A Influência da Nutrição na Resposta Inflamatória e no ... · influenciado por factores...

54
1 A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO NA RESPOSTA INFLAMATÓRIA E NO ENVELHECIMENTO Autor Elsa Carina da Silva Matos Faria Orientação Professora Doutora Anabela Mota Pinto, Professora Associada com Agregação de Fisiopatologia Doutor Carlos Rabaça, Assistente de Fisiopatologia Instituto de Patologia Geral Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra hgdsdr

Transcript of A Influência da Nutrição na Resposta Inflamatória e no ... · influenciado por factores...

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

1

A INFLUEcircNCIA DA NUTRICcedilAtildeO NA RESPOSTA INFLAMATOacuteRIA

E NO ENVELHECIMENTO

Autor

Elsa Carina da Silva Matos Faria

Orientaccedilatildeo

Professora Doutora Anabela Mota Pinto Professora Associada com Agregaccedilatildeo de

Fisiopatologia

Doutor Carlos Rabaccedila Assistente de Fisiopatologia

Instituto de Patologia Geral

Faculdade de Medicina Universidade de Coimbra

hgdsdr

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

2

RESUMO

O envelhecimento eacute um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da funccedilatildeo e aumento da vulnerabilidade a doenccedilas

Com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida particularmente a niacutevel dos paiacuteses

desenvolvidos o envelhecimento tem-se tornado um problema actual a encarar Eacute

influenciado por factores endoacutegenos e exoacutegenos que em conjunto vatildeo determinando vaacuterias

modificaccedilotildees em oacutergatildeos e sistemas tais como por exemplo o sistema imunoinflamatoacuterio a

composiccedilatildeo e peso corporal

Relativamente agrave resposta inflamatoacuteria verifica-se no idoso o aumento dos mediadores

inflamatoacuterios As variaccedilotildees do peso corporal sofrem grande influecircncia hormonal sobretudo as

que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a leptina grelina e adiponectina

O envelhecimento tambeacutem altera a composiccedilatildeo corporal verificando-se em oposiccedilatildeo ao

aumento da massa gorda uma progressiva diminuiccedilatildeo da massa magra agrave custa da massa

muscular

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares pretende-se avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

Palavras-chave Envelhecimento Inflamaccedilatildeo Nutriccedilatildeo Dieta Stresse oxidativo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

3

ABSTRACT

Aging is an intrinsic process in which there is a gradual modification of physiological

function resulting in a loss of function and increased vulnerability to disease

With increase of life expectancy particularly at developed countries aging has become a

current problem to face It is influenced by endogenous and exogenous factors which

together will determine changes in various organs and systems such as for example the

immunoinflammatory system composition and body weight

Aging process modifies the molecular mediators profiles of inflammatory response

Changes in body weight are influenced by hormones specially those working in the

regulation of appetite such as leptin ghrelin and adiponectin

Aging also modify body composition gradual decrease in lean body mass at the expense

of muscle mass opposed to increased fat mass

Knowing the importance of the inflammatory response in aging and knowing that this is

influenced by dietary factors we intend to evaluate the role of nutrition including calorie

intake and dietary supplements in the regulation of inflammatory response to subsequently

understand their relationship with aging

Keywords Aging Inflamation Nutrition Diet Oxidative stress

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

4

O processo de envelhecimento

O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva

modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da

vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema

da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma

diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a

homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que

conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras

como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo

mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)

Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees

fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor

qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)

O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture

(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel

(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)

A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento

Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da

inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto

incapacidade funcional

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

5

Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta

inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras

inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por

uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)

No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com

modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e

mortalidade (Meydani e Wu 2007)

O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase

aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica

cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al

2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)

Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria

modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade

no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo

persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas

nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose

diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de

mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)

Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta

a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in

vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um

prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se

modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)

Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria

alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

6

Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute

adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso

imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de

adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo

provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou

stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)

Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria

durante o envelhecimento Destes salientam-se

a) Stresse oxidativo

b) Leptina

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

d) Cortisol

e) Estrogeacutenios

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

a) Stresse oxidativo

Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua

uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica

que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir

com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute

que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes

redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da

captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

2

RESUMO

O envelhecimento eacute um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da funccedilatildeo e aumento da vulnerabilidade a doenccedilas

Com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida particularmente a niacutevel dos paiacuteses

desenvolvidos o envelhecimento tem-se tornado um problema actual a encarar Eacute

influenciado por factores endoacutegenos e exoacutegenos que em conjunto vatildeo determinando vaacuterias

modificaccedilotildees em oacutergatildeos e sistemas tais como por exemplo o sistema imunoinflamatoacuterio a

composiccedilatildeo e peso corporal

Relativamente agrave resposta inflamatoacuteria verifica-se no idoso o aumento dos mediadores

inflamatoacuterios As variaccedilotildees do peso corporal sofrem grande influecircncia hormonal sobretudo as

que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a leptina grelina e adiponectina

O envelhecimento tambeacutem altera a composiccedilatildeo corporal verificando-se em oposiccedilatildeo ao

aumento da massa gorda uma progressiva diminuiccedilatildeo da massa magra agrave custa da massa

muscular

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares pretende-se avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

Palavras-chave Envelhecimento Inflamaccedilatildeo Nutriccedilatildeo Dieta Stresse oxidativo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

3

ABSTRACT

Aging is an intrinsic process in which there is a gradual modification of physiological

function resulting in a loss of function and increased vulnerability to disease

With increase of life expectancy particularly at developed countries aging has become a

current problem to face It is influenced by endogenous and exogenous factors which

together will determine changes in various organs and systems such as for example the

immunoinflammatory system composition and body weight

Aging process modifies the molecular mediators profiles of inflammatory response

Changes in body weight are influenced by hormones specially those working in the

regulation of appetite such as leptin ghrelin and adiponectin

Aging also modify body composition gradual decrease in lean body mass at the expense

of muscle mass opposed to increased fat mass

Knowing the importance of the inflammatory response in aging and knowing that this is

influenced by dietary factors we intend to evaluate the role of nutrition including calorie

intake and dietary supplements in the regulation of inflammatory response to subsequently

understand their relationship with aging

Keywords Aging Inflamation Nutrition Diet Oxidative stress

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

4

O processo de envelhecimento

O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva

modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da

vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema

da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma

diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a

homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que

conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras

como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo

mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)

Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees

fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor

qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)

O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture

(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel

(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)

A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento

Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da

inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto

incapacidade funcional

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

5

Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta

inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras

inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por

uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)

No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com

modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e

mortalidade (Meydani e Wu 2007)

O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase

aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica

cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al

2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)

Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria

modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade

no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo

persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas

nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose

diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de

mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)

Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta

a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in

vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um

prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se

modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)

Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria

alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

6

Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute

adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso

imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de

adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo

provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou

stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)

Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria

durante o envelhecimento Destes salientam-se

a) Stresse oxidativo

b) Leptina

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

d) Cortisol

e) Estrogeacutenios

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

a) Stresse oxidativo

Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua

uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica

que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir

com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute

que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes

redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da

captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

3

ABSTRACT

Aging is an intrinsic process in which there is a gradual modification of physiological

function resulting in a loss of function and increased vulnerability to disease

With increase of life expectancy particularly at developed countries aging has become a

current problem to face It is influenced by endogenous and exogenous factors which

together will determine changes in various organs and systems such as for example the

immunoinflammatory system composition and body weight

Aging process modifies the molecular mediators profiles of inflammatory response

Changes in body weight are influenced by hormones specially those working in the

regulation of appetite such as leptin ghrelin and adiponectin

Aging also modify body composition gradual decrease in lean body mass at the expense

of muscle mass opposed to increased fat mass

Knowing the importance of the inflammatory response in aging and knowing that this is

influenced by dietary factors we intend to evaluate the role of nutrition including calorie

intake and dietary supplements in the regulation of inflammatory response to subsequently

understand their relationship with aging

Keywords Aging Inflamation Nutrition Diet Oxidative stress

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

4

O processo de envelhecimento

O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva

modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da

vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema

da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma

diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a

homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que

conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras

como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo

mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)

Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees

fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor

qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)

O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture

(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel

(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)

A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento

Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da

inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto

incapacidade funcional

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

5

Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta

inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras

inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por

uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)

No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com

modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e

mortalidade (Meydani e Wu 2007)

O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase

aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica

cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al

2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)

Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria

modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade

no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo

persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas

nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose

diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de

mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)

Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta

a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in

vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um

prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se

modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)

Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria

alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

6

Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute

adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso

imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de

adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo

provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou

stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)

Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria

durante o envelhecimento Destes salientam-se

a) Stresse oxidativo

b) Leptina

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

d) Cortisol

e) Estrogeacutenios

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

a) Stresse oxidativo

Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua

uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica

que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir

com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute

que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes

redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da

captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

4

O processo de envelhecimento

O Envelhecimento eacute por definiccedilatildeo um processo intriacutenseco no qual haacute uma progressiva

modificaccedilatildeo da funccedilatildeo fisioloacutegica resultando numa perda da viabilidade e aumento da

vulnerabilidade tornando-se com o aumento da esperanccedila meacutedia de vida um seacuterio problema

da actualidade e em particular da sauacutede puacuteblica Este decliacutenio insidioso conduz a uma

diminuiccedilatildeo da capacidade do organismo se adaptar ao meio ambiente e de manter a

homeostasia Caracteriza-se pela acumulaccedilatildeo de alteraccedilotildees celulares e nos tecidos que

conduz ao aumento do risco de mortalidade Estas alteraccedilotildees cursam paralelamente a outras

como modificaccedilatildeo do ciclo celular que contribuem para a dificuldade de reparaccedilatildeo podendo

mesmo ser impeditivos da substituiccedilatildeo do pool celular (Baker 2007)

Deste modo uma dieta e exerciacutecio fiacutesico adequados agrave idade satildeo duas condiccedilotildees

fundamentais para um envelhecimento de sucesso por poderem contribuir para uma melhor

qualidade de vida do idoso (Baker 2007 Van Kan 2008)

O ritmo do envelhecimento balanccedila entre a influecircncia da nature (natureza) e anurture

(experiecircncias pessoais) Neste processo a nutriccedilatildeo desempenha um importante papel

(Bruunsgaard 2001 Van Kan 2008)

A resposta inflamatoacuteria no envelhecimento

Haacute cerca de dois mil anos Celso descreveu pela primeira vez os quatro sinais cardeais da

inflamaccedilatildeo edema calor rubor e dor Posteriormente Galeno acrescentou o quinto

incapacidade funcional

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

5

Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta

inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras

inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por

uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)

No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com

modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e

mortalidade (Meydani e Wu 2007)

O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase

aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica

cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al

2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)

Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria

modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade

no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo

persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas

nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose

diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de

mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)

Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta

a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in

vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um

prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se

modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)

Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria

alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

6

Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute

adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso

imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de

adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo

provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou

stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)

Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria

durante o envelhecimento Destes salientam-se

a) Stresse oxidativo

b) Leptina

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

d) Cortisol

e) Estrogeacutenios

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

a) Stresse oxidativo

Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua

uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica

que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir

com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute

que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes

redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da

captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

5

Recentemente Franceschi e seus colaboradores tendo em conta a importacircncia da resposta

inflamatoacuteria no envelhecimento propotildeem o termo ldquoinflammagingrdquo (junccedilatildeo das palavras

inflammation e aging) para salientar o facto de que o envelhecimento eacute acompanhado por

uma resposta inflamatoacuteria persistente (Giunta B et al 2008)

No indiviacuteduo idoso as patologias inflamatoacuterias croacutenicas satildeo frequentes e cursam com

modificaccedilotildees do sistema imuno-inflamatoacuterio que aumentam o risco de morbilidade e

mortalidade (Meydani e Wu 2007)

O aumento dos mediadores inflamatoacuterios (citocinas proacute-inflamatoacuterias e proteiacutenas de fase

aguda) que se verifica nos indiviacuteduos idosos pode ser consequente agrave carga antigeacutenica

cumulativa ao longo da vida que gera stresse oxidativo (Meydani e Wu 2007 Agrawal et al

2008 Bruunsgaard et al 2001 Giunta S 2001 Brinkley et al 2009)

Alguns estudos epidemioloacutegicos demonstram claramente que a resposta imunitaacuteria

modificada pelo envelhecimento imunosenescecircncia contribui em muito para a mortalidade

no idoso Estes trabalhos sugerem que as alteraccedilotildees do sistema imunitaacuterio e uma inflamaccedilatildeo

persistente durante o envelhecimento promovem um perfil aterogeacutenico e estatildeo implicadas

nas doenccedilas caracteriacutesticas do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose

diabetes mellitus tipo 2 sarcopenia e osteoporose contribuindo para o substancial risco de

mortalidade (Bruunsgaard et al 2001 Li et al 2005 Franceschi 2007)

Os estudos que relatam diferenccedilas na produccedilatildeo de citocinas proacute-inflamatoacuterias na resposta

a estiacutemulos in vitro e associados agrave idade tecircm no entanto resultados inconsistentes Poreacutem in

vivo modelos infecciosos mostram atraso no terminus da actividade inflamatoacuteria havendo um

prolongamento da resposta febril em idosos sugerindo que a resposta de fase aguda se

modifica com a idade (Bruunsgaard et al 2001)

Contudo ainda natildeo estaacute demonstrada uma relaccedilatildeo causal entre uma funccedilatildeo imunitaacuteria

alterada e o aumento da susceptibilidade a infecccedilotildees (Bruunsgaard et al 2001)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

6

Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute

adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso

imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de

adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo

provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou

stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)

Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria

durante o envelhecimento Destes salientam-se

a) Stresse oxidativo

b) Leptina

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

d) Cortisol

e) Estrogeacutenios

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

a) Stresse oxidativo

Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua

uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica

que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir

com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute

que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes

redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da

captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

6

Na teoria de remodelaccedilatildeo e na imuno-remodelaccedilatildeo em particular a palavra chave eacute

adaptaccedilatildeo em que num processo dinacircmico os agentes agressores (neste caso

imunologicamente stressantes) conduzem nas pessoas saudaacuteveis a uma capacidade de

adaptaccedilatildeo que lhes permite uma maior longevidade isto eacute os indiviacuteduos centenaacuterios seratildeo

provavelmente os que melhor capacidade de adaptaccedilatildeo tecircm perante os agentes agressores ou

stressantes do sistema imunitaacuterio (SI) (Mota Pinto e Santos Rosa 2002)

Tal como acima referido satildeo vaacuterios os factores que interferem na resposta inflamatoacuteria

durante o envelhecimento Destes salientam-se

a) Stresse oxidativo

b) Leptina

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

d) Cortisol

e) Estrogeacutenios

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

a) Stresse oxidativo

Radicais livres satildeo aacutetomos ou moleacuteculas que contecircm um nuacutemero impar de electrotildees na sua

uacuteltima camada particularidade que lhes confere a alta reactividade e instabilidade quiacutemica

que os caracterizam Estes compostos tecircm uma semi-vida curta pela sua tendecircncia para reagir

com outras moleacuteculas na sua proximidade Nestas reacccedilotildees de oxido-reduccedilatildeo cujo objectivo eacute

que o referido electratildeo deixe de estar desemparelhado os radicais podem actuar como agentes

redutores atraveacutes da perda de electrotildees ficando oxidados ou contrariamente atraveacutes da

captaccedilatildeo de electrotildees actuando como agentes oxidantes ficando reduzidos (Ferreira e

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

7

Matsubara 1997) Deste modo particularmente quando presentes em elevadas concentraccedilotildees

eles podem induzir severas alteraccedilotildees na estrutura de moleacuteculas fundamentais para a

manutenccedilatildeo da homeostasia celular resultando numa possiacutevel perda da funcionalidade ou

mesmo perda da viabilidade celular (Ferreira et al 2007)

Os radicais livres podem estar associados a diferentes aacutetomos como os de carbono

enxofre azoto e oxigeacutenio Todavia os radicais livres de oxigeacutenio nomeadamente o radical

superoacutexido (O2-

) e o radical hidroxilo (OH) satildeo aqueles que possuem uma maior relevacircncia

bioloacutegica natildeo soacute devido agrave sua elevada toxicidade mas tambeacutem pelo facto de serem os mais

prevalentes no organismo Contudo existem outras moleacuteculas altamente reactivas e

potencialmente toacutexicas para o organismo que pelo facto de natildeo possuiacuterem electrotildees

desemparelhados natildeo se enquadram na definiccedilatildeo de radicais livres Apesar de natildeo serem

verdadeiros radicais estas moleacuteculas onde se incluem o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) e o

aacutecido hipocloroso (HOCl) satildeo potenciais geradores de radicais livres razatildeo pela qual as suas

repercussotildees orgacircnicas fisioloacutegicas ou toacutexicas devem igualmente ser tidas em consideraccedilatildeo

Por tudo isto em detrimento da designaccedilatildeo de radicais livres passou a utilizar-se a

designaccedilatildeo de espeacutecies reactivas que englobam os radicais livres e essas moleacuteculas

potencialmente geradoras desses radicais Apesar de algumas Espeacutecies Reactivas de

Nitrogeacutenio (do inglecircs Reactive Nitrogen Species- RNS) desempenharem importantes funccedilotildees

na sinalizaccedilatildeo celular agrave semelhanccedila do assumido para os radicais livres de oxigeacutenio as

espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (do inglecircs Reactive Oxygen Species- ROS) parecem ser aquelas

com maior expressatildeo e maiores repercussotildees orgacircnicas (Ferreira e Matsubara 1997)

As ROS formadas e degradadas pelos organismos aeroacutebios podem ter origem endoacutegena

ou exoacutegena sendo as principais fontes endoacutegenas os peroxissomas NADPH oxidase

xantinaoxidase mitococircndria e citocromo P-450 e as exoacutegenas as radiaccedilatildeo- o fumo de

tabaco aacutelcool e solventes orgacircnicos (Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

8

Como jaacute referido as ROS incluem um grande nuacutemero de moleacuteculas quimicamente

reactivas nomeadamente o iatildeo superoacutexido (O2-

) o radical hidroxilo (OH) e o oacutexido niacutetrico

(NO) entre outras como o peroacutexido de hidrogeacutenio (H2O2) (Cheesman e Slater 1993)

O O2- eacute um radical livre formado a partir do oxigeacutenio molecular apresentando um

electratildeo desemparelhado A sua formaccedilatildeo que ocorre em quase todas as ceacutelulas aeroacutebicas

acontece espontaneamente atraveacutes da cadeia respiratoacuteria na mitococircndria Pode tambeacutem ser

produzido por flavoenzimas lipoxigenases e cicloxigenases Eacute um radical pouco reactivo e

natildeo tem a capacidade de penetrar nas membranas lipiacutedicas agindo apenas no compartimento

onde eacute produzido O iatildeo superoacutexido eacute rapidamente dismutado pelas enzimas superoxido

dismutase mitocondrial (Mn-SOD) superoxido dismutase citoplasmaacutetica (CuZn-SOD) e

superoxido dismutase extracelular (EC-SOD) produzindo H2O2 de acordo com a reacccedilatildeo

ilustrada na Figura 1 (Cheesman e Slater 1993)

SOD-Cu2+ + O2- SOD-Cu+ + O2

SOD-Cu+ + O2-- + 2H+ SOD-Cu2+ + H2O2

Figura 1 ndash Reacccedilatildeo de conversatildeo de O2- em H2O2 atraveacutes da acccedilatildeo da enzima superoxido dismutase

O OH eacute uma espeacutecie oxidante extremamente reactiva (radical hidroxilo) com elevada

capacidade de provocar lesatildeo oxidativa de biomoleacuteculas (Cheesman e Slater 1993)

Eacute formado em sistemas bioloacutegicos a partir do peroacutexido de hidrogeacutenio numa reacccedilatildeo

catalisada por iotildees Fe2+ ou Cu+ denominada reacccedilatildeo de Fenton (Figura 2) (Kelly et al 1998)

H2O2 + Fe2+ Fe3+ + HO + OH-

Figura 2 ndash Produccedilatildeo do radical hidroxilo a partir de peroacutexido de hidrogeacutenio ndash Reacccedilatildeo de Fenton

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

9

As reacccedilotildees em que o OH participa podem ser classificadas em trecircs tipos principais

adiccedilatildeo e remoccedilatildeo de hidrogeacutenio e transferecircncia de electrotildees

A adiccedilatildeo de hidrogeacutenio ocorre entre outras atraveacutes de reacccedilotildees de OH com compostos

aromaacuteticos como a guanina e timina Assim quando o OH eacute gerado proacuteximo do DNA pode

provocar a lesatildeo nas suas bases induzindo quebras nas cadeias e sua consequente mutaccedilatildeo ou

inactivaccedilatildeo

O OH reage rapidamente com biomoleacuteculas como liacutepidos desencadeando peroxidaccedilatildeo

lipiacutedica atraveacutes da sua capacidade de remoccedilatildeo de hidrogeacutenio dos aacutecidos gordos insaturados

presentes nos liacutepidos das membranas celulares (Figura 3) Esse processo leva por sua vez agrave

produccedilatildeo de radicais lipiacutedicos (peroacutexidos lipiacutedicos) que se combinam com o oxigeacutenio

molecular propagando assim a cadeia de reacccedilotildees A maioria dos fosfolipiacutedios que

constituem as membranas plasmaacuteticas eacute rica em aacutecidos gordos polinsaturados sendo portanto

susceptiacuteveis agrave acccedilatildeo do OH (Halliwell e Gutteridge 1999)

Iniciaccedilatildeo sequestro de hidrogeacutenio do aacutecido gordo polinsaturado da membrana celular

LH + OH L + H2O

Propagaccedilatildeo o L reage com o O2 resultando em LOO Este sequestra de novo hidrogeacutenio do aacutecido

polinsaturado gerando um segundo L

L+ O2 LOO

LH + LOO L + LOOH

Terminaccedilatildeo autodestruiccedilatildeo de radicais formados na etapa de programaccedilatildeo

LOO + L LOOL

LOO + LOO LOOL + O2

Figura 3 ndash Etapas da reacccedilatildeo de peroxidaccedilatildeo de liacutepidos da membrana celular (designada por L)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

10

O OH participa ainda em reacccedilotildees de transferecircncia de electrotildees com o iatildeo nitrito (NO2

-)

iotildees halogeneto como o iatildeo cloreto (Cl-) e com o iatildeo carbonato (CO32-) O produto desta

reacccedilatildeo eacute o radical aniatildeo carbonato (CO3-) um poderoso agente oxidante (Ferreira e

Matsubara 1997 Halliwell e Gutteridge 1999)(Figura 4)

a) NO2- + OH NO2 + OH-

b) Cl - + OH Cl + OH-

c) CO32-+ OH CO3

- + OH-

Figura 4 ndash Transferecircncia de electrotildees do OHpara a) iatildeo nitrito b) iatildeo cloreto iatildeo carbonato

Apesar do H2O2 ser considerado uma ROS apresenta uma fraca reactividade tornando-se

citotoacutexico em concentraccedilotildees mais elevadas devido agrave produccedilatildeo OH

(Figura 2) O H2O2 tem

uma semi-vida longa eacute capaz de atravessar membranas bioloacutegicas e possui capacidade de

inactivar algumas enzimas geralmente por oxidaccedilatildeo dos grupos sulfidrilo (-SH) dos locais

activos (Halliwell e Gutteridge 1999)

As lesotildees celulares provocadas pelo H2O2 podem surgir de forma directa como ocorre

com a gliceraldeiacutedo-3-fosfato desidrogenase uma enzima que participa na glicoacutelise Contudo

a oxidaccedilatildeo do DNA liacutepidos e proteiacutenas mediada pelo H2O2 natildeo se deve agrave sua acccedilatildeo directa e

isolada mas sim agrave sua capacidade de originar como jaacute foi dito produtos mais reactivos como

o OH radical que possui efeitos lesivos acima descritos (Aruoma 1998)

Uma vez produzido o H2O2 eacute removido por um dos trecircs sistemas de enzimas

antioxidantes catalase glutationa peroxidase (GSH px) e tiorredoxina peroxidase (Trx px) A

catalase promove a dismutaccedilatildeo do H2O2 em aacutegua e oxigeacutenio a GSH px catalisa a reduccedilatildeo do

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

11

H2O2 a aacutegua com a intervenccedilatildeo da glutationa (GSH) e a Trx px catalisa a reduccedilatildeo de H2O2 a

aacutegua com intervenccedilatildeo da tiorredoxina (Trx-(SH)2) (Halliwell e Gutteridge 1999) (Figura 5)

Figura 5 ndash Reacccedilotildees catalizadas pelas enzimas antioxidantes a) Catalase b) GSH px c) Trx Px

O NO pode actuar como oxidante ou redutor dependendo do meio em que se encontra

Esta variabilidade reflecte-se nos seus produtos de reacccedilatildeo os quais podem constituir

moleacuteculas menos ou mais reactivas (Beckman e Koppenol 1996)

Assim quando reage com o O2- o NO

pode formar o peroxinitrito (ONOO-) uma RNS

extremamente reactiva cuja semi-vida curta justifica a sua decomposiccedilatildeo espontacircnea em

nitrato (NO3-) (Figura 6) (Queiroz e Batista 1999)

NO + O2- ONOO- NO3

-

Figura 6 ndash Reacccedilatildeo de formaccedilatildeo do peroxinitrito e sua conversatildeo em nitrato

Por sua vez quando duas moleacuteculas de NO reagem com O2

- haacute formaccedilatildeo de duas

moleacuteculas de NO2- (Figura 7) (Queiroz e Batista 1999)

2NO + O2- 2NO2

Figura 7 ndash Reacccedilatildeo de oxidaccedilatildeo do oacutexido niacutetrico em nitrogeacutenio

a) 2 H2O2Catalase 2 H2O + O2

b) H2O2 + 2GSH GSH px 2 H2O + GSSG

c) H2O2 + Trx-(SH)2Trx px 2 H2O + Trx-S2

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

12

Conforme acontece com outros radicais o efeito toacutexico do NO pode natildeo dever-se

directamente agrave sua acccedilatildeo mas agrave acccedilatildeo dos seus produtos de oxidaccedilatildeo (Koppenol 1996)

Em concentraccedilotildees moderadas as ROS satildeo necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo No entanto

quando produzidos em excesso tornam-se lesivas causando danos celulares por uma

incapacidade de reparaccedilatildeo das lesotildees do DNA e causando mutaccedilotildees e destruiccedilatildeo de

membranas lipiacutedicas o que provoca envelhecimento e desenvolvimento de patologias

(Figura8) (Zhang e Gutterman 2006)

Figura 8 ndash Mecanismos indutores de lesatildeo celular motivados pela interacccedilatildeo das ROS com diferentes componentes da ceacutelula

(Adaptada de Ferreira et al 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

13

O aumento da concentraccedilatildeo de NO pelas ceacutelulas do endoteacutelio provoca relaxamento do

muacutesculo liso vascular e consequentemente vasodilataccedilatildeo Este mediador endoacutegeno eacute tambeacutem

responsaacutevel pela inibiccedilatildeo da adesividade e agregaccedilatildeo plaquetaacuterias (Zhang e Gutterman 2006)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres aumentam a resposta

dos neutroacutefilos e macroacutefagos os quais produzem vaacuterias substacircncia como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

