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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE PEDAGOGIA WILLIANE MARIA PEREIRA DA SILVA PINHEIRO A LEITURA COMO PRÁTICA SIGNIFICATIVA NA FORMAÇÃO DE LEITORES NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Natal-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CURSO DE PEDAGOGIA

WILLIANE MARIA PEREIRA DA SILVA PINHEIRO

A LEITURA COMO PRÁTICA SIGNIFICATIVA NA FORMAÇÃO DE LEITORES

NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Natal-RN

2016

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WILLIANE MARIA PEREIRA DA SILVA PINHEIRO

A LEITURA COMO PRÁTICA SIGNIFICATIVA NA FORMAÇÃO DE LEITORES

NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Natal/ RN 2016

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciada Plena em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Dra.ª Betânia Leite

Ramalho.

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Dedico à Deus, meu refúgio e fortaleza.

À minha mãe Maria Aldenizia por todo o apoio,

Ao meu esposo Fábio, pela compreensão

e pelas palavras de incentivo nas horas mais difíceis,

À minha família, em quem eu posso confiar.

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Agradecimentos

À Deus, em primeiro lugar: “Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas.”

(Romanos 11:36). Por ter me dado a oportunidade e privilégio de realizar este trabalho, por

ter me sustentado, me socorrido nos momentos em que mais precisei. Ele é amigo

incondicional.

Ao meu esposo Fábio Hendrik, por todo o companheirismo, incentivo e paciência

para comigo. Sempre me apoiando e estando ao meu lado, para que eu pudesse vencer

mais etapa da minha vida,

Aos meus pais, José Fernandes e Maria Aldenizia, por toda a educação à mim

ofertada, por trabalharem tanto para que eu pudesse estudar. À minha mãe em especial, por

todas as palavras de apoio e alegria por minha conquista,

À toda a minha família, em especial meu irmão Wendell Fernandes e minha tia

Joseleide Amâncio, por todas as palavras de incentivo,

Às minhas queridas amigas da universidade, Elisabeth Oliveira, Milena Oliveira e

Pâmella Kallyanne. Juntas trilhamos esse caminho, juntas, vencemos esta etapa. Sempre

apoiando e torcendo uma pelas outras, com a certeza de que chegaríamos até aqui unidas e

vencedoras. Posso dizer que fui abençoada com as três, que são muito especiais para mim.

À professora Betânia Leite Ramalho. Primeiramente, por aceitar ser a minha

orientadora desse estudo. Mas também pela paciência, por cada sugestão feita ao longo

destes meses, que muito contribuiu para a realização deste trabalho. Enfim, por ser, de fato,

a orientadora deste trabalho.

À todos os professores que tão brilhantemente ministraram as disciplinas deste

curso, trazendo para nós informações novas e importantes para o a nossa profissão. Com

suas palavras sábias e entusiasmo, ensinam maravilhosamente os conteúdos propostos,

ajudando-nos a sermos mais críticos e participativos na sociedade.

Enfim, a todos que, direta ou indiretamente contribuíram com essa pesquisa, minha

gratidão.

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O PRAZER DE LER

Mais do que palavras, ler é saborear

Histórias tristes e belas, cenários de encantar

Mais do que ciência, ler é experimentar

Ler é sobretudo prazer...prazer de ler

Ler é não ter medo, ler é liberdade,

Ler é ser honrado, ser nobre, ser elevado

Ler é viajar, por terra, por rio, por mar

Ler é sobretudo prazer...prazer de ler

Ler é ser capaz, ler é ser audaz

Ler é arriscado, por isso tem cuidado

Ler é vaguear de dia ou ao luar

Ler é sobretudo prazer...prazer de ler

Ler é mais que tudo que possas imaginar

Ler é ser alguém, alguém que tem para dar

Dar e receber, dar para viver

Ler é sobretudo prazer...prazer de ler.

Eliseu Alves.

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RESUMO

Este trabalho monográfico apresenta algumas reflexões e análises sobre a leitura nos anos iniciais do ensino fundamental. O estudo tem como objetivos analisar como os professores abordam o tema em sala de aula, isto é, quais estratégias ultilizam para inserir essa habilidade na prática pedagógica; relatar como os professores agem para motivar, estimular a aprendizagem dessa habilidade junto aos seus estudantes; descrever sobre a importância que a biblioteca possui neste processo e apontar as abordagens que os documentos oficiais nos dizem a respeito da leitura. A pesquisa, de cunho qualitativo e descritivo, será desenvolvido com base em leituras reflexivas de autores da área de educação. Sendo assim, apoiou-se nas definições e conceitos que envolvem a prática da leitura, segundo KLEIMAN (1999), Amarilha (2006), Cagliari (1995), Solé (1998). Além disso, é feita uma análise dos dados colhidos pelas entrevistas sistematizadas com professores de uma escola da rede pública do Natal-RN. Também apresenta o que foi observado nas aulas, procurando entrelaçar o dizer dos educadores com sua prática cotidiana. Para o processo de coleta de dados utiliza-se de um questionário, para as docentes, no qual, se deu como instrumento formulado com questões abertas. Enfim, o trabalho busca refletir sobre a importância do incentivo da leitura na escola envolvendo professores e pais dos alunos, de modo que venha despertar o prazer sobre esta prática tão significativa que é a leitura.

Palavra-chave: Importância da leitura, prática da leitura, formação do leitor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO…………………………...............................................................8

1. A LEITURA…….…………………………...………...……..………………….11

1.2 O QUE É LER?....................................................................................13

1.3 QUAL A RELAÇÃO DA LEITURA NO BRASIL……………..…………16

2. A IMPORTÃNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO……..................20

3. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA PRÁTICA DA

LEITURA SIGNIFICATIVA…….……………………………………………...26

4. A CONTRIBUIÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR PARA O INCENTIVO

DA PRÁTICA À LEITURA ……………………………………………………34

5. LEITURA, UM OLHAR PARA OS DOCUMENTOS OFICIAIS…………...37

6. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO……………………………………….41

6.1 SUJEITOS E LOCAL DE PESQUISA…………………………………...41

7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS…………...………………............43

CONSIDERAÇÕES FINAIS……….……………….……………………..……….47

REFERÊNCIAS……………………………………………..………………………49

ANEXO…………....…………………………………………………………………53

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INTRODUÇÃO

Nos dias atuais é comum ouvirmos que os alunos não possuem gosto pela

leitura. Muitas vezes, a falta de motivação dos pais e/ou da escola, faz com que os

educandos não possuam esse prazer em ler, ou se possuem, correm um grande

risco de perdê-lo.

Sendo assim, a não motivação pela leitura é um assunto que não pode ser

ignorado. Esse ato tão valioso não pode se perder logo no início da trajetória

escolar. Sendo assim, deve ser respeitado e acompanhado em cada etapa de

ensino, por se tratar de uma habilidade estratégica caminho que provém de todo um

contexto social e deve permanecer ativa até que o aluno adquira autonomia leitora, e

comece a buscar leituras de seu interesse.

O motivo norteador que impulsionou a presente pesquisa sobre essa

temática, decorreu dos estágios supervisionados que realizei na educação infantil e

no ensino fundamental l. Nos quais pude perceber, diariamente, que há crianças

com dificuldades diversas, contudo, as que mais trairam a minha atenção, me

deixando com o sentimento de inquietação e preocupação, foram principalmente as

dificuldades em torno do desenvolvimento da leitura.

Foi neste período em que também observei, a importância que a leitura ganha

na estrutura de ensino e aprendizagem, isto é, na prática pedagógica de uma sala

de aula (principalmente no 1º ano do E. Fundamental), de maneira significativa para

os leitores.

Através dessas observações, surguiram algumas reflexões a respeito de quê

contribuíções significativas as práticas de leitura podem oferecer aos alunos no

processo de ensino-aprendizagem das séries inciais do Ens. Fundamental? E o que,

o professor, juntamente com a família podem mediar de forma mais atrativa e

significativa possível?

Considerando que a leitura exerce um papel muito importante na integração

do ser humano, o presente estudo tem como objetivo geral: “Revelar o lugar que a

habilidade da leitura ocupa no processo de construção da aprendizagem, de forma

prazerosa e significativa para os alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental l.

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Para tal, elegeu-se como objetivos específicos: analisar como os

professores abordam o tema em sala de aula, isto é, quais estratégias ultilizam para

inserir essa habilidade na prática pedagógica; relatar como os professores fazem

para motivar, estimular a aprendizagem dessa habilidade junto aos seus estudantes;

descrever sobre a importância que a biblioteca possui neste processo e apontar as

abordagens que os documentos oficiais nos dizem a respeito da leitura.

O presente trabalho caracteriza-se como estudo descritivo e cuja análise se

apoiará em autores que defendem bons argumentos sobre a leitura como um

recurso didático, pedagógico e formativo.

Autores como Amarilha (2006); Cagliari (1995); Solé (1998); Kleiman (1999);

além dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Língua Portuguesa (1998), entre

outros, se dedicaram muito às pesquisas e discussões sobre a importância da leitura

em sala de aula, seus estudos muito têm contribuído para explícitar a relevância da

intervenção docente no processo de seleção de atividades para sistematização de

leitura, oportunizando ao aluno participar e refletir sobre a importância dessa

habilidade em seu processo de desenvolvimento escolar.

No âmbito do procedimento metodológico, foi realizado coleta de dados em

uma escola pública de Natal, junto a turma do primeiro ano do Ens. Fundamental.

Fizemos uso de uma entrevista sistematizada, voltada para conhecer o que opina os

professores sobre a leitura.

Partimos do pressuposto de conhecer a opinião que os professores têm sobre

a leitura, qual recurso estratégico utilizam para dinamizar suas atividades da prática

significativa, se colocam a leitura como uma dimensão decisiva para a tividade do

professor em sua sala de aula.

Analisando como os professores abordam o tema da leitura em sala de aula,

buscamos conhecer como eles desenvolvem atividades para inserir essa habilidade

tão importante de interesse, de estímulo e de motivação para tornar a aprendizagem

da leitura ainda mais significativa para os leitores-alunos.

O foco da pesquisa nesse nível escolar, se dá, por saber que a leitura é uma

atividade que começa a ser desenvolvida logo no início da vida escolar de cada

estudante, e quão grande é a importância de incientivar e estimular essa prática.

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Além disso, também percebemos o quanto o professor pode agir pedagogicamente,

para desenvolver uma apredizagem significativa da leitura para com seus leitores.

