecular (CALIXTO, 2011).

vii. Sedimentação: processo que ocorre com partículas de sedimentos e

até mesmo matérias orgânicas se agregando ao óleo. Poucos óleos crus são

capazes de afundar na água. A gravidade específica dos óleos intemperizados se

aproxima da densidade da água a uma temperatura de 15º C. Existe a possibilidade

de formação de bolas de piche, que podem causar sérios danos às areias das praias

(CALIXTO, 2011).

viii. Biodegração: microorganismos presentes no mar agem naturalmente,

degradando o óleo. Ambientes marinhos poluídos tendem a ter mais

microorganismos. A temperatura e a quantidade de oxigênio e nutrientes são os

principais fatores que influenciam na biodegração. Quando o óleo se transforma em

gotículas suspensas na água, a área interfacial se torna maior, o que facilita a

biodegradação. Cada microorganismo é capaz de degradar um hidrocarboneto

específico, mas existem alguns capazes de biodegradar quase todos os compostos

do óleo cru (CALIXTO, 2011).

Em um primeiro estágio do derramamento, os processos que mais influenciam são

espalhamento, dispersão, evaporação, emulsificação e dissolução. Já os processos de

longo prazo e que acabam por definir o destino final do óleo são os processos de

biodegradação, oxidação e sedimentação (CALIXTO, 2011).

Quando há o derramamento de petróleo no mar, apenas os componentes solúveis

afetam toxicologicamente os organismos da superfície. Apenas com a ação de ventos e

43

ondas que o óleo é misturado à água, fazendo com que componentes não solúveis passem

a afetar os organismos presentes (MONTEIRO, 2003).

Os efeitos que podem ser causados em função do óleo dependem da quantidade de

óleo, da composição específica e toxicidade desses componentes, do tempo de

permanência do óleo no ambiente, como ele se comporta diante da ação de fatores físicos,

químicos e climáticos do ambiente, e dependem também do contato dos componentes do

óleo com o ambiente aquático. Estes efeitos podem ser agudos, que em um curto prazo (1 a

4 semanas) são muito tóxicos e colocam em risco todos que mantem contato direto com o

óleo e seus constituintes. Os efeitos podem também ser crônicos, que em longo prazo (1

mês a 10 anos) podem acumular substâncias tóxicas na cadeia alimentar, merecendo uma

certa atenção e cuidado (CALIXTO, 2011).

A gasolina, querosene e nafta são mais tóxicas que o óleo diesel e o óleo cru, porém

estes causam impactos de longa duração. Existem indícios de que alguns compostos tem

efeitos mutagênicos. Estes compostos podem ser transferidos para ao homem, caso este

ingira um organismo marinho contaminado. Os hidrocarbonetos nos organismos marinhos

podem tanto matar, quanto afetar seu crescimento, comportamento, reprodução,

colonização e distribuição das espécies. Os principais efeitos nas comunidades biológicas

costeiras são (CALIXTO, 2011):

i. Morte direta por recobrimento e asfixia.

ii. Morte direta por intoxicação.

iii. Morte de larvas e recrutas.

iv. Redução na taxa de fertilização.

v. Perturbação nos recursos alimentares dos grupos tróficos superiores.

vi. Incorporação e bioacumulação.

vii. Incorporação de substâncias carcinogênicas.

viii. Efeitos indiretos subletais (morte ecológica).

Uma parte importante que envolve os acidentes com derramamento de óleo é o seu

monitoramento, que é uma etapa muito importante ao ajudar na diminuição dos efeitos do

vazamento de óleo. A localização da mancha de óleo é de fundamental importância para

que sejam tomadas atitudes em tempo hábil, e de forma eficaz, com o intuito de diminuir os

prejuízos ambientais causados pelo derramamento de óleo.

Uma tecnologia já difundida e que vem ajudando muito em casos de acidente com

derramamento de óleo é o sensoriamento remoto de derramamento de óleo. Nos próximos

capítulos serão feitos estudos a respeito das principais tecnologias dos sensores remotos,

44

bem como dos principais sistemas de detecção de derramamento de óleo atualmente

disponíveis no mercado.

