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A informa.;io correta, sem preconceitos, e essencial para a preven.;io da doen.;a e pode evitar 0 panico Magaly T. dos Santos FUNBEC As criam;as perguntam. Os adolescentes falam freqiientemente sobre a Aids. Alguns adultos procuram se informar, outros acham que isso e problema s6 para homossexual e muitos se preocupam, mas acreditam que a Cilmcia dara uma resposta a curto prazo. Os professores estao sendoatropelados pela necessidade de informar seus alunos sobre essa doen~a que e noticia, diariamente, na televisao, jomal, radio, alem de outros meios de comunica~ao. Alguns medicos sanitaristas, enfermeiros, assistentes sociais, psic610gos, pro- fessores e outros profissionais que estao lidando com 0 problema tem constatado que, de modo geral, as pessoas estao pouco informadas a respeito do assunto ou tem informa~6es distorcidas e ate mesmo erradas. Este artigo apresenta as informa~6es essenciais sobre a Aids. 0 artigo "Imuno- logia ", a pagina 21 desta revista, da ao leitor a oportunidade de ampliar e aprofundar o conhecimento sobre 0 assunto. Existem varias formas de tratar a questao da Aids em sala de aula, tanto no 1° quanta no 2° grau, mas 0 que precisa ser garantido e que as crian~as e adolescentes possam expressar suas duvidas e cu- riosidades sem constrangimento. As respostas pre- cisam ser claras e atender exatamente ao que os alunos desejam saber, cuidando-se para que a in- forma~ao seja correta (do ponto de vista cientffico) e livre de preconceitos. Sugerimos, como abordagem inicial, valida pa- ra qualquer nfvel, uma conversa sobre a importan- cia de se conhecer essa doen~a e suas formas de transmissao. No 2° grau e em clases de adultos, cabe colocar esse conhecimento e sua difusao como responsabilidade social de cad a cidadao e nao apenas como uma questao de curiosidade ou conveni€mcia pessoal. Dado 0 constrangimento que 0 tema Aids ge-

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A informa.;io correta, sem preconceitos,e essencial para a preven.;io da doen.;a

e pode evitar 0 panico

Magaly T. dos SantosFUNBEC

As criam;as perguntam. Os adolescentes falam freqiientemente sobre a Aids.Alguns adultos procuram se informar, outros acham que isso e problema s6 parahomossexual e muitos se preocupam, mas acreditam que a Cilmcia dara umaresposta a curto prazo. Os professores estao sendoatropelados pela necessidade deinformar seus alunos sobre essa doen~a que e noticia, diariamente, na televisao,jomal, radio, alem de outros meios de comunica~ao.

Alguns medicos sanitaristas, enfermeiros, assistentes sociais, psic610gos, pro-fessores e outros profissionais que estao lidando com 0 problema tem constatadoque, de modo geral, as pessoas estao pouco informadas a respeito do assunto outem informa~6es distorcidas e ate mesmo erradas.

Este artigo apresenta as informa~6es essenciais sobre a Aids. 0 artigo "Imuno-logia ", a pagina 21 desta revista, da ao leitor a oportunidade de ampliar e aprofundaro conhecimento sobre 0 assunto.

Existem varias formas de tratar a questao daAids em sala de aula, tanto no 1° quanta no 2° grau,mas 0 que precisa ser garantido e que as crian~as eadolescentes possam expressar suas duvidas e cu-riosidades sem constrangimento. As respostas pre-cisam ser claras e atender exatamente ao que osalunos desejam saber, cuidando-se para que a in-forma~ao seja correta (do ponto de vista cientffico)e livre de preconceitos.

Sugerimos, como abordagem inicial, valida pa-ra qualquer nfvel, uma conversa sobre a importan-cia de se conhecer essa doen~a e suas formas detransmissao. No 2° grau e em clases de adultos,cabe colocar esse conhecimento e sua difusaocomo responsabilidade social de cad a cidadao enao apenas como uma questao de curiosidade ouconveni€mcia pessoal.

Dado 0 constrangimento que 0 tema Aids ge-

ralmente suscita, pode-se sugerir aos alunos quefa«am perguntas por escrito sobre tudo 0 que gos-tariam de saber a respeito dessa doen«a. Nao hanecessidade de se identificarem. Dessa forma, ga-rante-se a participa«aQ de maior numero de alunos,principalmente dos mais inibidos.

Uma vez apresentadas as duvidas e curiosida-des, as aulas seguintes podem ser programadas,respondendo-se pergunta por pergunta ou organi-zando-se a aula de forma a trabalhar os conceitosnecessarios a resolu«ao das duvidas apresentadase a compreensao geral da doen«a.

No final deste artigo, reproduzimos (com auto-riza«ao) parte do Caderno Especial Sobre Aidspublicado pelo jornal FOLHA DE S. PAULO de 22de fevereiro de 1987. Sao trinta e seis perguntas,com as respectivas respostas. As perguntas saoresultantes de uma pesquisa popular realizada pela"Folha de S. Paulo", junto a um pUblico de adoles-centes e adultos. Alem de oferecerem um panora-ma sobre 0 assunto, essas perguntas e respostaspodem ser utilizadas no 2° grau e nas ultimas seriesdo 1° grau, constituindo mais um recurso paratrabalhar e esclarecer as duvidas dos alunos. Que-remos agradecer a FOLHA a permissao para repro-du«ao da materia.

Neste momento em que a Aids atinge um nu-mero crescente de pessoas, e urgente e fundamen-tal dar aos jovens instrumentos para que possamraciocinar e julgar afirma«oes que Ihes chegamat raves dos meios de comunica«ao, dos amigos, decuriosos e de pessoas mal informadas. Assim, am-pliando 0 conhecimento sobre 0 assunto, pode-seajudar a diminuir os riscos de contamina«ao. 0medo e tambem 0 preconceito para com as pes-soas que ja contrairam 0 virus.

Se a escola tem um bom contato com a comu-nidade. at raves dos pais dos alunos, esse trabalhopode ser a ela estendido.

Do ponto de vista clinico, um individuo apre-senta a sindrome da Aids (Sindrome da Imunodefi-ciemcia Adquirida) quando: tem anticorpos para 0virus da doen«a. apresenta aumento de volume deganglios Iinfaticos (inguas), diarreia cr6nica e per-da acentuada de peso, entre outras altera«oes.

No entanto, um individuo pode ser portador dovirus da Aids sem apresentar nenhum dos sintomasda doen«a. Isto acontece porque 0 virus pode ficarnum individuo por um periodo de tempo de aproxi-madamente 4 anos sem se manifestar.

Esses individuos sao os grandes disseminado-res da doen«a pois, geralmente, nao sabem quesao portadores do virus e nao sao identificadospelos demais como portadores.

A origem da doen«a, medidas especificas decontrole, formas eficientes de tratamento e curaainda sao desconhecidas, mas 0 agente etiol6gico,o virus, que afeta as celulas do sistema imunol6gi-co, ja esta identificado.

Contaminac;io e transmissioA contamina«ao pelo virus da Aids pode ocor-

rer de duas formas: pela entrada do virus direta-mente na corrente sanguinea ou pela passagem dovirus at raves das mucosas do anus, da boca. davagina e do penis.

A transmissao do virus se da, mais comumen-te, nas transfusoes de sangue e durante as rela«oessexuais, sendo mais frequente entre homossexuaismasculinos.

