A influência do ambiente no usuário: Aplicação para um ... · Atentando-se para o fato de que o...

16
Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6 915 EIXO TEMÁTICO: ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade ( ) Educação Ambiental ( ) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental ( ) Gestão dos Resíduos Sólidos ( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico ( ) Mudanças Climáticas ( ) Novas Tecnologias Sustentáveis ( ) Paisagem, Ecologia Urbana e o Planejamento Ambiental (x ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Turismo e o Desenvolvimento Local A influência do ambiente no usuário: Aplicação para um centro de tratamento de transtornos do humor The influence of the environment on the user: Application to a center for treatment of mood disordersTítulo La influencia del ambiente en el usuario: Aplicación para un centro de tratamiento de trastornos del humor Tayná Rosal Arnaldo Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário UNINOVAFAPI, Brasil [email protected] Ana Cristina Claudino de Melo Professora especialista e mestranda, Centro Universitário UNINOVAFAPI, Brasil [email protected] Ana Virgínia Alvarenga Andrade Professora e mestra, Centro Universitário UNINOVAFAPI, Brasil [email protected]

Transcript of A influência do ambiente no usuário: Aplicação para um ... · Atentando-se para o fato de que o...

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

915

EIXO TEMÁTICO: ( ) Bacias Hidrográficas, Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos ( ) Biodiversidade e Unidades de Conservação ( ) Campo, Agronegócio e as Práticas Sustentáveis ( ) Cidade, Arquitetura e Sustentabilidade ( ) Educação Ambiental ( ) Geotecnologias Aplicadas à Análise Ambiental ( ) Gestão dos Resíduos Sólidos ( ) Gestão e Preservação do Patrimônio Arquitetônico, Cultural e Paisagístico ( ) Mudanças Climáticas ( ) Novas Tecnologias Sustentáveis ( ) Paisagem, Ecologia Urbana e o Planejamento Ambiental (x ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Turismo e o Desenvolvimento Local

A influência do ambiente no usuário: Aplicação para um centro de tratamento de transtornos do humor

The influence of the environment on the user: Application to a center for treatment of

mood disordersTítulo

La influencia del ambiente en el usuario: Aplicación para un centro de tratamiento de trastornos del humor

Tayná Rosal Arnaldo Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo, Centro Universitário UNINOVAFAPI, Brasil

[email protected]

Ana Cristina Claudino de Melo Professora especialista e mestranda, Centro Universitário UNINOVAFAPI, Brasil

[email protected]

Ana Virgínia Alvarenga Andrade

Professora e mestra, Centro Universitário UNINOVAFAPI, Brasil [email protected]

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

916

RESUMO Pouco debatida, mas, sentida, mesmo que sem perceber, as relações Homem-Ambiente construído, também definida como Psicologia Ambiental, tem-se mostrado um terreno fértil e instigante para pesquisas, dessa forma, o presente trabalho tem por objetivo analisar como essas relações acontecem, em especial como a arquitetura pode ser usada como mecanismo influenciador na cura nos espaços destinados ao tratamento de transtornos do humor. Para tal foram levantadas referências bibliográficas acerca do tema onde se buscou compreender como funcionam os processos de percepção e cognição humanas, além de trazer quais mecanismos construtivos podem ser usados para que haja a humanização do local, bem como, as interferências dos mesmos sobre os pacientes propondo uma arquitetura que integre usuário e espaço. PALAVRAS-CHAVE: Transtornos de Humor. Psicologia Ambiental. Humanização ABSTRACT It is a little debated but, even without realizing it, the constructed Human-Environment relations, also defined as Environmental Psychology, have been shown to be fertile and exciting field for researches, so the present work has as objective to analyze how these relations happen, especially as architecture can be used as an influencing mechanism in healing in spaces for the treatment of mood disorders. To this end, bibliographical references were raised about the theme in which human perception and cognition processes were investigated, as well as the constructive mechanisms that could be used to allow humanization of the place, as well as their interference with patients proposing an architecture that integrates user and space. KEY WORDS: Mood Disorders. Environmental Psychology. Humanization RESUMEN Poco debatida, pero, sentida, aunque sin percibir, las relaciones Hombre-Ambiente construido, también definida como Psicología Ambiental, se ha mostrado un terreno fértil e instigador para investigaciones, de esta forma, el presente trabajo tiene por objetivo analizar cómo esas relaciones se producen, en especial, cómo la arquitectura puede ser usada como mecanismo influenciador en la cura en los espacios destinados al tratamiento de trastornos del humor. Para ello se levantaron referencias bibliográficas acerca del tema donde se buscó comprender cómo funcionan los procesos de percepción y cognición humanas, además de traer qué mecanismos constructivos pueden ser usados para que haya la humanización del local, así como las interferencias de los mismos sobre los pacientes proponiendo una arquitectura que integre usuario y espacio. PALABRAS CLAVE: Trastornos de Humor. Psicología Ambiental. Humanización

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

917

INTRODUÇÃO

Atentando-se para o fato de que o ser humano está atrelado ao ambiente construído, o

presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise a respeito de como ele pode influenciar

o comportamento de seu usuário, e nesse caso específico, como a arquitetura pode ser usada

como mecanismo influenciador nos espaços destinados ao tratamento de transtornos de

humor. O termo que determina tal fenômeno é conhecido como Psicologia Ambiental, ou seja,

o estudo das relações pessoa ambiente construído que alia conhecimentos da sociologia,

geografia, psicologia e arquitetura (ORNSTEIN, 2005).

