A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE...

103
Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS SABRINA CALAZANS LOBO E CAMPOS A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO E ROTAÇÃO MANDIBULAR ARARAS/SP DEZEMBRO/2005

Transcript of A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE...

Page 1: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

SABRINA CALAZANS LOBO E CAMPOS

A INFLUÊNCIA DO PADRÃO

RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE

CRESCIMENTO E ROTAÇÃO MANDIBULAR

ARARAS/SP

DEZEMBRO/2005

Page 2: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

1

Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

SABRINA CALAZANS LOBO E CAMPOS CIRURGIÃ DENTISTA

A INFLUÊNCIA DO PADRÃO

RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE

CRESCIMENTO E ROTAÇÃO MANDIBULAR

Dissertação apresentada ao Centro

Universitário Hermínio Ometto –

UNIARARAS, para obtenção do Título

de Mestre em Odontologia, Área de

Concentração em Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Manuel Gomes

Tróia Júnior

e-mail: [email protected]

ARARAS/SP DEZEMBRO/2005

Page 4: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

2

FOLHA DE APROVAÇÃO

Page 5: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

3

DEDICATÓRIA

Ao meu pai José Francisco,

exemplo de vida e profissional a seguir,

e minha mãe Vera exemplo de

dedicação, carinho e por ser a base

dessa família. A eles não tenho

palavras para agradecer todo esforço

que fizeram para que eu chegasse até

aqui

Ao meu querido marido, Júnior

agradeço pelo amor, amizade e

compreensão durante todo esse tempo

que estamos juntos.

Page 6: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

4

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Mario Vedovello Filho, pela oportunidade da realização desse

trabalho.

Ao Professor Júlio Vargas Neto pela extrema colaboração e atenção dada a

mim para realização desse estudo, meus mais sinceros agradecimentos

Aos professores Heloísa C. Valdrighi, Adriana S. Lucato, Eloísa M. Boeck,

Sílvia A S.Vedovello e Úrsula A W. Vargas pelos ensinamentos e pela amizade

que sempre me foram dispensadas.

Aos amigos do mestrado IV, agradeço pela união, pelo apoio, pelos

ensinamentos e pela amizade verdadeira.

Ao Centro Universitário Hermínio Ometto; à Magnífica Reitora Prof. Dra. Miriam

de Magalhães Oliveira Levada; e ao Magnífico Pró-Reitor de Pós-Graduação e

Pesquisa Prof. Dr. Marcelo Augusto Marretto Esquisatto, pela oportunidade de

nos aperfeiçoarmos nos estudos.

Ao Professor Ary Mendes pela grande colaboração na realização da análise

estatística desse estudo.

À Professora Letícia Boari, Mestre em Otorrinolaringologia pela Santa Casa de

Misericórdia de São Paulo por compartilhar seus conhecimentos na área de

Otorrinolaringologia sempre que preciso.

Á Professora Christiane Boari Brandina, Mestre em Fonoaudiologia pela

Universidade de São Paulo por compartilhar conhecimentos e materiais nessa

área.

Á Professora Sandra Maria Lobo pela revisão gramatical realizada nessa

pesquisa.

Page 7: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

5

Aos funcionários da Biblioteca da UNIARARAS pelo auxílio dispensado nas

tarefas de levantamento bibliográfico.

Aos funcionários do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro

Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Rosana e Cidinha, pelo carinho

com que sempre fui tratada.

Aos funcionários da minha clínica particular pela compreensão e apoio nos

momentos de ausência.

A todos que de uma forma ou de outra auxiliaram na elaboração desse

trabalho, minha eterna gratidão.

Page 8: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

6

RESUMO

Esse estudo foi realizado com o objetivo de verificar uma possível

influência do padrão respiratório na tendência de crescimento facial e rotação

mandibular. Foram examinadas 83 telerradiografias em norma lateral de

indivíduos leucodermas, de ambos os gêneros, brasileiros, na faixa etária dos 7

aos 13 anos, portadores de maloclusão de Classe I ou II de Angle e nunca

submetidos a tratamento ortodôntico prévio, selecionados do arquivo de

documentações ortodônticas da clínica de Pós-graduação em Ortodontia do

Centro Universitário Hermínio Ometto- UNIARARAS. Em seguida, os indivíduos

foram reclassificados segundo o padrão respiratório em respiradores bucais e

nasais, sendo 42 respiradores nasais e 41 respiradores bucais, considerando-

se os seguintes critérios: Anamnese, observação clínica da postura habitual

dos lábios, e exame otorrinolaringológico. As medidas cefalométricas utilizadas

para análise da tendência de crescimento da amostra foram NS.GoGn, FMA,

NMe e Eixo Y . Foi aplicado também o Método Estrutural de Björk (Björk, 1965)

para avaliação da tendência de rotação mandibular. Através desse estudo

pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência de

crescimento e de rotação da mandíbula, mostrando forte significância

estatística entre a presença de respiração bucal e as medidas NSGoGn, FMA e

Eixo Y além das características mandibulares ângulo goníaco (AG),

chanfradura (Chan) e paralelismo entre os Planos Oclusal e Mandibular

(PlMPLO) apresentarem-se desfavoráveis nesse grupo determinando uma

tendência de rotação no sentido horário.

Palavras-chaves: Ortodontia / Respiração Bucal / Obstrução Nasofaringeana /

Crescimento Facial

Page 9: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

7

ABSTRACT

The purpose of this study was determined the influence of mouth

breathing in facial growth and determination of mandibular morphology and

rotation.It was examined 83 lateral cephalometric X-rays from subjects male

and female, aged 7-13 years, with Angle Class I or II malocclusion. The sample

was classified in 41 mouth breathing and 42 nasal breathing, considering a

questionary, answered for parents, clinical observation and

otorhinolaryngologists diagnosis.The cephalometric values used in this study,

that determined the tendency of facial growth,were NSGoGn, FMA, NMe and

Axis Y. It was also applied the Structural Method Of Björk (1965) do predict the

tendency of mandibular rotation. The results showed that mouth breathing had

influence in facial growth and mandibular rotation that became more vertical.

Keys-words: Orthodontics / Mouth breathing / Nasopharyngeal obstruction / Facial growth

Page 10: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Desenho das estruturas anatômicas................................................53

Figura 2 – Pontos cefalométricos de interesse para esse estudo.....................54

Figura 3 – Ângulo NS.GoGn - inclinação da mandíbula em relação à base do

crânio.................................................................................................................56

Figura 4 – Eixo Y – Frankfurt e S.Gn – resultado vetorial de crescimento

mandibular.........................................................................................................56

Figura 5 – NMe - Altura Facial Total..................................................................57

Figura 6 – FMA - Plano de Frankfurt e Plano Mandibular- representa a

inclinação da mandíbula com relação ao plano horizontal................................57

Figura 7 – Inclinação do Côndilo mandibular.....................................................59

Figura 8 – Ângulo Goníaco................................................................................59

Figura 9 – Chanfradura Antigonial.....................................................................60

Figura 10 – Morfologia da Sínfise......................................................................60

Figura 11 – Ângulo Interincisivo.........................................................................61

Figura 12 – Paralelismo dos planos oclusal e mandibular.................................61

Quadro 1 – Análise Estrutural de Björk.............................................................62

Quadro 2 – Análise Estrutural de Björk – Interpretação....................................62

Quadro 3 – Identificação do paciente: R.V.M, 9 anos e 2 meses - Respirador

Bucal..................................................................................................................63

Gráfico 1 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a

tendência de rotação mandibular.......................................................................66

Gráfico 2 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a

tendência de crescimento facial.........................................................................69

Gráfico 3 – Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação

mandibular segundo a condição de favorabilidade............................................72

Gráfico 4 – Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo

grupo de respiração e valores t0 e de p.............................................................75

Page 11: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Critério utilizados para determinação do padrão respiratório..........51

Tabela 2 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a

tendência da rotação mandibular.......................................................................66

Tabela 3 – Valores de 2oχ e de p segundo a tendência de rotação

mandibular.........................................................................................................67

Tabela 4 – Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a

tendência de crescimento facial.........................................................................68

Tabela 5 – Valores de 2oχ e de p segundo a tendência de rotação

mandibular.........................................................................................................69

Tabela 6 – Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação

mandibular segundo a condição de favorabilidade............................................71

Tabela 7 – Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação

mandibular segundo a condição de favorabilidade............................................73

Tabela 8 – Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo

grupo de respiração e valores t0 e de p.............................................................74

Page 12: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

10

SUMÁRIO

Resumo................................................................................................................6

Abstract................................................................................................................7

Lista de Ilustrações..............................................................................................8

Lista de Tabelas...................................................................................................9

1. Introdução......................................................................................................11

2. Objetivos........................................................................................................14

3. Revisão da Literatura.....................................................................................15

4. Material e Métodos........................................................................................49

4.1 Material.....................................................................................................49

4.2 Métodos....................................................................................................50

4.2.1 Método de obtenção das telerradiografias........................................50

4.2.2 Método de determinação do padrão respiratório..............................50

4.2.3 Método de avaliação cefalométrica..................................................51

4.2.4 Método de análise estatística...........................................................64

4.2.4.1 Planejamento Estatístico.............................................................64

5. Resultados.....................................................................................................66

5.1 Análise Estatística...............................................................................66

6. Discussão......................................................................................................77

7. Conclusões....................................................................................................89

Referências Bibliográficas.................................................................................90

Anexos...............................................................................................................98

Page 13: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

11

1. INTRODUÇÃO

Até 1950, o crescimento do esqueleto craniofacial era tido como

predeterminação genética, um padrão imutável, semelhante aos dos ossos

longos. (SICHER, 1947).

As pesquisas experimentais, a partir dos anos 50, evidenciam que o

crescimento facial apresenta variações individuais bem mais numerosas e

importantes que apenas a predeterminação genética não poderia prever.

VELLINI FERREIRA (1999) cita a teoria da matriz funcional fundamentada por

MOSS (1969), relatando a influência genética dos tecidos moles sobre as

estruturas com as quais se relacionam, o que, sumariamente, pode-se resumir

como “a função modela o órgão”.

O crescimento e desenvolvimento da face, portanto, resulta da

associação de fatores genéticos, metabólicos e extrínsecos (ambientais).

A estreita relação entre os fatores ambientais, assim como a obstrução

das vias aéreas, e as variações indesejáveis na conformação da face têm sido

demonstradas em diversos estudos.

A complexidade desses mecanismos envolvidos nos processos de

crescimento e desenvolvimento, assim como a natureza de suas interações, às

vezes individuais, e a latência necessária à sua exteriorização completa,

explicam as dificuldades encontradas pelos pesquisadores nesse assunto.

Desde o nascimento a respiração, sendo um processo vital e elementar

para o ser humano, constitui um estímulo constante e ininterrupto sobre o

sistema estomatognático, portanto, com grande influência sobre o crescimento

e desenvolvimento do terço médio da face.

A respiração nasal é a única respiração considerada fisiológica, pois a

cavidade nasal esta preparada para receber, aquecer e filtrar o ar, conduzindo-

o aos pulmões. Segundo GURGEL et al. (2003), esse padrão respiratório

garantirá uma conformação craniofacial induzida pelo padrão morfogenético.

Se por algum motivo o indivíduo apresentar obstrução das vias aéreas

superiores, irá complementar ou substituir a respiração nasal pela respiração

bucal. De acordo com EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1952), as causas da

respiração bucal são múltiplas, sendo possível salientar: hipertrofia das

Page 14: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

12

conchas nasais, alergias, condições climáticas, rinite e sinusite crônica,

hipertrofia das adenóides, desvio de septo nasal, pólipos nasais, atresia coanal

congênita, hábito residual, imitação, hábito de boca aberta,e posição dorsal da

cabeça durante o sono.

A respiração bucal, por ser uma função adaptativa do sistema

estomatognático, promove alterações e desequilíbrios dentários e esqueléticos.

Desde o início do século muitos autores avaliam as alterações causadas pela

respiração bucal. ANGLE considerou: “Das mais variadas causas das

maloclusões, a respiração bucal é a mais potente, constante e variada em seus

resultados... causando desenvolvimento assimétrico dos músculos, como dos

ossos do nariz, maxila e mandíbula, e uma desorganização das funções

exercidas pelos lábios bochecha e língua...a mandíbula fica posicionada para

trás e tem falta de desenvolvimento, sendo geralmente menor que o normal em

seu comprimento...”

A respiração, pelo conjunto de seus componentes e devido ao seu

caráter permanente pode, assim ser considerada como uma verdadeira “matriz

funcional” capaz de influenciar no crescimento das unidades esquelética,

podendo levar a uma série de influências prejudiciais ao processo dinâmico de

crescimento e desenvolvimento dentofacial. Essas influências são alterações

compensatórias ao ajuste neuromuscular para o novo padrão respiratório.

Muitos autores, entre eles INTERLANDI (1999), afirmam que as

tendências de crescimento da face residem especialmente na mandíbula, o

osso facial ortodonticamente mais importante. Essas tendências poderão ser

antecipadas com aceitável grau de predição, combinados com a Análise de

BJÖRK (1969).

Considerando-se a grande procura de crianças e adolescentes por

tratamento ortodôntico, que ainda apresentam potencial de crescimento é de

grande importância que o ortodontista conheça antecipadamente as tendências

de crescimento da face e as condições que levariam a uma alteração na

direção desse crescimento. Desse modo poderá ser realizado um plano de

tratamento mais adequado e conseqüentemente atingindo resultados mais

satisfatórios.

Page 15: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

13

Esses estudos acima citados direcionaram a linha de pesquisa do

presente trabalho, que busca correlacionar características morfológicas da

mandíbula com os padrões respiratórios e padrão de crescimento facial do

indivíduo.

Page 16: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

14

2. OBJETIVOS

Avaliando jovens leucodermas respiradores bucais e nasais, esse

estudo se propõe a fazer uma investigação, no que se refere a:

• Influência do padrão respiratório na tendência de crescimento facial e na

rotação mandibular;

• Correlação entre características mandibulares (inclinação do

côndilo,chanfradura,ângulo goníaco, paralelismo entre os planos Oclusal

e Mandibular e ângulo interincisivo) e o padrão respiratório.

Page 17: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

15

3. REVISÃO DA LITERATURA

ANGLE (1907) apud KRAKAUER; GUILHERME (2000) descreveu como

exemplo clássico da correlação entre obstrução das vias aéreas e crescimento

anormal do crânio e da face as seguintes características, rosto alongado e

estreito, olhos caídos, olheiras profundas, lábios entreabertos, hipotônicos e

ressecados e sulcos nasolabial e nasogeniano profundos.

EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1952) avaliaram os efeitos e a etiologia

da respiração bucal. Esses autores verificaram que as causas da respiração

bucal são múltiplas, tais como: desvios de septo nasal, condições climáticas,

hipertrofia das tonsilas faringianas, alergias, sinusites e rinites crônicas, pólipos

nasais, atresia coanal congênita, hábito residual, imitação, hábito de boca

aberta e posição dorsal da cabeça durante o sono.Também enfatizaram o

efeito da respiração bucal no sistema respiratório, nas estruturas bucais, no

crescimento craniofacial e na saúde geral do paciente. Concluíram que a

respiração bucal apresentava grande influência nos processos de crescimento

crânio-facial e no desenvolvimento das maloclusões.

Estudos feitos por BJÖRK (1955), usando implantes metálicos em

avaliações cefalométricas longitudinais demonstraram que o corpo da

mandíbula sofre rotação durante o crescimento e que o tipo de crescimento da

mandíbula correlaciona-se com o sentido de crescimento condilar e, além

disso, que o formato da mandíbula é altamente característico do tipo de

crescimento condilar.

LEECH (1958) estudou 500 pacientes que estavam sendo submetidos a

tratamento por apresentarem obstrução nasal. Desses, 19% foram

classificados como respiradores bucais, sendo que2/3 deles tinham problemas

com adenóides e 1/3 apresentavam problemas alérgicos, rinites infecciosas ou

desvios de septo. A altura facial em média era 3mm maior para o grupo com

adenóide hipertrofiada.Mais de 60% dos respiradores bucais foram

classificados como Classe I de Angle, 25% Classe II e 10% Classe III.

BOSMA (1963) afirmou que um dos fatores mais importantes na postura

da cabeça é a manutenção das vias aéreas com adequado espaço

respiratório.A posição da língua em relação à mandíbula e maxila, determina as

Page 18: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

16

variações de diâmetro do espaço bucofaríngeo. O autor ainda destacou que

indivíduos respiradores bucais, por permaneceram longos períodos de boca

aberta, alteram a direção do crescimento da mandíbula, apresentando uma

rotação para baixo e para trás.

FISH (1964) afirmou que a posição de repouso mandibular é identificada

quando a respiração é a única função exercida pelas estruturas anatômicas

adjacentes. A forma e a posição da língua influencia na postura da mandíbula

durante a respiração, visto que a parede anterior da faringe constitui-se na

própria superfície posterior dorsal da língua.

HAWKINS (1965) afirmou que a respiração bucal é, dentre outras,a

alteração ambiental que mais comumente atua sobre o sistema

estomatognático,e, talvez a que produza as conseqüências mais severas.

Estima-se que 85% de todas crianças apresentam algum grau de insuficiência

nasal e que 20% respiram habitualmente pela boca.

Avaliando a diminuição das vias aéreas, causadas pela hipertrofia da

adenóide ou amígdalas, as alergias crônicas, pólipos nasais e defeitos

estruturais do nariz, RICKETTS (1968) afirmou que isto pode causar uma

respiração bucal crônica, resultando em alterações de tecidos moles e duros

inclusive, a postura anormal da língua.Ainda considerou que o fator hereditário

é o fator primário para o desenvolvimento craniofacial, mas fatores ambientais,

como respiração bucal, podem alterar esse desenvolvimento.

Em pesquisas realizadas por STEELE; FAIRCHILD; RICKETTS (1968)

avaliaram a relação entre a maloclusão e a presença de tonsilas faringeanas e

palatinas hipertrofiadas. Foram avaliados as principais características

presentes na Síndrome da Obstrução Respiratória, em pacientes submetidos à

cirurgia de tonsilectomia, adenoidectomia e aqueles que haviam realizado a

cirurgia. Clinicamente os pacientes apresentavam respiração bucal, mordida

cruzada posterior uni ou bilateral, mordida aberta anterior e interposição lingual

durante a deglutição. Contudo, concluiu que não poderia esquecer do fator

genético, pois era uma consideração básica para toda morfologia craniofacial e

considerar também a influência do meio ambiente sobre o padrão respiratório e

sobre a deglutição, que são necessários para um correto diagnóstico

ortodôntico. Segundo os autores existe uma diferença no diagnóstico entre

otorrinolaringologistas, pediatras e ortodontistas. Para os pediatras as cirurgias

Page 19: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

17

para remoção das tonsilas são indicadas mais comumente quando havia o

comprometimento da porção média do ouvido, entretanto deveriam ser muitas

bem analisadas, pois, em muitos casos não seriam necessárias. Para os

otorrinolaringologistas, a cirurgia é indicada baseando-se em observações

superficiais, como repetidas infecções agudas, hipertrofias que causavam

obstruções e presença de infecções crônicas. Sob o ponto de vista dos

ortodontistas, o fator primário da obstrução na via aérea superior estava

relacionada à localização e ao tamanho do tecido linfóide em relação à

nasofaringe. Todavia, poderiam existir outros fatores locais obstrutivos tais

como: desvio de septo nasal, rinite crônica, infecções recorrentes no trato

respiratório superior, alergias, asma, pólipos, corpos estranhos, fraturas não

reduzidas e tratamento cirúrgico de pacientes fissurados.

BJÖRK (1969) apresentou uma análise com o objetivo de avaliar a

tendência de rotação da mandíbula - Análise Estrutural de Björk.Identificaram-

se características estruturais da mandíbula como determinantes da rotação

mandibular durante o seu crescimento. Essas características podem ser

constatadas antes mesmo do traçado cefalométrico e incluem: (a) inclinação da

cabeça do côndilo; (b) ângulo goníaco mandibular; (c) chanfradura antigonial;

(d) morfologia da sínfise; (e) ângulo interincisivo e (f) paralelismo entre os

planos mandibular e oclusal.

MOSS (1969) relatou que o desenvolvimento craniofacial é dependente

do crescimento e função das matrizes funcionais. Funcionalmente, a cabeça é

composta de várias funções interrrelacionadas: olfato, respiração, visão,

digestão, fala, audição, equilíbrio e interação neural. Cada função se realiza por

um grupo de tecidos moles apoiados ou protegidos por elementos esqueléticos.

Em conjunto, os tecidos moles e os elementos esqueléticos relacionados a

uma só função são denominados componentes funcionais cranianos. A

totalidade dos elementos esqueléticos associados a uma só função se designa

unidade esquelética. A totalidade dos tecidos moles associados a uma só

função é denominada matriz funcional.Afirmou também que o crescimento e a

manutenção dependem quase que exclusivamente, de uma matriz funcional

relacionada. É o crescimento da matriz funcional que fornece força primária do

crescimento: os ossos respondem secundariamente. Partindo da análise

funcional, a mandíbula está composta de vários componentes funcionais. A

Page 20: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

18

“teoria da matriz funcional”, diz que os tecidos moles da língua, lábios e

bochechas trabalham como fatores diretos na posição de equilíbrio dos dentes.