A apoptose ou morte programada de ceacutelulas com algum tipo de lesatildeo (pex preacute-tumorais

tumorais infectadas por viacuterus entre outras) pode ser uma consequecircncia do aumento

intracelular de radicais livres Por sua vez os antioxidantes que neutralizam os radicais livres

se em excesso podem inibir a apoptose com consequente reduccedilatildeo da eliminaccedilatildeo de ceacutelulas

tumorais (Zhang e Gutterman 2006)

A membrana lipiacutedica eacute uma das mais atingidas pela peroxidaccedilatildeo lipiacutedica que cursa com

alteraccedilotildees na estrutura e na permeabilidade Ocorre perda da selectividade na troca de iotildees

libertaccedilatildeo do conteuacutedo dos organelos (como as enzimas hidroliacuteticas dos lisossomas) e

formaccedilatildeo de produtos citotoacutexicos culminando com morte celular Ao induzirem lesatildeo nas

membranas celulares as ROS interferem na siacutentese de colageacutenio atrasando a cicatrizaccedilatildeo

(Ferreira e Matsubara 1997)

Relativamente agrave resposta imunitaacuteria sabe-se que os radicais livres interferem com a

resposta dos neutroacutefilos e macroacutefagos que produzem moleacuteculas como H2O2 e NO que

colaboram na destruiccedilatildeo do microorganismo fagocitado (Zhang e Gutterman 2006)

Desta forma a excessiva formaccedilatildeo endoacutegena de radicais livres pode ser causada por

activaccedilatildeo de fagoacutecitos interrupccedilatildeo dos processos normais de transferecircncia de electrotildees da

cadeia respiratoacuteria mitocondrial aumento da concentraccedilatildeo de iotildees metaacutelicos de transiccedilatildeo por

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

14

escape do grupo heme de proteiacutenas em locais de lesatildeo ou doenccedilas metaboacutelicas Por outro lado

o aumento de ROS tambeacutem pode ser devido agrave diminuiccedilatildeo de defesas antioxidantes

Laboratorialmente torna-se no entanto difiacutecil determinar se na doenccedila humana os radicais

livres potenciam ou se satildeo a causa ou o efeito da patologia (Filippin et al 2008)

Sabe-se que ceacutelulas fagociacuteticas como macroacutefagos e neutroacutefilos satildeo tambeacutem activadas sob

condiccedilotildees oxidativas Essa activaccedilatildeo eacute mediada pelo sistema da NADPH oxidase que resulta

num marcado incremento no consumo de oxigeacutenio e consequente produccedilatildeo de aniatildeo

superoacutexido A activaccedilatildeo da NADPH oxidase pode ser induzida por lipopolissacariacutedeos (LPS)

lipoproteiacutenas e citocinas como interferatildeo (IFN-) IL-1 e TNF- (Figura 9) (Filippin et al

2008)

Figura 9 ndash Formaccedilatildeo de espeacutecies reactivas de oxigeacutenio (ROS) e espeacutecies reactivas de nitrogeacutenio (RNS) (canto superioresquerdo) alvos dessas espeacutecies reactivas (canto inferior esquerdo) (Adaptado de Filippin et al 2008)

Dano

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

15

Em suacutemula o O2- eacute convertido em H2O2 espontaneamente podendo ser catalisado pela

enzima SOD Na presenccedila de Fe2+ ou outros metais de transiccedilatildeo o H2O2 eacute convertido pela

reacccedilatildeo de Fenton em HO- que eacute provavelmente um dos principais responsaacuteveis pela

toxicidade celular associada agraves ROS Quando formado o HO- reage rapidamente com a

moleacutecula mais proacutexima como ceacutelulas lipiacutedicas proteiacutenas ou bases de DNA (Figura 10) o que

acontece porque a taxa constante de reacccedilatildeo do HO- eacute bastante elevada quando comparada agraves

outras espeacutecies reactivas (Filippin et al 2008)

Figura 10 ndash Efeito das ROS na lesatildeo celular

O O2- pode reagir com NO formando o peroxinitrito (ONOO-) uma espeacutecie reactiva de

nitrogeacutenio (RNS) A adiccedilatildeo de ONOO- agraves ceacutelulas tecidos e fluidos corporais leva a raacutepida

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

16

protonaccedilatildeo1 de onde pode resultar a depleccedilatildeo de grupos-SH acompanhado da diminuiccedilatildeo de

antioxidantes e induccedilatildeo da oxidaccedilatildeo e nitraccedilatildeo2 Como resultado pode ocorrer nitraccedilatildeo e

oxidaccedilatildeo de liacutepidos (peroxidaccedilatildeo lipiacutedica) quebra das ligaccedilotildees de DNA e nitraccedilatildeo e

desaminaccedilatildeo de bases de DNA (especialmente a guanina) A nitraccedilatildeo em resiacuteduos de tirosina

eacute amplamente usada como um biomarcador da geraccedilatildeo de ONOO- in vivo Entre os radicais de

oxigeacutenio e nitrogeacutenio o ONOO- eacute capaz de depletar os grupos SH e com isso alterar o

balanccedilo redox da GSH no sentido do stresse oxidativo Esse desequiliacutebrio no estado redox da

GSH induz o inibidor kappaquinase (IKK) a fosforilar o inibidor kappa-B (IkB)

possibilitando a translocaccedilatildeo do factor de transcriccedilatildeo nuclear kappa-B (NF-kB) para dentro do

nuacutecleo levando agrave transcriccedilatildeo de diversos mediadores inflamatoacuterios (Filippin et al 2008)

Como anteriormente mencionado atraveacutes de diferentes mecanismos o excesso de

produccedilatildeo de ROS pela mitocondria pode estar implicado no envelhecimento e numa seacuterie de

doenccedilas neoplaacutesicas e degenerativas patologia cardiovascular doenccedilas neurodegenerativas e

diabetes mellitus

Para se protegerem do efeito deleteacuterio do excesso de ROS as ceacutelulas possuem um sistema

de defesa que actua em duas linhas distintas Uma actua como desintoxicante do agente antes

que ele cause lesatildeo (glutationa reduzida ndash GSH superoacutexido dismutase ndash SOD catalase

glutationa peroxidase ndash GSHpx e vitamina E) enquanto que a outra repara a lesatildeo apoacutes ter

ocorrido (aacutecido ascoacuterbico glutationa redutase ndash GR) Com excepccedilatildeo da vitamina E um

antioxidante estrutural da membrana a maioria dos outros agentes encontra-se em meio

intracelular (Ferreira e Matsubara 1997)

1 Reacccedilatildeo quiacutemica que ocorre quando um protatildeo (H+) se liga a um aacutetomo moleacutecula ou iatildeo o produto destareacccedilatildeo designa-se conjugado aacutecido do reagente inicial2 Introduccedilatildeo irreversiacutevel de um ou mais grupos nitro (NO2) numa moleacutecula orgacircnica o grupo nitro pode reagircom um carbono para formar um nitrocomposto (alifaacutetico ou aromaacutetico) um oxigeacutenio para formar um eacutesternitrado ou um nitrogeacutenio para obter compostos N-nitro

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

17

Em condiccedilotildees normais a quantidade de oxidantes formados eacute contrabalanccedilada pela sua

neutralizaccedilatildeo por anti-oxidantes (Touyz 2004) No entanto do desequiliacutebrio entre proacute e anti-

oxidantes resulta em stresse oxidativo que ocorre quando a concentraccedilatildeo de ROS e RNS

atingem um determinado limiar deixando as defesas anti-oxidantes de serem suficientes

(Pieczenik e Neustadt 2007) Deste modo o stresse oxidativo eacute um fenoacutemeno complexo que

tem a interferecircncia de diversos factores e eacute causado por uma insuficiente capacidade de

neutralizar os intermediaacuterios reactivos que resultam da produccedilatildeo de ROS (Agrawal et al

2008)

No envelhecimento verifica-se que o aumento da produccedilatildeo de ROS natildeo se neutraliza

pelas defesas antioxidantes o que conduz a um aumento de stresse oxidativo que por sua vez

tem um importante papel promotor da resposta inflamatoacuteria

As consequecircncias do aumento da resposta inflamatoacuteria nos idosos variam mediante o tipo

de tecidos e oacutergatildeos envolvidos As ROS promovem segundo alguns autores aterosclerose e

podem conduzir a lesatildeo renovascular e a patologias cardiovasculares (Touyz 2004Kondo et

al 2009) Entre outros este facto permite compreender a associaccedilatildeo entre o aumento de ROS

e a hipertensatildeo identificada jaacute em 1994 por Bauer e Gergel (1994) e confirmada

posteriormente por vaacuterios estudos como o de Touyz (2004)

Contudo num estudo de Pechanova e Simko (2009) verifica-se que a administraccedilatildeo

croacutenica de antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial possivelmente

porque o efeito dos antioxidantes varia dependendo se o tratamento eacute de curta ou longa

duraccedilatildeo (Pechanova e Simko 2009) Conforme anteriormente abordado a produccedilatildeo de ROS

nem sempre eacute prejudicial e sabendo-se que estimula as defesas antioxidantes que podem estar

diminuiacutedas no idoso compreende-se que a administraccedilatildeo recente de agentes antioxidantes

pudesse ser beneacutefica No entanto ao longo do tempo os antioxidantes reduzem a produccedilatildeo de

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

18

ROS o que diminui a activaccedilatildeo do NF-kB resultando em diminuiccedilatildeo da siacutentese e actividade

de NO o que volta a desequilibrar o sistema (Pechanova e Simko 2009)

A produccedilatildeo de ROS possui ainda um papel significativo na perda de neuroacutenios associada

a diferentes distuacuterbios neuroloacutegicos como a doenccedila de Parkinson doenccedila de Alzheimer e

esclerose lateral amiotroacutefica (Donini et al 2007)

A doenccedila de Alzheimer e acidentes vasculares cerebrais duas das principais causas de

demecircncia relacionadas com a idade tecircm como factor patogeacutenico a hipoperfusatildeo croacutenica a

qual parece induzir stresse oxidativo (Aliev et al 2009)

Figura 11 ndash Interacccedilatildeo entre as ROS citocinas inflamatoacuterias e receptores de morte celular As ROS assim como as citocinasinflamatoacuterias activam o IKK que daacute inicio agrave cascata de NF-kB levando a ceacutelula a trecircs possibilidades sobrevivecircncia celularproduccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias e proliferaccedilatildeo celular Podem tambeacutem activar proacute-caspases assim como os receptoresextracelulares de morte levando a ceacutelula agrave apoptose A produccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias pelo NF-kB liberta cPLA2 quetem a funccedilatildeo de hidrolisar o aacutecido araquidoacutenico dos fosfoliacutepidos da membrana que por sua vez podem ser sintetizados pordiferentes vias (COX LOX e EPOX) em prostaglandinas (Adaptado de Filippin et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

19

A associaccedilatildeo das ROS com a doenccedila de Alzheimer foi confirmada por Yatin e seus

colaboradores (2000) ao declararem que a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide se

deve agrave presenccedila de radicais livres (Yatin et al 2000)

Sabe-se ainda que as ROS podem contribuir para o processo de apoptose atraveacutes da

activaccedilatildeo das caspases quer por via intra como extracelular e agraves consequecircncias inerentes a

este processo (Figura 11) (Filippin et al 2008)

b) Leptina

A leptina eacute uma hormona anorexiacutegena libertada por adipoacutecitos diferenciados o que

justifica a sua actuaccedilatildeo como um indicador endoacutecrino de massa gorda Actua nos centros da

fome e da saciedade tanto por acccedilatildeo sobre receptores hipotalacircmicos como perifeacutericos

(Yukawa et al 2008)

Esta hormona que controla o metabolismo e funccedilatildeo endoacutecrina tem tambeacutem um forte

efeito proacute-inflamatoacuterio em vaacuterias ceacutelulas e tecidos por promover a secreccedilatildeo de ROS atraveacutes

de mecanismos directos e indirectos Sabendo-se que em idosos o aporte caloacuterico

normalmente eacute reduzido e o efeito proacute-inflamatorio estaacute presente acredita-se que os niacuteveis de

leptina deveratildeo aumentar com a idade (Agrawal et al 2008)

Segundo Agrawal et al (2008) a concentraccedilatildeo plasmaacutetica de leptina natildeo eacute influenciada

pelo envelhecimento saudaacutevel por indiviacuteduos natildeo obesos e na relaccedilatildeo com o geacutenero observa-

se um aumento da concentraccedilatildeo no sexo feminino independentemente da idade (Agrawal et

al 2008)

Acima de tudo os dados mostram uma correlaccedilatildeo entre leptina stresse oxidativo e

envelhecimento (Agrawal et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

20

Sabe-se ainda que esta hormona influencia a regulaccedilatildeo do peso corporal que estaacute

frequentemente diminuiacutedo nos idosos o que se iraacute abordar posteriormente (Yukawa et al

2008)

c) Prostaglandina E2 (PGE2)

A regulaccedilatildeo da produccedilatildeo de prostaglandinas sobretudo as proacute-inflamatoacuterias como a

prostaglandina E2 (PGE2) estaacute implicada em muitas das condiccedilotildees relacionadas com o

envelhecimento como a patologia cardiovascular doenccedila de Alzheimer e diabetes mellitus

tipo 2 bem como com doenccedilas infecciosas e oncoloacutegicas Muitos destes efeitos deleteacuterios

devem-se ao excesso de produccedilatildeo de PGE2 pelos macroacutefagos os quais satildeo uma importante

fonte de mediadores inflamatoacuterios (Meydani e Wu 2007) Apesar de as consequecircncias do

aumento da produccedilatildeo de PGE2 natildeo dependerem muito do tipo de tecidos afectados a

compreensatildeo da regulaccedilatildeo da siacutentese PGE2 pelos macroacutefagos pode ajudar a elucidar o

processo subjacente de vaacuterias doenccedilas relacionados com a idade Aleacutem disso a inibiccedilatildeo da

