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A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA À LOGÍSTICA VERDE EM UMA INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO NA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ. RITA DE CÁSSIA FONSECA (unicentro) rozangela venancio nunes (fic) elaine wantroba gaertner (unicentro) renato silveira (unicentro) Resumo O presente artigo tem como objetivo mostrar como a logística reversa combinada com a logística verde pode contribuir para a competitividade em uma indústria do ramo do vestuário. Pressões legais, ambientais e sociais pela preservação do meiio ambiente estão cada vez mais rígidas, fazendo com que as empresas busquem alternativas para cumprir estas determinações e ainda assim transformar estes desafios em fonte de competitividade. Para mostrar como a logística reversa aliada à verde pode contribuir para o cumprimento destes requisitos, desenvolveu-se uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto e um levantamento de dados em uma empresa do ramo do vestuário no Sudoeste do Paraná, onde se observou que atitudes gerenciadas nos âmbitos da logística reversa e verde, puderam contribuir com a competitividade da empresa, reduzindo custos, adicionando valor à imagem corporativa e demonstrando sua responsabilidade social junto à sociedade. Palavras-chaves: Logística reversa. Logística verde. Competitividade 20, 21 e 22 de junho de 2013 ISSN 1984-9354

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A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA À

LOGÍSTICA VERDE EM UMA

INDÚSTRIA DO VESTUÁRIO NA

REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ.

RITA DE CÁSSIA FONSECA

(unicentro)

rozangela venancio nunes

(fic)

elaine wantroba gaertner

(unicentro)

renato silveira

(unicentro)

Resumo O presente artigo tem como objetivo mostrar como a logística reversa

combinada com a logística verde pode contribuir para a

competitividade em uma indústria do ramo do vestuário. Pressões

legais, ambientais e sociais pela preservação do meiio ambiente estão

cada vez mais rígidas, fazendo com que as empresas busquem

alternativas para cumprir estas determinações e ainda assim

transformar estes desafios em fonte de competitividade. Para mostrar

como a logística reversa aliada à verde pode contribuir para o

cumprimento destes requisitos, desenvolveu-se uma pesquisa

bibliográfica sobre o assunto e um levantamento de dados em uma

empresa do ramo do vestuário no Sudoeste do Paraná, onde se

observou que atitudes gerenciadas nos âmbitos da logística reversa e

verde, puderam contribuir com a competitividade da empresa,

reduzindo custos, adicionando valor à imagem corporativa e

demonstrando sua responsabilidade social junto à sociedade.

Palavras-chaves: Logística reversa. Logística verde. Competitividade

20, 21 e 22 de junho de 2013

ISSN 1984-9354

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IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013

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1. INTRODUÇÃO

O atual ambiente empresarial tem exigido das empresas velocidade cada vez mais

rápida de resposta de suas atividades. Em um ambiente em que a cada dia cresce o número de

variedades de mercadorias e produtos, clientes tornando-se mais exigentes na prestação de

serviços, ambientes empresariais globalizados e em constante mudança, fazem-se necessário

analisar toda a cadeia de suprimentos como alternativa para suprir estas respostas em tempo

hábil. Nesse contexto, a logística apresenta-se como função empresarial estratégica para

reforçar o desempenho das empresas.

Logística, segundo Ballou (1993), é a área da administração que estuda como

prover melhor nível de serviços de distribuição aos consumidores e clientes, através de

planejamento, organização e controle das atividades de movimentação e armazenagem para

facilitar o fluxo dos produtos.

A logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle de

eficiência e custo efetivo do fluxo de matérias-primas, estoques em processo, produtos

acabados e informações correspondentes do ponto de consumo ao ponto de origem com o

propósito de recapturar o valor ou destinar a apropriada disposição (LEITE 2009 apud

ROGERS, TIBBEN-LEMBKE, 1999).

A legislação que trata questões relacionadas a controle de resíduos está

intrinsecamente relacionada com os impactos destes no meio ambiente. A área da logística

que visa minimizar os impactos da logística no meio ambiente é a chamada logística verde,

que intersecciona-se com a logística reversa, sob os aspectos de reuso, reciclagem, produção,

entre outros.