A dissemina«ao da Aids tem sido maior entreindividuos de quatro grupos principais, considera-dos grupos de risco: homossexuais e bissexuaismasculinos, hemofilicos, usuarios de drogas endo-venosas e individuos que recebem transfusoes desangue em consequencia de acidentes ou de pro-cessos cirurgicos, assim como individuos queapresentam certos tipos de anemia etc. (politrans-fundidos).

as homossexuals mascullnos sao os mais ex-postos a doen«a, pois as rela«oes sexuais por viaanal frequentemente provocam microrrupturas esangramento na mucosa retal, facilitando a entradado virus na circula«ao sanguinea. Como 0 virusesta presente no semen das pessoas contamina-das, a exposi«ao constante da mucosa retal aosemen contaminado favorece a entrada do virus nacorrente sanguinea. A frequente troca de parcei-ros, que geralmente ocorre entre alguns homosse-xuais masculinos, contribui para aumentar a pro-babilidade de contrairem 0 virus.

as bissexuals, alem de estarem expostos acontamina«ao nas suas rela«oes homossexuais. secontrairem 0 virus, podem transmiti-Io nas suasrela«oes heterossexuais, pela via vaginal ou anal.

as homossexuais e bissexuais masculinos re-presentam quase 70% de todos os casos identifica-dos de Aids.

as hemoffllcos apresentam a incapacidade he-reditaria de produzir certos componentes sangui-neos responsaveis pela coagula9ao do sangue. As-sim, estao sujeitos a hemorragias frequentes cau-sadas por ferimentos ou rupturas espontaneas devasos sanguineos e necessitam receber regular-mente fatores de coagula«ao, na forma de concen-trados preparados com sangue doado. Portanto. acada transfusao que recebem, estao expostos aorisco de contrairem 0 virus da Aids.

as vlclados em drogas endovenosas (injeta-veis na veia, como a heroina e a cocaina) formamum grupo de risco pois, entre estes individuos, efrequente 0 uso de uma unica seringa para injetar adroga entre os amigos. Se algum dos usuariosestiver contaminado com 0 virus da Aids, este pas-sara aos outros atraves da seringa, onde semprefica um pouco de sangue.

Quadro 1Distribuic;:ao percentual dos pacientes com Aids segundo grupos de risco

Grupo de risco (1) EUA (2) Brasil (3) Europa (4)

Homossexual ou bissexual masculino 73,0% 83,0% 67,0%

Usuarios de drogas injetaveis 17,0% 2,0% 10,0%

Hemofflico 1,0% 5,40% 4,0%

Politransfundido 2,0% 2,3% 2,0%

Outros ou ignorado 7,0% 7,3% 17,0%

Numeros de casos 21.726 701 (5) 2.473

(1) Disposic;ao hierarquica; (3) Ate agosto de 1986;(2) Ate junho de 1986; (4) Ate marc;o de 1986;

(5) Excluindo-se os casos ainda nao classificados.

Fontes: Centros para Controle de aoem;as dos EVA, Ministerio da Saude do Brasil e Organizat;ao Mundial de Saude.Reproduzido deCiencia Hoje. Vol. Sin' 27, novldez de 1986.

Culdados para evltar a

contamlna~io e transmlssio

Como a entrada do virus da Aids no corpohumane pode ocorrer atraves da passagem pelasmucosas (do anus, vagina, penis ou boca) ou dire-tamente pelo sangue, os cuidados que uma pessoaprecisa ter para nao se contaminar devem estarrelacionados fundamental mente com essas vias deentrada do virus.

1. Cuidados para evitar a contaminac;ao quando avia de entrada sao as mucosas:

• Evitar relac;:6es sexuais com desconhecidos (as),diminuir 0 numero de parceiros(as), reduzindo,dessa forma, a probalidade de contaminac;:ao.• Usar camisinha (camisa-de-venus), um preserva-tivo cujas paredes de borracha nao sac atravessa-das pelo virus. Esse preservativo e colocado nopenis ereto, antes do ate sexual.

2. Culdados para evltar a contamlnac;ao quando avia de entrada e 0 sangue

Neste caso, quase todas as medidas sac deambito governamental, mas a sociedade deve semobilizar para exigi-Ias.• Excluir doadores de sangue que pertenCfam aosgrupos de risco.• Exigir sangue em que tenha sido realizado 0 testede verificac;:ao da presenCfa de anticorpos para 0virus da Aids, nos casas de transfus6es de sangue.

No Brasil esta em vigor um decreto-Iei queobriga os bancos de sangue a efetuarem, em todoo sangue que recebem e manipulam, 0 teste deverificac;:ao da existencia de anticorpos para 0 virusda Aids. Entretanto, a fiscalizaCfao rigorosa e 0

controle de todos os bancos de sangue ainda naoocorre em todo 0 pais. Este controle precisa serurgentemente adotado pelos governos federal eestaduais, a fim de oferecer seguranCfa as pessoasque necessitem de transfus6es sangi.ilneas.

Os virus sac microorganismos incapazes derealizar, por si mesmos, func;:6es basicas, entre elasa reproduCfao. Sao por isso conhecidos como para-sitas obrigat6rios, pois dependem de um hospedei-ro para executar essas func;:6es. Uma vez instaladosnas celulas desse hospedeiro, animal ou vegetal,apropriam-se dos mecanismos de slntese proteicadessas celulas e se reproduzem. Cada tipo de virustem afinidade, ou tropismo, por determinado tipode celula, que funciona como hospedeira.

Caracteristlcas e reprodu~iodo virus da Aids

o virus responsavel pela Aids (HIV - Virus daImunodeficiencia Humana) mede cerca de um deci-mo-milesimo de milfmetro. Como todos os seresvivos, esse virus possui 0 acido ribonucleico (RNA),material genetico fundamental. Alem disso, possuiuma enzima chamada transcriptase e e recobertopor uma capa de glicoprotelnas, que se abre quan-do 0 virus en costa na celula hospedeira. Nestemomento, 0 virus injeta na celula hospedeira tantoo seu material genetico - 0 RNA - quanta atranscriptase.

Na celula hospedeira, 0 RNA se transforma emDNA (acido desoxiribonucleico) at raves da aCfaodaenzima transcriptase. 0 DNA do virus se duplica ese integra ao DNA da celula hospedeira. Como 0

•• os ®~e PENETRAeAO

Je DESCAPEAMENTO

\--..-..-J RNA

\ACAOTASE

CROMOSSOMA CELULARDO UN FOCI TO

DNA contem 0 codigo da vida, a vida da celulahospedeira e a vida do virus se fundem. Dessemodo, quando a celula hospedeira se reproduz, 0virus tambem se reproduz. Neste processo, a celulahospedeira pode ser destrulda ou nao.

o virus da Aids apresenta afinidade pelos glo-bulos brancos do tipo linfocito T4, parasitando-os.A inativa<;:ao ou destrui<;:ao dos linfocitos T4 provo-ca grandes prejulzos ao sistema imunologico. Istoporque sac os Iinfocitos T4 os responsaveis pelaidentifica<;:ao dos agentes invasores do corpo. Seesses linfocitos T4 estao inativados ou destruldos,eles, nao so nao identificam 0 invasor como tam-bem deixam de "avisar" outras celulas do sistemaimunologico, que auxiliam na defesa do organis-mo, como os linfocitos Ta e os da serie B.

Os linfocitos Ta sac responsaveis pela memo-ria imunologica e os da serie B pela produ<;:ao deanticorpos. Portanto, quando os linfocitos T4 estaoinativados pelo virus da Aids, e como se todo 0sistema de defesa estivesse tambem inativado.

Nesta situa<;:ao, 0 organismo perde rapidamen-te sua capacidade de reagir a agentes infecciosos,tornando-se susceptivel a todo tipo de infec<;:6esoportunistas. Ver quadro 2 (Infec<;:6es oportunistasfrequentes em pacientes com Aids).