A partir da compreensão acerca do espaço onde o mesmo possui uma íntima relação com o

seu usuário mesmo que ele não perceba, e, partindo-se do princípio de que a Arquitetura é

responsável por projetá-los, é fundamental que ele esteja de acordo com as necessidades do

usuário (DUARTE; GONÇALVES, 2005), entretanto, muitas vezes embora um ambiente atenda a

sua função, o indivíduo pode não se sentir bem no local se o mesmo não estimular os seus

sentidos de forma agradável.

Por conseguinte, um arquiteto, ao propor ambientes, deve estar ciente disso, principalmente

se o mesmo é destinado a pessoas com transtornos psíquicos, onde as mesmas geralmente

encontram-se debilitadas ou em crise, assim, encontrar um ambiente nada convidativo pode

gerar complicações no quadro (NOGUEIRA, 2015), como consequência disso surgem

problemáticas como é possível que a arquitetura venha ser agente integrador na cura? Como

os espaços são percebidos e consequentemente qual a influência desses nos usuários?

Questões como essas deverão ser respondidas ao longo do trabalho.

Por muito tempo banalizada, a questão da saúde mental sempre foi cercada por muitos tabus

e preconceitos, a história nos traz que inicialmente no Egito antigo a saúde estava associada às

curas religiosas de tal forma que os enfermos eram levados aos templos e atendidos pelos

sacerdotes onde as doenças eram tratadas como patologias espirituais (FONTES, 2013). Por

muito tempo, os transtornos mentais foram vistos sob uma ótica obscura, não existiam

espaços apropriados para os pacientes nem uma nítida compreensão acerca deles, dessa

forma essas patologias eram “tratadas” em casas de apoio como as chamadas Casas de

Misericórdia.

Após esse período, foi somente no Iluminismo que passou-se a desenvolver hospitais mais

elaborados havendo neles alas onde pessoas com transtornos que representavam riscos à

sociedade eram colocadas, ainda segundo Fontes (2003), foi por volta do século XVIII, que

surgiu a Medicina propriamente dita e a Psiquiatria como sua primeira especialização, antes

chamada de Medicina Mental.

Segundo Quaglia (2017), em linhas gerais transtornos são definidos como desequilíbrios da

ordem mental, dentre eles, estão os classificados os transtornos de humor que caracterizam-se

como alterações do humor ou do afeto dos quais os mais comuns são a depressão, ansiedade e

transtorno bipolar que tem-se configurado como os malefícios da era moderna ocorrendo em

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

918

muitos casos como consequência do novo padrão agitado de vida. Segundo a Organização

Mundial da Saúde – OMS transtornos mentais atingem mais de 400 milhões de pessoas no

mundo e 75% a 85% não tem acesso ao tratamento adequado (EBC, 2013).

Além disso, o último estudo feito pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em

2017 avaliou que o Brasil conta com 7,6% da população adulta (a partir de 18 anos) depressiva

o que corresponde a 11 milhões de pessoas, fato que fez da depressão ser considerada o “Mal

do Século”, complementando, outra pesquisa da OMS de 2015 trazem o Brasil como o

recordista mundial em número de pessoas com transtorno de ansiedade chegando ao todo a

18,6 milhões de cidadãos (PORTAL G1, 2017), e há ainda segundo a Associação Brasileira de

Transtorno Bipolar - ABTB uma média de 4% de brasileiros com transtorno bipolar (EBC, 2013).

Em virtude dos altos índices de casos, tem surgido nos últimos anos novas tipologias

arquitetônicas destinadas ao tratamento de transtornos dentre as quais destacam-se os

hospitais psiquiátricos, as clínicas psicológicas, em sua maioria particulares e especificamente

no Brasil foram criados os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial como uma tentativa

atendimento humanizado e principalmente reinserir na sociedade os indivíduos que

estivessem em regime de internação.

Assim, percebe-se que com o avanço dos conhecimentos acerca dos tratamentos, observa-se

também um desenvolvimento dos espaços, Calmenson (1996, Apud. VASCONCELOS, 2004) traz

que há cerca de 25 anos, a ideia de que o ambiente poderia influenciar o paciente de forma

benéfica ou maléfica era revolucionária, pois, havia um costume de que espaços de saúde

deveriam ser brancos e frios não se imaginando nada diferente, no entanto, como será

mostrado ao longo do trabalho pesquisas indicam a grande influência que um ambiente bem

elaborado pode proporcionar ao seu usuário.

OBJETIVOS

Analisar a influência do espaço no comportamento humano e como isso pode ser

usado no auxílio do tratamento de transtornos de humor.

Compreender o processo cognitivo do homem e sua percepção do local em que está

inserido e como é criada essa imagem

Buscar quais elementos da arquitetura podem humanizá-la de forma a influenciar

positivamente o usuário.

METODOLOGIA

Para que se consiga tais resultados, a metodologia do trabalho se pauta em uma revisão

bibliográfica com embasamento teórico de materiais relacionados ao tema – livros, artigos,

pesquisas, dissertações de mestrado, bem como estudos de casos onde através de análises de

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

919

projetos desenvolvidos sob a ótica da humanização conseguiram atingir importantes

resultados de satisfação de seus usuários.

