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Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas - 2012 A Instituiçao de Ensino e o Empreendedorismo na Prestaçao de Serviços Ambientais Marise Keller Santos INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE [email protected] Florianópolis - Março/2012

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Encontro de Estudos sobre Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas - 2012

A Instituiçao de Ensino e o Empreendedorismo na Prestaçao de Serviços Ambientais

Marise Keller SantosINSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE

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Florianópolis - Março/2012

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A Instituição de Ensino e o Empreendedorismo na Prestação de Serviços Ambientais

Resumo: Este trabalho trata da criação de um curso de especialização de empreendedores em serviços ambientais a ser oferecido por uma Instituição de Ensino de nível Básico, Técnico e Tecnológico. O ponto de partida para a elaboração do referido curso, é a implementação da Gestão de Resíduos em todo a Instituição, que oferece cursos em áreas como a química, mecânica, eletrônica e construção civil, podendo ser comparado a um pequeno distrito industrial e suas características de geração de resíduos, emissões e efluentes. As ações multidisciplinares, interdisciplinares e multidisciplinares necessárias para a implementação e operação de um sistema de gestão ambiental, associadas a um diagnóstico que vai identificar potencialidades e deficiências existentes na oferta de serviços ambientais no Rio Grande do Sul,fornecem os subsíduos para a criação de um curso em nível de especialização, na área de prestaçao de serviços ambientais. Esse curso tem o objetivo de qualificar profissionais com perfil inovador e ampliar o empreendedorismo nessa área.

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Introdução

A Instituição de ensino, local de desenvolvimento deste projeto, tem seu campus estabelecido no estado do Rio Grande do Sul. Durante os últimos anos suas instalações físicas e o número de alunos foram ampliados, e hoje conta com aproximadamente 4 mil alunos, porém a questão dos resíduos produzidos se apresenta como um problema, realidade comum a várias outras Instituições de Ensino. Segundo DE CONTO (2010), “analisando de forma racional, as universidades devem dar uma maior atenção à prevenção da geração de resíduos, revendo conceitos, banindo preconceitos, criando novos conceitos na gestão acadêmica, desestimulando a compartimentalização do conhecimento, revendo programas de ensino, estimulando a produção do conhecimento sobre prevenção de impactos ambientais, entre outras necessidades, no sentido de formar um novo profissional: mais humano, mais comportamental, mais criterioso quando o assunto é meio ambiente”.

O gerenciamento ambiental de uma Instituição de Ensino abrange, como no setor empresarial, as seguintes áreas principais:

Figura 1 - Áreas da gestão ambiental Fonte: De Conto, 2010.

A Instituição optou por iniciar suas ações pela educação ambiental e pelo

gerenciamento de resíduos sólidos. Estes, gerados em grandes quantidades e de composição variada, são similares aos resíduos produzidos por diversos setores produtivos e apresentam-se como uma oportunidade para o desenvolvimento deste trabalho. Eles precisam ser gerenciados corretamente para não produzirem impactos ambientais e problemas de segurança e saúde ocupacional.

Os resíduos secos com potencial de reciclagem, tais como papeis, plásticos e metais devem ser encaminhados a cooperativas regulamentadas, em cumprimento ao Decreto Presidencial 5.940/06, que “institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis” (BRASIL, 2006). Esses resíduos não são objeto deste projeto, que tem como objetivo o tratamento dos resíduos produzidos nos laboratórios de aulas práticas.

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A gestão de resíduos industriais através de prestadores de serviços ambientais, objeto do desenvolvimento deste trabalho, tanto no setor público quanto no privado, depende de profissionais qualificados, denominados aqui como prestadores de serviços

ambientais. Estes podem estar vinculados de forma direta, como profissionais do quadro de funcionários de uma empresa ou Instituição, ou serem terceirizados para executar todas ou parte das várias ações que compõem a gestão de ambiental de uma empresa.