PGE2 pode ser explorada como potencial prevenccedilatildeo de patologias e estrateacutegia terapecircutica

(Meydani e Wu 2007)

Alguns trabalhos que surgiram no envelhecimento e na sua associaccedilatildeo agrave modificaccedilatildeo da

funccedilatildeo imunitaacuteria e inflamatoacuteria verificaram que o aumento da expressatildeo da COX-2 com

consequente aumento da produccedilatildeo de PGE2 eacute um factor criacutetico Meydani e Wu (2008)

referem que as ceacutelulas de ratos idosos tecircm aumento significativo dos niacuteveis de produccedilatildeo de

PGE2 comparativamente a ratos jovens uma consequecircncia do aumento da expressatildeo de

COX-2 Aleacutem disso o excesso de PGE2 pode ter outros efeitos prejudiciais como supressatildeo

da funccedilatildeo de ceacutelulas T resultando numa maior susceptibilidade a doenccedilas (Meydani e Wu

2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

21

Sabe-se ainda que certos componentes da alimentaccedilatildeo como antioxidantes satildeo referidos

como possuindo a capacidade de reduzir o aumento da actividade da COX 2 e produccedilatildeo de

PGE2 (Meydani e Wu 2008)

d) Cortisol

Apesar de ser conhecido o aumento dos niacuteveis sanguiacuteneos de cortisol associados agrave idade

aumento esse que interveacutem na activaccedilatildeo do eixo hipotaacutelamo-hipoacutefise-suprarrenal atraveacutes de

agentes stressantes natildeo especiacuteficos Giunta S (2008) descreve como a activaccedilatildeo deste eixo

longe de ser inespeciacutefica constitui a principal resposta especiacutefica e o contrabalanccedilo para

inflamaccedilatildeo anti-inflamaccedilatildeo Aleacutem disso menciona o conhecido paradoxo da

imunosenescecircncia isto eacute a coexistecircncia da inflamaccedilatildeo e imunodeficiecircncia (Giunta S 2008)

Desta forma a anti-inflamaccedilatildeo principalmente exercida pelo cortisol com a idade pode

tornar-se a causa do acentuado decliacutenio das funccedilotildees imunoloacutegicas que coexiste com o

aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-inflamatoacuterias que por fim tem um impacto negativo no

metabolismo densidade oacutessea forccedila toleracircncia ao exerciacutecio sistema vascular funccedilatildeo

cognitiva e bem-estar fisco e psiquico Assim a inflamaccedilatildeo e anti-inflamaccedilatildeo juntas

determinam muitas das progressivas mudanccedilas fisiopatoloacutegicas que se caracterizam pelo

ldquofenoacutetipo de envelhecimentordquo e a luta para manter a robustez acaba em fragilidade (Giunta S

2008)

e) Estrogeacutenios

A relaccedilatildeo dos estrogeacutenios com o envelhecimento prende-se sobretudo na sua relaccedilatildeo com

a patologia cardiovascular Esta hormona assume diversos papeis na imunomodelaccedilatildeo

podendo ter um efeito proacute- e anti-inflamatoacuterio dependendo de diversos factores como o tipo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

22

de ceacutelulas alvo o oacutergatildeo atingido e seu microambiente a proacutepria concentraccedilatildeo de estrogeacutenios

e a variabilidade de expressatildeo dos seus receptores (Xing et al 2009)

De acordo com Xing et al (2009) os estrogeacutenios tecircm um efeito anti-inflamatoacuterio e

vasoprotector quando administrados a mulheres jovens o qual parece ser convertido num

efeito proacute-inflamatoacuterio e lesivo para os vasos em indiviacuteduos idosos particularmente aqueles

que tiveram livre aporte hormonal por longos periacuteodos O efeito vasoprotector dos estrogeacutenios

pode ser evidenciado pela menor incidecircncia de doenccedila cardiovascular em mulheres a qual

aumenta na poacutes-menopausa quando o efeito protector das hormonas referidas deixa de ser

notoacuterio (Figura 12) (Xing et al 2009)

Figura 12 ndash Esquema simplificado da resposta celular agrave lesatildeo do luacutemen vascular (Adaptado de Xing et al 2009)

f) Citocinas proacute-inflamatoacuterias

Um dos maiores desafios dos estudos de imunogerontologia eacute separar a influecircncia de

distuacuterbios patoloacutegicos de processos fisioloacutegicos do envelhecimento (envelhecimento

saudaacutevel e sem patologia) motivo pelo qual se criou em 1984 o protocolo SENIEUR

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

23

(Ligthart et al 1984) que estabelece criteacuterios riacutegidos para os estudos de envelhecimento em

humanos No entanto eacute questionaacutevel esta separaccedilatildeo pois a imunosenescecircncia caracteriza-se

por mudanccedilas contiacutenuas que agrave partida acontecem em todo o envelhecimento e que parecem

estar associadas paralelamente a patologias do idoso (Bruunsgaard et al 2001)

A lesatildeo tecidular que se associa com traumatismos graves queimaduras invasatildeo por

microorganismos e outros tipos de agressatildeo representa um risco para a integridade fiacutesica e

determina respostas locais e sisteacutemicas que visam a manutenccedilatildeo da homeostasia e a

sobrevivecircncia do organismo pode significar infecccedilatildeo se no local existe colonizaccedilatildeo e

proliferaccedilatildeo bacteriana viral ou fuacutengica A resposta inflamatoacuteria habitualmente destroi

enfraquece ou barra o agente lesivo bem como propicia a reconstituiccedilatildeo e cura do tecido

atingido (Bruunsgaard et al 2001)

Classicamente a resposta inflamatoacuteria evolui em duas fases na fase inicial haacute predomiacutenio

da circulaccedilatildeo inadequada metabolismo anaeroacutebio e acidose na fase seguinte as alteraccedilotildees

ocorrem por aumento da secreccedilatildeo e actividade de citocinas catecolaminas corticosteroacuteides e

hormona do crescimento com hiperinsulinemia Na inflamaccedilatildeo grave o hipotaacutelamo recebe

sinais neuronais aferentes transmitindo estiacutemulos como dor hipoxia hipotensatildeo medo e

ansiedade (Bruunsgaard et al 2001)

Na sequecircncia de uma lesatildeo tecidular as citocinas iniciam e regulam uma resposta de fase

aguda a qual actua de imediato a niacutevel local e sisteacutemico (Suffredini et al 1999) Esta cascata

tem como objectivo isolar e anular os agentes patogeacutenicos se activar a reparaccedilatildeo tecidular de

forma a facilitar o retorno agrave homeostasia A IL-1 e o TNF- satildeo dos principais mediadores da

resposta de fase aguda induzindo uma segunda onda de citocinas que inclui a IL-6 e

quimiocinas A IL-6 actua quer como uma citocina proacute-inflamatoacuteria como anti-inflamatoacuteria

sendo considerada imunoreguladora com importante papel no controlo da resposta

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

24

inflamatoacuteria local e sisteacutemica e as quimiocinas regulam o influxo de leucoacutecitos no local da

inflamaccedilatildeo (Bruunsgaard et al 2001)

A actividade do TNF- e da IL-1 pode ser inibida por antagonistas naturais tais como

antagonista dos receptores de IL-1 (IL-1Ra) e receptor soluacutevel de TNF (sTNFR) como por

citocinas anti-inflamatoacuterias como a IL-10 e IL-13 A relaccedilatildeo entre os mediadores proacute e anti-

inflamatoacuterios vai determinar a resposta celular nomeadamente na tumorogeacutenese (Figura 13)

Figura 13 ndash Relaccedilatildeo das citocinas proacute-inflamatoacuterias e anti-inflamatoacuterias na resposta tumoral (Adaptado

dehttpwwwnutritionaloncologyorg)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

25

O envelhecimento estaacute associado ao aumento dos niacuteveis de componentes inflamatoacuterios

circulantes no sangue incluindo aumento das concentraccedilotildees de TNF- IL-6 IL-1Ra sTNFR

proteiacutenas de fase aguda (como a proteiacutena C reactiva - PCR e proteiacutena amiloacuteide A ndash SAA) e

elevadas contagens de neutroacutefilos No entanto o aumento de paracircmetros inflamatoacuterios

circulantes natildeo eacute muito evidente em idosos saudaacuteveis estando longe dos niacuteveis observados na

infecccedilatildeo aguda Assim o envelhecimento estaacute associado a uma actividade inflamatoacuteria

croacutenica de base (Bruunsgaard et al 2001)

Segundo um estudo de Cohen et al (1997) a idade estaacute associada com o aumento dos

niacuteveis plasmaacuteticos de IL-6 independentemente de estados de doenccedila ou distuacuterbios de

envelhecimento (Cohen et al 1997) Aleacutem disso de acordo com Baggio et al (1998) os

niacuteveis seacutericos de IL-6 satildeo claramente superiores em idosos seleccionados aleatoriamente do

que em idosos saudaacuteveis sugerindo que a actividade inflamatoacuteria pode ser um marcador do

estado de sauacutede (Baggio et al 1998) Se analisados em conjunto estes resultados indicam

que uma actividade inflamatoacuteria na populaccedilatildeo idosa eacute causada por uma produccedilatildeo desregulada

de citocinas a qual eacute agravada por patologias associadas agrave idade Aleacutem destes tambeacutem alguns

factores adquiridos como obesidade tabagismo e stresse parecem aumentar os niacuteveis de IL-6

(Yudkin et al 2000)

Nesta sequecircncia eacute reconhecido o papel das citocinas em vaacuterios tecidos e orgatildeos como

fiacutegado osso muacutesculo esqueleacutetico e ceacuterebro (Figura 14) Deste modo acredita-se que as

citocinas inflamatoacuterias tenham um papel importante na patogeacutenese de certas doenccedilas

associadas agrave idade como a doenccedila de Alzheimer Parkinson aterosclerose diabetes mellitus

tipo 2 sarcopenia e osteoporose (Bruunsgaard et al 2001)

Relativamente agrave doenccedila de Alzheimer e de acordo com um estudo de Bruunsgaard et al

(1999) esta patologia estaacute associada a niacuteveis plasmaacuteticos elevados de TNF-α No entanto

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

26

desconhece-se se o aumento de TNF-α assume um papel especiacutefico na doenccedila de Alzheimer

ou se estaacute associado a um qualquer tipo de demecircncia (Bruunsgaard et al 2001)

Figura 14 ndash Acccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias em diferentes oacutergatildeos (Bruunsgaard et al 2001)

Tambeacutem na aterosclerose a inflamaccedilatildeo parece ter um importante papel na patogeacutenese No

estudo de Bruunsgaard et al (1999) observou-se que as concentraccedilotildees de TNF-α e PCR foram

significativamente maiores em idosos com um baixo iacutendice tornozelo-braccedilo um marcador de

aterosclerose generalizada em relaccedilatildeo ao grupo que possuiacutea um iacutendice normal mesmo

excluindo indiviacuteduos com doenccedilas inflamatoacuterias (Bruunsgaard et al 1999) Outro estudo do

mesmo autor (2000) mostrou igualmente uma concentraccedilatildeo plasmaacutetica de TNF-α mais

elevada no grupo com diagnoacutestico cliacutenico de aterosclerose (Bruunsgaard et al 2000)

Em 1998 Paolisso et al (1998) constataram que concentraccedilotildees elevadas de TNF-α

permitiam prever uma evoluccedilatildeo para insensibilidade agrave insulina em idosos saudaacuteveis (Paolisso

et al 1998)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

27

As citocinas libertadas em resposta a doenccedila aguda ou croacutenica podem induzir anorexia

estimular a lipoacutelise e provocar sarcopenia Deste modo certos estados de doenccedila estatildeo

relacionados com perda raacutepida e involuntaacuteria de peso Como a IL-1 e TNF-α estimulam a

secreccedilatildeo de leptina pelo tecido adiposo eacute plausiacutevel que o aumento dos niacuteveis de citocinas proacute-

inflamatorias contribua para a perda de peso involuntaacuteria em idosos tanto por mecanismos

dependentes como independentes de leptina (Miller e Wolfe 2008)

Vaacuterios estudos epidemioloacutegicos indicam claramente que uma actividade inflamatoacuteria

persistente no indiviacuteduo idoso estaacute relacionada com um aumento da susceptibilidade para

patologias associadas agrave idade e aumento do risco de mortalidade (Figura 15)

Perante o exposto verifica-se que a resposta inflamatoacuteria que se encontra aumentada nos

idosos sendo um mediador de diversas doenccedilas proacuteprias do envelhecimento permite

justificar a relaccedilatildeo entre inflamaccedilatildeo e envelhecimento

Figura 15 ndash Efeitos da actividade croacutenica de baixo grau no envelhecimento (Adaptada de Bruunsgaard et al 2001)

Actividade inflamatoacuteria persistente

Resistecircncia agrave insulinaDislipideacutemiaCoagulaccedilatildeo

Activaccedilatildeo de linfoacutecitosAumento da actividade cataboacutelica

Doenccedilas associadas ao envelhecimentoDiabetes Mellitus tipo 2 aterosclerose doenccedila de Alzheimer

osteoporose sarcopenia doenccedila de Parkinson

Aumento do risco de mortalidade

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

28

A influecircncia da nutriccedilatildeo na resposta inflamatoacuteria do idoso

A resposta do sistema imunoinflamatoacuterio como jaacute referido modifica-se com a idade

(Chin et al 2000)

