A influência do jornalismo feminino na sociedade do século xix

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VIII Colóquio Técnico-Cientifíco do UniFOA A influência do jornalismo feminino na sociedade do século XIX COUTINHO, Mariane Moreira; OLIVEIRA, Eduardo Jorge Nascimento de; SILVA, Elisa Mabel Vieira da UniFOA – Centro Universitário de Volta redonda Introdução: Para quem observa o atual panorama que as mulheres vivem no Brasil, nem imagina que há anos atrás notá-las sendo independentes, trabalhando e estudando - algo tão corriqueiro no século XXI - estava fora de cogitação. Hoje, além de toda esta autonomia, pode-se observar nas bancas de jornal produtos editoriais voltados para a mulher moderna, com editorias retratando o seu cotidiano, sobre comportamentos e informando- a. No entanto, não é de agora que esta ligação entre a impressa e o cotidiano feminino é percebida. Após inúmeras tentativas frustradas de implantação da imprensa no Brasil, apenas com a vinda da Família Real, o jornalismo começa a ser exercido no país (BUITONI, 2009; SODRÉ, 1999), onde, aos poucos, conforme o aumento do papel social da mulher, também começaria a existir veículos voltados para o público feminino (BUITONI, 2009; KAZ, 2002). O jornalismo feminino do século XIX acompanhava a tendência do mercado editorial da época, que consistia em periódicos de curta duração, de baixa qualidade e com as ilustrações começando a ser implantadas no final do século. A moda e o jornalismo andavam de mãos dadas desde então, deixando em evidência o surgimento do papel social que os dois representam para as mulheres a partir deste cenário. As tendências surgiam dos figurinos usados na Europa, que depois

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VIII Colóquio Técnico-Cientifíco do UniFOA

A influência do jornalismo feminino na sociedade do século XIX

COUTINHO, Mariane Moreira; OLIVEIRA, Eduardo Jorge Nascimento de; SILVA,

Elisa Mabel Vieira da

UniFOA – Centro Universitário de Volta redonda

Introdução:

Para quem observa o atual panorama que as mulheres vivem no Brasil, nem

imagina que há anos atrás notá-las sendo independentes, trabalhando e estudando -

algo tão corriqueiro no século XXI - estava fora de cogitação. Hoje, além de toda

esta autonomia, pode-se observar nas bancas de jornal produtos editoriais voltados

para a mulher moderna, com editorias retratando o seu cotidiano, sobre

comportamentos e informando-a. No entanto, não é de agora que esta ligação entre

a impressa e o cotidiano feminino é percebida.

Após inúmeras tentativas frustradas de implantação da imprensa no Brasil, apenas

com a vinda da Família Real, o jornalismo começa a ser exercido no país (BUITONI,

2009; SODRÉ, 1999), onde, aos poucos, conforme o aumento do papel social da

mulher, também começaria a existir veículos voltados para o público feminino

(BUITONI, 2009; KAZ, 2002).

O jornalismo feminino do século XIX acompanhava a tendência do mercado editorial

da época, que consistia em periódicos de curta duração, de baixa qualidade e com

as ilustrações começando a ser implantadas no final do século.

A moda e o jornalismo andavam de mãos dadas desde então, deixando em

evidência o surgimento do papel social que os dois representam para as mulheres a

partir deste cenário. As tendências surgiam dos figurinos usados na Europa, que

depois eram reproduzidos nos jornais brasileiros, os quais na maioria das vezes

eram copiados pelas damas da sociedade para serem usados nos bailes reais (KAZ,

2002).

O primeiro veículo considerado feminino foi o carioca O Espelho Diamantino, em

1827, o qual já começava a trazer assuntos, não só como literatura, teatro e moda,

mas também como política, começando a inserir mais a mulher na sociedade

(BUITONI, 2009). Este periódico trouxe ainda a edição da primeira lei de instrução

pública, que possibilitou às meninas o ingresso no curso primário (KAZ, 2002).

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Logo após o Golpe da Maioridade, que possibilitou grandes mudanças e

crescimento no cenário do brasileiro com o desenvolvimento do comércio e da

indústria, em 1852, surge o Jornal das Senhoras. Embora os autores não concordem

com um nome específico sobre quem criou de fato o jornal, este periódico foi um dos

primeiros a contar com mulheres na redação, onde surgiria os primeiros artigos com

caráter feminista.

Mais tarde em 1875, surgiu o semanário mineiro, O Sexo Feminino, que reivindicava

o acesso das mulheres à educação e defendia que a esposa não deviria ser tratada

como serva do marido. Ainda, segundo Buitoni, por se dedicar aos interesses

femininos e defender os direitos da mulher, este veículo incentivaria, posteriormente,

a criação de outros veículos mais engajados politicamente, firmando o novo caminho

que começava a ser trilhado pelas mulheres.

Objetivos:

Contextualizar e analisar a relação entre o jornalismo feminino e as mulheres no

século XIX. Além de avaliar se tais relações tiveram um impacto social que

contribuiu para o atual cenário editorial voltado para o público feminino.

Metodologia:

Foi realizada uma pesquisa de caráter bibliográfico, com a seleção de obras de

gênero descritivo e histórico, que visavam à contextualização do objeto no cenário

do jornalismo brasileiro, desde suas origens, até o início da implantação do

jornalismo feminino no Brasil no século XIX. Para tanto, foram analisados os

primeiros periódicos considerados femininos no Brasil, o Espelho Diamantino, o

Jornal das Senhoras e o Sexo Feminino.

Resultados:

Com o crescimento da imprensa brasileira, paralelamente, crescia também os

periódicos voltados para o público feminino. Como apresentado na pesquisa,

conforme estes jornais vinham surgindo, artigos feministas encorajaram as damas

do século XIX a conquistar o seu espaço. O pioneiro Espelho Diamantino, por

exemplo, engajou o acesso das meninas à educação com a publicação da primeira

lei de instrução pública. Logo mais, as mulheres começam a fazer parte da redação

de alguns jornais, como no caso do Jornal das Senhoras, que apresentou as

consideradas primeiras jornalistas. Outro exemplo importante foi o Sexo Feminino,

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que engajou a luta das mulheres com a publicação dos primeiros artigos

de cunho feministas, que impulsionou a criação dos próximos periódicos

femininos.

Conclusões:

Considerando os resultados podemos afirmar que o jornalismo feminino do

século XIX influenciou não apenas as mulheres daquela época, como

também nas futuras conquistas femininas e no avanço do jornalismo voltado

para este público. Pode-se dizer, que o fato de terem ganhado voz,

contribuiu para o panorama que as mulheres vivem hoje, quebrando cada

vez mais tabus, inseridas no mercado de trabalho, estudando, votando e

ocupando cargos políticos significativos.

Referências:

BUITONI, Dulcília Schoeder. Mulher de Papel: a representação da mulher pela imprensa feminina brasileira. São Paulo: Summus, 2009.

SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.

KAZ, Leonel. Um olhar sobre elas, as revistas. In: Mulheres em revista: o jornalismo feminino no Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria Especial de Comunicação Social, 2002. Disponível em<http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/4204434/4101415/memoria4.pdf>. Acesso em 25 de maio de 2014.

Palavras-Chave: Jornalismo Feminino, influência, século XIX

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