Dessa forma, os autores usados como referência foram: Ronald de Góes (2011), Maria Cristina

Dias Lay (2006), Juhanni Pallasmaa (2005), Alfredo Iarozinski Neto e Ana Paula Penteado

(2015), Isabela Lino Soares Nogueira (2015) dentre outros.

RESULTADOS

Inicialmente para que se discuta acerca da relação usuário comportamento bem como a

aplicação da arquitetura para locais de tratamento para transtornos de humor é preciso

compreender as patologias citadas, ainda segundo Quaglia (2017) a depressão é uma doença

que se caracteriza como uma tristeza profunda, perda de interesse, distúrbios no sono, apetite

dentre outros sintomas por mais de duas semanas. A bipolaridade define-se pela alternância

entre episódios depressivos e euforia demasiada, já a ansiedade gera sentimentos de medo,

fobias, preocupação excessiva, tensão em níveis leves ou severos cuja frequência a configura

como crônica.

Compreender como o ser humano percebe o ambiente a sua volta é o primeiro passo para o

desenvolvimento de uma arquitetura que o estimule positivamente, a percepção ambiental e a

cognição humana são termos aliados que por vezes se misturam, no entanto, algumas

características tornam o seu conceito mais sólido. Primeiramente em uma hierarquia de

acontecimentos a percepção ocorre primeiro, tendo em vista que ela se dá em virtude do

primeiro contato do indivíduo com o meio.

Existem três vertentes que tratam do conceito de percepção, Reis e Lay (2006) apontam que

no primeiro caso a relação indivíduo ambiente é dada exclusivamente pelos cinco sentidos:

visão, olfato, audição, tato e paladar, podendo também, além dos sentidos agregar fatores

subjetivos como memória e personalidade. Paralelo a isso Penteado e Iarozinski Neto (2015),

afirmam que a visão corresponde à 75% da percepção humana inicial tendo em vista que este

é o sentido dominante nos seres humanos, o som equivale a 20% e os 5% restantes aos demais

sentidos, por outro lado, Pallasmaa (2005), arquiteto finlandês que defende uma arquitetura

completamente integrada e sensorial, assegura que nossa percepção é definida como

resultado de todos os sentidos, não havendo um mais ou menos importante.

Dessa forma, é possível compreender que a percepção ambiental do indivíduo está

intrinsicamente relacionada aos seus sentidos, que por conseguinte, dependem do estímulo

que o espaço irá provocar, Moore e Golledge (REIS e LAY, 2006) arrematam ainda afirmando

que tais estímulos são dependentes das propriedades físicas de cada local, sendo assim, é

possível compreender porque certos elementos projetuais ocasionam efeitos positivos ou não

em seus usuários, como por exemplo um pé direito muito baixo que pode estimular a sensação

de opressão ou sufocamento.

Logo após esse primeiro contato perceptivo do ambiente, o indivíduo passa a assimilar tais

estímulos onde tais sensações passam a possuir significado, sendo isso denominado cognição,

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

920

segundo Piaget (apud. REIS e LAY, 2006), a cognição se refere as construções de sentido na

mente, ou seja, se envolve um processo cumulativo derivado das experiências. Surgida por

volta de 1950, a psicologia cognitiva buscou analisar um novo parâmetro da mente humana

onde é estudado a influência das informações recebidas no comportamento e as relações

destas no processo de aprendizagem.

Corroborando com isso Reis e Lay (2006), contribuem quando dizem que o uso das cidades e

construções depende da intensidade com que suas estruturas são memorizadas e lembradas,

ou seja, dependem de seus processos de percepção e cognição onde tais experiências

adquiriram valor, e assim, no contexto do ambiente construído, a percepção enfatiza o contato

imediato derivado das percepções dos cinco sentidos e a cognição indo além integrando

sentidos, valores, culturas, conhecimentos e experiências.

A partir do momento que se compreende a necessidade do cumprimento da função mental da

arquitetura, é importante que haja um conhecimento da condição humana, dessa relevância

surge a já citada Psicologia Ambiental que estuda as relações pessoa – ambiente. Segundo

Duarte e Gonçalves (2005), arquiteto e psicóloga respectivamente os primeiros passos sobre o

tema foram dados, no período pós-guerra onde houve uma atenção do homem com a sua

presença no espaço onde o conceito de lugar passa a fazer parte das questões teóricas da

arquitetura. Posteriormente autores como Kelvin Lynch (1960) e Aldo Rossi (1966) trataram da

temática da formação da imagem na mente e memória dos usuários, surgindo em paralelo na

Bauhaus a psicologia da Gestalt que tratou a respeito da percepção da arquitetura (DUARTE;

GONÇALVES, 2005).

Historicamente essas abordagens foram denominadas Psicologia Arquitetural e foram

aplicadas principalmente em análises de casas de internações psiquiátricas, principalmente

durante a euforia da Reforma Psiquiátrica, onde se buscou um tratamento humanizado dos

pacientes, fato refletido nos seus locais de tratamento, em seguida tal termo foi denominado

Psicologia Ambiental ganhando um sentido mais amplo.