Entretanto o autor também salientou o papel de fatores indiretos, tais como a

respiração, mastigação, fonação, considerados por ele fatores de controle de

crescimento facial.

Em um estudo realizado em 1970, LINDER-ARONSON, com objetivo de

avaliar se a adenóide estava associada à respiração bucal e se a posição da

língua abaixada é mais comum nesses indivíduos comparados àqueles que

apresentam respiração bucal, mostrou que a obstrução nasofarigeana

influencia significativamente a inclinação do plano mandibular com relação à

base do crânio( aumento do ângulo cefalométrico). Foi utilizada uma amostra

de 162 crianças divididas em cinco grupos: 37 respiradores nasais; 33 com

pequena hipertrofia adenoideana; 11 com hipertrofia severa; 21

adenoidectomizados por problemas de otites médicas recorrentes e 60 com

adenoidectomias; por problemas obstrutivos respiratórios. Este estudo

demonstrou que a respiração bucal como fator intermediário, esta diretamente

relacionada às mudanças de postura da língua, da mandíbula e outros

músculos faciais responsáveis pelas alterações dentofaciais. O autor ainda

destacou, que se a boca permanece por um longo período de tempo aberta, o

crescimento da mandíbula apresenta-se mais com uma rotação para baixo e

para trás do que nos pacientes com postura normal.

Utilizando-se de uma amostra constituída por telerradiografias em norma

lateral de indivíduos de ambos os gêneros que foram divididos em dois grupos

– respiradores nasais e bucais, FEO et al. (1972) analisaram as possíveis

diferenças esqueléticas entre os dois grupos.Observaram com essa pesquisa,

que nos respiradores bucais a dimensão antero-posterior do assoalho da área

nasal encontrava-se diminuída.

HARVOLD; VARGERVIK; CHIERICI (1973) avaliaram se o tônus

muscular influenciava na distância entre as arcadas, se a mudança do padrão

respiratório de nasal para bucal causava desequilíbrio entre os músculos da

face; se a falta de contato entre os dentes e a língua influenciava a posição

destas estruturas e se a manutenção da respiração bucal ocasionava falta de

contato entre os dentes e a língua. Para isso foi utilizada uma amostra de 18

macacos Rhesus (Macaca mulatta), agrupada em parceria - um animal do

Page 21: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

19

grupo controle e outro do grupo experimental, cujo nariz havia sido obstruído

por um plug de silicone. De todos os animais foram realizadas radiografias

cefalométrica, modelos de gesso e pesagem corporal em intervalos de três

meses durante quinze meses de experimento. Após analisarem os resultados,

salientaram que depois de nove meses algumas características eram comuns

aos macacos do grupo experimental, que apresentavam aumento da altura

facial, diminuição da distância intercaninos superiores e inferiores, diminuição

da relação transversal da maxila, mudança no formato da língua e todos se

tornaram respiradores bucais, embora entre eles não fosse idêntico o padrão

respiratório. No entanto, concluíram que a mudança do padrão respiratório de

nasal para bucal alterava a distância entre as arcadas, e que a manutenção da

respiração bucal interferia na morfologia harmônica das estruturas bucais.

PAUL; NANDA (1973) utilizaram uma amostra de 100 pacientes do

gênero masculino, que foram divididos em respiradores nasais e bucais.A

seleção do padrão respiratório foi realizado através de uma mecha de algodão

colocado embaixo do nariz e na frente da cavidade bucal. Quando o algodão

estava embaixo do nariz, e esse movimentava-se o paciente era considerado

respirados nasal.

TULLEY (1973) apresentou o conceito de silêncio elétrico, verdadeira

posição onde ocorre repouso mandibular, uma vez que a posição mandibular

habitual necessita de atividade muscular para sua manutenção.Esta posição

requer esforço sensorial contínuo para manutenção da postura.Nos indivíduos

com competência labial a posição mandibular de repouso com silêncio elétrico

é obtida com o selamento anterior dos lábios. Os indivíduos que não

apresentam selamento labial (por exemplo, os respiradores bucais), não

apresentam contato entre eles quando a mandíbula encontra-se em repouso.O

rompimento do selamento labial ocasiona a queda da mandíbula de 1 a 2

milímetros. Ao forçar contato labial, a mandíbula deixa a posição de repouso e

passa para uma posição habitual postural.

Em novo estudo ARNOLD apud CARVALHO (2003) descreveu que a

musculatura e a posição de repouso mandibular constituíam fatores

importantes no desenvolvimento da oclusão dentária. A obstrução nasal induz

a um posicionamento mandibular mais inferior, facilitando a respiração bucal.

Para o autor, as amígdalas hipertrofiadas e a obstrução da via aérea superior,

Page 22: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

20

causam um aumento do tônus do Pterigóideo lateral, do Milo-hióideo e do

Digástrico, músculos depressores da mandíbula.Paralelamente, observa-se um

relaxamento dos músculos Temporal, Masseter, Pterigóideo interno e músculos

elevadores da mandíbula.A relação postural entre as bases ósseas e as

estruturas anatômicas que estão relacionadas são passivas, pois não existem

pressões ou tensões acentuadas sobre os músculos. Por exemplo,

macroglossia ou amígdalas hipertrofiadas podem provocar um deslocamento

anterior da língua e conseqüentemente uma posição postural mandibular

deslocada para baixo. Além disso, a postura se adapta à necessidade

respiratória, proporcionando uma passagem aérea sempre desobstruída. Se a

obstrução permanecer durante meses, a musculatura se adapta à nova relação

entre as bases ósseas, romovendo o estabelecimento dessa posição. Segundo

ele, alguns trabalhos demonstram que a reinserção muscular é um importante

fator no processo de adaptação às mudanças na relação entre as bases

ósseas. A possível influência dessas mudanças no crescimento não é ainda

bem conhecida. Uma discreta variação postural pode ser suficiente para

modificar a ação da matriz muscular.

SUBTELNY (1975) apud BIZETO et al. (2004) concluiu após pesquisar

na literatura que as faces adenoideanas apresentavam como características:

lábio inferior evertido, lábio superior curto, olheiras, face estreita e manutenção

da boca aberta. Esse autor também afirmou que, apesar de muito usadas pelos

ortodontistas para avaliar a presença de amígdalas hipertrofiadas, as

telerradiografias em norma lateral da cabeça não forneciam informações

tridimensionais desse tecido.

THUROW (1975) através de estudos clínicos verificou que indivíduos

com tipos faciais diferentes podem apresentar obstrução da função respiratória

(respiração bucal), discordando assim da idéia de que todo paciente respirador

bucal tem face adenoideana e vice-versa.

BECKER; COCARO; CONVERSE (1976) definiram a curvatura

antegonial como uma concavidade na superfície inferior, em seguida do ângulo

goníaco. A etiologia dessa concavidade esta associada a desordens

congênitas e adquiridas, tendendo a ser mais longa nos estados congênitos do

que nos adquiridos e o ramo ascendente mandibular apresenta um ângulo mais

obtuso com o corpo.

Page 23: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

21

Em um estudo utilizando os dados armazenados pelo Conselho de

Pesquisa Infantil de Denver (USA) HANDELMAN; OSBORNE (1976)

acompanharam anualmente indivíduos desde o primeiro ano de vida até os

dezoito anos, através de telerradiografias. O objetivo da pesquisa era avaliar o

desenvolvimento do tecido adenoideano, o padrão de crescimento da

nasofarige e a capacidade de fluxo da via aérea. Os autores utilizaram uma

amostra composta por 12 indivíduos, sendo metade do gênero masculino e

metade do gênero feminino, independente do tipo de maloclusão e do padrão

respiratório apresentado nos quais foram ou não realizadas cirurgias

desobstrutivas. Ao analisarem os resultados, puderam verificar que (1) para

ambos os gêneros o crescimento desenvolvimento facial aconteceu dentro dos

padrões normais (2) o espaço aéreo da nasofaringe aumenta na adolescência

devido à involução natural do tecido adenoideano, (3) a obstrução do espaço

nasofaringeano parece não ter afetado o ângulo do plano mandibular.

HOLMBERG; LINDER-ARONSON (1979) salientaram a importância

para Ortodontia de se avaliar a função respiratória e sua influência no

desenvolvimento facial e da oclusão.O método utilizado pelos autores foi a

telerradiografia em norma lateral. A amostra foi constituída de 162 crianças

entre 6 e 12 anos de idade, sendo 40% do gênero feminino e 60% do gênero

masculino. Para analisar o tamanho da via aérea nasal de cada paciente foi

utilizada, além da telerradiografia, a rinoscopia posterior e, para medir o fluxo

nasal, foi realizada a rinomanometria posterior ativa.

LINDER-ARONSON (1979) utilizou uma amostra composta por de 81

indivíduos respiradores bucais (com adenóides hipertróficas) onde a remoção

das adenóides foram realizadas comparando com um grupo similar que não

apresentavam obstruções nasais.Os resultados demonstraram que os

respiradores bucais apresentavam características comuns, tais como: aumento

da altura facial ântero-inferior e total, profundidade sagital menor da

nasofaringe, posição lingual mais inferior. Após a remoção das adenóides

constataram uma normalização da profundidade sagital da nasofaringe e da

inclinação do plano mandibular em relação à maxila. O autor também afirmou

“Se a boca é mantida aberta durante um longo período de tempo é possível

que haja uma rotação mandibular para baixo e para trás. Estes resultados

Page 24: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

22

claramente suportam a teoria de que distúrbios na respiração nasal podem

afetar tanto a morfologia facial como a dentição”.

WHITE (1979) mostrou que a respiração bucal prolongada por afetar o

crescimento craniofacial era de grande interesse para os cirurgiões-dentistas.

O autor ainda salientou que a respiração bucal poderia resultar em

estreitamento do arco superior, alta incidência de mordida cruzada posterior,

incisivos inferiores retroinclinados, diminuição da largura transversal da

nasofaringe, aumento da altura facial e rotação posterior da mandíbula.

DIAMOND (1980) revisando a literatura, encontrou vários autores

relacionando deformidades dentofaciais e esqueléticas com padrão respiratório

bucal, que podem ser parciais ou totais, e levam a uma adaptação fisiológica

contínua resultando em inúmeras variações morfológicas do complexo

craniofacial.

A relação entre o complexo craniofacial e a mandíbula foi descrita por

RUBIM (1980) afirmando que essa relação seria influenciada, em parte, pela

função dos músculos elevadores, e que um dos fatores atuantes nestes

músculos seria a posição de repouso da mandíbula, que por sua vez poderia

ser influenciada pelo padrão respiratório. Um padrão respiratório bucal

prolongado resultaria em um abaixamento da mandíbula para permitir a

passagem do ar para boca. O autor também demonstra a importância do

ortodontista reconhecer os sinais precoces do desenvolvimento da Síndrome

da face longa e encaminhar o paciente para os especialistas, com sugestões

apropriadas para proporcionar um crescimento facial favorável e saudável. Aos

doze anos de idade, idade na qual, muitos tratamentos ortodônticos são

realizados, já ocorreu 90% do crescimento facial.Algumas características

faciais, que antes eram consideradas de origem esquelética ou genética,

podem ter tido sua origem influenciada pelo meio ambiente.

SUBTELNY (1980) observou que se ocorrer obstrução, e esta for

suficiente para impedir a passagem de ar pelas vias aéreas superiores, o

resultado poderia ser uma adaptação para o modo respiratório pela boca, e

esta respiração bucal poderia causar adaptações posturais das estruturas na

região da cabeça e do pescoço, assim como ocorrer mudanças nas posições

dos maxilares e desenvolvimento de maloclusão.

Page 25: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

23

Realizando estudos em macacos para avaliar a relação entre a

obstrução nasal e distúrbios no desenvolvimento facial, HARVOLD et al. (1981)

induziram a obstrução das vias aéreas superiores, desenvolvendo nesse grupo

uma respiração bucal.Assim, nesse grupo observaram algumas características

comuns, tais como altura facial aumentada, dimensão transversal da maxila e

mandíbula diminuídas, mordida cruzada posterior, excesso no plano

mandibular e aumento do ângulo goníaco. Os autores também concluíram que

a respiração bucal nos seres humanos também pode causar vários sintomas,

indo do normal até alterações esqueléticas e dentais.

MCNAMARA JR. (1981) apresentou casos clínicos com face

adenoideana associadas à respiração bucal e inclinação acentuada do plano

mandibular comparando com casos que apresentavam padrão normal de

crescimento, com o objetivo de avaliar algumas relações entre a respiração

bucal prolongada e o crescimento craniofacial. Um dos casos apresentados

pertencia a um paciente do gênero masculino, com 7 anos e 2 meses de idade,

com obstrução nasal, relação Molar de Classe I, comprimento do arco superior

e inferior diminuído, mordida aberta anterior, tendência de mordida cruzada

posterior e biprotrusão alveolar. Cefalometricamente apresentava uma relação

maxilo mandibular de Classe III. A altura facial anterior apresentava um

excesso de ao menos 10 mm, a maxila estava retrognata em relação à base do

crânio. A mandíbula retrognata produzia uma rotação no sentido horário,

indicando um padrão de crescimento vertical. Foi realizada remoção das

adenóides, e após um ano foi verificado fechamento espontâneo da mordida

aberta, normalização das dimensões transversais entre a maxila e mandíbula,

diminuição da altura facial anterior e do plano mandibular. Em todos os casos

demonstrou-se a relação que existe entre as alterações da função respiratória

e sua influência no padrão de crescimento craniofacial.

Estudando as causas da obstrução das vias aéreas SAADIA (1981)

classificou-as por sua origem de congênitas e adquiridas.Entre as causas

congênitas podemos citar: narinas estreitas, conchas nasais aumentadas e

coanas atrésicas. Em relação às causas adquiridas ou desenvolvidas, as mais

comuns eram: desvio do septo nasal, hipertrofia dos tecidos linfóides da

nasofaringe, pólipos nasais, neoplasias, rinites alérgicas, traumas e fatores

iatrogênicos.Ainda segundo o autor, a incidência de obstrução nasal chegava a

Page 26: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

24

85% das crianças, e a persistência da respiração bucal poderia ocasionar

alterações na morfologia esquelética e facial.

WEBERZ; PRESTON; WRIGTH (1981) apresentaram a relação entre o

padrão respiratório, a postura da cabeça e a morfologia craniofacial.

A presença de obstrução da cavidade nasal em 85% das crianças,

também foi observada nos estudos de JOSEPH (1982). Esse autor afirmou que

a respiração bucal na infância causa desenvolvimento severo da maloclusão e

de deformidades faciais.Características como face adenoideana, ângulo do

plano mandibular aumentado, abaixamento da língua, deglutição com

pressionamento da língua, altura facial inferior diminuída, mordida cruzada

posterior, mordida aberta anterior, olheiras, diminuição da largura transversal

do complexo craniofacial, alteração da postura da cabeça, hiperplasia gengival

e ocasionalmente bruxismo e língua geográfica.

QUINN (1983) através de experiências clínicas em animais concluiu que

as deformações no complexo dentofacial são resultado do desequilíbrio

neuromuscular facial causado por distúrbios respiratórios, tais como a

respiração bucal. Daí a grande importância do diagnóstico e tratamento

precoce desses distúrbios

BRESOLIN et al. (1983), em seus estudos consideraram limitados os

dados que confirmam a relação entre respiração bucal e alterações no padrão

facial. Foi utilizada uma amostra composta por 45 jovens norte-americanos, de

ambos os gêneros, com idades entre 6 e 12 anos, das quais 30 possuíam

respiração bucal e 15 respiração nasal.Após analisar os resultados obtidos

verificaram que a altura facial anterior total foram levemente maiores nos

respiradores bucais. A grandeza angular formada pela linha Sela-Násio e o

plano mandibular maior nos respiradores bucais. Entretanto segundo os

autores seria necessária a realização de estudos longitudinais, para avaliar se

essas alterações são reais.

ADAMIS; SPYROPOULOS (1983) analisaram o efeito da obstrução

nasal causada por hipertrofia das adenóides na posição da língua, da

mandíbula e do osso hióide.Os autores compararam 56 crianças na faixa etária

dos 9 anos com oclusão “ideal”, face harmônica e sem obstrução nasal, com 51

crianças respiradoras bucais ( adenóides hipertróficas), de mesma idade e

maloclusão de Classe I. Como resultados, observaram nos respiradores bucais

Page 27: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

25

aumento na altura facial ântero-inferior, posicionamento lingual mais anterior e

inferior e maior inclinação do plano mandibular.

SANTOS-PINTO (1984) realizou um estudo cefalométrico de 50 jovens,

de ambos os gêneros, com idades entre 9 e 14 anos, portadores de maloclusão

de Classe I e II de Angle, com o objetivo de analisar alterações

nasofaringeanas e craniofaciais em pacientes com adenóide hipertrófica.

Metade dos pacientes apresentavam espaço nasofaringeano livre de qualquer

obstrução, e a outra metade apresentavam redução desse espaço. Através de

medidas cefalométricas angulares e lineares foram realizadas comparações

referentes à posição e forma de estruturas craniofaciais, dentárias e

faringeanas.Na análise dos dados obtidos, observaram: (1)medidas maiores

para as medidas cefalométricas SN.Gn e SN.GoM (medidas que representam a

tendência de crescimento facial), dentre outras, nos pacientes portadores de

adenóide hipertrófica; (2)há retrusão da maxila e mandíbula em relação à base

do crânio; (3)os planos oclusal e mandibular apresentam uma inclinação

acentuada em relação à base do crânio, divergindo de posterior para anterior;

(4)há um posicionamento mais inferior e posterior do mento; (5)a altura facial

anterior encontra-se aumentada; (6)há uma menor curvatura ou inclinação da

parede faringiana posterior; (7)não ocorrem alterações no ângulo da base do

crânio; (8)o ângulo goníaco mandibular não sofre alterações.

VARGEVIK et al. (1984) avaliando uma amostra formada por oito

macacos que tiveram a respiração nasal obstruída com a colocação de plugs

de silicone, estudaram as mudanças ocorridas no padrão neuromuscular,

dentária, e esquelética provocada por essa obstrução. As primeiras alterações

foram observadas logo após a obstrução e conseqüente respiração bucal.

Outras mudanças foram observadas até dois anos após a retirada dos

obliteradores. Os autores concluíram que as alterações no padrão

neuromuscular eram resultantes das alterações posturais da língua, mandíbula

e lábio superior. O ângulo SN.GoGn e a AFAI encontravam-se aumentadas,

entretanto após a retirada dos obliteradores (período controle) algumas dessas

alterações foram revertidas. Foram observadas também, alterações em tecidos

moles. No período controle alguns animais apresentaram a manutenção dos

lábios separados e mandíbula rebaixada.

Page 28: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

26

MCNAMARA JR. (1984) afirmou que o posicionamento lingual é muito

importante para o diagnóstico de algumas maloclusões, tais como mordida

cruzada dentoalveolar, biprotrusão e no prognatismo mandibular.Verificou-se

que a posição anterior da língua estava freqüentemente associada com

amígdalas hipertrofiadas e respiração bucal.

Modificando o padrão respiratório de trinta adultos respiradores bucais

por curtos períodos de tempo (30 minutos), para uma respiração bucal,

HELLSING et al. (1986) analisaram a postura da cabeça e da mandíbula, à

distância interoclusal, além das atividades posturais musculares mastigatórias

e cervicais através de eletromiografias. Como resultado, observaram que a

respiração bucal, como função compensatória promove a extensão da cabeça

e o abaixamento da mandíbula, sendo fatores determinantes na morfologia

craniofacial e no crescimento do indivíduo portador de obstrução nasal por um

longo tempo.

KLEIN (1986) selecionou 106 pacientes em fase de pré-tratamento

ortodôntico com sinais clássicos da Síndrome da face longa provocada por

adenóide. Foi realizada anamnese com os pais, exame clínico e de modelos,

fotografias e telerradiografias em norma lateral. Realizou-se uma análise

estatística para avaliar a influência entre os sinais da Síndrome da face longa,

a história do tratamento e com o padrão respiratório. Concluíram que a

obstrução da respiração nasal poderia alterar o desenvolvimento craniofacial.

Tentando comprovar se existia modificação da direção de crescimento

mandibular após a remoção das adenóides LINDER-ARONSON; WOODSIDE;

LUNDSTROM (1986) realizaram um estudo durante cinco anos após a

adenoidectomia em 75 crianças (38 pós-adenoidectomias e 37 respiradoras

bucais) com idades entre 7 e 12 anos. Foram realizados traçados

cefalométricos, modelos de gesso e rinomametria posterior ativa durante 5

anos, uma vez ao ano. Comparado ao grupo controle o grupo

adenoidectomizado inicialmente apresentou AFAI significantemente maior,

mandíbulas mais retro-inclinada e ângulo do plano mandibular aumentados. Os

autores também concluíram que o restabelecimento de um crescimento

horizontal estava associado à adenoidectomia.

WEIMERT (1986) verificou que dentre 1100 pacientes encaminhados à

sua clínica por ortodontistas a maioria apresentava obstrução das vias aéreas

Page 29: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

27

superiores. Verificou-se também que todos os pacientes que apresentavam

respiração nasal, todos também respiravam pela boca, mesmo que por

períodos intermitentes.