Segundo o Relatório de Atividades em Inovaçao em Meio Ambiente e 2010 do Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior, elaborado pela Secretaria de Inovaçao, esta propõe a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) da Produção Sustentável e que esta trate da promoção das empresas de Bens e Serviços Ambientais, em face das aludidas dificuldades de organização para representação de interesses comuns e da competição com empresas estrangeiras.

A Industria ambiental, no contexto do mercado ambiental, é caracterizada pela produção e comercialização de bens e serviços ambientais. Segundo o Relatório final da pesquisa de oferta de bens e serviços ambientais realizado no Estado do Espírito Santo, a definiçao de Bens e Serviços Ambientais nao esta consensuada, porém existem três abordagens que caracterizam este tema, a primeira é a abordagens tradicional, a segunda a classificação de produtos ambientalmente preferíveis e a última considera os bens e tecnologias amigáveis com o clima.

Os paises desenvolvidos consideram segundo a visao tradicional, o foco dos bens ambientais nas soluçoes de “fim de tubo”, e não inclui produtos e serviços que são de interesse para países em desenvolvimento.

A Organizaçao Mundial do Comércio nao considera os produtos derivados do manejo e uso sustentável da biodiversidade que fazem parte dos Produtos Ambientalmente Preferíveis (EPPs) definidos pela UNCTAD.

Em quanto que na última abordagem os Bens e Tecnologias Amigáveis com o Clima na liberalização comercial de bens e serviços ambientais tem o foco de estimular o uso e o desenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços relacionados com a mitigação do efeito estufa.

A seguir sao apresentadas algumas definiçoes de Bens e Serviços ambientais segundo diversas organizaçoes internacionais.

A definição segundo a Organizacão para a Coperaçao e Desenvolvimento Economico (OCDE) os bens (ou serviços) ambientais são aqueles que tenham por finalidade “medir, prevenir, limitar e minimizar ou corrigir danos ambientais à água, ao ar e ao solo, bem como, os problemas relacionados ao desperdício, poluição sonora e danos aos ecossistemas”.

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) define os Serviços ambientais como as atividades econômicas que produzem ou consomem serviços econômicos necessários para tratar ou resolver problemas ambientais, ou que permitem um uso e gestão adequada e a melhoria dos bens e funções ambientais”.

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A Conferencia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) define como serviços ambientais tradicionais aqueles serviços de infra-estrutura pública de água potável, tratamento de águas residuais e gestão de resíduos, enquanto que os serviços relacionados com o cumprimento da legislação ambiental, de saneamento e medidas corretivas são serviços de uma “próxima geração”. Uma segunda abordagem proposta pela UNCTAD, define os bens ambientais como Produtos Ambientalmente Preferíveis (EPPs – sigla em inglês), esses são considerados como produtos que causam menos dano ambiental em algum estágio de seu ciclo de vida se comparados com produtos alternativos que cumprem a mesma função, ou são produtos cuja produção ou venda gera benefícios ao meio ambiente.

Estudos realizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2005, apontam para o crescimento mundial do comércio de bens ambientais a uma taxa três vezes maior que a média mundial de todos os bens nos anos 1990. Outro dado relevante é que 90% deste mercado é dominado por Países Desenvolvidos (PDs).

Recentemente a Environmental Business International Inc. (EBI Inc.), apresentou uma projeção do mercado ambiental mundial de 772 bilhões de dólares em 2009, considerando os Estados Unidos como responsáveis por 37% deste mercado, seguido da Europa ocidental com 27% e Japão com 12%, que juntos somam 76% do mercado total.

É necessário que o Brasil defina alguns pontos estratégicos para que os serviços ambientais possam ser estabelecidos como um setor formal da economia nacional. Esta situação pode ser desenvolvida através de debates entre os diferentes atores e setores envolvidos e que isso venha acompanhado de uma maior participação destes no mercado nacional e internacional. Sugere-se, nesse sentido, a criação de um sistema integrado de incentivo aos serviços ambientais no Brasil que incorpore as seguintes ações: (i) atuação governamental (marco regulatório e incentivos fiscais); (ii) atuação dos Centros de Pesquisa e Desenvolvimento voltados à inovação; (iii) atuação do setor Industrial (maior envolvimento de micro, pequenas e médias empresas); e (iv) atuação do terceiro setor, para o fomento ao consumo sustentável.