Fatores como conscientização ecológica dos consumidores, pressões legais,

desenvolvimento sustentável e ciclo de vida útil dos produtos cada vez mais reduzidos são

exemplos de como se faz necessário desenvolver a logística reversa e a gestão ambiental nas

empresas que, mesmo adicionando-se custos em algumas situações, podem transformar em

vantagem competitiva.

A logística reversa agregada à logística verde ainda exige grandes desafios das

empresas para que os resíduos, produtos, embalagens, entre outros subprodutos gerados ‘pela

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logística direta, tenham seus corretos destinos, descartes, sejam reaproveitados, retornando ao

fluxo produtivo ou tenham sua geração reduzida na origem.

Diante deste cenário, tem-se uma problemática de pesquisa: como os desafios

enfrentados pelas empresas para gerir seu fluxo reverso de materiais com intuito de reduzir os

impactos ambientais podem representar fonte de competitividade no mercado? Com a

escassez de matéria-prima cada vez mais discutida no âmbito global, avanços em sistemas de

produção e tecnologia, questões ambientais e legais, como o projeto de lei que instituiu a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionado em agosto de 2010,

responsabilizando todos os produtores e fabricantes pelo produto, mesmo após o fim de sua

vida útil, fica cada vez mais explícita a necessidade do processo da logística reversa e gestão

ambiental nas empresas.

Este estudo tem como objetivo identificar os principais desafios de uma indústria

do setor têxtil na gestão de seu fluxo logístico reverso aliado à redução de impactos

ambientais, através da logística verde e como estes podem transformar-se em fonte de

competitividade. Nesse contexto, os objetivos específicos vinculados ao objetivo geral são:

Definir logística reversa e identificar os seus tipos;

Definir logística verde e como esta se intersecciona com a logística reversa;

Conceituar competitividade e inseri-la no contexto da gestão logística e

Identificar por meio de um levantamento de dados como a logística reversa aliada à

logística verde, controlados por um sistema de gestão ambiental (SGA) pode servir de

fonte de competitividade;

Diante destes desafios, este artigo mostra, por meio de um levantamento de dados

em uma empresa, que a logística reversa aliada à logística verde, com seu forte apelo à

sustentabilidade, pode ser uma importante fonte de competitividade quer seja por sua imagem

perante a sociedade no tocante aos aspectos ambientais, quer seja pela gestão do ciclo de vida

útil e nos custos dos produtos.

No que se refere aos aspectos metodológicos aplicados para a realização da

pesquisa, configura-se como pesquisa descritiva qualitativa, no que se refere aos fins, bem

como uma pesquisa bibliográfica e de campo, referente aos meios.

É uma pesquisa configurada como bibliográfica porque em seu referencial teórico

foi realizado um estudo sobre os conceitos de competitividade, de logística empresarial direta,

reversa e de logística verde. Trata-se de pesquisa exploratória porque foi realizado um

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levantamento de dados em uma indústria do segmento do vestuário, localizada no Sudoeste do

Paraná.

Na coleta de dados, utilizou-se uma entrevista não estruturada com os gestores da

empresa relacionados à produção, almoxarifado e logística. Os dados obtidos foram

interpretados e tratados qualitativamente, fundamentados no referencial teórico desenvolvido

nesse estudo.

Esse artigo divide-se em quatro partes. Na primeira consta o referencial teórico,

apresentando a conceituação e o estudo sobre logística, logística reversa e seus tipos, bem

como a conceituação de logística verde e sua intersecção com a logística reversa. Na segunda

parte, encontram-se os desafios impostos à gestão dos fluxos reversos e dos aspectos

ambientais. A terceira parte apresenta um levantamento de dados de uma empresa do

segmento têxtil, que através da implantação de um SGA (sistema de gestão ambiental), gere

sua logística reversa de pós-consumo e reduz impactos ambientais no processo produtivo,

agregando benefícios financeiros, como redução de custos para a organização. Na quarta e

última parte são feitas as considerações finais e conclusão da pesquisa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico do presente artigo busca conceituar os temas que

fundamentarão a pesquisa, demonstrando a importância da logística reversa e verde para a

competitividade das organizações.