CAPÍTULO 4 - PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DOS EQUIPAMENTOS PARA

MONITORAMENTO DE DERRAMAMENTO DE ÓLEO

As tecnologias atuais para monitoramento de derramamento de óleo se utilizam de

sensores remotos. Existem os sensores passivos (diferentes câmeras óticas), em que a

fonte do sinal se encontra na superfície do oceano, e os sensores ativos (diferentes

sistemas de RADAR e LIDAR), em que é enviado um sinal para a superfície do oceano e a

resposta é registrada.

Na tabela 1 podemos observar as principais bandas do sensoriamento remoto e seus

respectivos comprimentos de onda.

Tabela 01 - Comprimento de onda das bandas de sensoriamento remoto.

Banda Comprimento de Onda

UV 0.3–0.4 µm

Visível 0.4–0.7 µm

IV 0.7–3 µm

IV Termal 3–14 µm

Radar 1–30 cm

Microondas 0.2–0.8 cm Fonte: Klemas (2010)

O sensoriamento remoto ocorre com a instalação desses sensores em satélites que

giram ao redor da Terra, em aeronaves que fazem uma vigilância periódica da superfície do

oceano e nas próprias embarcações que estão em campo. A combinação desses sensores

torna o monitoramento de derramamento de óleo muito mais eficaz.

4.1 – Sensores Ultravioletas

Os sensores ultravioletas são sensores passivos, que utilizam a luz do sol refletida

na região ultravioleta (0,32 µm até 0,38 µm) para detectar derramamentos de óleo. O óleo

tem maior refletividade do que a água na região ultravioleta, mesmo sendo uma película

muito fina de óleo. Estes sensores não detectam espessura maior que 10 µm (JHA et al,

2008).

46

Algas marinhas e o fenômeno de Sunglint (fenômeno no qual o sol reflete na

superfície do oceano no mesmo ângulo que sensor está visualizando a superfície) podem

gerar falso positivo da detecção de óleo. Por depender do reflexo da luz do sol estes

equipamentos não podem ser operados durante a noite. Sua combinação com os sensores

infravermelhos poder melhorar muito a detecção de derramamento de óleo e fornecer

informações sobre a espessura relativa do derramamento de óleo.

4.2 – Sensores Visíveis e Infravermelhos

As câmeras visíveis (sensores passivos) são muito utilizadas em aeronaves e

satélites. Porém, é uma tecnologia muito limitada, pois depende da luz do dia, onde as

condições climáticas podem ou não entregar boas condições de iluminação. Outro

fenômeno que também pode atrapalhar é o Sunglint.

Essas câmeras não são eficientes para detectar um derramamento de óleo, mas são

muito usadas para monitorar o desenvolvimento de derramamentos já detectados. Tem a

seu favor o fato de ser um equipamento de baixo custo em comparação aos outros.

Os sensores infravermelhos são sensores passivos. O óleo absorve a radiação solar

e emite parte dele na forma de energia térmica, principalmente na região do infravermelho

termal (8 µm até 14 µm). Como o óleo possui uma emissividade menor do que a água na

região do infravermelho termal, este possui uma assinatura espectral diferente da assinatura

da água do fundo. Estes sensores podem também fornecer alguma informação à respeito da

espessura relativa do óleo. A desvantagem do sensor infravermelho é que a radiação

térmica emitida pelas algas marinhas e da costa são semelhantes à radiação térmica

emitida pelo óleo, o que pode gerar um alerta falso positivo (JHA et al, 2008).

Combinando os sensores visíveis aos sensores infravermelhos obtém-se um

monitoramento de derramamentos de óleo muito mais eficaz. Isso porque cobre uma faixa

de espectro completa, de 0,4 µm a 14 µm.

Na figura 10 podemos observar uma imagem do satélite MODIS/Terra da NASA (que

possui a combinação dos sensores visíveis e infravermelhos, cobrindo uma faixa de

espectro de 0,4 µm a 14 µm) tirada 2 meses após um blowout na plataforma Montara

localizada no Mar de Timor.