O sistema imunitaacuterio pode dividir-se na vertente inata que inclui o sistema do

complemento ceacutelulas natural killer e fagoacutecitos e na vertente especiacutefica A vertente especiacutefica

do sistema imunitaacuterio envolve mediadores celulares e mediadores humorais (Wardwell

2008) Ambas as componentes se alteram com o envelhecimento quer pela adaptabilidade de

ceacutelulas T quer pela funccedilatildeo efectora de ceacutelulas como as natural killer Sabe-se especialmente

que a proliferaccedilatildeo de ceacutelulas T em mitogeacutenios policlonais e patogeacutenios especiacuteficos diminui

com a idade As implicaccedilotildees cliacutenicas da imunosenescecircncia satildeo muitas e incluem uma resposta

pobre agrave vacinaccedilatildeo perda progressiva na capacidade de reconhecer antigeacutenios estranhos

aumento de autoanticorpos e aumento da susceptibilidade de infecccedilotildees e doenccedilas croacutenicas

(Wardwell 2008)

Com o envelhecimento o aporte nutricional em geral eacute pobre e esta modificaccedilatildeo a niacutevel

da nutriccedilatildeo parece ter interferecircncia nas modificaccedilotildees do sistema imunitaacuterio do idoso Segundo

um estudo de Mazari e Lesourd (1998) que compara o idoso saudaacutevel e o jovem saudaacutevel as

carecircncias nutricionais estatildeo associadas a diminuiccedilatildeo das funccedilotildees das ceacutelulas T em idosos

sugerindo que algumas mudanccedilas na resposta imune que tecircm sido atribuiacutedas ao

envelhecimento possam afinal estar relacionadas com a nutriccedilatildeo (Mazari e Lesourd 1998)

No entanto os efeitos do deficite de nutrientes individuais especiacuteficos na funccedilatildeo imune natildeo

satildeo geralmente conhecidos (Wardwell 2008)

Nesta sequecircncia sabe-se que a dieta fornece uma variedade de nutrientes e componentes

bio-activos natildeo nutritivos que modulam os processos inflamatoacuterio e imunomodelador pela

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

29

carga antigeacutenica adstrita agrave alimentaccedilatildeo diaacuteria havendo dados epidemioloacutegicos que sugerem

que os padrotildees alimentares afectam fortemente processos inflamatoacuterios (Watzl 2008)

Jaacute tendo sido mencionado o papel do stresse oxidativo na resposta inflamatoacuteria e no

envelhecimento compreende-se o benefiacutecio de dietas compostas essencialmente por

alimentos ricos em agentes anti-oxidantes Os principais anti-oxidantes encontrados na dieta

satildeo vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco

e cobre

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bio-activos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides (Watzl 2008)

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro Quantidades reduzidas de seleacutenio e aacutecidos gordos -3 e elevadas de

vitamina A devem ser investigadas na sua influecircncia sobre a funccedilatildeo imunitaacuteria global de

pessoas idosas (Wardwell 2008)

A nutriccedilatildeo no idoso

Actualmente um peso corporal saudaacutevel eacute o principal foco das orientaccedilotildees e

recomendaccedilotildees para melhorar a qualidade de vida e diminuir os riscos para a sauacutede facto que

associado ao progressivo aumento da prevalecircncia de obesidade nas populaccedilotildees em todas as

faixas etaacuterias justifica a ecircnfase dada agrave necessidade de perda de peso No entanto a regulaccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

30

do peso corporal resulta de uma complexa interacccedilatildeo entre o apetite e a ingestatildeo alimentar

bem como o gasto ou natildeo de energia daiacute que as uacuteltimas recomendaccedilotildees apontem para a

necessidade de equilibrar as calorias ingeridas com as gastas motivo pelo qual se tem

valorizado a relaccedilatildeo da dieta com o exerciacutecio fiacutesico (Miller e Wolfe 2008)

A nutriccedilatildeo eacute um processo vital e complexo e assume um papel ainda mais relevante no

envelhecimento Por um lado as necessidades energeacuteticas diminuem com a idade em

consequecircncia de um baixo metabolismo daiacute que os indiviacuteduos mais velhos necessitem de

menos calorias que os mais jovens sobretudo se houver pouca actividade fiacutesica (Baker

2007) No entanto este processo complica-se pelo facto de as pessoas idosas necessitarem de

alimentos mais ricos em nutrientes para assegurar um aporte nutricional adequado pois

paralelamente agrave obesidade os estados de desnutriccedilatildeo e caquexia satildeo frequentes (Baker 2007

Van Kan et al 2008)

Desnutriccedilatildeo

A desnutriccedilatildeo que ocorre quando haacute um balanccedilo negativo entre o aporte nutricional e o

desgaste energeacutetico pode traduzir anos de malnutriccedilatildeo subcliacutenica possivelmente intercalados

por eacutepocas de abuso nutricional caracteriacutesticas que podem ser consequentes a negligecircncia

demecircncia ou outros processos degenerativos (Baker 2007 Van Kan et al 2008) Manifesta-

se pela diminuiccedilatildeo da massa gorda e em menor escala diminuiccedilatildeo da massa magra sendo

uma situaccedilatildeo trataacutevel atraveacutes de uma correcta dieta alimentar (Hubbard et al 2008)

Caquexia

Por sua vez a caquexia cujo termo deriva do grego kakos que significa mau e hexis que

significa condiccedilatildeo eacute uma doenccedila relacionada com o catabolismo e mediada por uma

inflamaccedilatildeo croacutenica subjacente As suas manifestaccedilotildees cliacutenicas incluem anorexia astenia

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

31

saciedade precoce e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal tais como perda de peso depleccedilatildeo

adiposa e atrofia muscular (Van Kan et al 2008 Hubbard et al 2008)

Sendo conhecida a relaccedilatildeo entre a inflamaccedilatildeo e perda de peso torna-se necessaacuterio

perceber quais os factores intervenientes nesta relaccedilatildeo como por exemplo o aumento da

expressatildeo de leptina resistecircncia agrave insulina ou mudanccedilas na actividade da lipase que

apresentam uma via final comum de anorexia lipoacutelise3e proteoacutelise4 Verifica-se

simultaneamente uma associaccedilatildeo ao aumento de citocinas inflamatoacuterias como a IL-1 IL-6 e

TNF- Perante isto reconhece-se que o tratamento da caquexia recai sobre trecircs pilares

principais nutriccedilatildeo e exerciacutecio fiacutesico reduccedilatildeo da inflamaccedilatildeo e catabolismo e finalmente

agentes anabolizantes (Van Kan et al 2008)

O facto de a caquexia ser frequentemente observada em idosos e ser mediada por

inflamaccedilatildeo croacutenica permite que seja considerada um factor que relaciona a inflamaccedilatildeo com o

envelhecimento (Hubbard et al 2008)

Perda de peso e alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal

Conforme anteriormente referido o envelhecimento frequentemente acompanhado por

perda de peso estaacute tambeacutem associado a um notaacutevel nuacutemero de mudanccedilas na composiccedilatildeo

corporal incluindo reduccedilatildeo da massa magra e aumento da massa gorda Deste modo eacute

importante compreender a fisiologia da regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos para distinguir

o envelhecimento normal das variaccedilotildees de peso patoloacutegicas associadas a doenccedila subjacente

(Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008)

No que diz respeito agrave perda de peso existem vaacuterios estudos mencionados por Yukawa et

al (2008) que mostram anormalidade na regulaccedilatildeo do peso corporal em idosos o que natildeo se

3 Diminuiccedilatildeo da massa gorda4 Diminuiccedilatildeo da massa magra

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

32

observa em jovens apoacutes um breve periacuteodo de reduccedilatildeo alimentar Esta alteraccedilatildeo torna-se

preocupante porque a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees havendo mesmo quem afirme que em idosos prenuncia

institucionalizaccedilatildeo e morte (Yukawa et al 2008Miller e Wolfe 2008 Hubbard et al 2008)

Apesar da perda de peso por carecircncias nutricionais ter este efeito prejudicial o mesmo natildeo

acontece nas situaccedilotildees em que apenas haacute discreta diminuiccedilatildeo da ingestatildeo de calorias Nesta

sequecircncia cita-se Contestabile (2009) que defende que uma restriccedilatildeo caloacuterica prolongada

combate o envelhecimento e prolonga a esperanccedila meacutedia de vida havendo pesquisas recentes

que forneceram informaccedilotildees soacutelidas no conceito de que a limitaccedilatildeo da ingestatildeo de calorias

retarda o envelhecimento cerebral e parece prevenir o aparecimento de doenccedilas

neurodegenerativas associadas agrave idade (Contestabile 2009)

Inclusivamente de acordo com o NIA Workshop on Inflammation Inflammatory

Mediators and Aging (Li et al 2005) uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo caloacuterica sem

evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou aumentar a

esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas associadas agrave

idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos (Li et al 2005) Os estudos nesta aacuterea iniciaram-se

em 1935 e Mehta e Roth (2009) referem que apesar do stresse ser um dos principais motores

do processo de envelhecimento a restriccedilatildeo caloacuterica eacute o uacutenico factor modificaacutevel com

comprovado efeito no aumento da longevidade e na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas

aos jovens Destas caracteriacutesticas salientam-se uma funccedilatildeo imunoloacutegica eficaz e o aumento

dos niacuteveis de actividade fiacutesica e mental (Mehta e Roth 2009) Aleacutem disso de acordo com

Weindruch (1995) existem estudos que apoiam a hipoacutetese de que a restriccedilatildeo caloacuterica

contribui indirectamente para retardar o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

33

Quanto agrave diminuiccedilatildeo da massa magra ocorre principalmente como resultado da perda de

muacutesculo esqueleacutetico e de acordo com Evans e Cyr-Campbell (1997) decai cerca de 15

entre a terceira e oitava deacutecadas de vida em indiviacuteduos sedentaacuterios (Evans e Cyr-Campbell

1997) O envelhecimento muscular pode causar dano oxidativo no DNA liacutepidos e proteiacutenas

alteraccedilotildees que estatildeo associadas a atrofia perda do nuacutemero de fibras e reduccedilatildeo da forccedila

muscular (Jensen 2008) A esta perda progressiva de massa e forccedila muscular associada ao

envelhecimento designa-se sarcopenia do Grego pobreza de carne eacute a perda degenerativa

de massa e forccedila nos muacutesculos com o envelhecimento uma importante causa de morbilidade

e factor de risco para quedas com interferecircncia na fragilidade e incapacidade dos idosos

(Marcell 2003 Robinson et al 2008) Atinge cerca de 13 das mulheres e 23 dos homens

com mais de 60 anos havendo perda progressiva de aproximadamente 1-2 de massa

muscular por ano apoacutes os 50 anos (Jensen 2008) As perdas de massa muscular contribuem

para a diminuiccedilatildeo da taxa metaboacutelica basal forccedila muscular e niacuteveis de actividade que por sua

vez satildeo a causa de diminuiccedilatildeo das necessidades energeacuteticas em idosos Acredita-se que a

reduccedilatildeo da forccedila muscular em idosos eacute a causa principal da elevada incapacidade funcional

que atinge esta faixa etaacuteria e consequentemente um factor de peso na necessidade de

institucionalizaccedilatildeo (Marcell 2003 Robinson et al 2008)

A sarcopenia tem uma patogeacutenese multifactorial como diminuiccedilatildeo do aporte proteico

anorexia decliacutenio da actividade fiacutesica apoptose inflamaccedilatildeo e alteraccedilotildees hormonais

(Figura16) (Jensen 2008) Aleacutem destes e como referido no Framingham Heart Study

(Payette et al 2003) tambeacutem niacuteveis celulares elevados de IL-6 tecircm efeito prenunciador de

sarcopenia particularmente em mulheres (Payette et al 2003)

Apesar da importacircncia oacutebvia da sarcopenia em termos de sauacutede puacuteblica o papel da dieta e

do estado nutricional na sua etiologia eacute ainda pouco conhecido No entanto sendo a dieta um

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

34

factor modificaacutevel eacute importante saber mais sobre a sua funccedilatildeo no desenvolvimento da

sarcopenia

Figura 16 ndash Patogeacutenese multifactorial da sarcopenia (adaptado de Jensen 2008)

Os estudos recentes que surgem neste sentido apesar de evocarem um nuacutemero limitado de

nutrientes permitem tirar algumas elaccedilotildees entre elas que a ingestatildeo proteica insuficiente

muito frequente em idosos resulta em sarcopenia (Robinson et al 2008) Contudo natildeo se

verifica que a administraccedilatildeo de suplementos de proteiacutenas influencie a funccedilatildeo muscular (Fujita

e Volpi 2004)

No que diz respeito a micronutrientes Semba (2006) refere que baixas concentraccedilotildees de

carotenoides folato zinco seleacutenio e vitaminas A D E B6 e B12 satildeo um factor de risco

independente da debilidade em idosos (Semba et al 2006) Destes salienta-se a influecircncia da

vitamina D cujo benefiacutecio foi observado tambeacutem nos estudos de Bischoff-Ferrari (2004)

onde se verificou que concentraccedilotildees mais elevadas desta vitamina estatildeo associadas a uma

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

35

melhor funccedilatildeo muacutesculo-esqueleacutetica dos membros inferiores em indiviacuteduos de idade igual ou

superior a 60 anos e consequentemente a uma reduccedilatildeo de 20 do risco de quedas (Bischoff-

Ferrari et al 2004)

Possivelmente devido agrave acccedilatildeo anti-inflamatoacuteria dos aacutecidos gordos -3 presentes no peixe

a ingestatildeo deste alimento revelou-se tambeacutem beneacutefica na prevenccedilatildeo de sarcopenia (Robinson

et al 2008)

Estando o stresse oxidativo envolvido na patogeacutenese da sarcopenia os antioxidantes

assumem um papel de crescente interesse no desenvolvimento da referida patologia

(Robinson et al 2008) Neste contexto surgiram vaacuterios estudos nomeadamente a avaliaccedilatildeo

da produccedilatildeo de radicais livres no muacutesculo esqueleacutetico suplementos de antioxidantes com

intenccedilatildeo de retardar a sarcopenia utilizaccedilatildeo de modelos animais geneticamente modificados e

determinaccedilatildeo da influencia da restriccedilatildeo caloacuterica sobre o stresse oxidativo em muacutesculos

esqueleacuteticos especiacuteficos (Weindruch 1995)

Apesar de numa primeira abordagem se poderem confundir as diferenccedilas entre sarcopenia

e caquexia satildeo claras O apetite e peso corporal estatildeo diminuiacutedos em situaccedilotildees de caquexia

mas natildeo sofrem alteraccedilotildees na sarcopenia contrariamente agraves citocinas que aumentam na

caquexia desconhecendo-se o seu papel na sarcopenia A massa gorda livre estaacute diminuiacuteda

em ambas as situaccedilotildees apesar dessa diminuiccedilatildeo ser mais acentuada na caquexia

Relativamente a doenccedilas inflamatoacuterias estatildeo presentes apenas na caquexia (Tabela 1)

(Jensen 2008)

Como anteriormente referido aleacutem da reduccedilatildeo de massa magra as mudanccedilas na

composiccedilatildeo corporal que advecircm com o envelhecimento incluem o aumento da massa gorda

Perante isto acredita-se que a reduccedilatildeo das necessidades energeacuteticas que ocorre no idoso natildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

36

estaacute aliada a um apropriado decliacutenio do consumo energeacutetico obtendo como resultado final o

aumento do conteuacutedo de gordura corporal (Evans e Cyr-Campbell 1997)

Tabela 1 ndash Diferenccedilas entre Sarcopenia e Caquexia (Adaptado de Jensen 2008)

Sarcopenia Caquexia

Apetite Natildeo afectado Suprimido

Peso corporal Pode permanecer normal Diminuiacutedo

Massa gorda livre Diminuiacutedo Muito diminuiacutedo

Albumina plasmaacutetica Normal Reduzida

Citocinas (poucos estudos) Aumentado

Doenccedilas inflamatoacuterias Natildeo presentes Presentes

O envelhecimento estaacute bastante associado ao aumento do Iacutendice de Massa Corporal

(IMC) facto que natildeo se deve apenas ao acreacutescimo de massa gorda mas tambeacutem agrave diminuiccedilatildeo

da estatura que vai ocorrendo com o passar dos anos Ou seja segundo Van Kan et al (2008)

com o envelhecimento haacute perda cumulativa de 3 cm nos homens e 5 cm nas mulheres na faixa

etaacuteria dos 30 aos 70 anos valores que sobem para 5 cm em homens e 8 cm em mulheres com

mais de 80 anos Esta modificaccedilatildeo da altura induz um falso aumento do IMC de 15 Kgm2

em homens e 25 Kgm2 em mulheres (Van Kan et al 2008)

A obesidade caracterizada por um IMC igual ou superior a aproximadamente 30 Kgm2 eacute

um factor de risco para muitas doenccedilas entre elas as cardiovasculares o que justifica a sua

associaccedilatildeo a elevadas taxas de morbilidade e mortalidade (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

37

Papel das hormonas na regulaccedilatildeo do peso corporal

Sendo o peso corporal um factor inequivocamente associado ao envelhecimento justifica-

se o estudo dos seus mecanismos fisioloacutegicos Entre alguns dos factores jaacute descritos e outros

em fase de investigaccedilatildeo salienta-se o papel das hormonas na sua regulaccedilatildeo

Neste sentido a descoberta de hormonas intestinais que regulam o balanccedilo energeacutetico tem

despertado grande interesse na comunidade cientiacutefica Algumas destas hormonas modulam o

apetite e saciedade agindo sobre o hipotaacutelamo ou nuacutecleo do trato solitaacuterio no tronco cerebral

Em geral os sinais endoacutecrinos gerados no intestino possuem directa ou indirectamente

atraveacutes do sistema nervoso autoacutenomo efeitos anorexiantes (Crespo et al 2009) Assim o

estado nutricional pode ter interferecircncia das hormonas associadas agrave regulaccedilatildeo do apetite

particularmente a grelina que estimula a fome a leptina que promove a saciedade e a

adiponectina com efeito na resposta agrave insulina (Figura 17) (Carlson et al 2009)

A grelina eacute uma hormona gaacutestrica que tem sido consistentemente associada ao iniacutecio da

ingestatildeo de alimentos sendo considerada o principal estimulante de apetite tanto em modelos

animais como humanos (Crespo et al 2009)

O efeito da grelina sobre o apetite foi estudado por Hotta et al (2009) tendo estes autores

verificado diminuiccedilatildeo dos sintomas de desconforto gastrointestinal e aumento da sensaccedilatildeo de

fome e da ingestatildeo diaacuteria de calorias com consequente aumento dos niacuteveis seacutericos de

proteiacutenas totais e trigliceriacutedeos seacutericos apoacutes infusatildeo de grelina 12-36 superior ao habitual

(Hotta et al 2009)

Aleacutem de estimular o apetite e o balanccedilo energeacutetico esta hormona possui outros efeitos

nomeadamente estimulaccedilatildeo da secreccedilatildeo da hormona do crescimento ACTH e prolactina

modulaccedilatildeo da funccedilatildeo do pacircncreas endoacutecrino inibiccedilatildeo do eixo hipoacutefise-gonadal e acccedilatildeo

cardiovascular Apesar do controlo da secreccedilatildeo de grelina natildeo estar bem estabelecido

reconhece-se que a nutriccedilatildeo eacute um importante regulador (Cordido et al 2009)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

38

Figura 17 ndash Regulaccedilatildeo do apetite por mecanismos retroactivos (Adaptado de Lopes e Egan 2006)

Pelo acima postulado tem-se explorado a hipoacutetese que antagonistas do receptor da grelina

possam ser usados como agentes anti-obesidade bloqueando o sinal de apetite do trato

gastrointestinal para o ceacuterebro Aleacutem disto agonistas inversos do receptor da hormona podem

bloquear a actividade do receptor constitutivo elevando o limiar de fome entre as refeiccedilotildees

(Cordido et al 2009)

A leptina uma hormona anorexiacutegena acima mencionada tem efeito a niacutevel cerebral na

supressatildeo do apetite reduccedilatildeo da ingestatildeo alimentar e aumento da termogeacutenese

provavelmente por inibiccedilatildeo da siacutentese e libertaccedilatildeo do neuropeptiacutedio Y hipotalacircmico (Hubbard

et al 2008 Yukawa et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

39

A maioria das pessoas obesas apresenta resistecircncia agrave leptina com altas concentraccedilotildees

desta hormona de acordo com a sua elevada massa gorda Contudo a leptina plasmaacutetica natildeo

se associa a maior apetite e menor gasto energeacutetico destes pacientes (Hubbard et al 2008)

Os estudos que mencionam os efeitos do envelhecimento sobre a concentraccedilatildeo de leptina

plasmaacutetica apesar de serem escassos e na sua maioria excluiacuterem os mais idosos mostraram

maiores concentraccedilotildees plasmaacuteticas de leptina em proporccedilatildeo a maior massa de gordura

menores concentraccedilotildees de leptina com idade avanccedilada e baixa relaccedilatildeo entre leptina e gordura

corporal em indiviacuteduos de meia-idade e idosos A leptina eacute significativamente menor em

pacientes caqueacutecticos com cancro e insuficiecircncia cardiacuteaca do que naqueles sem estas

patologias mesmo apoacutes correcccedilatildeo do peso corporal (Hubbard et al 2008)

A siacutentese de leptina eacute tambeacutem estimulada por algumas citocinas inflamatoacuterias como IL-1 e

TNF- as quais tal como referido anteriormente podem estar aumentadas em situaccedilotildees de

perda de peso involuntaacuteria e envelhecimento (Yukawa et al 2008)

A adiponectina eacute uma hormona produzida exclusivamente pelo adipoacutecito durante a sua

diferenciaccedilatildeo que aumenta os seus niacuteveis com a perda de peso eacute modeladora de diversos

processos nomeadamente do metabolismo dos liacutepidos e da glicose (Ordovas 2007) Eacute

considerada um agente anti-inflamatoacuterio devido agrave inibiccedilatildeo de TNF- induccedilatildeo da activaccedilatildeo do

factor nuclear kappa B (NF-B) inibiccedilatildeo da expressatildeo de moleacuteculas de adesatildeo e reduccedilatildeo da

formaccedilatildeo de ceacutelulas espumosas Deste modo baixos niacuteveis de adiponectina estatildeo associados a

obesidade doenccedila cardiovascular diabetes mellitus tipo 2 e insulinoresistecircncia assim como

altas concentraccedilotildees desta hormona podem ser identificadas em situaccedilotildees de dieta saudaacutevel e

decliacutenio da massa corporal (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

40

Papel da dieta

A importacircncia de um estilo de vida saudaacutevel especialmente atraveacutes de uma alimentaccedilatildeo

racional e equilibrada eacute bem conhecida estando associada a uma maior longevidade com boa

qualidade de vida (Ordovas 2007)

Ordovas (2007) refere estudos que estabelecem relaccedilatildeo entre dieta e geneacutetica que

posteriormente modulam marcadores de inflamaccedilatildeo os quais produzem tanto efeitos

positivos como negativos dependendo das alteraccedilotildees na rede de expressatildeo geneacutetica (Ordovas

2007)

Relativamente agrave dieta tem sido estudada a sua relaccedilatildeo com doenccedilas proacuteprias do

envelhecimento nomeadamente doenccedila cardiovascular diabetes mellitus osteoporose

neoplasia e demecircncia (Ordovas 2007 Van Kan et al 2008)

Doenccedila cardiovascular

O factor alimentar com maior interferecircncia na doenccedila cardiovascular eacute a dieta rica em

gordura No entanto existem diversos tipos de gorduras com diferentes efeitos no sistema

cardiovascular os quais tambeacutem sofrem influecircncia da predisposiccedilatildeo geneacutetica Ou seja as

gorduras saturadas propiciam doenccedila cardiovascular atraveacutes nomeadamente do seu efeito

favorecedor de aterosclerose enquanto que as gorduras monoinsaturadas tecircm um efeito

protector relativamente agrave referida doenccedila Aleacutem disso o mesmo tipo de dieta pode ser

prejudicial em indiviacuteduos susceptiacuteveis e o mesmo natildeo acontecer noutras pessoas (Ordovas

2007)

Uma dieta muito estudada e reconhecida como beneacutefica para os problemas

cardiovasculares eacute a Mediterracircnea caracterizada pelo alto consumo de frutas legumes patildeo

leguminosas azeite e peixe os quais satildeo pobres em gorduras saturadas e ricos em gorduras

monoinsaturadas e fibras (Ordovas 2007)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

41

Neoplasias

Apesar de as neoplasias natildeo serem uma consequecircncia inevitaacutevel do envelhecimento

dependendo da susceptibilidade individual estes processos estatildeo intimamente relacionados

Existem vaacuterias evidecircncias que a maioria das causas de carcinoma satildeo ambientais o que

significa que muitas poderiam ser prevenidas As propostas que as situaccedilotildees oncoloacutegicas

podem ser prevenidas e satildeo influenciadas pela alimentaccedilatildeo estado nutricional actividade

fiacutesica e composiccedilatildeo corporal jaacute satildeo haacute muito conhecidas (Van Kan et al 2008)

A carcinogeacutenese pode ter origem numa inflamaccedilatildeo croacutenica que induza mutaccedilotildees

geneacuteticas inibiccedilatildeo da apoptose estimulaccedilatildeo da angiogeacutenese e proliferaccedilatildeo celular O referido

processo inflamatoacuterio pode ser afectado directamente por antigeacutenios presentes na dieta ou

indirectamente atraveacutes de alteraccedilotildees geneacuteticas capazes de afectar a utilizaccedilatildeo dos nutrientes

(Patrick 2006)

Uma dieta rica em folato e fibras nomeadamente atraveacutes da ingestatildeo de fruta legumes e

vegetais parece ser protectora do cancro colo-rectal Contrariamente a ingestatildeo de carne

vermelha estaacute frequentemente associada ao aumento da incidecircncia do referido carcinoma

(Van Kan et al 2008)

Apesar de duvidoso o efeito protector das fibras possivelmente tambeacutem se verifica no

carcinoma do esoacutefago o qual eacute igualmente influenciado pelos -carotenos (Van Kan et al

2008)

O hepatoma estaacute associado agrave ingestatildeo de alimentos contaminados por aflatoxinas toxinas

fuacutengicas que podem ser encontradas em gratildeos de cereais e amendoins (Van Kan et al 2008)

A ingestatildeo de fruta tem efeito protector nas neoplasias da boca faringe laringe e pulmatildeo

Este uacuteltimo eacute tambeacutem influenciado pela ingestatildeo de carotenoides (Van Kan et al 2008)

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

42

O efeito protector do leite e derivados pode ser observado relativamente aos carcinomas

da vesiacutecula e proacutestata (Van Kan et al 2008)

Osteoporose

A osteoporose eacute uma doenccedila caracterizada por diminuiccedilatildeo da massa oacutessea e deterioraccedilatildeo

da microarquitectura desses tecidos provocando fragilidade oacutessea e consequentemente

aumento do risco de fractura Esta patologia aumenta de incidecircncia com a idade e pode sofrer

a interferecircncia de vaacuterios factores Idade avanccedilada sexo feminino predisposiccedilatildeo geneacutetica

menopausa precoce sedentarismo alcoolismo tabagismo desnutriccedilatildeo e baixa ingestatildeo de

caacutelcio satildeo alguns dos factores de risco desta patologia No que respeita a interferecircncias

alimentares sabe-se que o deacutefice de vitamina D e caacutelcio aumentam os niacuteveis de paratormona

(do inglecircs Parathyroidhormone ndash PTH) a qual promove a reabsorccedilatildeo oacutessea Aleacutem disso a

diminuiccedilatildeo da ingestatildeo proteica pode provocar menor concentraccedilatildeo de IGF-1 (do inglecircs

Insulin-like Growth Factor-1) e consequentemente reduccedilatildeo da formaccedilatildeo oacutessea por outro lado

pode estimular a secreccedilatildeo de citocinas inflamatoacuterias promovendo reabsorccedilatildeo oacutessea (Van Kan

et al 2008)

Demecircncia

A demecircncia eacute uma das principais consequecircncias do envelhecimento daiacute que o interesse

nesta aacuterea seja crescente particularmente sobre os factores protectores e de risco Alguns dos

factores de risco independentes que tecircm sido associados a situaccedilotildees de demecircncia

nomeadamente doenccedila de Alzheimer satildeo o aumento dos niacuteveis de homocisteina deacutefice de

vitamina B e obesidade (Donini et al 2007)

A vitamina B12 e o folato possuem um papel importante na siacutentese de DNA devido agrave

produccedilatildeo de aacutecidos nucleicos Em situaccedilotildees de deacutefice de vitamina B6 estas substacircncias

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

43

podem estar diminuiacutedas o que pode conduzir a baixos niacuteveis de homocisteiacutena No

metabolismo deste composto participam como cofactores o folato e as vitaminas B6 e B12

daiacute que a diminuiccedilatildeo destas substacircncias curse com o aumento dos niacuteveis plasmaacuteticos de

homocisteiacutena (Donini et al 2007)

De acordo com Reynish et al (2001) baixas concentraccedilotildees de vitamina B12 estatildeo

associadas a demecircncia disfunccedilatildeo neuronal e neuropatia perifeacuterica Esta uacuteltima situaccedilatildeo

verifica-se tambeacutem perante deacutefices de vitamina 6 sendo que niacuteveis reduzidos de folato satildeo

encontrados em idosos com depressatildeo (Reynish et al 2001)

Outro factor de risco reconhecido para desenvolvimento de demecircncias eacute a obesidade

Apesar de os estudos efectuados em idosos obesos terem resultados divergentes o mesmo natildeo

sucede na relaccedilatildeo a indiviacuteduos de meia-idade onde se verifica que a obesidade aumenta o

risco de desenvolver algum tipo de demecircncia independentemente de outros factores de risco

(Donini et al 2007) Esta afirmaccedilatildeo foi verificada em diversos estudos entre eles os de

Whitmer et al (2005) e de Rosengren et al (2005) Indiviacuteduos obesos tecircm frequentemente

uma resposta inflamatoacuteria elevada sendo este um dos possiacuteveis factores a interferir na

degradaccedilatildeo neuronal (Donini et al 2007)

Como factores protectores de demecircncia podem-se salientar os antioxidantes e aacutecidos

gordos -3 observando-se que uma dieta rica nestes compostos baixa sobretudo o risco de

doenccedila de Alzheimer (Donini et al 2007)

Tal como previamente referido o excesso de ROS encontra-se associado a diferentes

distuacuterbios neuroloacutegicos como as doenccedilas de Parkinson e Alzheimer sendo um dos motivos

deste facto a neurotoxicidade causada pelo peacuteptido amiloacuteide (Yatin et al 2000 Donini et

al 2007)

Por seu lado Osakada et al (2004) e Ezaki et al (2005) referem que o efeito anti-

inflamatoacuterio da vitamina E devido agrave sua capacidade de suprimir a COX-2 tem uma acccedilatildeo

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

44

neuroprotectora o que contribui para a manutenccedilatildeo das capacidades cognitivas (Donini et al

2007)

A relaccedilatildeo do consumo de aacutecidos gordos -3 com o desenvolvimento de demecircncia foi

estudada por diversos autores Morris et al (2003) concluiacuteram que o consumo de peixe

alimento rico em aacutecidos gordos -3 diminui o risco de demecircncia (Morris et al 2003)

Barberger-Gateau et al (2002) por sua vez identificam a capacidade anti-inflamatoacuteria e

vasoprotectora dos aacutecidos gordos -3 como sendo a responsaacutevel pela regeneraccedilatildeo de ceacutelulas

nervosas (Barberger-Gateau et al 2002)

Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de nutrientes

isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e antioxidantes natildeo

mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo (Donini et al

2007) Isto permite-nos inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados bem como fruta e

vegetais ricos em anti-oxidantes (vitamina E vitamina C flavonoides) (Donini et al 2007)

Uma dieta com estas caracteriacutesticas jaacute referida anteriormente eacute a dieta mediterracircnea alvo de

estudos que a associam a demecircncia entre eles o de Scarmeas et al (2006) que relaciona a

dieta Mediterracircnea agrave reduccedilatildeo do risco de doenccedila de Alzheimer

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

45

CONCLUSAtildeO

O envelhecimento eacute um processo inevitaacutevel a todos os seres vivos que pode ser

influenciado por diversos factores endoacutegenos e exoacutegenos dos quais se salientam a resposta

inflamatoacuteria alteraccedilotildees do peso e composiccedilatildeo corporal

Mesmo em situaccedilotildees natildeo patoloacutegicas cursa com aumento da resposta inflamatoacuteria e

dificuldade na manutenccedilatildeo da homeostasia do organismo alteraccedilotildees que podem traduzir-se

em modificaccedilotildees do ciclo celular com consequente dificuldade na reparaccedilatildeo de danos e morte

celular Aleacutem disso a diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunitaacuteria que lhe eacute imputada associada a uma

inflamaccedilatildeo croacutenica de baixo grau resulta num aumento da vulnerabilidade para doenccedilas

proacuteprias do envelhecimento como doenccedila de Alzheimer aterosclerose diabetes mellitus tipo

2 sarcopenia e osteoporose contribuindo tambeacutem para o substancial risco de mortalidade

Verifica-se que o processo inflamatoacuterio sofre influecircncia do stresse oxidativo citocinas

proacute-inflamatoacuterias proteiacutenas de fase aguda leptina cortisol estrogeacutenios e PGE2

O stresse oxidativo ocorre quando os agentes proacute-oxidantes como ROS e RNS atingem

um determinado limiar de tal modo que as defesas anti-oxidantes deixem de ser suficientes

Apesar de em concentraccedilotildees moderadas serem necessaacuterias para o normal funcionamento das

ceacutelulas actuando a niacutevel da imunidade coagulaccedilatildeo apoptose e cicatrizaccedilatildeo quando

produzidos em excesso as ROS tornam-se toacutexicas causando danos celulares atraveacutes de

mutaccedilotildees de DNA e destruiccedilatildeo de membranas lipiacutedicas o que consequentemente provoca

envelhecimento e desenvolvimento de patologias Uma das alteraccedilotildees provocadas pela

elevaccedilatildeo das ROS eacute a aterosclerose que consequentemente a associa a lesatildeo renovascular e

patologias cardiovasculares como a hipertensatildeo arterial Apesar de vaacuterios autores referirem

esta associaccedilatildeo outros potildeem-na em causa uma vez que a administraccedilatildeo croacutenica de

antioxidantes natildeo cursa com a regularizaccedilatildeo da tensatildeo arterial

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

46

Relativamente agraves variaccedilotildees do peso corporal a funccedilatildeo hormonal assume um papel de

relevo particularmente as que actuam na regulaccedilatildeo do apetite como a grelina estimuladora

da fome a leptina promotora da saciedade e a adiponectina com efeito na resposta agrave

insulina

Se por um lado a perda de peso involuntaacuteria e repentina aleacutem de poder ser indicativa de

doenccedila subjacente eacute um problema associado a resultados adversos tais como maacute cicatrizaccedilatildeo

de feridas e infecccedilotildees que em idosos prenuncia institucionalizaccedilatildeo e morte por outro haacute

quem afirme que a restriccedilatildeo caloacuterica prolongada retarda o envelhecimento cerebral e prolonga

a esperanccedila meacutedia de vida atraveacutes da protecccedilatildeo para doenccedilas neurodegenerativas associadas agrave

idade sendo o uacutenico factor modificaacutevel com comprovado efeito no aumento da longevidade e

na manutenccedilatildeo de caracteriacutesticas associadas aos jovens

Haacute ainda quem seja mais especiacutefico e declare que uma reduccedilatildeo de 30 a 50 da ingestatildeo

caloacuterica sem evidecircncias de desnutriccedilatildeo eacute a uacutenica intervenccedilatildeo dieteacutetica que demonstrou

aumentar a esperanccedila meacutedia de vida e prevenir ou atrasar as alteraccedilotildees fisiopatoloacutegicas

associadas agrave idade em diversas espeacutecies de mamiacuteferos

Quanto agraves alteraccedilotildees da composiccedilatildeo corporal com o passar dos anos haacute perda progressiva

da massa magra em oposiccedilatildeo ao aumento da massa gorda A diminuiccedilatildeo da massa magra

ocorre principalmente como resultado da sarcopenia uma importante causa de morbilidade

em idosos Por tudo isto natildeo satildeo de estranhar os casos de desnutriccedilatildeo e caquexia frequentes

em idosos

Conhecida a importacircncia da resposta inflamatoacuteria no envelhecimento e sabendo que esta

eacute influenciada por factores alimentares eacute importante avaliar o papel da nutriccedilatildeo

nomeadamente o aporte caloacuterico e suplementos dieteacuteticos na regulaccedilatildeo da resposta

inflamatoacuteria para posteriormente compreender a sua relaccedilatildeo com o envelhecimento

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

47

Perante o exposto eacute inequiacutevoca a relaccedilatildeo entre alimentaccedilatildeo e resposta inflamatoacuteria o que

consequentemente interfere no processo de envelhecimento O benefiacutecio da dieta estaacute

associado grandemente a alimentos ricos em agentes anti-oxidantes dos quais se salientam

vitamina C vitamina E -caroteno (precursor da vitamina A) flavonoacuteides seleacutenio zinco e

cobre Assim sendo para se tirar melhor proveito da dieta devem procurar-se alimentos ricos

nestes compostos Contudo e apesar dos benefiacutecios observados suplementos dieteacuteticos de

nutrientes isolados como vitamina B12 folato aacutecidos gordos -3 polinsaturados e

antioxidantes natildeo mostraram diminuiccedilatildeo do risco de demecircncias ou atraso na sua progressatildeo

o que nos permite inferir que o efeito beneacutefico destes nutrientes natildeo se deve a cada um

isoladamente mas agrave dieta saudaacutevel agrave qual estatildeo associados nomeadamente atraveacutes da

ingestatildeo adequada peixe rico em aacutecidos gordos -3 polinsaturados e fruta e vegetais ricos

em anti-oxidantes

Relativamente agrave ingestatildeo de fruta produtos hortiacutecolas e trigo reconhece-se que estaacute

inversamente associada ao risco de inflamaccedilatildeo ou seja o aumento do seu consumo inibe a

resposta inflamatoacuteria Dos compostos bioactivos presentes nos alimentos vegetais que

parecem modular a resposta inflamatoacuteria e imunoloacutegica salientam-se os carotenoides e

flavonoides

Por sua vez o aporte de seleacutenio aacutecidos gordos -3 soacutedio e vitamina A pela dieta ou

atraveacutes de suplementos tem sido igualmente associado agrave induccedilatildeo de resposta proliferativa de

linfoacutecitos T in vitro

Aleacutem da influecircncia sobre a resposta inflamatoacuteria a alimentaccedilatildeo desempenha ainda um

importante papel no desenvolvimento de certas doenccedilas associadas agrave idade

Eacute pois fundamental ter uma alimentaccedilatildeo saudaacutevel e racional com particular atenccedilatildeo agrave

escolha de alimentos ricos em agentes antioxidantes

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

48

REFEREcircNCIAS

1 Agrawal A Lourenccedilo EV Gupta S La Cava A (2008) Gender-Based Differences in

Leptinemia in Healthy Aging Non-obese Individuals Associate with Increased Marker of

Oxidative Stress Int J Clin Exp Med 4 305 ndash 309

2 Aliev G et al (2009) Brain mitochondria as a primary target in the development of

treatment strategies for Alzheimer disease Int J Biochem Cell Biol 41 1989 ndash 2004

3 Aruoma OI (1998) Free radicals oxidative stress and antioxidants in human heath and

disease J Am Oil Chem Soc 75199 ndash 212

4 Baggio G et al (1998) Lipoprotein(a) and lipoprotein profile in healthy centenarians a

reappraisal of vascular risk factors FASEB J 12 433 ndash 437

5 Baker H (2007) Nutrition in the elderly An overview Geriatrics 62 28 ndash 31

6 Barberger-Gateau P et al (2002) Fish meat and risk of dementia cohort study B M J

325 932 ndash 933

7 Bauer V Gergel D (1994) Endothelium and reactive forms of oxygen Bratisl Lek

Listy95 243 ndash 263

8 Beckman JS Koppenol WH (1996) Nitric oxide superoxide and peroxynitrite the good

the bad and the ugly Am J Physiol 271 C1424 ndash C1437

9 Bischoff-Ferrari HA Dawson-Hughes B Willett WC et al (2004) Effect of vitamin D on

falls A meta analysis JAMA 291 1999 ndash 2006

10 Bischoff-Ferrari HA Dietrich T Orav EJ et al (2004) Higher 25-hydroxyvitamin D

concentrations areassociated with better lower-extremity function in both active and inactive

persons aged ge60 y AmJ ClinNutr 80752 ndash 758

11 Brinkley T et al (2009) Chronic Inflammation is Associated with Low Physical Function

in Older Adults Across Multiple Comorbilities Journal of Gerontology 64A 455 ndash 461

12 Bruunsgaard H et al (1999) A high plasma concentration of TNF- is associated with

dementia in centenarians J Gerontol 54A M357 ndash M364

13 Bruunsgaard H et al (2000) Ageing TNF- and atherosclerosis Clin Exp Immunol 121

255 ndash 260

14 Bruunsgaard H Pedersen M Pedersen BK (2001) Aging and Proinflammatory cytokines

Curr Opin Hematol8 131 ndash 136

15 Campbell WW Trappe TA Wolfe RR et al (2001) The recommended dietary allowance

for protein may notbe adequate for older people to maintain skeletal muscle J Gerontol A

BiolSci Med Sci 56373 ndash 380

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

49

16 Carlson JJ Turpin AA Wiebke G Hunt SC Adams TD (2009) Pre- and post- prandial

appetite hormone levels in normal weight and severely obese womenNutr amp Metab 6 32 ndash

40

17 Cheeseman KH Slater TF (1993) An Introduction to free radical biochemistry Br Med

Bull 49481-493

18 Chin A Paw MJ De Jong N Pallast E Kloek G Schouten E Kok F (2000) Immunity in

frail elderly A randomized controlled trial of exerciseand enriched foods Med Sci Sports

Exerc322005 ndash 2011

18 Cohen HJ et al (1997) The association of plasma IL-6 levels with functional disability in

community dwelling elderly J Geront 52 M201 ndash M208

19 Contestabile A (2009) Benefits of caloric restriction on brain aging and related

pathological states understanding mechanisms to devise novel therapies Curr Med Chem

16 350 ndash 361

20 Cordido F Isidro ML et al (2009) Ghrelin and growth hormone secretagogues

physiological and pharmacological aspectCurr Drug Discov Technol 6 34 ndash 42

21 Crespo MA et al (2009) Gastrointestinal hormones in food intake control

EndocrinolNutr 56 317 ndash 330

22 Donini LM Felice MR Cannella C (2007) Nutritional status determinants and cognition

in the elderly Arch Gerontol Geriatr Suppl 1 143 ndash 153

23 Evans WJ Cyr-Campbell D (1997) Nutrition exercise and healthy aging J Am Diet

Assoc 97 632 ndash 638

24 Ezaki Y et al (2005) Vitamin E prevents the neuronal cell death by repressing

cyclooxygenase-2 activity Neuro- Report 16 1163 ndash 1167

25 Ferreira ALA Matsubara LS (1997) Radicais livres conceitos doenccedilas relacionadas

sistema de defesa e stresse oxidativo Ver AssocMeacutedBras V 43 1 ndash 16

26 Ferreira F Ferreira R Duarte JA (2007) Stress oxidativo e dano oxidativo muscular

esqueleacutetico influecircncia do exerciacutecio agudo inabitual e do treino fiacutesico Rev Port Cien Desp 7

257 ndash 275

27 Filippin LI Vercelino R Marroni NP Xavier RM (2008) Influecircncia de processos redox

na resposta inflamatoacuteria da artrite reumatoacuteide Ver Braacutes Reumatol 48 17 ndash 24

28 Franceschi C (2007) Inflammaging as a major characteristic of old people can it be

prevented or cured Nutrition Reviews 65 S173 ndash S136

29 Fujita S Volpi E (2004) Nutrition and sarcopenia of ageing Nutrition Research Reviews

17 69 ndash 76

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

50

30 Giunta B et al (2008) Inflammaging as a prodrome to Alzheimerrsquos disease Journal of

Neuroinflammation 5 51

31 Giunta S (2008) Exploring the complex relations between inflammation and aging

(inflamm-aging) anti-inflamm-aging remodelling of inflamm-aging from robustness to

frailty Inflammation Research 57 558 ndash 563

32 Halliwell B Gutteridge JMC (1999) Free radicals in biology and medicine Oxford

University Press Oxford UK

33 Hotta M Ohwada R et al (2009) Ghrelin increases hunger and food intake in patients

with restriction- type anorexia nervosa a pilot study Endocr J PMID 19755753

34 httpwwwnutritionaloncologyorg

35 Hubbard RE OrsquoMahony MS Calver BL Woodhouse KW (2008) Nutrition

inflammation and leptin levels in aging and frailty J Am Geriatr Soc 56 279 ndash 284

36 Jensen GL (2008) Inflammation roles in aging and sarcopenia J Parenter Enteral

Nutr32 656 ndash 659

37 Kelly SA et al (1998) Oxidative Stresse in Toxicology Established Mammalian and

Emerging Piscine Model Systems Environmental Health Perspectives106 375 ndash 384

38 Kondo T et al (2009) Roles of Oxidative Stress and Redox Regulation in

Atherosclerosis J AtherosclerThromb PMID 19749495

39 Koppenol WH (1998) The basic chemistry of nitrogen monoxide and peroxynitrite Free

Radie Biol Med25385 ndash 391

40 Li R et al (2005) Workshop summary ndash NIA Workshop on inflammation inflammatory

mediators and aging Bethesda 2004 National Institute on aging 1 ndash 63

41 Ligthart GJ et al (1984) Admission criteria for immunogerontological studies in man the

SENIEUR protocol Mech Ageing Dev 28 47 ndash 55

42 Lopes HF Egan BM (2006) Desiquiliacutebrio autonoacutemico e siacutendrome metaboacutelica parceiros

patoloacutegicos em uma pandemia global emergente Arq Braacutes Cardiol 87 538 ndash 547

43 Marcell TJ (2003) Sarcopenia causes consequences and preventions J Gerontol A Biol

Sci Med Sci 58 911ndash 916

44 Mazari L Lesourd B (1998) Nutritional influences on immune response inhealthy ages

persons Mechanisms Ageing Dev 104 25 ndash 40

45 Mehta LH Roth GS (2009) Caloric restriction and longevity the science and the ascetic

experience Ann N Y Acad Sci 1172 28 ndash 33

46 Meydani SN Wu D (2007) Age-associated Inflammatory Changes Role of Nutritional

Intervention Nutrition Reviews 65 S213 ndash S216

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

51

47 Meydani SN Wu D (2008) Nutrition and age-associated inflammation implications for

disease prevention J Parenter Enteral Nutr32 626 ndash 629

48 Miller SL Wolfe RR (2008) The Danger of Weight Loss in the ElderlyThe Journal of

Nutrition Healthy amp Aging12 487 ndash 491

49 Moncada S Palmer RMJ Higgs EA (1991) Nitric oxide physiology pathophysiology

and pharmacology Pharmacol Rev 43 109 ndash 142

50 Morris MC et al (2003) Consumption of fish and n-3 fatty acids and risk of incident

Alzheimer disease Arch Neurol 60 940 ndash 946

51 Mota Pinto A Santos Rosa MA (2002) Imunidade e envelhecimento a autoimunidade

nos idosos Geriatria 15(144) 20 ndash 33

52 Ordovas J (2007) Diet genetic interactions and their effects on inflammatory markers

Nutr Rev 65 S203 ndash S207

53 Osakada F et al (2004) -tocotrienol provides the most potent neuroprotection among

vitamin E analogs on cultured striatal neurons Neuropharmacology 47 904 ndash 915

54 Paolisso G Rizzo MR et al (1998) Advancing Age and Insulin Resistance Role of

Plasma Tumor Necrosis Factor-Alpha Am J Physiol Endocrinol Metab 38 E294 ndash E299

55 Patrick J (2006) Living Well to 100 Is inflammation central to aging Proceedings of a

conference ndash Boston Nutr Rev 65 S139 ndash 259

56 Payette H et al (2003) Insulin-Like Growth Factor-1 and Interleukin 6 Predict Sarcopenia

in Very Old Community-Living Men and Women The Framingham Heart StudyJournal of

the American Geriatrics Society 51 1237 ndash 1243

57 Pechanova O Simko F (2009) Chronic antioxidant therapy fails to ameliorate

hypertension potential mechanisms behind 27 S32 ndash 36

58 Pieczenik SR Neustadt J (2007) MitochondrialDysfunctionand Molecular Pathways of

Disease Experimental and Molecular Pathology83 84 ndash 92

59 Queiroz SL Batista AA (1999) Funccedilotildees bioloacutegicas do oacutexido niacutetrico Quim Nova 22 584

ndash 590

60 Reynish W Andrieu S et al (2001) Nutritional factors and Alzheimerrsquos disease J

Gerontol A Biol Sci Med Sci 56 M675 ndash M680

61 Robinson SM Jameson KA Batelaan SF et al (2008) Diet and its relationship with grip

strength in community-dwelling older men and women the Hertfordshire Cohort Study J Am

Geriatr Soc 56 84 ndash 90

62 Rosengren A et al (2005) BMI other cardiovascular risk factors and hospitalization for

dementia Arch Intern Med 165 321 ndash 326

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

52

63 Scarmeas N et al (2006) Mediterranean diet and risk for AD Ann Neurology 59 912 ndash

921

64 Semba RD Bartali B Zhou J et al (2006) Low serum micronutrient concentrations

predict frailty amongolder women living in the community J Gerontol A BiolSci Med Sci

61594 ndash 599

65 Suffredini AF Fantuzzi G Badolato R et al (1999) New insights into the biology of

acute phase response J Clin Immunol 19 203 ndash 314

66 Touyz RM (2004) Reactive Oxygen Species Vascular Oxidative Stress and

RedoxSignaling in Hypertension Hypertension 44 248 ndash 252

67 Van Kan GA et al (2008) Nutrition and Aging The Carla Workshop The Journal of

Nutrition Health amp Aging12 355 ndash 364

68 Wardwell L (2008) Chapman-Novakofski K et al Nutrient intake and immune function

of elderly subjects J Am Diet Assoc 108 2005 ndash 2012

69 Watzl B (2008) Anti-inflammatory effects of plant-based foods and of their constituents

Int J Vitam Nutr Res 78 293 ndash 298

70 Weindruch R (1995) Interventions based on the possibility that oxidative stress

contributes to sarcopenia JGerontol A BiolSciMedSci 50157 ndash 161

71 Whitmer RA et al (2005) Obesity in middle age and future risk of dementia a 27 year

longitudinal population based study B M J 330 1360

72 Xing D Nozell S et al (2009) Estrogen and mechanisms of vascular protection

Arterioscler Thromb Vasc Biol 29 289 ndash 295

73 Yatin SM Varadarajan S Butterfield DA (2000) Vitamin E prevents Alzheimerrsquos

amyloid beta-peptide (1-42)-induced neuronal protein oxidation and reactive oxygen species

production J Alzheimer Dis 2 123 ndash 131

74 Yudkin JS et al (2000) Inflammation obesity stress and coronary heart disease is

interleukin-6 the link Atherosclerosis 148 209 ndash 214

75 Yukawa M Phelan EA et al (2008) Leptin levels recover normally in healthy older

adults after acute diet-induced weight loss The Journal of Nutrition Health amp Aging12 652

ndash 656

76 Zhang H Bhargeva K et al (2002) Transmembrane nitration of hydrophobic tyrosyl

peptides J Biol Chem 278 8969 ndash 8978

77 Zhang DX Gutterman DD (2006) Mitochondrial reactive oxygen species-mediated

signaling in endothelial cells AJP- Heart Circ Physiol 292 H2023 ndash H2031

ging 12 652 ndash 656

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

53

ACROacuteNIMOS

Cl- ndash Iatildeo cloreto

cONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase constitutiva

COX-2 ndash Ciclooxigenase 2

CO32- ndash Iatildeo carbonato

CO3- ndash Radical aniatildeo carbonato

CuZn-SOD ndash superoxido dismutase citoplasmaacutetica

DNA ndash do inglecircs Deoxyribonucleic acid

EC-SOD ndash superoxido dismutase extracelular

GR ndash Glutationa redutase

GSH ndash Glutationa

GSH px ndash Glutationa peroxidase

H2O2 ndash Peroacutexido de hidrogeacutenio

HOCl ndash Aacutecido hipocloroso

IFN- ndash Interferatildeo

IFN- ndash Interferatildeo

IGF-1 ndash do inglecircs Insulin-like Growth Factor-1

IKK ndash Inibidor kappaquinase

IkB ndash Inibidor kappa-B

IL ndash Interleucina

IL-1Ra ndash Antagonistas dos receptores da interleucina 1

IMC ndash Iacutendice de massa corporal

iONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase indutivel

LPS ndash Lipopolissacaridos

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina

A influecircncia da Nutriccedilatildeo na Resposta Inflamatoacuteria e no Envelhecimento

54

Mn-SOD ndash superoxido dismutase mitocondrial

NADPH oxidase ndash do inglecircs nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

NF-kB ndash do inglecircs Nuclear factor kappa-B

NO ndash Oacutexido niacutetrico

NO2- ndash Iatildeo nitrito

NO2 ndash Nitrogeacutenio

NO3- ndash Iatildeo nitrato

O2- ndash Iatildeo superoacutexido

OH ndash Radical hidroxilo

ONOO- ndash Peroxinitrito

ONS ndash Oacutexido niacutetrico sintetase

PCR ndash Proteiacutena C reactiva

PGE2 ndash Prostaglandina E2

PTH ndash do inglecircs Parathyroidhormone

ROS ndash do inglecircs Reactive Oxygen Species

RNS ndash do inglecircs Reactive Nitrogen Species

SAA ndash do inglecircs Serum amyloid A protein

ndashSH ndash Grupo sulfidrilo

SOD ndash Superoacutexido dismutase

sTNFr ndash Receptor soluacutevel do factor de necrose tumoral

TNF- ndash do inglecircs Tumor necrosis factor

Trx px ndash Tiorredoxina peroxidase

Trx-(SH)2 ndash Tiorredoxina