Em virtude da interdisciplinaridade, Psicologia Ambiental possui um amplo leque de estudos a

ser explorado e usado de forma benéfica, Bernardes (2003) afirma quando um ambiente é

projetado sobre esse viés diversas são as vantagens sobre o usuário, onde:

Tais estudos integrados podem ser usados em benefício de um ambiente pautado em conceitos arquitetônicos, que levam em conta as necessidades e demais aspectos do ser humano, visto que o indivíduo usuário é o centro do ambiente, e assim deve ser um dos focos do programa, enquanto necessidades e níveis de satisfação a serem atendidas (BERNARDES. Et.al. 2003, p. 1).

Por consequência, quando esses conceitos são aplicados na concepção projetual, obtém-se

ambientes mais ricos, preocupados não apenas em obedecer às normas construtivas ou ter

excelente desempenho econômico e energético, mas sim, com foco em quem irá utilizá-lo

atendendo não apenas suas necessidades básicas de abrigo, mas, estimulando e oferecendo

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

921

novas experiências, o que deve ser levado em consideração principalmente em ambientes de

saúde como no objeto de estudo para tratamento psicológico.

Além dos estudos da Psicologia Ambiental, para dar embasamento científico à influência do

espaço no comportamento do usuário surgiu a Psiconeuroimunologia, termo criado por Robert

Ader, onde ela é definida como:

A arte e ciência de criar ambientes que ajudam a evitar doenças, acelerar a cura e promover o bem-estar das pessoas. Estuda os estímulos sensoriais, os elementos do ambiente que os causam, e as relações entre estresse e saúde. Seus estudos demonstram que a variação na quantidade de estímulos sensoriais é necessária, pois a condição de monotonia permanente induz a distúrbios patológicos (VASCONCELOS, 2004, p.46).

Sendo assim, ela se dedica ao estudo de elementos como a luz, a cor, o som, o aroma, a

textura e a forma e como todos esses elementos devem ser aplicados no projeto, o grande

pilar se sustenta no conforto térmico, pois, o mesmo tem uma enorme influência sobre o

usuário, e a exemplo da forma, é assegurado que o uso de variações provoca estímulos

positivos nos pacientes e que as formas puras como circular, triangular ou quadrado trazem a

sensação de segurança e solidez.

Partindo-se para as vias projetuais o termo que está atrelado à arquitetura que cura é

chamado de Humanização. Lyra (2014) em seu trabalho “A humanização da arquitetura

hospitalar em centros de reabilitação infantil”, traz diversos estudos de caso bem sucedidos de

clínicas que se preocuparam com a ambientação de seus espaços para que dessa forma a

rotina se tornasse menos estressante para os acompanhantes e principalmente para as

crianças, onde para elas foram pensadas soluções lúdicas e acolhedoras para que o impacto do

tratamento fosse reduzido, estão entre elas: “A utilização da cor, e madeirados deixa o

ambiente mais humano” (LYRA, 2014, p. 19). Segundo Vasconcelos (2004):

A humanização aproxima o ambiente físico dos valores humanos, tratando o homem como foco principal do projeto. Consiste na qualificação do espaço construído através de atributos projetuais que provocam estímulos sensoriais benéficos aos seres humanos (VASCONCELOS, 2004, p.10).

Completando em vias projetuais, a humanização é conseguida através da integração

interior/exterior por compreender que o ambiente fora do espaço construído possui uma

gama de estímulos como sons, aromas, texturas, ventilação e intensidade luminosa

diferenciada, além de cores e formas diversas que provocam por si só reações no indivíduo, ou

seja usar a arquitetura como meio sensorial provocando reações benéficas no usuário, não se

tratando apenas de estética.

Dessa forma, entender os processos de cognição e percepção humana e posteriormente

aplicá-los nos projetos é de suma importância em todos os ambientes, principalmente em

espaços de saúde tanto físicos quanto mentais onde se busca a cura. Segundo Fontes (2003) é

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

922

necessário que a formação da imagem seja explorada de forma mais consciente e intencional

durante a concepção do projeto. Dilani (2003, apud. NOGUEIRA, 2015, p. 3) diz que “cabe aos

estímulos ambientais despertar reações nos indivíduos, capacitando-os a extrair respostas

fisiológicas a partir de respostas psicológicas”. Isto posto os responsáveis pelo projeto devem

buscar que tais elementos sejam alcançados. Sobre isso Robert Sommer (1973, apud.

NOGUEIRA, 2015, p. 3) diz:

Os projetistas precisam de conceitos que sejam significativos para a forma física e comportamento humano. Muitas coisas da arquitetura influem nas pessoas, embora nem tudo isso chegue à sua consciência. As pessoas não sabem ao certo o que é que, num edifício ou numa sala, as atinge, nem são capazes de exprimir como se sentem em ambientes diferentes. (SOMMER, 1973, apud. NOGUEIRA, 2015, p. 3).

Os estímulos ambientais são inconscientes, no entanto, geram uma resposta comportamental,

Pallasmaa (2011) diz que um projeto arquitetônico tem o poder iniciador, direcionador e

organizador do comportamento e atividades do ser, sendo assim, trazendo para ambientes de

saúde, o processo de cura começa na mente, assim, acompanhando as evoluções técnicas e

tecnológicas que os espaços de saúde, em especial de saúde mental, tem passado ao longo

dos anos é fundamental como afirma Fontes (2003) que essa evolução atinja também os

espaços destinados aos pacientes.