2.1 Logística

Para atuar no atual ambiente competitivo, as empresas têm cada vez mais buscado

aumentar seus ganhos e manterem-se no mercado. Para isso, usam alternativas que visem

agregar mais valor aos produtos, aperfeiçoar as atividades operacionais, reduzir despesas,

otimizar processos, fidelizar clientes e torná-los satisfeitos com suas aquisições. Nesse

contexto, a logística apresenta-se como área da administração que pode contribuir com estes

objetivos.

Segundo Ching (2006), logística pode ser definida como o planejamento, a

operação e o controle eficiente e eficaz do fluxo de mercadorias e serviços, desde a produção

até a entrega ao cliente, de forma a racionalizar e integrar toda a cadeia de distribuição, a fim

de garantir vantagem competitiva e satisfação do cliente.

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A logística, na concepção de Leite (2009), é a disponibilização de bens e serviços

gerados na quantidade certa, no local, nos tempos e com a qualidade almejada por seus

consumidores. Faz-se necessária cada vez mais nas empresas pela capacidade que dá a estas

de destacarem-se no mercado, através da avaliação do ciclo de vida de seus produtos,

otimização dos processos e consequente aumento de competitividade. Esse artigo foca em

duas subáreas da logística, que são: a logística de pós-consumo e a logística verde, que se

relacionam e fazem destas fontes de competitividade para as organizações, principalmente

através da redução de custos.

2.1.1 Logística reversa

Logística reversa é uma subárea da logística que faz o planejamento, a operação e

o controle dos fluxos e informações referentes ao retorno dos bens de pós-venda e pós-

consumo ao ciclo produtivo ou de negócios, por meios dos canais reversos de distribuição,

agregando valores nas esferas econômicos, imagem corporativa, ambiental entre outros

(LEITE, 2009).

Figura 1 – Fluxo logístico reverso.

Fonte: Leite (2009).

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Através da figura 1, pode-se observar o fluxo logístico reverso, iniciado através da

coleta de materiais, sua seleção e expedição e em seguida podendo ocorrer seu retorno para o

ciclo de negócios ou ser descartado. No ciclo de negócios, pode ser reprocessado, reciclado,

recondicionado ou revendido, dependendo de suas especificações. Para Leite (2009), a

logística reversa pode ser classificada como de pós-consumo e pós-venda.

2.1.1.1 Logística reversa de pós-consumo

De acordo com Leite (2009), caracteriza-se como a parte da logística reversa

responsável por equacionar o fluxo físico e de informações referentes aos bens de pós-

consumo, que retornam ao ciclo produtivo ou de negócios através de canais reversos. Entre

estes bens encontram-se as mercadorias no fim de suas vidas úteis ou utilizadas, porém, com

condições de reutilização e os resíduos industriais. Tem como principal objetivo agregar valor

a produtos com tempo de vida útil vencido ou ainda possua condições de reuso, desmanche ou

reciclagem, até tornar-se inservível e ter sua destinação final. A figura 2 demonstra o fluxo

reverso de pós-consumo.

Figura 2 – Fluxo logístico reverso de pós-consumo.

Fonte: Leite (2009).

Observa-se, na figura 2, o fluxo logístico reverso de pós-consumo, onde após o

produto seguir seu fluxo logístico direto composto iniciado pela matéria-prima (compra),

fabricações, destinação, varejistas e finalmente o consumidor, este poderá retornar, refazendo

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um fluxo que vai desde sua coleta pós-consumo, até chegar novamente ao fluxo logístico

direto ou em mercados secundários, onde poderá ser reaproveitado.

2.1.1.2 Logística reversa de pós-venda

Denomina-se pós-venda a área da logística reversa responsável por

operacionalizar os fluxos reversos de bens de pós-venda novos, com pouco ou nenhum uso

que, por diversos motivos retornam através dos canais reversos de distribuição para os fluxos

logísticos diretos. Tem como objetivo agregar valor a mercadorias devolvidas por estarem em

garantia e apresentarem defeito ou por motivos comerciais, erros na operação, avarias, entre

outros (LEITE, 2009).

Figura 3 – Fluxo logístico reverso de pós-venda.

Fonte: Leite (2009).

A figura 3 mostra o fluxo reverso de pós-venda, em que, após seguir de fluxo

logístico direto iniciando-se pela matéria-prima (compra), fabricações, destinação, varejistas e

finalmente o consumidor, o produto este poderá retornar, refazendo um fluxo reverso, que vai

desde sua coleta pós-venda, até chegar novamente no fluxo logístico direto ou em mercados

secundários, onde poderá ser revendido.