47

6

Figura 10: Mancha de óleo no Mar de Timor. Fonte: NASA (2009)

6

4.3 – Sensores Multiespectrais (Ultravioleta-Visível-Infravermelho Proximal)

É um sensor promissor, o qual combina imagens tiradas através de quatro filtros de

canais espectrais (ultravioleta-visível-infravermelho proximal). Além de utilizar da luz do dia,

este sistema utiliza esses canais que cobrem uma região espectral mais sensível à

presença de óleo, assim como à espessura da mancha de óleo. A câmera com o sensor é

colocada em uma aeronave que sobrevoa a mancha de óleo, e um algoritmo processa os

dados coletados gerando uma boa estimativa da espessura relativa da mancha de óleo

(SVEJKOVSKY et al, 2008).

4.4 – Fluorosensores

Algumas moléculas que compõem o óleo absorvem luz no espectro ultravioleta e

reemitem luz na faixa ultravioleta-visível. Estes fluorosensores se utilizam de um laser que

excita a fluorescência das moléculas do óleo e detectam a radiação causada por ela. Uma

6 Disponível em: <http://blog.skytruth.org/2009/10/timor-sea-drilling-spill-two-months-and.html>

48

desvantagem deste sensor é o fato de depender da excitação causada pelo laser, o que faz

ser necessário que a aeronave sobrevoe próxima à superfície do oceano. Dependendo das

condições climáticas este sobrevoo sobre o derrame de óleo pode ser muito perigoso, o que

limita o uso deste instrumento. É uma técnica muito eficaz na detecção de derramamento de

óleo, porém incapaz de fornecer dados sobre a espessura da mancha de óleo (BRITO,

2010).

4.5 – Espalhamento Raman

O espalhamento Raman ocorre quando a luz do laser interage com uma molécula e

é espalhada num comprimento de onda ligeiramente mais longo. A luz incidente excita os

modos de vibração da molécula que dissipa parte da energia da luz incidente, sendo

responsável pela mudança de frequência da luz espalhada. Portanto, quando a luz laser

ultravioleta brilha sobre a camada de óleo flutuante, é gerado um espalhamento Raman,

além da fluorescência, como pode ser observado na figura 11. Diferente da fluorescência,

que é originário das moléculas de óleo, o espalhamento Raman é proveniente das

moléculas de água, quando intensa luz laser é lançada na direção da camada de óleo. O

sinal da água depende da espessura da camada de óleo, uma vez que absorve a luz laser,

atenuando assim o sinal Raman oriundo da massa de água subjacente. A partir da

intensidade relativa das diferentes bandas de emissão, a espessura da camada de óleo

pode ser inferida. No entanto, esta técnica é limitada às finas camadas, com espessura

menor do que 10 µm, já que nenhuma luz laser atinge a água sob uma camada de óleo de

espessura maior que essa (HOGE & SWIFT, 1980).

Figura 11: Espalhamento Raman retratado.

Fonte: <www.meeresphysik.uni-oldenburg.de>7

7 Disponível em: <http://goo.gl/UWwd27>

49

4.6 – Sensores Acústicos

O sensor acústico é um sensor ativo, e pode ser utilizado tanto durante o dia quanto

durante a noite. Este sensor pode medir a espessura absoluta da camada de óleo. Ao invés

de usar as propriedades acústicas e eletromagnéticas para detectar o óleo, este sensor se

utiliza das propriedades acústicas ou mecânicas do óleo.

Algumas agências do Canadá e dos Estados Unidos desenvolveram em uma

pesquisa conjunta o sensor chamado Laser-Ultrasonic Remote Sensing of Oil Thickness

(LURSOT). Três lasers são utilizados para medir o tempo de viagem no óleo das ondas

ultrassônicas, dessa forma a espessura da camada de óleo pode ser calculada usando-se

esse tempo de viagem. Em 2006 esse sistema LURSOT foi testado em uma aeronave pela

Agência do Meio Ambiente do Canadá, e os resultados foram considerados um sucesso.