SINGER; MAMANDRAS; HUNTER (1987) associaram características

morfológicas da mandíbula e padrões de crescimento mandibular. Foram

avaliados telerradiografias de 50 pacientes tratados ortodonticamente sendo 25

com curvatura antegonial mandibular profunda e 25 com curvatura rasa,

comparando as características craniofaciais e o potencial de crescimento

desses dois grupos.Aqueles que mostravam curvatura acentuada

apresentavam maior retração mandibular, com corpo curto, pequena altura do

ramo e ângulo goníaco maior do que os casos com curvatura rasa. A altura

facial anterior inferior encontrava-se aumentada no primeiro grupo e NS.GoM

(ângulo mandibular) e NS.Gn (eixo facial) estavam mais direcionados

verticalmente.

BERKINSHAW; SPALDING; VIG (1987) por considerarem o assunto

controverso enfatizaram a importância de estudar a influência do meio

ambiente na função respiratória e desse sobre o crescimento craniofacial.

Nos estudos de MEREDITH (1987) os pacientes dolicofacias,

respiradores bucais e com deficiência neuromuscular, apresentam maior

susceptibilidade a desenvolver Síndrome da face longa, enquanto pacientes

com hipertrofia da língua e tonsilas e respiração bucal seriam mais susceptíveis

a desenvolver prognatismo mandibular.

RUBIM (1987) afirmou que a característica mais freqüente na Síndrome

da face longa é o aumento do terço inferior da face e que esse nome foi dado

devido à rotação mandibular no sentido horário.

TRASK; SHAPIRO; SHAPIRO (1987) avaliando uma amostra de 50

crianças (25 respiradoras bucais e 25 nasais) observou no sentido vertical o

aumento AFAI, NS.GoM nos respiradores bucais. Evidenciou-se também que

os efeitos da respiração bucal expressava-se primeiramente no sentido vertical,

e que o relacionamento antero-posterior seria determinado principalmente por

fatores genéticos.

TIMMS; TRENOUTH (1988) realizaram um estudo com a finalidade de

correlacionar a resistência do fluxo aéreo nasal com algumas medidas lineares

e angulares obtidas a partir de cefalogramas de telerradiografias em norma

Page 30: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

28

lateral de 47 pacientes, sendo 21 do gênero masculino e 26 do gênero

feminino. Não houve diferença estatisticamente significante nos parâmetros

entre os gêneros. O ângulo formado pelos planos maxilar e mandibular, à

distância palato-língua, e o índice facial demonstraram uma correlação positiva

com a resistência nasal, a profundidade do palato demonstrou uma correlação

negativa.

Avaliando 71 pacientes que apresentavam dificuldades respiratórias e

analisando a morfologia craniofacial e padrão facial CHENG (1988) analisou os

efeitos da deficiência respiratória no desenvolvimento da face de crianças em

crescimento. A amostra foi dividida em dois grupos de igual número. O grupo

com deficiência respiratória demonstrou combinações e características de

deformidades craniofaciais, face adenoideana e maloclusões. Assim o

reconhecimento precoce desses padrões faciais , como síndrome da face

longa, pode ser utilizado para identificar os indivíduos com comprometimento

da respiração, os quais têm uma provável tendência a desenvolver certos tipos

de maloclusão e alteração craniofacia.

Segundo SMITH; GONZÁLES (1989) a obstrução das vias aérea

superiores resultaria em respiradores bucais que poderia ocasionar alterações

no crescimento craniofacial. Entretanto apesar de considerarem a respiração

bucal uma importante causa de alterações no desenvolvimento facial, os

autores não descartam outras etiologias.Assim seria necessária uma extensa

avaliação clínica para verificar a verdadeira causa da alteração assim como um

tratamento multidisciplinar envolvendo pediatra, odontopediatra, ortodontista e

otorrinolaringologista.

Estudando o contorno mandibular em crianças antes e após a

adenoidectomia e comparando com um grupo controle KEER; MCWILLIAN;

LINDER-ARONSON (l989). Foi observado que o grupo experimental após a

cirurgia apresentaram um crescimento mandibular mais horizontal, uma rotação

posterior da mandíbula e alguma reversão da tendência inicial.

Com o objetivo de avaliar a influência da hipertrofia amigdaliana com

alterações no crescimento e morfologia facial, MARTINS et al. (1989)

realizaram um estudo cefalométrico em 120 pacientes com idades entre7 e 10

anos, sendo que metade apresentava amígdalas normais e a outra metade

hipertrofiadas. O ângulo NS.GoM apresentou-se significantemente aumentado

Page 31: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

29

demonstrando tendência de crescimento vertical. A AFAI também foi

influenciada pela presença de amígdalas hipertrofiadas. Esses dados foram

considerados semelhantes aos encontrados na literatura.

HARTGERINK; VIG (1989) desenvolveram um estudo em 38 pacientes

ortodônticos e em 24 não tratados ortodonticamente (grupo controle), com

idades entre 8 e 14 anos. Foram realizadas associações de avaliações

estatísticas entre a altura facial anterior inferior-AFAI, postura labial, padrão

respiratório e resistência nasal, antes da expansão, após uma semana e depois

de 9 a 12 meses. Concluiu que a postura labial não estava relacionada com

resistência nasal, mas sim com o padrão respiratório. Observou que não houve

nenhuma correlação significativa entre AFAI e resistência nasal; a AFAI estava

aumentada no grupo com postura labial aberta. Nenhuma correlação entre

percentual de respiração nasal e AFAI foi constatada; os indivíduos com

aumento da AFAI não apresentavam maior resistência nasal ou um

componente oral maior de suas respirações do que em indivíduos com

variações normais da AFAI.

BEHLFELT; LINDER-ARONSON; NEANDER (1990) também realizaram

estudo cefalométrico para avaliar a influência das amígdalas hipertrofiadas na

tendência de crescimento facial. Notou-se que esse grupo apresentava

mandíbula mais retrognata, face longa, plano mandibular e AFAI aumentado e

inclinação do plano mandibular.Verificaram também que fatores posturais,

funcionais e morfológicos, tais como falta de vedamento labial, postura da

língua mais anteriorizada e respiração bucal noturna eram associadas às

mudanças no padrão esquelético, que se torna mais vertical e com maior

retrognatismo mandibular.

TURNE (1990) verificou em seu estudo que alterações no padrão

respiratório de nasal para bucal promove adaptações funcionais e alterações

no crescimento e desenvolvimento craniofacial que incluíram aumento do

ângulo goníaco, da altura facial total (NMe), do plano mandibular e

conseqüentemente um desenvolvimento mais vertical da face.

RIBAUT (1990) analisou crianças de 5 a 13 anos as quais foram tratadas

ortodonticamente, avaliando os resultados da respiração bucal. Os autores

verificaram que incompetência nasal era quatro vezes mais comum em

crianças com anormalidades ortodônticas e que essa respiração bucal

Page 32: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

30

promoveria distúrbios de crescimento e face longa. Concluíram também que a

prevenção da respiração bucal (e suas conseqüências) assim como o

tratamento precoce são importantes para um desenvolvimento e crescimento

equilibrados garantido a estabilidade dos resultados obtidos com o tratamento

ortodôntico.

Segundo MARTINA; LAINO; MICHELOTTI (1990), as conseqüências

das alterações causadas pela implantação de uma respiração bucal podem ser

normalizadas por meio do tratamento precoce dos fatores obstrutivos.

UNG et al. (1990) analisaram padrões respiratórios e seus efeitos sobre

o desenvolvimento dentofacial através de 49 pacientes na faixa etária de 10 a

16 anos. Foram realizadas medidas do fluxo aéreo oral e nasal, obtendo-se

medições em ocasiões diferentes. Foi realizada também, comparação entre o

padrão respiratório, à resistência nasal e a força da respiração nasal. Os

resultados indicaram, nas avaliações objetivas dos modos de respiração e

características dentofaciais, um padrão esquelético de Classe II para os

respiradores bucais e retroinclinação dos incisivos inferiores e superiores. Ao

contrário, na percepção subjetiva da respiração bucal, houve associação entre

uma altura facial longa e ângulo do plano mandibular aumentado. Aos autores

ainda salientam a necessidade de métodos mais completos de verificação do

padrão respiratório.

Com objetivo de estudar crescimento e desenvolvimento facial

BORRERO; O´REILLY; CLOSE (1991) realizaram uma pesquisa para

determinar uma relação entre dimensão vertical esquelética, crescimento da

mandíbula, contorno da sínfise e contorno da borda mandibular em indivíduos

do gênero masculino antes e depois do crescimento puberal. Foram utilizadas

as seguintes medidas: altura da parte superior e inferior anterior da face, altura

da sínfise, comprimento total da mandíbula, proporção entre altura e largura da

sínfise e proporção entre a altura da parte superior e inferior da face. A

dimensão vertical foi a única que apresentou diferença significante entre os

grupos.

De acordo com HICKHAM (1991) a oclusão normal dificilmente ocorreria

em circunstâncias anormais. Indivíduos que apresentam obstrução das vias

aéreas superiores, e que, portanto, mantém a boca constantemente aberta

para permitir a passagem do fluxo aéreo, causariam um pressionamento

Page 33: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

31

anormal da língua, comprometendo assim, o tratamento ortodôntico. O autor

ainda salientou, que mesmo após a amigdalectomia e adenoidectomia, em

alguns pacientes poderia persistir a respiração bucal sendo necessária uma

intervenção clínica como por exemplo, a utilização de guia de vedamento labial.

Questionando à falta de critérios para definir o padrão respiratório

FIELDS et al. (1991) estudaram medidas cefalométricas em 32 jovens entre 11

e 17 anos de ambos os gêneros os quais apresentavam face longa (definida

pela altura facial ântero-inferior - AFAI aumentada), comparando com 16 jovens

com morfologia dentro da normalidade. Foram ainda classificados de acordo

como tipo facial. Diante dos resultados concluíram que os dolicofaciais (AFAI

aumentada) apresentaram aumento na altura facial total, na inclinação do plano

mandibular e nas dimensões verticais com predominância da respiração bucal.

Já 80% dos indivíduos que apresentavam crescimento normal apresentavam

respiração nasal e 63% dos indivíduos com face longa apresentavam padrão

de respiração bucal.

WOODSIDE et al. (1991) utilizando sobreposição de traçados

cefalométricos de 38 crianças antes e após a adenoidectomia analisando a

quantidade de crescimento mandibular. A sobreposição feita sobre o ponto G

(gnátio) e observou medidas significantemente maiores no grupo que realizou

cirurgia para retirada das adenóides, principalmente na região do mento e um

maior crescimento do terço médio da face. Os autores ainda concluíram que

após o restabelecimento da respiração nasal (pós-cirurgia) as estruturas faciais

mostraram alto grau de recuperação.

MOTT; PFIETER (1992) selecionou uma amostra composta por 70

indivíduos com crescimento predominantemente vertical (grupo 1) e 81

indivíduos com crescimento harmônico ou predominantemente horizontal

(grupo 2) para realizar uma comparação do tamanho da adenóide nos dois

grupos. A amostra foi avaliada através de telerradiografias em norma lateral e

exame otorrinolaringológico (rinoscópio e endoscópio com lupa). Como

resultado os autores observaram que 61% dos indivíduos do grupo 1 eram

respiradores bucais contra apenas 13% do grupo 2.Os exames sobre o

aumento de volume das partes posteriores da adenóide apresentam uma

grande correlação entre os grupos estudados. O aumento das adenóides e

conseqüente diminuição da ventilação nasal foi identificado como possível

Page 34: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

32

fator causal de um maior crescimento no sentido vertical. Portanto os autores

afirmam a importância dos pacientes que apresentam tendência de

crescimento vertical praticarem uma “respiração nasal livre”.

Comparando a oclusão dentária e as características faciais entre

crianças asmáticas e normais, VENETIKIDOU (1993) selecionou uma amostra

composta por 64 crianças com idades que variavam de 3 a 16 anos, sendo

50% de crianças asmáticas e os outros 50% sem distúrbios respiratórios. Nas

crianças que apresentavam asma foi verificada uma alta prevalência de

respiração bucal, tendo nesse grupo uma tendência à face longa quando

comparados ao grupo controle.

PROFFIT (1993) relataram os mecanismos que levariam a respiração

bucal provocar alteração na direção de crescimento facial. Segundo os autores

para instalação da respiração bucal seriam necessários um abaixamento da

mandíbula, da língua e uma inclinação da cabeça para trás. Assim haveria um

aumento da altura facial e extrusão dos dentes superiores-posteriores, fazendo

com que a mandíbula girasse para trás e para baixo.Entretanto os autores

acreditam ser difícil determinar qual o grau de obstrução nasal poderia

comprometer o crescimento e desenvolvimento da face. Pacientes que

respiram com os lábios abertos não podem ser considerados respiradores

bucais uma vez que pode haver respiração nasal mesmo com os lábios

entreabertos. Assim com essa pesquisa os autores concluíram que: a) a

obstrução nasal total parece mesmo alterar o crescimento e desenvolvimento

facial; b)a maioria dos respiradores bucais apresenta face longa, entretanto o

inverso não pode ser afirmado; c) de um modo mais direto, a respiração bucal

pode contribuir para o desenvolvimento de problemas ortodônticos, porém é

difícil indica-la como um agente etiológico freqüente.

Um estudo de FRICKE et al. (1993) selecionaram crianças de acordo

com a postura labial com objetivo de demonstrar se crianças com postura labial

aberta (grupo experimental) apresentavam resistência nasal e morfologia

mandibualar diferente das crianças com postura labial fechada (grupo controle).

Esse estudo demonstrou que aquelas crianças que não apresentavam

selamento labial possuíam um aumento significante do ângulo NS.GoM (base

do crânio-plano mandibular) indicando uma tendência de crescimento facial. A

Page 35: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

33

rinomanometria anterior, assim como a mensuração do espaço faríngeo

medido na radiografia lateral, não apresentou diferenças entre os dois grupos.

LIMME (1993) concluiu que apesar de existir controvérsia sobre a

influência da respiração bucal sobre o desenvolvimento facial inúmeros estudos

comprovam alterações na direção de crescimento mandibular e aumento da

altura facial ântero-inferior.

SANTOS PINTO et al. (1993) com o objetivo de avaliar alterações

dentofaciais em função da redução da ENF (menos espaço faríngeo),

selecionaram uma amostra composta por indivíduos leucodermas na faixa

etária dos 8 aos 14 anos. Assim a amostra foi subdividida em cinco grupos:

1)jovens com adenóide ausente e ENF maior que 8mm; 2) jovens com

adenóide pequena e ENF entre 8 e 6.1mm; 3) jovens com adenóide moderada

e ENF entre 6 e 4.1mm; 4) jovens com adenóide volumosa e ENF entre 4 e

2.1mm e 5) jovens com adenóide obstrutiva e ENF entre 2 e 0mm. Os autores

verificaram que ENF menor ou igual a 4 resulta em alterações dentofaciais

importantes que podem comprometer o desenvolvimento da criança. Com

relação aos vetores de crescimento mandibular, representados pelos ângulos

NSGoM e NS.Gn, foi observado que sofrem influência pela redução do ENF,

caracterizando uma tendência de rotação do plano mandibular no sentido

horário, confirmando a ocorrência de um padrão de crescimento facial.

GROSS et al. (1994) propuseram a investigar a relação entre a postura

de boca aberta e o desenvolvimento dentofacial, levando-se em conta a

associação feita entre respirador bucal e ausência de selamento labial.

Realizara, pois, um estudo longitudinal onde acompanharam durante quatro

anos, um grupo de crianças, com idades entre 5 e 7,5 anos, cujos resultados

sugeriram que a postura de boca aberta, com ou sem quantificação do volume

das vias aéreas, pode ser um fator potencialmente indesejável no

desenvolvimento dentofacial. Sugeriram também, que, usando um

procedimento padronizado, a avaliação da postura da boca aberta pode ser

realizada facilmente por profissionais, pais ou professores, a custos baixos.

Recomendaram ainda, que os adultos observem e indiquem uma apropriada

postura de selamento labial às crianças devido à alta incidência de selamento

labial na população ortodôntica e de uma relação observada entre o

comprimento do arco e a postura da boca aberta.

Page 36: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

34

KLUEMPER; VIG; VIG (1995) utilizaram uma amostra composta por 102

telerradiografias, sendo 40 do gênero feminino e 62 do gênero masculino,

estando 50% da amostra entre 11 e 16 anos.Para definir a morfologia facial

foram utilizadas as seguintes medidas cefalométricas: ANB,IMPA, AFAI e

largura da nasofaringe. Diferentemente da maioria dos estudos os autores

concluíram que a análise cefalométrica isolada não se mostrou um bom

método para diagnosticar a obstrução nasal, não podendo ser definitiva para

decidir o tratamento clínico, assim como afirmaram que existem poucas

evidências que a respiração bucal influencie no crescimento facial.

JOSELL (1995) descreveu a relação entre hábitos bucais e seus efeitos

sobre o crescimento e desenvolvimento facial. O autor afirmou que a postura

lingual de repouso alterado afeta muito mais o complexo dental e esquelético

do que o pressionamento lingual anterior, descrevendo duas formas de postura

anormais: a) protração endógena; b) protração adquirida, resultante

normalmente de problemas nasorespiratórios. Relatou ainda as alterações

posturais decorrentes da instalação da respiração bucal: 1) abaixamento da

mandíbula; 2) posicionamento da língua para frente; e 3) extensão da cabeça.

Caso essas alterações persistam, elas podem afetar as posições dentais no

sentido vertical e horizontal, e com conseqüência influenciar o crescimento da

maxila e mandíbula.

Em estudos realizados em primatas, TOURNE; SCHWEIGER (1996)

verificaram que alteração posturais da mandíbula, que permanece abaixada,

provocada pela respiração bucal, pode levar a alterações esqueletais, se

mantida por período prolongado. Entretanto o autor salienta que a resposta em

primatas é diferente da resposta em humanos, e por motivos éticos a obstrução

nasal prolongada não poderia ser testada em humanos.

Através da análise da profundidade da curvatura antegonial mandibular,

LAMBRECHTS et al. (1996), estudaram as diferenças dimensionais nas

morfologias craniofaciais de dois grupos, que apresentavam essa curvatura,

rasa e profunda. Utilizaram telerradiografias de 80 indivíduos não tratados

ortodônticamente, sendo que metade apresentava curvatura antegonial rasa e

a outra metade, profunda. Como resultado os autores verificaram que àqueles

indivíduos que apresentavam curvatura rasa demonstraram características

morfológicas associadas a um padrão de crescimento horizontal e suas

Page 37: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

35

medidas apresentavam-se mais protruídas. Além disso, as mandíbulas com

curvatura rasa demonstraram ser maiores do que as que apresentavam

curvatura profunda.Na média aquelas de curvatura profunda mostraram

ângulos goníacos e ramos posteriores maiores e inclinação maior do plano

mandibular. A altura facial total (NMe) nos pacientes com curvatura rasa foi

muito menor do que aqueles com curvatura profunda, que por sua vez

apresentavam maxilares mais retruídos em relação à base do crânio.

BAUMANN; PLIKERT (1996) submeteram uma amostra de 47 jovens,

com idades entre 6 e 15 anos, a exame clínico, anamnese, rinomametria,

endoscopia e cefalometria.A amostra foi dividida em dois grupos-face normal e

face longa determinado a partir do ângulo NS.GoGn, com o objetivo de

relacionar a morfologia craniofacial e o padrão respiratório. Após a discussão

dos resultados os autores verificaram uma predominância de crescimento

vertical nos respiradores bucais quando comparado aos nasais. Também

concluíram que esse estudo não esclareceu uma correlação entre a respiração

bucal, o desenvolvimento craniofacial e o tamanho da adenóide, determinando

a influência dos fatores externos sobre os componentes genéticos dos

indivíduos, que atuam diretamente no crescimento craniofacial.

Os fonoaudiólogos por muito tempo relacionavam a musculatura facial e

bucal somente com a função da deglutição. Entretanto os estudos realizados

por MARCHESAN; KRAKAUER (1996) passaram a valorizar também a

mastigação e a respiração como funções com extrema influência sobre o

crescimento e desenvolvimento craniofacial. A maioria dos pacientes

analisados pelos autores, apresentaram posicionamento mais anterior e inferior

da língua, crescimento vertical, ângulo goníaco acentuado, face longa,

hipotrofia, hipotonia e hipofunção dos músculos mandibulares, hipofunção dos

lábios e bochecha, lábio superior curto, lábio inferior evertido ou interposto

entre os dentes, alterações corporais, alterações das funções orais e

movimentos compensatórios da cabeça.

Num estudo onde o objetivo foi comparar alterações miofuncionais

características em pacientes com pressão lingual e em pacientes sem essas

desordens, NEIVA; WERTZNER (1996) observaram que um padrão

respiratório adequado prevalecia no grupo controle enquanto que no grupo com

pressão lingual a maioria dos pacientes apresentava respiração bucal ou mista.

Page 38: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

36

Os autores estão de acordo com a literatura, que afirma existir um

relacionamento entre padrões respiratórios alterados e desordens

miofuncionais orais.