2.2 Logística verde

A logística verde é a área da logística que busca compreender e minimizar os

impactos da logística no meio ambiente. Atividades da logística verde incluem redução do uso

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de materiais, redução do consumo de energia nas atividades logísticas, certificação ISO 14000

e medição do impacto ambiental de algumas modalidades de transportes (LEITE, 2009 apud

ROGERS & TIBBEN-LEMBKE, 1998).

Na figura 4, observa-se que apesar de não estarem diretamente ligadas em sua

totalidade, a logística reversa e a logística verde interseccionam-se sob os aspectos

reciclagem, remanufatura e reuso de materiais, tais como embalagens, entre outros.

Figura 4 – Logística reversa x logística verde

Fonte: Donato (2008).

A figura 5 mostra como através de atitudes de logística reversa de pós-venda e

pós-consumo é possível agregar valor à organização devido aos benefícios proporcionados,

tais como competitividade, melhoria da imagem corporativa e redução de custos.

Figura 5 – Benefícios da logística reversa de pós-venda e pós-consumo (versão

adaptada)

Fonte: Lambert (1999).

Segundo a revista eletrônica Planeta (ed. 462, março/2011), um dos principais

diferenciais do Brasil encontra-se na sustentabilidade do setor têxtil, o que o posiciona entre

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os quatro maiores produtores de tecido "denim" (jeans) do mundo. De acordo com a

conceituação da logística reversa e a sua associação com a logística verde, conclui-se que a

mesma contribui para que este diferencial continue a ser alcançado e possa cada vez mais

tornar-se uma fonte de competitividade para as organizações. Torna-se assim conveniente

com os objetivos deste estudo discutir conceitos de competitividade e como o fator

sustentabilidade pode contribuir com ela.

2.3 Competitividade à luz da sustentabilidade

A sustentabilidade, palavra atualmente em moda, implica em atender as

necessidades da geração atual sem comprometer as gerações futuras; a cada dia que passa

constata-se a capacidade que esta tem de agregar valor às organizações, através de ações

sociais e ambientais que valorizam a imagem da empresa perante o mercado, gerando a

vantagem competitiva sustentável. Vantagem competitiva esta que implica na possibilidade de

agregar valor para aquilo que os clientes estão consumindo, de forma a satisfazê-los e entregá-

los o que estão dispostos a pagar.

Segundo Porter (1990), existe dois tipos básicos de vantagem competitiva:

liderança no custo e na diferenciação.

Liderança no custo: com esta estratégia, busca-se atingir o maior número de

segmentos de mercado. Apenas pela sua participação em diversos segmentos já

representa por si só vantagem competitiva de custos. Normalmente, empresas que

optam por este modelo de baixo custo produzem produtos mais básicos buscando

sua competitividade através do ganho em escala.

Diferenciação: neste modelo de estratégia, a empresa deve apresentar-se única em

seu modo de satisfazer às necessidades dos clientes, agregando valor às

características que mais possam ser valorizadas pelos consumidores. Esta

unicidade permite que a empresa seja recompensada pelo seu preço-prêmio. Se o

preço-prêmio for maior que os custos para conseguir esta singularidade, então a

organização terá sucesso.

Por meio do exposto, cabe ressaltar também que o fato de a empresa buscar ser

competitiva pela diferenciação, não a faz ignorar os seus custos, cabendo à mesma obter

redução de custos nas áreas não envolvidas em sua diferenciação.

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2.3.1 A sustentabilidade como fonte de competitividade

O impacto das atividades organizacionais tem implicado em maiores pressões

sócio-ambientais por parte de governantes e consumidores, que fazem as empresas buscarem

meios de atenderem às exigências de mercado e da sociedade. A sensibilidade dos

consumidores em relação a questões ambientais e sociais tem aumentado cada vez mais o

consumo consciente. Com isso, cada vez mais aumenta a significância da sustentabilidade

entre as empresas e os consumidores. Nesse sentido, a logística verde age em conjunto com a

logística reversa, juntamente com outras áreas organizacionais, para minimizar os impactos ao

meio ambiente.

