A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS DE GESTÃO NAS ......2 A Organização Internacional do Trabalho - OIT...
Transcript of A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS DE GESTÃO NAS ......2 A Organização Internacional do Trabalho - OIT...
1 Graduado em Engenharia Mecânica (UFRN); Mestrado em Engenharia Civil (UPE); Doutorando em Engenharia Mecânica (Área de Concentração Energia/UFPE); Professor da Faculdade Nova Roma dos cursos de Engenharia de Produção e Civil; Engenheiro Mecânico da Eletrobrás/Chesf. Email: [email protected]
A INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS DE GESTÃO NAS ATIVIDADES DE
MANUTENÇÃO: A PERCEPÇÃO DO TRABALHADOR.
Rogério Adriano da Fonseca Santiago 1
RESUMO
As atividades de manutenção são muitas vezes desgastantes e impõem, para aqueles que a executam, a exposição
a riscos que podem afetar a sua saúde física e mental. Nos últimos anos, as organizações, através de meios
corporativos, tentaram melhorar as condições de serviços desses trabalhadores. Os Sistemas de Gestão, ligados à
área de segurança e saúde no trabalho, surgiram como uma ferramenta gerencial que oferecia, em princípio, o
suporte técnico necessário para que o trabalhador pudesse desenvolver suas atividades em um ambiente laboral
saudável. Inicialmente, vinculada ao modismo empresarial, muitas vezes para obter retorno financeiro do que,
necessariamente, preocupada com ações sociais e benefícios trabalhistas, estes sistemas se apresentaram,
posteriormente, como uma plataforma para que os trabalhadores passassem a ser agentes ativos da organização,
como um elemento a ser ouvido e, principalmente, que pudesse contribuir, de forma mais ampla, com os objetivos
e metas da empresa. Neste sentido, este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa que teve como objetivo
analisar a satisfação dos trabalhadores que executam serviços de manutenção em uma usina hidrelétrica, que possui
o SGSST associado a seus processos produtivos.
Palavras-chaves: Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho. Qualidade de vida no trabalho.
Segurança do Trabalho.
ABSTRACT
Maintenance activities are often stressful and impose, for those who carry it out, exposure to risks that can affect
their physical and mental health. In recent years, organizations, through corporate media, have tried to improve
the service conditions of these workers. Management Systems, related to occupational safety and health, emerged
as a managerial tool that offered, in principle, the necessary technical support so that the worker could develop his
activities in a healthy work environment. Initially, linked to business fad, often to obtain financial return than
necessarily concerned with social actions and labor benefits, these systems later presented themselves as a platform
for workers to become active agents of the organization, such as element to be heard and, above all, that it could
contribute more broadly to the objectives and goals of the company. In this sense, this article presents the result of
a research that had as objective to analyze the satisfaction of the workers that perform maintenance services in a
hydroelectric plant, that has the OHSMS associated to its productive processes.
Keywords: Occupational Health and Safety Management Systems. Quality of life at work. Workplace safety.
1. INTRODUÇÃO
Cada vez mais as empresas têm buscado desenvolver suas atividades coorporativas tentando se
adaptar as mudanças impostas por um novo contexto social e econômico. Estas adaptações
buscam, na verdade, vencer alguns desafios diários e se tornar cada vez mais competitiva
perante as concorrências, que se apresentam também com a mesma mentalidade.
Nos últimos anos, o crescimento dessa concorrência, aliado a um fator de exigência maior do
produto ou processo pelos clientes, fez com que muitas organizações partissem para a
implementação dos Sistemas de Gestão da Qualidade - SGQ, baseados nas normas ISO 9000,
bem como os de Segurança e Saúde no Trabalho, identificadas pela norma OHSAS 18.001.
2
A Organização Internacional do Trabalho - OIT (2001), define os Sistemas de Gestão de
Segurança e Saúde do Trabalho (SGSST), como sendo: “o conjunto de elementos inter-
relacionados ou interativos que tem por pressupostos o estabelecimento de uma política de
Segurança e Saúde do Trabalho (SST) e que alcance os objetivos propostos”.
Berkenbrock e Bassani (2010), comenta que a implementação de um Sistema de Gestão de
Segurança e Saúde no Trabalho – SGSST nas organizações, pode evitar eventos negativos
ligados a prejuízos financeiros, como também, o aparecimento de acidentes do trabalho e
doenças ocupacionais nos seus empregados.
No entanto, quando a organização em questão, possui uma grande responsabilidade, perante a
sociedade, no que se refere ao serviço por ela prestado, o resultado não deve ser apenas a
sistematização da cadeia lucrativa. É o que acontece com empresas que são responsáveis pela
geração, transmissão e distribuição de energia, sendo esta, fonte indispensável à sobrevivência
do homem e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico e social das nações.
Mais importante do que cumprir a legislação existente, é questão de sustentabilidade para a
continuidade dos serviços de geração elétrica, o fato das Usinas Hidrelétricas proporcionarem
um ambiente de trabalho seguro e saudável aos seus empregados diretos e terceirizados,
aperfeiçoando-se através de modelos de gestão, incorporando conceitos das boas práticas de
relacionamento com empregados, sociedade, governo, acionistas, fornecedores e concorrente.
Este artigo tem por objetivo avaliar a satisfação dos trabalhadores que executam atividades de
manutenção em uma Usina Hidrelétrica. Como estudo de caso, foi analisada a UHE Xingó, que
possui certificação baseada na OHSAS 18.001/2007.
Esta avaliação foi realizada mediante aplicação de um questionário articulado em três
dimensões, contemplando de forma geral: a área de segurança do trabalho; relacionamento
normativo e executivo; e aptidão a novas práticas construtivas.
Este trabalho está estruturado em quatro partes, além da presente introdução, quais sejam: breve
referencial teórico; aspectos metodológicos; resultados e discussões; e conclusão.
3
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A segurança do trabalho e as atividades de manutenção
A segurança do trabalho é a ciência que estuda as possíveis causas dos acidentes e incidentes
originados durante a atividade laboral do trabalhador. Tem como principal objetivo a prevenção
de acidentes, doenças ocupacionais e outras formas de agravos à saúde do profissional
(BARSANO e BARBOSA, 2012).
Segundo Zocchio (2008), do ponto de vista funcional, segurança do trabalho é um conjunto de
medidas e ações aplicadas para prevenir acidentes e doenças ocupacionais nas atividades das
empresas ou estabelecimentos. Tais medidas e ações são de caráter técnico, educacional,
médico, psicológico e motivacional, com o indispensável embasamento de medidas e decisões
administrativas favoráveis.
O papel da Segurança e Saúde do Trabalho nas organizações é essencial para a consolidação da
competitividade e da produtividade, pois isso pode significar uma diminuição dos custos
causados por acidentes, incidentes e doenças do trabalho (IRIMIE et al 2015).
O objetivo de toda organização é a preservação da integridade e da saúde dos seus empregados,
pois este passa a ser um diferencial que pode ser mensurado através de um indicador de
desempenho, competitividade e responsabilidade social, de forma a refletir na produção e nos
custos.
A saúde, a qualidade de vida e a segurança são fatores primordiais dentro de uma empresa e o
trabalhador é a máquina que faz tudo funcionar. Os acidentes e as doenças decorrentes do
trabalho apresentam fatores negativos para a empresa, para o trabalhador acidentado e para a
sociedade (VASCONCELOS, 2001).
Segundo Howell et al. (2002), tantos fatores comportamentais quanto organizacionais levam as
pessoas a trabalhar em circunstâncias de perigo que podem ocasionar acidentes do trabalho.
Este mesmo autor considera que o ambiente de trabalho pode ser definido em três zonas, a
saber:
a. Zona de segurança: amplia este espaço por intermédio, por exemplo, do planejamento
dos processos;
4
b. Zona de perigo (trabalho no limite): dar visibilidade ao limite além do qual o trabalho
não mais será considerado seguro e capacitar as pessoas quanto ao reconhecimento deste
limite. Por esta razão, os trabalhadores deverão ser capacitados para detecção e
reconhecimento de eventuais erros;
c. Zona de perda de controle (além do limite): projetar maneiras de limitar as
consequências do perigo quando o controle for perdido.
As manutenções realizadas nas usinas hidrelétricas obedecem a uma padronização técnica bem
específica e condicionada a perigos e riscos inerentes a cada área, quais sejam: mecânica,
elétrica e civil.
Atividade de manutenção pode ser definida como sendo todas as ações técnicas e
administrativas que tem por objetivo a preservação do estado de um equipamento ou sistema
ou para recolocar o equipamento ou sistema de acordo a um estado no qual possa cumprir sua
função (BRANCO FILHO, 2008).
Os empregados realizam estas atividades e devem ser apoiados pela área da segurança do
trabalho. Este entendimento de que as organizações têm que prover meios para que seus
empregados possam executar seus trabalhos num ambiente laboral seguro, é compartilhado por
Kardec e Nascif (2012), quando comentam que, para se alcançar as metas de um planejamento,
ou seja, para sair de ponto atual para a visão futura, é necessário implementar, em toda
organização, um plano de ação que possa suportar as melhores prática de manutenção, inserindo
os processos de sensibilização, treinamento, implantação e prática de saúde, meio ambiente, e
segurança.
2.2 O SGSST e a cultura da segurança
Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho pode ser definido como uma ferramenta
gerencial que auxilia a empresa na reavaliação dos seus modelos ligados à área de SST, trazendo
a melhoria contínua do nível de desempenho por meio de redução dos impactos negativos do
trabalho sobre os funcionários. (BENITE, 2004).
Algumas empresas ainda insistem em utilizar modelos tradicionais do sistema de gestão.
Barreiros (2002) analisa que estes modelos são baseados em:
5
Iniciativas centradas no esforço para o cumprimento de requisitos legais mínimos;
Abordagens essencialmente concebidas a partir do paradigma reducionista-mecanicista;
Adoção de princípios tayloristas de gestão organizacional;
Fundamentação das atividades na necessidade de mudança comportamental do
trabalhador em decorrência da culpabilidade que lhe é atribuída pela causalidade dos
acidentes;
Atribuição de um caráter marginal a SST;
Participação dos trabalhadores fragilizada e intimidada pela presença de um estilo
gerencial autocrático.
Atualmente, não há mais espaço para esse tipo de administração, uma vez que o elemento
fundamental da cadeia de gestão produtiva (trabalhadores) não se sente devidamente protegido
quando da execução de suas atividades laborais.
Esses trabalhadores, em sua maioria, sofrem influência dos valores e da cultura das
organizações que trabalham (GANDRA et al., 2005). Ficam muitas vezes limitados a pensarem
dentro de um escopo padronizado onde não se “enxerga” mais do que o necessário para a
execução do seu serviço.
A responsabilidade social corporativa e a cultura da segurança, contribuem para a
fundamentação da gestão da segurança e saúde no trabalho como estratégia de negócio de uma
organização (VASCONCELOS et al, 2005).
Para Ferreira e Cabanas (2010), o SGSST permite uma maior integração entre empregador e
empregado que, juntos, estabeleçam estratégias que possam garantir a segurança no ambiente
laboral.
Observa-se que, em algumas empresas, pequenas ações configuram estrategicamente
movimentos contrários ao que é sugerido por um sistema de gestão. As crenças predominantes
na cultura organizacional configuram cenários que, determinam em grande parte, a qualidade
de vida. A formalidade ou a informalidade no tratamento, a altura das divisórias, os bloqueios
no acesso à diretoria, a diferença na decoração constitui os primeiros sinais do que é valorizado
na empresa (RODRIGUES, 2013).
6
Procurando fazer um estreitamento na questão da qualidade de vida com a satisfação dos
trabalhadores em um ambiente laboral, Viana (2005), entende que a qualidade de vida no
trabalho está ligada ao bem-estar das pessoas em situação de trabalho, visando elevar o nível
de satisfação e também o de produtividade, o que significa maior eficácia e, ao mesmo tempo,
atender às necessidades básicas dos trabalhadores.
É possível ainda associar a satisfação dos trabalhadores ao quesito motivacional, segundo
entendimento de Priori Junior (2004). Este por sua vez analisa, através de experiências em
empresas de construção civil, que a motivação dos funcionários, é proporcionada por melhores
condições de trabalho, que se consegue implementando ações de melhoria na qualidade de vida
dentro da própria empresa.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada neste artigo é caracterizada como um estudo de caso de natureza
descritiva e analítica. Como objeto de estudo, encontram-se centralizados os trabalhadores que
realizam manutenções no segmento laboral Usina Hidrelétrica.
Foi realizada uma pesquisa de campo com o propósito de aplicar um questionário baseado na
técnica da utilização da Escala de Satisfação no Trabalho (EST), utilizado por Siqueira (2008),
com adaptações em função do tipo de atividade laboral.
A pesquisa de campo foi realizada inicialmente na UHE Xingó, pertencente a Companhia
Hidrelétrica do São Francisco – Chesf, e em seguida, houve a necessidade de expandir esse
questionário para outras usinas pertencentes a mesma empresa, até como forma de realizar
comparações com serviços de manutenção que ainda não utilizam o SGSST em seus processos
produtivos.
O roteiro da pesquisa semiestruturada foi dividido em dimensões, identificadas pelas:
Dimensão I – Condições de higiene, segurança e saúde no trabalho;
Dimensão II – Gerenciamento, comunicação e apoio;
Dimensão III – Promoção do aprendizado e práticas construtivas nas atividades de
manutenção.
7
A comunicação pode ser considerada uma grande barreira quando se desenvolvem atividades
de manutenção, podendo ser bem mais explorada e validada através de questionários enviados
aos trabalhadores (GANAH, 2015).
O questionário (ver quadro 1) foi aplicado de forma presencial, no período de 04 meses, nas
usinas, resguardando o devido anonimato, como forma de dar liberdade de expressão e uma
maior tranquilidade para quem está respondendo.
Na usina de Xingó, houve a participação de gerentes, supervisores, técnicos e dos auxiliares das
equipes de manutenção civil, mecânica e elétrica, resultando num quantitativo de 43 pessoas.
Para as demais usinas, houve uma participação de 170 pessoas que responderam ao
questionário.
Quadro 1 – Questionário da pesquisa de satisfação baseada em três pilares dimensionais.
PESQUISA DE SATISFAÇÃO MU
ITO
INS
AT
ISF
EIT
O
INS
AT
ISF
EIT
O
PO
UC
O
SA
TIS
FE
ITO
SA
TIS
FE
ITO
MU
ITO
SA
TIS
FE
ITO
1 2 3 4 5
Dim
ensã
o I
– C
ond
içõ
es d
e h
igie
ne,
seg
ura
nça
e s
aúd
e n
o
trab
alh
o.
1ª
Equipamentos de proteção individual
e coletivos (EPI/EPC) fornecidos.
2ª
Controle dos Exames Médicos
Periódicos.
3ª
Equipamentos de comunicação
disponíveis nas atividades de
manutenção.
4ª
Ferramentas de Gestão de Segurança
e Saúde no Trabalho da empresa.
5ª
Condições de Segurança nos
ambientes onde são realizadas as
manutenções.
6ª
Treinamentos operacionais sobre
segurança e saúde no Trabalho (NR-
35, NR-10, NR-33).
7ª
Apoio do SESMT e da CIPA nas
grandes intervenções (Manutenção de
50.000 H).
8ª
Campanhas organizacionais sobre
Segurança e Saúde no Trabalho
(Fique Alerta e Segurança 10).
9ª
Pausas no trabalho para atividades de
alongamento (ginástica laboral)
8
10ª
Planejamento Executivo da
Manutenção (PEX/APP)
Dim
ensã
o I
I –
Ger
enci
amen
to,
com
un
icaç
ão e
ap
oio
.
11ª
Envolvimento dos colaboradores nos
processos de tomada de decisão
12ª
Envolvimento dos colaboradores em
atividades de melhoria
13ª
Mecanismos de consulta e diálogo
entre colaboradores e gestores
14ª
Forma como a organização gera os
conflitos de interesses
15ª
Nível de envolvimento dos
colaboradores na organização e na
respectiva missão.
Dim
ensã
o I
II –
Pro
mo
ção
do
apre
nd
izad
o e
prá
tica
s
con
stru
tiv
as n
as a
tiv
idad
es
de
man
ute
nçã
o
16ª
Aprendizado de novos métodos de
trabalho
17ª
Desenvolvimento de trabalhos em
equipes
18ª
Participação em projetos de mudança
na empresa
19ª
Reconhecimento dos esforços
individuais e coletivos
20ª
Críticas construtivas e atividades de
melhoria executiva
Observações / Sugestões:
Fonte: Siqueira, 2008 com adaptações do autor.
3.1 Conteúdo do questionário
Conforme foi explicado, pelo atendimento da metodologia explicitada, o questionário foi
dividido em dimensões buscando analisar os níveis de satisfação, segundo pontuação descrita
abaixo:
A pontuação “1”, corresponde a “muito satisfeito”;
A pontuação”2” a insatisfeito;
A pontuação “3” a pouco satisfeito;
A pontuação “4” a satisfeito;
A pontuação “5” a muito satisfeito.
9
3.2 Cálculos das pontuações
É realizado através do escore médio de cada dimensão (soma dos valores correspondentes em
cada item dividido pelo número de itens, em cada uma das três dimensões).
3.3 Médias das pontuações atribuídas
Média aritmética do item: corresponde à média das pontuações atribuídas pelos trabalhadores
a cada item;
Média aritmética do grupo: corresponde à média das pontuações atribuídas pelos trabalhadores
aos diversos itens de cada grupo.
3.4 Frequências de atribuição de nível de pontuação
Frequência de atribuição da pontuação “1” – indica a percentagem de trabalhadores
muito insatisfeitos, os que atribuíram ao item a pontuação 1 (muito insatisfeito);
Frequência de atribuição da pontuação “<3” – indica a percentagem de trabalhadores
insatisfeitos, os que atribuíram ao item as pontuações “1” (muito insatisfeito) ou “2”
(insatisfeito);
Frequência de atribuição da pontuação “≥ 3” – indica a percentagem de trabalhadores
satisfeitos, que atribuíram ao item as pontuações “3” (pouco satisfeito) ou “4”
(satisfeito) ou “5” (muito satisfeito);
Frequência de atribuição da pontuação “5” – indica a percentagem de trabalhadores
muito satisfeitos, os que atribuíram ao item a pontuação de “5” (muito satisfeito)
Os questionamentos que estão inseridos na componente DIMENSÃO I, têm por objetivo
analisar em que condições estão sendo realizadas as atividades de manutenção e se existem
meios disponíveis adequados a sua execução. (Ver quadro 2).
Quadro 2 – Modelo para análise dos valores obtidos na pesquisa de campo relacionados com a
DIMENSÃO I.
Satisfação com ... Média das
pontuações
Frequência da
pontuação (%)
DIMENSÃO I
Média
do
item
Média
dos itens
do grupo
Pontuação atribuída /
Grau de satisfação
1 < 3 ≥ 3 5
10
Condições de higiene, segurança e saúde no
trabalho
1ª
Equipamentos de proteção individual e
coletivos (EPI/EPC) fornecidos.
2ª Controle dos Exames Médicos Periódicos.
3ª
Equipamentos de comunicação disponíveis
nas atividades de manutenção.
4ª
Ferramentas de Gestão de Segurança e Saúde
no Trabalho da empresa.
5ª
Condições de Segurança nos ambientes onde
são realizadas as manutenções.
6ª
Treinamentos operacionais sobre segurança e
saúde no Trabalho (NR-35, NR-10, NR-33).
7ª
Apoio do SESMT e da CIPA nas grandes
intervenções (Manutenção de 50.000 H).
8ª
Campanhas organizacionais sobre Segurança e
Saúde no Trabalho (Fique Alerta e Segurança
10).
9ª
Pausas no trabalho para atividades de
alongamento (ginástica laboral)
10ª
Planejamento Executivo da Manutenção
(PEX/APP)
Fonte: SIQUEIRA, 2008 com adaptações do autor.
Na análise da DIMENSÃO II, procurou-se identificar quais os questionamentos que poderiam
ser feitos que refletissem uma integração com os agentes executivos e os normativos, ou seja,
que atendessem ao SGSST no quesito “Gerenciamento, comunicação e apoio”. (Ver quadro 3).
Quadro 3 – Modelo para análise dos valores obtidos na pesquisa de campo relacionado com a
DIMENSÃO II.
Satisfação com ... Média das
pontuações
Frequência da pontuação
(%)
DIMENSÃO II
Gerenciamento, comunicação e apoio
Média
do
item
Média
dos itens
do
grupo
Pontuação atribuída / Grau
de satisfação
1 < 3 ≥ 3 5
11ª
Envolvimento dos colaboradores nos
processos de tomada de decisão
12ª
Envolvimento dos colaboradores em
atividades de melhoria
13ª
Mecanismos de consulta e diálogo entre
colaboradores e gestores
14ª
Forma como a organização gerencia os
conflitos de interesses
15ª
Nível de envolvimento dos colaboradores
na organização e na respectiva missão.
Fonte: SIQUEIRA, 2008 com adaptações do autor.
11
Na elaboração dos questionamentos que compõem a DIMENSÃO III, o objetivo foi identificar
a participação efetiva dos trabalhadores no desenvolvimento de novas técnicas e meios de
realização das atividades de manutenção. (Ver quadro 4)
Quadro 4 – Modelo para análise dos valores obtidos na pesquisa de campo da DIMENSÃO III
Satisfação com ... Média das
pontuações
Frequência da pontuação
(%)
DIMENSÃO III
Promoção do Aprendizado e Práticas
Construtivas nas atividades de manutenção
Média
do
item
Média
dos itens
do
grupo
Pontuação atribuída / Grau
de satisfação
1 < 3 ≥ 3 5
16ª
Aprendizado de novos métodos de
trabalho
17ª Desenvolvimento de trabalhos em equipes
18ª
Participação em projetos de mudança na
empresa
19ª
Reconhecimento dos esforços individuais
e coletivos
20ª
Críticas construtivas e atividades de
melhoria executiva
Fonte: SIQUEIRA, 2008 com adaptações do autor.
A satisfação no desenvolvimento de atividades laborais está relacionada a fatores
organizacionais como absenteísmo, rotatividade, índice de acidentes e o desempenho no
trabalho (SUEHIRO et al., 2008). Alguns desses fatores estão identificados nos itens das
dimensões dessa pesquisa.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como parte da metodologia utilizada neste trabalho, foram realizadas pesquisas de campo na
Usina de Xingó que possui SGSST e nas demais usinas que não possuem certificação na área
de segurança do trabalho. Em seguida, foram coletadas e mapeadas as informações oriundas
dos questionários.
Na análise da tabela que relaciona os dados da DIMENSÃO I (ver tabela 1), a leitura dos valores
apresentados permite realçar o seguinte:
O valor de 3,90 como sendo a média dos itens do grupo, pode indicar que a equipe de
manutenção se encontra satisfeita com a forma com que os trabalhos estão sendo
realizados na usina;
12
O valor de 3,65, como média do item relacionado ao fornecimento de EPI, pode ser
também analisado segundo o critério de que estes equipamentos apresentam
desconfortos em alguns trabalhadores e isto pode ser identificado pela quantidade de
sugestões de melhoria para este item, resultando num total de 7 (sete).
Os treinamentos operacionais sobre SST atingiram uma pontuação média do item de
4,09, reflexo da participação ativa dos trabalhadores nestes processos construtivos
focados na qualificação profissional e pessoal.
Tabela 1 – Dados da pesquisa relacionados com a DIMENSÃO I.
Satisfação com ... Média das
pontuações
Frequência da pontuação
(%)
DIMENSÃO I
Condições de higiene, segurança e saúde no
trabalho
Média
do
item
Média
dos itens
do
grupo
Pontuação atribuída /
Grau de satisfação
1 < 3 ≥ 3 5
1ª
Equipamentos de proteção individual e
coletivos (EPI/EPC) fornecidos.
3,65
3,90
6,98
18,60
81,40
30,23
2ª Controle dos Exames Médicos Periódicos.
3,98
6,98 13,95 86,05 39,53
3ª
Equipamentos de comunicação disponíveis
nas atividades de manutenção.
3,93
4,65 6,97 93,03 27,91
4ª
Ferramentas de Gestão de Segurança e
Saúde no Trabalho da empresa.
4,02
4,65 13,95 86,05 41,86
5ª
Condições de segurança nos ambientes onde
são realizadas as manutenções.
4,02
2,33 11,63 88,37 37,21
6ª
Treinamentos operacionais sobre segurança
e saúde no Trabalho (NR-35, NR-10, NR-
33).
4,09
6,98 13,95 86,05 41,86
7ª
Apoio do SESMT e da CIPA nas grandes
intervenções (Manutenção de 50.000 H).
3,77
4,65 13,95 86,05 27,91
8ª
Campanhas organizacionais sobre
Segurança e Saúde no Trabalho (Fique
Alerta e Segurança 10).
3,93
4,65 20,93 79,07 44,19
9ª
Pausas no trabalho para atividades de
alongamento (ginástica laboral)
3,77
4,65 11,63 88,37 30,23
10ª
Planejamento Executivo da Manutenção
(PEX/APP)
3,88
6,98 16,28 83,72 39,53
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em relação à frequência da pontuação, 44,19% dos trabalhadores que responderam o
questionário, indicaram o valor máximo de 5 pontos no item “Campanhas organizacionais sobre
Segurança e Saúde no Trabalho”, dentre elas merecendo destaque a do “Fique Alerta e
Segurança 10”. Estas campanhas tem uma periodicidade anual e atinge a todos os segmentos
da empresa. Marcada fortemente por incentivos promocionais, estas campanhas, cada ano que
13
passa, busca novos desafios coorporativos. A equipe de manutenção de Xingó, pelo que pode
ser identificado, tende a fortalecer esse desafio.
Apenas 2,33% dos trabalhadores deram a menor pontuação (1 ponto) para o item referente às
“condições de segurança nos ambientes onde são realizadas as manutenções”, o que pode
significar, também, uma satisfação na realização das atividades.
Os resultados da tabela que relacionam a DIMENSÃO II (ver tabela 2) apresentam como
destaques:
Com o valor de 3,63 como média do item, os trabalhadores da manutenção de Xingó
entendem que conseguem se envolver nas ações de atividades de melhorias. Esta
participação direta compreende, desde ações simples, como ajustes nos planejamentos
executivos, em se tratando de realização de determinadas atividades, como também no
envolvimento nos processos aquisitivos, na compra de determinados equipamentos ou
maquinário específico.
O valor de 3,51 como média dos itens do grupo, pode ser considerado satisfatório,
mesmo porque, em se tratando de qualidade nos serviços de manutenção, a integração
entre as partes que realizam as atividades, é fundamental e, para se conseguir isso, a
comunicação e o apoio são determinantes.
Tabela 2– Dados da pesquisa relacionados com a DIMENSÃO II
Satisfação com ... Média das
pontuações
Frequência da pontuação
(%)
DIMENSÃO II
Gerenciamento, comunicação e apoio
Média
do
item
Média
dos itens
do
grupo
Pontuação atribuída / Grau
de satisfação
1 < 3 ≥ 3 5
11ª
Envolvimento dos colaboradores nos
processos de tomada de decisão
3,49
3,51
6,98
23,26
76,74
25,60
12ª
Envolvimento dos colaboradores em
atividades de melhoria
3,63 6,98 13,95 86,05 23,26
13ª
Mecanismos de consulta e diálogo entre
colaboradores e gestores
3,44 9,30 20,93 79,07 20,90
14ª
Forma como a organização gerencia os
conflitos de interesses
3,56 6,98 11,63 88,37 23,26
15ª
Nível de envolvimento dos colaboradores
na organização e na respectiva missão.
3,44 6,98 23,26 76,74 23,26
Fonte: Elaborado pelo autor.
Outro ponto que merece destaque nesta análise, é a pontuação da sua frequência, referente à
forma de como a empresa gerencia os conflitos de interesses. O valor percentual de 88,37%,
14
indica a quantidade de trabalhadores que informaram valores de 3, 4 ou 5 a este item da
pesquisa.
Na análise da tabela que relaciona a DIMENSÃO III, destacam-se os seguintes pontos (ver
tabela 3):
O valor de 3,16 como média do item relacionado a “críticas construtivas e atividades de
melhoria executiva”. Este valor, um pouco mais baixo, pode ser creditado à dificuldade
que alguns trabalhadores possuem em entender que críticas construtivas servem para
mudanças de processos e para os ajustes de melhorias.
O valor de 3,74 como média do item relacionado a “Desenvolvimento de trabalhos em
equipes” indica a importância que os trabalhadores estão dando para a realização das
atividades em grupo e, principalmente, nos processos de gestão de segurança e saúde
no trabalho, que tem como um dos pilares construtivos, a capacidade dos agentes se
integrarem nas atividades executivas.
Tabela 3– Dados da pesquisa relacionados com a DIMENSÃO III.
Satisfação com ... Média das
pontuações
Frequência da pontuação
(%)
DIMENSÃO III
Promoção do Aprendizado e Práticas
Construtivas nas atividades de manutenção
Média
do
item
Média
dos itens
do
grupo
Pontuação atribuída / Grau
de satisfação
1 < 3 ≥ 3 5
16ª
Aprendizado de novos métodos de
trabalho
3,47
3,38
6,98
18,60
81,40
16,28
17ª Desenvolvimento de trabalhos em equipes 3,74 4,65 16,28 83,72 37,21
18ª
Participação em projetos de mudança na
empresa
3,19 9,30 30,23 69,77 16,28
19ª
Reconhecimento dos esforços individuais
e coletivos
3,33 6,98 32,56 67,44 25,58
20ª
Críticas construtivas e atividades de
melhoria executiva
3,16 9,30 32,56 67,44 20,30
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como verificação da análise percentual, o valor de 83,72% indica a quantidade de trabalhadores
que informaram 3, 4 ou 5 na pesquisa referente ao item “Desenvolvimento de trabalhos em
equipes”, corroborando com o que foi dito anteriormente.
15
4.1 Análises comparativa da pesquisa de campo
A mesma pesquisa foi colocada à disposição dos trabalhadores das outras usinas hidrelétricas
da Chesf que não possuem o SGSST nos seus processos produtivos. Os resultados se mostram
presentes nos gráficos 1, 2 e 3.
No gráfico 1, verificam-se os resultados comparativos da DIMENSÃO I, destacando-se como
maior diferença modular o item referente a “treinamentos operacionais sobre segurança e saúde
no trabalho – NR-35, NR-10 e NR-33”. Isto pode ser explicado pela necessidade do SGSST
exigir o cumprimento da meta indicada no planejamento anual.
Gráfico 1. Resultados comparativos da DIMENSÃO I.
Fonte: Elaborado pelo autor.
No entanto, não somente pela exigência da diretiva do sistema de gestão, esse ponto é o que
apresenta maior diferença. A cultura disseminada nos processos produtivos, contribui de
maneira direta, para o entendimento da importância destes treinamentos nas atividades de
manutenção.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
3,65
3,98 3,93 4,02 4,02 4,09
3,774,02
3,773,88
2,892,99
2,772,91 2,96 2,90 2,89 2,99 3,03 3,01
Mé
dia
da
po
ntu
ação
DIMENSÃO I - Condições de higiene, segurança e saúde no trabalho
EQUIPE DE MANUTENÇÃO DA USINA DE XINGÓ/CHESF COM SGSST EQUIPES DE MANUTENÇÃO DAS USINAS DA CHESF SEM SGSST
16
Em relação ao quesito que apresenta menor diferença, destaca-se o item “pausas no trabalho
para atividades de alongamento”, com um valor em módulo de 0,74.
Em relação à comparação dos itens pertencentes à DIMENSÃO II, predominam os maiores
valores para a equipe de manutenção de Xingó. Entretanto, esta diferença já não é tão
considerada, se comparada ao da DIMENSÃO I (Ver gráfico 2).
Gráfico 2. Resultados comparativos da DIMENSÃO II.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O item relativo ao “Envolvimento dos colaboradores em atividades de melhoria” apresentou o
valor em módulo de 0,92, como sendo o maior valor, enquanto que o item “Envolvimento dos
trabalhadores nos processos de tomadas de decisão”, obteve o menor valor de 0,58.
Na análise comparativa dos itens que compõem a DIMENSÃO III (ver gráfico 3), destacam-se
os seguintes pontos:
O item que apresentou maior diferença em módulo foi o que se refere ao
“Desenvolvimento de trabalhos em equipes”, com valor de 1,02;
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
Envolvimento dos colaboradores nos
processos de tomada de
decisão
Envolvimento dos colaboradores em
atividades de melhoria
Mecanismos de consulta e diálogo entre
colaboradores e gestores
Forma como a organização gerencia os conflitos de
interesses
Nível de envolvimento dos colaboradores na organização e na
respectiva missão.