Justificativa

A necessidade de implementação de um programa de educação ambiental em Instituições de ensino surge da responsabilidade institucional de esclarecer e sensibilizar a comunidade acadêmica (alunos, funcionários administrativos e terceirizados, professores, locatários e fornecedores) sobre o comprometimento e a corresponsabilidade socioambiental de cada indivíduo. A informação é uma variável que determina a atitude das pessoas em relação as suas ações ambientais, por isso é importante que a mesma seja de qualidade e que possa ser disponibilizada de forma contínua nas Instituições de Ensino. Estas informações podem ser direcionadas para desenvolver nos alunos um perfil empreendedor e inovador frente a gestão de resíduos industriais.

A oferta de serviços ambientais tem como objetivo apoiar o desenvolvimento sustentável dos setores industrial e comercial, e deve ser estruturada com base na formação de novos empreendedores empregando uma informação ambiental de qualidade, atual e direcionada às demandas locais e oferecida pelas Instituições de

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ensino. A ampliação da oferta desses serviços deve ser estabelecida de forma empresarial e conduzida por profissionais especializados e preparados como empreendedores para atuar no mercado, contribuindo efetivamente para a diminuição do impacto ambiental gerado pelas atividades comerciais e industriais.

Existe uma demanda crescente da necessidade de serviços ambientais pelo setor industrial, gerada pela atuação mais rigorosa por parte das autoridades ambientais sobre os geradores de resíduos, bem como pela qualificação ambiental das empresas, necessária para a obtenção de certificados ambientais, que exigem ainda a melhoria contínua de desempenho ambiental.

A aplicação da atual Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010) é o instrumento legal que embasa a atuação do poder público como fiscalizador das práticas relacionadas ao gerenciamento de resíduos dos diversos setores da economia. Exemplo disso é a proibição do funcionamento de aterros sanitários nos moldes em que vinham sendo operados. Esta mudança de atuação na gestão de resíduos pelas prefeituras brasileiras deve gerar uma grande demanda por serviços ambientais, como por exemplo: projetistas, empresas de construção civil especializadas, ensaios de laboratórios de solo, resíduos, águas e emissões, equipamentos, técnicos, transportadoras, recipientes de coleta, empresas recuperadoras e recicladoras de resíduos, etc. Com a implementação de novos aterros, substituindo os atuais “lixões”, as prefeituras devem preparar ou formar seu quadro profissional para cumprir as normas técnicas, promover programas para separação dos resíduos domésticos, incentivar a recuperação de materiais e também fazer cumprir as exigências da logística reversa no setor produtivo, que obrigará fabricantes e importadores de agrotóxicos, pilhas, baterias, pneus, lâmpadas e eletroeletrônicos a recolher as embalagens depois de utilizadas.

A PNRS prevê que a União e os governos estaduais poderão conceder incentivos à indústria de reciclagem. Além disso, introduz na legislação a "responsabilidade compartilhada", envolvendo a sociedade, as empresas, as prefeituras e os governos estaduais e federais na gestão dos resíduos.

É possível observar que existem já implementados vários prestadores de serviços com uma oferta de serviços de qualidade variável, através de empreendimentos sem as características de um empreendimento do setor privado, muitas vezes pela falta de conhecimento técnico e/ou administrativo. É importante conhecer o perfil atual do setor, quem são seus responsáveis técnicos, quais os preços dos serviços, como estão sendo oferecidos os serviços, qual a satisfação da qualidade dos serviços prestados do ponto de vista do cliente, o gerador de resíduos. Devem ser também avaliadas as oportunidades que ainda não estão implementadas, considerando a atual PNRS, e que deverão rapidamente ser oferecidas ao mercado.