FERREIRA (1997) investigou a influência de hábitos parafuncionais,

principalmente a respiração bucal, nas alterações dentais e esqueléticas. O

autor salientou a importância dos ortodontistas reconhecerem precocemente

esses hábitos, evitando assim o estabelecimento de alterações dento-

esqueléticas e miofuncionais. O tratamento da respiração bucal e suas

conseqüências terão mais sucesso quanto mais cedo se intervir.

YAMADA et al. (1997) realizaram um estudo com 11 primatas os quais

foram divididos em dois grupos – experimental (com obstrução respiratória

provocada leve e pesada) e o grupo controle. Foram realizadas análises

cefalométricas para comparar os dois grupos, verificando dessa maneira a

existência de uma relação entre a obstrução nasal e a rotação mandibular para

trás e para baixo, sendo que aqueles que apresentavam obstrução nasal

pesada foram os mais afetados. Nesse estudo foi concluído que a presença de

obstrução nasal prolongada antes e durante o crescimento puberal pode

resultar em alterações craniofaciais. O grupo que apresentava obstrução nasal

leve, em relação à postura lingual e as mudanças esqueletais, em sua maioria

apresentou padrão similar ao do grupo controle. Mas alguns animais

apresentavam deformidades compatíveis ao grupo com obstrução nasal

pesada, com aumento significante na tendência de crescimento vertical, da

inclinação mandibular e protrusão lingual. Segundo os autores os resultados

dessa pesquisa podem ser transferidos para os seres humanos sendo de

grande importância para os ortodontistas, pois contribui para um correto

diagnóstico e planejamento de casos, já que as alterações respiratórias,

interferem no crescimento da face prejudicando o tratamento ortodôntico.

Fazendo uma associação entre a postura dos lábios, tonsilas

hipertrofiadas, tamanho do espaço aéreo e morfologia facial TROTMAN et al.

(1997) concluíram que: a) a ausência de selamento labial é resultado da

rotação facial antero-posterior e ao aumento da altura facial anterior inferior

(AFAI); b) O reposicionamento e rotação da maxila e mandíbula para frente e o

aumento dos ângulos SNA e SNB foram relacionados à presença de tonsilas

Page 39: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

37

hipertrofiadas; c) o reposicionamento em bloco antero-posterior da maxila e

mandíbula estavam relacionados à diminuição do espaço aéreo.

Do estudo realizado por JABOUR et al. (1997) com propósito de

investigar a possível correlação entre o padrão respiratório e alterações

ortodônticas e miofuncionais, concluiu-se que os pacientes respiradores bucais

apresentavam os mais variados tipos de oclusão, entretanto contatou-se uma

significativa prevalência de pacientes com tendência de crescimento vertical. A

respiração bucal associa-se não só a diminuição do espaço nasofaríngeo como

também a fatores como rinites, amigdalites e bronquites. O hábito da

respiração bucal pode trazer modificações na arquitetura facial e alterações no

equilíbrio muscular.

MAIA; SILVA FILHO; MAIA (1998) enfatizaram a importância em se

determinar o padrão de crescimento craniofacial dos pacientes antes de iniciar

o tratamento ortodôntico.Assim apresentaram um método longitudinal para

determinação do padrão de crescimento facial por intermédio de uma única

radiografia proposta por Björk. Nesse método, foram identificadas algumas

características estruturais da mandíbula como determinantes da rotação

mandibular durante o seu crescimento. Essas características estruturais podem

ser constatadas antes mesmo do traçado cefalométrico e incluem: (a)inclinação

da cabeça do côndilo; (b)ângulo goníaco mandibular; (c)chanfradura antigonial;

(d)morfologia da sínfise; (e)ângulo interincisivo e (f) paralelismo entre os planos

mandibular e oclusal.

Os efeitos da respiração bucal no crescimento e desenvolvimento

craniofacial continuaram sendo tema de muitas pesquisas. VIG (1998)

considerou uma dificuldade de determinar até que ponto a respiração bucal

pode influenciar o desenvolvimento da face antes e após o crescimento.

Apesar dos indivíduos que possuem essa obstrução apresentarem

características comuns, tais como aumento da altura facial, ausência de

vedamento labial, palato ogival, atresia maxilar, base do nariz e narinas

estreitas, ainda são necessários, critérios que determinem uma relação estreita

entre o padrão respiratório e a morfologia facial.

De acordo com VENTILLO (1999), os processos envolvidos na

respiração bucal são de máxima importância para a ortodontia, uma vez que as

alterações provocadas por essa anomalia, quando não bem compreendidas e

Page 40: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

38

corrigidas, poderão resultar no fracasso do tratamento ortodôntico. Segundo o

autor além dos diferentes tipos faciais, como dolicofaciais (longa e estreita) e

braquifaciais (curta e larga), também estão envolvidos fatores odontogênico.

Com a manutenção constante dos lábios entreabertos, é exigida a ação de

diferentes músculos para a postura da mandíbula. Essa ação muscular se

adaptando alternadamente no curso do desenvolvimento, produz variações

morfogenéticas adaptativas, podendo resultar em maloclusões, alterações e

desvios esqueléticos faciais. Se a respiração bucal não for adequadamente

tratada, o tratamento estaria comprometido.

Utilizando uma amostra composta por jovens respiradores bucais com

obstrução nasal total TAKAHASHI et al. (1999) afirmaram que a maior pressão

exercida pela língua, uma vez posicionada mais anteriormente para permitir o

fluxo de ar, não poderia ser responsável por alterações no padrão de

crescimento facial e que as pesquisas realizadas sobre respiradores bucais

não são suficientes para determinar sua influência uma vez que apenas uma

pequena porcentagem são, verdadeiramente, respiradores bucais totais.

ANDRADE; MAYOLO (2000) avaliaram indivíduos em fase de

crescimento verificando as possíveis alterações craniofaciais decorrentes da

obstrução das vias aéreas superiores e conseqüentemente da instalação de

uma respiração bucal. Os autores analisaram os resultados e concluíram que

os respiradores bucais apresentavam divergência do plano mandibular,

aumento da altura facial, retrusão mandibular em relação à base do crânio e

rotação mandibular no sentido horário. Foi ainda relatado que indivíduos

dolicofaciais com espaço aéreo estreito poderiam apresentar um quadro de

obstrução nasal mesmo com adenóides pequenas. Os respiradores bucais

apresentavam uma alteração na postura da cabeça, que se inclinava para cima

e para trás, alterações na postura lingual, que se posiciona mais inferiormente,

fatores esses que restringem os componentes horizontais do crescimento facial

e liberando o componente vertical. Os autores ainda afirmaram que ângulos

que envolvem a base do crânio (linha SN) não seriam bons indicadores de

alterações craniofaciais uma vez que apresentam grande variabilidade e por

estarem distantes da área bucal, estando assim pouco sujeitos a alterações

ambientais.

Page 41: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

39

Para verificar a importância da relação entre a morfologia mandibular e

do desenvolvimento craniofacial, ERÖZ et al. (2000), utilizaram

telerradiografias em norma lateral, além do exame dental de 60 jovens, sendo

metade do gênero feminino e a outra do gênero masculino com idades entre 11

e 15,5 anos de idade. Através da análise do ângulo SNGoGn, que determina o

padrão de crescimento, a amostra foi dividida em três grupos e em seguida

subdividida em subgrupos de acordo com o gênero. Com os resultados os

autores concluíram que no ramo, no corpo da mandíbula e sínfise mentoniana

não foram encontradas diferenças entre os grupos. Já o ângulo goníaco

apresentou-se aumentado no grupo com padrão vertical, quando comparado

aos demais grupos. Os autores consideraram de extrema importância o

conhecimento da tendência de crescimento facial assim como os fatores que

interferem nesse padrão, uma vez que o crescimento harmônico da maxila e da

mandíbula são essenciais para que haja equilíbrio no desenvolvimento

craniofacial.

Segundo KRAKAUER; GUILHERME (2000) desde o nascimento, a

respiração nasal é uma situação vital e elementar para o ser humano. Alterar o

padrão respiratório, e adquirir uma respiração bucal de suplência, é uma

adaptação funcional que acarreta modificações não somente nos órgãos e

aparelhos diretamente envolvidos, mas também na dinâmica corporal como um

todo. A respiração bucal de suplência, sendo uma função adaptativa do

Sistema Estomatognático, promove alterações estruturais que permitam sua

instalação e funcionalidade. Essas alterações são acompanhadas de

desequilíbrios miofuncionais, que podem causar mudanças nas funções

estomatognáticas e no eixo corporal.

MACEDO (2000) estudou uma amostra constituída de 100 jovens

leucodermas, brasileiros, filhos ou netos de brasileiros descendentes de

portugueses, espanhóis ou italianos, de ambos os sexos, na faixa etária dos 8

aos 13 anos, portadores de maloclusão de Classe I e Classe II de Angle, para

avaliar uma possível influência do padrão respiratório no desenvolvimento

dessas maloclusões, concluindo que o padrão respiratório dos indivíduos

estudados, não influenciou na direção de crescimento do complexo facial,

encontrando correlação com o selamento labial e a postura mandibular de

repouso.

Page 42: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

40

JORGE; ABRÃO; CASTRO (2001) avaliaram uma amostra de 30

indivíduos brasileiros, leucodermas, do gênero masculino e feminino, na faixa

etária de 14 a 25 anos, com dentição permanente e com maloclusão de Classe

II divisão 1a de Angle que não tinham se submetido a tratamento ortodôntico,

com o objetivo de determinar a etiologia e a localização das obstruções das

vias aéreas superiores. Com esse estudo os autores puderam constatar que a

hipertrofia das conchas nasais estava presente em 100% dos indivíduos da

amostra; o desvio de septo nasal estava presente em 66,66% dos indivíduos

desse estudo; constantemente os fatores obstrutivos demonstraram-se

múltiplos e localizados na bucofaringe, nas cavidades nasais e nasofaringe, a

hipertrofia das tonsilas faringeanas teria que ser muito grande para afetar a

resistência da via aérea nasal.

LOPES (2001) objetivando analisar a relação entre o padrão respiratório

e a curvatura antegonial mandibular realizou um estudo utilizando a mesma

amostra de MACEDO (2000), concluindo que nos respiradores bucais a

profundidade da curvatura antigonial e AFAI encontram-se aumentadas nos

respiradores bucais Foi também verificada uma correlação entre FMA,

NS.GoM, NS.Gn, AFAI e nasofaringe, com a profundidade antigonial.

RAHAL; KRAKAUER (2001) afirmaram que atualmente tem-se

encontrado um grande número de pessoas, principalmente crianças, que

apresentam respiração bucal. Podemos verificar esse fato, não só nos

pacientes que procuram algum tipo de tratamento para tentar melhorar a

respiração, mas também pelas pessoas que observamos no nosso dia a dia.

As autoras atribuem o fato desse aumento do número de indivíduos

respiradores bucais às condições de vida nos dias de hoje- alimentação,

poluição etc. Em respiradores bucais, muitas vezes, a disfunção muscular pode

ser responsabilizada pelas alterações entre forma e função, pois observa-se

que as alterações da musculatura facial ficam bastante evidenciadas. A postura

labial, por exemplo, tende a estar alterada. Em geral, o lábio superior não cobre

os 2/3 superiores dos incisivos centrais e o inferior é evertido.

BITTENCOURT; ARAÚJO; BOLOGNESE (2002) com o objetivo de

verificar a existência de correlação entre a dimensão do espaço aéreo livre e o

padrão facial do paciente no sentido vertical, selecionaram 60 radiografias

cefalométricas, em norma lateral, de 60 indivíduos leucodermas, brasileiros, na

Page 43: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

41

faixa etária de 10 e 11 anos, sendo 30 do gênero feminino e 30 do

masculino.Todos os pacientes eram portadores de padrão esquelético de

Classe II, com ângulo ANB maior ou igual a 5o. Foram excluídos aqueles que

haviam relatado história de cirurgia das amígdalas e/ou adenóides ou

tratamento ortodôntico anterior. Foi avaliado também o modo respiratório

através da anamnese e exame clínico. De acordo com os resultados observou-

se que há correlação entre a dimensão do espaço aéreo livre e o padrão

respiratório, tendo sido encontrado menor valor médio em pacientes

respiradores bucais e maior valor médio em respiradores nasais; existe fraca

relação linear negativa não significativa estatisticamente entre padrão facial do

paciente, no sentido vertical e a dimensão do espaço aéreo livre, ocorrendo

diminuição desta grandeza em pacientes com maior crescimento vertical.

CASTILHO (2002) objetivando avaliar a AFAI (altura facial anterior

inferior) estudaram 44 radiografias cefalométricas laterais, divididas em dois

grupos de 22 radiografias, de indivíduos com anomalias dentofaciais, de nível

socioeconômico médio baixo, de ambos os gêneros, na fase inicial de

tratamento ortodôntico, com idade variando dos 8 aos 12 anos. Em seguida a

amostra foi dividida em dois grupos. O grupo I apresentou espaço nasofaríngeo

igual ou maior do que 8 mm, indicando possivelmente não existir obstrução na

passagem de ar nesse local. O grupo II apresentou espaço nasofaríngeo igual

ou menor que 5mm, indicando uma possível hipertrofia das adenóides e uma

conseqüente obstrução na passagem de ar nesse local.

Em um dos mais definitivos estudos sobre respiradores bucais,

CARVALHO (2003) afirma que os pacientes respiradores bucais crônicos,

mantém a língua baixa e assim sobra um grande espaço livre que permite a

passagem do ar pela boca.Comparativamente, a manutenção da via aérea é

um reflexo mais vital que a deglutição adequada, ficando dessa forma

condicionada à respiração bucal. Além disso, alteração da posição da cabeça

altera imediatamente o trajeto mandibular. Dessa forma, a posição

anteriorizada da cabeça do respirador bucal é a postura que mais afeta o

sistema estomatognático e determina uma oclusão patológica.

DUARTE; FERREIRA (2003) realizaram um estudo com o objetivo de

comparar por meio de avaliação fonoaudiológica miofuncional, a respiração e

mastigação em sujeitos, durante tratamento ortodôntico, com ou sem

Page 44: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

42

intervenção fonoaudiológica associada. Participaram desse estudo 17

indivíduos com maloclusão de Classe II de Angle, idade média de 13,1 anos,

divididos em dois grupos, um que recebeu intervenção fonoaudiológica

associada ao tratamento ortodôntico e outro que realizou somente tratamento

ortodôntico. Os dois grupos realizaram quatro avaliações fonoaudiológicas

miofuncionais durante dois anos. Comparado-se os dois grupos observou-se

que a intervenção fonoaudiológica , em indivíduos portadores de maloclusão de

Classe II de Angle, em tratamento ortodôntico, mostrou-se efetiva. O

tratamento ortodôntico propiciou modificações no modo respiratório e na

mastigação, porém os resultados não foram tão significativos, quando

comparados aos obtidos no grupo com intervenção fonoaudilógica associada.

Segundo GURGEL et al. (2003), o respirador bucal apresenta

deformações esqueléticas características e más posições dentárias variáveis

conforme o grau da obstrução nasal e o tempo que o paciente permanece

respirando pela boca.A gravidade do caso varia de acordo com o padrão de

crescimento do esqueleto cefálico, pacientes com crescimento vertical, bem

como as características da Classe II divisão 1a, exibem quadros de faces

adenoideanas com prognósticos mais desfavoráveis. Os autores ainda

afirmaram a necessidade do auxílio do otorrinolaringologista, da fonoaudióloga

e da psicóloga no tratamento de pacientes respiradoras bucais, tendo

conhecimento de algumas das particularidades de como cada um desses

profissionais atua, como também a finalidade de uma substancial orientação do

paciente e dos pais já nas primeiras consultas.

Considerando a influencia da respiração bucal e da oclusão dentária na

musculatura peribucal, POVH et al. (2003) propôs um estudo eletromiográfico

do músculo orbicular do lábio em 88 crianças brasileiras, leucodermas cujas

idades variavam entre 6 anos e 1 mês a 8 anos e 2 meses, de ambos gêneros,

apresentando modo respiratório nasal ou bucal, com oclusão clinicamente

normal ou Classe I. A amostra foi dividida em quatro subgrupos: ONRN

(oclusão clinicamente normal e respiração nasal); CLIRN (classe I e respiração

nasal); ONRB ( oclusão normal e respiração bucal); CLIRB (classe I e

respiração bucal). Através dos resultados puderam concluir que não há

diferença na função muscular entre os respiradores nasais e bucais e da

mesma forma, entre os indivíduos com maloclusão Classe I e oclusão

Page 45: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

43

clinicamente normal; os movimentos de compressão recíproca dos lábios,

compressão dos lábios contra os dentes e projeção dos lábios são mais

representativos do músculo orbicular superior da boca.

PARANHOS; CRUVINEL (2003) através de seu estudo concluíram que a

respiração predominantemente bucal afeta as estruturas faciais e a saúde geral

do indivíduo. A amamentação é o melhor método de prevenção, por ser

simples, eficiente e sem custo, e por possuir todos os nutrientes necessários

para os primeiros dias de vida. Descrevendo sobre o tratamento dos

respiradores bucais, os autores salientaram que são várias as alternativas para

tratar precocemente esses pacientes, evitando seus efeitos deletérios durante

os processos de crescimento e desenvolvimento, sob a perspectiva da

melhoria da qualidade de vida que podemos proporcionar aos pacientes, não

esquecendo que é necessário adotar uma abordagem multidiciplinar, pela qual

deverão estar presentes, além do Ortodontista, um Fonoaudiólogo, um

Fisioterapeuta, um Alergista, um Pediatra e um Otorrinolaringologista.

ALCAZAR (2004) propuseram avaliar se ocorreu diferença nos espaços

naso e bucofaríngeo em paciente com maloclusão Classe I e II divisão 1a , com

padrão de crescimento normal e vertical, se os grupos estudados apresentaram

diferenças estatisticamente significantes comparadas com valores obtidos por

MCNAMARA JR que são usados como medida padrão e se segundo os

valores de MCNAMARA JR ocorreu a presença de obstrução das vias aéreas

superiores e inferiores nesses grupos. A amostra desse estudo consiste em 80

telerradiografias em norma lateral de indivíduos de ambos os gêneros, com

faixa etária de 8 e 15 anos sem histórico de cirurgia de tonsilas palatina e/ou

faringeana, sem tratamento ortodôntico, respiradores nasais e bucais. A

amostra foi dividida em quatro grupos com 20 indivíduos cada. No grupo 1

foram incluídos indivíduos Classe I com padrão normal de crescimento. No

grupo 2, os indivíduos Classe I com padrão vertical de crescimento. No grupo

3, Indivíduos Classe II divisão 1a com padrão normal de crescimento, e no

grupo 4 foram incluídos os de Classe II com padrão vertical de crescimento.O

padrão de crescimento foi avaliado de acordo com as seguintes medidas: FMA,

SN.GoGn e SN.Gn. Com base nos resultados obtidos puderam concluir que

apenas o espaço nasofaríngeo apresentou diferença estatisticamente

significante no grupo com Classe I com padrão vertical de crescimento

Page 46: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

44

comparando com as maloclusões de Classe I e II com padrão de crescimento

normal, que apresentaram valores menores. O espaço naso e bucofaríngeo se

apresentaram significativamente diferentes dos valores de MCNAMARA JR.,

cujos valores foram menores. Apenas nas maloclusões de Classe II com

padrão normal de crescimento, para o espaço nasofaríngeo e nas Classe I com

padrão vertical de crescimento, para o espaço bucofaríngeo, apresentaram-se

estatisticamente não significante. Não ocorreu obstrução dos espaços naso e

bucofaríngeo em nenhum dos grupos avaliados.

Comparando cefalometricamente as eventuais diferenças entre algumas

grandezas que caracterizam os tipos faciais no sentido vertical em crianças na

respiração bucal e nasal, BIZETTO et al. (2004) utilizaram telerradiografias em

norma lateral de 95 crianças na faixa etária de 6 a 8 anos, que apresentavam

maloclusão de Classe I de Angle ou oclusão normal.Utilizando as seguintes

variáveis: FMA ( 21o a 29o ), SN-GoGn (30o a 34o) , SN-Gn (65o a 69o), AFA(55

a 65mm),AFP (36 a46mm) e IAF (0,65 a 0,75%), a amostra foi dividida em três

grupos faciais. O grupo 1 consistiu de 6 crianças com face curta, ou seja, com

valores abaixo dos valores médios; o grupo 2 de 44 crianças com face média,

isto é, com valores dentro desses valores padrões e grupo 3 de 45 crianças

com face longa, portanto, com valores acima dos valores médios. Em seguida

foram subdivididos de acordo com o tio respiratório, em respiradores nasais

(RN) e respiradores bucais (RB). Após analisarem os resultados os

pesquisadores concluíram que: 1) No grupo com tipo facial curto, não existem

diferenças cefalométricas verticais significativa s, entre as crianças

respiradoras bucais e nasais; 2) Nos grupos com tipo facial médio e longo, a

variável altura facial anterior está aumentada no subgrupo de respiradores

bucais, sendo que nas faces longas esta diferença é maior; 3) Nas crianças

com respiração nasal, a variável NS.Gn, não apresentou diferença

estatisticamente significante entre os três tipos faciais; 4) Nas crianças com

respiração bucal, aquelas que possuem a face longa, apresentaram alteração e

mais influência nas variáveis SN.Gn, AFA e AFP, em comparação aquelas com

face média e curta; 5) Para verificar a influência da respiração bucal nas

alterações de crescimento nos diferentes tipos faciais, devem ser propostos

estudos longitudinais.