Um forte fator que faz das empresas obrigadas a criar mecanismos de utilizar de

maneira eficiente suas matérias-primas, recursos hídricos e energéticos, materiais secundárias

entre outros, é a legislação ambiental. Descumprir questões legais pode levar à degradação da

imagem corporativa, além de poder gerar multas altíssimas. Visto que a legislação se aplica a

todos, inovar e tornar-se diferente em seus produtos e serviços agregará valor e

competitividade.

Reduzir a geração de resíduos e o desperdício de recursos, tais como os

energéticos e hídricos, implica em que a empresa busque aumentar sua produtividade e

diminuir seus custos. Valoriza também a imagem corporativa diante do mercado consumidor

consciente.

Segundo a ABIT, em 2009 no Brasil foram produzidas 226,7 milhões de calças

jeans. O ciclo de vida do tecido utilizado na fabricação destas calças, denominado “denim”,

tem alto impacto para o meio ambiente. Segundo a revista eletrônica Planeta (ed. 462,

março/2011), os maiores produtores do tecido tipo "denim" juntos, Brasil, Turquia, Índia e

China, podiam produzir 3,4 bilhões de metros lineares de tecido/ano, equivalendo a 1,5

bilhões de calças/ano (dados de março/2011).

Essa produção consumiria, se produzida em cor de tonalidade média, 5,2 trilhões

de litros de água ou 11 horas ininterruptas da vazão média do rio Amazonas no mar (133.000

m3/segundo), de acordo com a Agência Nacional de Águas. A matéria-prima principal do

tecido, o algodão, consome 25% dos agrotóxicos produzidos no mundo. Materiais altamente

poluentes, como a amônia e a soda cáustica são utilizados para gerar um aspecto desgastado

no tecido. Por todos estes motivos, a indústria têxtil é considerada fortemente poluidora.

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Conclui-se que ações socioambientais e de valorização da imagem corporativa,

atender ao consumidor ambientalmente consciente, buscar a redução de desperdícios e da

geração de resíduos, cumprir os requisitos legais, podem ser encarados pelas indústrias do

segmento têxtil através da logística reversa e verde fonte de competitividade a luz da

sustentabilidade. No tópico seguinte, serão vistos os desafios impostos pela logística reversa

que devem ser transformados para agregarem competitividade.

2.4 Desafios da logística reversa para contribuir com a redução dos impactos ambientais

e colaborar com a competitividade empresarial

A logística reversa apresenta-se como fonte de competitividade para as empresas,

pois aliada à logística verde pode atingir redução de custos e melhoria da imagem corporativa.

Ainda distante de atingir o grau de maturidade da logística direta, em algumas situações pode

ser vista pelas empresas apenas como um centro de despesa.

A seguir, seguem alguns desafios que devem ser superados pelas empresas para

que a logística reversa possa evoluir cada vez mais e agregar valor à organização, pela

melhoria da imagem corporativa, bem como para seu produto através da redução de custos:

Atender aos requisitos legais;

Reduzir custos e desperdícios;

Desenvolver o conceito de responsabilidade ambiental;

Gerar redes de distribuição reversa competitivas;

Atingir um nível de serviço diferenciado;

Integrar logística e marketing e

Conceber produtos visando reduzir impactos ao meio ambiente e facilitando o

ciclo reverso do pós-consumo.

2.4.1 Atender aos requisitos legais

Cumprir a legislação imposta para a aplicação logística reversa e meio ambiente é

uma fonte bastante desafiadora, visto que a constituição permite que a União, estados e seus

municípios tenham competência concorrente para que possam legislar sobre o meio ambiente.

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Segundo Leite (2009, p. 35), antecipar-se a adequação à legislação pode

representar redução de custos, devido aos malefícios que pode trazer para a imagem

corporativa pelo seu descumprimento e também pelo alto valor das multas cobradas pela

infração das leis ambientais.

2.4.2 Reduzir custos e desperdícios

A redução de desperdícios de matérias-primas, a redução da geração de resíduos,

a redução do consumo de água e energia são alternativas para a redução de custos, porém,

requerem toda uma revisão dos processos produtivos e administrativos, bem como com um

alto grau de educação ecológica e envolvimento por partes dos funcionários, para que este

desafio possa contribuir para a competitividade empresarial.