Segundo Alain de Botton (2006) em sua obra “A Arquitetura da Felicidade”, faz parte do ser

humano a vontade de que as construções tenham uso, mas que também, tenham uma

aparência que gere determinado sentimento como, segurança, excitação e harmonia, citando

ainda John Ruskin, acerca do desejo de que as construções nos abriguem e “falem” conosco,

como por exemplo a escadaria central da Vila Savoye de Le Corbusier onde “ele estava

tentando fazer algo mais do que levar as pessoas até um andar acima. Ele estava tentando

sugerir um estado de alma” (BOTTON, 2006, p. 63).

Pallasmaa (2011), sugere uma arquitetura que “intensifique a vida”, ou seja uma arquitetura

significativa onde somos parte do meio através da estimulação sensorial, não se tratando

apenas de seduzir os olhos, gerando uma série de imagens isoladas na retina. Para Botton

(2006), é nos momentos de tristeza ou problemáticas da vida que o homem está mais

receptivo a coisas belas, dando a arquitetura e a arte suas melhores oportunidades,

corroborando ainda mais pela busca de projetos que elevem as sensações humanas.

Sendo assim, a partir do momento que se tem como partido arquitetônico o lado sensorial do

usuário a partir da compreensão da sua cognição e percepção, é o primeiro passo para um

projeto destinados à saúde, tanto física quanto mental, bem sucedido se assegurando no

pensamento de Pallasmaa (2011) quanto ao poder direcionador do comportamento através do

ambiente, complementando, Vasconcelos (2004) traz ainda que em espaços de saúde onde o

paciente é o centro, a relação corpo, mente e espírito é indivisível, dessa forma, a qualidade do

ambiente e a influência seja física ou psicológica que ele exerce sobre o indivíduo se torna uma

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

923

contribuição fundamental para o processo de cura, consistindo então no desenvolvimento de

projetos agradáveis, convidativos, saudáveis e produtivos para seus usuários onde é necessário

que seja reduzida a sensação de confinamento e institucionalização de tais espaços.

A arquitetura deve ser sentida, e para tal, ela necessita ser integrada. A palavra integrar, no

seu sentido mais amplo quer dizer: incorporar um elemento em um conjunto (DICIONÁRIO

ELETRÔNICO HOUAISS apud CIBER DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2007), partindo-se para

o quesito arquitetônico tal conceito leva em conta unir o espaço construído juntamente com o

local onde foi edificado e o seu usuário, em uma completa incorporação do homem com o

meio aliando conceitos construtivos e psicológicos, ou seja, significa unir em um mesmo lugar

homem, natureza e espaço edificado.

Habitar bem implica em um espaço saudável, ou seja, um local livre de interferências externas

e internas que podem vir a prejudicar o usuário. De acordo com Bozza (2016), tais ambientes

geram significativas melhoras neurológicas, auxiliando na tomada correta de decisões menos

impulsivas ou tendenciosas, segundo o Urban Land Institute é possível uma melhora de

produtividade entre 14% a 30% apenas morando ou trabalhando em locais assim, além de que,

existem pesquisadores que acreditam que os lugares interferem em 70% da saúde humana.

A busca por um ambiente adequado as necessidades humanas deve levar em conta o usuário

como um todo. Pallasmaa (2011) em sua obra “Os olhos da pele: A Arquitetura e os Sentidos”

afirma que a arquitetura é multissensorial: “As características do espaço, matéria e escala são

medidas igualmente por nossos olhos, ouvidos, pele, língua, esqueleto e músculos”

(PALLASMAA, 2005, p. 39), dessa forma, havendo tais experiências o indivíduo não se sente um

elemento à parte, mas sim integrante do meio reforçando sua identidade pessoal, como

afirma também Lewontin (2004):

O organismo e o ambiente não são na realidade determinados separadamente. O ambiente não é uma estrutura imposta aos seres vivos de fora, mas é na verdade uma criação desses seres. O ambiente não é um processo autônomo, mas um reflexo da biologia da espécie. Assim como não há organismo sem ambiente, não há ambiente sem organismo (LEWONTIN, in VARELA et al, 2003 apud ALCANTARA; RHEINGATZ, 2004, p.3).

Por se tratar de algo unificado, as impressões causadas pela arquitetura formam um conjunto

que não podem ser divididas, na arquitetura de Frank Lloyd Wright, por exemplo, a fusão dos

volumes, texturas e cores da edificação com os elementos da natureza geram uma experiência

única e que toda “obra de arquitetura não é experimentada como uma coletânea de imagens

visuais isoladas e sim em sua presença material e espiritual totalmente corporificada”

(PALLASMAA, 2005, p. 42).

Seguindo uma linha semelhante a Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto mostra através de seus

projetos o interesse no encontro do objeto construído com o corpo, mais ainda do que na

aparência física, ele ressalta essa preocupação tanto nos móveis produzidos quando na

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

924

arquitetura em si. Seus projetos são caracterizados como sendo feitos manualmente

convidando ao toque humano, criando intimidade e aconchego:

Em vez do idealismo cartesiano e desvinculado do corpo da arquitetura dos olhos, a arquitetura de Aalto se baseia no realismo sensorial. Suas edificações não se baseiam em apenas um conceito dominante ou Gestalt; em vez disso, elas são aglomerações sensoriais. Elas às vezes até parecem deselegantes e mal resolvidas como desenhos, mas são concebidas para serem apreciadas em seu encontro físico e espacial real, “na carne” do mundo vivo, não como construções de uma visão idealizada (PALLASMAA, 2005, p. 67).