Page 47: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

45

FANTINI; ANDRIGHETTO (2004) avaliaram 15 indivíduos, sem distinção

étnica, brasileiros, sendo 7 do gênero masculino e 8 do feminino. As idades

variaram entre 15 anos e 7 meses e 20 anos e 2 meses. Todos apresentavam

as seguintes características, observadas por meio de anamnese e exame

clínico: maloclusão de Classe II de Angle, presença de todos os dentes

permanentes, exceto terceiros molares, saúde periodontal, ausência de sinais e

sintomas clínicos de distúrbio temporomandibular, dor a palpação muscular,

abertura máxima da boca inferior a 40mm travamento ou luxação mandibular.

Foram obtidas de cada paciente duas telerradiografias sendo uma antes e

outra após a desprogramação muscular. Após análise estatística das variáveis

estudadas, não se observou correlação significativa entre a diminuição do

espaço aéreo orofaríngeo, aumento da altura facial anterior inferior e a

extensão da cabeça em indivíduos submetidos à desprogramação

neuromuscular da mandíbula.

SANTOS-PINTO et al. (2004) selecionaram 98 radiografias

cefalométricas em norma lateral obtidas de pré-adolescentes, sendo 68 do

gênero feminino e 30 do gênero masculino, com idades entre 7 e 10 anos

dentre as existentes no arquivo do Departamento de Clínica infantil da

Faculdade de Odontologia da Araraquara-UNESP. Através da análise do

espaço nasofaríngeo a amostra foi dividida em três grupos com número

idêntico de indivíduos. Com a finalidade de eliminar uma possível influência da

hipertrofia amigdaliana sobre os resultados foram eliminados do estudo todos

os casos onde visualizava as imagens da amígdalas. Os pontos cefalométricos

obtidos foram digitados em programa cefalométrico específico. Esse programa

foi modificado para obtenção das medidas lineares e angulares escolhidas de

acordo com os objetivos do estudo. Assim os autores verificaram que o padrão

de respiração bucal induz a adaptações funcionais que têm sido associadas a

desvios no crescimento craniofacial. A redução do espaço nasofaríngeo está

relacionada a alterações no padrão de crescimento mandibular com

conseqüente aumento da inclinação do plano mandibular, característica de

pacientes com padrão de crescimento vertical.

SIMAS NETTA et al. (2004) selecionaram 74 crianças de Curitiba, com

idades variando de 6 a 9 anos, leucodermas que apresentavam maloclusão de

Classe II, divisão 1a de Angle. Foram realizadas telerradiografias em norma

Page 48: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

46

lateral e o diagnóstico clínico do modo respiratório foi realizado segundo a

metodologia adotada pelo Programa de Mestrado em Odontologia da PUCPR-

Ortodontia. Esse método baseia-se na observação do selamento labial e no

preenchimento de um questionário, respondido pelos pais, que contém

informações a respeito do histórico médico das crianças. Com base nesses

dados a amostra foi dividida em dois grupos: 35 indivíduos predominantemente

respiradores nasais e 39 respiradores predominantemente nasais. Foram as

grandezas esqueléticas da análise cefalométrica preconizada pela filosofia

Tweed-Marriefild, incluindo também as mensurações do ângulo goníaco, do

ângulo formado pela linha SN e plano mandibular e eixo Y. Analisando os

resultados, os autores puderam concluir que (1) a altura facial anterior é maior

e o índice de altura facial é menor no grupo de respiradores bucais do que no

grupo dos respiradores nasais; (2) a altura facial anterior, no grupo de

respiradores bucais é maior no gênero masculino que no feminino; (3) as

demais variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente significativas,

quando os grupos foram comparados de acordo com o modo respiratório ou de

acordo com o gênero; (4) para estabelecer correta relação de causa e efeito

entre o modo respiratório e as alterações na morfologia craniofacial, são

necessários meios mais precisos de diagnóstico do modo respiratório, bem

como mais estudos longitudinais.

BREMEN; PANCHERZ (2005) realizaram um estudo que teve por

objetivo aplicar o método estrutural de Björk na tendência de crescimento e

rotação mandibular, para responder as seguintes perguntas: (1) O crescimento

craniofacial hiperdivergente ou hipodivergente pode ser caracterizado por uma

morfologia mandibular específica? (2) Hiperdivergência ou hipodivergência

craniofacial severa é mais comum do que crescimento equilibrado? (3) A

hiperdivergência ou hipodivergêcia craniofacial apresenta-se mais freqüente

em indivíduos mais velhos? Assim, foram utilizadas telerradiografias em norma

lateral de 135 indivíduos portadores de maloclusão de Classe I e II. Dos 135

indivíduos, 95 exibiram ângulos do plano mandibular aumentado e 40 um

ângulo diminuído. Em 14% dos indivíduos com ângulo mandibular aumentado a

hiperdivergência craniofacial foi verificada em todos subitens da análise de

Björk, mas em 19% dos indivíduos a hiperdivergência foi verificada em menos

da metade dos itens. Em 63% dos indivíduos com ângulo mandibular

Page 49: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

47

diminuído, a hipodivergência craniofacial foi reconhecida em todos os itens,

entretanto em apenas 2,5%, a hipodivergência foi identificada em menos da

metade dos itens.Não houve associação entre hipo e hiperdivergência e a

idade. Utilizando o método estrutural de Björk os autores verificaram que a

hipodivergência foi reconhecida mais facilmente que a hiperdivergência.

IANNI FILHO; SILVA (2005) afirmaram que a respiração bucal pode

interferir no crescimento e desenvolvimento craniofacial das crianças. Pode

alterar a morfologia dentofacial além de ter efeitos negativos no

desenvolvimento psicosocial. Pode ainda provocar atrofia maxilar, protrusão

dental e crescimento vertical excessivo o que é indesejável em pacientes

dolicofaciais. Assim pacientes respiradores bucais devem ser avaliados e

tratados por uma equipe multidiciplinar, incluindo fisioterapeuta, médico,

fonoaudiólogo. O ortodontista pode contribuir com o diagnóstico inicial de

muitas obstruções nasofaringeanas que podem resultar em respiração bucal.

VIEIRA et al. (2005), por meio de um levantamento populacional

realizado em crianças cursando a 1ª série do ensino fundamental na rede

estadual na rede estadual de ensino público da cidade de Curitiba,

selecionaram uma amostra aleatória composta de telerradiografias de 33

crianças portadoras de oclusão “normal” e 55 crianças com de maloclusão de

Classe I de Angle, apresentando modo respiratório nasal ou bucal, do gênero

feminino ou masculino,brasileiras, leucodermas, cujas idades variavam entre

06 anos e 1 mês e 08 anos e 2 meses. O diagnóstico do modo respiratório foi

realizado por meio de critérios essencialmente clínicos. Foram consideradas

como respiradores nasais, 32 crianças que respiram pelo nariz durante o

exame visual, mantendo o selamento labial quando na posição de repouso,

sem qualquer esforço além do fisiológico. Além disso, nesses casos não havia

relato de respiração pela boca durante o dia e noite, e de haver ronco e baba

noturna.Por outro lado, foram classificadas como respiradoras bucais 56

crianças que não apresentaram selamento labial espontâneo e satisfatório

durante o exame anteriormente mencionado e/ou cujos relatos acusaram

indícios de respiração bucal, tais como selamento labial intermitente, ronco

e/ou baba noturna, quadros alérgicos recorrentes e etc. A amostra foi então

subdividida em quatro subgrupos: a)ONRN (oclusão normal e respiração

nasal); b) ONRB (oclusão normal e respiração bucal); c)CLIRN (ClasseI e

Page 50: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

48

respiração nasal) e; d) CLIRB (Classe I e respiração bucal). Esse estudo teve

por objetivo de verificar a existência de correlação entre o modo respiratório

bucal, o comportamento dos músculos orbicular inferior da boca e mentoniano

e a determinação de características oclusais específicas, na região anterior do

arco dentário inferior e padrão facial. Com base nos resultados obtidos pôde-se

concluir que não há diferença entre a função muscular de indivíduos

respiradores bucais e nasais; não há correlação entre a respiração bucal, a

função muscular peribucal, o grau de inclinação vestíbulo-lingual e a

discrepância de modelo dos incisivos inferiores; os indivíduos respiradores

bucais apresentam padrão facial mais vertical em relação aos respiradores

nasais, independente da maloclusão apresentada.

Page 51: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

49

4 . MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

A amostra consistiu de 83 telerradiografias em norma lateral de jovens

leucodermas, de ambos os gêneros, brasileiros, na faixa etária dos 7 aos 13

anos, portadores de maloclusão de Classe I ou II de Angle e nunca submetidos

a tratamento ortodôntico prévio, selecionados do arquivo de documentações

ortodônticas da clínica de Pós-graduação em Ortodontia do Centro

Universitário Hermínio Ometto- UNIARARAS.

Estabeleceram-se como critérios de exclusão, indivíduos que haviam

sido submetidos a tratamento ortodôntico prévio, história de hábitos bucais

inadequados (uso prolongado de chupeta, sucção digital), indivíduos que

sofreram traumas faciais ou que apresentavam alterações patológicas bem

como alterações no tamanho da língua (macroglossia ou microglossia).

Nesse estudo foram utilizadas telerradiografias em norma lateral, sobre

as quais foi realizado traçado cefalométrico utilizando os seguintes materiais:

• Folha de Papel Ultraphan recortado no tamanho 17,5 X 17,5cm;

• Jogo de esquadros (Desetec);

• Transferidor e régua (Desetec);

• Lapiseira 0,3mm.

Esse procedimento foi realizado em ambiente sem iluminação, utilizando

o negatoscópio.

Esses materiais viabilizaram a obtenção, seleção e elaboração dos

dados dessa amostra.

Page 52: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

50

4.2 Métodos

4.2.1 Método de obtenção das telerradiografias

Foram obtidas telerradiografias em norma lateral utilizando-se aparelhos

de Raios X marca Yoshida, modelo Panoura, 10-CSU, regulado a 10mA e 85

Kvp, com tempo de exposição de 0,8 segundos. O cefalostato utilizado era do

próprio aparelho, com uma distância entre a fonte de irradiação e o filme de

1,53m e o filme radiográfico de tamanho 18 X 24cm da marca KODAK, modelo

TMS-U.

Essas telerradiografias foram reveladas através de um processador

automático cuja marca é MACROTEK e as soluções químicas utilizadas no

processo de revelação são da marca KODAK.

4.2.2 Método de determinação do padrão respiratório

Em seguida, os indivíduos foram reclassificados segundo o padrão

respiratório em respiradores bucais e nasais, sendo 42 respiradores nasais e

41 respiradores bucais, considerando-se os seguintes critérios: Anamnese

(Anexo 1), observação clínica da postura habitual dos lábios, e exame

otorrinolaringológico.

Page 53: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

51

Tabela 1 - Critério utilizados para determinação do padrão respiratório

Avaliação

Anamnese – História Clínica

Preenchida pelos pais ou responsáveis

Foram avaliadas respostas em relação a

ronco e baba noturna, cirurgias (adenóide,

amígdalas etc) e respiração nasal ou

bucal

Observação Clínica

Postura habitual dos lábios

Os respiradores bucais apresentam lábios

ressecados e que em repouso

permanecem entreabertos / Os

respiradores nasais apresentam

selamento labial passivo

Avaliação Otorrinolaringológica

Todos os indivíduos foram submetidos

a exame clínico otorrinolaringológico

(observação clínica e em alguns casos

Rx e rinoscopia).

4.2.3 Método de avaliação cefalométrica

As medidas cefalométricas utilizadas para análise da tendência de

crescimento da amostra foram NS.GoGn, FMA, NMe e Eixo Y . Foi aplicado

também o Método Estrutural de Björk (BJÖRK, 1965) para avaliação da

tendência de rotação mandibular.

Após a seleção das telerradiografias, foi realizado o desenho das

estruturas anatômicas. Sobre a telerradiografia foi fixado o papel ultraphan

onde foram desenhadas as principais estruturas anatômicas, procedimento

realizado sobre o negatoscópio onde essas estruturas e o perfil mole são

perfeitamente visualizados.

Page 54: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

52

As estruturas anatômicas reproduzidas no cefalograma (Figura 1) foram:

• Sela Túrcica: Concavidade situada no osso Esfenóide que abriga a

glândula Hipófise. Desenha-se o contorno anterior e posterior da Sela

que demarca o ponto médio da base craniana e está localizada no plano

sagital mediano.

• Glabela e Ossos Nasais: Contorno externo do osso frontal e anterior

dos ossos nasais unidos pela sutura fronto-nasal.

• Meato acústico externo: Contorno externo do meato acústico,

localizado atrás do côndilo mandibular, de forma oval.

• Fissura Ptérigomaxilar: Contorno posterior do osso maxilar (túber) e do

processo pterigóide do osso esfenóide. Apresenta forma de gota

invertida.

• Borda inferior da órbita: Desenha-se apenas o contorno

inferior.Quando apresenta duas imagens deverá ser desenhada a média

entre elas.

• Maxila: Contorno superior e inferior.

• Mandíbula: Desenhada em sua totalidade.Sínfise, base da mandíbula,

corpo mandibular, ângulo da mandíbula, ramo, côndilo, chanfradura,

processo coronóide e contorno interno.

• Perfil Mole: O traçado é iniciado acima do osso frontal até o mento.

• Dentes: Desenhado o contorno dos incisivos superiores e inferiores e

os primeiros molares. O desenho dos dentes foi realizado com ajuda do

Template*.

Page 55: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

53

• Parede posterior da faringe e palato mole: Desenha-se o contorno

posterior da faringe e o palato mole.

* Template- fabricação

Figura 1 - Desenho das estruturas anatômicas

Após a realização do desenho das estruturas anatômicas determinaram-

se os pontos cefalométricos utilizados. A demarcação dos pontos foi realizada

pela autora e confirmada por um ortodontista e radiologista. A seguir, a relação

dos pontos cefalométricos e suas respectivas definições (Figura 2):

• S - Sela Túrcica: Ponto localizado no centro da sela túrcica.

• N – Násio: Ponto localizado no plano sagital mediano, no limite anterior

da sutura fronto-nasal.

• Po – Pório: Ponto mais superior do meato acústico externo.

Page 56: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

54

• Or-Orbital : Ponto localizado no limite inferior do contorno inferior da

órbita.

• Me- Mentoniano: Ponto mais inferior da sínfise.

• Go-Gônio : Ponto mais posterior inferior da mandíbula, no sentido

6antero-inferior. Esta localizado na bissetriz do ângulo formado pelo

plano mandibular (Go-M) e uma perpendicular a esse plano.

• Gn-Gnátio : Ponto mais inferior e anterior do contorno do mento.

Determinado pela bissetriz do ângulo formado pelo plano mandibular e

linha Nasio- Pogônio.

Figura 2 - Pontos Cefalométricos de interesse para esse estudo.

S N

Po

Or

Go

Me

Gn

Page 57: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

55

Os pontos cefalométricos possibilitaram o traçado das seguintes linhas e

planos :

• Linha N-S – linha que liga os pontos S (Sela) e N (Násio).

• Linha S-Gn – linha que liga o ponto S (Sela) e Gn (Gnátio).

• Linha N-Me – linha que liga os pontos N (Násio) e Me(mentoniano).

• Plano de Frankfurt (Po-Or)- plano que passa pelos pontos Po (Pório) e

Or (Orbital).

• Plano mandibular (Go-Gn)- plano que passa pelos pontos Go (Gônio) e

Gn (Gnátio).

• Plano Oclusal – Plano que passa pela linha de oclusão dos primeiros

Molares em oclusão e na média da incisal dos Incisivos superior e

inferior

Através dessas linhas avaliaram-se as seguintes grandezas cefalométricas

que constituem parte das análises cefalométricas Padrão USP e UNICAMP:

• NS.GoGn: ângulo formado pelas linhas NS e GoGn (Figura 3)

• Eixo Y: ângulo formado pelo plano de Frankfurt e a linha SGn (Figura 4).

• NMe: distância linear entre o ponto N (Násio) e Me (Mentoniano)

(Figura 5).

• FMA: ângulo formado pelo plano de Frankfurt e o plano Mandibular

(Figura 6).

Page 58: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

56

.

Figura 3 - Ângulo NS.GoGn - inclinação da mandíbula em relação à base do crânio.

Figura 4 - Eixo Y – Frankfurt e S.Gn – resultado vetorial

de crescimento mandibular

S N

G

o

Gn

Po

Or

Gn

Page 59: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

57

Figura 5 - NMe- Altura Facial Total

Figura 6 - FMA- Plano de Frankfurt e Plano Mandibular- representa a

inclinação da mandíbula com relação ao plano horizontal

N

Me

Gn

Po Or

Go

Page 60: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

58

Essas medidas em conjunto definem o padrão do esqueleto cefálico, tipo

facial e a tendência de crescimento facial. Valores próximos aos normais

indicaram harmonia no crescimento, representando um equilíbrio entre os

vetores vertical e horizontal. Valores reduzidos em relação aos padrões

normais indicaram uma de direção de crescimento horizontal; e aumentados,

uma tendência de crescimento vertical. Abaixo, a relação dos valores

normativos considerados para cada grandeza cefalométrica avaliada, e

respectivos desvios padrões:

• NS.GoGn – 32º ± 2

• Eixo Y –59º ± 2

• Nme –113mm ± 2

• FMA –25º ± 4

Além das medidas cefalométricas citadas acima, as radiografias da

presente amostra foram submetidas à Análise Estrutural de Björk. Nesse

sentido, identificaram-se características estruturais da mandíbula como

determinantes da rotação mandibular durante o seu crescimento. Essas

características podem ser constatadas antes mesmo do traçado cefalométrico

e incluem: (a) inclinação da cabeça do côndilo (Figura 7); (b) ângulo goníaco

mandibular (Figura 8); (c) chanfradura antigonial (Figura 9); (d) morfologia da

sínfise (Figura 10); (e) ângulo interincisivo(Figura 11) e (f) paralelismo entre os

planos mandibular e oclusal (Figura 12).

Page 61: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

59

Figura 7 - Inclinação do Côndilo mandibular.

Figura 8 - Angulo Goníaco.

Page 62: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

60

Figura 9 - Chanfradura Antigonial.

Figura 10 - Morfologia da Sínfise

Page 63: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

61

Figura 11 - Angulo Interincisivo

Figura 12 - Paralelismo dos planos Oclusal e Mandibular

Page 64: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

62

Assim, após analisar cada uma dessas características morfológicas

mandibulares, as telerradiografias foram classificadas de acordo com os

quadros a seguir:

Quadro 1 - Análise Estrutural de Björk

Características Favorável Desfavorável

Inclinação do côndilo sem inclinação inclinado

Ângulo Goníaco agudo obtuso

Chanfradura Antigonial ausente presente

Morfologia da Sínfise curta e larga alta e estreita

Ângulo Interincisivos diminuído aumentado

Paralelismo dos planos

Oclusal e Mandibular paralelos divergentes

Após relacionar as características mandibulares descritas na tabela

acima, analisou-se a quantidade de características Favoráveis e

Desfavoráveis.

Quadro 2 - Análise Estrutural de Björk – Interpretação.

Características Interpretação

Mais características favoráveis

Tendência de rotação mandibular no

sentido anti-horário – Crescimento

horizontal

Equilibrado

Tendência de rotação mandibular

equilibrada – Mesofacial

Mais características

desfavoráveis

Tendência de rotação mandibular no

sentido horário – Crescimento vertical

Page 65: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

63

Seguindo o método descrito todos os indivíduos da amostra foram

classificados a partir dos dois quadros: a primeira com as grandezas

cefalométricas e a interpretação da tendência de crescimento facial; a segunda

com a Análise Estrutural de Björk e a interpretação da tendência de rotação

mandibular; em fichas individuais.

Quadro 3 - Identificação do paciente: R.V.M, 9 anos e 2 meses. - Respirador

Bucal

Grandeza

Cefalométrica

Norma

Obtido

NS.GoGn 32o 47o

Eixo Y 59º 66º

NMe 113mm 133mm

FMA 25º 33o

Interpretação Tendência de

crescimento vertical

*Norma clínica Segundo Vellini,F- 1998

*Maia & Silva Filho 1998.

Característica Favorável Desfavorável

Inclinação do

côndilo X

Ângulo goníaco X

Chanfradura X

Morfologia da

sínfise X

Ângulo

interincisivo X

Paralelismo entre

os POcl e PM X

Interpretação Tendência de rotação horária

Page 66: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

64

4.2.4 MÉTODO DE ANÁLISE ESTATÍSTICA

4.2.4.1 Planejamento Estatístico

As hipóteses de que a presença da respiração bucal não interfere na

direção do crescimento facial e na da rotação mandibular foram verificadas

com o auxilio da estatística de Qui-quadrado )(χ 2 . No caso de rejeição de uma

dessas hipóteses, os testes adicionais para se detectar onde ocorreu a

interferência foram realizados também com o auxílio desta estatística.