Para Lacerda (2002), a logística reversa traz retornos consideráveis para as

organizações. A reutilização de embalagens e o reaproveitamento de materiais estimulam

iniciativas e esforços que contribuem no desenvolvimento e melhoria da logística reversa.

2.4.3 Desenvolver o conceito de responsabilidade ambiental

Empresas que querem manter-se competitivas devem apresentar o conceito de

responsabilidade ambiental, pois demonstra que em sua cultura há esta preocupação com a

sociedade e o meio ambiente. Para Leite (2009), produtos menos agressivos ao meio

ambiente, bem como produtos reutilizáveis e de mais fácil aderência ao ciclo reverso podem

agregar competitividade através da ética empresarial e da imagem corporativa. Adequar-se a

este conceito é mais um desafio.

2.4.4 Gerar redes de distribuição reversa competitivas

Empresas que têm desenvolvido seu “supply chain” reverso têm conseguido uma

maior valorização da imagem corporativa e consequente valorização mercadológica.

Desenvolver estes canais implica anteciparem-se às regulamentações impostas e participar de

todo o ciclo direto e reverso dos produtos, a fim de evitar impactos ambientais negativos.

Para Leite (2009, pp. 42 e 43), a gestão de fatores econômicos para a reintegração

de mercadorias aumentando o retorno financeiro, fatores tecnológicos que permitam o reuso

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das mercadorias e fatores logísticos relacionados a transportes são desafios impostos para a

geração das redes reversas.

2.4.5 Atingir um nível de serviço diferenciado

Para Porter (1990), a fidelização do cliente é um dos objetivos empresariais que

podem trazer um maior retorno para o negócio. Obter diferenciação através de serviços de

logística reversa é um desafio imposto, que pode agregar valor ao produto e

consequentemente obter a fidelização almejada. Fornecer assistência técnica pode reduzir mão

de obra técnica do cliente, fazendo-o reduzir custos.

Para Porter (1990), diferenciar-se no mercado é uma das maneiras de agregar

competitividade aos negócios. O marketing de relacionamento em conjunto com o sistema

logístico reverso ou verde, pode ser mais uma alternativa para contribuir com a diferenciação

dos serviços de pós-venda e pós-consumo na cadeia logística, consolidando uma vantagem

competitiva sustentável. Trabalhar esta integração caracteriza-se mais um desafio a ser

vencido.

2.4.6 Conceber produtos visando reduzir impactos ao meio ambiente e facilitando o ciclo

reverso do pós-consumo

Desenvolver produtos que possam reduzir custos para o cliente implica em ser mais

competitivo (PORTER, 1990). Portanto, outro desafio é desenvolver produtos que mantenham

sua funcionalidade original, porém, possam ter suas partes e componentes reutilizáveis ou

retornados ao ciclo produtivo e de negócios.

Diante de todos os desafios abordados neste estudo, pode-se concluir que é

necessário muito investimento em pesquisa, educação ambiental, conscientização dos

colaboradores, entre outros, para que a logística reversa e preservação do meio ambiente

tornem a empresa mais competitiva, ou pela imagem corporativa ou pelo retorno financeiro

que a mesma poderá ter. Trabalhando todos esses desafios vê-se que a logística reversa gera

oportunidades competitivas para o negócio e que, portanto, deve ser evoluída nas

organizações.

2.5 Logística reversa e meio ambiente como fonte de competitividade

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A logística reversa em conjunto com a logística verde tem sido cada vez mais

adotada como estratégia pelas organizações pelas oportunidades de ganhos e competitividade

que gera através da logística reversa de pós-consumo, pós-venda, redução de desperdícios,

entre outros. Segundo Leite (2009), alguns objetivos estratégicos que agregam

competitividade na adoção da logística reversa de pós-consumo (quadro 1) e pós-venda

(quadro 2) são:

Estratégia de

competitividade

Atividade de logística

reversa

Ganhos de competitividade

Reaproveitamento de

componentes

Montagem de rede

logística reversa

Coleta e suprimento

de produtos de

retorno à linha de

desmanche

Distribuição dos

produtos ou

componentes

remanufaturados nos

mercados

secundários;