3,49
3,63
3,44
3,56
3,44
2,91
2,712,82 2,83
2,68
Mé
dia
da
po
ntu
ação
DIMENSÃO II - Gerenciamento, comunicação e apoio.
EQUIPE DE MANUTENÇÃO DA USINA DE XINGÓ/CHESF COM SGSST EQUIPES DE MANUTENÇÃO DAS USINAS DA CHESF SEM SGSST
17
O item “Críticas construtivas e atividades de melhoria executiva” apresentou, para as
equipes de manutenção, resultados considerados baixos se comparados com as outras
dimensões. O valor da diferença em módulo de 0,46, neste caso indica que as equipes
ainda não estão totalmente preparadas para críticas construtivas, que possam alterar
modos e formas de execução das atividades laborais.
Gráfico 3. Resultados comparativos da DIMENSÃO III.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ainda na análise do gráfico 3, percebe-se que a ordem de grandeza dos valores obtidos se
identifica com pontuações de “3” e “2”, respectivamente para as equipes de manutenção que
possuem o SGSST e para aquelas que não têm esse sistema em seus processos.
Como o elemento cognitivo dos processos que compõem o SGSST é difícil de mensurar,
mesmo utilizando-se de pontos que indicam estados ou situações, esta pesquisa de campo
indicou quais os parâmetros, baseados nos próprios itens das DIMENSÕES, se encontraram
dentro de valores aceitáveis e quais aqueles, na visão dos próprios trabalhadores, necessitariam
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
Aprendizado de novos métodos de trabalho
Desenvolvimento de trabalhos em equipes
Participação em projetos de mudança na empresa
Reconhecimento dos esforços individuais e
coletivos
Críticas construtivas e atividades de melhoria
executiva
3,47
3,74
3,19
3,33
3,16
2,802,72
2,59
2,70 2,70
Mé
dia
da
po
ntu
ação
DIIMENSÃO III - Promoção do aprendizado e práticas construtivas nas atividades de manutenção.
EQUIPE DE MANUTENÇÃO DA USINA DE XINGÓ/CHESF COM SGSST EQUIPES DE MANUTENÇÃO DAS USINAS DA CHESF SEM SGSST
18
de mudanças de processos ou até mesmo de atitudes individuais e/ou coletivas para atingirem
objetivos comuns.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta deste trabalho foi de descrever e analisar se o Sistema de Gestão em Segurança e
Saúde no trabalho influencia nas práticas de gestão, focadas na satisfação dos empregados que
realizam manutenções em Usinas Hidrelétricas. Com esse objetivo, recorreu-se a abordagem
de uma pesquisa de campo, baseada na técnica da Escala de Satisfação no Trabalho.
Procurando identificar a satisfação dos trabalhadores que executam as atividades de
manutenção, foram realizadas pesquisas de campo, tanto na Usina de Xingó, como nas demais
usinas do parque gerador da Chesf.
Analisando os dados da pesquisa, conclui-se que os resultados obtidos nas três dimensões
apresentam, de forma abrangente, que as equipes de manutenção da Usina de Xingó estão, em
princípio, identificadas com o SGSST da empresa e acreditam nos seus processos produtivos e
se sentem como elementos importantes na cadeia de gestão.
Isto pode ser creditado aos valores relacionados nos itens “condições de higiene, segurança e
saúde no trabalho, com uma pontuação de 3,90, como também no item “gerenciamento,
comunicação e apoio” com um valor de 3,51”, corroborando com o entendimento de Bergamini
(2005), em que comenta que os fatores motivacionais estão relacionados diretamente como o
trabalho, enquanto que os fatores de higiene referem-se ao ambiente do trabalho e sua atividade
na organização.
No item referente à “Promoção do aprendizado e práticas construtivas”, identificado na
DIMENSÃO III, os resultados obtidos mostram que alguns processos necessitam de melhorias.
O valor de 3,38 como sendo média de grupo, foi afetado pela baixa pontuação obtida no item
“Críticas construtivas e atividades de melhorias”, que obteve o valor de 3,16, bem como pelo
item “Participação em projetos de mudança na empresa”, que contribuiu com o valor de 3,19.
Conclui-se que, alguns trabalhadores ainda não estão acostumados a críticas construtivas,
mesmo que elas representem mudanças em processos e ajustes de melhorias.
Neste sentido, as organizações devem prover meios para realizar estes ajustes. Segundo
Hernandez (2005), desenvolver a autoestima no funcionário é fundamental para a qualidade de
19
seu desempenho, fazendo com que o trabalhador sinta que é importante para a organização e
tendo consciência de que a empresa depende da sua atuação.
Com relação aos dados comparativos entre as usinas, os resultados demonstram que, para as
três dimensões da pesquisa, os valores, em módulos, da Usina de Xingó, são maiores que a
média das outras usinas. Destacando-se itens como “Treinamentos operacionais sobre
segurança e saúde no trabalho” que, apesar de serem extensivos para todas as usinas, a cultura,
oriunda da utilização de processos padronizados do SGSST, mostra o resultado do
entendimento, por parte dos trabalhadores, que estes treinamentos são relevantes, não só porque
permitem legalmente que eles tenham acesso a áreas periculosas, mas também porque são
importantes na execução das suas atividades de manutenção. Com relação à análise comparativa
das outras dimensões, destacam-se os itens “Envolvimento dos colaboradores em atividades de
melhorias”, que apresenta uma diferença de 0,92 e “Desenvolvimento de trabalhos em equipes”,
com uma diferença de 1,02, pertencentes ao quadro de DIMENSÕES II e III, respectivamente.
Alinhados com o entendimento de Priori Júnior (2007), que identifica como sendo a
organização a instituição responsável por desenvolver práticas simples que permitam melhorias
nas condições de trabalho, esta pesquisa refletiu que essas ações ocorrem visando a satisfação
dos trabalhadores, como requisitos mínimos normativos elencados no SGSST.
Diante deste entendimento, conclui-se que as organizações que possuem um SGSST, aliado a
sua cadeia produtiva, devem conseguir demonstrar, em todos seus aspectos, para seus
empregados, que atende aos requisitos com relação ao desenvolvimento de ações que
promovam um ambiente laboral seguro e saudável. E que estas ações não fiquem somente na
área de SST, que possam expandir suas concepções dentro da própria organização,
principalmente tornando o empregado como parte de um processo produtivo e importante para
a empresa.
REFERÊNCIAS
BARREIROS, D. Gestão da segurança e saúde no trabalho: estudo de um modelo sistêmico
para as organizações do setor mineral. 371p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002.
BARSANO, P. R; BARBOSA, R. P. Segurança do Trabalho: guia prático e didático. 1ª Ed.
São Paulo: Érica, 2012.
20
BENITE, A. G. Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho para empresas
construtoras. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Construção Civil e Urbana) -
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
BERGAMINI, C. W. Psicologia aplicada à administração de empresas – psicologia do
comportamento organizacional. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.
BERKENBROCK, P. E; BASSANI, I. A. Gestão do risco ocupacional: uma ferramenta em
favor das organizações e dos colaboradores. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada,
Blumenau, v.4, n.1, p.43-56, Sem I 2010. ISSN 1980-7031.
BRANCO FILHO, G. A organização, o planejamento e o controle da manutenção. Rio de
Janeiro: Editoria Ciência Moderna Ltda, 2008.
FERREIRA, R. F; CABANAS, A. Sistema de Gestão Integrada como estratégia para a
prevenção e redução de acidentes de trabalho. XIV INIC, Universidade Vale do Paraíba,
2010.
GANAH, A; JOHN, G. A; Integrating Building Information Modeling and Health and
Safety for Onsite Construction. Safety and Health at Work 6 (2015) 39 e 45.
GANDRA, J.; RAMALHO, W.; CANÇADO, R. Geração e validação de um modelo causal
de incidentes. In: Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração, 29.,
2005, Brasília. Anais...Rio de Janeiro: ANPAD, 2005.
HERNANDEZ, A. C. R. Influencia de la auto estima en la prevencíon de accidentes. In:
XVII World Congresso in Safety and Health at Work, Orlando, 2005.
HOWELL, G. A. Working near the Edge: a new approach to construction safety. in:
ANNUAL CONFERENCE ON LEAN CONSTRUCTION, 10., 2002, Gramado. Proceedings.
Porto Alegre: UFRGS, 2002. p. 49-60.
IRIMIE, S; MUNTEANU, R; GHICAJUNU, M; MARICA, L. Aspects of the Safety and
Health at the Workplace. Procedia Economics and Finance 23 (2015) 152 – 160.
KARDEC, A; NASCIF, J. Manutenção - Função estratégica. 4a edição. Rio de Janeiro:
QualityMark, 2012.
OHSAS 18001:2007. Sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho: requisitos. São
Paulo: Risk tecnologia, 2007.
OIT – Diretrizes sobre Sistemas de gestão da Segurança e saúde no Trabalho. Título
original - Guidelines on Occupacional Safety and Health Manangement Systems – ILO-OSH
2001. Tradução: Gilmar da Cunha Trivelato. São Paulo. Fundação Jorge Duprat Figueirêdo de
Segurança e medicina do Trabalho, 2001.
21
PRIORI JÚNIOR, L. Ações para a melhoria da satisfação do trabalhador em canteiros de
obra. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia civil) Universidade Católica de
Pernambuco, Recife, 2007.
PRIORI JÚNIOR, L. Motivação para a qualidade. Revista Construir Nordeste. Recife, nº 25,
p. 47, fev. 2004a.
RODRIGUES, W. R. S. Motivação nas Organizações. 6ª ed. São Paulo: Altas, 2013.
SIQUEIRA, M. M. M. Medidas do comportamento organizacional: ferramentas de
diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Editora Artmed, 2008. 344p.
SUEHIRO, A. C. B; SANTOS, A. A. A; HATAMOTO, C. T; CARDOSO, M. M.
Vulnerabilidade ao estresse e satisfação no trabalho em profissionais do programa saúde
da família. Bol. Psicol. v.58, n.129, p. 205-218, 2008.
VASCONCELOS, A.F. Qualidade de vida no Trabalho: Origem, Evolução e Perspectivas.
Caderno de Pesquisas em Administração. v.8, n.1,2001.
VASCONCELOS, F. D. L., et al. Gestão da Segurança na Construção – Discussão sobre um
Modelo de Sistema. Anais... CMATIC, Recife – 2005.
VIANNA, M. A. Motivação, Liderança e Lucro. São Paulo: Gente, 2005.
ZOCCHIO, A. Como entender e cumprir as obrigações pertinentes a segurança e saúde no
trabalho – Um guia e um alerta para os agentes de chefia das empresas. 2. Ed. São Paulo:
LTr, 2008.