Com isso, considero as questões da professora Amarilha (2010) bem

relevantes, pois nos traz uma reflexão bastante pertinente em relação à importância

da formação leitora:

Na formação leitora, entendemos que a mediação precisa estar em sintonia com quem faz a leitura, com quem busca essa atividade e porque a realiza. Será que todos os professores sabem por que a leitura permanece importante em nosso tempo? Que benefícios desfrutam quem lê? O que lê? Por que seus alunos passam horas lendo determinados materiais e na escola, muitas vezes, desdenham da leitura que lhes é oferecida? Neste caso, pergunto-me sobre a cultura leitora em geral. Desde o jornal, o planfeto, a televisão, o livro de literatura, etc… (p. 05)

É através da leitura que o indíviduo consegue ampliar o seu entendimento no

mundo, proporcionando acesso à informação com autonomia, permitindo o exercício

da fantasia e da imaginação, além de estimula a reflexão crítica e a troca de idéias.

No mais, este estudo está sendo apoiado em reflexões vivênciadas como

aluna, durante a graduação em Pedagogia. Foi por meio da realidade do ensino nas

escolas, vista nos estágios, que elegí esse tema para ser estudado e desenvolvido

como pesquisa no meu TCC. Tenho a expectativa de elaborar um estudo que posso

ampliar meu conhecimento sobre o tema e, consequentemente promover uma

reflexão fundamentada sobre a promoção e o desenvolvimento da leitura nos anos

iniciais da Ed. Fundamental I.

Por fim, pretendo contribuir para ampliar os caminhos para que possamos

alcançar um ensino de qualidade, uma vez que a aprendizagem e a inclusão da

leitura na formação dos alunos é fundamental para a integração deles no mundo

literário e na sua formação cidadã.

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1. A LEITURA.

A leitura sendo um fator de desenvolvimento social, na função ler, torna-se

uma habilidade necessária ao desenvolvimento da aprendizagem integral do sujeito.

Ler presume estar apto a atuar no meio social, entender e fazer-se entendido na

sociedade letrada.

Abordar sobre esse assunto é algo bastante complexo, visto que a leitura é

fundamental na vida das pessoas, pois através dela passamos a conhecer outras

realidades, outros pensamentos e tipos de cultura. Por meio da leitura é que criamos

outros pensamentos, ou seja, reconstruímos e produzimos algo a partir de outras

idéias (autor e leitor).

A leitura é uma atividade realizada desde os primeiros anos de vida. Ao

nascer, já se está condicionado à leitura de mundo. Aprendemos a falar e a

comunicarmos oralmente de forma espontânea. Através das interações sociais,

obtemos a necessidade de nos comunicarmos e de nos relacionarmos com o

mundo. Para isso, utilizamos diversos meios, como: gestos, sons, olhares e a fala.

Já a capacidade de ler e escrever são adquiridas mais tarde.

Sendo a leitura uma das primeiras formas de informação para o homem,

Freire (2001, p. 71) diz que: “Desde muito pequenos, aprendemos a entender o

mundo que nos rodeia. Por isso, antes mesmo de aprender a ler e a escrever

palavras e frases, já estamos ‘lendo’, bem ou mal, o mundo que nos cerca.”

Neste sentido, o autor nos mostra que a leitura não se inicia no ato de

decifração de escrita, mas a leitura de mundo. Na qual o leitor, a faz a todo momento

e com isso relaciona a posteri, com a compreensão do texto.

Referente a esses conhecimentos já adquiridos ao longo da vida, Kleiman

(1999) mostra que:

A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que já sabe, o conhecimento adquirido ao longo da sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento liguístico, textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, a leitura é considerada um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do elitor não haverá compreensão. (p.13)

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Com isso, fica revelado a importância de considerar a ativação do

conhecimento prévio, visto que, torna-se essêncial à compreensão da leitura e

através deste conhecimento o aluno é capaz de realizar as inferências entre o que

sabe e o que está lendo, fazendo dessa aprendizagem um divertimento, algo

prazeroso. Para Kleiman (1999):

A ativação do conhecimento prévio é, então, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente. Este tipo de inferência, que se dá em decorrência do conhecimento de mundo e que é motivado pelos itens lexicais no texto é um processo inconscientendo leitor proficiente. (p.25)

Porém, ao chegar à escola, essa concepção de leitura é modificada por

diversos fatores, tornando-se menos prazerosa e mais mecânica.

Este ato fundamental, cheio de significação não deveria ser apenas uma mera

atividade escolar mecânica. Pois, a leitura possibilita a conquista de autonomia

através de suas significações, como também amplia novos horizontes. Ela deve ser,

sim, fonte de prazer, de experiências e deve acompanhar-nos no decorrer de nossa

vida, não apenas na trajetória escolar.

Sabemos que a leitura abre novos caminhos ao aluno, traz conhecimento e

permite que assumam uma posição crítica diante da realidade de cada um. Pois, o

aluno só saberá a importância da leitura se criar o gosto e sentir o prazer em ler,

visto que a leitura é a representação de uma cultura, sendo de fundamental

importância no desenvolvimento intelectual da criança.

Além do mais, a leitura possui uma gama de sentidos e interpretações. Sendo

assim, não se pode esperar que a partir de uma leitura, todos os leitores cheguem

ao mesmo pensamento, como se houvesse uma única verdade possível para ser

interpretada, visto que, a compreensão do ato depende do tipo de leitura que se faz

e do tipo de leitor que lê.

Portanto, as vivências de cada pessoa influenciam na sua compreensão,

podendo surgir novas informações, novos desafios, novas compreensões. Segundo,

Nacarato e Lopes (2005. p.158) “o indivíduo ao ler, interpreta e compreende de

acordo com sua história de vida, seus conhecimentos e suas emoções.”

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1.2 O QUE É LER?

Para entender a importância da leitura é necessário, primeiramente, saber o

seu significado, segundo alguns estudiosos referentes à leitura.

O dicionário Aurélio, mostra uma definição de leitura da seguinte forma:

1. ato ou efeito de ler; 2. Arte ou hábito de ler; 3. aquilo que se lê; 4. O que se lê, considerado em conjunto. 5. Arte de decifrar e fixar um texto de um autor, segundo determinado critério”. (AURÉLIO,1988, p. 390).

Para Kleiman (1989, p.28):

A leitura é uma atividade cognitiva, tem caráter multifacetado, multidimensionado, sendo um processo que envolve percepção, processamento, memória, inferência,dedução.

Contudo, essa habilidade não limita-se, apenas, à decifração de alguns sinais

gráficos. É muito mais do que isso, pois exige do indivíduo uma participação efetiva

enquanto sujeito ativo no processo, levando-o a produção de sentido e construção

do conhecimento.

Desta forma, o conceito de leitura enquanto prática social vai muito além da

simples decodificação da linguagem verbal escrita, pois nele está inserido a ideia de

que ler é atribuir sentido ao texto, relacionando-o com o contexto e com as

experiências prévias do sujeito leitor.

Ainda Kleiman nos mostra que essa habilidade não é superficial que:

(…) O mero passar de olhos pela linha não é leitura, pois leitura implica uma atividade de procura por parte do leitor, no seu passado de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes para a compreensão de um texto que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explicita tudo o que seria possível explicitar. (KLEIMAN 1999, p.27).

A leitura é muito mais do que um processo de decodificação ou decifração de

sinais e símbolos, pois dizemos que um indivíduo só aprendeu a ler quando

compreende o que lê, quando retira o significado do que lê e interpreta os sinais

escritos.

A leitura é um processo interativo e para desenvolve-la necessita-se da

interação do que está sendo lido, a partir do conhecimento de mundo. Ou seja, para

compreender um texto, o leitor utiliza o conhecimento prévio, que é constituído por

todo o conhecimento reunido ao longo de sua vida, pois através desses

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conhecimentos o leitor pode formar as hipóteses para atingir a coerência completa,

facilitando, assim a compreensão.

Para o PCN a leitura é:

(…) um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, tudo o que sabe sobre a liguagem etc. não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma tividade que implica estratégias de seleção, antecipação e verificação, sem as quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar nos textos suposições feitas. (1998, p. 69-70).

Nessa relação, a leitura, é fundamental para que as pessoas sejam capazes

de ler, entender, compreender o que está escrito e também o que está implícito.

Quer dizer, ler as entrelinhas de um enunciado ou texto, realizar a leitura de textos

verbais e não-verbais, inclusive, situações do cotidiano.

Denomina-se leitura, segundo Cagliari (1995, p. 148), “a compreensão de

uma mensagem codificada em signos visuais. O ensino e o incentivo da leitura

representam um objeto básico de todo o sistema educativo. A leitura é a extensão

da escola na vida das pessoas.”

O ato de ler está relacionado à descoberta, já que a leitura vai além da

decodificação do signo lingüístico, ela acontece quando se estabelece uma

interpretação de sentido entre leitor e o texto.

Para Silva (2005) é dever do Estado pois:

“Ler” é um direito de todos os cidadãos; direito este que decorre das próprias formas pelas quais os homens se comunicam nas sociedades letradas. A presença de analfabeto (iletrados) no Brasil não nasce por acaso ou porque os indivíduos optaram por não-ler; o problema é que as autoridades não estão interessadas em desenvolver o gosto pela leitura junto a todos os segmentos da população. (p.50)

No mais, o ato de ler fornece ao leitor o acesso à diversas informações, o

desenvolvimento do vocabulário, da criticidade e o interesse na busca pelo

conhecimento sobre vários assuntos que, além de estimular o leitor a pensar

criticamente diversas questões, pode impulsionar suas relações sociais.

Neste sentido, enxerga-se a leitura por meio de um campo de visão ampliado,

ao considerarmos que podemos ler o verbal e o não-verbal, pois somos capazes de

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ler “uma situação, um quadro, um acontecimento” ler o mundo. A todo o momento

estamos fazendo leituras, quando olhamos para algo, seja um objeto, a natureza, as

pessoas, enfim.

Com isto, o aluno terá um bom desenvolvimento cognitivo em todas as áreas,

porque ler não é apenas decodificar as palavras, é saber interpretar-las,

reconhecendo seus sentidos, uma vez que a prática da leitura não corresponde a

uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e

compreender o que se lê.

Segundo Kleiman (1999), a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o

sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos

linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.

Assim, um indivíduo pode ser considerado leitor quando passa a

compreender o que lê. Ler é antes de tudo compreender, por isso não basta

decodificar sinais e signos, é necessário transformar e ser transformado.