Apoio ao processo

industrial

Competitividade de

custos operacionais

pelas economias na

confecção de produto;

Competitividade de

imagem corporativa;

Reaproveitamento de

materiais constituintes

Montagem da rede

logística reversa

Coletas e suprimento

de produtos de

retorno à linha de

desmanche

Distribuição das

matérias-primas

secundárias nos

Competitividade de

custos operacionais

pelas economias na

confecção de produto

Competitividade de

imagem corporativa

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mercados secundários

Adequação fiscal Adequação da cadeia

reversa às condições

Competitividade de

custos

Demonstração de

responsabilidade empresarial

Montagem e operação

da rede logística

reversa

Competitividade de

imagem corporativa

Quadro 1 – Ganhos de competitividade com atitudes de logística reversa de pós-

consumo

Fonte: Leite (2009).

No quadro 1, observam-se alguns exemplos de ganhos de competitividade que

atividades de logística reversa de pós-consumo podem proporcionar para a empresa, de forma

a atender objetivos estratégicos. Nota-se que atitudes, como o reaproveitamento de

componentes ou materiais constituintes e antecipar-se à adequação fiscal, podem reduzir

custos e, no primeiro caso, ainda contribuir para a imagem corporativa. Demonstram também

que a responsabilidade social agrega competitividade através do reforço da imagem

corporativa. Abaixo se seguem as estratégias para o alcance de competitividade da logística

reversa de pós-venda.

Estratégia de

competitividade

Atividade de logística

reversa

Ganhos de Competitividade

Flexibilização estratégica de

retorno dos produtos

Retirada e destinação

de produtos com

baixo giro

Garantia de destino

dos produtos

retornados

Competitividade pela:

Fidelização do cliente;

Imagem /corporativa e

Imagem de prática de

responsabilidade social

Recaptura otimizada do

valor do produto retornado

Busca e destinação

para:

Venda como novo;

Venda no mercado

Competitividade de

custos

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IX CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 20, 21 e 22 de junho de 2013

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secundário;

Busca de valor na prestação

de serviços de pós venda

Rede logística reversa

de alta responsividade

Competitividade se

serviços, custos e

imagem corporativa

Estratégia de busca de

feedback de qualidade

Rastreamento dos

motivos de retorno,

apoio ao projeto do

produto e apoio ao

projeto do processo

Competitividade de

custos e da imagem da

marca

Estratégia de antecipação à

legislação

Montagem da rede

reversa com tempo e

baixo risco de erros

Competitividade de

custos e da imagem

corporativa

Quadro 2 – Ganhos de competitividade com atitudes de logística reversa de pós-venda

Fonte: Leite (2009).

No quadro 2, observam-se as atitudes de logística reversa de pós-venda, que

contribuem para os objetivos estratégicos agregando competitividade. É possível observar

como as estratégias de flexibilizar política de retorno, buscar recapturar valor dos produtos

retornados, melhoria nos serviços de pós-venda e antecipar-se à legislação impactam em

ganhos de competitividade para a empresa, quer pela competitividade de custos, imagem

corporativa, quer pela fidelização do cliente. Para Donato (2008), alguns objetivos

competitivos da logística verde são:

Estratégia de

competitividade

Atividade de logística verde Ganhos de competitividade

Atingir padrões

internacionais de qualidade

ambiental

Implantação de

programas de gestão

ambiental baseados

em normas de

qualidade

internacionais como a

ISO 14.000

Competitividade pela:

Imagem /corporativa e

Prática de

responsabilidade social

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Antecipação à legislação Adequar os processos

produtivos e o correto

descarte dos resíduos

à legislação

Competitividade de

custos

Reduzir impactos

ambientais

Buscar por produtos

menos poluentes

Reduzir o consumo de

combustíveis fósseis

Competitividade de

imagem corporativa

Competitividade de

custos

Demonstração de

responsabilidade

empresarial

Adequação dos

processos para

produção

ecologicamente

correta e obtenção de

selos de qualidade

Competitividade de

imagem corporativa

Prática de

responsabilidade

social;

Estabelecer princípios de

sustentabilidade ambiental

Adotar princípios de

produção limpa

Promover a educação

ambiental

Competitividade de

imagem corporativa

Quadro 3 – Ganhos de competitividade com atitudes de logística verde

Fonte: Adaptado de Donato, (2008).