A demanda para a implementação destes prestadores de serviços ambientais será estabelecida considerando os seguintes fatores:

� Exigências ambientais legais e de Normas de Certificação Ambiental;

� Distância da empresa que utiliza os materiais com potencial de reciclagem ou recuperação no seu próprio processo produtivo;

� Mercado economicamente viável;

� Apoio do setor público;

� Incentivos públicos ou privados;

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Estes serviços ambientais muitas vezes não estão completamente implementados por falta de:

� Profissionais técnicos com visão multidisciplinar e empreendedora;

� Estudos que avaliem as quantidades de resíduos no mercado local;

� Estudos de viabilidade econômica para justificar um empreendimento;

� Aplicação da legislação vigente por parte das autoridades ambientais;

� Atuação dos conselhos profissionais cobrando as habilitações correspondentes;

� Legislação tributária definida;

� Incentivos fiscais na prestação de serviços ambientais;

� Conhecimento por parte dos profissionais do funcionamento da cadeia da reutilização ou reciclagem de materiais e produtos de sua área de atuação.

Alguns dos itens acima estão diretamente relacionados com a atuação de universidades e instituições de ensino técnico e tecnológico, que ainda não têm seu quadro de professores capacitado para formar profissionais com as características necessárias para a ampliação da oferta de serviços ambientais.

Objetivos

Implementar a gestão de Resíduos em uma Instituição e, a partir dessa experiência, pesquisar oportunidades relacionadas à oferta de serviços ambientais no RS, com o objetivo inicial de identificar os prestadores de serviços ambientais para os resíduos do próprio Instituto e posteriormente avaliar a qualidade técnica, econômica, quantitativa e de qualidade destes serviços e a oferta destes ao setor produtivo e de serviços no estado. Elaborar um projeto pedagógico, em base aos resultados desta análise, de um curso de formação de empreendores ambientais com visão inovadora e atual para ampliar a prestação de serviços ambientais mais qualificados no mercado do RS.

Objetivos Específicos

� Implementar um Sistema Integrado de Gestão de Resíduos na Instituição;

� Integrar o Sistema Integrado de Gestão de Resíduos da Instituição aos cursos de formação técnica e tecnológica, através de ações que permitam o desenvolvimento de projetos de empreendedores ambientais;

� Desenvolver uma atitude inovadora e empreendedora nos alunos das diversas áreas técnicas da Instituiçao;

� Implementar um sistema de monitoramento por indicadores de desempenho na gestão ambiental de resíduos da Instituição;

� Integrar a gestão de resíduos da Instituição com as atividades práticas do ensino, através da utilização dos resíduos produzidos pela Instituição como insumo para o desenvolvimento de projetos de empreendedores de serviços ambientais;

� Elaborar diagnóstico sobre o mercado atual de prestadores de serviços ambientais no RS;

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� Atuar em conjunto com uma Instituição internacional conveniada, no desenvolvimento e implementação de um curso de formação de prestadores de serviços ambientais, através dos conhecimentos adquiridos na implementação do sistema de gestão de resíduos da Instituição, bem como no diagnóstico de prestadores de serviços ambientais no RS;

� Elaborar e implementar o curso de especialização de prestadores de serviços ambientais em base às necessidades do mercado de serviços ambientais oferecidos no RS.

Metodologia do projeto

O projeto será executado em quatro Etapas, durante seus dois anos de execução, sendo que algumas das atividades desenvolvidas em diferentes etapas serão realizadas simultaneamente. São elas:

� Primeira Etapa: Implementação do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos na Instituição;

� Segunda Etapa: Diagnóstico do mercado de serviços ambientais do RS;

� Terceira Etapa: Elaboração do projeto pedagógico do Curso de Especialização em Prestação de Serviços Ambientais.

� Quarta Etapa: Implementação do curso e monitoramento do desempenho.

Na Figura 4 é apresentado o vínculo entre as etapas, que se estabelece graças à oportunidade do aproveitamento dos resíduos de diferentes classes que são produzidos na Instituição de ensino como matéria-prima para o desenvolvimento de aulas práticas e de projetos pelos alunos dos diversos Cursos.