Tratamento e vacinaA pesquisa tem dois caminhos basicos a se-

guir: encontrar uma vacina (para prevenir a popula-

<;:ao nao contaminada) e um medicamento (parafazer 0 tratameto dos doentes ja contaminados).

No que diz respeito a descoberta de um medi-camento, a pesquisa encontra uma dificuldade ba-sica, comum a todas as doen<;:as produzidas porvirus: os virus tem a propriedade de se confundircom as celulas hospedeiras parasitadas. Portanto,a grande dificuldade, ainda nao resolvida pela me-dicina atual, e encontrar medicamentos que ata-quem apenas os virus e nao as celulas hospedeiras.

Os medicamentos comumente utilizados paraas bacterias nao se aplicam aos Virus, porque impe-dir a mUltiplicac;ao do virus significa impedir amUltiplica<;:ao da celula hospedeira; atacar 0 virussignifica matar a celula hospedeira.

No caso do virus da Aids, ja foram desenvolvi-dos inibidores da enzima transcriptase, como c,AZT (azidotimidina), 0 suramin, 0 ribavin eo inter-feron alfa, mas todos provocam apenas efeitostransitorios, ou seja, diminuem por um certo tempoa reprodu<;:ao do Virus, mas nao tem efeito nasformas graves da doen<;:a, alem de produzirem efei-tos colaterais que obrigam a interrupc;ao do trata-mento.

Outras formas de tratamento, como 0 trans-plante de medula ossea e transfusao de linfocitos,estao sendo tentadas, mas seus beneffcios tem semostrado, ate agora, transitorios.

Nao existe, ate 0 momento, nenhum tratamen-to capaz de restabelecer por completo 0 sistema.

Quadro 2Infecc;:6es oportunistas frequentes em pacientes com Aids.

Agentes Manlfestac;oes clinlcas

Herpes simplex Les6es ulceradas (oral, genital, perianal)

Herpes zoster Neurite periferica (inflamac;:ao dos nervos)

. Citomegalovirus Infecc;:ao disseminada

. Virus Epstein-Barr Infecc;:ao disseminada

x Mycobacterium avium Linfoadenopatia disseminada (aden6ides)

x Mycobacterium tuberculosis Tuberculose, infecc;:ao disseminada

• Candida albicans Les6es orais, esofagite e infecc;:ao disseminada

• Cryptococcus neoformans Meningite

• Histoplasma capsulatum Pneumonia, infecc;:ao disseminada

• Aspergillus fumigatus Pneumonia, infecc;:ao disseminada

.• Pneumocystis Carinii Pneumonia difusa

.• Toxoplasma gondii Encefalopatia e coriorretinite

.• Cryptosporidiun enteritis Enterite

.• Issopora Belli Enterite

.• Giardia lamblia Enterite

.• Entamoeba histolytica Enterite

imunol6gico de um individuo com a sindrome daAids. .

Quanto a produc;:ao da vacina, necessaria paraprevenir a populac;:ao nao contaminada, as dificul-dades tambem se encontram no fate de 0 virusatacar 0 sistema imunol6gico. A func;:ao das vaci-nas (vide 0 artigo "'munologia") e justamente est i-mular esse sistema,

Vacinar um'a pessoa, de modo geral, significafazer seu organismo reconhecer um agente agres-sor atraves do sistema imunol6gico e produzir anti-corpos contra esse agressor, ou seja, depois que 0sistema imunol6gico identifica e assimila a infor-mac;:ao, ele tem condic;:6es de criar uma res postaimunol6gica na forma de anticorpos, que reconhe-cem e atacam 0 agressor quando ele entra noorganismo.

As vacinas, geralmente; sac produzidas com 0agente agressor atenuado, virus mortos ou peda-c;:osdeles (como suas "capas" de proteina). A difi-culdade para a produc;:ao de uma vacina contra a

Aids e justamente obter um virus atenuado e segu-ro, que estimule as celulas do sistema imunol6gi-co, sem no entanto, permitir que ele parasite essascelulas e venha a determinar 0 efeito contrario, ouseja, produzir a doenc;:a,

Outra dificuldade encontrada na produc;:aodesta vacina reside no fato de 0 virus da Aidspossuir muitas linhagens que se traduzem em dife-rentes proteinas virais, 0 que complica a busca deuma "identidade" para 0 virus, que sirva de basepara uma vacina. Existem hip6teses, nao compro-vadas, de que a "capa" proteica seja mutante, algoque atrapalharia ainda mais as pesquisas para ob-tenc;:ao de uma vacina,

Apesar destas dificuldades, existem prot6tiposde vacinas em fase de testes, algumas ja comestudos sobre experimentac;:ao em chimpanzes, 0animal biologicamente mais pr6ximo do homem.

De acordo com as previs6es mais otimistaspode-se esperar que a vacina contra a Aids estejadisponivel por volta de 1990.

TUDO SOBRE A AIDS

E urn processo de destruis:ao dascelulas que defendem 0 organismo con-tra infecs:oes. As celulas sao unidadesbasicas, microsc6picas,que compoem osseres vivos. A Aids e detonada por urnvirus, microorganismo que ataca celulascom as quais tern afinidade, para seaproveitar de seu cicio de vida. 0 virusda Aids e transmissivel pelo sangue ouesperma. Pode agir em homens e mulhe-res de qualquer idade. 0 nome do virus,adotado oficialmente, e HIV, iniciais de"Human Immunodeficiency Virus"(Virus da Imunodeficiencia Humana). Asigla "Aids" (pronuncia-se eids em in-gles) e composta pelas iniciais da ex-pressao "Acquired Immune DeficiencySyndrome" (Sindrome de Imunodefi-ciencia Adquirida). A as:ao do virus dei-

Nao. Aids e a destruis:ao de celulasencarregadas da defesa contra de term i-nadas infecs:oes. 0 cancer e a reprodu-s:ao desordenada de qualquer tipo decelula. A expressao "cancer gay" utili-zada para designar a Aids e totalmenteincorreta. 0 cancer e apenas uma dasdoens:as que se manifestam com fre-qiiencia (25% dos casos) em aideticos,sem distins:ao de sexo. A maior inciden-cia e do sarcoma de Kaposi, urn tipo decancer de pele que produz manchas ar-roxeadas. 0 paciente de Aids, em geral,nao e vitima de uma unica enfermidade.Por estar com 0 sistema imunol6gicoextremamente debilitado, ele e alvo fa-cil das chamadas infecs:oes oportunis-tas. Este tipo de infecs:ao e provocadopor agentes (bacterias, fungos, virus,

Nao ha casos registrados de trans-missao do virus por contato da bocacom os 6rgaos genitais, de uma pessoainfectada. Os especialistas, no entanto,acreditam que a transmissao e possivel,ja que 0 virus est<i presente no espermae nas secres:oes vaginais. Ele pode in-troduzir-se no organismo atraves damucosa da boca e da garganta. 0 riscotorna-se maior se por acaso houver le-soes nessas areas. Se a pessoa na posi-s:ao passiva durante 0 sexo oral e umamulher menstruada 0 perigo teorica-mente aumenta porque, caso ela tenhaside infectada, os virus estarao presen-tes em seu sangue. (Detalhes sobre rela-cionamento sexual com mulher mens-truada na resposta a pergunta 17). Co-mo nao existem meios de evitar 0 conta-

xa 0 organismo incapaz de reagir contradoens:as. Por isso a Aids e consideradauma sindrome e nao uma doens:a. Aciencia ainda nao sabe como controlar 0virus. Nao ha cura para a Aids.

protozoarios) que se aproveitam d!l au-sencia de defesa do organismo. E co-mum, por exemplo, as pessoas comAids contrairem pneumonia grave, her-pes, meningite e encefalite.

to direto com a mucosa da boca nessamodalidade de pratica sexual, e reco-mendavel evit<i-la quando houver possi-bilidade de urn dos parceiros estar con-taminado. S6 ha segurans:a absoluta narelas:ao entre pessoas nao infectadas.