Isso posto, a arquitetura integra tanto a mente quanto o material, conforme Le Corbusier

“Contornos e perfis, são a pedra de toque do arquiteto”, posteriormente ainda afirma que a

boa arquitetura deve promover formas moldadas para o “toque” prazeroso dos olhos

(PALLASMAA, 2005, p. 42), assim os indivíduos se identificam com o espaço formando as

identidades de cada ser, ademais, a arquitetura liga-os com o mundo, fato dado através dos

sentidos. A essa função mental do ambiente construído Frank Lloyd Wright afirmou:

O que é mais necessário na arquitetura atual é justamente o que é mais necessário na vida – integridade. Assim como no ser humano, a integridade é a mais profunda qualidade de uma edificação [...] se tivermos sucesso, teremos restado um grande serviço à nossa natureza moral – a psique – de nossa sociedade democrática [...] defenda a integridade de sua edificação como você defende a integridade não apenas na vida daqueles que a fizeram, mas, em termos sociais, pois uma relação recíproca é inevitável (PALLASMAA, 2005, p. 68).

Conseguir essa integração em vias construtivas é algo que merece dedicação, no entanto, não

se tratam de elementos difíceis de obter requerendo apenas análises e estudos, segundo

Botton (2006) embora se acredite que as obras devam ser complicadas, ele afirma que a

grande gama de prédios belos e bem resolvidos são supreendentemente simples e muitas

vezes repetidos em suas formas. Dentre esses elementos, talvez o principal e o mais patente,

mostrado em larga escala nos estudos de caso dos próximos itens, se trata da união do interior

com o exterior, onde para isso, o ideal seja a utilização de generosas janelas, uso do vidro

(protegido quando necessário), jardins internos e quando possível, amplas áreas externas de

jardins, para tal integração Vasconcelos (2004), afirma que é aconselhável que a planta do

edifício seja concebida de forma prioritariamente horizontal.

Gappell (apud. VASCONCELOS, 2004) elencou seis fatores que segundo ele caso sejam

incorporados em um projeto se tornam elementos importantes para o tratamento, são eles:

luz, cor, som, aroma, textura e forma. A luz tanto artificial quanto natural tem influências

diretas sobre o usuário atuando na regulação dos hormônios da serotonina e melatonina, bem

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

925

como o fluxo de sangue no cérebro afetando as funções cognitivas, para tal, a luz natural

conseguida através de grandes janelas, iluminação zenital, uso do vidro, dentre outras é a que

garante melhores resultados nos usuários (BOZZA, 2016).

Com relação à cor, percebe-se que o espectro visível possui diferentes resultados de impacto

psicológico, em resumo obtém-se que as cores quentes são mais estimulantes, enquanto as

frias calmantes, exemplificando, Bozza (2016) traz que o verde por estar no meio do espectro

entre as cores quentes e as frias ajuda no processo de cura e harmonização.

Sobre o som Pallasmaa (2011) afirma que “A experiência auditiva mais fundamental criada

pela arquitetura é a tranquilidade” (PALLASMAA, 2011, p. 48), e tranquilidade implica em

controle acústico, elemento fundamental tipologia arquitetônica desse trabalho,

considerando-se que seus usuários necessitam de calma para tratar suas patologias, bem

como a indispensabilidade de que as salas de atendimento tenham completo controle do som,

tendo em vista a ética do sigilo durante as consultas, segundo Vasconcelos (2004) superfícies

irregulares de paredes e tetos são bons para dispersar o som, Góes (2011), elenca que deve ser

observado a localização do prédio, dimensão e posição das esquadrias e o uso, quando

necessário, de materiais isolantes, além disso, em vias construtivas, pode-se usar o som como

elemento de projeto propondo-se fontes de água que geram tranquilidade e contato com a

natureza.

Para Gappel (1991, apud. VASCONCELOS, 2004), os aromas provocam o mais evocativo dos

sentidos levando rapidamente ao resgate emocional de memórias, o conhecido “cheiro de

hospital” devido medicamentos pode estimular o estresse e ansiedade, sendo assim o ideal é

que se estimule a circulação do ar que combinado com os diferentes aromas provenientes de

jardins possam resultar em um melhor conforto ao usuário.

A variedade de texturas no meio construtivo é algo que cresce a cada dia, afinal, são inúmeros

os tipos de revestimentos que podem ser usados, além disso, a ergonomia dos móveis

também estimula tal aspecto. Por fim, a forma quando explorada provoca estimulações

sensoriais positivas e o uso dos tipos puros como círculo, quadrado e triângulo despertam

equilíbrio (VASCONCELOS, 2004).

Para Góes (2011) o projeto arquitetônico do espaço de saúde deve se pautar em cinco pilares

dentre eles: Conformidade, onde devem ser estabelecidos condições para que cada espaço

cumpra sua função, Contiguidade, a organização dos fluxos e distâncias adequadas,

Expansibilidade, ou seja, a morfologia arquitetônica deve prever futuras ampliações,

Flexibilidade de forma que o projeto possibilite dinâmica para possíveis modificações e

adaptações sem prejudicar o funcionamento e finalmente a Valência que reúne conceitos de

ordenação, funcionalidade e fluxos.