Esta oportunidade surge com a implementação do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos da Instituição (Primeira Etapa), onde será possível obter informações sobre a qualidade e quantidade dos resíduos produzidos. Os mesmos terão utilidade tanto para as atividades práticas do Curso a ser implementado, sendo matéria-prima para o desenvolvimento de empresas prestadoras de serviços ambientais, como também para a Instituição, que será beneficiada pela identificação de formas de tratar adequadamente os diferentes resíduos produzidos em suas atividades pedagógicas. Existe também a possibilidade da Instituição atuar com os novos prestadores de serviços ambientais que venham a ser formados a partir de projetos implementados por alunos que participem do curso.

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Figura 2 - Relação das etapas do sistema de gestão ambiental da Instituição A Instituição poderá também aproveitar os resultados do diagnóstico do mercado

de serviços ambientais do RS (Segunda Etapa) para encontrar informações sobre os prestadores de serviços ambientais, a fim de tratar e dispor os resíduos produzidos na mesma. Estes servirão como insumo para os projetos pilotos da Quarta Etapa. Considerando que os mesmos são produzidos nos diferentes Cursos da Instituição, servirão de elo no desenvolvimento dos projetos do curso de especialização, integrando os pesquisadores de outros cursos técnicos e tecnológicos com os cursos de Tecnologia em Gestão e Saneamento Ambiental. A Quarta Etapa é caracterizada pela metodologia do aprender fazendo, já que os pesquisadores de diferentes áreas da Instituição atuarão em conjunto, preparando o aluno para utilizar resíduos como insumos para o desenvolvimento do seu negócio ambiental.

Um exemplo Institucional e que caracteriza esta situação é o desenvolvimento de um projeto, por parte de alunos do Curso de Edificações e Gestão Ambiental, para a reciclagem dos resíduos da construção e demolição (RCD). Para a prestação de serviços ambientais de reciclagem e reaproveitamento destes resíduos seria necessário o apoio de vários pesquisadores na identificação de respostas técnicas, como por exemplo:

� Quais os motores a ser empregados neste moinho? E como avaliar o seu consumo de energia?

� Que tipo de instalações elétricas seriam necessárias considerando o grande consumo de energia do moinho?

Instituição

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� Como definir um equipamento de moagem de resíduos de entulho eficiente?

� Onde deveria ser instalado o empreendimento para a oferta de serviços para o setor da construção civil, considerando os custos do transporte destes resíduos?

� Como capacitar os operários da construção na separação e acondicionamento dos resíduos?

� Como recolher o insumo (resíduos de entulho) junto ao cliente?

� Quais as características técnicas (químicas e físicas) do produto produzido a partir dos resíduos?

� Qual a qualidade técnica do produto produzido, e como garantir a qualidade do mesmo?

� Como estabelecer o custo do produto produzido?

� Qual a embalagem seria mais adequada para embalar o produto produzido?

� Como licenciar, construir e gerenciar o empreendimento?

Este exemplo demonstra o caráter interdisciplinar do presente projeto, no qual se pretende ter a participação de todos os cursos, seja de nível médio ou superior, da Instituição. É importante ainda salientar que este projeto deverá estabelecer uma mudança de atitude na Instituição em relação às práticas ambientais, onde alunos e professores envolvidos passariam a atuar como multiplicadores dessas novas práticas. Ressalta-se também que este seria um projeto piloto, podendo ser expandido posteriormente para a rede de ensino da Instituição.

A seguir são descritas as principais características, somente das etapas II, III e IV do projeto desenvolvido na Instituição, considerando que a etapa um segue as características tradicionais da implementação de um sistema de gestão de resíduos em uma Instituição de ensino e, também, por não ser o foco principal deste trabalho.

Etapa II – Diagnóstico dos prestadores de serviços ambientais do setor metal-mecânico do RS

O objetivo desta etapa é reunir dados sobre o setor de prestação de serviços

ambientais junto as fontes oficias de informações, para avaliar e identificar as

oportunidades de melhoria ou de implementaçao de novos empreendimentos na área de

prestaçao de serviços no Estado.