Os primeiros registros de casos fo-ram feitos em 1981, nos EVA, e refe-riam-se a casos acontecidos em 1979.Foi em 81 que 0 Centro de Controle deDoens:as dos EVA concluiu ser a Aidsuma doens:a nova. A identificas:ao per-mitiu detectar casos anteriores, tambemnos EVA, datados de 78. No Brasil, osprimeiros casos foram diagnosticadosem 82 e revelados em 83. Segundo al-guns especialistas, antes de ser conheci-da nos EVA a Aids ja existiria em re-gioes equatoriais da Africa, de formaendemica (constante e permanente).Analises de plasma sangiiineo estocadorevelaram a presens:a do virus em amos-tras de origem africana, da decada de50. A passagem do virus para os EVA eEuropa teria ocorrido atraves de imi-

grantes africanos, nas decadas de 60 e70. Em 1985 urn virus semelhante ao daAids foi identificado no macaco verde,que vive na Africa. A possibilidade de 0virus encontrado ter sofrido mutas:oes euma hip6tese de pesquisas.

4-Quais as formas de contagio comprovadasate agora pelos especialistas?

Transmissiocom casoscomprovados

Relac;;8.o sexual analTransfus8.o de sangueDerivados de sangueSeringasRelac;;8.o sexual vaginal

o contagio ocorre principal menteatraves do esperma, secres:oes e do san-gue. Na gravidez e no parto, a mulherpode passar 0 virus para 0 bebe. Cuida-

6-A rela~ao sexual anale mais perigosa do que a vaginal?

do com as transfusoes. No Brasil nao eobrigat6rio 0 usa do teste em bancos desangue para eliminar 0 sangue contami-nado.

Tudo indica que na relas:ao anal 0virus se introduz mais rapidamente noorganismo. Isso ocorre por dois moti-vos: I) durante a penetras:ao os tecidosdo reto sofrem mais laceras:oes (micro-fissuras invisiveis) do que os da vagina,facilitando a invasao da corrente sangui-nea pelo virus; 2) a mucosa do reto ternalto poder de absors:ao, ao contrario damucosa vaginal (0 que esclarece a exis-tencia de medicamentos sob a forma desuposit6rio). Supoe-se que na relas:aoanal 0 risco e maior para 0 parceiro"passivo", homem ou mulher. Mas 0 tido no corpo pela uretra. Especula-separceiro "ativo" nao esta livre de ser ainda que 0 esperma depositado no retocontaminado, ja que a penetra9ao tam- poderia facilitar a incidencia de infec-bem provoca pequenas laceras:oes invi- s:ao, porque sua absors:ao pela mucosasiveis no penis. Nao se descarta tam- enfraquece a resposta imunol6gica dobem a possibilidade de 0 virus ser admi- organismo.

7 - Por que 0 contagio ocorreatraves do esperma e do sangue?

Porque sao substancias habitual-mente transferidas entre pessoas. Noesperma e no sangue 0 virus da Aidsaloja-se dentro das celulas; e, portanto,ainda resistente e com condic;iies de so-brevida de no minimo duas horas. Co-mo 0 esperma e 0 sangue sao os liquidosde maior troca entre as pessoas, elestornam-se os principais meios de trans-missao. Como essa troca se da pelarelac;ao sexual e pela transfusao, consu-mo de derivados do sangue e agulhascontaminadas, a entrada dos dois liqui-dos no organismo de outra pessoa ocor-re de forma direta. Isso, porem, nao rac;6es invisiveis) dos tecidos dos or-exclui outras formas de contagio. Numa gaos sexuais provocadas pela relac;aorelac;ao sem esperma, por exemplo, ha sexual. A probabilidade de contagio se-risco de conuigio tanto pelas secrec;6es ria menor, mas a transmissao e sempreda pre-ejaculac;ao como pela troca de urn risco nas relac;6es com pessoas con-sangue atraves das microfissuras (lace- taminadas.

9 - Qual 0 risco para quemvai a dentistas, medicos, manicures e barbeiros?

Todos os instrumentos utilizadospor esses profissionais, quando estive-rem com sangue contaminado, podemoferecer risco para uma pessoa sa. 0mesmo vale para alicate de cuticula outesoura. Ate hoje, no entanto, so foramregistrados dois casos internacionais deenfermeiras que, apos acidente comagulhas contaminadas utilizadas emhospital, contrairam 0 virus. Fora isso,nao ha registro de nenhuma ocorrenciada transmissao atraves dos instrumen-tos de medicos, dentistas ou barbeiros.E recomendado, porem, que eles sejam nome de Candida, Q-Boa e outros); dei-esterilizados por uma das tres formas xar de molho no alcool a 25%; ou aque-que matam 0 virus: deixar de molho cer durante trinta minutos numa tempe-durante pelo menos trinta minutos em ratura de 56'. A tecnica da depilac;aohipoclorito de sodio diluido em cinco atraves do use de cera quente nao ofe-partes (agua sanitaria, vendida com 0 rece riscos.

11- Quais os riscos para quemdoa e recebe sangue? Que cuidados tomar?

Quem doa sangue nao corre riscode contaminac;ao, desde que sejam utili-zadas agulhas e bolsas de coleta esterili-zadas e totalmente individualizadas.Quem recebe sangue numa transfusaocorre risco de conuigio, pois no Brasilnao ha obrigatoriedade, nos bancos desangue, do teste que identifica 0 sanguecontaminado pelo virus da Aids. 0 quese recomenda, ao menos nos casos decirurgia, e a autotransfusao, ou seja,armazenamento do proprio sangue dapessoa que vai utiliza-Io quando neces-sitar. Se isso nao for possivel e preferi- que pode ser feito em qualquer grandevel recorrer ao sangue de urn familiar ou laboratorio. As bolsas de coleta de san-pessoa conhecida, 0 que nao elimina 0 gue, quando esterilizadas, nao of ere cernrisco, mas aumenta a margem de segu- esse tipo de contagio. Portanto, exigir aranc;a. 0 ideal e que 0 sangue a ser realizac;ao do teste e eliminar 0 risco derecebido passe previamente por teste, 0 contaminac;ao.

Em termos. Em si, as drogas naosao transmissoras do virus. Mas osmeios e as form as pelas quais elas saoingeridas podem ser perigosos. 0 use dedrogas endovenosas (injetadas na veia),por exemplo, e extremamente arrisca-do. Isso ocorre porque os consumidoresdessas drogas constumam partilhar umamesma seringa, usada com intervalos depoucos minutos por pessoas diferentes.Se houver entre eles a1guem contamina-do, a troca de sangue que acontece atra-yes da seringa transmite 0 virus. 0 usode seringas e agulhas descaruiveis e in-dividuais eliminaria 0 contagio. Nas ou-tras formas de consumo nao ha caso detransmissao registrado. Mas urn cigarrode maconha que passa de boca em bocapode, teoricamente, transmitir 0 virusatraves da saliva (onde ja foi encontra-

do). 0 mesmo para urn canudo usadopara aspirar cocaina, caso contenhasangue contaminado. Usar drogas "pe-sadas" (cocaina e heroina) diminui aresistencia do organismo contra infec-c;6es.