Ler não é uma prática simples, exige uma postura crítica. Analisar e

interpretar fazem parte da leitura, portanto, é por meio dela que há a oportunidade

em adquirir novos conhecimentos, desafiar a imaginação, descobrir o prazer de

pensar e sonhar. Justificando assim, a necessidade de fazer reflexões, observar,

analisar, com o intuito de colaborar na formação de bons leitores.

Com isso, o leitor é um processador ativo de conhecimentos que busca o

significado em suas experiências prévias, portanto a leitura é uma atividade

construtiva e criativa, sendo também objetiva, seletiva, antecipatória e baseada em

compreensão.

Soma-se a essa questão, os PCN’s (2001, p. 45). Para esse referencial

formar um leitor competente refere-se em formar alguém que compreenda o que lê,

que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos

implícitos, que estabeleça relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que

saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto, que consiga justificar e

validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos.

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Diante dessas perspectivas, pode-se afirmar que a leitura é interação verbal

entre sujeitos, influenciada por diversos fatores que caracterizam a leitura que cada

indivíduo faz de determinado texto.

Sendo assim, Yunes (2003, p. 37) mostra um conceito que vêm afirmar e

confirmar todos os conceitos abordados anteriormente em que ler é:

[...] uma descoberta, mudar de horizontes, interagir com o real, interpretá-lo, compreendê-lo e decidir sobre ele. Ler é, pois interrogar as palavras, duvidar delas; ampliá-las. Deste contato, desta troca nasce o prazer de conhecer, de imaginar, de inventar a vida. O ato de ler é um ato de sensibilidade e da inteligência, da compreensão e da comunhão com o mundo: expandindo o estar no mundo, alcançamos esferas de conhecimento antes não experimentadas e, no dizer de Aristóteles, nos comovemos e ampliamos a condição humana.

Portanto, existem vários conceitos em torno do termo leitura, com uma

abrangência significativa, visto que quando desenvolvida, adequadamente, reflete na

formação e constituição de sujeitos conscientes e participativos.

1.3. QUAL A RELAÇÃO DA LEITURA NO BRASIL?

Com relação ao ensino em nosso país, no que diz respeito à formação de

leitores, essa habilidade não parece despertar, no aluno, o gosto de praticá-la. Ou

seja, quando leem, fazem somente porque são obrigados e não por prazer.

O Brasil ainda precisa progredir culturalmente, em termos de leitura como um

momento de lazer. Os filhos são espelhos dos pais, por isso, devemos conscientizar

as pessoas sobre a importância que a leitura tem na vida de cada um.

Há uma falta de interesse, perceptível, por meio dos resultados das

avaliações internas, desenvolvidas no Brasil nas últimas décadas. Lamentávelmente

a formação do leitor não atende às demandas e necessidades sociais. Pesquisas

apontam que o Brasil está cheio de analfabetos funcionais.

Segundo uma notícia realizada na veja.com/educação: “O brasileiro está

lendo menos,” revela a pesquisa do “Retrato da Leitura no Brasil,” atualizada em

2012, pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência.

Ainda no campo da pesquisa, feita em 2011,os dados apontam que o número

de pessoas que gostam de ler no tempo livre também diminuiu de 36% em 2007

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para 28% em 2011. Ou seja, caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em

2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.

A pesquisa reforça uma linha já conhecida entre os brasileiros: o vínculo entre

leitura e escolaridade. Entre os entrevistados que estudam, o percentual de leitores

é três vezes superior ao de não leitores (48% vs. 16%). Já entre aqueles que não

estão na escola, a parcela de não leitores é cerca de 50% superior ao de leitores:

84% vs. 52%.

Christine Castilho Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto

Ecofuturo, que há 13 anos promove ações de incentivo à leitura, diz que: "No século

XXI, o livro disputa o interesse dos cidadãos com uma série de entretenimentos que

podem parecer mais sedutores. Ou despertamos o interesse pela leitura, ou

perderemos a batalha.”

A pesquisa “Retrato da Leitura no Brasil” foi realizada entre 11 de junho e 3

de julho de 2011 e ouviu 5.012 pessoas, com idade superior a 5 anos de idade, em

315 municípios. A margem de erro é de 1,4 ponto percentual.

Essa oscilação entre leitores e não leitores ocorreu em praticamente todas as

regiões brasileiras, com exceção do Nordeste, onde permaneceu estável.

Ainda segundo a pesquisa, o que ajuda a explicar a atual posição do

Nordeste frente às demais regiões, é o grande número de pessoas estudando

atualmente, sobretudo nas faixas etárias onde a leitura é considerada mais

frequente (dos 5 aos 17 anos, período escolar).

Embora haja certo avanço, nessa região, não há um trabalho sobre leitura na

sua essência, onde deveria existir em cada escola um projeto voltado para a leitura

e sua importância. E não dando ênfase ao estudo superficial de decodificação, fato

muito presente na prática de trabalho com alfabetização em algumas escolas do

Brasil.

Essa situação vem causando preocupação a uma parcela considerável de

estudiosos que procuram firmar, nas práticas pedagógicas, a alfabetização e o

letramento como indissociáveis do processo de aprendizagem da leitura e escrita.

Segundo CASTANHEIRA (2009):

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As discussões em torno da alfabetização e do letramento não se configuram

num modismo passageiro, e sim em importantes temáticas a serem

debatidas e articuladas no trabalho em sala de aula. O modo como o

professor conduz o seu trabalho é crucial para que a criança construa o

conhecimento sobre o objeto escrito e adquira certas habilidades que lhes

permitirão o uso efetivo do ler e escrever em diferentes situações sociais.

(p.30 e 31)

Sendo assim, uma das consequências do ensino pautado na decodificação,

por meio de textos descontextualizados que não permitiram aos sujeitos a aquisição

da competência leitora, e nem tão pouco, o hábito e o gosto por tal prática ficam

comprometidas.

Nessa perspectiva, saber apenas decodificar a palavra é condição insuficiente

para contrapor as demandas da sociedade; ler de maneira mecânica não garante à

pessoa um intercâmbio total com os diferentes gêneros textuais em sua volta. A

leitura precisa ser praticada na escola com a mesma amplitude e conexão que

acontece nas práticas sociais, deixando de ser tratada como obrigatória, ofuscando

o encanto que a mesma representa na vida do leitor.

Esta prática é notória nas avaliações da Provinha Brasil (PB) e do Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB). Essas avaliações revelam que

a formação de alunos letrados e de fato alfabetizados, é algo ainda a ser

conquistado pelo ensino brasileiro, uma vez que os resultados de tais avaliações

apontam que há um grande número de alunos que chegam ao final do quinto ano do

ensino fundamental, apresentando uma grande dificuldade sobre a compreensão da

leitura e da escrita, pois as duas práticas estão ligadas, resultando na formação de

sujeitos que não conseguem exercer o uso de tais práticas socialmente, ficando

assim, a margem do desenvolvimento da sociedade.

Portanto, sobre a leitura no Brasil, percebe-se que há a necessidade de uma

mudança no ensino referente a está prática, devido ao grande número de

analfabetos funcionais que há no atual contexto, ou seja, pessoas que sabem ler e

escrever, mas que não conseguem exercer, em seu dia a dia, o uso social da escrita

e da leitura.

Deste modo, é essencial que a escola desenvolva atividades num contexto de

letramento destinado às crianças desde a alfabetização, pois quando o educador

consegue alfabetizar letrando os seus alunos, ele consegue também formar leitores

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assíduos. Consequentemente, sujeitos aptos a exercer sua cidadania, uma vez que

é visível a necessidade de se formar indivíduos letrados com o propósito de superar

a formação dos analfabetos funcionais, como também, formar um cidadão atuante e

consciente, sendo essa, uma das funções desenvolvidas primordialmente pela

escola.

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2. A IMPORTÃNCIA DA LEITURA NA ALFABETIZAÇÃO.

Diante do exposto, surge a importância do ato de ler, no qual observa-se que

este ato não se dá linearmente, como um processo contínuo, tranqüilo e sem

interrupções. Ao contrário, é uma operação mental complexa marcada por

inquietaões, porque envolve ativamente a pessoa e suas emoções.

Sendo a leitura algo bastante amplo em nossas vidas, ela tornar-se um

instrumento favorável para que o aluno possa elaborar conhecimentos. Contudo é

preciso ser estimulada com os alunos que estão se preparando para desenvolver

seu papel em uma sociedade crítica.

Neste sentido, a prática da leitura precisa ser despertada desde cedo na

criança, para prepará-las em futuros leitores, para que possam estar bem

informados no meio em que vivem.

Para Martins: “Seria preciso, então, considerar a leitura como um processo de

compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por meio de que

linguagem.” (MARTINS,1994 p.30).

Para isso, a escola deve organizar-se em torno de uma política de formação

de leitores, envolvendo toda a comunidade escolar. Mais do que a mobilização para

aquisição e preservação do acervo é fundamental um projeto coerente de todo o

trabalho escolar em torno da leitura. Nesse sentido todo professor,não apenas o de

Língua Portuguesa, é também professor de leitura (BRASIL, 1998, p. 37).

Faz se necessário que a leitura seja compreendida e apresente um

significado para o leitor. E os intérpretes dos textos são: mãe, pai, escola e

professor. É de suma importância que leiam para os alunos (oralidade), sendo assim

faz com que a leitura tenha vida, estimulando a imaginação tal qual um ator

interpretando o texto. Pois o que faz com que o texto tenha vida é a maneira como

ele é lido, a entonação das palavras e a pontuação coerente.

Além do mais, é necessário começar incentivando as crianças desde a sua

educação inicial. É primordial, fazer com que elas desejem se envolver em outros

mundos que a literatura oferece, visto quê, na atualidade há uma perspectiva mais

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interativa sobre leitura na qual existe uma relação dialógica entre leitor/texto/autor

determinada pelo contexto histórico social que os cercam.

Morais (1996) aborda que: “(...) aprendizagem da leitura é um produto

cultural, baseado sem dúvida em capacidades naturais, mas pressionado por aquilo

que as famílias e as instituições educacionais oferecem à criança” (p. 201).

Para Silva (1991) “quanto mais o ensino real da leitura for distorcido no

âmbito da escola e da sociedade, tanto melhor para a reprodução das estruturas

sociais injustas, existentes no país” (p. 36).

É importante destacar que o ato de ler precisa levar o aluno à compreensão

do texto lido, para que, a partir desse ponto, ele seja capaz de construir significados

e produzir outros textos.

