A Lua Numa Gota de Orvalho - Encontro Entre o Self e o Eu
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7/27/2019 A Lua Numa Gota de Orvalho - Encontro Entre o Self e o Eu
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ABSTRACT
See the world on the prism of the teachings of Zen Buddhism,
especially by Soto Zen Master Dogen, is to see it in a non-dualistic. Is
work the possibility of innate mind not to judge all things.
Key-words: Dogen, Zen Buddhism, moon in a drop of dew,
self, I, dualism.
Foi o Mestre Dogen, patriarca da Escola Soto Zen, que escreveu
a frase-tema desse trabalho. A frase retirada do seu famoso poema
Sobre a Prtica do Zazen.
O que a Lua e o que a gota de orvalho, segundo Dogen? Em
uma resposta tpica do Zen Budismo, elas so a mesma coisa. No h
diferenciao! Como isso ocorre? Qual a ideia por trs dessa
expresso aparentemente enigmtica?
O Budismo nos lembra que costumamos trabalhar nossos
pensamentos atravs da forma de po da dualidade. Passamos a dar
valor as coisas. A apreciar ou no algo. A julgar certo ou errado. Nossa
mente passa a formar conceitos e ideias. Assim, todos os nossospensamentos tero como pano de fundo tais conceitos. Tudo em
nossa vida ter a questo ou presente!
Ver o mundo desta forma v-lo de forma restrita, pois, nos
restringe a ideia que cultivamos em nossa mente. Da, passamos a achar
que todos deviam nos entender, sentir o que sentimos, precisar do que
precisamos, gostar do que gostamos, apreciar o que fazemos, etc.
Passamos a julgar quando as coisas e pessoas no reagem como
achamos que deviam reagir. Isso ocorre, pois, nos permitimos formar
padro, um modelo, para os assuntos!
Com a frase, a lua numa gota de orvalho, o Mestre Dogen,
porm, nos leva alm de nossos conceitos dualistas, e nos mostra que
h no ser humano uma enorme possibilidade inerente de observarmos
as coisas nos mundos delas, como elas so realmente sem minha
mente interferir com seus conceitos. Isso ser possvel com a prtica do
zazen, ou a meditao de simplesmente sentar e estar presente, como
foi praticado e ensinado originalmente por Buda Xaquiamuni.
Mas, como ocorre o fenmeno de nossa mente tornar-se dual?Essa no nossa natureza bsica, inerente? No e sim! No, por que, ao
SOBRE O AUTOR:
PROF. DR. HELIO JINKE
LAUREANO
TelogoSinlogoOrdenado
Monge Zen Budista -
Especialista em Psicologia
OrientalEspecialista em
Psicologia Humanista,
Existencialista e
FenomenolgicaDoutor em
Filosofia das Religies
OrientaisDoutor em
Psicologia
Diretor Geral daSOCIEDADE BRASILEIRA
DE FILOSOFIA E
PSICOLOGIA ORIENTAL
(www.estudosorientais.com)
RESUMO:Ver o mundo sobreo pri sma dos ensinamentos do
Zen Budismo, especialmente,
atravs da Escola Soto Zen, do
Mestre Dogen, v-l o de
forma no duali sta.
trabalhar a possibi li dade inata
da mente de no julgar todas
as coisas.
Palavras-chave: Dogen, Zen
Budismo, lua numa gota de
orvalho, self , Eu, duali smo.
A LUA NUMA GOTA DE ORVALHO
O ENCONTRO ENTRE O SELF E O EU
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nascermos, nossa mente no dual. O beb abre seus olhos e v o mundo como parte dele
mesmo. No h separao entre mim e as coisas em minha volta! Somos uma coisa s, ou,
simplesmente, eu! Essa mente original ser chamada no ocidente de Self.
Sim, por que tambm h essa possibilidade de formarmos opinies e conceitos, pois, a
natureza, inclusive, a natureza humana, sendo yin-yang, em seus desequilbrios, geraintensidades e vibraes mais para um lado do que para o outro. Falando em cultivo da mente,
por exemplo, se uma pessoa sempre estiver assistindo a filmes violentos e de terror, estar
cultivando uma mente com potencialidade maior para Yang, mais agitada e acelerada. Ao
contrrio, uma pessoa que goste de documentrios e outros filmes no violentos, ter uma
mente potencializada mais para Yin, mais tranquila. Porm, nem tanto uma coisa nem outra.
Buda nos ensinou o Caminho do Meio (Madhyama Pratipad, em snscrito). Essa parte da
mente que trabalha na tentativa de equilibrar o mundo interno com o mundo externo o que
chamamos no ocidente de Eu.
O Self a Lua. O Eu a gota de orvalho. A Lua o representativo de uma menteoriginal, no-dual. A Gota de orvalho o representativo da mente que tira concluses das
experincias. Assim, muito diferentemente do que se pensa, o Budismo no realmente
contra o Eu, ou que o homem no deva mais ter esse Eu, como se fosse algo que pudesse ser
extirpado. Porm, nem tanto um nem tanto outro!
Quando usamos o Eu, essa pequena manifestao de nossa Mente Original (Self), para
avaliar as coisas, como a pessoa que oferece uma flor e fica com perfume da planta na mo.
Mas, no a flor em Si-mesma. apenas o perfume. Assim, estudar, abstrair, ler e reler,
buscar entender, ruminar expresses que costumamos usar para nossa mente curiosa
apenas uma parte restrita de ns mesmos.
Ao contrrio, quando em silncio, em zazen, deixamos florescer nossa Mente Original,
plcida e serena, essa grande manifestao interna e natural, as coisas no so mais duais, e,
ao oferecermos uma flor, nunca deixamos de t-la em nossa mo. Pois, perfume e flor so a
mesma coisa. Self e Eu tambm!
Basear a psicoterapia num formato no dual de experincia significa observar o
paciente no seu prprio mundo de existncia. Esse mundo tem o sentido do Eu e do Self de
nosso paciente. Nada ser s problemas e tentativas de resolues, pois, junto com o
problema h a resoluo, e o mesmo, mudando a ordem, pois, para resolver algo, a pessoasair de sua zona de conforto, o que poder parecer um problema.
No devemos nos incomodar sobremaneira com isso, pois, em se tratando de
objetivos, se fossemos usar expresses do Zen Budismo, no temos como numa Psicoterapia
conduzir nosso paciente ao Satori, ao estado completo de ver o mundo como ele sem a
interveno da mente (algo que ns mesmos precisamos praticar e cultivar), mas, sim,
possivelmente, ao , Kensh, ou, insight limitado. Algo semelhante ao despertar de que h uma
imensa e distante Lua em minha pequena gota de orvalho.
Da, depender apenas do paciente se decidir ir mais alm!