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A Influência da Mídia na Formação da Cultura Corporal do
Adolescente.
FREITAS,Luiz Renato ¹
FREITAS JR, Miguel A. de ²
Resumo
Este trabalho de intervenção pedagógica na escola teve o objetivo de trazer o
debate, análise e reflexão sobre a influencia que a mídia exerce na formação da
cultura corporal dos adolescentes residentes na zona rural. O presente projeto faz
parte do Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria do Estado da
Educação do Estado do Paraná - PDE, e foi aplicado no Colégio Estadual Luiz de
Jesus Correia, localizado na comunidade de Coatis, zona rural do município de
Ipiranga, Paraná. Participaram deste projeto 82 alunos dos 8º e 9º anos do ensino
fundamental, sendo 32 alunos do sexo masculino e 50 alunas do sexo feminino com
idades que variavam de 12 a 22 anos. Foram realizados 15 encontros onde foram
debatidos e analisados os temas mídia, cujo enfoque principal foi a televisão,
cultura com suas manifestações erudita, popular, de massa, industria cultural,
cultura corporal de movimento e os temas de estudo da educação física, as
questões relacionadas a adolescência e suas manifestações biológicas, psicológicas
e sociais. Pretendeu-se com esse projeto de implementação pedagógica, que os
alunos desenvolvessem uma visão crítica e reflexiva sobre as manifestações da
cultura corporal valorizadas pela televisão e como esse padrão de comportamentos
atua na comunidade em que vivem. Embora o acesso à mídia televisão tenha sido
elevada, a maior parcela dos alunos participantes do projeto referiu não ter mudado
seu comportamento com base na influência da mídia.
Palavras Chave: Mídia, Cultura Corporal, Adolescentes.
__________________________
¹ Professor de Educação Física da Rede Pública do Paraná, Especialista em Exercício Físico e Reabilitação. Professor PDE. ² Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Doutor em História. Orientador PDE.
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1 Introdução
Com o desenvolvimento tecnológico, as mídias estão cada vez mais
presentes na vida dos indivíduos. Diariamente a população é exposta a um volume
muito grande de informações presentes na sua programação e anúncios
publicitários, contendo, muitas vezes, mais informações e simbologias do que
podem analisar e compreender.
Ao optar em trabalhar o tema influência da mídia na formação da cultura
corporal do adolescente, no presente projeto de intervenção pedagógica do
programa de desenvolvimento educacional (PDE), do Governo do Estado do
Paraná, houve a possibilidade de trazer ao debate mídia televisão para dentro da
sala de aula e promover uma análise e entendimento de como a cultura midiática é
incorporada no cotidiano adolescente de uma comunidade exclusivamente rural.
Este projeto de intervenção pedagógica foi pensado e elaborado para ser
aplicado para os alunos dos 8º e 9º anos do ensino fundamental, do Colégio
Estadual Luiz de Jesus Correia, situado na comunidade de Coatis, zona rural do
município de Ipiranga, Paraná, distante 8 km do centro da cidade.
Ipiranga é uma cidade tipicamente interiorana e sua economia é baseada
na agricultura e extração vegetal, possui uma população de 14.150 habitantes,
destes, 9.261 habitantes residem na zona rural (IBGE, 2010).
O Colégio Estadual Luiz de Jesus Correia possui 280 alunos matriculados
e recebe alunos de várias comunidades rurais do entorno da escola, comunidades
formadas por imigrantes italianos, alemães e poloneses que aqui chegaram durante
a formação do município. As etnias constituintes de cada comunidade, trouxeram
seus costumes, crenças, valores, tradições e seu idioma, ou seja, sua cultura.
Somos sabedores que a cultura resulta de uma construção histórica das
sociedades, algo que a caracteriza, a identifica e traz um sentimento de
pertencionismo ao grupo social.
Até pouco tempo, era possível identificar a qual comunidade o aluno
pertencia devido as características culturais relacionadas ao vestuário, ao falar e
comportamento social, ou seja, a características peculiares presentes em cada
comunidade distinta.
Com o avanço tecnológico e a possibilidade de acesso a diferentes
formas de mídias e com isso ter contato com novas e variadas informações, os
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adolescentes puderam ampliar sua visão de mundo, através do acesso aos meios
de comunicação, fato que levou a aquisição de novos padrões de comportamentos e
mensagens simbólicas presentes, sobretudo, na programação televisiva.
Ao optar em desenvolver um projeto de desenvolvimento pedagógico
onde foi oportunizado o debate sobre a mídia e até que ponto exerce influencia na
formação da cultura corporal do adolescente, a Educação Física vem de encontro ao
pensamento da PARANÁ (2008), quando afirma que:
É tarefa da Educação Física Escolar, preparar o aluno para ser um praticante lúcido e ativo, que incorpore o esporte e os demais componentes da cultura corporal em sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível. Tal ato implica, também, compreender a organização institucional da cultura corporal em nossa sociedade, é preciso prepará-lo para ser um consumidor da mídia e das suas mensagens em relação aos padrões de beleza atualmente vigente.
Assim, a Educação Física ao possibilitar a discussão sobre a mídia
televisão e as suas mensagens que exploram o corpo como produto de consumo
cumpre a função de formar espectadores críticos e conscientes sobre as intenções
ideológicas e simbólicas contidas na programação da televisão.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná
(PARANÁ, 2008), ao referir-se a Educação Física Escolar diz que esta, deve "
assumir o tarefa de integrar o aluno o aluno na cultura corporal do movimento,
formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la,
instrumentalizando-o para usufruir destas práticas em benefício da qualidade de
vida".
Portanto, este trabalho ao trazer a mídia televisão e as informações
referentes ao corpo e sua valorização enquanto produto de consumo, vai oportunizar
a discussão sobre conceitos que muitas vezes são incorporados à nossa rotina
diária sem que sejam questionados ou tenham um entendimento dos seus
significados.
BETTI (1998), aborda claramente esse pensamento quando diz:
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É preciso preparar o leitor/espectador para analisar criticamente as informações que recebe dos meios de comunicação sobre cultura corporal de movimento. Por isso, num processo de longo prazo, a Educação Física deve levar o aluno a descobrir motivos e sentidos nas praticas corporais, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com elas, levar à aprendizagem de comportamentos adequados a sua pratica, levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu intelecto, os dados científicos e filosóficos relacionados a cultura corporal de movimento, dirigir sua vontade e sua emoção para a pratica e a apreciação do corpo em movimento.
Tomando como ponto de partida o conteúdo estruturante Cultura Corporal
e Mídia, expresso nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do
Paraná (PARANÁ, 2008), foi produzido o material didático para implementação do
projeto na escola. O material didático foi configurado em forma de Caderno
Temático, composto de quinze textos explicativos, ilustrados, subsidiados por vídeos
e com atividades referentes a cada tema abordado, e adaptados a realidade do
Colégio Estadual Luiz de Jesus Correia.
A produção didático-pedagógica, Caderno Temático, abordou três temas
distintos: A Mídia destacando a televisão, foco principal da análise do projeto; a
Cultura Corporal, passando pela conceituação básica, manifestações culturais,
corpo como produto de consumo, padrões de beleza e comportamentos, distúrbios
relacionados a busca do corpo perfeito e educação física ; e Adolescência, onde
foram abordados questões como surgimento do conceito adolescência, questões de
legalidade (ECA), maturação biológica, autoimagem, valorização humana, conflitos e
sonhos do adolescente, hábitos de consumo, trabalha e lazer.
Ao abordar estes temas, o projeto objetivou desenvolver uma atitude mais
critica e questionadora, por parte do adolescente telespectador, das mensagens
transmitidas pela televisão e assim identificar os significados, intenções e
simbologias ali contidas. Através da compreensão destas informações fazer a
mediação entre a cultura da mídia e a sua cultura local.
Portanto, formar espectadores críticos é uma prerrogativa para que a
cidadania seja efetivada na sociedade.
Esta produção didático-pedagógica não é um produto pronto e acabado.
Novos temas podem ser incorporados, abordados de maneira diferente,
complementados, reestruturados.
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2 Desenvolvimento e Metodologia
Na Educação Física ao abordarmos a cultura corporal como elemento de
estudo, cabe ao professor "a responsabilidade de organizar e sistematizar o
conhecimento sobre as praticas corporais e a forma como o corpo é apresentado
pelos meios de comunicação, o que possibilita a comunicação e o diálogo com as
diferentes culturas" (PARANÁ, 2008).
Neste sentido, para a implementação do projeto de intervenção
pedagógica na escola foi elaborado e confeccionado um documento sob a forma de
Caderno Temático intitulado Influencia da Mídia na Formação da Cultura Corporal do
Adolescente, composto de quinze textos especialmente produzidos e adaptados a
realidade e faixa etária dos alunos participantes do projeto.
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) teve o início da sua
implementação no segundo semestre de 2011, com o trabalho de tutoria no Grupo
de Trabalho em Rede (GTR) da Secretaria Estadual da Educação.
O grupo de trabalho em rede (GTR), veio de encontro ao objetivo de
compartilhar o trabalho do professor PDE com os demais professores da rede
pública de educação do Estado do Paraná, através da modalidade à distância no
ambiente virtual e-escola disponibilizado pela SEED, refletindo sobre o enfoque
abordado pelas Diretrizes Curriculares Estaduais – DCEs da disciplina de Educação
Física, na qual destaca a importância do Conteúdo Estruturante Cultura Corporal e
sua articulação com os Elementos Articuladores mídia, corpo, saúde, diversidade,
lazer, mundo do trabalho, desportivização, ludicidade, técnica e tática (PARANÁ,
2008).
Ainda, no segundo semestre de 2011 o Projeto de Intervenção
Pedagógico foi apresentado aos professores do Colégio Estadual Luiz de Jesus
Correia, que tiveram a oportunidade de conhecer o material didático-pedagógico
produzido e foi feito o convite para que participassem do grupo de estudos em rede
- GTR.
O primeiro contato com os alunos aconteceu no mês de agosto, início do
segundo semestre do ano letivo de 2011. Como a implementação do Projeto de
Intervenção Pedagógica teve início no segundo semestre, foi retomado a
apresentação das concepções da disciplina de Educação Física, sua importância,
seu objeto de estudo e, a partir daí tratar do Projeto de Implementação Pedagógica
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na Escola, onde foram feitos os esclarecimentos necessários sobre as atividades, os
objetivos da proposta pedagógica e importância da participação dos alunos no
referido projeto.
Nesse encontro ainda, foi solicitado aos alunos que levassem um
questionário, para que em casa, juntamente com seus pais/responsáveis,
respondessem a um questionário, com o objetivo de traçar um perfil socioeconômico
da turma.
Estabelecido o perfil socioeconômico do grupo de alunos participantes do
projeto de intervenção pedagógica, podemos observar que o grupo de participantes
da Implementação do Projeto, contou com 82 alunos, sendo 32 alunos do sexo
masculino e 50 alunas, apresentando variação significativa das faixas etárias,
pequena variação sócio culturais e presença de alunos repetentes, justificado pela
variação etária da turma.
No gráfico 1 podemos observar que a faixa etária apresentada para o
sexo feminino variou entre 12 e 22 anos assim representadas: duas alunas com 12
anos, dezoito alunas com 13 anos, vinte e quatro alunas com 14 anos, duas alunas
com 15 anos, três alunas com 16 anos e uma aluna com 22 anos.
Gráfico 1 - Faixa etária e nº de alunos do sexo feminino
No gráfico 2, observamos que a faixa etária apresentada para o sexo
masculino variou entre 12 e 18 anos assim representados: um aluno com 12 anos,
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14 15
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1
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30
1 2 3 4 5 6
idade
nº de alunos sexo feminino
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quatro alunos com 13 anos, treze alunos com 14 anos, quatro alunos com 15 anos,
seis alunos com 16 anos, um aluno com 17 anos e três alunos com 18 anos.
Gráfico 2 - Faixa etária e nº de alunos do sexo masculino
Para observar a influência dos meios de comunicação nos alunos, foram
pesquisados em quais tipos de mídias buscam informação, podiam citar mais de
uma meio de comunicação.
Gráfico 3 - Meios de informação aos quais tem acesso.
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4
6
8
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idade
nº de alunos masculino
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60
70
80
90
televisão radio internet celular revistas livros
82 74
21
42
14 9
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No gráfico 3, podemos observar que os principais meios de comunicação
aos quais os alunos tem acesso são a televisão e ao radio (82 e 74 alunos
respectivamente); 21 alunos possuem acesso a internet e a utilizam para fazer
trabalhos escolares e principalmente acessar redes sociais (Orkut, twetter e
facebook); 42 alunos possuem celular, porém o acesso é dificultado pois na
comunidade não possui antenas de recepção e muitos não possuem creditos e
utilizam o celular apenas para ouvir músicas; 14 alunos tem acesso a revistas de
variedades e 9 alunos tem acesso a livros que fazem empréstimo na biblioteca da
escola.
Gráfico 4 - Programação mais assistida na televisão.
O gráfico 4, nos mostra quais os programas mais assistidos pelos alunos
de ambos os sexos.
Ao analisarmos a mídia televisão podemos observar que o sexo feminino
tem maior número de espectadoras em todos os tipos de programas, exceto nos
programas esportivos onde o número de espectadores masculinos é maior.
Observamos que os programas mais assistido são novelas com 68 espectadores (47
espectadores do sexo feminino e 21 espectadores do sexo masculino) e filmes com
64 espectadores (38 espectadores do sexo feminino e 26 espectadores do sexo
masculino).
No primeiro encontro, após a reunião de apresentação do Projeto de
Implementação Didático Pedagógica na escola, foram revistos alguns pontos
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20
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40
50
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21 26
13 11 11 14 10
18
4 0 feminino
masculino
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discutidos na reunião, onde os alunos deram sua opinião e apresentaram suas
expectativas sobre o projeto. Muitos ficaram curiosos com o tema e principalmente
por ser a mídia pouco discutida na escola e sobretudo na Educação Física.
Foi abordada também a questão de estarmos inserido no mundo
contemporâneo cada vez mais globalizado: o processo de globalização e a
interferência no nosso cotidiano, os padrões culturais ditados pela mídia, a
importância das informações disponibilizadas pelas mídias e os benefícios da
tecnologia. E, por outro lado, a necessidade de firmar a identidade do adolescente
pertencente a uma cultura em confrontação com a cultura midiática.
Para o desenvolvimento do Projeto de Intervenção Pedagógica, o
cronograma de encontros foi estruturado com um encontro semanal com duração de
2 horas, onde seria trabalhado cada texto do Caderno Temático.
Inicialmente, cada aluno recebeu seu Caderno Temático dos temas e
textos que seriam desenvolvidos e, após alguns questionamentos, esclarecimentos
e opiniões, iniciamos as atividades relativas ao Projeto.
1º Encontro: Foi abordado o tema Mídia, sua conceituação,
desenvolvimento e evolução através do tempo, a rapidez e globalização das
informações, os aparatos técnicos de apresentação das mídias, aspectos das
funções das mídias diversas no sentido de educar, entreter, informar e da produção
simbólica de comportamentos e estilos de vida. Foi utilizado o vídeo Controle Social
da Mídia <http://www.youtube.com/watch?v=ERK97L_j9Bg&feature=related> para subsidiar as
discussões sobre a questão: Somos livres para escolher o que queremos assistir na
televisão?
Essa foi uma questão que suscitou muitas comentários divergentes
exemplificados aqui pelos comentários dos alunos Samoel (14 anos), "a gente
assiste o jogo que eles querem e muito tarde da noite, se pudesse escolher
colocaria o jogo as 8:00 da noite", a aluna Fabiane (15 anos) comentou, "podemos
escolher os programas que queremos assistir pois tem muitos canais mas às vezes
não tem nada que presta".
Um dos pontos que mais chamou a atenção dos alunos foi o fato de
muitas vezes a mídia provocar uma comoção social com fatos ocorridos em locais
distantes, enquanto na sua comunidade ocorrem fatos semelhantes, mas não há
uma comoção com mesma intensidade.
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Para abordar este tema foi utilizado o vídeo Manipulação nos meios de
comunicação <http://www.youtube.com/watch?v=KYw41iNiiXc&feature=related>, que aborda a
espetacularização dos fatos por parte da mídia classificada como sensacionalista.
O comentário da aluna Daniele (14 anos) expressa bem essa situação, "
nos emocionamos mais com as coisas que a televisão mostra, do quê com as coisas
da vida real que acontecem perto da gente".
Através da observação atenta dos vídeos podemos analisar e refletir
sobre as informações contidas em suas mensagens, muitas vezes que incentivam o
consumo sem que haja a possibilidade de reflexão por parte do espectador.
Os vídeos aqui sugeridos foram utilizados como mais uma ferramenta que
forneceram subsídios à discussão e daí surgiram muitos comentários como o da
aluna Sarah (14 anos):
Eu acho que muita coisa que mostra na TV, não deveria, porque as pessoas acreditam em tudo, o que passa nos canais e programas de televisão, E acho que poderiam tirar alguns programas sobre a vida doa artistas e celebridades e colocarem programas educativos, programas que interessam à muitas pessoas.
Essa opinião abriu espaço para a discussão sobre os interesses
mercadológicos da televisão, onde permanecem no ar os programas que são mais
assistidos independentes do seu conteúdo.
Ao analisar sobre a possível influencia ou não dos programas televisivos,
a novela foi o assunto mais abordado, onde a aluna Maria Fernanda (14 anos),
resume a opinião de muitos alunos:
Muitas vezes, mesmo sabendo que o que passa na televisão é ficção, nós deixamos nos levar por ela e acabamos esquecendo que a nossa vida não é como passa, por exemplo, nas novelas, pois muitas pessoas não sabem diferenciar ficção de realidade.
Um fato que me surpreendeu foi a consciência clara e crítica que os
alunos demonstraram frente a programação da televisão, que de modo geral exerce
baixa influência sobre eles.
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Neste primeiro Encontro foram debatidos assuntos como: quais tipos de
mídia a comunidade tem acesso, quais mídias mais utilizada na rotina diária, quanto
tempo permanecem assistindo televisão, a influencia da mídia no consumo de bens
ou comportamentos, a televisão educa ou deseduca em relação a cultura local da
comunidade em que vivem, sobre os programas da televisão, alienação, violência,
consumo e consumismo.
O debate sobre este temas gerou muitos comentários, mas um fato que
ficou evidente é que grande parte dos alunos tem acesso somente a televisão ou
radio e o período em que fazem uso dessas mídias é quando estão com a família
reunida, seja a noite quando assistem jornal e novela ou durante o dia quando
ouvem radio durante os trabalhos que desenvolvem com os familiares, pois todos
são produtores ou trabalhadores rurais.
2º Encontro: O tema abordado nesse encontro foi A Influência da Mídia.
Ao trabalhar este texto foi analisado e debatido sobre a função que a mídia exerce
sobre a população,em geral. Ou seja, muitas vezes a mídia substitui a função social
da família, da escola ou da política.
Nesse sentido de substituição do pensamento da mídia substituindo as
funções da família, na comunidade em que a escola está inserida, notamos que o
núcleo familiar é muito forte e ainda os gostos, interesses e cultura ainda é ditado
pelos pais, não tendo a mídia grande influencia no pensamento dos adolescentes.
A ditadura que a mídia impõe em relação aos comportamentos, consumo,
ideologias e interesses é insignificante dentro da cultura local.
Ao utilizar os vídeos A Influência da Mídia - Sorria Você esta sendo
Manipulado!!! <http://www.youtube.com/watch?v=K14FpQPUA2E> e Influência da Mídia na
Sociedade. <http://www.youtube.com/watch?v=OTeSPh9eg5o&feature=related> para embasar
a discussão sobre a influencia da mídia na vida das pessoas, muitas opiniões
compartilharam do pensamento da aluna Estéfani (13 anos):
A mídia influencia sim, influencia com produtos, porque a pessoa assiste a televisão, vê um produto e quer comprar, vê a pessoa falar algo para outra pessoa, acha legal e então fala e se comporta igual a pessoa, ao conversar com outros acaba fazendo o seu comportamento ficar igual a da pessoa da propaganda da televisão.
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Quando questionados sobre a influencia que a mídia exerce em relação
ao comportamento social, aos padrões de beleza e consumo, ficou evidente que a
maioria dos adolescente tem consciência destes apelos da mídia, mas que não
interferem no modo deles agirem ou consumirem produtos ou ideologias. Nesse
sentido, também observamos a presença do núcleo familiar tradicional que
determina esse comportamento do adolescente.
Quando questionada se a mídia influência na vidas das pessoas, a aluna
Alana (14 anos) comenta: "A televisão não influência muito, pelo menos que eu
perceba, sei que sempre há influência em roupas, produtos e muitas formas de falar,
muitas vezes ouço alguns bordões na telinha e insiro no meu dia-a-dia".
Ao abordar a questão sobre se a televisão educa ou deseduca, a maioria
dos alunos se manifestaram no sentido que deseduca, pois vai contra os valores
culturais nos quais eles estão inseridos.
A aluna Elizandra (14 anos) ao comentar sobre o questionamento acima
diz: "Depende do momento, as vezes ela educa passando assuntos interessantes,
mas ela também deseduca quando passa cenas de novelas, desenhos, etc.".
Com a utilização dos vídeos: Augusto Cury Ser Feliz: (reflexão sobre o
que é ser feliz). <http://www.youtube.com/watch?v=uXp71P7l3dQ&feature=related> e Tudo
Depende de Mim!!! <http://www.youtube.com/watch?v=nRZVxAWb8A4&feature=related>, foi
desenvolvido um trabalho onde deveriam elaborar um texto cujo tema foi: Quem sou
eu? Através desta atividade os alunos puderam escrever e refletir sobre suas
inquietações, sonhos, sentimentos e expectativas. Um comentário comum a esta
atividade pode ser expresso por uma aluna Néri (14 anos), quando disse: "é fácil
falar sobre aos outras pessoas, mas quando temos que falar de nós fica difícil,
nunca parei para pensar nisso".
A atividade Quem Sou Eu?, oportunizou o momento para uma parada
para refletir e analisar sobre o indivíduo, seus sonhos, angustias e expectativas,
além de fornecer um subsídio importante para identificar como é o adolescente da
comunidade rural de Coatis, Ipiranga, Pr. Um texto que me chamou atenção foi
narrado pela aluna Maria Fernanda (14 anos) que fala:
A nossa vida é um jogo em que só nós decidimos como jogar as cartas. Devemos ser nós mesmos e viver a realidade. Sou uma pessoa normal, mas diferente, afinal não somos iguais a ninguém. Faço coisas que todos
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fazem, mas do meu jeito. Digo o que todos podem dizer, mas da minha maneira. Não me deixo manipular pelos outros, pois tenho a minha opinião. Procuro me dar bem com todos, mas nunca conseguimos agradar todo mundo. Ajudo quem eu posso, pois sei que um dia vou precisar da ajuda do meu próximo. Dou o melhor de mim, mas nem sempre me esforço o bastante para conseguir o que quero. Sou simpática, mas talvez eu não mostre o que realmente eu sou com meus irmãos, sempre faço o que está ao meu alcance para ajudá-los, mas sempre espero um obrigado e quando não recebo me sinto desvalorizada. Faço as coisas e gosto de receber elogios, quando não os ganho, penso que não fiz bem o meu trabalho. Adoro quando dizem "parabéns" e gosto de mostrar a todos o motivo de tê-lo ganhado. Não tenho inimigos e faço sempre o melhor que posso, quando chega a noite, na hora de dormir agradeço pela família que eu tenho e pelas pessoas que estão ao meu lado. E sempre peço perdão a Deus pelos meus erros, pois não sei o que pode acontecer no dia de amanhã. Eu nunca me esqueço e nunca vou me esquecer dos meus verdadeiros amigos. Agradeço por eles e me arrependo quando faço o que os prejudica. Também agradeço por ter a possibilidade de estudar e por ter pessoas que se dedicam como podem para nos ensinar: os professores. Eu sou assim.
3º Encontro: Neste encontro foi trabalhando o texto Televisão e
Consumo. Este texto possibilitou o surgimento da televisão brasileira, seus objetivos
e interesses no inicio e a transformação dos objetivos durante sua evolução.
Podemos debater sobre a programação da TV aberta, a veiculação dos anúncios
publicitários, a relação audiência e patrocinadores.
Entrou em discussão, também, a questão da transmissão de futebol de
apenas algumas equipes e geralmente de maior torcida, a presença de anunciantes
nas camisas dos jogadores, uso de equipamentos e cuidados com a imagem dos
jogadores.
Foi analisado a presença de artistas e esportistas como promotores de
venda de produtos, estilos e ideologias. Ao abordar o tema consumo e consumismo,
foi realizada uma atividade para avaliar os bens de consumo adquiridos pelos
adolescentes inseridos no projeto. Para exemplificar a questão de consumo racional
dos recursos ambientais em contrapartida ao consumismo exacerbado, foi utilizado
o vídeo A história das coisas <http://www.youtube.com/watch?v=lgmTfPzLl4E&feature=related>
que aborda a utilização dos recursos naturais e uma necessidade de rever os
hábitos consumistas da população.
A maioria dos alunos relatou que gostaria de comprar alguns produtos
que a mídia oferece, mas tem a consciência das suas possibilidades econômicas e
optam por produtos que podem pagar. Nesta pesquisa ficou evidente que apesar
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dos apelos da mídia em consumir, os fatores socioeconômico determina os hábitos
de consumo.
Quando questionados como conseguem o dinheiro para comprar os
produtos que desejam, a resposta recorrente foi que trabalham para ter o dinheiro.
De modo geral, o perfil dos adolescentes participantes do projeto, é que
tem consciência das suas possibilidades econômicas e, portanto, se satisfazem com
aquilo que possuem ou podem adquirir.
4º Encontro: Foi disponibilizado para análise e debate o texto Vendendo
Ilusões que faz um breve relato dos públicos-alvo da televisão no decorrer da sua
historia.
Após assistirmos a exibição do vídeo MÍDIA E CRIANÇA -
<http://www.youtube.com/watch?vp8vTic7rrzY&NR=1>, iniciamos o debate sobre o fascínio
que a televisão exerce sobre a criança e adolescente que criam a falsa necessidade
de consumir bens materiais e simbologias.
Foi realizada uma atividade onde os alunos puderam identificar alguns
comportamentos consumistas e simbólicos presentes na mídia, como marcas e
produtos famosos, estilos e comportamentos da moda, músicas e artistas que estão
em evidência, padrão de família, beleza e emprego ideais, entre outros fatos que
surgiram no decorrer da realização da atividade. A aluna Bruna (14 anos), ao
comentar sobre a necessidade do mercado publicitário promover novas marcas e
produtos menciona: " A televisão tem a capacidade de mudar nossa forma de
pensar, cria ídolos, mas depois que não está fazendo tanto sucesso, a mídia deixa
ele de lado para lançar um novo ídolo". Portanto, essa necessidade que a televisão
tem de causar impactos que chamam atenção para novos produtos materiais ou
simbólicos, foi visualizado pela grande maioria dos alunos. O aluno Rafael (16 anos),
ao comentar sobre os esportes da televisão diz: "a TV mostra o Neymar ou o Messi,
ai muitos usam o cabelo do Neymar ou a camisa do Barcelona e pensam que vão
jogar igual a eles".
Para finalizar a atividade, foi dividida a turma em 5 grupos. Cada grupo
assistiu a um vídeo da série CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO (partes 1, 2, 3, 4, 5),
encontrado no youtube, que aborda o incentivo e desenvolvimento do consumismo
sobre a criança, por parte da industria da publicidade. Estes vídeos oportunizaram
aos alunos analisar a grande variedades de produtos destinados ao consumo, seja
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de bens materiais como brinquedos, aparelhos eletrônicos, equipamentos
esportivos, alimentos ou padrões de comportamento como a música, estilos e
comportamentos.
Foi elaborado um painel com expressões e figuras que a mídia aponta
quais os padrões devem ser incorporados pela população para "sermos felizes".
5º Encontro: Subsidiado pelo texto Mídia e Padrão de Beleza e pelos
vídeos, abordamos a formação de padrões dentro da sociedade. Dentre esses
padrões foi enfatizado o tema padrão de beleza e como a mídia se utiliza desses
corpos para promover o consumismo de produtos e serviços referentes a beleza.
Utilizando vídeo INDÚSTRIA CULTURAL <http://www.youtube.com/watch?v=-
ieQUF5q62g&feature=related>, podemos analisar e discutir sobre a utilização de fatos
culturais populares, que são transformados e reelaborados pela mídia para se
tornarem produtos comercialmente mais apreciados.
Ao trabalhar o referido texto, foi oportunizado o debate sobre a construção
ou reconstrução do corpo através dos exercícios físicos, cuidados com a
alimentação, os tratamentos estéticos e a banalização das cirurgias plásticas, ou
seja, discutimos os interesses da industria da beleza.
Com a utilização dos vídeos Os Padrões de Beleza Definidos Pela Mídia
Hoje <http://www.youtube.com/watch?v=GUPz6ZOV268>, para homens e mulheres, as
mudanças de padrões estéticos de Beleza através dos tempos
<http://www.youtube.com/watch?v=AE61l0TZH0M&feature=related>, e as manifestações de
Beleza/feiura <http://www.youtube.com/watch?v=w5DCyYZx5nw&feature=related>, nas
diferentes culturas, podemos analisar e refletir sobre o que é beleza e suas
implicações na vida dos jovens.
Ao comentar sobre a necessidade de ter a beleza ditada pela mídia a
aluna Estéfani (14 anos), diz: "Tudo de novo interfere em nossas vidas, tudo que
vemos queremos comprar para se sentirmos melhores e também para nos sentirmos
superiores aos outros e ao consumirmos acabamos mudando nosso comportamento
e adquirindo novos padrões de beleza". Este comentário explicita a intenção da
mídia que a fator de identificação da pessoa é sua aparência, é o "ter" para "ser", ou
seja consumir a moda.
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Com o vídeo Do Respeito à Velhice ao Culto da Juventude – Uma Viagem
pela História <http://epoca.globo.com/infograficos/519_culto_juventude.html>, podemos refletir
sobre a valorização da juventude nos dias atuais, onde o belo é ser jovem.
Também podemos analisar e discutir sobre o fato que na busca dessa
beleza da mídia quais são as angustias e sofrimento de quem não se enquadra
nesse padrão de beleza.
A presença de artistas e esportistas nas propagandas de produtos
relativos a aparência, a presença de corpos seminus nos programas da televisão,
atrações que da mídia que vendem a ideia de felicidade através de possuir um corpo
da moda, também foram aspectos discutidos, analisados e refletidos.
6º Encontro: Com a utilização do texto Padrão de Beleza e
Individualidade puderam observar que a globalização aproximou as culturas.Houve
uma aproximação nas questões de modismos, estilos musicais e em relação ao
padrão de beleza difundido pela industria da moda.
Utilizando vídeos de diferentes culturas (índios do Brasil, Mulheres
"girafas" da Tailândia, Maoris da Polinésia, "Pés de Lótus" da China e Tribos
africanas) foi possível confrontar esses padrões de beleza com os padrões do
mundo ocidental.
Foram disponibilizados aos alunos quatro vídeos que abordavam a
beleza, no primeiro vídeo visualizamos o Conceito de Beleza
<http://www.youtube.com/watch?v=V2oRlK_wI_s&feature=related> e todas as modificações da
beleza estética cobrada das mulheres, nos vídeos seguintes: Índios -
<http://www.youtube.com/watch?v=JHOm3SsOsy8>, Tailândia: Long Neck “Mulher girafa”
<http://www.youtube.com/watch?v=j1vSu7FutFM&feature=related> e História da tatuagem
<http://www.youtube.com/watch?v=fe9bzRUXwc8>,onde após assistirem cada vídeo deveria
fazer um relatório e comentar sobre algum fato referente a padrão de beleza nas
culturas visualizadas.
Foi abordado, ainda, que na busca de um padrão de beleza há uma perda
da individualidade quando o adolescente procura se enquadrar num estilo e passa a
pertencer a uma "tribo Urbana". Para trabalhar este tema foi elaborado um vídeo que
aborda a questão de "o ser diferente é ser igual", no sentido de pertencer a um
grupo e compartilhar dos seus interesses e ideologias o adolescente acaba
reproduzindo um comportamento.
17
Assim, realizamos uma pesquisa sobre as diferentes tribos urbanas, seus
estilos, ideologias, músicas e influencias. Dentre as modificações corporais
analisamos o uso das tatuagens e piercings, muito comum entre os jovens, suas
origens e significados simbólicos de várias figuras e locais de aplicação de piercings.
Com o desenvolvimento dessa atividade, percebeu-se que o sentido de
“pertencer” a uma cultura significa ter identidade frente ao outro, porém a imagem
que uma pessoa tem de si, é, em grande, parte formada a partir da maneira como
ela quer ser vista pelos outros com os quais convive, sobretudo com aqueles com
quem partilha um grau de igualdade, que permita refletir experiências históricas
comuns consolidadas com códigos e referências conforme a sua experiência
individual.
Ao realizar este trabalho, muitos alunos puderam se ver como participante
de uma tribo, onde destacaram grupos como as "patricinhas", os esportistas, os
sertanejos. No comentário dos alunos ficou claro que para ser aceito dentro de um
grupo o individuo deve se vestir, comportar e "curtir" o mesmo estilo de musica e
linguagem.
Para desenvolver este trabalha foi usado como subsídio alguns textos
(Livro Didático de Arte – Ensino Médio: SEED-PR, 2006. Pág. 54 a 58; e Tribos
Urbanas:< http://www.pucrs.br/mj/subsidios-grupo_jovens-03.php>.
7º Encontro: Neste encontro fizemos uma retrospectiva em relação aos
padrões de beleza da mídia e os padrões de beleza de algumas culturas e etnias.
Iniciamos este encontro assistindo ao vídeo que fala sobre o conceito de
O que é Beleza? <http://www.youtube.com/watch?v=_DnA30nRnxc&feature=related>. Isso
propiciou um debate do que é realmente belo e os significados de beleza. A aluna
Liliane (14 anos) exprime seu pensamento em relação a beleza, " meu corpo não é
igual as modelos, sou gordinha, mas mesmo assim me acho bonita, a beleza está na
pessoa que ela é e não na aparência".
Para complementar este assunto, foi feito um resgate dos padrões de
beleza nas diferentes épocas históricas com o texto Beleza através do tempo e para
complementar utilizamos os vídeos Padrões de Beleza Em Todos os Tempos
<http://shaidehalim.blogspot.com/2009/10/padroes-de-beleza-em-todos-os-tempos.html> e A moda
dos 20 aos 2000 <http://www.youtube.com/watch?v=9DlVNz35H6c&feature=related>.
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Com este trabalho visualizamos e analisamos a beleza desde a pré-
história, tribos africanas, índios brasileiros, Grécia antiga, Egípcios, povos da
Tailândia, Polinésia, China, Idade Média e a beleza pós revolução industrial quando
a mulher chega ao mercado de trabalho. O desenvolvimento da indústria do cinema
e da moda, com o surgimento das "musas" e referenciais de beleza e de corpo.
Com a utilização de vídeos, recortes de revistas, filmes antigos, figuras foi
oportunizado aos alunos visualizar os diferentes padrões de beleza, que
primeiramente estava relacionado aos homens, esses cuidados com o corpo e com
a aparência. Um ponto que chamou a atenção dos alunos, foi, que a partir do século
XX, com entrada da mulher no mercado do trabalho houve uma exclusividade na
cobrança da aparência feminina, enquanto os homens não havia essa cobrança tão
intensa em relação a aparência.
Outra observação que os alunos apontaram foram as mudanças corporais
que a mulher sofreu neste período, ou seja, em cada época a forma do corpo, cor e
corte de cabelo, maquiagem, roupa, acompanhava a moda, até chegar nos dias
atuais, onde o corpo da mulher se tornou masculinizado pelo excesso de
"malhação".
Ao referir-se sobre o corpo da mídia e o padrão de beleza presente nos
programas de televisão a aluna Miriane (14 anos) comenta, "Todos são sarados e
têm muitos músculos, com um corpo ideal, aparecem seminus e mostram as partes
que chamam mais atenção para maior audiência".
8º Encontro: Com esse encontro, encerramos o tema mídia e corpo onde
discutimos, analisamos e refletimos sobre as praticas corporais transformadas em
espetáculo, consumo e padronizações de belezas e estilos.
O tema deste encontro foi uma análise sobre o texto Corpo Real ou corpo
Ideal?, onde foi possibilitado o debate sobre os problemas causados aos
adolescentes que buscam atingir o padrão de vida e beleza que a mídia lhes vende.
A televisão nos passa a ideia que a aparência estética, a moda e o estilo
é o que mais importa, mas esquece, muitas vezes, de mostrar o sofrimento que
muitos adolescentes passam para se enquadrar neste perfil, a dificuldade da
autoaceitação e autoestima que se instala nesses adolescentes e que levam a
distúrbios psicológicos como a anorexia, bulimia e vigorexia.
19
Para subsidiar a discussão foram utilizados os vídeos Padrão de Beleza
<http://www.youtube.com/watch?v=LgsYqwVDVuE&feature=fvwrel>, que aborda a bulimia e
anorexia e o vídeo que aborda a compulsão na obtenção de músculos Vigorexia
<http://www.youtube.com/watch?v=ls16X1Hk6qY&feature=related>.
Com este tema os alunos puderam expressar como se sentem em função
da discriminação em relação a aparência física, a roupa que vestem, a forma como
falam, ao local onde moram, as suas condições de trabalho e poder aquisitivo de
consumo.
Ao trabalhar com o tema discriminação a aluna Tais Renata (16 anos)
relata nos seus comentários: "Na novela Fina Estampa tem um filho que tem
vergonha da sua mãe pois ela é pobre e batalhadora e não tem vaidade, ele é quase
formado médico e tem vergonha dela e até contratou uma mulher para se passar por
sua mãe num jantar de noivado".
Embora a grande maioria expressou que o mais importante é o que a
pessoa é, o seu caráter, muitos afirmaram que a pessoa só é aceita se sua
aparência, estilo de vestir, tipo de cabelo e corpo estiver na moda.
Foi possível, também, analisar as capas de revistas, onde com a ajuda de
programas de computação gráfica os corpos podem ser moldados para que se
apresentem belos, para isso utilizamos o vídeo Corpo real?
<http://www.youtube.com/watch?v=N3U2u1IC78U&feature=related>, vídeo que mostra o
tratamento estético que a imagem recebe até chegar num anúncio publicitário e
revistas para visualizar estes artifícios da industria da beleza.
9º Encontro: A partir deste encontro iniciamos a abordagem de um novo
tema que esta presente na Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, cujo título
foi Cultura. Com esta atividade os alunos puderam entender o significado de cultura,
a origem e o significado primitivo deste termo, seus significados e transformações
pelas sociedades no sentido de diferenciar suas manifestações em função das
classes sociais.
Iniciamos com a leitura do texto Cultura, presente no Caderno Temático
onde os alunos tiveram um primeiro contato com o novo tema e seus conceitos mais
gerais. Para fornecer mais subsídios à discussão assistimos ao vídeo O QUE É
CULTURA? <http://www.youtube.com/watch?v=YvYCFE_ELUI&feature=related>, onde os
20
alunos fizeram uma conclusão das informações ali apresentadas e puderam
comentar sobre o que entenderam das informações ali apresentadas.
Através da leitura e reflexões, os alunos puderam entender algumas das
diferenciações dos termos cultura erudita, cultura popular, cultura de massa e
industria cultural.
Na abordagem do assunto cultura erudita, foi observado o conhecimento
acadêmico, a teatro, a ópera, o balé, a música clássica, pinturas e esculturas. Muitos
alunos opinaram que não gostavam dessas manifestações artísticas e culturais,
porem, foram realizadas leituras e pesquisa desses temas para que houvesse uma
aproximação e entendimento sobre estes assuntos.
Para complementar o entendimento sobre estas formas de expressão foi
utilizado trechos de óperas O Fantasma da Ópera (Phantom of the Opera) legendado
<http://www.youtube.com/watch?v=bFBR1iZD_iQ&feature=player_detailpage#t=90s>, balé Lago
dos Cisnes <http://www.youtube.com/watch?v=4UGgiF6Ki4c&feature=player_detailpage> e
trechos de música clássica como RACHMANINOFF-RHAPSODY
<http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=RgtEUr_n9vM> e Noturno
(Chopin) <http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=wvJHTQNB3vw>, onde
os alunos puderam observar e analisar estes temas.
Na fala dos alunos, afirmaram que "a gente só gosta daquilo que
conhecemos". Utilizando-se dessa observação foi comentado sobre o conhecimento
acadêmico e a função social da escola.
Quando trabalhamos com a cultura popular, abordamos as manifestações
regionais, as tradições, as manifestações artísticas e folclóricas, as formas de
expressão cultural que nasceram como criação espontânea de uma comunidade.
Para melhor entendimento sobre as manifestações da cultura popular, os alunos
realizaram uma pesquisa para identificar qual é a cultura popular da comunidade em
que vivem, quais suas histórias e características do local em que moram, o que da
sentimento de pertencionismo à comunidade.
Foi elaborado um questionário onde os alunos coletaram algumas
informações sobre suas comunidades, dente estas questões estavam a forma de se
vestir, falar, festas tradicionais, jogos, brincadeiras, formas de lazer, estrutura
familiar, trabalho, pratica de esportes e outras atividades físicas, presença de
artesanatos e artistas locais, a origem da formação da comunidade, histórias e
lendas da comunidade, a religiosidade, culinária típica e costumes locais.
21
Foi um trabalho muito proveitoso no sentido de conhecer fatos novos
sobre a maneira de ser de cada comunidade e, com isso, valorizar a cultura local.
Ao abordar o assunto cultura de massa e industria cultural, fizemos
analise sobre as manifestações populares transformadas em espetáculos com a
finalidade mercantilista. Foi abordado questões como as festas juninas no nordeste
do país, o boi bumbá de Parintins, o carnaval das escolas de samba. a criação de
ídolos por parte da mídia, espetáculos esportivos como copa do mundo e
olimpíadas.
Para propiciar o entendimento e fornecer subsídios ao debate sobre o
tema cultura de massa e indústria cultura e suas manifestações foram utilizados
vídeo: que mostram a espetacularização de eventos populares como o Clip Vamos
Brincar de Boi <http://www.youtube.com/watch?v=YlJktQEC8E&feature=player_detailpage#t=30s>
e Futebol <http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=Wa9KItbG4jo#t=45s>.
Uma conclusão que os alunos chegaram ao realizar o trabalho, com o
tema cultura, foi que muitas das tradições que as pessoas mais antigas da
comunidade cultivavam, foi aos poucos sendo desvalorizadas e esquecidas. Assim,
perdeu-se o sentimento de pertencionismo e identificação com a comunidade em
que vivem.
10º Encontro: O tema desse encontro foi Cultura Corporal e Educação
Física. Inicialmente foi apresentado um breve comentário sobre a educação física,
sua inclusão nas escolas e as modificações pedagógicas pelas quais sofreu para
enquadrar-se como disciplina educativa enquanto conteúdo pedagógico no currículo
escolar.
Foi passado a definição de cultura corporal e como a educação física
escolar atua frente estas manifestações corporais representadas pelas danças,
lutas, jogos e brincadeiras, ginástica e esportes. Utilizando-se do vídeo Cultura
Corporal e Corporeidade, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=EqOMIJOdNPw,
os alunos puderam complementar algumas informações já repassadas e emitir
opiniões e questionamentos sobre o assunto tratado.
Para que houvesse maior aprofundamento e entendimento das
manifestações sobre os objetos da cultura corporal que a educação física se utiliza,
foi proposta a divisão do grupo em 5 equipes que deveriam pesquisar e apresentar
em forma de cartazes, exposição oral, ou atividade praticas o assunto escolhido.
22
Para subsidiar na pesquisa sobre os temas, foi disponibilizado textos de
apoio retirado das Diretrizes Curriculares da Educação Básica para o Estado do
Paraná - Caderno Educação Física.
Com esta atividade os alunos puderam se aprofundar nos temas dança,
lutas, jogos e brincadeiras, esportes, ginástica e identificar a diversidade de
atividades que podem ser exploradas e que na escola não são trabalhadas.
Isso fica evidente na fala do aluno Fabiano (14 anos), "eu pensava que
educação física era só jogar futebol e vôlei, e que isso de dança era coisa da cabeça
da professora".
11º Encontro: Neste encontro analisamos o tema Consumo do Corpo na
Mídia, onde foi abordado a importância da utilização de corpos "bonitos" ou famosos
como produto de consumo e promoção de marcas e produtos. E como a mídia elege
seus "heróis" e vendem sua imagem ao restante da população.
Nesse sentido foi pedido aos alunos que relacionassem ídolos da
atualidade, em vários esportes e atividades artísticas, e a quais marcas e produtos
suas imagens estavam relacionadas.
Para desenvolver este trabalho utilizamos os vídeos Seleção Brasileira
<http://www.youtube.com/user/nikefutebol?v=KMTaCkugr5U&feature=pyv&ad=9253506553&kw=fute
bol#p/u/4/tNKfHHxqdWE>, Antes e Depois de Ronaldo
<http://www.youtube.com/user/nikefutebol?v=KMTaCkugr5U&feature=pyv&ad=9253506553&kw=fute
bol#p/u/5/dGpEbQ7dvOE>, A Gloria é Nossa
<http://www.youtube.com/user/nikefutebol?v=KMTaCkugr5U&feature=pyv&ad=9253506553&kw=fute
bol#p/u/8/HM9K4e5wqGA> e Escreva seu Futuro
<http://www.youtube.com/user/nikefutebol?v=KMTaCkugr5U&feature=pyv&ad=9253506553&kw=fute
bol#p/u/28/g1Th1PnF7Ks>.
Assim os alunos puderam observar que muito dos produtos que
consomem esta relacionado a imagem que este ídolo transmite, e muitas vezes, não
esta relacionada a utilidade que este produto oferece.
Utilizando-se futebol, foi analisado a variedade das cores de chuteiras,
cortes de cabelo, os salários dos jogadores do jogadores famosos e não famosos,
as comemorações nos gols, o show de imagens nas transmissões esportivas, tudo
isso teve como embasamento para a discussão os vídeos Corte moicano vira mania
23
no futebol do mundo inteiro <http://www.youtube.com/watch?v=LqmFwXb7BzY> e BEBIDA E
FUTEBOL <http://www.youtube.com/watch?v=Vx-aGg306us&feature=related>.
Assim, foi analisado a vinculação entre esporte e bebida (cerveja e
refrigerante), ou seja, a ideia que após o futebol o hábito de consumir esses
produtos é fundamental.
Como fica comprovado no comentário do aluno Emerson (18 anos): "nos
torneios de futebol sempre a premiação é cerveja e costela, não tem nada a ver com
o esporte".
No caso dos anúncios publicitários foi analisado a grande variedade de
produtos cosméticos destinados em sua grande maioria ao público feminino, a
necessidade de ter uma roupa para cada ocasião, a variedade de modelos de
calçados, o incentivo ao consumismo. Ao abordar este assunto o pensamento
recorrente foi que a mídia exerce grande fascínio para consumir estes produtos
como esta expresso no comentário da aluna Alana (14 anos), "Na roupa, geralmente
a gente vê uma artista usando uma determinada roupa e quer uma igual".
Outro ponto analisado foi os anúncios de produtos e equipamentos que
prometem construir o corpo dos "sonhos", corpos magros e bem torneados. Esses
produtos realmente cumprem aquilo que prometem?. Esse questionamento e
opiniões formuladas a partir desta dúvida geram muitos comentários como da aluna
Monalisa (14 anos), "Nas propagandas os corpos são mostrados magros, esculturais
e musculosos. Na minha opinião, acho que nem sempre tudo o que passa na
televisão tem o resultado que diz ter, mas pode ser que alguns deles funcionem de
verdade".
Fizemos também a análise sobre as publicações relacionadas a saúde e
estética, para isso utilizamos capas de revistas e qual era a manchete mais
destacada nessas publicações. A maioria das capas eram mulheres jovens, com
pouca roupa (biquíni) e cuja manchete em destaque manifestava a necessidade de
perder peso, "Perca 8 kg em uma semana" , "Corpo sarado em 15 dias", "Dieta das
estrelas", entre outras. Ou seja, a imagem da beleza tem seu apelo maior em
relação a mulher, e passa a ideia que a beleza está em ser jovem e magra.
O tema dieta foi aquele que mais chamou a atenção entre as mulheres,
todas tinham suas dicas de qual dieta seria a melhor, como é o comentário da aluna
Karina (16 anos), "já fiz a dieta da sopa, não funcionou, engordei tudo de novo".
24
12º Encontro: A partir desse encontro, abordamos o tema Adolescência.
Nestes quatro últimos encontros foram trabalhados os textos Adolescência, A
adolescência em cada geração, Adolescer e Adolescente e Lazer.
Trabalhando o texto Adolescência observado que a adolescência é um
tema recente das sociedades. No passado, passava-se da fase infantil diretamente
para os afazeres da vida adulta.
Entendemos que em algumas culturas ainda existem os ritos de
passagem que marcam a perda da condição anterior (criança) e a aquisição de nova
condição (adulto).
Analisamos o conceito de adolescência segundo a Organização Mundial
da Saúde e ao Estatuto da Criança e Adolescente.
Podemos debater sobre as modificações corporais e psicológicas durante
essa fase e as necessidades emocionais dos adolescentes. Foi realizado um
trabalho onde cada grupo deveria responder a questão: O que é ser adolescente?
De posse das respostas foi feito um mural com todas as respostas e os
alunos puderam comentar sobre suas respostas. Foi realizado outro trabalho em
duplas, onde foi elaborado em questionário com perguntas sobre os gostos,
sentimentos, hábitos, trabalho entre outras questões. Esse trabalho teve a finalidade
de oportunizar conhecer um pouco mais seu colega de turma e troca de
informações, também serviu para conhecer o ser humano e não apenas a imagem
corporal que transmite.
Como incentivo ao debate do tema foi utilizado o vídeo Comportamento
na Adolescência! <http://www.youtube.com/watch?v=MGw5UMj3tUQ&feature=fvsr>.
13º Encontro: Com o texto A Adolescência em Cada Geração foi
possibilitada confrontação das maneiras de ser, pensar regras e hábitos dos
adolescentes em diferentes épocas.
Após a leitura do texto foi elaborado um questionário para ser pesquisado
com os pais e avós, como era a adolescência na sua época e confrontar as
respostas com a adolescência de hoje.
As questões buscavam identificar como era a moda, a roupa,
relacionamento com os pais e irmãos, hábitos de consumo, relação professor/aluno,
gírias da época, musica do momento, namoro, jogos e brincadeiras, lazer, hábitos
alimentares, danças, direitos e deveres, horários de chegar em casa.
25
Com esta pesquisa observaram que muitos dos costumes dos seus pais
ainda permanecem na atualidade, porém, as opções de produtos e acesso a
determinados produtos e estilos está mais diversificado. Foi questionado, também,
dos comportamentos dos seus pais ou avós, quais mais gostou e que gostaria de
colocar em pratica atualmente.
Foi finalizada a atividade com a confecção de um mural que mostrava o
comportamento adolescente das gerações passadas e o comportamento do jovem
hoje.
14º Encontro: Ao explorar o texto Adolescer foi oportunizado o debate
sobre as modificações corporais e visões do mundo que os adolescentes
apresentam.
Foi discutido sobre a puberdade, o que é e quais suas manifestações
hormonais. Para facilitar o entendimento foi realizada uma atividade onde os alunos
deveriam pesquisar e escrever quais eram as principais modificações causadas pelo
ação dos hormônios sexuais.
Ao analisar o crescimento biológico foi possibilitado mensurar seu peso e
altura e a diferença no desenvolvimento físico em alunos de mesma faixa etária, e
comentado sobre a maturação biológica.
Também foi possibilitado o debate sobre os conflitos comportamentais
comuns aos adolescentes, seus medos, angustias, sonhos, objetivos e
relacionamento interpessoal com amigos e familiares. Foi utilizado o vídeo Os
valores estão invertidos <http://www.youtube.com/watch?v=8NBkDYFzElI&feature=related>,
que aborda a questão de valores sociais e relações humanas.
Posteriormente assistimos aos vídeos que abordam as relações sociais, o
respeito e a convivência em grupo, e por ser a escola um ponto de encontro com a
diversidade social os vídeos vieram a complementar o texto do Caderno Temático.
Os filmes, O que são valores <http://www.youtube.com/watch?v=RULQA5Wv8nE> e Valores
humanos <http://www.youtube.com/watch?v=yY-2HAyOH2w&feature=related>, subsidiaram os
comentários e posteriormente foi elaborado um mural com frases que identificavam
seus sentimentos em relação ao significado do que é ser adolescente.
Com esta atividade os alunos puderam falar de si e observaram que
possuem muita coisa em comum com seus colegas de escola.
26
15º Encontro: Ao trabalhar com o texto Adolescente e Lazer foi
compartilhado algumas definições de lazer, suas funções sociais e benefícios para a
saúde do indivíduo. Em trabalho anteriormente realizado, foi dividido grupo em 4
equipes de alunos que deveriam desenvolver uma atividade recreativa, explicando
aos demais aos demais como seria a atividade, quais os objetivos, materiais
necessários, regras básicas e como funcionava a atividade. Após as explicações os
demais grupos deveriam participar da atividade proposta por cada uma das equipes.
Alguns alunos, principalmente do sexo masculinos expressaram opinião
de oposição a importância de realizar atividades relacionadas a jogos e brincadeiras,
como podemos exemplificar aqui pelo comentário do aluno Diego (16 anos),
"Professor, brincar é coisa de criança", este comentário foi utilizado como material
de discussão na turma, após muito debate ficou evidenciado que o lazer é
importante na vida das pessoas como fica claro no comentário da aluna da aluna
Maria Fernanda (14 anos), "Todos gostam de se divertir, talvez não com
brincadeiras infantis, mas existem outras formas. Eu vou pescar com meu pai e isso
é uma diversão".
Com antecedência, foi pedido para que os alunos trouxessem atividades
de lazer praticadas por seus pais ou avós para fazermos um resgate dessas
atividades que realizavam quando eras adolescentes.
Este trabalho oportunizou aos alunos participar de atividades culturais que
ficaram esquecidas no decorrer do tempo. Dentre as atividades trazidas estavam:
"pular elástico", "bete" , amarelinha, "pular corda", bolinha de gude, "5 marias".
Foi uma atividade muito contagiante, onde todos se divertiram e
comentaram o fato que brincadeiras simples promovem relaxamento e bem estar,
além de promover o entrosamento com os colegas de escola. A conclusão que ficou
desta atividade foi que lazer não é coisa somente de criança, mas de adulto
também, não existem só jogos, existem outras formas de lazer que podem fazer
parte da rotina de vida dos indivíduos.
3 Mídia e cultura corporal do Adolescente
Nas ultimas décadas, os avanços tecnológicos dos meios de
comunicação, foram enormes, sobretudo quando observamos o desenvolvimento
27
das mídias como a internet, televisão, publicidade, entre outras.
As distâncias foram encurtadas, as fronteiras foram estreitadas e de certa
maneira, houve uma aproximação de diferentes culturas que passaram a incorporar-
se e transformar de maneira globalizada.
O tema mídia é bastante abrangente, diversificado e complexo para ser
analisado como um todo, para tanto, o presente trabalho procurou se ater sobre a
mídia televisão, e como suas mensagens ideológicas e simbólicas podem interferir
na maneira que o adolescente da zona rural se relaciona com o mudo a sua volta e
com as informações podem modificar a sua cultura local.
Identificar e entender a cultura da sociedade na qual vive é de grande
importância na formação do sentimento de pertencionismo e inclusão social dentro
da comunidade em que estabelece suas relações sociais.
Não é questão de querer manter as tradições locais imutáveis, a
modernidade exige novas adaptações e releituras sobre as relações sociais, pois a
cultura não é estática, ela é uma construção histórica das sociedades. Como afirma
THOMPSON (1997), "se quisermos entender a natureza da modernidade, as
características institucionais das sociedades modernas e as condições de vida
criadas por elas, devemos dar lugar central aos meios de comunicação e seus
impactos".
Dentro do contexto de modernidade, nos deparamos com a televisão e
toda sua programação que adentra, muitas vezes nossa, sem ser questionada ou a
menos debatida. Este importante meio de comunicação, informação e, talvez,
formação, esta presente na maioria dos lares e ocupa , por vezes, o principal espaço
de convívio das famílias.
A televisão e a maneira como é produzida sua programação, fornece uma
instantaneidade das informações, imagens e sons, que impossibilitam uma leitura
mais atenta dos seus conteúdos, a imagem e sons , são praticamente
autoexplicativas, as culturas diversas são trazidas como algo natural e que pode ser
incluídas na vida do espectador.
Da mesma maneira que as informações são recebidas com rapidez, em
grande quantidade e com pouco aprofundamento dos seus conteúdos explicativos, o
poder de análise critica e reflexão por parte dos espectadores é comprometida e
promove as mais diversas interpretações e leituras.
Pois como cita MARCONDES FILHO (1986) apud BETTI (1998):
28
A televisão apresenta uma realidade já pronta, que não atinge a criatividade do receptor, acarretando a perda do direito de escolha e da livre concentração, e estabelece com o espectador uma relação por interesses mercadológicos e não estéticos como no cinema e teatro, nos quais o espectador ainda exerce alguma função crítica.
Esta ação irrefletida de telespectadores receptivos e ,muitas vezes,
alienados, leva a reprodução de modelos e padrões de pensamentos eleitos pela
mídia, como modelos a ser seguidos. A linguagem midiática é atraentes e sedutora,
onde muitos adultos mas principalmente adolescente se deixam levar por seus
encantos e acabam reproduzindo de maneira inconsciente, o cabelos "moicano" da
moda, a linguagem da moda, o comportamento da moda, o vestuário da moda, o
corpo da moda, entre outros modismos, independente do contexto social em que
este indivíduo está inserido.
Dentre os componentes da Educação Física e que a mídia se utiliza
eficientemente para explora-lo comercialmente, temos o esporte, iconizados pelos
seus "craques", sua fama, seu estilo, as marcas que anunciam, o estilo de vida, e
todas as simbologias que impregnam o imaginário do adolescente.
BETTI (1998), ao discorrer sobre a utilização do esporte na mídia,
comenta que:
A televisão, além de estimular o consumo de produtos esportivos (vestuário, equipamentos, etc.), utilizando o esporte enquanto conteúdo, ou associado-o a outros produtos por meio de anúncios publicitários, tornou o próprio telespetáculo esportivo um produto de consumo comparável às telenovelas e programas de auditório.
Esta habilidade que a televisão tem em transformar manifestações
populares em grandiosos espetáculos podem ser observados nas transmissões de
jogos e aberturas da copa do mundo de futebol, no carnaval carioca, na festa do boi-
bumbá de Parintins ou nos festejos juninos de Caruaru, para citar alguns.
Ao produzir a "cultura de massa", citada por ADORNO e HORKHEIMER
(1986):
29
a televisão impede a formação de indivíduos capazes de julgar e decidir conscientemente. a industria cultural confunde a realidade e imagem e contribui para a perversão da formação ao dispensar a mediação conceitual, mesmo o da fala, que se torna simples acessório das imagens.
Ao analisarmos mais atentamente a televisão, podemos notar que a
construção da realidade social, mediada por este aparato midiático, implica na
criação, reprodução e difusão de atitudes e modos de agir, de costumes e
instituições, valores espirituais e materiais que constituem um complexo mercado de
bens simbólicos e culturais.
Segundo o censo do IBGE (2010), a televisão esta presente em 97% dos
lares brasileiros, constituindo-se o principal meio de acesso a informação e lazer que
muitas famílias dispõem, e diante da televisão, muitas vezes assumimos um
comportamento como se estivéssemos continuamente contemplando
acontecimentos que passam diante de nós e em relação a eles não escolhemos o
ponto de vista em que nos situamos e não há espaço para o questionamento e
reflexão.
Como comenta GUSDORF (1992):
Um texto deve ser decifrado letra a letra, enquanto o sentido da imagem é dado pela própria imagem, as defesas intelectuais são assim contornadas, é muito mais difícil defender-se da invasão da imagem do que das proposições do texto.
Portanto, a televisão pode e deve ser discutida na escola para que haja a
ampliação do entendimento sobre as implicações que as mensagens e conteúdos
podem infringir na sociedade que assume como verdades absolutas os produtos que
a televisão produz e divulga.
Assim, a escola e a educação física, que incorporou ao seu estudo o tema
cultura corporal, que segundo a SEED (2008), "é objeto de estudo da educação
física escolar", através de uma metodologia especialmente desenvolvida poderá
desempenhar a tarefa de formar telespectadores críticos, analíticos e conscientes do
que contemplam, possibilitando uma leitura mais claro do texto televisivo.
30
Ao abordar o tema televisão e confrontá-la com a cultura corporal da
escola, é aberto um campo muito amplo de discussão. A começar pelo entendimento
do termo cultura, como afirma NEIRA e NUNES (2008), "o termo cultura é
extremamente complexo e polissêmico na sua interpretação e conceituação".
Assim, a cultura pode ser entendida e abordada de múltiplas maneiras,
segundo as linhas de pensamentos de seus pesquisadores e abordagens
antropológicas ou sociológicas que exploram.
Ao buscar conceituar o termo cultura, GEERTZ (1989), cita:
O conceito de cultura que eu defendo é essencialmente semiótico. Acreditando, como Max Weber, que o homem é um animal amarrado à teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo estas teias e sua análise, portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como ciência interpretativa em busca de significado.
THOMPSON (1997), ao abordar a concepção estrutural da cultura, a
define como "o estudo da constituição significativa e da contextualização social das
formas simbólicas".
Nos PCNs (BRASIL, 1998), o conceito de cultura é entendido,
simultaneamente, como "produto da sociedade e como processo dinâmico que vai
constituindo e transformando a coletividade à qual os indivíduos pertencem,
antecedendo-os e transcendendo-os".
Nas DCEs (PARANÁ, 2008), ao utilizar o termo cultura corporal, direciona
a abordagem dos conteúdos estruturantes da educação física escolar de maneira a
romper com a maneira tradicional de tratar os seus conteúdos, buscando integrar e
interligar as praticas corporais de forma mais contextualizada.
Na busca de romper com estas formas tradicionais de abordagem da
educação física escolar, pesquisadores como BETTI (2001), DAOLIO (2004) e
NEIRA e NUNES (2006), só pra citar alguns, ao analisar a cultura corporal, embora
perspectivas filosóficas distintas, buscam conceituar o termo cultura corporal numa
abordagem sociológica.
BETTI (2001), ao utilizar o termo cultura corporal do movimento refere-se
a "aquela parcela da cultura geral que abrange as formas culturais, que se vêm
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historicamente construindo, nos planos material e simbólico, mediante o exercício da
motricidade humana".
DAOLIO (2004), ao abordar o tema cultura nos diz que:
a cultura é o principal conceito da educação física, na perspectiva que o movimento humano é o nosso estudo, mas o caráter social e cultural que a educação física deve exercer em seus alunos não pode ser deixada de lado, devemos assumir a responsabilidade que nos foi dada, transmitindo e ensinando conhecimentos que transformem a realidade social.
Portanto, ao adotar como ponto de partida a abordagem do conceito
cultura corporal sob a ótica dos estudo culturais e o multiculturalismo, NEIRA e
NUNES (2006), ao abordar a cultura corporal, defendem que "a principal função da
educação física escolar é analisar a diversidade das práticas corporais da
sociedade, para refletir e entender as manifestações culturais que envolvem o
movimento".
Partindo do pressuposto de NEIRA e NUNES (2006), que ao questionar,
"como a cultura, que na era da globalização da mídia e da proliferação das imagens,
circula e penetra em todos os campos com incrível velocidade, forma e informa seus
sujeitos?", é que o presente projeto de intervenção pedagógica foi elaborado para
analisar a influencia da mídia na formação da cultura corporal do adolescente da
zona rural.
4 Conclusão
Ao longo do desenvolvimento do processo de implementação do projeto
de intervenção pedagógico na escola, surgiram confrontos de ideias em torno da
questão se a mídia realmente exerce alguma influencia sobre os saberes dos
adolescentes.
O comentário recorrente entre os alunos era que somos livres para
escolher o que queremos consumir, a forma que pensamos e entendemos o mundo,
a aquisição de valores sociais e a identidade cultural que possuímos, porém, a mídia
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interfere de certa forma nestas escolhas, pois a cultura não é estática, ela é mutável
por ser uma construção humana.
Com o início da leitura dos textos e os debates originados por essas
leituras, começaram a surgir dúvidas em relação a força que a mídia exerce na
formação de opiniões e maneiras de entender o mundo que nos rodeia.
Essas dúvidas demandaram análise e reflexões mais aprofundadas e o
desenvolvimento de um olhar mais crítico frente aos apelos que a mídia transmite.
Foi evidenciado que deveria haver uma mudança de postura e atitude dos
telespectadores, sair da situação de espectador passivo e receptivo de conteúdos e
apelos ideológicos, e assumir um novo status de telespectador crítico, reflexivo e
autônomo em relação aos conteúdos midiáticos.
Através dessa conscientização e visão mais ampla sobre a programação,
suas mensagens televisivas, tomar como ponto de partida a contemplação dessas
informações midiáticas para, a partir destas, gerar um processo de compreensão
critica da realidade em que vivem.
E educação física ao trazer o debate sobre temas como a mídia, cultura
corporal e adolescência presta um relevante trabalho na formação do aluno cidadão,
como afirma BETTI (1998):
O telespectador não é um “hermeneuta”, mas é possível sê-lo, o que
aumenta a responsabilidade da Educação e da Educação Física como
elementos dinâmicos da cultura. Contribuir para a formação de um
espectador crítico, inteligente e sensível, é mais uma tarefa que se impõe à
Educação Física e a seus profissionais. (BETTI, 1998)
Ao abordarmos assuntos relacionados a mídia e sua programação,
cultura corporal, padrões de beleza, consumo e consumismo, supervalorização dos
modismos e da estética, preconceito e exclusão social, valorização ou
desvalorização da cultura local e a necessidade de dialogar sobre questões
relacionadas a adolescência, houve uma boa aceitação e participação dos alunos
nos debates.
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O presente trabalho ao abordar o temas mídia, cultura e adolescência,
buscou um entrelaçamento de informações com a educação física, cujo foco de
ação sãos as manifestações corporais.
Quando abordamos os temas mídia, consumo, padrões de beleza, foi
observado que as mensagens da mídia possuem um forte apelo consumista de
produtos e símbolos, porém ficou demonstrado, na fala dos alunos, que esses
apelos são sedutores, mas que exercem pouca influência na vida deles. Esta baixa
influência da mídia sobre esses jovens, ao meu ver, se deve a alguns fatores
peculiares a esta população participante do projeto, como a dificuldade de acesso
aos produtos da mídia, cultura familiar tradicional, forma de trabalho familiar de
subsistência, amadurecimento prematuro dos jovens e muitas vezes falta de
perspectivas melhores de vida.
Na abordagem do tema cultura e suas manifestações foi observada uma
certa resistência em aceitar a diversidade cultural e suas manifestações, tudo que
foge do padrão local é olhado com certo preconceito e resistência. O termo cultura é
interpretado e pouco valorizado por esse jovens e não tem grande importância na
vida deles. Ficou evidente na fala de muitos que estudar, adquirir cultura não tem
grande importância, o mais importante é trabalhar. Esse pensamente que o
conhecimento não é importante esta fortemente impregnada no pensamento da
comunidade local.
Esta abordagem sobre cultura possibilitou a visualização de novas formas
de manifestações culturais, além das manifestações da cultura midiática, tiveram
oportunidade de conhecer um pouco do teatro, balé, ópera, música clássica, artes
plásticas, formas de expressão cultural, praticamente, desconhecida pela maioria
dos alunos participantes do projeto. Talvez, esse desconhecimento sobre a
importância de valorizar as múltiplas formas de expressão cultural seja o fator que
levou a desvalorização e esquecimento da cultura local das comunidades em que
vivem. Assim, pode-se concluir que um povo que não conhece e valoriza sua
história, sua cultura, é ou povo sem identidade.
Finalizando o trabalho com o tema adolescência, foi dada a oportunidade
dos alunos expressarem seus pensamento em relação a esta fase da vida, falassem
dos seus sonhos, angústias, objetivos, formas de sentir e ver o mundo.
Um fato que me chamou atenção e causou certa preocupação, foi a falta
de perspectivas de vida melhores, um comodismo e resignação frente a vida por
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parte dos alunos. Justamente numa fase em que fazemos muitos planos, temos
sonhos e vontade de buscar o novo, de novas descobertas, grande parcela dos
alunos participantes do projeto simplesmente não compartilham desses
pensamentos, ou melhor, sonham em reproduzir somente a vida que seus pais tem,
a mesma rotina de trabalho.
Considero que este trabalho contribuiu para desenvolver nos alunos uma
visão diferente sobre os temas propostos, causou inquietações e dúvidas que
podem levá-los a questionar muitas questões em relação a como enxergam,
interagem e modificam o contexto social em que estão inseridos. A metodologia
empregada ajudou a identificar pontos importantes da manifestação cultural local e
evidenciou que, apesar dos fortes apelos da mídia, os adolescentes participantes do
projeto sofrem baixos impactos da influencia da mídia.
Referências
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. 2ª ed. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1986.
BETTI, M. A Janela de Vidro: Esporte, Televisão e Educação Física. Editora Papirus, Março, 1998.
BETTI, M. Educação física e sociologia: novas e velhas questões no contexto brasileiro. In:CARVALHO, Y. M. de; RUBIO, K. (Org.). Educação física e ciências humanas. São Paulo: Hucitec, 2001.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : Educação Física /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC /SEF, 1998.
DAOLIO, J. Educação física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
GEERTZ,C. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
IBGE. Censo Demográfico/2010. Acessado em 18/06/2012. Disponível em < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm>
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NEIRA, M. G. e NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte Editora, 2006.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica - Caderno de Educação Física. SEED/PR. 2008.
THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.