Estar em contato com a Leitura é aprender um pouco de uma cultura e

despertar o desejo pela fantasia que a mesma proporciona. É de imprescidível

importância apresentar o valioso papel que a Leitura ocupa no desenvolvimento das

crianças, até mesmo antes do processo de alfabetização.

A leitura possibilita “pecorrer” pelo universo da fantasia e do conhecimento

literário, além de proporcinar o aperfeiçoamento das diferentes linguagens, a

comunicação, o enriquecimento do vocabulário e o conhecimento de mundo.

Além de despertar a imaginação, os contos para as crianças oferecem

estímulos à linguagem oral, ampliando assim o vocabulário das crianças, como

também adequando-se à s competências lingüísticas, apropriando-se dos métodos

apresentados. Nesse caso é papel do educador facilitar esse contato. Também é

necessário que desde os primeiros contatos com a prática de leitura, esta seja

realizada de forma contextualizada, ou seja, deve ter relações com o mundo

vivencial do sujeito humano.

Assim como revela Freire (1992), antes mesmo de realizar a leitura da palavra

escrita é necessário que este realize a leitura de mundo:

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (1992, p. 11-12).

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Esse conjunto de representações de situações já vivenviadas, possibilita uma

"leitura da leitura" anterior do mundo, antes da leitura da palavra. O ato de ler implica

na percepção crítica, interpretação e "reescrita" do lido.

Com isso, o ato de ler faz-se fundamental ao indivíduo, pois posibilita-o a

inserção no meio social e o caracteriza como cidadão participante. Como um dos

instrumentos essenciais para que o indivíduo possa construir seu conhecimento e

exercer sua cidadania.

Essa leitura de mundo não é formal como as estabelecidas na instituição

escolar, são leituras do seu contexto social e cultural, construídas na sua interação

com a sociedade em que vivem, e conforme a criança vai se desenvolvendo, ela

busca outras formas para comunicar-se, através da linguagem, gestos, expressões.

O mesmo autor aponta que o sujeito em fase de alfabetização é o

responsável pela criação do seu conhecimento, sendo que o educador exerce a

tarefa de instigar o desenvolvimento de tais habilidades. Quando chega à escola,

ele traz consigo sua leitura de mundo, o que o torna capaz de descrever o que já

conhece. O professor interfere neste momento orientando o aluno nos caminhos da

linguagem escrita, com diversos tipos de textos, que, por sua vez, vai de encontro

com a forma de representação oral.

Sendo assim, é importante começar a introduzir a criança neste mundo da

leitura desde os primeiros anos do fundamental, de maneira em que se torne

atrativo/agradável para o individuo. Através de um recurso bastante utilizado, e que

por muitas vezes fazem um grande efeito, é o de ensinar a ler e escrever por meio

de histórias infantis; em quadrinhos.

Por meio desse recurso, o professor fará com que este contato com a leitura,

torne-se mais prazeroso e simples, e, por consequência os educadores estaríam

formando, além de crianças alfabetizadas, leitores assíduos, bons escritores e

profissionais criativos, já que, segundo Naspoline:

A partir do momento em que entendemos por texto, tudo que conseguimos compreender e interpretar. Desta visão, o código lingüístico não é o único a permitir a leitura. “Existem “os textos” que não são escritos com palavras, mas empregam outros códigos não lingüísticos ou além dos lingüísticos- os textos extraverbais. Exemplos: figuras, ilustrações, arquitetura, história em quadrinhos, charque, quadro de arte, música, gastos entre outros. (p.46, NASPOLINE,1996)

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No processo de alfabetização a leitura possui um impacto muito forte, pois é

nesse período que a criança está descobrindo o universo das letras, e nas séries

iniciais deve-se manter essa boa prática, como, por exemplo, momentos dedicados

apenas à leitura. neste sentido, a família possui um papel essencial neste processo,

pois, a leitura está presente em todas as classes sociais.

Um boa maneira para estimular as crianças em ler por prazer é incentivá-las,

desde os primeiros anos, para ter contato com os livros, e esta prática deve ser,

iniciada portanto, no lar. Em concordância com Meireles e Martins espera-se que:

“Se a criança desde cedo fosse posta em contato com obras-primas, é possível que

sua formação se processasse de modo mais perfeito” (MEIRELES, 1984, p. 123).

“Esses primeiros contatos propiciam a descoberta do livro como um objeto

especial, diferente dos outros brinquedos, mas também fonte de prazer” (MARTINS,

1984, p. 43). Todavia, é importante que estes livros ou qualquer outro material

escrito sejam de qualidade e do interesse da criança, eles precisam ser significativos

para ela.

Silva (2002, p. 75) concebe a leitura a partir das considerações sociais que

são encontradas na realidade brasileira: “Ler é um direito de todos e, ao mesmo

tempo, um instrumento de combate à alienação e à ignorância."

É de grande importância que o professor proporcione momentos de leitura,

mais significativas, incentivando a formação leitora do aluno para que esta possa

desenvolver no aluno um conjunto de capacidades, tornando-os produtores de

textos, e em condição de inserir-se no seleto grupo da população que tornam-se

proficientes por dominarem as regras e as técnicas (gramaticais e norma culta)

ademais de desenvolver o gosto de ler. O professor deverá ter cuidado de fazer

dessas experiências de leitura algo que realmente seja prazeroso e gratificante.

Sabemos que o processo de alfabetização nem sempre é uma tarefa fácil,

para desenvolver no que se refere o interesse e o gosto pela leitura, por trata-se de

um processo constante que requer conhecimentos específicos e estratégias que

levem a romper um círculo vicioso na formação dos alunos: pouca motivação,

poucas exigências e baixo desempenho no campo da leitura e da produção textual.

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Ainda mais nos dias atuais onde as pessoas estão em contato com diversos

tipos de textos todos os dias, sejam revistas, bilhetes, avisos, anúncios em jornais,

email’s, quadrinhos, manuais, ou mesmo, obras literárias. A sociedade moderna faz

isto a todo o momento. Com isso, a leitura é considerada de uso social, uma vez que

os textos servem para informar, instruir e/ou dar prazer.

Faz-se imprescindível, que seja estimulada esta habilidade bem cedo,

começando com a família, em seguida na escola onde os professores continuarão a

desenvolver estratégias adequadas ao nível etário dos seus alunos, em sala de aula,

com o objetivo de criar mecanismos para que a necessidade de ler prevaleça e o

prazer pela leitura se instale.

Ademais considero ser necessário que os professores, em sua prática em

sala de aula, possam transmitir esse conhecimento de forma mais significativa

possível ao seu aluno, com a participação da família.

[...] o professor, ao demonstrar-se leitor para os alunos,

transforma-se em modelo de leitor para eles, em alguém que,

por demonstrar prazer e entusiasmo pela leitura, motiva o

aluno a ler, a vivenciar aquilo que é constitutivo da sua

formação subjetiva e profissional (LEITE, 2003, p. 149).

Neste sentido, cabe à escola e ao educador preocupar-se com a formação do

leitor, não ignorar toda a história anterior dos sujeitos envolvidos, mas considerar a

leitura reflexão de crítica, de reconstrução. Dessa maneira será possível possam

possibilitar o desenvolvimento da prática significativa da leitura nas crianças, pois, a

leitura é um dos objetivos fundamentais da atividade pedagógica, a qual possibilita

que a criança entre em contato com inúmeras informações e conhecimentos.

Os pais devem participar do processo de aprendizagem da leitura e de escrita

das crianças, oferecendo apoio e condições de aprendizagem necessárias,

especialmente para aquelas que apresentam alguma dificuldade, gerando assim

uma interação entre escola e família.

Em suma, a relação da família com a leitura influência, decisivamente, como

as crianças e os jovens encaram o universo das letras. Ao verem nossos pais lendo

e ao ouvir histórias contadas por eles, seremos estimulados. Estes elementos nos

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ajudam a ter o gosto pela leitura. Quando nossa família valoriza a leitura há maiores

possibilidades de tornarmos leitores.

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3. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA PRÁTICA DA

LEITURA SIGNIFICATIVA.

No que se refere à formação de leitores, existem alguns aspectos importantes

que devem ser considerados para a efetiva construção da habilidade da leitura,

como a importância das práticas educativas desenvolvidas em contextos familiares e

escolares.

De acordo com Silva (1994, p.89), o sistema educativo não deve ser

divergente, conflitante ou ficar isolado, como acontece nos dias de hoje: tem que

haver colaboração entre professores e pais. Mas colaboração não quer dizer

repetição: os pais não têm que se considerar repetidores do trabalho escolar e sim

um trabalho de complementaridade, na qual cada um tem a sua especificidade,

professores não têm que substituir os pais e os pais não têm de dar aula em casa,

cada um tem que ter o seu papel.

Neste sentido, a família possui um papel de suma importância para o

desenvolvimento intelectual do aluno, pois é neste contexto que o educando deveria

obter o primeiro contato com a leitura.

Kleiman (1989, p.86) aborda que é essencial que bem antes de chegar à

escola a criança tenha contato com livros, pois o sucesso escolar é construído pela

maneira de viver em casa, sobretudo no que se refere ao aprendizado da leitura e

da escrita essa maneira trará conseqüências negativas ou positivas que tecem sua

vida afetiva.

Pois, toda criança ao chegar à escola já traz consigo um conhecimento que

diferencia de criança para criança, conforme as possibilidades de letramento

oferecidas pelas famílias, comunidades e o meio social em que vivem.

Segundo Piaget (1975, p.273):

A inteligência não é inata, depende da riqueza de estímulos presentes no meio físico, social e cultural no qual a criança vive. O conhecimento e a inteligência são progressivamente aprendidos por meio do relacionamento que o ser humano constrói comparativamente a outras idéias e conhecimentos já adquiridos.

Nesta direção, para que se inicie o prazer pela leitura, é preciso que em casa,

no ambiente familiar, haja uma interação com a leitura, de maneira que desperte na

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criança esse gosto tão necessário e importante. Na escola não deve ser diferente, a

partir das primeiros anos por diante.

Visto que, o gosto pela leitura, o ato de ler se processa em longo prazo,

sendo assim, a família contribui de forma efetiva nessa formação, visto que no

interior desse âmbito há um espaço que se isenta de cobranças formais como a da

escola e que por sua vez pode facilitar o acesso à leitura.

Segundo Teberosky e Colomer (2003, p.19):

(...) já que a leitura e a escrita não são matérias exclusivamente escolares, convém que os familiares participem da alfabetização dos filhos e dos netos, ajudando-os nas práticas de leitura.

Com isso, o leitor construído na família tem um perfil um pouco diferenciado

daquele outro que teve o contato com a leitura apenas ao chegar à escola. O leitor

que possui o estímulo com a leitura já no âmbito familiar demonstra mais facilidade

em lidar com as representações sociais, compreende melhor o mundo no qual está

inserido, além de desenvolver um senso crítico mais cedo.

É sabido que existem vários fatores que acabam prejudicando o estímulo da

leitura no âmbito familiar. Não são todas as famílias, que possuem o acesso ao livro;

não posssuem recurso para aquisição de livros. Alguns pais não tiveram a

oportunidade em ir para a escola, tiveram que trabalhar muito cedo, por esse motivo

não aprenderam a ler, nem escrever e isso acaba deixando-os sem saber lidar com

a situação e como motivar seus filhos.

Mas, mesmo que os pais não saibam ler, é importânte que eles incentivem os

seus filhos, para tal ato, de maneira que a criança perceba o valor da leitura e o

quanto os pais se preocupam com o seu futuro. Os pais devem mostrar interesse,

contando histórias orais para seus filhos, perguntando a eles que tipo de livors

gostam, qual foi a leitura feita na escola e se há tal estimulo na instituição.

Para que esse prazer possa ser partilhado em torno da leitura, a família pode

procurar um bom livro em uma biblioteca, comprar livros, revistas ou jornais, gibis.

Tudo que leve uma criança à ter prazer pela leitura é bom fazê-lo, para que aprecie

desde pequena, caminhando assim, cada vez mais a uma prática pazerosa, na

construção de um pensamento crítico (sem contar que através disto, levará a uma

aproximidade maior entre pais e filhos).

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Portanto, o prazer pela leitura torna-se cada vez mais beneficiado com a

ajuda da família. A leitura que os pais fazem ao tornarem uma atividade significativa

regular em suas casas, eles estão dando condição para a formação do gosto de ler

em seus filhos. É como se a família plantasse a semente da leitura e a escola a

cultivasse.

Entretanto, nem todas as famílias têm como proporcionar o acesso das

crianças aos livros, quando não tem condições de auxiliar seus filhos no trabalho

com a leitura, assim como, não têm isso como uma prioridade. O incentivo deve

partir do ambiente escolar, pois, talvez, essa seja a única fonte de acesso ao mundo

dos textos escritos de muitos alunos, aumentando o compromisso da escola em não

podar na missão de ensinar a ler.

É o que afirma Cunha (2008, p. 54), no livro Retratos da leitura no Brasil:

“esse vínculo natural entre escola e leitura torna-se imprescindível num país com as

desigualdades sociais nos níveis existentes em nosso país, onde a família não

exerce o papel de primeira e mais importante definidora do valor da leitura”.

Neste caso, cabe a escola realizar esse papel fundamental no incentivo à

leitura. A realidade brasileira nos mostra que o acesso de grande parte da população

aos livros é muito limitado, em alguns casos não existe recursos para adquirir livros.

Então, cabe à escola surprir essa falta, oferecendo bibliotecas e salas de leitura.

Neste sentido, toda a equipe escolar passa a desempenhar um papel

fundamental, pois é neste espaço onde se promove os saberes fundamentados e

considerados importantes de serem construídos e reproduzidos.

Mesmo que nos dias atuais, onde vivemos em um mundo globalizado,

cercado de avanços tecnológicos, em que as crianças têm acesso ao conhecimento

de forma rápida, que é proporciado a elas pelos diferentes canais meios, a leitura

deve prevalecer.

Neste sentido, a leitura trabalhada na escola para que se torne interessante.

Diante de todos esses aparatos tecnológicos, precisa que ser desenvolvida de forma

significativa aos alunos. Isto é, que seja prazerosa e estimulante, e mais importante

ainda, é que os textos trabalhados na escola estejam condizentes com a realidade

deles, propiciando deste modo, sua formação enquanto leitores.

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É neste ambiente, em que deve ser incentivada a ação de ler, para que

assim, possa se construir a concepção da importância da leitura e do prazer de ler,

visto, que a escola possui o papel de despertar a curiosidade nas crianças.

Freire afirma que:

(...) o processo da alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de ele necessitar da ajuda do educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador, anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem. (FREIRE, 1992, p.28,29).

Com isso os educadores devem estar cientes que a partir do momento em

que os alunos se inserem no processo escolar, devem desenvolver a capacidade e o

gosto pela leitura entre os alunos.

O desenvolvimento de interesses e do prazer em ler a ajuda do professor é

extremamente necessária, tendo a todo o momento o cuidado para não romper o

interesse da criança por brincadeiras: deve-se criar ligações entre leitura e

brincadeira.

Para Cagliari (1995), a atividade mais importante que serve de âncora para as

demais desenvolvidas na escola é a leitura, pelo fato da ligação da mesma com tudo

que é ensinado no espaço escolar.

Continuando, Cagliari (1995) fala muito da leitura pelo prazer de ler. Segundo

ele, a criança que se interessa pela leitura consegue resolver uma série de

dificuldades enfrentadas em sala de aula. Precisamos considerar que a função da

escola não é apenas de ensinar ler a palavra, a frase, o texto, mas proporcionar à

criança um contato diário com a leitura, levando-a fazer o uso dessa leitura em suas

práticas sociais.

Segundo Solé (1998), o processo que envolve o desenvolvimento da leitura

envolve a linguagem em sua totalidade, como o falar, o ouvir, o sentir, o escutar, o

escrever, pois a criança vivencia em seu cotidiano todas essas linguagens que

elencarão seu aprendizado convencional da leitura.

Solé (1998) continua referindo-se também que à criança que participa de

atividades conjuntas com a família e na escola (elaborar a lista de compras, ler bula

de remédio, ler receita de bolo, contar história, ler comunicado da escola, cantar no

chuveiro, ler outdoor, placas de ruas etc.), é propiciada a formação de leitor.

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Assim, as situações de desenvolvimento da leitura acontecem

concomitantemente em casa, na escola e em todo o seu contexto social, mas vale

ressaltar que é na escola que tem que acontecer a sistematização dos saberes que

o aluno traz.

Cagliari (1995) diz que ninguém lê sem um motivo; a criança principalmente

precisa de motivação para o exercício desses atos. Nem todos veem sentido para a

leitura, pois essa pretensão depende também do contexto socioeconômico e cultural

no qual o aluno está inserido.

Sob os diversos pontos de vista, há uma concordância: a educação escolar

precisa proporcionar momentos prazerosos de leitura que envolve todo o âmbito

familiar e social em que o aluno está envolvido, fortalecendo a formação de um

sujeito crítico e reflexivo; pois é necessario que as ações do professor em sala de

aula satisfaçam as necessidades existente do aluno, considerando-o participante

ativo do seu processo de aprendizagem.

Neste processo de leitura, a escola precisa oferecer aos educandos inúmeras

oportunidades para que os alunos aprendam a ler usando os procedimentos que os

bons leitores utilizam. É preciso a partir do contexto real de conhecimento que o

aluno possui, prosseguir para outras realidades.

Segundo Amarilha (2006): “(…) se a escola é o lugar da polêmica, da

problematização como se aspira que seja, então esperamos que faça com que as

crianças se confrontem com os personagens e ganhem, assim uma educação leitora

crítica.” (p.66)

É necessário interagir com a diversidade de textos escritos. Essa diversidade

de textos inclui livros, revistas, panfletos, rótulos, receitas, revistas em quadrinhos,

bulas, poesias, músicas, a literatura infantil e outros mais que despertem a

curiosidades dos alunos.

Nessa direção, com relação ao gênero poesia Amarilha (1994), em sua

pesquisa: “O ensino de literatura: as respostas do aprendiz”, a autora constatou que

90% das crianças da investigação afirmaram gostar de poesia. Em detrimento, outra

pesquisa da mesma autora averiguou que metade dos professores investigados

utilizava preferencialmente o gênero informativo. Diante disso, propõe-se uma

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proposta pedagógica que insira, no cotidiano escolar, a diversidade de gêneros, de

forma a tornar ampla e significativa a formação leitora desses indivíduos.

Referente aos tipos de leitura Amarilha (2006) aborda que: “ A leitura dos

clássicos contos de fadas, sem dúvida, abre possibilidades para o fascínio, o

fantástico, ao fausto e à nobilidade.” (p. 67)

Despertando o prazer da leitura, os alunos sentirão necessidade de ler fora

dos muros da escola, buscando despertar em seus anseios a resposta para tal, e

por fim construir seus próprios conhecimentos de uma maneira mais crítica em

relação à sociedade em que reside, tornando-os verdadeiros cidadãos conscientes

de seus atos.

O papel que a escola exerce deve fugir da concepção de uma mera

transmissora de conhecimentos. Onde na maioria das vezes, os estudandes são

obrigados a ler e não a pensar, a ler o que querem que leiam, sem refletir

criticamente sobre o que se ler. A escola da Pedagogia Bancária tenta nos “moldar”

para repetirmos tudo o que os outros falam. Não sendo permitido falar o que

pensamos, como se o que pensamos fosse errado.

Não fomos ensinados a pensar, a refletir, analisar, apenas a repetir o que as

escolas tradicionais querem ouvir. Neste sentido, vem a afirmação de que o aluno

não sabe, mas sim o professor é aquele que é o detentor de todo o conhecimento.

A escola que busca a autonomia do aluno, precisa apropriar-se de práticas

pedagógicas que possibilitem aos estudantes e aos docentes, a utilizar a leitura não

a paritr da repetição do pensamento de outros, mas sim, através da construção do

seu próprio pensamento, com uma leitura dialógica, com espaço para a troca de

interpretações entre os leitores e autores, pois, a leitura deve ser diálogo e não

monólogo.

Para que isso, o exemplo do professor leitor é essencial. É através do seu

exemplo e da sua imagem que influenciam as crianças, pois professor que lê, que

gosta de livros, que sente prazer na leitura e a incentiva, consegue, mais facilmente,

estimular seus alunos a experimentarem a aventura que cada texto possibilita. Elas

se identificam com o seu professor, sem dúvidas, se o professor mostrar que gosta

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de ler, o desenvolvimento da leitura em sala de aula e provavelmente fora dela, será

favoravelmente influenciado.

A leitura, nessa perspectiva, torna-se um precioso meio de se incentivar a

prática da reflexão no aluno, sujeito-leitor que atua na realidade em que se encontra

inserido. Neste sentido, a importância do professor em ser um leitor ativo e crítico,

Lajolo enfatiza que,

Se a relação do professor com o texto não tiver um significado, se ele não for um bom leitor, são grandes as chances de que ele seja um mau professor. E, à semelhança do que ocorre com ele, são igualmente grandes os riscos de que o texto não apresente significado nenhum para os alunos, mesmo que eles respondam satisfatoriamente a todas as questões propostas. (LAJOLO, 1986, p. 53)

Contudo, um professor-leitor aumenta a oportinudade de motivarr seus

alunos a também serem bons leitores. Visto que, a importância do papel do

professor diante dos seus alunos e o compromisso social que o profissional da

educação tem em suas mãos.

Para que aconteça de maneira espontânia, o professor deve organizar um

ambiente para que possa pôr os livros, que seja aconchegante e no qual as crianças

possam manipulá-los e lê-los; deixá-las levar o livro para casa, para que possam ler

junto com seus familiares. E não simplesmente pedir para que o aluno leia e

preencha lacunas nos livros de acordo com a leitura lida, pois, isso é bem diferente

do que envolvê-lo significativa e democraticamente nas situações de leitura, a partir

de temas relevantes.

Algumas práticas mecânicas, nas escolas, contribuem para afastar os alunos

da leitura, formando assim, o não-leitor, afastando-o do ato de ler. Isso acontece

quando o aluno é obrigado a ler para fazer exercícios, provas, trabalhos etc. Ele

passa a ver a leitura com uma obrigação, com uma tarefa enfadonha e repetitiva.

Este passa a reproduzir a leitura sem se permitir fantasias, sonhos e reflexões sobre

o que está lendo.

Nesse sentido, Kleiman (1999, p.30) cita que:

[...] O contexto escolar não favorece a delineação de objetivos específicos em relação a essa atividade. Nele a atividade de leitura é difusa e confusa, muitas vezes se constituindo apenas em um pretexto para cópias, resumos, análises sintáticas, e em outras tarefas do ensino da língua.

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Neste sentido, o trabalho mecânico, realizado com a leitura na escola, ao

invés de desenvolver as capacidades do leitor, as impossibilitam, as vetam. A

Escola, por muitas vezes, elimina literalmente no aluno, o prazer pela leitura na

medida em que os mecaniza e didatiza. Ler deixa de ser um estímulo e passa a ser

uma obrigação. O gosto por ouvir, ler, contar e escrever histórias nem chega a

nascer e já vai sendo apagado, negado e esquecido.

Com isso, subentende que formar um leitor competente é instruir alguém que

compreenda o que lê. Que possa aprender a ler também o que não está escrito,

identificando elementos implícitos e seja capaz de estabelecer as relações entre o

texto que lê e outros textos já lidos, compreendendo que diversos sentidos podem

ser atribuídos a um texto; conseguindo justificar e validar a sua leitura.

A leitura é, portanto, um problema de todos, passa pela família, pela escola,

pela biblioteca, pela comunidade e pela sociedade, não pode ser considerada um

presente do Estado, posto que seja um direito de todos os cidadãos (BRASIL, 1998).

Enfim, é necessário que os professores estejam atualizados e desenvolvam

ações educativas que priorizem a formação de leitores, que as famílias

proporcionem aos filhos uma relação saudável com o material letrado, que as

políticas públicas educacionais também proponham e desenvolvam metodologias

participativas, visando assim, a consolidação dos processos de ensino e

aprendizagem voltados para a formação de leitores e cidadãos críticos, produtivos e

participativos.

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4. A CONTRIBUIÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR PARA O INCENTIVO DA

PRÁTICA À LEITURA.

Ao referir sobre a escola não podemos esquecer de um de seus espaços,

denominada por “Biblioteca” ou “Sala de Leitura”. Lugar este, onde as práticas de

incentivo de leitura deveriam estar em pleno contato.

A biblioteca escolar: Possui a função educativa e cultural. A primeira auxilia a ação do aluno e a do professor e, a segunda complementa a educação formal, ao oferecer possibilidades de leitura, colaborando para que os alunos ampliem os conhecimentos e as idéias acerca do mundo, além de incentivar o gosto pela leitura na comunidade escolar (RIBEIRO 1994, p.61).

Em nossa cultura popular sempre cativamos a figura do contador de histórias:

a avó, a mãe, o tio, enfim. Alguém que narrava os fatos cheios de sentimento, de

fantasia. Contudo, nos dias atuais, com o tempo dedicado às tecnologias e ao

trabalho, o novo estilo de vida familiar foi colocando no esquecimento dessa prática

tão importante para a formação do ler e pensar o mundo.

Mas é preciso que antes que a criança comece a ler, que ela escute histórias,

pois a palavra falada é um agente construtor das funções da mente porque é o início

da aprendizagem para que a pessoa seja um leitor, visto que, antes de existir a

biblioteca, a aprendizagem ocorria pelo ouvir e hoje ocorre pelo ouvir e ler.

Desta forma, a biblioteca escolar visa favorecer a criança à desenvolver o

gosto pela leitura, pois, esse espaço dá oportunidade aos que a frenquetam possam

ter uma grande variedade de materiais em vários auxílios, no qual as crianças

podem ter a liberdade de escolher qualquer livro sem a intervenção direta do

professor. Tornando-se um local de encontro entre as crianças e os livros, onde a

prática da leitura pode ser desenvolvida de forma espontânea.

De acordo com Cunha (2008, p. 112):

A vida é uma gigantesca biblioteca com muitos livros que precisam ser abertos e lidos. Há livros bons e ruins. Os bons sempre deverão ser lidos. Os ruins, nem sempre conseguiremos evitá-los. A diferença, no entanto, estará na qualidade do leitor. De livros ruins, poder-se-ão reescrever boas histórias. É pela leitura que as crianças se vêem influenciadas pelos heróis, grandes homens que passam por inúmeras dificuldades e provocações, mas sempre vencem no final, causando-lhes admiração.

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No mais, para fazer com que o livro tenha seu valor e seu lugar, a biblioteca

faz-se um âmbito importante e fundamental, que pode contribuir para o gosto em ler

através dos livros.

Muitas vezes remetemos a biblioteca apenas para os leitores convencionais,

e esquecemos de proporcionar aos alunos que ainda não possuem esta habilidade,

mas que sabem ler as ilustrações de estimulá-los a estar em pleno contato com os

livros, para que com isto, tornem-se leitores antes de saber “ler.” Ou seja, é preciso

que os alunos possam se familiarizar e possuir o gosto em utilizar os livros, não

apenas na escola ou para fazer alguma atividade escolar obrigatória, mas para que

eles entendam que esta ferramenta também estar ligada ao prazer.

Referente às imagens presentes nos livros infantis, Amarilha (2004, p. 41)

afirma que "a ilustração contribui para o desenvolvimento de alguns aspectos do

leitor”. Ressalta que, por exemplo, a sua imobilidade “favorece a capacidade de

observação e análise" e que ela promove "uma rica experiência de cor, forma,

perspectivas e significados". Com isto, percebe-se a sua relevância no mundo

literário dirigido às crianças e à necessidade de prepará-las para interpretá-las com

capacidade e eficiência, usufruindo das múltiplas experiências que lhes propiciam.

Sendo assim, é necessário partir do entendimento de que a leitura não está

presa apenas às palavras, mas que é um processo de compreensão abrangente

destas e das imagens, que levam a ressaltar a necessidade e a importância da

formação, desde cedo, de leitores de imagens.

Com isto, este espaço se apresenta com um “leque” de opções para o leitor.

Despois da escolha feita, o leitor pode expressar seus interesses, necessidades e

gostos. A escolha por uma leitura e não por outra pode estar ligada ao tamanho do

livro, qualidade das imagens, número de páginas, coleções etc.

Infelizmente, a ausência da biblioteca existe, em muitas escolas da rede

pública do Brasil e quando possuem este espaço, não são exploradas como

deveriam. Muitas vezes são usadas como depósitos de livros, almoxarifados, salas

de vídeo, sem integrá-las ao projeto educacional da escola.

As referidas dificuldades não facilitam o acesso à biblioteca da escola, o que

traz muitos prejuízos a todos que compõe a comunidade escolar. O espaço da sala

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de leitura/biblioteca deveria ser o mais valorizado e utilizado na escola pelos alunos

e que este tem papel primordial para a formação dos leitores que possuem uma

relação íntima, contínua e de prazer, com a leitura.

Isso acontece, por não existir um profissional qualificado para conduzir uma

biblioteca escolar. A realidade encontrada neste espaço é de um professor que está

prestes a se aposentar ou por motivos de saúde não se encontra apto a estar em

sala de aula. Neste sentido, foi transferido para a biblioteca.

Isso reflete em uma imagem negativa desse profissional que se encontra

desestimulado, que está atuando num ambiente que não faz parte da sua área de

habilitação.

Nessa perspectiva, os alunos quando frequentam a biblioteca e se defrontam

com um professor com uma atitude tradicional, com isso, os estudantes ficam

constrangidos de utilizar os livros para fazer as suas leituras, apresentam um certo

receio e com isto, acabam se afastando daquele espaço.

É importânte que a biblioteca seja utilizada como objeto de interação, entre os

alunos e o livro, e que os professores mostrem que a biblioteca escolar pode levá-

los ao mundo mágico dos livros, para que sintam-se atraídos por ela e venham

desenvolver cada vez mais, o gosto pela leitura.

Contudo, a biblioteca escolar deve ser vista como local de incentivadora do

saber, um lugar de prazer, em que o aluno se torne um leitor, sem cobranças ou

avaliações de leitura. ela torna-se um espaço ativo da aprendizagem e

conhecimento, visto que, serve como um espaço de busca pela satisfação de leitura,

local de informações, de literatura e conhecimento, onde os alunos podem encontrar

materiais (livros) para complementar sua aprendizagem e desenvolver sua

criatividade, imaginação e senso crítico.

Portanto, é importânte que o profissional deste ambiente, seja ele professor

ou bibliotecário, obtenha o olhar em utilizar a biblioteca como um lugar prazeroso,

dinâmico, descontraído, de maneira que os alunos sejam beneficiados em utilizá-la,

pois a biblioteca possui o papel (se utilizada adequadamente) de colaborar nas

atividades de ensino-aprendizagem, transformando os alunos em cidadãos críticos e

criativos, além de leitores natos.

