A Lição Do Silencio

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Olá! Tudo bem com você? Não são poucos os e-mails enviados para o blog solicitando minha opinião a respeito do Método Montessori. Em vez de emitir um parecer sobre essa metodologia, resolvi compartilhar com você apenas uma lição muito eficaz, que aprendi recentemente com a doutora Montessori, por meio de algumas obras de H. Lubienska de Lenval. Trata-se de um exercício extraordinário, que tem me surpreendido a cada dia. Digo isso porque, há algumas semanas, comecei a empregá-lo na escola de minha mãe. E adivinhe? Já estou colhendo excelentes resultados! No livro A Educação do Homem Consciente, Lubienska destaca: “(...) A lição do silêncio tem uma importância capital, uma vez que o progresso da criança se mede pelo progresso do silêncio. Enquanto forem indisciplinadas, agitadas, dissipadas, não poderão assimilar grande coisa. Desde que se estabeleça a calma interior pelo esforço da vontade, tudo se ordena como os cristais num líquido saturado”. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 81) É notória a relação entre silêncio e o crescimento intelectual das crianças. Concentradas, o rendimento delas aumenta, uma vez que a inteligência encontra um caminho mais seguro para o conhecimento. Mas os benefícios da lição do silêncio não param por aí. De início, é importante entender que a lição do silêncio não tem como finalidade fechar a boca das crianças. Pelo contrário, ela “exige uma verdadeira tensão da vontade, que se vê obrigada a vigiar os pés, as mãos, o pescoço, a boca, os olhos, e até a respiração, para não mexer sequer um cabelo” (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 82-83). Com o passar do tempo, você também perceberá mudanças na forma

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Olá!

Tudo bem com você?

Não são poucos os e-mails enviados para o blog solicitando minha opinião a respeito do Método Montessori. Em vez de emitir um parecer sobre essa metodologia, resolvi compartilhar com você apenas uma lição muito eficaz, que aprendi recentemente com a doutora Montessori, por meio de algumas obras de H. Lubienska de Lenval.

Trata-se de um exercício extraordinário, que tem me surpreendido a cada dia.

Digo isso porque, há algumas semanas, comecei a empregá-lo na escola de minha mãe. E adivinhe? Já estou colhendo excelentes resultados!

No livro A Educação do Homem Consciente, Lubienska destaca:

“(...) A lição do silêncio tem uma importância capital, uma vez que o progresso da criança se mede pelo progresso do silêncio. Enquanto forem indisciplinadas, agitadas, dissipadas, não poderão assimilar grande coisa. Desde que se estabeleça a calma interior pelo esforço da vontade, tudo se ordena como os cristais num líquido saturado”. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 81)

É notória a relação entre silêncio e o crescimento intelectual das crianças. Concentradas, o rendimento delas aumenta, uma vez que a inteligência encontra um caminho mais seguro para o conhecimento.

Mas os benefícios da lição do silêncio não param por aí.

De início, é importante entender que a lição do silêncio não tem como finalidade fechar a boca das crianças. Pelo contrário, ela “exige uma verdadeira tensão da vontade, que se vê obrigada a vigiar os pés, as mãos, o pescoço, a boca, os olhos, e até a respiração, para não mexer sequer um cabelo” (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 82-83).

Com o passar do tempo, você também perceberá mudanças na forma de andar, nos gestos, na expressão facial e no controle de voz das crianças. No lugar da costumeira agitação,o corpo e a voz delas expressarão aquela serenidade que todos desejam perceber.

Você pode estar pensando: “- Será que tudo isso é realmente possível?” É possível, sim! Porém, tudo dependerá de sua persistência.

Praticando essa lição, confirmei mais uma vez a tese de que “só podemos transmitir para as crianças aquilo que realmente possuímos”.

Logo, você só poderá praticar a lição do silêncio de forma eficaz se você mesmo - com todo o seu corpo, e não apenas com sua boca - fizer silêncio. Caso contrário, os resultados serão desastrosos.

Isso significa que a lição do silêncio não tem nenhuma relação com a utilização de artifícios

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linguísticos, os quais, nesse contexto, exercem pouca influência sobre as crianças. Dito de outro modo: não aborreça os pequeninos insistindo em discursos aprimorados, com frases longas e sofisticadas. De uma vez por todas, pare de pedir silêncio para aqueles que nunca fizeram ou viram alguém fazendo silêncio!

Chega de conversa.

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Passemos agora para os principais pontos da lição do silêncio:

1. Sendo o ambiente um dos elementos fundamentais do exercício, escolha um cômodo de sua casa que esteja bem organizado, com poucos móveis e o mínimo de estímulos visuais;

2. Feche a porta e as cortinas, de modo que tal ambiente permaneça na penumbra;

3. Reúna as crianças no cômodo escolhido, pedindo para todas se sentem no chão, ao seu redor;

4. Com o seu próprio corpo, dê para as crianças o exemplo, ficando quieto e imobilizado. Utilizando poucas palavras, diga, em voz baixa, que você pedirá para as suas mãos e para os seus pés ficarem tranquilos. Depois, peça para a sua boca ficar fechada e para o seu nariz respirar de forma lenta e profunda. Comando a comando, demonstre como os membros de seu corpo lhe obedecem de forma dócil e tranquila;

5. Neste momento, você estará totalmente imobilizado, com as pernas cruzadas, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, a cabeça sustentada entre as mãos, os olhos fechados e voltados para o chão;

6. Por fim, imitando você, todas as crianças ficarão em silêncio.

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Nos primeiros dias, mantenha-se em silêncio por poucos minutos. Depois de algumas semanas, analisando o quanto as crianças suportam, aumente o tempo de duração do exercício.

O objetivo desse treinamento não é o de deixar as crianças sonolentas, e sim o de levá-las a um recolhimento consciente e vigilante.

Sendo assim, no transcorrer dos dias, levante-se lentamente no meio do exercício, posicionando-se atrás delas. E, com uma voz áfona, chame uma criança de cada vez.

Demonstrando atenção, elas virão vagarosamente ao seu encontro, andando com as pontas dos pés. Com a voz sempre baixa, diga algo no ouvido de cada uma delas, pedindo, por fim, para retornarem à posição de origem. Lá, elas ficarão novamente em silêncio.

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Caso você seja uma pessoa ansiosa, sempre preocupada com resultados imediatos, fica aqui um importante lembrete de Lubienska:

“As primeiras tentativas da lição do silêncio numa classe é sempre decepcionante. No início, não há verdadeiramente silêncio, mas mudança de ruído. Em lugar dos barulhos grosseiros, percebem-se ruídos mais leves: o ranger de um móvel, a respiração sibilante de alguma criança, o tic-tac de um relógio”. (LENVAL, Helena Lubienska de. A Educação do Homem Consciente, p. 105)

Portanto, se o exercício não funcionar nos primeiros dias, não se preocupe. Depois de duas ou três semanas, o verdadeiro silêncio surgirá!

É isso aí!

--------------------------------------------------------------------Gostou do exercício? Passe esta mensagem adiante!Caso tenha alguma dúvida, basta responder aopresente e-mail.--------------------------------------------------------------------

Fique com Deus!

Até a próxima!

Carlos Nadalim

------------------------------------------------------------------------------------Se, portanto, lês, ou estudas, e tens por istoa inteligência e conheceste o que se devefazer, isto já é princípio do bem.Hugo de São Vitor------------------------------------------------------------------------------------