Ainda segundo o autor deve ser elaborado um check-list de todas as instalações necessárias,

incluindo conceitos de assepsias e consumo energético favorável. Além disso, as condições

ambientais como iluminação, conforto térmico e acústico, ergonomia, sinalização e cores

devem ser prioritários nessa tipologia projetual, completando o espaço, ele afirma a

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

926

importância de se prever locais lúdicos como lanchonetes, bancos, locais de leitura bem como

mostras de arte.

Planejar é acima de tudo um método político de intervenção e, sendo assim, prever ou planejar é uma palavra que incorpora grande variedade de possibilidade no porvir, [...]. É cada vez mais necessário um esforço comum de arquitetos, administradores, engenheiros, economistas e biomédicos fornecer elementos necessários para que médicos, enfermeiras, terapeutas e outros profissionais que tratam da saúde humana desempenhem de forma adequada o seu trabalho de salvar vidas humanas (GÓES, 2011, p. 66).

Por fim Bozza (2016), traz alguns princípios da Biologia da Construção acerca dos projetos que

tem o usuário como tema central, dentre eles: a construção deve ser descentralizada e solta,

entrelaçada a amplas áreas verdes, personalização e harmonia com a natureza, materiais de

construção naturais e não adulterados, poluentes do ar devem ser filtrados e neutralizados,

equilíbrio entre isolamento térmico e retenção do calor, luz, iluminação e cores de acordo com

as condições naturais, design de interiores e de mobílias construídos de acordo com padrões

fisiológicos, medidas, proporções e formas harmônicas devem ser consideradas, os resíduos da

construção não devem contribuir com a poluição ambiental.

Assim, percebe-se que a arquitetura, vista com a função de atender as necessidades dos

pacientes, quando bem planejada possui bagagem suficiente para promover aos seus usuários

em especial aos detentores de transtornos do humor um certo alívio e auxílio para o seu

tratamento, pois a partir do momento em que são aplicados os conceitos acima citados, o

espaço tende a ficar mais agradável, convidativo, sem deixar a funcionalidade e beleza de lado,

auxiliando assim profissionais e pacientes no processo da cura.

Buscar na Arquitetura um refúgio para os momentos mais delicados da vida foi o pontapé

inicial para o desenvolvimento de diversos projetos que visam um “espaço que cure” entre

esses modelos pode-se citar os Centros de Apoio e Recuperação “Maggies Centre” – Centro

Maggie, onde sua idealizadora a escritora e design Maggie Keswisk Jencks tendo recebido no

ano de 1994 o diagnóstico de que seu câncer de mama havia voltado lhe dando apenas dois ou

três meses de vida viu-se em um opressor corredor sem janelas sentindo que o lugar sugava

suas energias enquanto aguardava a próxima sessão de quimioterapia, ela dizia que esses

espaços tão negligenciados transpareciam que os pacientes “eram deixados ao léu para

murchar sob o brilho dessecante das luzes fluorescentes” - MAGGIE (ARCHDAILY, 2014).

Não seria melhor se houvesse espaços privativos, banhados por luz, para se esperar pela próxima série de testes, ou onde se pudesse contemplar, em silêncio, os resultados? Se a arquitetura pode desmoralizar os pacientes - "contribuindo para um nervosismo extremo", como observou Keswick Jencks - não poderia ela também se mostrar restauradora? (ARCHDAILY, 2014).

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

927

Maggie tinha a premissa de que os locais para o tratamento do câncer bem como seus

resultados poderiam ser fortemente maximizados em virtude de um bom projeto

arquitetônico, ela, através de suas experiências compreendeu a importante influência que um

espaço pode produzir em seu usuário. Seus últimos anos de vida foram dedicados ao

desenvolvimento de centros de cuidado com características completamente opostas a um

hospital, onde a arquitetura fosse vivenciada e sentida.

Após sua morte suas ideias foram concretizadas pelo seu esposo, o teórico historiador de

arquitetura Charles Jencks, que a mais de 20 anos vem desenvolvendo juntamente com

importantes arquitetos projetos inovadores e completamente desligados da tipologia

institucional de espaços de saúde proporcionando apoio gratuito para pacientes com câncer,

atualmente existem 17 centros construídos não se tratando de hospitais, mas sim locais de

apoio aos pacientes, como uma espécie de refúgio.

Já no Brasil um bom exemplo a ser citado se trata dos Hospitais de Reabilitação da Rede Sarah,

atualmente existem dez unidades espalhadas pelo Brasil, onde todos se tratam de obras

inovadoras, projetadas e construídas pelo arquiteto João Filgueiras Lima, mais conhecido como

Lelé (ARCHDAILY, 2012). A Rede Sarah é caracterizada por hospitais que integram natureza e

espaço construído, pois, acreditam que os ambientes, principalmente os hospitalares devem

satisfazer e estimular positivamente os pacientes auxiliando no processo da cura.

CONCLUSÃO

Diante do que foi mostrado, conclui-se inicialmente que um arquiteto deve-se ater não

somente a regras e técnicas construtivas, mas, dar total atenção ao fato de que suas decisões

projetuais acarretam impactos involuntários no usuário, pois, como foi visto a arquitetura

possui um poder direcionador do comportamento, dessa forma, faz-se necessário que o

mesmo compreenda os processos de percepção e cognição humanos, fatores iniciais para as

diretrizes construtivas.