O nível de significância escolhido para se testar as hipóteses acima

relatadas foi o de 0,05 e a regra de decisão adotada para a rejeição ou não

dessas hipóteses foi construída a partir de )χP(χp 2o

2 >= probabilidade de

que a estatística de 2χ seja maior do que seu valor observado 2

oχ nos dados

da amostra do modo que se segue: se p foi maior do que 0,05, o valor 2oχ foi

não significante e a hipótese sob teste foi não rejeitada e, em caso contrário, o

valor 2oχ foi significante e a hipótese sob teste foi rejeitada.

A caracterização do grupo que utiliza a respiração nasal (ou respiração

bucal) quanto à tendência de rotação mandibular, a partir da apresentação da

condição favorável ou desfavorável das medidas: Ângulo Goníaco (AG); Ângulo

Interincisivo (AI); Chanfradura (Chan); Plano Mandibular – Plano Oclusal

(PlMPlO); Sínfise (Sinf) e Inclinação do Côndilo (IC), foi realizada com o auxílio

da distribuição de freqüência da condição de favorabilidade e de

desfavorabilidade e com o teste de Qui-quadrado )(χ 2 para se verificar a

hipótese de que a porcentagem da condição favorável seja igual à da de

desfavorável.

A caracterização do grupo que utiliza a respiração nasal (ou respiração

bucal) quanto à tendência de crescimento mandibular foi realizada a partir:

a) Do cálculo das médias de cada medida com os respectivos desvios

padrão;

b) Do confronto da média para cada medida de cada grupo com o

respectivo padrão das medidas;

Page 67: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

65

c) Confronto entre médias de mesma medida segundo grupo de

respiração nasal e grupo de respiração bucal.

As hipóteses relativas ao item b) que estabelecem que a média da

medida cefalométrica para cada grupo de respiração é igual ao respectivo

padrão, e as relativas ao grupo c) que estabelecem que para cada medida

cefalométrica a média do grupo de respiração nasal é igual à do grupo de

respiração bucal, foram verificadas com o auxílio do teste t-Student. Essa

verificação foi realizada no nível de significância de 0,05 e a regra de decisão

para se rejeitar ou não certa hipótese foi definida com o auxílio de p=P(t>t0) ─

probabilidade de que a estatística t-Student seja maior do que o seu valor

observado t0 nos dados da amostra ─ do modo que se segue: se p for maior do

que 0,05 o valor t0 foi não significância e a hipótese sob teste foi não rejeitada e

se p for igual ou menor do que 0,05 o valor t0 foi significância e a hipótese sob

teste foi rejeitada.

Page 68: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

66

5. RESULTADOS

5.1 Análise Estatística

A) Hipóteses relativas à interferência do tipo de respiração na tendência

de rotação ou no crescimento da mandíbula.

1. Tendência de Rotação Mandibular.

Para se efetuar a verificação da hipótese de que a presença do tipo de

respiração não interfere na tendência de rotação mandibular, foi construída a

tabela 2.

Tabela 2. Distribuição de freqüência do tipo de respiração

segundo a tendência da rotação mandibular.

Gráfico 1 - Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a

tendência de rotação mandibular.

Ilustração da tabela 2

020406080

Hor

Aho

r

Eqb Hor

Aho

r

Eqb

Resp.Nasal Resp.Bucal

Respiração/Rotação

% Series1

Tendência de Resp.Nasal Resp.Bucal __Total___

Rotação FO FR(%) FO FR(%) FO FR(%)

Horária 20 47,6 31 75,6 51 61,4

Anti-horária 10 23,8 2 4,9 12 14,5

Equilibrada 12 28,6 8 19,5 20 24,1

Total 42 100,0 41 100,0 83 100,0

Page 69: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

67

Com os dados da tabela 2 obteve-se um valor de 8,495χ2o = que foi

significante porque p < 0,014 na distribuição de quiquadrado com 2 graus de

liberdade. Assim, a hipótese de que a presença da respiração bucal não

interfere na tendência de rotação da mandíbula foi rejeitada, isto é, contém os

valores de 2oχ e de p relativos aos testes adicionais efetuados para se verificar

em qual ou em quais tipos de tendência de rotação ocorreram essa

interferência.

Na tabela 3, verificou-se que:

1. na tendência de rotação Horária, o percentual induzido pela

respiração bucal foi estatisticamente maior do que o propiciado pela

respiração nasal, pois o 6,311χ2o = a ela relativo foi significante

porque p < 0,05 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de

liberdade.

Tabela 3. Valores de 2oχ e de p segundo a

tendência de rotação mandibular

Tendência de Teste Significância

Rotação 2oχ p <

Horária 6,311 s 0,012

Anti-horária 10,827 s 0,001

Equilibrada 1,718 n 0,190

s = valor significante; n = valor não significante.

p<0,05

2. na tendência de rotação Anti-horária, o percentual induzido pela

respiração bucal foi estatisticamente menor do que o propiciado pela

respiração nasal, pois o 10,827χ2o = a ela relativo foi significante

porque p < 0,05 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de

liberdade.

3. na tendência de rotação Equilibrada o percentual derivado da

respiração bucal foi estatisticamente igual ao derivado da respiração

nasal,pois o 1,718χ2o = a ela relativo foi não significante porque p >

0,05 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade.

Page 70: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

68

Tendência de Crescimento Facial .

Para se efetuar a verificação da hipótese de que a presença da

respiração não interfere na tendência de crescimento facial, foi construída a

tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição de freqüência do tipo de respiração

segundo a tendência de crescimento facial.

Tendência de Resp.Nasal Resp.Bucal __Total___

Crescimento FO FR FO FR(%) FO FR(%)

Vertical 17 40,5 28 68,3 45 54,2

Equilibrado-

Vertical 2 4,8 8 19,5 10 12,0

Equilibrado 13 31,0 4 9,8 17 20,5

Horizontal 9 21,4 1 2,4 10 12,0

Equilibrado-

Horizontal 1 2,4 0 0,0 1 1,3

Total 42 100,0 41 100,0 83 100,0

Essa tabela 4 derivou um valor de 8,4661χ2o = que foi significante porque

p < 0,001 na distribuição de quiquadrado com 4 graus de liberdade. Assim, a

hipótese de que a presença da respiração bucal não interfere na tendência de

crescimento da mandíbula foi rejeitada, isto é, a presença da respiração bucal

interfere na tendência de crescimento da mandíbula. A tabela 5 foi construída

com os valores de 2oχ e de p relativos aos testes adicionais efetuados para se

verificar em qual ou em quais tipos de tendência de crescimento ocorreram

essa interferência.

Page 71: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

69

Gráfico 2 - Distribuição de freqüência do tipo de respiração segundo a

tendência de crescimento facial.

Ilustração da tabela 4

020406080

Ver

t.

Eq.

Vt

Equ

b

Hor

z

Eq.

Hz

Ver

t.

Eq.

Vt

Equ

b

Hor

z

Eq.

Hz

Resp.Nasal Resp.Bucal

Respiração/Crescimento

% Series1

Tabela 5 - Valores de 2oχ e de p segundo a

tendência de rotação mandibular

Tendência de

Teste Significânci

a

Crescimento 2oχ p <

Vertical 7,033 s 0,0080

Equilibrado-

Vertical

8,807 s 0,0030

Equilibrado 10,827 s 0,0010

Horizontal 15,134 s 0,0001

Equilibrado-

Horizontal

2,204 n 0,1210

s = valor significante; n = valor não significante.

p<0,05

Observou-se, na tabela 5, que:

1. no crescimento Vertical, a respiração bucal ocasionou um percentual

(68,3%) estatisticamente maior do que o ocasionado pela respiração

Page 72: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

70

nasal (40,5%) porque o valor 7,033χ2o = foi significante, pois p

<0,0080 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de liberdade.

2. no crescimento Equilibrado-Vertical, a respiração bucal ocasionou

um percentual (19,5%) estatisticamente maior do que o ocasionado

pela respiração nasal (4,8%) porque o valor 8,807χ2o = foi

significante, pois p <0,0030 na distribuição de quiquadrado com 1

grau de liberdade.

3. no crescimento Equilibrado, a respiração bucal ocasionou um

percentual (9,8%) estatisticamente menor do que o ocasionado pela

respiração nasal (31,0%) porque o valor 18,827χ2o = foi significante,

pois p <0,0010 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de

liberdade.

4. no crescimento Horizontal, a respiração bucal ocasionou um

percentual (2,4%) estatisticamente menor do que o ocasionado pela

respiração nasal (21,4%) porque o valor 15,134χ2o = foi significante,

pois p <0,0001 na distribuição de quiquadrado com 1 grau de

liberdade.

5. no crescimento Equilibrado-Horizontal, a respiração bucal ocasionou

um percentual (0,0%) estatisticamente igual ao ocasionado pela

respiração nasal (2,4%) porque o valor 2,204χ2o = foi não

significante, pois p <0,1210 na distribuição de quiquadrado com 1

grau de liberdade.

B) Caracterização do grupo quanto à tendência de rotação mandibular, a

partir da apresentação da condição favorável ou desfavorável das medidas.

B.1) Respiração Nasal.

Com os dados obtidos experimentalmente construiu-se a tabela 6.

Page 73: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

71

Tabela 6 - Distribuição de freqüência das medidas que definem a

rotação mandibular segundo a condição de favorabilidade.

Medida - Favorável

-

Desfavorável --- Total --- Teste Signif.

Cefalométrica FO FR(%) FO FR(%) FO FR(%) 2oχ p <

A G 10 7,87 32 25,60 42 16,67 9,460

s

0,0021

A I 29 22,83 13 10,40 42 16,67 4,636

s

0,0313

Chanfradura 20 15,75 22 17,60 42 16,66 0,103

n

0,7483

PlmPlo 13 10,24 29 23,20 42 16,67 5,095

s

0,0248

Sínfise 25 19,69 17 13,60 42 16,66 1,111

n

0,2918

I C 30 23,62 12 9,60 42 16,67 5,893

s

0,0152

Total 127 100,00 125 100,00 252 100,00

s = valor significante; n = valor não significante.

p<0,05

Page 74: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

72

Gráfico 3 - Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação

mandibular segundo a condição de favorabilidade.

Ilustração da tabela 6

7,925,6

28,8

10,4

15,717,610,2

23,2

19,7

13,6

23,69,6

AG_FAG_D

AI_FAI_DCH_FCH_DPMO_FPMO_DSIF_F

SIF_DIC_FIC_D

Na tabela 6, notou-se que:

• as medidas AG e PlMPlO apresentaram, respectivamente,

percentuais para a condição Favorável menores do que os

apresentados para a condição Desfavorável, porque os valores

relativos de 2oχ foram significantes pois p<0,05;

• as medidas A I e I C apresentaram, respectivamente, percentuais

para a condição Favorável maiores do que os apresentados para a

condição Desfavorável, porque os valores relativos de 2oχ foram

significantes pois p<0,05;

• as medidas Chan e Sinf apresentaram, respectivamente,

percentuais para a condição Favorável iguais aos apresentados

para a condição Desfavorável, porque os valores relativos de 2oχ

foram não significantes pois p>0,05.

B.2) Respiração Bucal.

A tabela 7 foi construída a partir dos dados obtidos experimentalmente.

Page 75: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

73

Tabela 7 - Distribuição de freqüência das medidas que definem a rotação

mandibular segundo a condição de favorabilidade.

Medida - Favorável

-

Desfavorável --- Total --- Teste Signif.

Cefalométrica FO FR(%) FO FR(%) FO FR(%) 2oχ p <

A G 2 2,60 39 23,08 41 16,66 13,832

s

0,0002

A I 32 41,56 9 5,32 41 16,67 15,134

s

0,0001

Chanfradura 5 6,49 36 21,30 41 16,67 7,491

s

0,0062

PlmPlo 2 2,60 39 23,08 41 16,66 13,832

s

0,0002

Sínfise 12 15,58 29 17,16 41 16,67 0,084

n

0,7714

I C 24 31,17 17 10,06 41 16,67 15,134

s

0,0001

Total 77 100,00 169 100,00 246 100,00

s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05

Na tabela 7, notou-se que:

• as medidas AG, Chan, e PlMPlO apresentaram, respectivamente,

percentuais para a condição Favorável menores do que os

apresentados para a condição Desfavorável, porque os valores

relativos de 2oχ foram significantes pois p<0,05;

• as medidas AI e IC apresentaram, respectivamente, percentuais

para a condição Favorável maiores do que o apresentado para a

condição Desfavorável, porque o valor de 2oχ foi significantes pois

p<0,05;

• a medida Sínfise apresentou um percentual para a condição

Favorável igual ao apresentado para a condição Desfavorável,

porque o valor relativo de 2oχ foi não significantes pois p>0,05.

Page 76: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

74

C) Caracterização do grupo quanto à tendência de crescimento

mandibular, a partir dos dados quantitativos obtidos experimentalmente.

A aplicação do teste t-Student aos dados experimentais com a finalidade

de verificação das hipóteses que estabelecem que a média da medida

cefalométrica para cada grupo de respiração é igual ao respectivo padrão e as

hipóteses que estabelecem que para cada medida cefalométrica a média do

grupo de respiração nasal é igual à do grupo de respiração bucal, foram

verificadas com o auxílio derivou a tabela 8.

Tabela 8 - Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo

grupo de respiração e valores t0 e de p.

Medida Respi- Desvio ─Teste: Padrão

Teste: Nas x

Buc

Cefalom. ração Média Padrão t0 p < t0 p <

SoGoGn Nasal 35,86 5,37 4,657 s 0,001 - 4,171

s

0,001

Bucal 40,34 4,36 12,244

s

0,001

FMA Nasal 23,86 4,92 - 1,506

n

0,140 - 4,474

s

0,001

Bucal 28,56 4,65 4,900 s 0,001

N.Me Nasal 119,38 7,35 3,862 s 0,001 0,702 n 0,484

Bucal 117,27 18,02 0,806 n 0,425

Eixo Y Nasal 58,74 3,18 - 0,582

n

0,564 - 3,907

s

0,001

Bucal 61,39 3,06 5,007 s 0,001

s = valor significante; n = valor não significante. p<0,05

Page 77: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

75

Gráfico 4 - Médias com respectivos desvios padrão das medidas segundo

grupo de respiração e valores t0 e de p.

Ilustração da tabela 8

0

20

40

60

80

100

120

140

N B N B N B N B

SoGoGn FMA N.Me EixoY

Medidas/Resiração

Na tabela 8 observou-se que:

1. a medida SNGoGn apresentou, tanto para o grupo de respiração

nasal quanto para o de respiração bucal, valores médios

estatisticamente maiores do que o valor padrão pois os valores

observados da estatística t-Student foram significantes (p < 0,05) e

que o valor médio do grupo de respiração nasal foi estatisticamente

menor do que o do grupo de respiração bucal;

2. a medida FMA apresentou, relativamente ao valor padrão dessa

medida, valor médio estatisticamente igual porque o valor de t-

Student foi não significante (p > 0,05) para o grupo de respiração

nasal e valor médio estatisticamente maior porque o valor de t-

Student foi significante (p < 0,05) para o grupo de respiração bucal.

O valor médio para o grupo de respiração nasal foi estatisticamente

menor do que o do grupo de respiração bucal porque o valor do

teste de t-Student foi significante (p < 0,05);

Page 78: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

76

3. a medida N.Me apresentou , relativamente ao valor padrão dessa

medida, valor médio estatisticamente maior porque o valor de t-

Student foi significante pois (p < 0,05) para o grupo de respiração

nasal e valor médio estatisticamente igual, porque o valor de t-

Student foi não significante (p > 0,05), para o grupo de respiração

bucal. O valor médio para o grupo de respiração nasal foi

estatisticamente igual ao do grupo de respiração bucal porque o

valor do teste de t-Student foi não significante (p > 0,05);

4. a medida Eixo Y apresentou, relativamente ao valor padrão dessa

medida, valor médio estatisticamente igual porque o valor de t-

Student foi não significante (p > 0,05) para o grupo de respiração

nasal e valor médio estatisticamente maior porque o valor de t-

Student foi significante (p < 0,05) para o grupo de respiração bucal.

O valor médio para o grupo de respiração nasal foi estatisticamente

menor do que o do grupo de respiração bucal porque o valor do

teste de t-Student foi significante (p < 0,05).

Page 79: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

77

6. DISCUSSÃO

A Síndrome da Respiração Bucal, por todas as alterações funcionais,

estruturais, patológicas, posturais, oclusais e de comportamento que

apresenta, necessita de atendimento multiprofissional.

A substituição do padrão nasal de respiração pelo bucal acarreta uma

série de mudanças posturais e estruturais que seguramente acarretarão

distúrbios neuromusculares, esqueléticos e dentários. Portanto, uma visão

ampliada dos profissionais que se relacionam à respiração é fundamental para

que se consiga não só um diagnóstico correto, como um plano de tratamento

adequado a cada caso.

A interdisciplinalidade é, portanto, uma necessidade absoluta. O

ortodontista, assim como todo cirurgião dentista, por sua própria natureza,

tende a se isolar, fazendo com que o contato com outras profissões

relacionadas acabe sendo minimizado.

Uma avaliação básica da Síndrome da Respiração Bucal deve ser feita

inicialmente por três profissionais: Médico Pediatra, Odontopediatra ou

Ortodontista e Fonoaudiólogo; juntando-se a estes um Otorrinolaringologista,

Fisioterapeuta, Psicólogo e às vezes um Nutricionista, que deverão definir

juntos a prioridade de atendimento segundo sua urgência para cada caso em

particular.

O Ortodontista, por estar intimamente ligado tanto à prevenção como a

correção desempenha um papel fundamental nessa equipe. Contudo é

fundamental existir um respeito ético estabelecendo um limite para atuação das

partes, fazendo disso uma verdadeira parceria.O diálogo além de unir esse

grupo interdisciplinar, dilui dúvidas, diminui erros e enriquece cientificamente o

grupo.

Assim conhecer e identificar as reais alterações no crescimento e

desenvolvimento craniofacial provocadas pela obstrução das vias aéreas

superiores e conseqüente estabelecimento de uma respiração bucal é de

extrema importância para condução e desenvolvimento de um adequado plano

de tratamento. Tão importante como saber destingüir as estruturas que não são

alteradas por essa função adaptativa do sistema estomatognático. Com esse

Page 80: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

78

objetivo o presente estudo pretendeu contribuir para um melhor entendimento e

análise do crescimento craniofacial, uma vez que se trata de um assunto de

extrema importância para Ortodontia, especialidade que trabalha e depende do

conhecimento prévio ao tratamento das tendências e direções do crescimento

da face.

Já no começo do século XX autores como ANGLE já se preocupavam

com as modificações faciais provocadas pela obstrução das vias aéreas

superiores, provocando um crescimento craniofacial anormal e desequilibrado.

O estudo realizado por SICHER (1947) afirmou que o crescimento do

complexo craniofacial era predeterminado geneticamente, um padrão imutável

semelhante ao dos ossos longos. A partir dos anos 50, estudos evidenciaram

que o crescimento facial apresentava variações individuais bem mais

numerosas e importantes que apenas a predeterminação genética não poderia

prever. RICKETTS (1968) considerou que o fator hereditário é o fator primário

para o desenvolvimento craniofacial, mas admitiu que fatores ambientais, tais

como a respiração bucal, poderiam alterar esse desenvolvimento. Autores

como RUBIM (1980); TRASK; SHAPIRO; SHAPIRO (1987); compartilharam

dessa teoria afirmando que apesar de muitas características faciais terem

origem genética ou esquelética, podem ter sido influenciadas pelo meio

ambiente e suas funções adaptativas. MOSS (1969) fundamentou a “Teoria da

Matriz Funcional” que sumariamente pode ser resumida como “A função

modela o órgão”, salientando o papel decisivo da respiração bucal (função) na

alteração do crescimento e desenvolvimento do crânio e da face (órgão).

Segundo LIMME (1993), a respiração bucal, pelo conjunto de seus

componentes e devido ao seu caráter permanente pode, assim ser considerada

uma verdadeira “matriz funcional” capaz de influenciar no crescimento das

unidades esqueléticas. Entretanto autores como SMITH; GONZÁLES (1989) e

BAUMANN; PLIKERT (1996) apesar de considerarem a respiração bucal uma

importante causa de alterações no desenvolvimento facial, não descartam

outras etiologias, salientado a necessidade de uma extensa avaliação clínica

de cada caso para verificar a verdadeira causa da alteração.