O diagnóstico tem como objetivos específicos identificar as principais características da prestação de serviços ambientais ao setor industrial, considerando:

- Qualidade dos serviços prestados no mercado ambiental gaúcho;

- Os temas relacionados à gestão dos serviços nos quais os profissionais (responsáveis técnicos) que atuam no setor de PSA sentem necessidade de aprofundar ou não possuem informações técnicas ou não foram oferecidos na sua formação profissional;

- Os principais temas técnicos e de gestão que os proprietários das empresas de PSA gostariam de obter mais informação e formação;

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- As debilidades encontradas pelas EGR junto as suas empresas de PSA;

- O interesse das EGR em apoiar (preparar tecnicamente, ajudar financeiramente, etc) um PSA;

- Os resíduos para os quais as EGR não identificaram um PSA licenciado ou não existente no mercado gaúcho;

- A abrangência da oferta de PSA em determinadas regiões no estado;

- Os custos dos serviços ambientais ofertados no mercado.

Todo o conjunto de informações acima serve como apoio para a identificação

estatística das amostras representativas do setor a serem pesquisadas.

Os instrumentos desenvolvidos para a avaliaçao dos geradores de resíduos e

prestadores de serviços ambientais devem ser aplicados em amostras identificadas junto

às quatro fontes, cruzando a informação obtida pelo lado do cliente (empresas

produtoras de resíduos em seus processos) e empresas prestadoras de serviços

ambientais, garantindo assim maior qualidade da informação obtida.

Metodologia Etapa II - Identificação da amostra de empresas geradoras de resíduos

A metodologia da pesquisa, aplicada para identificar as principais características dos PSA, esta dividida em 4 passos e é caracterizada pela aplicação direta ou indireta dos Instrumentos de Avaliação.

O primeiro passo é denominado de Identificação da amostra de empresas geradoras de resíduos e se caracteriza pela identificação da amostra de empresas a serem pesquisadas.

Este passo divide-se em 3 níveis, sendo o primeiro nível caracterizado pela identificação das regiões economicamente importantes no RS, considerando o aspecto econômico e concentração de empresas, segundo o Conselho Regional de Desenvolvimento do Estado (COREDEs).

No segundo nível são identificados os setores produtivos, priorizando a importância econômica para o RS e também a intensidade de seu impacto ambiental segundo os dados da Federação de Indústria do estado Rio Grande do Sul (FIERGS).

No terceiro nível são identificadas as empresas pertencentes a cada setor através do site da FEPAM, observando a situação atual do licenciamento da atividade poluidora.

Como produto deste primeiro passo é obtido uma amostra de empresas de diferentes portes e que representam os impactos ambientais no setor e na região.

O segundo passo, Identificação dos resíduos a serem avaliados, tem como produto, a vinculação de cada uma das empresas identificadas na amostra do passo 1 a um conjunto de resíduos. Estes resíduos servirão como objeto de avaliação do mercado de PSA no RS.

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No terceiro passo, Instrumentos de avaliação do mercado de PSA, são desenvolvidos e aplicados os Instrumentos de Avaliação I e II, aplicados respectivamente ao grupo de empresas definidas na amostra e aos PSA identificados na amostra de EGR, de forma presencial e a distancia, (através de meio eletrônico e entrevistas telefônicas).

No ultimo passo, quarto passo, da etapa II é a elaboraçao do Documento Diagnóstico do setor de PSA no RS. Os resultados da aplicaçao dos instrumentos de avaliaçao são processados e analisados obtendo-se como produto o Diagnóstico do setor de PSA no RS.

Terceira Etapa - Elaboração do projeto pedagógico do curso de formação de prestadores de serviços ambientais e implementação de projetos pilotos multidisciplinares

Esta etapa será realizada com apoio de uma Instituição internacional, dentro de convênio já estabelecido entre as duas Instituições.

A forma de cooperação institucional será realizada através de intercâmbio de profissionais e alunos durante as fases de desenho e implementação do curso, acompanhamento dos projetos pilotos e também da implementação dos mesmos na Instituição (Quarta Etapa). Os profissionais da Instituição internacional atuarão também como docentes no referido Curso.