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5. LEITURA SOBRE UM OLHAR PARA OS DOCUMENTOS OFICIAIS.

Em relação a prática da leitura, os Parâmetros Curriculares Nacionais

(BRASIL, 1998, p. 40) afirmam que “o trabalho com a leitura tem como finalidade a

formação de leitores competentes”.

Esses momentos de leitura devem levar os alunos a sentirem prazer em ler. E

essa boa leitura deve se dar através de bons livros. Livros esses que estimulem sua

imaginação, as levem a criar, a mergulhar num mundo de fantasias, auxiliando no

processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento cognitivo.

É importante que tenhamos a compreensão de que a leitura é um processo

que se inicia antes do contato com o texto e vai além dele. O RCNEI mostra que:

[..] ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidade associadas às quatro competências lingüísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (RCNEI, 1998, p. 117).

Pelas recomendações dos PCNs (1998), no aprendizado inicial da leitura, a

primeira abordagem a ser excluída é aquela que vê a leitura simplesmente como

decodificação de códigos. Por causa dessa formação deficitária, temos milhares de

leitores que apenas sabem decodificar qualquer tipo de texto, porém não atribuem

nenhum sentido a eles.

O documento nos mostra que a leitura possui uma função de extrema

importância no ensino-aprendizagem dos alunos, uma vez que a partir do

desenvolvimento da sua competência leitora esse aluno poderá tornar-se proficiente

em todas as disciplinas.

O PCN (1998) afirma que: “A leitura, como prática social, é sempre um meio,

nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal” (p. 57).

Essa afirmativa discute a importância da leitura para o desenvolvimento cognitivo e

social dos indivíduos. É através da leitura que se forma o cidadão e se compreende

melhor o mundo.

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A Lei n.º 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB

(1996, p. 4), apresentando as finalidades da educação, diz e, seu título II – Dos

Princípios e Fins da Educação Nacional que: “A educação, dever da família e do

Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,

tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para a

cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

Voltando-se para um processo educacional que foque no preparo para a

cidadania, enunciado pela LDB, não se pode esquecer a questão da leitura,

comtemplando-a como um instrumento capaz de contribuir para a formação do

cidadão/leitor qualificado e consciente de seu papel na sociedade. Para os PCN

(2001, p. 54):

Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os textos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua, que consegue utilizar estratégias de leitura adequadas para abordá-los de forma a atender essa necessidade.

Com isso, temos a leitura como construção de sentidos. Os PCNs em um

trecho dizem que:

A Leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção de significados do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o leitor, de tudo o que se sabe sobre a lingua: caracteristicas do gênero, do portador, do sistema de escrita: decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser construidos antes da leitura propriamente dita. Qualquer leitor experiente que consegue analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas um dos procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente envolve uma série de outras estratégias como seleção, antecipação, inferência e verificação, sem as quais não é possivel rapidez e proficiência. (PCNs, 1998. p, 69-70).

Nessa perspectiva permite-nos dizer que o leitor competente é aquele que é

capaz de selecionar e utilizar-se dos mais variados textos que circulam socialmente

e que consegue entender o que ler.

Segundo os PCN’s (1998), um leitor competente é aquele que, por iniciativa

própria, é capaz de selecionar as leituras que podem atender a uma necessidade

sua e que conseguem utilizar estratégias adequadas para abordá-la de forma a

atender a essa necessidade.

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O RCNEI (1998, p.6) tem como objetivo apresentar uma sugestão de releitura

dos objetivos da área de linguagem escrita e oral e o que é importante nisso é a

retomada da visão do professor: a mudança de comportamento de seus alunos para

aprendizagem. A importância de reformulá-los descrevendo em forma de

comportamento-objetivo delineando para seu aluno, podendo replanejá-los se for

necessário.

É nesse planejar que a leitura e releitura, em suas diversas formas do conto,

principalmente os clássicos, pode ser trabalhada junto aos seus alunos, abordando o

domínio da linguagem, em diversas circunstâncias, nas quais as crianças podem

perceber a função social que ela exerce e assim desenvolver as diferentes

capacidades.

É de suma importância que esta habilidade seja estimulada desde cedo,

através da oralidade. Ainda o RCNEI, 1998 aborda que:

A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (BRASIL, 1998, p.17).

Com isso, para que seja estimulado esse gosto pela leitura, cabe ao professor

pensar em estratégias que os motivem a descobrir a importância e o significado que

a leitura possui na formação consciente do ser humano em relação à sua realidade.

Sobre essa importância os PCNs nos orientam:

É preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem que verifiquem suas suposições tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao significado (BRASIL, 1998, p. 70).

Assim, o professor como mediador de conhecimentos pode transformar a sua

sala de aula num espaço de descobertas e construção de conhecimentos,

contribuindo para a formação de pessoas críticas e participativas na sociedade.

Conclui-se, que o processo de ensino e aprendizagem significativa ocorre

quando há uma mudança de fato, quando se compreende o conhecimento como um

processo dinâmico, de interações, ou seja, através trocas de conhecimentos, entre

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os envolvidos neste processo, para estejam a fim de garantir os parâmetros

educacionais nos aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais, atrelando a

organização em que está inserido, seja os alunos, em seu contexto social e escolar.

Portanto, na visão destes documentos, com relação à formação de bons

leitores, a leitura deve se encontrar como prática essêncial no processo de ensino-

aprendizagem do aluno, pois torna-se elemento indispensánvel para que o aluno

possa desenvolver uma boa competência leitora, para uma formação do leitor crítico

e ativo na sociedade.

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6. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa, fazendo uso de um estudo

empírico, realizado em uma escola pública de Natal, onde realizamos coleta de

informações para serem descritas e analisadas e a observação do ambiente escolar,

afim de uma compreensão mais apurada do problema que está sendo estudado.

A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semi-estruturada.

Confrme os autores Ludke e André (1986), a entrevista semi-estruturada, representa

um dos instrumentos básicos para a coleta de dados, dentro da perspectiva de

pesquisa qualitativa em educação. “A entrevista semi-estruturada se desenrola a

partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente, permitindo que o

entrevistador façaas necessárias adaptações.” (Ludke e André 1986. p.34)

Segundo Bogdan e Biklen (1982, apud Ibíd. p.13):

A pesquisa qualitativa ou naturalística envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes.

As etapas da pesquisa foram a observação, aplicação do questionário,

análise documental e bibliográfica. Estes foram considerados o mais adequado para

o conhecimento e compreensão do problema que está sendo pesquisado.

6.1 SUJEITOS E LOCAL DE PESQUISA

A escola selecionada para a coleta de dados (entrevista e observações)

pertence à rede pública do Natal-RN, situada na zona norte. A escola atende apenas

ao ensino fundamental l, sendo que no período da manhã estão as turmas dos 1° ao

3° anos, e no turno vespertino as do 4° e 5° anos. A turma observada foi do 1° ano,

com alunos de aproximadamente 5 a 6 anos em período de alfabetização. As

observações ocorreram no período da manhã, em dez encontros de quatro horas,

totalizando 40 horas.

A coleta de dados foi realizada através de entrevista semi-estruturada, com

duas professoras, nas quais serão chamadas, nesta pesquisa, de professora 1 e

professora 2, a fim de revelar qual são as concepções das mesmas sobre a relação

da prática da leitura.

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As referidas entrevistas foram escritas e estão anexas a este trabalho. Cabe

lembrar que a análise dos dados levou em consideração tanto a fundamentação

teórica, previamente exposta, como as respostas dadas pelas professoras

entrevistadas e a realidade observada na escola e em sala de aula.

Portanto, as entrevistas para as docentes da turma do 1º ano do ensino

feundamental, são constituídas por quatro questões, todas elas abertas, que

permitem ao entrevistado responder livremente, usando linguagem própria e

emitindo opiniões, cujo objetivo é revelar quais práticas desenvolvem as professoras

em suas atividades com leitura.

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7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS (observação e entrevista).

Para se ter um diagnóstico reflexivo, que represente a realidade dos

educandos, toda a análise tomou como base as informações obtidas nas

observações, nas questiões/entrevistas e nos relatos dos professores. Ressaltamos

que o estudo propõe-se a revelar o lugar que a habilidade da leitura ocupa no

processo de construção da aprendizagem, de forma prazerosa e significativa para os

alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Diante das respostas obtidas, percebe-se que as professoras foram bem

sucintas, respondendo superficialmente a cada pergunta feita, mas foi possível

observar que, para elas, a leitura é fundamental no cotidiano dos alunos.

Quando questionadas a respeito de “qual recurso didático pedagógico, você

usa para despertar o gosto pela leitura em seus alunos,” ambas professoras

informaram as diversidades de procedimentos utilizados por elas, para que com isso

ocorra um bom avanço da prática leitora com a utilização de diversos recursos.

Em sua resposta (anexo) a professora 1, volta-se mais para a linguagem oral,

com o cantinho da leitura, contação de histórias com ou sem o livro, ela também

procura estimular os alunos para esta habilidade de forma mais lúdica, através de

fantoches. Já a professora 2, parte para o estímulo da leitura, para uma diversidade

de gêneros textuais. Sobre estas diversidades nas práticas das professoras, os

PCN’s chamam a atenção para a maneira como são apresentadas as diferentes

práticas de trabalho com a linguagem, cujo objetivo é desenvolver no aluno:

O domínio da expressão oral e escrita em situações de uso público da linguagem, levando em conta a situação de produção social e material do texto (lugar social do locutor em relação ao(s) destinatário(s); destinatário(s) e seu lugar social; finalidade ou intenção do autor; tempo e lugar material da produ- ção e do suporte) e selecionar, a partir disso, os gêneros adequados para a produção do texto, operando sobre as dimensões pragmática, semântica e gramatical (1998 p. 49).

Neste sentido, em torno da prática das docentes, é possível percerber aulas

destintas, mas que são bem diversificadas, que trazem toda uma construção e

fundamentação neste processo de aquisição da leitura. As estratégias que as

professoras utilizam possuem variados gêneros textuais, como também abordam

assuntos relacionados ao cotidiano dos alunos.

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Intercalando as entrevistas com as observações, vale ressaltar as estratégias

desenvolvidas pela escola a respeito do estímulo da prática de leitura, na qual

responde o primeiro objetivo específico dessa pesquisa. São estratégias em torno da

leitura na escola, na qual pude observar durante as visitas, a expemplo: cada sala

de aula é conhecida por um nome de algum autor literário, como: Cecília Meireles,

Ana Maria Machado, Câmara Cascudo, entre outros. A biblioteca tem por nome:

Monteiro Lobato. A partir dessas estratégias os alunos vão se familiarizando com

este mundo literário, o mundo da leitura.