Assim a respiração nasal é a única considerada fisiológica, pois a

cavidade nasal esta preparada para receber, aquecer e filtrar o ar, conduzindo-

o aos pulmões. Segundo GURGEL (2003), esse padrão respiratório garantirá

Page 81: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

79

uma conformação craniofacial induzida pelo padrão morfogenético. De acordo

com EMSLIE; MASSLER; ZWEMER (1952); TULLEY (1973); RICKETTS

(1968); STEELE; FAIRCHILD; RICKETTS (1968) e WHITE (1979), as causas

da respiração bucal são múltiplas, sendo possível salientar: hipertrofia das

conchas nasais, alergias, condições climáticas, rinite e sinusite crônica,

hipertrofia das adenóides, desvio de septo nasal, pólipos nasais, atresia coanal

congênita,hábito residual,imitação, hábito de boca aberta,e posição dorsal da

cabeça durante o sono. Se por algum motivo o indivíduo apresentar obstrução

das vias aéreas superiores, irá complementar ou substituir a respiração nasal

pela respiração bucal. SAADIA (1981) dividiu a etiologia das obstruções das

vias aéreas superiores em congênita- hipertrofia das conchas, coanas atrésicas

e narinas estreitas e adquirida ou desenvolvida, sendo as mais comuns, o

desvio de septo nasal, hipertrofia dos tecidos linfóides da nasofaringe, pólipos

nasais, neoplasias, traumas e rinite alérgica. LEECH (1958) estudaram 500

pacientes submetidos a tratamento pela presença de obstrução nasal verificou

que desses 19% foram classificados como respiradores bucais, sendo que 2/3

deles tinham problemas com adenóides e 1/3 apresentavam problemas

alérgicos. Em relação a rinite alérgica RUBIM (1980) descreveu que através do

controle da ingestão de proteínas estranhas ao organismo até os primeiros 6

meses de vida da criança, seria possível minimizar os quadros alérgicos,

tornando, assim suas vidas, crescimento e desenvolvimento mais saudáveis.

Ainda a respeito da etiologia das obstruções das vias aéreas. Autores

como MARTINS et al. (1989); LINDER-ARONSON (1970) descreveram a

hipertrofia das tonsilas faringeanas (adenóides) como principal fator etiológico.

JORGE; ABRÃO; CASTRO (2001) com o objetivo de avaliar a causa e o local

da obstrução nasal verificaram que a hipertrofia dos cornetos estava presente

em todos os pacientes avaliados e 66% desses apresentavam desvio de septo.

Salientaram ainda que os fatores causadores da obstrução nasal poderiam ser

múltiplos e localizados na bucofarínge, cavidade nasal ou nasofaringe. Para

esse autor a hipertrofia das adenóides teria que ser muito grande para afetar a

resistência da via aérea nasal.

Desde o nascimento a respiração, sendo um processo vital e elementar

para o ser humano, constitui um estímulo constante e ininterrupto sobre o

sistema estomatognático, portanto com grande influência sobre o crescimento

Page 82: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

80

e desenvolvimento do terço médio da face. A respiração bucal, por ser uma

função adaptativa do sistema estomatognático, promove alterações e

desequilíbrios dentários e esqueléticos. Desde o início do século muitos

autores avaliaram e descreveram as alterações causadas pela respiração

bucal. ANGLE (1907) descreveu características de indivíduos que

apresentavam respiração bucal como as seguintes: rosto alongado e estreito,

olhos caídos, olheiras profundas, lábios entreabertos, hipotônicos e ressecados

e sulco nasolabial e nasogeniano profundos. SUBTENLY (1975) apud

BIZETTO et al. (2004) e VELLINI-FERREIRA (1999) descreveram essas

mesmas características nos pacientes respiradores bucais chamando o

conjunto dessas características de Face Adenoideana. THUROW (1975)

verificou que indivíduos com tipos faciais diferentes podem apresentar

obstrução da função respiratória (respiração bucal), discordando assim da idéia

de que todo paciente respirador bucal tem face adenoideana e vice-versa.

ALCAZAR (2004) salientou que a respiração bucal pode levar a uma

série de influências prejudiciais ao processo dinâmico de crescimento e

desenvolvimento dentofacial. Essas influências são alterações compensatórias

ao ajuste neuromuscular para o novo padrão respiratório.

O presente estudo teve por objetivo avaliar a influência da respiração

bucal na tendência de crescimento e rotação mandibular. Para analisar a

tendência de crescimento facial escolhemos algumas grandezas cefalométricas

que constituem parte das análises cefalométricas Padrão USP e UNICAMP

(FMA, NME, SNGoGn e Eixo Y), por serem ferramentas comumente utilizadas

na clínica ortodôntica. Como ressaltou VELLINI-FERREIRA (1999) os dados

fornecidos pelo cefalograma dão ao Ortodontista, meios eficientes para

diagnosticar as anomalias e alterações encontradas no crânio e na face,

entretanto, segundo MCNAMARA JR não se pode considerar cefalometria

como uma ciência exata, devendo sempre ser analisada como uma linguagem

válida na identificação e descrição de um conjunto de relações. Por outro lado

ANDRADE; MAYOLO (2000) afirmaram que ângulos que envolvem a base do

crânio (linha SN) não seriam bons indicadores de alterações craniofaciais uma

vez que apresentam grande variabilidade e por estarem distantes da área

bucal, estando assim pouco sujeitos a alterações ambientais.

Page 83: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

81

BJÖRK (1955) em seus estudos demonstrou que o corpo da mandíbula

sofre rotação durante o crescimento e que o tipo de crescimento da mandíbula

correlaciona-se com o sentido de crescimento além, disso o formato da

mandíbula é altamente característico do tipo de crescimento condilar. Segundo

INTERLANDI (1968), as tendências de crescimento da face residem

especialmente na mandíbula, o osso facial ortodonticamente mais importante.

Essas tendências poderão ser antecipadas com aceitável grau de predição,

combinados com a Análise de BJÖRK (1969). Portanto para avaliação da

tendência de rotação mandibular foi empregado nesse estudo o Método

Estrutural de Björk, método esse utilizado e defendido por MAIA; SILVA FILHO

(1998) em seu estudo como um método de simples execução e de resultados

confiáveis para determinação da tendência de rotação mandibular.

Existem na literaratura várias maneiras de se determinar o padrão

respiratório dos indivíduos que constituem a amostra. PAUL; NANDA (1973)

determinaram o modo respiratório utilizando uma mecha de algodão embaixo

do nariz e na frente da cavidade bucal. Quando o algodão que estava embaixo

do nariz se movimentava, o paciente era considerado respirador nasal, em

caso contrário era considerado bucal. FIELDS et al. (1991) questionaram a falta

de critério para definir o padrão respiratório. MOYERS (1987) preconizou a

utilização de espelho próximo as narinas verificando assim se o espelho

apresentava-se embaçados o que caracterizaria uma respiração nasal. KLEIN

(1986); SIMAS-NETTA et al. (2004) e VIEIRA et al. (2005) utilizaram critérios

essencialmente clínicos, tais como observação do selamento labial, além de

preenchimento de um questionário respondido pelos pais, que contém

informações que podem deduzir a uma respiração bucal, tais como baba

noturna e ronco, método esse semelhante ao adotado na presente pesquisa,

uma vez que mostrou-se ter uma aproximação clínica adequada. Porém

segundo CARVALHO (2003) esses métodos tornam-se um pouco subjetivos,

sendo de extrema importância uma “avaliação médica específica” para

determinação do real padrão respiratório. Seguindo esse pensamento, nesse

estudo todos os indivíduos considerados respiradores bucais pela anamnese,

foram também submetidos a exame clínico otorrinolaringológico.

Muitos autores caracterizaram a alteração da direção do crescimento

craniofacial como alterações que resultam de uma disfunção naso-respiratória.

Page 84: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

82

BOSMA (1963); LINDER-ARONSON (1970 e 1979) destacaram que indivíduos

respiradores bucais, por permanecerem longos períodos de boca aberta,

alteram a direção de crescimento da mandíbula, apresentando uma rotação

para baixo e para trás. LINDER-ARONSON (1970 e 1979) ainda mostrou em

seus estudos que a obstrução nasofaringeana influencia significantemente a

inclinação do plano mandibular com relação à base do crânio (aumento do

ângulo cefalométrico) e o aumento da altura facial anterior inferior (AFAI) e

altura facial total (NMe). Ainda sobre esse assunto ARNOLD apud CARVALHO

(2003) afirmou que amígdalas hipertrofiadas podem provocar um deslocamento

anterior da língua e conseqüentemente uma posição postural mandibular

deslocada para baixo. Se a obstrução permanecer por meses, a musculatura

se adapta a nova relação entre as bases ósseas, promovendo o

estabelecimento dessa posição. HARVOLD; VARGERVIK; CHIERICI (1973)

através de uma amostra de macacos Rhesus salientaram que após nove

meses de obstrução nasal, todos tornaram-se respiradores bucais e

apresentavam aumento da altura facial e mudanças no formato da língua,

pensamento compartilhado por WHITE (1979); RUBIM (1980); JOSEPH (1982).

HARVOLD et al. (1981) induziram uma obstrução nasal em um grupo

desenvolvendo assim uma respiração bucal. Com isso nesse grupo

observaram-se características comuns tais como altura facial aumentada,

excesso no plano mandibular e aumento do ângulo goníaco. MCNAMARA JR.

(1981) verificou que a instalação de uma respiração bucal produz uma rotação

no sentido horário e um aumento da divergência do plano mandibular sendo

que após a eliminação da obstrução, essas alterações regrediram.

Das alterações no crescimento e desenvolvimento craniofacial, autores

como BRESOLIN et al. (1983); ADAMIS; SPYROPOULOS (1983); VARGEVIK

et al. (1984); LINDER-ARONSON; WOODSIDE; LUNDSTROM (1986); TRASK;

SHAPIRO; SHAPIRO (1987); MARTINS et al. (1989); BEHFELT; LINDER-

ARONSON; NEANDER (1990); FRICKE et al. (1993) observaram aumento da

altura facial e aumento do ângulo formado pela linha Sela-Násio e o Plano

Mandibular (SNGoGn), o que representa uma maior inclinação do plano

mandibular.

TURNE (1990) verificou em seu estudo que alterações no padrão

respiratório de nasal para bucal promove adaptações funcionais e alterações

Page 85: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

83

no crescimento e desenvolvimento craniofacial que incluíram aumento do

ângulo goníaco, da altura facial total (NMe), do plano mandibular e

conseqüentemente um desenvolvimento mais vertical da face. SANTOS-PINTO

(1984), através de estudo cefalométrico de 50 jovens com o objetivo de

verificar alterações nasofaringeanas e craniofaciais em pacientes com

adenóide hipertrófica, obteve resultados que o fizeram concluir que: as

medidas SNGn e SNGoGn, medidas que representam a tendência de

crescimento facial apresentavam-se aumentadas, os planos Oclusal e

Mandibular apresentam uma inclinação acentuada em relação a base do

crânio, divergindo de posterior para anterior, há um posicionamento mais

inferior e posterior do mento e o ângulo goníaco mandibular não sofreu

alterações.

SINGER; MAMANDRAS; HUNTER (1987) compararam as

características craniofaciais e o potencial de crescimento de um grupo de

respiradores bucais e nasais. Os respiradores bucais apresentaram curvatura

antegonial profunda, ângulo NSGoGn e NSGn mais direcionados verticalmente.

Os resultados obtidos em nosso estudo, quanto à tendência de

crescimento facial, foi similar aos dos estudos discutidos acima, pois após a

análise estatística pudemos afirmar que no crescimento Vertical, a respiração

bucal ocasionou um percentual estatisticamente maior do que o ocasionado

pela respiração nasal. As medidas cefalométricas NSGoGn, FMA e Eixo Y

assim como demonstrado em diversos estudos apresentaram valores médios

maiores do que seus valores padrões nos respiradores bucais. Entretanto a

altura facial total representada pela medida NMe, em nossa pesquisa se

apresentou dentro dos seus valores padrões.

Contrário a esses autores citados acima e aos resultados de nosso

estudo, HANDELMAN; OSBORNE (1989) ao analisarem os resultados de seus

estudos concluíram que a obstrução do espaço nasofaringeano parece não ter

afetado o ângulo do plano mandibular. BAUMANN; PLIKERT (1996) concluíram

que esse estudo não esclareceu uma correlação entre a respiração bucal, o

desenvolvimento craniofacial e o tamanho da adenóide, determinando a

influência dos fatores externos sobre os componentes genéticos dos

indivíduos, que atuam diretamente no crescimento craniofacial. VIG (1998)

considerou uma dificuldade de determinar até que ponto a respiração bucal

Page 86: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

84

pode influenciar o desenvolvimento da face antes e após o crescimento.

Apesar dos indivíduos que possuem essa obstrução apresentarem

características comuns, tais como aumento da altura facial, ausência de

vedamento labial, palato ogival, atresia maxilar, base do nariz e narinas

estreitas, ainda são necessários, critérios que determinem uma relação estreita

entre o padrão respiratório e a morfologia facial. TAKAHASHI et al. (1999)

afirmou que a instalação de uma respiração bucal não poderia ser responsável

por alterações no padrão de crescimento facial e que as pesquisas realizadas

sobre respiradores bucais não são suficientes para determinar sua influência

uma vez que apenas uma pequena porcentagem são verdadeiramente

respiradores bucais totais. Seguindo a mesma linha de pensamento, MACEDO

(2000) concluiu que o padrão respiratório dos indivíduos estudados, não

influenciou a direção de crescimento do complexo facial, encontrando

correlação com o selamento labial e a postura mandibular de repouso.

FANTINI; ANDRIGHETTO (2004) após a análise dos resultados obtidos não se

observou correlação significativa entre a diminuição do espaço nasofaríngeo,

aumento da AFAI.

SIMA NETTA et al. (2004) avaliando o ângulo goníaco, SNGoGn e o

Eixo Y concluíram que a altura facial anterior é maior e o índice de altura facial

é menor no grupo de respiradores bucais do que no grupo dos respiradores

nasais e as demais variáveis não apresentaram diferenças estatisticamente

significativas, quando os grupos foram comparados de acordo com o modo

respiratório ou de acordo com o gênero, para estabelecer correta relação de

causa e efeito entre o modo respiratório e as alterações na morfologia

craniofacial, são necessários meios mais precisos de diagnóstico do modo

respiratório, bem como mais estudos longitudinais.

LIMME (1993) concluiu que apesar de existir controvérsia sobre a

influência da respiração bucal sobre o desenvolvimento facial inúmeros estudos

comprovam alterações na direção de crescimento mandibular e aumento da

altura facial ântero-inferior.

RUBIM (1987) afirmou que a característica mais freqüente na Síndrome

da respiração Bucal é o aumento do terço inferior da face e que isso se deve à

uma rotação mandibular no sentido horário. PROFFIT (1993) relataram que

para a instalação de uma respiração bucal seria necessário um abaixamento

Page 87: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

85

da mandíbula, da língua e uma inclinação da cabeça para trás. Assim haveria

um aumento da altura facial e extrusão dos dentes superiores-posteriores ,

fazendo com que a mandíbula girasse para trás e para baixo, pensamento

defendido também por MARCHESAN; KRAKAUER (1996). Ainda sobre a

rotação mandibular, TROTMAN et al. (1997) concluíram que a ausência de

selamento labial é resultado da rotação mandibular no sentido horário e do

aumento da altura facial anterior inferior (AFAI).

SANTOS-PINTO et al. (1993) com relação aos vetores de crescimento

mandibular dos respiradores bucais, representados pelos ângulos NSGoGn e

NSGn, observaram que é caracterizado por uma tendência de rotação

mandibular no sentido horário, confirmando a ocorrência de um padrão de

crescimento facial.

Com objetivo de estudar crescimento e desenvolvimento facial

BORRERO; O´REILLY; CLOSE (1991) realizaram uma pesquisa para

determinar uma relação entre dimensão vertical esquelética, crescimento da

mandíbula, contorno da sínfise e contorno da borda mandibular em indivíduos

do gênero masculino antes e depois do crescimento puberal. Foram utilizadas

as seguintes medidas: altura da parte superior e inferior anterior da face, altura

da sínfise, comprimento total da mandíbula, proporção entre altura e largura da

sínfise e proporção entre a altura da parte superior e inferior da face. A

dimensão vertical foi a única que apresentou diferença significante entre os

grupos.

BREMEN; PANCHEZ (2005) realizaram um estudo que teve por objetivo

aplicar o método estrutural de Björk na tendência de crescimento e rotação

mandibular, para responder as seguintes perguntas: (1) O crescimento

craniofacial hiperdivergente ou hipodivergente pode ser caracterizado por uma

morfologia mandibular específica? (2) Hiperdivergência ou hipodivergência

craniofacial severa é mais comum do que crescimento equilibrado? (3) A

hiperdivergência ou hipodivergêcia craniofacial apresenta-se mais freqüente

em indivíduos mais velhos? Dos 135 indivíduos, 95 exibiram ângulos do plano

mandibular aumentado e 40 um ângulo diminuído. Em 14% dos indivíduos com

ângulo mandibular aumentado a hiperdivergência craniofacial foi verificada em

todos subitens da análise de Björk, mas em 19% dos indivíduos a

hiperdivergência foi verificada em menos da metade dos itens. Em 63% dos

Page 88: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

86

indivíduos com ângulo mandibular diminuído, a hipodivergência craniofacial foi

reconhecida em todos os itens, entretanto em apenas 2,5%, a hipodivergência

foi identificada em menos da metade dos itens.Não houve associação entre

hipo e hiperdivergência e a idade.Utilizando o método estrutural de Björk os

autores verificaram que a hipodivergência foi reconhecida mais facilmente que

a hiperdivergência.

Utilizando também a Análise Estrutural de Björk para avaliação da

tendência de rotação mandibular, pudemos verificar nessa pesquisa que a

respiração bucal induziu significantemente uma tendência de rotação

mandibular no sentido horário, confirmando a tendência de crescimento

vertical.

LAMBRECHTS et al. (1996) estudaram as diferenças dimensionais nas

morfologias craniofaciais de dois grupos, que apresentavam essa curvatura,

rasa e profunda. Como resultado os autores verificaram que àqueles indivíduos

que apresentavam curvatura rasa demonstraram características morfológicas

associadas a um padrão de crescimento horizontal e suas medidas

apresentavam-se mais protruídas. Além disso, as mandíbulas com curvatura

rasa demonstraram ser maiores do que as que apresentavam curvatura

profunda. Na média aquelas de curvatura profunda mostraram ângulos

goníacos e ramos posteriores maiores e inclinação maior do plano mandibular.

altura facial total (NMe) nos pacientes com curvatura rasa foi muito menor do

que aqueles com curvatura profunda, que por sua vez apresentavam maxilares

mais retruídos em relação à base do crânio. Estudando também a curvatura

antegonial, LOPES (2001) observou que nos respiradores bucais a curvatura

antegonial e a AFAI encontram-se aumentadas. Foi verificado também uma

correlação entre FMA, NsGoGn, NSGn, AFAI com a profundidade antegonial.

Concordando com o resultados dessas pesquisas nesse estudo, pudemos

verificar no presente estudo que entre as características mandibulares

analisadas o ângulo goníaco, o paralelismo entre os planos oclusal e

mandibular e a chanfradura apresentaram percentuais para a condição

Favorável menores do que os apresentados para a condição Desfavorável, ou

seja, ângulo goníaco aumentado, planos oclusal e mandibular divergente e

chanfradura acentuada. Sobre a chanfradura LOPES (2001) observou que

como forma de compensar o abaixamento mandibular forçado pela respiração

Page 89: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

87

bucal, em algum ponto frágil da estrutura morfológica mandibular, a força que

provoca a rotação no sentido horário, na mandíbula exerce sua atuação

deformadora causando alteração nessa área de fragilidade. Tal fragilidade

estrutural seria precisamente a curvatura antegonial, que responde ao agente

causador (obstrução nasorespiratória) aprofundando a curvatura e aumentando

a dimensão vertical.

O ângulo interincisivo e a inclinação do côndilo mandibular apresentaram

percentuais para a condição Favorável maiores do que os apresentados para a

condição Desfavorável, ou seja, ângulo interincisivo diminuído e côndilo

mandibular sem inclinação. Quanto à morfologia da Sínfise mandibular

apresentou um percentual para a condição Favorável igual ao apresentado

para a condição Desfavorável.

Estudando o contorno mandibular em crianças antes e após a

adenoidectomia KEER; MCWILLIAN; LINDER-ARONSON (1989) observou que

o grupo experimental após a cirurgia, apresentaram um crescimento

mandibular mais horizontal, uma rotação posterior, portanto uma reversão da

tendência inicial. Segundo MARTINA; LAINO; MICHELOTTI (1990) as

consequências das alterações causadas pela implantação de uma respiração

bucal podem ser normalizadas por meio do tratamento precoce dos fatores

obstrutivos. WOODSIDE et al. (1991) concluíram que após o restabelecimento

da respiração nasal (pós-cirurgia de adenoidectomia) as estruturas faciais

apresentaram alto grau de recuperação.

De acordo com VENTILLO (1999), os processos envolvidos na

respiração bucal são de máxima importância para ortodontia, uma vez que as

alterações provocadas por essa anomalia, quando não bem compreendidas

poderão resultar no fracasso do tratamento ortodôntico.

Após essas considerações, podemos verificar que é muito importante

que os profissionais envolvidos no processo da respiração, crescimento e

desenvolvimento, mais precisamente o ortodontista, seja capaz de analisar seu

paciente através de um método simples e costumeiramente utilizado na clínica

Ortodôntica, avaliando a presença de respiração bucal e o grau de

comprometimento das estruturas craniofaciais.

Essa Dissertação pretendeu contribuir, de certa forma para uma melhor

compreensão da influência da respiração bucal nos processos de crescimento

Page 90: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

88

e desenvolvimento craniofacial, uma vez que essas alterações podem

contribuir para o desenvolvimento de uma série de maloclusões. Além disso, o

conhecimento prévio de tais alterações podem contribuir como base

fundamental para o planejamento e condução do tratamento ortodôntico, fato

esse que nos mostra a extrema importância do diagnóstico precoce da

respiração bucal e da intervenção imediata assim que diagnosticada a

alteração do padrão respiratório l.