10- Qual 0 risco de uma pessoa ser contaminadapor agulhas de injec;oes, soro ou acupuntura?

A injec;ao muscular feita na farma-cia, se nao for aplicada com seringadescartavel ou esterilizada, oferece ris-co de contaminac;ao. Os cientista~ acre-ditam que em certas regi6es da Africa,onde medicamentos sao freqiientemen-te ministrados por injec;ao muscular, emcondic;6es precarias, as seringas tenham~ido urn fator importante na dissemina-c;ao do virus. Ha riscos semelhantes naaplicac;ao de vacinas injetaveis. Nao haregistro, porem, de nenhum caso decontaminac;ao por essa via. Tambemnao foram comprovados casos de con- conjuntos de agulhas de sua proprieda-taminac;ao por tatuagem e acupuntura, de. Em todos os casos, certifique-se deainda que 0 perigo exista sempre que as que as agulhas tenham sido previamenteagulhas nao tenham side esterilizadas. desinfetadas de acordo com as reco-Pessoas que recorrem a acupuntura co- mendac;6es. (Detalhes na resl)osta damec;am a utilizar neste tipo de terapia pergunta 9). .

12- Qual a chance de uma crianc;afllha de mse ou pal infectados nascer doente?

A mulher que estiver contaminadapassa 0 virus para 0 bebe. Ainda nao sesabe se 0 contagio ocorre atraves dacirculac;ao sanguinea que alimenta a pla-centa (membrana que envolve 0 feto) oudurante 0 parto, na passagem da crianc;apelo colo do utero e do canal da vagina.Nao ha registro na literatura medica ecientifica de uma crianca nascida de urnpai infectado e que a mae nao fosseportadora do virus. A medicina teriapossibilidade tecnica de testar se urnfeto em gestac;ao esta ou nao contami-nado pelo virus, mas se desconhece aexistencia pratica deste tipo de teste. 0virus da Aids ja foi encontrado no leitematerno, mas so ha suspeita de urn casoem que 0 leite poderia ter funcionadocomo 0 meio de transmissao. Portanto,

em tese, e possivel supor que amas deleite infectadas possam contaminarcrianc;as por elas amamentadas. Nao econhecido nenhum caso ocorrido dessaforma.

13 - Quais as posslvels formasde contaglo sobre as quais ha duvlda?

Como 0 virus esta presente no san-gue, todo contato com sangue dealguem contaminado apresenta algu mrisco, mesmo que seja remoto, de con-tagio. Por isso, e recomendada a esteri-liza~ao de qualquer instrumento que, deuma forma ou de outra, entre em conta-to com 0 sangue, desde urn bisturi are alamina de barbear. Nao ha registro, pa-rem, de contagio por essas vias. 0 mes-mo acontece com a saliva e a lligrima,onde tamrem ja foi encontrado 0 virus.Ate recentemente, os cientistas concor-davam que nesses casos 0 virus estaria fra~s de segundo. Recentemente, po-enfraquecido. A diferen~ e que no san- rem, 0 cientista norte-americano Rober-gue e no espenna 0 virus aloja-se numa to Gallo publicou urn artigo em que dizcelula, enquanto que na lligrima e na que 0 virus fora de celula, em determi-saliva ele esta livre. Acredita-se que nadas condi~Oes, pode sobreviver du-isso reduziria a sobrevivencia do virus a rante horas.

15 - Animals domestlcos podem ser transmlssores?As plcadas de Inseto sio perlgosas?

Nao ha registro de contagio atravesde animais domesticos e tampouco porpicada de i~setos. Diversos estudos rea-lizados na Africa e nos Estados Unidosnao encontraram evidencias de que 0virus da Aids tenha sido transmitido pormosquitos ou outros insetos. Algumaspesquisas de laborat6rio fazem suporque 0 virus po de sobreviver em insetos,mas estudos sobre sua capacidade detransmissao nao revelam qualquer con-tagio por picada. Isso levaria Ii suposi-~ao de que nao haveria risco no caso deum mosquito ou uma pulga picar urndoente e a seguir uma pessoa sa. Asdoen~as disseminadas por insetos cos-tumam ter seus transmissores especifi-cos, ou seja, determinadas doen~as saotransmitidas por determinados insetos.

A dengue, por exemplo, e transmitidaapenas pelo "Aedes aegypti" e 0 "Ae-des albopictus", da me sma forma queapenas 0 barbeiro transmite a doen~a deChagas.

17. Fazer sexo com mulher contaminada, durantesua menstrua(j:io, aumenta a posslbilidade de risco?

Teoricamente sim. Nao ha traba-lhos cientificos sobre 0 assunto. Algunsespecialistas acreditam que 0 risco emaior no caso de a mulher infectadaestar menstruada. Outros ponderamque a possibilidade de transmissao dovirus existe igualmente nos casos dehaver ou nao menstrua~ao. Isto porqueo virus esta em todas as secre~oes, in-clusive as vaginais. Para que a mulherinfecte seu parceiro sexual, teoricamen-te basta que 0 virus penetre na correntesanguinea atraves de lesoes - ate mes-mo as microsc6picas e impeceptiveis - SaG pequenas. De qualquer forma, eno penis. As lesoes podem acontecer recomendavel evitar contato direto dodurante a propria rela~ao sexual. Em corpo com sangue suspeito de infec~ao,tese 0 sangue menstrual infectado pode- seja qual for a forma sob a qual eleria transmitir 0 virus numa simples ma- se apresente (na menstrua~ao, em urina,nipula~ao de um obsorvente feminino saliva ou espirro, por exemplo). Nao seusado. Para que isto aconte~a e neces- deve esquecer que 0 tempo de sobrevi-sario 0 contato do sangue com 0 feri- vencia do virus da Aids em celulas san-mento da pessoa que 0 toque. As chan- guineas e maior do que se imaginava,ces de ocorrer esse tipo de transmissao podendo alcan~ar ate 48 horas.

Os especialistas recomendam ex-pressamente que nao se beije a boca deuma pessoa contaminada. Quanto maisprolongado este tipo de beijo, maior 0risco. Embora 0 virus tenha sido encon-trado na saliva de pessoas infectadas,nao ha registro de contagio por beijo. 0beijo social, apenas no rosto, nao apre-senta risco. A respira~iio boca-a-bocacom urn doente tamrem nao e recomen-dada. 0 melhor, no caso, e usar umrespirador mecanico, para evitar conta-to com a saliva e outras secre~oes. Noscasos de espirro, tosse e catarro, e lambida no ferimento de uma pessoaaconselhavel, quando houver muita contaminada tambem deve ser evitada.proximidade com uma pessoa doente, 0 Os ferimentos servem tanto para a saidausa de mascaras, pois em qualquer uma do virus da pessoa contaminada comodessas situa~es hli possibilidade de para sua entrada no organismo de umacontato com 0 virus. Uma descuidada pessoa sa.

16. Piscinas, saunas ebanheiras podem ser melos de transmlssio?

Nao em condi~oes normais de hi-giene. Nao hli casos registrados de pes-soas infectadas por estes meios. 0 usade cloro e seus derivados na desinfec-~ao da agua de piscinas elimina qual-quer possibilidade de contagio. Em pis-cinas de agua, nao tratada, os riscossao, em tese, maiores. 0 virus podeviver ate 48 horas em celulas sangui-neas, fora do organismo. Teoricamente,numa piscina sem cloro frequentada porum aidetico havera possibilidade de 0virus passar para a agua atraves de feri-mento OU secre~oes. Da mesma forma,a agua de uma banheira usada por umapessoa infectada poderia conter 0 virus.As chances dependem de uma poucoprovavel combina~ao de contato comeventuais residuos de fezes, urina ousangue de pessoa contaminada, existen-tes na agua com um ferimento na peleou com a mucosa da pessoa sadia. Re-comenda-se de qualquer modo, a limpe-

za da banheira, que possa ter sido ocu-pada por uma pessoa contaminada, como usa de ligua sanitaria. Saunas naooferecem riscos de contagio, ja que naohli transmissao do virus pelo ar. Hasaunas dedicadas a encontros sexuais.Neste caso os riscos correm por contadas rela~oes. Tratando-se de ambientepromiscuo SaG maiores as chances deencontro com portadoras do virus.