Mas de qualquer forma, vale ressaltar que os sensores acústicos são caros e volumosos, e

não funcionam em ambientes com névoa nem nuvens (JHA et al, 2008).

4.7 – Sensores de Microondas

Os sensores de microondas são sensores passivos, utilizados tanto para detecção

de derramamento de óleo quanto para medição da espessura da mancha de óleo. O óleo

emite radiações de microondas mais fortes do que a água, e aparece mais brilhante do que

a água. A medição da espessura de óleo com os sensores microondas envolve a

interferência da radiação das fronteiras superior e inferior da película de óleo. A emissão de

microondas é maior quando a espessura da película de óleo é igual a um múltiplo impar de

um quarto do comprimento de onda da energia emitida, o que pode levar a uma estimativa

de vários valores diferentes de espessura a partir de um sinal. Mas este foi um problema

resolvido já na geração seguinte de sensores de microondas (BROWN & FINGAS, 1997).

Alarmes falsos positivos podem ser gerados por materiais biogênicos, que possuem

um sinal similar ao do óleo. Estes sensores de microondas podem ser utilizados durante o

dia e a noite, e também sob as mais adversas condições climáticas. Este sensor exige uma

antena especial para captar a radiação das microondas emitidas, além de requerer diversas

informações sobre características ambientais e das propriedades do óleo, para que a

detecção do óleo seja melhor. Suas desvantagens são de que é um equipamento

extremamente caro e possui uma baixa resolução espacial.

50

4.8 – Infravermelho Termal

Há muitos anos o imageamento infravermelho termal vem sendo usado na detecção

de derramamentos de óleo. Este sensor se baseia no fato de que o comportamento da

temperatura da superfície do óleo se difere do comportamento da temperatura da superfície

da água, e que a emissividade do óleo também é diferente da emissividade da água, e

avaliando esse contraste ele consegue identificar um derramamento de óleo. Porém,

camadas muito finas de óleo não podem ser detectadas pelo sensor infravermelho termal,

devido a interferências na emissão térmica da água, que pode atravessar a camada de óleo,

que por sua vez pode estar emitindo uma radiação térmica muito pequena.

As câmeras com o sensor infravermelho termal podem ser instaladas em satélites

(como o MODIS/Terra da NASA), aeronaves e embarcações. Por detectar a radiação

emitida, pode ser utilizada sem a necessidade da luz do dia. O que pode também interferir

na detecção são os ângulos de observação em que as câmeras se encontram, se

aproximando de 90º quando estão nas embarcações e se aproximando de 0º quando se

encontram em aeronaves ou satélites (BRITO, 2010).

4.9 – Radar

O RADAR (Radio Detection and Ranging) é um sensor ativo, uma vez que consiste

na emissão de um pulso de onda de radio e na detecção da energia do pulso refletida no

objeto em função do tempo. Várias frequências de rádio podem ser utilizadas por esses

sensores, que utilizam uma antena para ser a receptora dos sinais. Os radares são muito

úteis, uma vez que podem ser utilizados para detectar óleo em uma grande área. É muito

utilizado como uma primeira ferramenta para avaliar um possível derramamento de óleo.

São também capazes de calcular a área coberta pela mancha de óleo.

Quando instalados em aeronaves com o intuito de monitoramento, são nomeados

SLAR (Side Looking Airborne Radars). A antena é posicionada na lateral da aeronave, e

como cada antena é utilizada para uma polarização, é comum se colocar duas antenas de

cada lado para um melhor monitoramento. Outro tipo de radar muito comum para detecção

de derramamento de óleo é o SAR (Synthetic Aperture Radar) que possui um maior alcance

e uma melhor resolução espacial do que o SLAR. Porém o SLAR possui um menor custo e

é predominantemente usado para o monitoramento aéreo.