Page 91: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

89

7. CONCLUSÕES

Após a interpretação dos resultados obtidos e sua discussão, pudemos

concluir que:

• A respiração Bucal interfere na tendência de crescimento e rotação

mandibular;

• A respiração Bucal influenciou desfavoravelmente as seguintes

características mandibulares:ângulo goníaco (AG), Chanfradura (Chan)

e paralelismo entre os planos Oclusal e Mandibular (PLOPLM)

favorecendo uma tendência de rotação no sentido horário.

Page 92: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

90

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMIS I. P.; SPYROPOULOS M. N. The effects of lymphadenoid hypertrophy on the position of the tongue, the mandible and the hyoid bone. Eur.J.Orthod ,v.5,n.4,p.287-94, nov 1983. ALCAZAR N. M. P. Estudo cefalométrico comparativo dos espaços naso e bucofaríngeo nas más oclusões Classe I e Classe II, divisão 1, sem tratamento ortodôntico, com diferentes padrões de crescimento. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial ,v.9,n.4,p.68-76, jul/ago 2004. ANDRADE P. L.; MAYOLO M. S. A influência da respiração bucal no crescimento craniofacial. Ver. Goiana Ortod , p.34-35, mar/ago 2000. ARNOLD, A. D. Função muscular do respirador bucal apud CARVALHO G. D. SOS respirador bucal. 1ed, Ed Santos 2003. BAUMANN I.; PLIKERT P. K. Effectes of breathing mode and nose ventilation on growth of the facial bone. HNO, v.44,n.5,p.229-34, may 1996. BECKER M. H.; COCARO P. J.; CONVERSE J. M. Antegonial notching of the mandible: an often-overlooked mandibular deformity in congenial and acquired disorders. Radiology , v.121, p.149-51 1976. BEHLFELT T. K.; LINDER-ARONSON S.; NEANDER P. Craniofacial morphology in children with and without enlanged tonsils. Eur J. Orthod, v.12,p.233-243, nov 1990. BERKINSHAW E. R.; SPALDING P. M.; VIG P. S. The effect of methodology on the determination of nasal resistance. Am J. Orthod , v.92,n.4,p.329-335, oct 1987. BITTENCOURT M. A. V.; ARAÚJO T. M.; BOLOGNESE A. M. Dimensão do espaço nasofaringeano em indivíduos portadores de maloclusào de classe II. Ortodontia , p.16-30, jul./ago./set. 2002. BIZETTO M. S. et al. Estudo cefalométrico comparativo entre crianças respiradoras bucais e nasais nos diferentes tipos faciais. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial, v.9, n.1, p.79-87, jan./fev. 2004. BJÖRK A. A facial growth in man studied with the aid of metallic implants.Acta Odontol. Scand , v.13, p9-123,1955. BJÖRK A. Prediction of mandibular growth rotation. Am. J. Orthod , v.55, p.585-599, 1969.

Page 93: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

91

BORRERO P.; O’REILLY M. T.; CLOSE J. Relação entre dimensão vertical esquelética, contorno mandibular e aumento do comprimento mandibular em indivíduos masculinos. Ver Paul Odontol , n.2, p.25-34, mar./abr. 1991. BREMEN J. V.; PANCHERZ, H. Association between Björj’s structural sings of mandibular growth rotation and skeletofacial morphology. Angle Orthod , v.75, n.4, p.506-09, 2005. BRESOLIN D. et al. Mouth breathing in allergic children its relationship to dentofacial development. Am. J. Orthod , v.83, n.4, p.334-40, apr. 1983. BOSMA J. Maturation of function in the oral and pharyngeal region. Am J Orthodont , v.49, p.94-104, 1963. CARVALHO G. D. SOS respirador bucal . 1ed, Ed Santos 2003. CASTILHO J. C. M . Avaliação radiográfica da altura facial anterior inferior (AFAI) em pacientes com e sem obstrução da nasofaringe. JBO , v.7, n.38, p.113-141, ano7, mar./abr. -2002. CHENG M. C. Development effects of impaired breathing in the face of the growthimg child. Angle Orthod ., v.58, n.4, p.309-320, out. 1988. DIAMOND O. Tonsils and adenoids: why the dilemma? Am. J. Orthod , v.78, n.5, p.495-503, nov. 1980. DUARTE L. I. M.; FERREIRA L. P. Respiração e mastigação: estudo comparativo. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial ,v.8, n.4, p.79-87, jul./ago. 2003. EMSLIE R. D.; MASSLER M.; ZWEMER J. D. Mouth breathing: Etiology and effects (a reviw). J. Am. Dent. Assoc , v.44, n.5, p.506-521, may 1952. FANTINI S. M.; ANDRIGHETTO A. R. Estudo da correlação entre a alteração do espaço aéreo orofaríngeo e as mudanças da posição natural da cabeça e da altura facial anterior-inferior em indivíduos assintomáticos, com maloclusão de Classe II de Angle, submetidos a desprogramação neuromuscular com placa oclusal. Ortodontia v.37, n.2, p.14-21, mai./jun./jul./ago. 2004. FEO M. T. O et al. Estudo esquelético da área nasal e nasofaríngea em respiradores bucais e respiradores normais pela cefalometria radiológica. Estomatol. Cult , v.6, n.2, p.163-171 jul./dez. 1972. FERREIRA M. A. Hábitos bucais no contexto da mastigação. J. Brás. Ortod , v.6, n.9, p.11-16, mai./jun. 1997. FIELDS H. W. et al. Relatioship between vertical dentofacial morphology and respirations in adolescents. Am. J. Orthod , v.99, n.2, p.526-29, feb. 1991.

Page 94: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

92

FISH S. F. The respiratory associations of the rest position of the mandible. Brit. dent. J , v.116, p.149-59, 1964. FRICKE B. et al. Nasal airway, lip competence and cranifacial morphology. Eur. J. Orthod , v.15, n.4, p.297-304, aug 1993. GROSS A. M. et al. Maxillary and mandibular with changes studied using metallic implants. Am. J. Orthod , v.117, n.1, p.75-80, jan. 1994. GURGEL J. A. et al. A terapia multidisciplinar no tratamento da respiração bucal e do hábito prolongado de sucção digital e chupeta. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial , v.8, n.3, p.81-91, mai./jun. 2003. HANDELMAN C. S.; OSBORNE G. Growth of the nasopharynx and adenoid development from one to eighteen years. Angle Orthod , v.46, n.3,p.243-258, July 1976. HARTGERINK D.V.; VIG P. S. Lower anterior face height and lip incompetence do not predict nasal airway obstruction. Angle Orthod , v.58, n.1, p.17-23, sep. 1989. HARVOLD E. P.; VARGERVIK K.; CHIERICI G. Primate experiments on oral ensayion and dental malocclusion. Am. J. Orthod , v.63, p.494 1973. HARVOLD E. P. et al. Primate experiments on oral respiration. Am J. Orthod , v.79, n.4, p.359-372, apr. 1981. HAWKINS C. F. Mouth breathing. Angle Orthod , v.54, n2, p.10 - 1965 HELLSING E. et al. Change in postural EMG activity in the neck and mastigatory muscles following obstruction of the nasal airway. Eur. J. Orthod , v.8, n.4, p.247-53, nov. 1986. HICKHAM J. H. Maxillary protraction therapy; diagnosis and treatment. J. Clin Orthod , v.25, n.2, p.102-113, feb. 1991. HOLMBERG H.; LINDER-ARONSON S. Cephalometric radiographics as a means of evaluating the capacity of the nasal and nasopharyngeal airway. Am. J. Orthod , v.76, n5, p.479-490, nov. 1979. IANNI-FILHO D.; SILVA N. B. Orthodontic Diagnosis of nasopharyngeal obstruction. JCO, v.39, n.6, p.371-74, 2005. INTERLANDI S. Bases para inniciação. Ed Artes Médicas, 4a ed, p.451-76, 1999. JABOUR L. B. et al. Estudo clínico da correlação entre padrão respiratório e alterações ortodônticas miofuncionais. Ver. Odontol. UNICID , São Paulo, v.9, n.2, p.105-117, jul./dez. 1997.

Page 95: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

93

JORGE E. P.; ABRÃO J.; CASTRO A. B. Avaliação dos fatores obstrutivos da via aérea superior em pacientes com má oclusão de Classe II divisão 1a de Angle, por meio de vídeo-endoscopia. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial , v.6, n.2, p.49-58, mar./abr. 2001. JOSELL S. D. Habits affecting dental and maxillofacial growth and development. Den. Clin. North. Am, v.39, n.4, p.851-60, oct. 1995. JOSEPH R. The effect of airway interferance on the growth and development of the face,jaws and dentition. Int. J. Orofacial Myology , v.8, n.2, p.4-9, july 1982. KEER W. J. S.; MCWILLIAN J. S.; LINDER-ARONSON S. Mandibular form and position related to changed mode of breathinh- a five year longitudinal study. Angle Orthod , v.59, n.2, p.91-96, sept. 1989. KLEIN J. C. Nasal respiratory function and craniofacial growth. Arch Otolaryngol Head Neck Surg , v, n.112, n.8, p.843-49, aug. 1986. KRAKAUER L. H.; GUILHERME A. Relação entre respiração bucal e alterações posturais em crianças: Uma análise descritiva. R. Dental Press Ortodon Ortop Facial , v.5, n.5, p.85-92-2000, set./out. KLUEMPER G. T.; VIG O. S.; VIG K. W. L. Nasorespiratory characteristics and craniofacial morphology. Eur. J. Orthod , v.17, n.6, p.491-95, dec. 1995. LAMBRECHETS A. D. H et al. Dimensional defferences in the craniofacial morphologies of groups with deep and shallow mandibular antigonial notching. Angle Orthod , v.66, v.4, p.265-72, 1996. LEECH H. L. A clinical analysis of orofacial morphology and behavior of 500 pacients attending in upper respiratory research clinic. Dental Pract , v.9, p.57-68 1958. LIMME M. Etiologies non obstructive the la respiration buccale. Acta Otorhinolaryg Belg , v.47, n.2, p.93-101.1993. LINDER-ARONSON S. Adenoids: their effect on mod of breathing and nasal airflow and their relatioship to characteristics of the facial morphology and the dentition. Acta Otolaryng , v.265, p.1-132 1970. LINDER-ARONSON S. Respiratory function in ralation to facial morphology and the dentition. Brit. J. Orthodont , v.6, n.2, p.59-71, apr. 1979. LINDER-ARONSON S.; WOODSIDE D. G.; LUNDSTROM A. Mandibular growth direction following adenoidectomy. Am. J. Orthod , v.89, n.4, p.273-84, apr. 1986.

Page 96: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

94

LOPES P. M. A. A morfologia mandibulr em respiradores bucais e nas ais: estudo cefalométrico da curvatura antegonial. São Paulo, 118f, Dissertação (Mestrado em Ortodontia) - Faculdade de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo-UNICID, 2001. MACEDO A. M. Possível influência do padrão respiratório nas maloclusões de Classe I e Classe II de Angle. São Paulo, 113f, Dissertação (Mestrado de ortodontia) – Faculdade de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo-UNICID, 2000. MAIA F. A.; SILVA-FILHO O. G.; MAIA N. G. Avaliação da tendência de crescimento facial método Björk-jarabak, 1998. MARTINA R.; LAINO A.; MICHELOTTI A. Class I malocclusion with severe open bite skeletal pattern tretment. Am. J. Orthod , v.97, n.5, p.363-73, may 1990. MARCKESAN I. Q.; KRAKAUER L. R. H. The importance of respiratory activity in myofunctional therapy. Int. J. Orofacial. Myology, v.22, p.23-27, nov. 1996. MARTINS J. C. R. et al. Influência da hipertrofia amigdaliana nas más oclusões de Classe I e Classe II, divisão 1a de Angle: estudo cefalométrico. Ortodontia , v.22, n.3, p.4-11, 1989. MCNAMARA J. R. J. A. Influence of respiratory pattern on craniofacial growth. Angle Orthod , v.51, n.4, p.269-300, oct. 1981. MCNAMARA J. R. A. A method of cephalometric evaluation. Am. J. Orthod , v.86, n.6, p.449-469, dec. 1984. MEREDITH G. M. The airway and dentofacial development. Ear Nose and Troath Journal , v.66, may 1987. MOSS M. L. The primary role of functional matrices in facial growth. Am. J. Orthodont , v.55, n.6, p.556-582,1969. MOTT W.; PFIETER R. Adenoide- Pode ser um fator de crescimento vertical? Ortodontia , v.43, n.1, p.19-28, 1992. NEIVA F. C.; WERTZNER H. F. A protocol for oral myofuncional assesment: for aplication with children. Int. J. Orofacial Myiology , v.22, p.8-19, nov. 1996. PARANHOS L. R.; CRUVINEL M. O. B. Respiração Bucal: Alternativas técnicas em Ortodontia e Ortopedia funcional no auxílio ao tratamento. JBO , v.8, n.45, p.253-259, ano8, mai./jun. 2003. PAUL J. L.; NANDA R. S. Effect of mouth breathing on dental occlusion. Angle Orthod , v.43, n.2, p.201-206, apr. 1973.

Page 97: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

95

POVH G. Z. et al. Estudo eletromiográfico do músculo orbicular da boca, segmento superior (região medial) em crianças com má oclusão Classe I e modo respiratório bucal. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial , v.8, n.5, p.59-67, set./out. 2003. PROFFIT W. R. Contemporary Orthodontics. 2ed St Louis,Mosby-Year Book , 1993 492p. QUINN G. W. Airway interference syndrome clinical identification and evalution of nose breathing capablites. Angle Orthod , v.53, p.311-319, 1983. RAHAL A.; KRAKAUER L. H. Avaliação e terapia fonoaudilógica com respiradores bucais. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial , v.6, n.1, p.83-86, jan./fev. 2001. RIBAUT J. Y. Resultats de láppreciatión de la ventilation nasal dans les disharmonies maxillo-mandibulares de lïnfant. Rev stomat Chir Maxillofac , v.91, p.96-98, 1990. RICKETTS R. M. Respitarory obstruction syndrome. Am. J. Orthod , v.54, n.7, p.495-514, jul. 1968. RUBIM R. M. Mode of respiration and facial growth. Am J. Orthod , v.78, n.5, p.504-510, nov. 1980. RUBIN R. M. Effects of nasal airway obstruction on facial growth. Ear Nose and Throat Journal , v.66, may 1987. SAADIA A. M. Airway obstruction and facial form: areviw. J Period , v.5, n.3, p.222-239, Spring 1981. SANTOS-PINTO A. Alterações nasofaringeanas e craniofaciais em pacientes com adenóides hipertrófica: estudo cefalo métrico. 1984, 72f. Dissertação (Mestrado Ortodontia) Faculdade de Odontologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro-RJ. SANTOS-PINTO A. et al. Estudo radiográfico e de modelos para avaliação de alterações dentofaciais em função da redução do espaço nasofaringeano em jovens brasileiros leucodermas de 8 a 14 anos de idade. Ortodontia , v.26, n.2, p.57-74, maio 1993. SANTOS-PINTO S. et al. A influência da redução do espaço nasofaringeano na morfologia facial de pré-adolescentes. R. Dental Press ortod. Ortop. Facial , v.9, n.3, p.19-26, mai./jun. 2004. SIMAS-NETTA M. A. S. et al. Estudo cefalomértico comparativo das dimensões craniofaciais entre crianças respiradoras nasais e bucais, com maloclusão Classe II, divisão 1a. J.B.O , v.9, n.94, p.41-47, 2004

Page 98: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

96

SINGER C. P.; MAMANDRAS A. H.; HUNTER W. S. The depth of the mandibular growth rotation evaluated from longitudinal implant sample. Am. J. Orthod , v.91, p.117-124, 1987. SMITH R. M.; GONZALES C. The relationship between nasal obstruction and craniofacial growth. Pediatr Clin North Am , v.36, n.6, p.1423-1434, dec. 1989. STEELE C. H.; FAIRCHILD R. D.; RICKETTS R. M. Forum on the tonsil and adenoid problem in orthodontics. Am. J. Orthod , v.54, n.7, p.485-514, jul. 1968. SUBTELNY J. D. Oral respiration: facial maldevelopment and corrective dentofacial orthopedics. Angle Orthod , v.50, n.3, p.50-54, mar./apr. 1975 apud BIZETTO M. S. et al. Estudo cefalométrico comparativo entre crianças respiradoras bucais e nasais nos diferentes tipos faciais, v.9, n.1, p.79-87, jan./fev. 2004. SUBTENLY J. D. Oral respiration: facial development and corrective dentofacial orthopedics. Angle Orthod , v.50, n.3, p.147-164, july 1980. TAKAHASHI S. et al. Effect of changes in the breathing mode and body position on tongue pressure with respiratory- related oscillations. Am. J. Orthod , v.115, n.3, p.239-46, mar. 1999. THUROW R. C. The survival factor in orthodontics. Transactions of the Third International Orthodontic Congress St Louis: Mosby , p.17-25, 1975. TIMMS D. J.; TRENOUTH M. J. A quantified comparation of craniofacial form with nasal repiratory function. Am J. Orthod , v.94, n.3, p.216-221, sep. 1988. TOURNE L. P. M.; SCHEWEIGER J. Immediate postural responses to total nasal obstruction. Am. J. Orthod ., v.110, n6, p.606-11, dec. 1996. TRASK G. M. G. M.; SHAPIRO G. G.; SHAPIRO P. A. The effects of perinnial allergic rhinitis and dental and skeletal development: a comparation of sibling pairs. Am. J. Orthod , v.92, n.4, p.286-293, oct. 1987. TROTMAN C. A. et al. Association of lip posture and the dimensions of the tonsils and sagittal airway with facial morphology. Angle Orthod , v.67, n.6, p.425-32, 1997. TULLEY W. J. Methods of recording of patterns of behavior of the orofacial muscles using the electromyography. Dent Rec , v.73, p.74-78, 1973. TURNE V. A. Upper airway pressure during breathing. Angle Orthod , v.60, p.216-221, 1990. UNG N. et al. A quantitative assessment of respiratory patterns and their effects on dentofacial development. Am. J. Orthod , v.98, n.6, p.523-532, dec. 1990.

Page 99: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

97

VARGEVIK K. et al. Morphologic response to changes in neuromuscular patterns experimentally induced by altered modes of respiration. Am. J. Orthod, v.85, n.2, p.115-24, feb. 1984. VELLINI-FERREIRA F. Ortodontia-Diagnóstico e planejamento clínico, 3a ed., São Paulo, Artes Médicas , p. 1999. VENETIKIDOU A. Incidence of malocclusion in asthmatic children. J. Clin. Pedi. Dent , v.17, p.89-94,1993. VENTILLO E. A. A respiração bucal asociada ao tratamento ortodôntico, Bauru Funbeo , 1999. VIEIRA S. W. et al. Estudo da função muscular peribucal, do grau de inclinação v-l e da discrepância de modelo dos incisivos inferiores permanentes em crianças respiradoras bucais e nasais com oclusão normal e má oclusão de classe I. R. Dental Press Ortod. Ortop. Facial , v.10, n.1, p.108-116, jan./fev. 2005. VIG K. W. L. Nasal obstruction and facial growth: the strength of evidence for clinical assumptions. Am. J. Orthod , v.113, n.6, p.603-11, jun. 1998. YAMADA T. et al. Influences of nasal respiratory obstruction on craniofacial growth in young Macaca fuscata monckeys. Am. J. Orthod , v.111, n.1, p.38-43, jan. 1997. WEBERZ J.; PRESTON C. B.; WRIGTH P. G. Resistance to nasal airflow related to changes in head posture. Am. J.Orthod , v.80, n.5, p.536-545, Nov 1981. WEIMERT T. JCO Interviw-Dr Thomas Weimert on airway obstruction in orthodontic pratice. J. Clin. Orthod , v.20, n.2, p.96-104, feb. 1986. WHITE G. E. The role of obstructivenasal breathing in periodontics. J. Period , v.3, n.3, p.258-272 Spring 1979. WOODSIDE D. G. et al. Mandibular and maxillary growth after changed mode of breathing. Am. J. Orthod , v.100, n.1, p.1-18, jul. 1991.

Page 100: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

98

ANEXOS

Page 101: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

99

ANEXO 2

Modelo do questionário respondido por pais e responsáveis.

Identificação do Paciente Nome: Idade: _____________________________________ * _______________________________

1. Respira pela Boca? 2. Ronca quando dorme?

3. Costuma babar enquanto dorme? 4. Permanece costumeiramente com a boca aberta (por exemplo quando assiste

televisão)?

5. Apresenta-se constantemente com os lábios ressecados ou rachados? 6. Apresenta-se freqüentemente cansado ao acordar? 7. Apresenta algum tipo de alergia?

8. Apresenta’se constantemente “resfriado”?

Page 102: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 103: A INFLUÊNCIA DO PADRÃO RESPIRATÓRIO NA TENDÊNCIA DE ...livros01.livrosgratis.com.br/cp037350.pdf · pudemos concluir que a presença da respiração bucal interfere na tendência

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo