A LIÇÃO DA RELVA
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Na paisagem, ela forma um tapete extenso e verdejante. Sobre Na paisagem, ela forma um tapete extenso e verdejante. Sobre ela passam os animais, que a pisoteiam. Alguns, famintos, ela passam os animais, que a pisoteiam. Alguns, famintos,
nela encontram alimento e, por isso, a arrancam nos dentes nela encontram alimento e, por isso, a arrancam nos dentes afiados. Ela continua serviçal, na função que a natureza lhe afiados. Ela continua serviçal, na função que a natureza lhe ofereceu. E trabalha, na intimidade da terra, esforçando-se ofereceu. E trabalha, na intimidade da terra, esforçando-se para recompor as falhas provocadas, tornando a aparecer para recompor as falhas provocadas, tornando a aparecer
exuberante sobre a terra.exuberante sobre a terra.
Quando atapeta praças esportivas, é comprimida por grande Quando atapeta praças esportivas, é comprimida por grande número de pés, mas prossegue em seu mister. Chutes mais número de pés, mas prossegue em seu mister. Chutes mais
fortes lhe arrancam pedaços, por vezes. Ela continua, operosa, fortes lhe arrancam pedaços, por vezes. Ela continua, operosa, a sua tarefa. Agredida pela canícula inclemente, ela se aquieta a sua tarefa. Agredida pela canícula inclemente, ela se aquieta
no sofrimento.no sofrimento.
Ressecada, prossegue na sua contribuição de cobrir grandes Ressecada, prossegue na sua contribuição de cobrir grandes porções de terra, transformadas em campos ou praças. porções de terra, transformadas em campos ou praças.
Pensam que ela morreu. Todavia, logo ventam as bênçãos da Pensam que ela morreu. Todavia, logo ventam as bênçãos da chuva, ela torna a reverdecer. Esquece, rapidamente, os chuva, ela torna a reverdecer. Esquece, rapidamente, os
sofrimentos e a secura, para sofrer tudo outra vez.sofrimentos e a secura, para sofrer tudo outra vez.
Vez ou outra padece à dilaceração da enxada, transferindo-se Vez ou outra padece à dilaceração da enxada, transferindo-se a outros lugares, replantando-a ou desprezando-a sobre o a outros lugares, replantando-a ou desprezando-a sobre o
monturo. De outra, passa pela poda da tesoura, a fim de mais monturo. De outra, passa pela poda da tesoura, a fim de mais de embelezar. É a imagem da humildade ativa.de embelezar. É a imagem da humildade ativa.
Notando esse quadro tantas vezes desconsiderado do relvado Notando esse quadro tantas vezes desconsiderado do relvado a se oferecer, apesar de tudo, miremo-nos nele à busca de a se oferecer, apesar de tudo, miremo-nos nele à busca de
lições.lições.
Da mesma forma que a relva, não nos deixemos desfalecer Da mesma forma que a relva, não nos deixemos desfalecer ante o pisoteio das experiências difíceis, ou o mordiscado das ante o pisoteio das experiências difíceis, ou o mordiscado das decepções, no caminho por onde sigamos. Quando a secura decepções, no caminho por onde sigamos. Quando a secura
das afeições, na forma de indiferença ou abandono, nos das afeições, na forma de indiferença ou abandono, nos alcançar, permaneçamos firmes.alcançar, permaneçamos firmes.
E renovemo-nos ante as bênçãos de outros corações que nos E renovemo-nos ante as bênçãos de outros corações que nos amam e oferecem apoio e consolo. Ao contato insano dos que amam e oferecem apoio e consolo. Ao contato insano dos que agridem nossos mais caros sentimentos, despedaçando-nos o agridem nossos mais caros sentimentos, despedaçando-nos o
coração, prossigamos.coração, prossigamos.
Como a relva, busquemos na intimidade as energias Como a relva, busquemos na intimidade as energias necessárias para reverdecer, realizando as tarefas que nos necessárias para reverdecer, realizando as tarefas que nos
competem, sem esmorecer. Trabalhemos em nós a humildade competem, sem esmorecer. Trabalhemos em nós a humildade e a paciência, sem deixar de servir.e a paciência, sem deixar de servir.
Os que hoje agridem passarão. Suas palavras, seus ataques, Os que hoje agridem passarão. Suas palavras, seus ataques, suas calúnias...tudo passará. Depois dos dias de frio, vento e suas calúnias...tudo passará. Depois dos dias de frio, vento e tempestade, sempre retornam as manhãs constantes de sol e tempestade, sempre retornam as manhãs constantes de sol e
as tardes quentes, ao sabor do vento passante.as tardes quentes, ao sabor do vento passante.
Iniciemos esforços para sofrer, sem nos desgovernarmos, nem Iniciemos esforços para sofrer, sem nos desgovernarmos, nem abandonar os deveres que nos competem. Não deixemos de abandonar os deveres que nos competem. Não deixemos de
servir porque a poda indevida nos alcançou, seja ela em forma servir porque a poda indevida nos alcançou, seja ela em forma de dores morais ou físicas. Sempre estejamos dispostos a de dores morais ou físicas. Sempre estejamos dispostos a
começar tudo novamente.começar tudo novamente.
E, se enfim, no sentirmos crestados por causa de tantas E, se enfim, no sentirmos crestados por causa de tantas esfogueantes agonias, contemos com a chuva formidável da esfogueantes agonias, contemos com a chuva formidável da
assistência de nosso Jesus.assistência de nosso Jesus.
Confiantes e dispostos, envolvidos nas benesses da sua Confiantes e dispostos, envolvidos nas benesses da sua atenção, preparemo-nos para despontar em novo amanhã de atenção, preparemo-nos para despontar em novo amanhã de
frescor e alegria, exatamente como a relva.frescor e alegria, exatamente como a relva.
Pensemos nisso! E não nos permitamos parar de crescer e Pensemos nisso! E não nos permitamos parar de crescer e servir porque alguém desavisado pisoteou nossas esperanças e servir porque alguém desavisado pisoteou nossas esperanças e nossos sonhos. Renovemo-nos sempre pela vontade de servir e nossos sonhos. Renovemo-nos sempre pela vontade de servir e
passar adiante, para que os que venham depois somente passar adiante, para que os que venham depois somente encontrem traços de luz por onde passamos.encontrem traços de luz por onde passamos.
Créditos:Créditos:texto: desconheço o autor texto: desconheço o autor
formatação: Nerivaldoformatação: Nerivaldoe-mail: [email protected]: [email protected]
música: Corazon Solitario (E.Cortazar) música: Corazon Solitario (E.Cortazar) data: 05.02.2007 data: 05.02.2007