As imagens obtidas pelos radares SAR possuem muitas interferências. Em alguns

casos a linha da costa pode gerar a impressão de ser uma mancha de óleo, e em algumas

51

situações, o mar calmo pode dar a falsa impressão de ser óleo. Substâncias orgânicas

presentes na água que não o óleo podem ser responsáveis por essas interferências. Tanto

ventos fortes quanto ventos fracos podem interferir na detecção de óleo, sendo uma

velocidade do vento ideal entre 5 m/s e 6 m/s para detecção de derramamento de óleo.

Mesmo assim os radares SAR são um dos mais utilizados para detecção de derramamento

de óleo.

Figura 12: Imagem do RADARSAT da mancha de óleo no Golfo do México.

Fonte: <www.geotecnologias.wordpress.com>8

4.10 – Combinação de Sensores

Com as informações obtidas, sabe-se que nenhuma tecnologia de sensor sozinha

pode fornecer todas as informações necessárias para um planejamento de contingência de

derramamento de óleo. A combinação das tecnologias dos sensores pode fornecer muita

informação, principalmente da espessura da mancha de óleo, podendo indicar onde se

encontra a maior parte do volume do óleo vazado. Diferentes combinações das tecnologias

de sensores podem ser testadas, e dependendo da situação, uma das combinações será

mais eficiente do que a outra. A princípio, três sistemas diferentes de sensor podem ser

8 Disponível em: <http://geotecnologias.wordpress.com/2010/05/21/radar-golfo-do-mexico/>

52

considerados para planejamento de contingência: sensores em satélites, sensores em

aeronaves e sensores a bordo das embarcações.

Os sensores nos satélites são utilizados para monitoramento automático de

derramamento de óleo, mas também podem ser usados para acompanhar a evolução da

mancha de óleo bem como uma visão global dos possíveis danos ambientais que podem

ser causados. O problema dos sistemas de satélite é que não é possível controlar a sua

posição, o que em certas ocasiões pode fazer com que o “período de visita” ao cenário

acidente não seja satisfatórios. Sistemas de sensores em aeronaves estão mais próximos

do acidente, e são fundamentais para uma avaliação melhor e mais precisa do

comportamento da mancha de óleo e para definições de ações locais no intuito de mitigar os

danos ambientais gerados pela mancha de óleo. Os sistemas de sensores nas

embarcações são os que direcionarão diretamente as ações de campo.

Dados hiperspectrais oriundos dos sistemas dos satélites, combinando dados

ultravioleta, visível e infravermelho com dados de radar podem fornecer muitas informações

a respeito da geometria da mancha de óleo, bem como da espessura dessa mancha.

Imagens de sensores multiespectrais (ultravioleta-visível-infravermelho proximal)

combinadas com as imagens dos sensores de infravermelho termal também podem gerar

bons resultados na estimativa da espessura da mancha. Radares de navegação, mais

comumente disponíveis em navios de contingência, podem ser bastante eficientes na

detecção de manchas de óleo se equipados com um processador de sinal apropriado, e

pode ser combinado com as imagens do infravermelho termal para fornecer uma estimativa

da espessura, além da localização e geometria da mancha de óleo.

A combinação de dados dos sensores nos satélites com os sistemas de aeronaves

também podem fornecer mapeamento e espessura da mancha de óleo. Um exemplo de tal

combinação foi um experimento de campo entre a costa britânica e a francesa, onde

imagens de um radar SAR no satélite foram usadas para detecção de uma mancha e um

primeiro mapeamento, seguido por medições de um gerador de imagens hiperespectrais e

um LIDAR (Light Detection and Ranging) fluorescente em uma aeronave para o

mapeamento da espessura (LENNON et al, 2006).

Imageamento infravermelho termal é uma tecnologia robusta que pode ser

combinada a qualquer outro sensor para fornecer ou aperfeiçoar informações sobre a

espessura. É portátil, leve e pode ser instalado tanto em satélites, aeronaves e

embarcações. Combinado com radar de uma embarcação, pode ser uma boa ferramenta

para estimar a posição da parte mais espessa da mancha de óleo, ajudando nas ações

locais.