18- Prlvadas, copos, tal heres,len(j:6ls podem ser melos de transmlssio?

Nao em condi~oes normais de hi-giene. Nao ha casos conhecidos detransmissao por estes meios, nem emrela~ao ao usa de guardanapos, batomou roupas de pessoas contaminadas,desde que nao haja contato de secre-~oes infectadas com ferimentos ou mu-cosas (boca, no caso do guardanapo).Tambem nao ha risco na utiliza~ao dosservi~os de lavanderia que tenha pro-cessado roupas de pessoas com Aids.-Em rela~ao ao suor de pessoas contami-nadas, as chances de transmissao exis-tern teoricamente. Mas sao reduzidas. E Aids. As doen~as transmitidas destamuito pequena a quantidade de virus maneira ou atraves de espirro ou goticu-eliminada pelo suor. Para que aconte- las de saliva no ar SaGaltamente conta-cesse a infec~ao seria preciso que 0 giosas e nao se disseminam como avirus no suor entrasse na via sanguinea Aids, que tern uma cadeia epidemiol6gi-pelas forma conhecidas (ferimento, mu- ca definida. De acordo com 0 infectolo-cosa etc.). 0 contato pessoal, como fa- gista Jacyr Pasternak (Hospital do Ser-lar, apertar a mao, sentar perto de pes- vidor PUblico Estadual de Sao Paulo),soa contaminada jamais foi comprova- quase todos os doentes tern uma ideiado como origem de qualquer caso de precisa de como adquiriram a doen~a.

19-E necessario tomar precau.;oespara convlver coma mlgos ou famillaresdoentes?

Sim. Sao necessarias precau\toeselementares de higiene aplicadas nocontato de qualquer paciente com doen-Ita infecto-contagiosa. Entretanto, emrela\tao 11Aids, os cuidados preventivossao necessarios tambem para proteger 0doente. Por apresentar 0 sistema imu-nologico deprimido, isto e, com as defe-sas do organismo contra infec\toes en-fraquecidas, ele esta muito mais susceti-vel a contrair as chamadas doen\tasoportunistas (pneumonia, moniHase etc)que nao representariam tanto risco parapessoas saudaveis.

A prote\tao de amigos e familiaresde doentes nao inclui sentar na camadele, conversar, segurar a mao, abra\tare beijar 0 rosto. as cuidados que devemser respeitados sao 0 de nao entrar em

contato com secre\toes do doente: es-perma, sangue, urina, fezes. Quanto 11saliva e lagrimas, apesar de nao havercaso relatado sobre esta via de trans mis-sao, os mesmos cuidados sao recomen-dados.

21-Ha risco no caso de alguem contamlnado cortar-se aopreparar allmento que sera Ingerldo por outras pessoas?

Sim. Trabalhos cientificos mos-tram que 0 virus da Aids pode sobrevi-ver no sangue fora do organismo huma-no ate 48 horas - nesta situaltflo ele ficaalojado em celulas sanguineas. au seja,haveria possibilidade de contligio se 0alimento contaminado com 0 sangue deurn portador do virus fosse consumidodentro desse periodo por outra pessoa.Assim, todo alimento em que ocorrerrespingos de sangue humano deve serdesprezado. Entretanto, nao ha casosna literatura medica de contagio pelovirus da Aids atraves de alimentos e amaioria dos doentes tern historicos cla-ros sobre a forma de como pegaram a cozido ou frito. Nao se deve esquecerAids, onde nao ha qualquer men\tao a que 0 calor de 56 graus (a fervura alcan-este tipo de contato. A possibilidade cai Ita 100 graus) durante trinta minutos eli-a zero se 0 alimento contaminado for mina os virus.

Com os atuais recursos da Medici-na, a expectativa maxima e de quatroanos, em alguns casos raros. Mais fre-qiientes sao periodos de oito a dozemeses de sobrevida. Nao pode ser des-cartada, porem, a possibilidade de des-coberta de novos medicamentos - tan-to para atuar no sistema imunologicocomo para combater, de modo mais efi-caz, as doen\tas oportunistas, presentesna sindrome -, alem de medicamentosque possam agir contra 0 proprio virusda Aids. Pesquisadores dos grande scentros, especialmente dos EVA eFran\ta, trabalham neste sentido.

Apesar do diagnostico precoce naoter a fun\tao de reverter quadros defini-dos de Aids, ele permitira melhor sus-tenta\tao do organismo doente para su-

portar as infec\toes, ter maior tempo devida e maior chance de vir a se benefi-ciar dos avan\tos das pesquisas. Isto naosignifica, entretanto, que se deva fazer,com freqiiencia e sem motivo, testespara detectar anticorpos da Aids nosangue.

20- Onlbus, metr6, ambiente de trabalhopodem ser formas de contaglo?

Nao. Sao descartadas todas as pos-sibilidades de contligio atraves da sim-ples convivencia social, sem contatoscom secreltOes e ferimentos, com porta-dores do virus da Aids ou pessoas per-tencentes a grupo de risco, como oshomossexuais, bissexuais, hemofilicosou pessoas transfundidas (submetidas atransfusao de sangue). Nos EstadosV nidos, algumas escolas chegaram aproibir que crian\tas hemofilicas (depen-dentes de transfusoes de urn derivadode sangue que, sem cuidados laborato-riais preventivos, pode transmitir adoen\ta) freqiientassem as aulas. A me-dida nao tern nenhum fundamento.Apertar a mao, conversar, ir a lugaresonde existam aideticos nao transmitemAids. Cientistas apontam como unicas

vias de transmissao as rela\toes sexuaiscom pessoa contaminada sem uso depreservativo (camisinha); seringas, ins-trumental medico, sangue e derivadosde sangue contaminados, contligiosintra-uterinos.

22 - Que sintomas devemlevar uma pessoa a procurar um medico?

Existem quatro formas (grupos) demanifesta\tao da Aids. I) infec\tao agudapelo virus, diagnosticada em pessoascontaminadas: cerca de tres semanasapos 0 contagio surgem febre, "caro-\tos" (ganglios) na axila, pesc0\t0 e viri-Iha, manchas avermelhadas na pele, do-res musculares e ha urn aumento doba\to e figado. as sintomas sugeremtambem outras infec\toes - especial-mente monoilucleose - mas 0 quadro ebenigno, regride espontaneamente e tes-tes posteriores de sangue revelarao a febre persistente acompanhada de ema-presen\ta de anticorpos do virus; 2) pes- grecimento (perda de dez por cento dosoas com testes positivos mas sem sin- peso no periodo de tres meses), alem detomas; 3) integrantes dos grupos de 'ris- fraqueza, diarreia prolongada e infec-co com teste positivo e aumento de \toes repetidas, aparecimento de nodu·giinglios em pelo menos duas regioes do los arroxeados. Sempre 0 diagnosticocorpo, alem das inguas de virilha; 4) deve ser de urn medico.

24 - Alem do medico de conflan.;a, queoutros servl.;os podem ser procurados para consultas?

Sio Paulo Rio de Janeiro

Hospital Emilio Ribas 1, Av. Dr. Arnaldo, H.:>spital Universitario Gaffree e Guirile;165. Tel: (011) 881-2433 Rua Mariz e Barros, 775. Tel: (021) 228-9221Hospital Emilio Ribas 2, Rua Antonio Carlos, Hospital Universitario Pedro Ernesto (UERJ),122. Tel: (011) 289-7311 Av. 28 de Setembro, 87, Tel: (021) 264-6222Hospital Estadual do Se,vidor PUbiico, Rua Hospital da Universidade Federal do Rio dePedro de Toledo, 1.800. Tel: (011) 814-0075 Janeiro, IIha do Fundao. Tel: (021) 283-5522Hospital Sao Paulo, Rua Napoleao de Barros,

Hospital Universitario Antonio Pedro (UFF),715. Tel: (011) 549-0344 R. 215 ou 234.Hospital Heli6polis, Rua Conego Xavier, Rua Marques do Parana, 303, Nlter6i. Tel'

276. Tel: (011) 274-7600 (021) 719-2828

Hospital das Clinicas, Av. Dr, Eneas de Hospital dos Servidores do Estado, RuaCarvelho Aguiar, 211. Tel: (011) 282-2811 R. Sacadura Cabral, 178. Tel: (021) 291-3131413 PAM 13 de Maio; Rua Evaristo da Veiga, 16.Ambulat6rio da Secretaria de Saude, Av. Tel: (021) 262-5522Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 188. Tel: HospItal Evandro Chagas Flocruz(011) 280-3822 Av. Brasil - Manguinhos

25 - Que testes existem, e onde podem

ser feito s no Brasil?

~

Testes

Elisa

1! Beta 2Western Blot

Existem cinco tipos de testes quepodem detectar 0 anticorpo do virus daAids: Elisa (Enzima Imunoensaio), Su-per Elisa (mais especffico que 0 primei-ro), Imunofluorescencia, Radio Imuno-precipita~ao (Ripa) e Western Blot. NoBrasil sao utilizados 0 Elisa, para tria-gem, e a Imunofluorescencia e 0 Wes-tern Blot como testes confirmatorios.

Ha tambem 0 uso do Beta 2, que naotern especificidade para 0 virus da Aids.o Elisa precisa ser feito duas vezes coma mesma amostra de sangue (tern 30%de chance de errol Ha ainda 0 teste -nao aprovado pela comunidade cientifi-ca internacional - chamado de Hema-glutina~flO.

27 - E possivel que os testes apresentem resultados

dlvergentes? 0 que fazer neste caso?

o resultado positivo no teste maisutilizado no mundo inteiro, 0 Elisa, dealta sensibilidade, pode nao ser confir-mado por urn teste menos sensivel, mascom maior especificidade, como 0 deImunofluorescencia. A confirma~o dapositividade deve envolver 0 maior nu-mero possivel de ensaios sorologicosdiferentes. Os testes podem resultar emfalsos positivos e falsos negativos. Osaltamente especfficos nao apresentamfalsJ positivo, mas geralmente perdemem sensibilidade e podem indicar urnpositivo como sendo negativo. Portan- confirmatorio, deve ser feito depois deto, so interessam para a triagem em duas rea~iies positivas em outros testes.bancos de sangue os testes a1tamente Todo resultado que confirme a presen~asensiveis, que raramente dao falso ne- de anticorpo da Aids determina a exclu-gativo, como e 0 caso do Elisa. 0 Wes- siio desses doadores de sangue ou deri-tern Blot, por ser 0 mais eficiente teste vados para fins terapeuticos.

Apesar de algumas reportagens erelatos cientificos registrarem casos emque 0 paciente levou ate quatro anospara que a Aids come~asse a manifestaros seus sintomas, esse prazo nao deveser tornado como definitivo. Especialis-tas brasileiros que estudam a doen~anao duvidam de que pacientes do cha-mado grupo de risco detectados em1981, epoca em que os primeiros casosconcretos da doen~a foram notificados,estejam, ainda, sem qualquer sintomade uma degenera~iio orgiinica causadapela a~iio do virus. Os mesmos medicos quer maneira, os medicos siio extrema-so opinam de maneira diferente quando mente cautelosos com 0 tempo em queo caso analisado e de contamina~iio por uma pessoa pode portar 0 virus semtransfusao de sangue. Nesta situa~ao, sofrer qualquer conseqiiencia disso. Osos especialistas definem 0 periodo de especialistas preferem dizer que 0 prazoincuba~ao como "de meses". De qual- de incuba~ao pode ser "de anos".

26 - Se 0 teste der posltlvo isto slgniflca que a pessoa es·ts

condenada? Qual a chance de ela ficar efetivamente doen!e

A presen~a no sangue do anticorpopara 0 virus da Aids indica que a pessoaesteve em contato com 0 virus HIV.Esta constata~o por si so niio significaque a doen~a devera necessariamente semanifestar. Alguns especialistas inter-nacionais asseguram que 0 risco de ma-nifesta~iio da Aids e da ordem de 30%,enquanto outros estimam que e de 100%(a longo prazo). 0 periodo entre a infec-~iio pelo virus e 0 aparecimento dosprimeiros sintomas e em media de seismeses a dois anos, podendo chegar aseis anos ou mais. Sao prazos bastantediferentes. Os numeros nao siio preci- Aids, e resultado de urn diagnostico me-sos e revelam divergencias proprias da dico, realizado atraves de urn quadrofase inicial de estudo de uma doen~a clinico que manifesta uma serie de in-que ainda e pouco conhecida. A identi- fec~iies chamadas oportunisticas (oufica~ao com seguran~a absoluta, da oportunistas) ou tipos de ciinceres.

+ + •• + •• +

28- Quais as chances de umportador do virus jamais apresentar os sintomas?

Especialistas brasileiros em imuno-logia, que acompanham as pesquisasatualmente desenvolvidas sobre a Aidsnos Estados Unidos, estimam que aschances de urn portador do virus jamaisapresentar os sintomas situam-se, hoje,na faixa dos 40% a 60%. 0 portador dovirus que niio tern sintoma deve manterurn acompanhamento mais freqiiente deseu estado de saude, atraves de consul-tas medicas. Nesses casos, mesmo osespecialistas em imunologia acreditamque urn born medico, formado em clfni-ca geral, pode cuidar do paciente dochamado grupo de risco. Entre os estu- e a de que 0 ambiente e 0 apoio dadiosos do sistema imunologico do orga- familia sao fundamentais para que se-nismo, que lidam, atualmente, com pes- jam evitados os estados depressivos esoas que tenham tendencia para contrair indutores de urn quadro clinico que, asa Aids, uma das convic~iies mais fortes vezes, pode niio ser real.

30- Pessoas com organismoenfraquecido t6m maior chance de contralr a doenr;a?

Niio existem respostas precisas.Assim tambem niio se sabe exatamentese pessoas dependentes de drogas ouque tern urn historico de varias infec-~iies (hepatite e doen~as sexualmentetransmissiveis) siio mais suscetiveis aocontagio. Alguns especialistas conside-ram que essas situa~iies facilitariam 0

desenvolvimento da doen~a. A hipotesemais provavel e de que a suscetibilidadese ja decorrente de uma maneira de vi-ver promiscua (relacionamentos sexuais trair a doen~a. Defensores da medicinacom varios parceiros em curto espa~o integral acreditam que a a1imenta~iio te-de tempo) do que com 0 estado em que nha urn valor preventivo. Recomen-se encontra 0 organismo. A promiscui- dam, entre outros alimentos, 0 arrozdade leva a uma possibilidade maior de integral, alho, cebola, propolis (deriva-contato com portadores do virus da do de mel), beterraba, inhame e algasAids, aumentando as chances de con- marinhas. Niio ha contra-indica~iio.

31 - Quais as formas mals recomendadaspara ·evltar 0 contagia durante 0 ato sexual?

Ate 0 momento, a (mica forma di-vulgada pelos medicos como meio de seevitar 0 contagio durante 0 ato sexual eo uso de preservativos (camisinhas),porque suas finas paredes de borrachaniio permitem a passagem do virus daAids. Entretanto, se estiver mal coloca-do, 0 preservativo pode deixar escaparesperma ou mesmo se romper. Para evi-tar 0 rompimento, e preciso coloca-Iocorretamente, apertando a ponta comos dedos, para que 0 ar niio fique retido,e desenrolando-o sobre 0 penis. Os me- de comprimento por 5 cm de largura,dicos aconselham instalar 0 preservati- podendo ser adquiridos em versOes javo apenas quando 0 penis estiver ereto. lubrificadas com silicone. A lubrifica-Fabricados em latex (seiva da seringuei- ~iio interna da camisinha ou do penisra, concentrada e estabilizada), os pre- com cremes tambem dirninui 0 risco deservativos tern aproximadamente 17cm rompimento do preservativo.

33 - Quais do as marcas de preservatlvos (camlslnhas) 8venda e onde podem ser encontradas?

Marca Tipo/embalagem

Jontex Niio-Iubrificado, 6 unidadesJontex Niio-lubrificado, 12 unidadesJontex Lubrificado, 3 unidadesJontex Lubrificado, 6 unidadesOlla Lubrificado, 6 unidades

Embora existam seis marcas depreservativos a venda, apenas duas po- zoito anos. Os preservativos niio podemdem ser mais facilmente encontradas ser usados mais de uma vez. Durante 0nas gondolas de supermercados e far- ato sexual, 0 homem utiliza normalmen-macias. As seis marcas existentes siio te apenas urnpreservativo. Para evitar aJontex, Olla, Microtex, Lovetex, Coli- chance de rompimento ha quem prefirabri e Braztoquio. Qualquer uma delas se assegurar usando dois ao mesmopode se~ adquirida por menores de de- tempo.

35. Quais os remedlos que ajudamo doente a prolongar 0 tempo de vida?

32 - Exlstem outros metodos antlconcepclonals que podemde alguma forma aJudara conter 0 risco ou agrav8-lo?

Embora niio possam ser considera-das tiio seguras quanta os preservati-vos, as geleias esperrnicidas vem sendoanunciadas como uma forma capaz deajudar a evitar 0 contagio durante 0 atosexual. Entretanto, as experiencias nasquais 0 esperrnicida matou virus daAids foram realizadas "in vitro" e niioem organismos vivos. A pratica de hi-giene p6s-ato sexual, realizada comagua e sabiio, e aconselhada para elirni-nar 0 esperma do organismo, mas niioafasta 0 risco do contagio, que pode terocorrido durante a rela~iio. 0 risco de tligio pelo esperma em contato com 0contagio tambem aumenta em mulheres sangue. 0 sangramento tambem podeque usam dispositivo intra-uterino contagiar 0 homem, atraves das micro-(DIU), que pode causar irrita~iio no co- fissuras do penis, embora esses casos10 do utero e sangramentos. 0 organis- sejam considerados mais raros pela me-mo da mulher fica mais exposto ao con- dicina, ate 0 momento.

34. Exlste alguma vaclna contra a Aids? Qual 0 prazo dadopelos especlallstas para que ela chegue ao mercado?

Ainda niio existe uma vacina con-tra a Aids, mas ha muitos cientistastrabalhando em pesquisas destinadas acria-Ia, notadamente na Fran~a e nosEstados Unidos. Os especialistas niio sedispOem a definir publicamente uma da-ta precisa sobre quando ela estara dis-ponivel para ser aplicada em massa. Asprevisoes variam muito. Urn relat6riodo Instituto de Medicina de Washington(EUA) afirma que sera necessario urnperiodo minimo de cinco anos apenaspara testar uma vacina. Ha no entantopesquisadores mais otimistas. Segundoeles, pode-se preyer para 1990 0 lan~-mento de uma vacina comercial. E exis-tern outros, pessimistas em rela~iio aoscolegas citados, que falam em dez anosde prazo.

Estes testes devem ser 0 mais cui-dadosos possiveis, para evitar, porexemplo, a fabrica~iio de uma vacinat6xica ou que niio tenha efeito. Como os

testes deveriio ser feitos com seres hu-manos, ja que neste caso niio e possivelusar cobaias animais, as precau~oesprecisam ser maiores.

Uma vacina para a Aids e umamedida preventiva a ser aplicada emuma popula~iio niio contaminada e niioserve para 0 tratamento de doentes. Pa-ra quem ja foi afetado pela doen~a asolu~iioe a pesquisa de medicamentos.

Ainda niio existe cura para Aids,por isso os tratamentos existentes ser-vem apenas para prolongar 0 tempo devida do doente atingido pela doen~a. Osmedicamentos podem ser divididos emdois tipos: os que visam a causa dadoen~a, 0 virus, e aqueles usados paratratar das doen~as oportunistas, queatacam 0 paciente aproveitando-se deseu sistema imunol6gico debilitado porcausa da Aids.

As drogas relacionadas ao virus daAids ainda estiio em estagios experi-mentais. Algumas parecem mais pro-rnissoras, mas os efeitos colaterais ain-da niio siio hem conhecidos. Eo caso daazidotimidina (AZn. Em urn teste dedura~o de seis meses, nos EUA, ape-nas urn dos 145pacientes tratados comesta droga morreu, enquanto que emoutro grupo, constituido por 137doen-tes, houve a ocorrencia de 16 mortes.

o tratamento das doen~as oportu-I

nistas utiliza remedios especificos. Porexemplo, para a pneumonia Pneumo-cystis carinii 0 indicado e sulfametoxa-zol e trimetoprim ou isocianeto de pen-tamidine; para Herpes simplex e Herpeszoster receita-se aciclovir; para a Candi-da albicans disseminada usa-se anfoteri-cina B. Para algumas destas doen~as,p orem, niio ha medicamentos efi-cientes.

Sim, 0 numero de casos novos estaaumentando, especialmente no Estadode Siio Paulo. Segundo dados do Pro-grama de Controle e Preven~iio da Aidsda Secretaria de Estado da Saude, amedia de casos novos por dia sofreu urnaumento expressivo - saltou de 1,3 emdezembro para 3,7 em janeiro, com 0diagn6stico de 113 pacientes no perio-do. Hoje, os caJculos sobre 0 numero dedoentes no Estado apontam a existenciade 915 ate 31 de janeiro, e urn numerode mortos que chega a 340.

As notifica~es de casos no paismostram que esta ocorrendo aproxima-damente a duplica~iio a cada seis meses.Dados do Ministerio da Saude contabili-zavam, em 31 de janeiro, 1.012 doentesdesde 82, quando os indices come~arama ser levantados de forma sistematica.Nesta conta, entretanto, faltam muitoscasos do Estado de Siio Paulo, que fe-

chou as contas de janeiro com 607 noti-fica~6es, quando os diagn6sticos ja al-can~avam 915 doentes (notifica~6eschegaram posteriormente a Secretarial.

o Ministerio da Saude calcula quecerca de 30% dos doentes existentes nopais niio estiio registrados nos levanta-mentos realizados pelo 6rgiio.