O objetivo da Terceira Etapa é a elaboração do projeto pedagógico de um curso de especialização na área de prestação de serviços ambientais, cujo objetivo é promover o empreendedorismo e a inovação na área, com a cooperação de uma instituição internacional com experiência e tradição em Gestão Ambiental de resíduos no setor industrial.

Os objetivos Específicos da Terceira Etapa são:

- Estabelecer um convênio específico de cooperação com a Instituição Internacional;

- Implementar o intercâmbio de professores e alunos;

- Criar um sistema de informações técnicas e tecnológicas de apoio aos projetos elaborados no Curso;

- Identificar possíveis fontes de financiamento para os projetos piloto elaborados no curso;

- Atender às futuras demandas geradas a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos, contemplando as diretrizes da mesma como, por exemplo, a logística reversa;

- Buscar a complementação do ensino técnico realizado com a formação de gestão empreendedora;

- Desenvolver a cultura da inovação tecnológica vinculada à prestação de serviços ambientais;

- Elaborar o curso aplicando a metodologia do “aprender fazendo”.

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A terceira etapa divide-se em duas fases caracterizadas pelas seguintes caracteristicas:

Primeira Fase: constituir um grupo de pesquisadores das duas Instituições responsáveis pela elaboração do projeto pedagógico do curso e estabelecer um plano de trabalho para a implementação das atividades de cooperação;

Segunda Fase: elaborar em conjunto o projeto pedagógico do Curso de Prestadores de Serviços Ambientais;

Um plano de trabalho é elaborado especificando as atividades definidas nas reuniões presencias ou virtuais de planejamento da cooperação, atribuindo responsabilidades e produtos. O plano deverá apresentar um cronograma para as atividades, bem como as metas e objetivos a serem alcançados para a implementação da Quarta e última Etapa do projeto Institucional.

Os pesquisadores que integrarão o grupo representando a Instituiçao local devem possuir formações multidisciplinar.

As atividades da Terceira Etapa que ocorrerão em paralelo a esta fase são de importância fundamental na troca de experiências e integração do conhecimento técnico do grupo de pesquisadores para o desenvolvimento do projeto pedagógico do curso, que será desenvolvido considerando as seguintes características dos:

- resultados da análise de mercado de empresas prestadoras de serviços ambientais, elaborado na Segunda Etapa deste projeto,

- princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos brasileira;

- perfil empreendedor a ser adotado;

- resíduos identificados como oportunidades de negócios;

- perfil técnico adequado a um empreendedor de serviços ambientais.

Os temas desenvolvidos no curso incluem, entre outros, os seguintes aspectos técnicos a serem desenvolvidos nos conteúdos programáticos:

- Logística ambiental;

- Gestão de custos dos serviços ambientais;

- Identificação dos custos da produção de produtos a partir de resíduos;

- Gestão administrativa;

- Tecnologia e inovação;

- Contabilidade ambiental;

- Gestão de pessoas;

- Eficiência energética;

- Qualidade na produção e na oferta de serviços;

- Legislação ambiental.

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Quarta Etapa: Implementação do Curso e projetos piloto de serviços ambientais.

Esta última etapa tem cmo objetivos as seguintes atividades:

Aplicar uma metodologia de avaliação de seu desempenho para promover os ajustes necessários para as ofertas seguintes;

Desenvolver uma ferramenta de acompanhamento da inserção do profissional preparado e seu empreendimento no mercado pelo período aproximado de um ano;

Identificar linha de atuação pela Coordenação do Curso que promova a aproximação do setor privado e suas demandas nas áreas de resíduos para o desenvolvimento de novos empreendedores pelo curso;

Identificar linhas de financiamento para a implementação dos projetos de novos empreendedores desenvolvidos no curso.

A Metodologia a ser aplicada para o desnho do Curso é a “aprender fazendo”, que permitirá a implementaçao de projetos piloto pelos alunos, podendo utilizar como insumo os resíduos produzidos na própria Instituiçao.