CAPÍTULO 5 – PRINCIPAIS SISTEMAS DE DETECÇÃO DE DERRAMAMENTO

DE ÓLEO DISPONÍVEIS NO MERCADO

5.1 – Miros

O Miros OSD (Oil Spill Detection), detecção de derramamento de óleo em tradução

livre, é um complemento do sistema Miro WAVEX, o qual coleta imagens digitalizadas da

superfície do mar de radares marinhos de banda x e estima espectros de onda direcional e a

atual superfície do mar. O OSD baseia-se no fato de que áreas cobertas por óleo refletem

microondas menos potentes devido ao amortecimento das ondas capilares na superfície do

mar. Áreas contendo óleo são mostradas como áreas escuras nas imagens da superfície do

mar feitas pelo radar. O sistema Miros é capaz de detectar, rastrear e determinar a área do

derramamento.

A figura 13 mostra a interface do usuário do sistema Miros OSD, exibindo na imagem

contornos da mancha de óleo, bem como combinação de informações do mapeamento e

rastreamento da mancha com informações meteorológicas tais como velocidade e direção

do vento.

Figura 13 – Interface do usuário do sistema Miros OSD

Fonte: <www.nauticexpo.de>9

9 Disponível em: <http://goo.gl/qWnpWt>

54

5.2 – Sea-Hawk

Este equipamento está dotado de um radar polarimétrico, cujo diferencial é a

utilização de diferentes polarizações (horizontal, vertical e circular), que o torna apto a

detectar qualquer coisa na superfície da água a distâncias maiores do que as observadas no

radares de navegação padrão. Na figura 14 podemos observar 3 manchas de óleo

detectadas em um teste do sistema.

Figura 14: Imagem do sistema Sea-Hawk.

Fonte: <www.sea-hawk.com>10

5.3 – SeaDarQ

O sistema SeaDarQ utiliza tecnologia de processamento de radar para obter

informações hidrográficas, oceanográficas e ambientais do equipamento de radar da

embarcação. Estes dados são combinados com técnicas de processamento de imagem

para detectar e monitorar as características da superfície da água, detectando a presença

de manchas de óleo. Com os dados obtidos e o software do sistema, ele pode também

prever a deriva da mancha de óleo. É dotado de um radar digital de banda x com

polarização VV e uma antena rotativa.

10

Disponível em: <http://sea-hawk.com/scenarios/oil-spill-detection/>

55

5.4 – APTOMAR

O sistema SECurus da Aptomar é baseado na combinação de câmeras visíveis e

câmeras com sensor infravermelho montadas numa plataforma estabilizada, que podem ser

integradas ao sinal de radar da embarcação. A câmera infravermelha possui resfriamento

ativo e um sensor com uma ótima sensibilidade. Esta sensibilidade é muito importante para

a medição da espessura da mancha de óleo.

A mancha de óleo avistada pelas câmeras pode ser mapeada na carta de

navegação, mostrando a extensão das partes mais espessas da mancha de óleo, dando

uma boa indicação de onde as operações de contramedida devem ser focadas. Cartas

náuticas podem ser sobrepostas pelo sinal do radar, otimizando assim informações da

espessura e evitando falsos alertas. No display do usuário, o sistema já define a localização

e as fronteiras da mancha de óleo automaticamente na carta náutica.

Figura 15: Tela do sistema SECurus.

Fonte: <www.aptomar.com>11

11

Disponível em: <https://www.aptomar.com/wp-content/uploads/2010/09/SECurus-brochure-PDF.pdf>

56

5.5 – Amtech Aeronautical LTD

Empresa do Canadá que desenvolveu um Sistema de Sensoreamento Remoto de

Derramamento de Óleo na água a bordo de uma aeronave (SRSS), em tradução livre. Foi

projetado para localizar e mapear manchas de óleo na superfície da água sob uma ampla

gama de cenários operacionais. O conjunto de equipamento, incluindo câmeras

infravermelhas, ultravioletas e de espectros visíveis, permitem ao operador diferenciar entre

camadas finas e espessas de óleo na superfície da água. Essa combinação de sensores

oferece uma cobertura multiespectral, que por sua vez permite uma maior probabilidade de

detecção, uma melhor discriminação e uma operação mais efetiva sob uma ampla gama de

condições climáticas e de luz. A portabilidade e simplicidade de operação do SRSS

significam que ele pode ser imediatamente implementado para uso numa emergência de

derramamento de óleo.