A escola também possui alguns projetos voltado à leitura, como o “Recreio

Literário,” outro bem interessante que chama-se: “Primavera Literária,” no qual, teve

a participação do autor José de Castro. A equipe da escola, juntamente com os

alunos, realizaram uma homenagem ao autor, recitando seus poemas e desenhando

sua caricatura. Esse projeto já se encontra em sua 4ª edição.

Essas práticas desenvolvidas pela escola, vem a confirmar a importância da

mesma no incentivo em torno dessa habilidade, que é a leitura. É de grande

importância fazer da escola um ambiente que incentive os alunos à prática da

leitura, através de métodos que auxiliem o objetivo de se fazer alunos leitores,

reflexivos e críticos. Como também, é respondida na terceira pergunta do

questionário pela professora 2, onde ela diz que a escola possui um papel essêncial

de estimular os alunos para o gosto pela leitura, no entanto não são todos que

possuem essa oportunidade.

Esses projetos, juntamente com as estratégias das professoras fazem com

que os alunos soltem a imaginação. Na segunda questão da entrevista a professora

2 enfatiza que soltar a imaginação, estimular a criatividade, ampliar o vocabulário e

etc. são contribuições da leitura para o aluno.

Segundo FERREIRA (1975, p. 918) “Imaginar é construir ou conceber na

imaginação; fantasiar, idear, inventar; é o ilusório; o fantástico. Imaginação: é a

faculdade que tem o espírito de representar imagens. Imaginário: é o que só existe

na imaginação”.

Portanto, ler garante a riqueza da vivência narrativa logo os anos iniciais e

contribue para o bom desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua

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imaginação, que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “A imaginação é

um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”

Outros pontos que chamaram atenção foram as respostas dada à quarta

questão, onde ambas professoras responderam sobre a ausência e a importância do

acompanhamento da família no desenvolvimento do processo de apredizagem dos

alunos, referente a leitura. Este levantamento só confirma a real importância que a

família possui neste processo de ensino-aprendizagem e quanta força ela exerce na

formação do aluno, para que haja uma boa integração com a escola, tornando assim

de fato uma aprendizagem significativa.

De acordo com Raimundo (2007, p.111):

Dentro do seio familiar a leitura é mais leve, prazerosa, criando um vínculo maior entre pais e filhos, num primeiro momento com a observação das ilustrações dos livros lidos pelos pais, com a audição de cantigas de ninar, de histórias para dormir, até que a criança se sinta com vontade de retribuir e contar ou ler suas próprias histórias.

Portanto, a família é a primeira estrutura social em que a criança se

desenvolve. É no seio da família que a criança inicia a sua socialização. A mediação

realizada pela família é de extrema importância, pois o incentivo ao contato com o

livro deve acontecer de forma a proporcionar prazer e alegria; por esse motivo a

afetividade existente nessas relações é muito valiosa.

Conclui-se que as respostas das professoras, quando tratam a respeito da

leitura como um elemento fundamental para o desenvolvimento do aluno, são bem

condizentes em suas práticas. Pode-se observar que suas aulas são bem

planejadas, onde existe um incentivo pela leitura. O que sentimos falta foram de

atividades lúdicas, dentro da sala de aula. Este tipo de atividade é mais frequente

em datas comemorativas.

A leitura é de suma importância para a formação do indivíduo, devendo fazer

parte da vida de todos para que seja possível a interpretação de mundo, além do

mais, deve ser realizada com prazer para despertar o interesse por ler cada vez

mais.

Por fim, esta prática de leitura de maneira significativa, é uma excelente

opção para motivar o aprendizado dos alunos, mas sabe-se que não depende

somente dos professores para que tais mudanças aconteçam. É preciso que a

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escola e família se mobilizem, para que os professores tenham a oportunidade de

diversificarem suas aulas e não estarem presos a uma grade de conteúdos que tão

somente ensina o básico e deixa passar o que pode realmente trazer significado ao

aluno, oferecendo-lhe a oportunidade de sentir prazer em ler, e com isso, formá-lo

um leitor competente, como também, tornar-lo um cidadão crítico e gerador de

opinião através dessa habilidade leitora.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Refletindo de forma crítica sobre a pesquisa realizada, através do estudo das

diversas bibliografias sobre a prática da leitura, pude refletir o quanto esta prática é

importante para a formação do indivíduo e o quanto esse ato reflete na sociedade e

quanto deve fazer parte da vida de todos para que seja possível a interpretação de

mundo, além do mais, deve ser realizada com prazer para que assim possa

despertar cada vez mais o interesse por ler.

Seja no âmbito escolar ou familiar, o gosto pela leitura é adquirido a partir de

estímulo e a maneira como é desenvolvida colabora para com a prática significativa,

onde teremos alunos que, com uma linguagem muito mais ampla e valiosa, torna-se

parte da sociedade, podendo participar e argumentar, mostrando a força da palavra

quando se tem leitura e conhecimento.

Mas, para que isto ocorra é preciso entender que ler não é um ato mecânico

de decodificação, como foi abordado nesta pesquisa com referência de grandes

estudiosos da área. É muito mais que isso. Este ato, estabelece relações dentro de

determinados assuntos, contextos, de vivências de mundo. Não são frases ou

palavras soltas, sem sentido, sem comprrensão. Ler é um ato complexo que exige

interação, é ir e voltar pelo texto, não é tão somente passar os olhos por cima das

gravuras e palavras. É indiscutível que a leitura e a escrita requerem atos: o de

pensar, o de exercitar, de refletir, além da emoção e do prazer.

Com base nas entrevistas e observações de aula realizadas, foi possível

constatar que existe uma intenção por parte dos professores em trabalhar a leitura

através de atividades que desenvolva essa capacidade. Porém, nem sempre tais

intenções são realizadas com o objetivo apropriado. Ou seja, ainda está muito

presente a questão da cobrança da leitura como prática meramente avaliativa e não

como forma de interação, reflexão e formação de opinião.

Para que boas práticas aconteçam, serão necessárias condições de trabalho

para a formação de bons leitores como: as escolas precisa dispor de boas

bibliotecas com o acervo atualizado de livros, que a família esteja em plena

comunhão e participação com a escola, que os alunos se sintam motivados para ir

em busca de práticas leitoras. Nessa perspectiva, é responsabilidade tanto da

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escola como da família a função de contribuir para o desenvolvimento e do gosto

pela leitura.

A escola, depois da família, deve assumir um papel relevante como

mediadora entre o aluno e a leitura, devendo continuar a ampliar e sistematizar o

processo iniciado no ambiente familiar, na formação do gosto pela leitura. Esta

habilidade é um dos objetivos fundamentais da atividade escolar, a qual possibilita

que o aluno entre em contato com inúmeras informações e conhecimentos. Com

isso o professor exerce um papel importante nesse processo através do incentivo da

leitura, dentro e até mesmo fora da escola.

Acredito que essa discussão possibilita uma reflexão das práticas

pedagógicas no desenvolvimento da prática da leitura, na formação do aluno leitor,

contribuindo para a valorização de um trabalho voltado para a formação do cidadão,

do ser social. Em meio a tantos desafios no âmbito escolar, o que mais se nota é a

dificuldade de leitura do aluno em questão.

Esta pesquisa teve como base grandes autores, que contribuíram para o

desenvolvimento de forma significativa para este projeto. Com isso, pude

compreender que o desenvolvimento da leitura como prática significativa ao aluno,

parte da realidade em que se encontram.

Através desse estudo pude averiguar que a falta de interesse pela leitura tem

vários desacertos que podem ser solucionados tendo em vista que o professor é o

mediador do aluno e é capaz de conscientizar e incentivar seus educandos para a

prática da leitura significativa.

Portanto, a escola e seus respectivos professores servem como modelo de

leitores para os alunos, por isso devem permitir e motivar que ele leia,

proporcionando aproximações dos educandos a este conhecimento. Faz-se

necessário que a escola, professores e pais estabeleçam uma proposta de incentivo

à leitura na vida diária do aluno, a fim de que encontre o meio de obter o

conhecimento, as informações, o prazer e o gosto pela leitura, possibilitando o

desenvolvimento de leitores competentes.

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Anexo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO – CURSO DE PEDAGOGIA 2016.1

DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO.

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM PROFESSORES SOBRE O TEMA:

A LEITURA COMO PRÁTICA SIGNIFICATIVA NA FORMAÇÃO DE LEITORES

NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

1) Qual recurso didático pedagógico, você usa para despertar o gosto pela

leitua em seus alunos?

Professora 1: “A leitura diária na rodinha; o cantinho da leitura; contação de hitória

com e sem livro; fantoches e visitas a biblioteca da escola.”

Professora 2: “Os mais variados possíveis, como: paradidáticos, gibis, cartazes,

panfletos, avisos escolares, textos dos livros didáticos, dentre outros…”

2) Em sua opinião, qual a importância que a leitura oferece para seus

alunos?

Professora 1: “Acredito que a leitura ou o gosto por ler auxilie considerávelmente

no processo de alfabetização.”

Professora 2: “Solta a imaginação, estimula a criatividade, amplia o vocabulário,

melhora a comunicação, ajuda a desenvolver o senso crítico, diversas situações

cotidiana e na construção de valores.”

3) Para você qual o papel da escola no ensino da leitura?

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Professora 1: “Essêncial, porque é através da convivência direta com o uso dos

livros e da literatura que a criança/jovem poderá adquirir o gosto pela leitura.”

Professora 2: “A escola tem o grande grande papel de estimular, e formar alunos

leitores para a vida oprtunizando a cada um com o contato dos diversos gêneros

textuais e demais textos do mundo letrado. Pois, muitas crianças, jovens e adultos,

não possuem oportunidade de ter acesso a diversos tipos de leitura.”

4) O que você opina sobre muitas crianças não se darem bem na

aprendizagem da alfabetização?

Professora 1: “ Existem vários motivos para isso ocorrer. Falta de trabalho com os

níveis da escrita; a questão dos sons das letras; o trabalho com a literatura de forma

significativa e um fator importantíssimo, o acompanhamento da família.”

Professora 2: “Falta de incentivo, estímulo e contato com leituras significativas;

aplicação de métodos ainda muito ultrapassdos no ensino da leitura por alguns

profissionais; ausência de um bom apoio familiar.”

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