Os projetos piloto têm o objetivo de formar empreendedores de serviços ambientais através de ações inovadoras e de caráter multidisciplinar apoiados pelos pesquisadores das Instituições local e internacional.

Esta metodologia preparará os alunos e pesquisadores da Instituição local, permitindo que estes atuem com a visão integrada e multidisciplinar necessária às ações ambientais.

Estes projetos serão implementados e coordenados por mais de um pesquisador responsável e devem contar com o apoio de outros pesquisadores de diferentes áreas técnicas, de modo a integrar os conhecimentos necessários para viabilizar técnica, ambiental e economicamente os projetos.

O aluno candidato ao curso deverá ter a componente técnica de seu empreendimento desenvolvida anteriormente, ou seja, o curso terá como pré-requisito para a seleção do aluno, a apresentação por parte do mesmo de uma revisão técnica ou trabalho de TCC sobre a proposta técnica ou tecnologia objeto de seu empreendimento a ser desenvolvida durante o curso. O projeto piloto de cada aluno deverá ser concluído no período de aproximadamente 24 (vinte e quatro) meses, incluindo toda a sua documentação técnica e administrativa necessária à implementação do empreendimento;

Os laboratórios da Instituição e os resíduos identificados como insumos para os projetos piloto deverão ser disponibilizados para os alunos;

Abaixo seguem sugestões de alguns dos temas prioritários para o desenvolvimento de projetos piloto durante o primeiro ano do curso:

Aproveitamento de resíduos da construção civil;

Reciclagem de resíduos eletro-eletrônicos;

Reciclagem de resíduos do processo de usinagem industrial, óleos e emulsões de usinagem;

Reciclagem de embalagens, vidro;

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Reciclagem de materiais elétrico-eletrônicos.

O curso, em seu primeiro ano, deverá aperfeiçoar uma metodologia de avaliação de desempenho dos profissionais preparados, bem como instrumentos de avaliação, adequação e aperfeiçoamento dos conteúdos disciplinares à realidade do mercado de serviços ambientais;

Durante o curso serão realizados eventos locais, feiras e seminários para a presentação de empreendedores que atuam na área de serviços ambientais da Instituição internacional, a fim de estimular ações inovadoras por parte dos alunos;

A cooperação com a Instituição internacional possibilitará a ação de alunos alemães no desenvolvimento de projetos em conjunto com os alunos brasileiros, dentro do curso.

O curso integrará os pesquisadores das duas instituições através da possibilidade dos pesquisadores internacionais atuarem como orientadores nos projetos dos alunos no curso.

Conclusões

O projeto já esta em implementaçao na Instituição e vem apresentando resultados positivos e comprometimento de todos os profissionais envolvidos. A Instituiçao garantiu a aprovaçao de recursos financeiros necessários a implementaçao de todas as etapas do mesmo em um eródo de dois anos de implementaçao. A evolução do sistema de gestao ambiental integrado pretende, através de um segundo projeto, atuar nas áreas ambientais relacionadas com os efluentes líquido se emissoes atmosféricas gerados na Instituição. A evolução do sistema de gestao integrado implementado é a obtençao da certificação ambiental Institucional pela série de normas ISO 14000, obtida através de açoes multidisciplinares, transdiciplinares e interdisciplinares dos profissionais que atuam na Instituiçao.

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Referências Bibliográficas

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. A3P – Agenda Ambiental na Administração Pública. Brasília-DF, 5ª Ed. 2009. Disponível no sítio: http://www.mma.gov.br/estruturas/a3p/_arquivos/cartilha_a3p_36.pdf (acessado em 08/02/2010).

BRASIL. Decreto n. 5940, de 25 de outubro de 2006. Institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 26/10/2006.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União, 03/08/2010.

CONAMA. Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Diário Oficial da União, 17/07/2002.

DE CONTO, S. M. Gestão de resíduos em universidades: uma complexa relação que se estabelece entre heterogeneidade de resíduos, gestão acadêmica e mudanças comportamentais. In: S. M. De Conto, Gestão de Resíduos em Universidades (pp. 17-32). Caxias do Sul: Educs, 2010.