Além disso, por se tratar de uma aplicação para um centro de tratamento de transtornos do

humor, é consideravelmente viável a busca pelo uso dos mecanismos sensoriais elucidados, é

preciso se ater a condição sensibilizada do paciente, buscando não apenas o estimulo da visão,

mas também, todos os seus sentidos de forma a se conectar e se sentir pertencente ao

ambiente em que se encontra.

Assim, é primordial a dedicação para o desenvolvimento de uma arquitetura que possa ser

sentida e não apenas vista, característica complementada com o conceito de humanização que

juntamente com a proposta da elaboração de projetos saudáveis onde o paciente é o centro

tem-se como resultado uma arquitetura “que fala”, atrai seu usuário e o convida para ficar.

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

928

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALCÂNTARA, Denise de; RHEINGATZ, Paulo A. A cognição ambiental na avaliação da qualidade do lugar: Conceitos para o aprimoramento do desenho urbano. In. NUTAU 2004, São Paulo: USP, 2004. ARCHDAILY. A história dos Centros Maggie como 17 arquitetos se uniram para combater o câncer. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/601650/a-historia-dos-centros-maggie-como-17-arquitetos-se-uniram-para-combater-o-cancer> Acesso 14/03/2018 ______. Clássicos da arquitetura Hospital Sarah Kubitschek Salvador. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/01-36653/classicos-da-arquitetura-hospital-sarah-kubitschek-salvador-joao-filgueiras-lima-lele> Acesso 20/03/2018 BERNARDES, Marina. et.al. Psicologia Ambiental aplicada à Arquitetura. In. V Mostra de Pesquisa e Pós Graduação IMED. Rio Grande do Sul, 2013. BOTTON, Alain de. A Arquitetura da Felicidade. Tradução: Talita M. Rodrigues. Rio de Janeiro: Rocco, 2007. BOZZA, Silvana Bighrtti. Criando Espaços e Projetos Saudáveis. Barueri – SP: Minha Editora, 2016. CIBER DÚVIDAS DA LÍNGUA PORTUGUESA. O significado de integrar, 2007. Disponível em < https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-significado-de-integrar/19845> Acesso em 18/04/2018. DUARTE, Rovenir Bertola; GONÇALVES, Aurora Aparecida Fernandes. Psicologia e arquitetura: uma integração acadêmica pela construção perceptiva do ambiente. Simpósio Nacional sobre Geografia, Percepção e Cognição do Meio Ambiente. Londrina 2005 EBC. Saúde Mental: Transtornos atingem cerca de 23 milhões de brasileiros. Disponível em < http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2013/05/saude-mental-em-numeros-cerca-de-23-milhoes-de-brasileiros-passam-por > Acesso em 24/02/2018.

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

929

______. Transtorno bipolar atinge 4% da população brasileira, estima associação. Disponível em <http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2013/09/transtorno-bipolar-atinge-4-da-populacao-brasileira-estima-associacao> Acesso em 24/02/2018. FONTES, Maria Paula Zambrano. Imagens da arquitetura da saúde mental: Um estudo sobre a requalificação dos espaços da Casa do Sol, Instituto municipal de assistência à saúde Nise da Silveira. 2003. 219 f. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2003. GÓES, Ronald de. Manual Prático de Arquitetura Hospitalar. 2ª ed. Revista e Ampliada. São Paulo: Blucher, 2011. LYRA, Gabriele Pugliesi. A humanização da arquitetura hospitalar em centros de reabilitação infantil. Revista Especialize online IPOG. Goiânia - 8ª Edição nº 009 Vol.01/2014 dezembros/2014. NOGUEIRA, Isabela Lino Soares. A importância do ambiente físico hospitalar no tratamento terapêutico do paciente hospitalizado. Revista Especialize online IPOG. Goiânia, 9ª Edição nº 010 Vol. 01/2015 julho/2015. ORNSTEIN, Sheila Walbe. Arquitetura, Urbanismo e Psicologia Ambiental: uma reflexão sobre dilemas e possibilidades da atuação integrada. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP, Psicologia USP, 2005, p. 155-165. 2005. PALLASMAA, Juhanni. Os olhos da pele: A arquitetura e os sentidos. Tradução: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2005 PENTEADO, Ana Paula; IAROZINSKI NETO, Alfredo. A influência da percepção do usuário na elaboração de projetos de ambientes construídos. In. Sibragec - elagec 2015 – de 7 a 9 de outubro – São Carlos – SP. PORTAL G1. Depressão cresce no mundo, segundo OMS; Brasil tem maior prevalência da América Latina, 2017.

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo / ISBN: 978-85-68242-76-6

930

Disponível em < https://g1.globo.com/bemestar/noticia/depressao-cresce-no-mundo-segundo-oms-brasil-tem-maior-prevalencia-da-america-latina.ghtml> Acesso em 31/10/2017 QUAGLIA, Luiza Moruz. Centro Terapêutico para Transtorno de Humor – CENTHRU. Trabalho Final de Graduação apresentado ao setor de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. Universidade Federal da Bahia. 2017. REIS, Antônio Tarcísio da Luz; LAY, Maria Cristina Dias. Avaliação da qualidade de projetos: uma abordagem perceptiva e cognitiva. In Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 6, n. 3, p. 21-34, jul./set. 2006. VASCONCELOS, Renata Thaís Bomm. Humanização de Ambientes Hospitalares: Características Arquitetônicas responsáveis pela integração interior/exterior. 2004. 177f. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.