5.6 – Ocean Imaging

A Ocean Imaging desenvolveu um sensor que é utilizado em aeronaves, com base

no Sistema de Informação Geográfica (GIS), para mapeamento e medição de espessura de

manchas de óleo, que se utiliza de uma câmera com sensor multiespectral (ultravioleta-

visível-infravermelho proximal). Seu sistema de mapeamento com imagens de alta

resolução possibilitam uma melhor orientação de como e onde as equipes de resposta em

campo devem agir para um resultado mais efetivo. Durante o acidente da sonda Deepwater

Horizon da BP no Golfo do México, o equipamento da Ocean Imaging foi utilizado para

mapeamento do óleo, gerenciamento de pessoal em campo e medição da espessura do

óleo.

5.7 – Optimare

O sistema da Optimare é o MEDUSA, que é composto por um conjunto de sensores

instalados a bordo de uma aeronave que compreendem laser fluorescente, infravermelho,

ultravioleta, microondas, sistema de radar, câmeras e um software de processamento. O

sistema fornece uma imagem do SLAR sobreposta com dados do sensor infravermelho ou

qualquer outro. O sistema MEDUSA proporciona uma boa aquisição, visualização em tempo

real assim como um processamento pós- vôo imediato dos dados do sensoriamento remoto,

57

incluindo análise automática das imagens, mapeamento da espessura da mancha de óleo e

a classificação do vazamento, a qual depende do volume derramado.

Figura 16: Mapeamento aéreo com o sensor multiespectral/termal e medição da espessura Fonte: <www.oceani.com>

12

12

Disponível em: <http://www.oceani.com/services/svcs_osr_classexample.html>

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

6.1 - Conclusões

Como observado, a indústria marítima de petróleo e gás natural envolve muitos

riscos de derramamento de óleo em praticamente todas as etapas de exploração,

desenvolvimento e produção. E os efeitos do derramamento de óleo podem ser catastróficos

dependendo da magnitude e do volume do vazamento, podendo perdurar por anos afetando

a vida marinha ou até mesmo das comunidades que vivem na costa. Por isso existe a

necessidade de o Brasil possuir uma estrutura de Plano Nacional de Contingência para

vazamento de óleo, para que dessa forma, toda a estrutura e tecnologia disponíveis possam

ser utilizadas de forma integrada e muito mais efetiva.

Um dos grandes desafios nas operações de contingência é o conhecimento da

posição, área e espessura da mancha de óleo. Por isso o estudo das tecnologias de

sensoriamento remoto de derramamento de óleo é uma peça fundamental no auxílio à

contingência dos derramamentos de óleo.

Foi observado, que apesar da variedade de tecnologias disponíveis, nenhum sensor

é capaz de fornecer toda informação necessária sozinho, podendo ser afetado por

diferentes fatores físicos e climáticos. Estes sensores podem ser implementados em

diferentes plataformas: espaciais, aeronaves ou embarcações.

Portanto, a melhor solução para um acompanhamento mais efetivo, com

fornecimento de informações mais precisas a respeito do derramamento de óleo, é utilizar

as várias tecnologias de sensores combinadas, de forma que cada combinação será mais

eficaz, depende das condições impostas.

6.2 – Sugestões

Em trabalhos futuros, poderia ser feito um estudo dos planos de contingência em

países que são referência no assunto, para que se possa ter um padrão comparativo com o

que é proposto para o Plano Nacional de Contingência. Outro tema que poderia ser

abordado seriam as outras tecnologias que auxiliam no combate ao derramamento de óleo

no mar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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