O quadro 3 apresenta algumas estratégias de logística verde que agregam

competitividade. Observa-se que atingir padrões internacionais de qualidade ambiental,

antecipação à legislação, reduzir impactos ambientais, demonstração de responsabilidade

empresarial e estabelecer princípios de sustentabilidade ambiental agregam competitividade

pela imagem corporativa, refletindo-se também em práticas de responsabilidade social. A

estratégia de antecipar-se à legislação e reduzir os impactos pode agregar competitividade de

custos.

Constata-se, portanto, que a logística verde e a logística reversa, embora

apresentem funções e características diferentes, são complementares. Enquanto a logística

verde busca a redução dos impactos ambientais, a logística reversa busca o retorno dos

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materiais após venda ou consumo ao ciclo produtivo ou ao de negócios. A relação entre estas

é bastante estreita, podendo projetos de logística verde ser também considerados de logística

reversa e vice-versa; porém, em conjunto, reforçam a competitividade da empresa.

3 CONCLUSÃO

Por meio deste estudo, pode-se observar que as empresas que têm desenvolvido

seu “supply chain” reverso têm conseguido uma maior valorização da imagem corporativa e

consequente valorização mercadológica. Contudo, este processo possui vários desafios, dentre

eles: atender os requisitos legais, reduzir os custos e desperdícios, desenvolver o conceito

de responsabilidade ambiental, gerar redes de distribuição reversa competitivas, atingir um

nível de serviço diferenciado, integrar logística e marketing, conceber produtos visando

reduzir impactos ao meio ambiente e facilitar o ciclo reverso do pós-consumo.

Assim, desenvolver estes canais implica antecipar-se às regulamentações impostas

e participar de todo o ciclo direto e reverso dos produtos, a fim de evitar impactos ambientais

negativos e ainda gerir os fluxos financeiros, materiais e de informações.

O estudo evidencia os principais desafios de uma empresa, na gestão de seu fluxo

logístico reverso, aliado à redução de impactos ambientais através da logística verde e como

estes podem transformar-se em fonte de competitividade.

Considerando as empresas do ramo do vestuário podem ser consideradas como

poluidoras, viu-se que tratar dos fatores que impactam no meio ambiente é um fator

principalmente legal. A aplicação da logística reversa e verde mostrou que é possível tornar

este requisito uma fonte de competitividade se a empresa estruturar-se para este fim. Os

ganhos para a empresa não são só financeiros e sim também de melhoria da imagem da

marca, da prática de responsabilidade social, bastante exigido pelos consumidores que as

querem ter, de preferência sem pagar mais por isso, tornando a redução de custos um fator

primordial para a competitividade da empresa.

Os principais fatores de ganhos de competitividade obtidos pela aplicação dos

princípios de logística reversa aliada à logística verde são: competitividade de custos, reforço

da imagem corporativa e prática de responsabilidade social.

O trabalho evidenciou que apesar das dificuldades encontradas nas empresas para

a prática da logística reversa aliada à logística verde, podem ser um forte fator de

competitividade empresarial devido as suas inúmeras vantagens demonstradas no percurso

deste estudo no âmbito econômico, ambiental e social.

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Cabe às empresas investirem cada vez mais em pesquisas que possam contribuir

para consolidar ainda mais seus conceitos e diminuir as incertezas que giram em sua volta.

REFERÊNCIAS

BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e

distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.

CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia logística integrada: Supply Chain. 3ª ed. São

Paulo: Atlas, 2006.

DONATO, V. Logística verde: uma abordagem sócio-ambiental. Rio de Janeiro: Editora

Ciência Moderna, 2008. 276 p.

LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas

operacionais. Centro de Estudos em Logística, COPPEAD, UFRJ, 2002.

LAMBERT, D. M.; STOCK, J. R. Administração estratégica da logística. São Paulo:

Vantine, 1999. 912 p.

LEITE, P. R. Logística reversa: meio ambiente e competitividade. São Paulo: Prenctice Hall,

2009.

PORTER, M.E. Vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1990.

TAVARES, M.; ARNT, R. Velha, azul, desbotada... e poluente. Revista eletrônica Planeta.

n. 462. mar.2011.