A maior flor Final

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A Maior Flor do Mundo Saramago diz que não sabe contar a sua história como deve ser… Saramago diz que as histórias, como ele as sabe contar, são escritas com palavras difíceis, logo, não podem ser histórias para crianças e propõe que contemos a sua história, como realmente deveria ser. Um conto para crianças, começa por: “ Era uma vez, num castelo cor-de-rosa, um linda princesa…”, mas eu, que conto uma história já descontada, vou começa-la por:

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A Maior Flor do Mundo

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A Maior Flor do Mundo

Vou contar-vos um conto que já foi descontado… Contado por

Saramago, ou melhor, José Saramago. Um grande escritor que já

faleceu. Escrevo, porque Saramago assim o quis…

Saramago diz que não sabe contar a sua história como deve

ser… Saramago diz que as histórias, como ele as sabe contar, são

escritas com palavras difíceis, logo, não podem ser histórias para

crianças e propõe que contemos a sua história, como realmente

deveria ser.

Um conto para crianças, começa por: “ Era uma vez, num

castelo cor-de-rosa, um linda princesa…”, mas eu, que conto uma

história já descontada, vou começa-la por:

Era uma vez, numa casa muito humilde, com uma família

muito humilde, um rapazito muito humilde.

O rapaz desta história não anda na escola, porque não existe

na sua terra… por isso, não sabe ler nem escrever e não conhece

muitas coisas. Vive numa aldeia pequeníssima, onde vivem apenas

dez pessoas que se amam. Eu não entendo o que essas pessoas

entendem pela palavra “amar” pois não se falam, não fazem nada

em conjunto, apenas se ignoram.

Cansado de ser ignorado, o nosso pequeno herói decidiu ir à

procura de quem o amasse. Mas como não sabia o significado dessa

palavra, não sabia de que é que andava à procura, apenas sabia que

era algo muito estranho.

Decidiu então andar pelos bosques à procura dessa coisa

bizarra. Seguiu um pequeno inseto, perguntando-se se por acaso

poderia ser essa pequena criatura, o amor: «É tão pequenino, mas

trabalha tanto! Será isto o amor?». Continuou e reparou nas

enormes árvores, verdes, avermelhadas… de todas as cores. «Isto já

é maior… será o amor? O amor tem tantas cores e é tão grande!».

Ainda não satisfeito, seguiu sempre em frente e foi reparar numa

pequena flor murcha. «Olha que coisa mais feia e mais bela ao

mesmo tempo! É castanha e parece estar com sede! Vou ver se isto

também bebe água». Foi a um pequeno riacho e recolheu um

bocadinho de água com as suas pequenas mãos. «Que giro! Consigo-

me ver nesta água! Que coisa tão fria e viva! Isto é o amor?» Beijou-

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a levemente e sentiu a sua leveza. Subitamente, assustou-se com

pequenos seres que abundavam no riacho. Quem seriam? Estariam

a afogar? Mas pareciam tão vivos e coloridos! Tudo era algo de

novo. Qualquer pequena coisa poderia ser o amor! Lembrou-se

então da sua flor com sede e recolheu cuidadosamente um pouco

de água nas suas mãos e correu. Poucas gotas sobraram ao chegar à

flor mas repetiu a viagem as vezes necessárias até verificar que

aquela coisa feia e bela se restabelecia. Com ânimo a viu erguer e,

cansado, adormeceu na sua sombra.

Seus pais, preocupados com a demora, aflitos o procuraram,

ajudados por toda a aldeia. Afinal, sempre havia amor!

Ao avistarem tamanha flor, curiosos, investigaram e qual o

seu espanto ao verem o menino adormecido, coberto por uma

pétala perfumada.

O menino acordou envolto nos braços de seu pai e foi levado

aos ombros para casa, rodeado pela vizinhança eufórica.

«Mãe, pai, o amor cabe todo numa planta! Assim como eu me

preocupei com ela, ela também se preocupou comigo!»

Esse rapaz conquistou o respeito de toda a aldeia, unindo-a,

ensinando-lhes o que é o amor.

Assim diria Saramago.

14.05.2012

Ana Catarina Azevedo

Nº2 / 5ºI

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Cristiana Mesquita Reis & José Saramago

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“As histórias para crianças devem ser escritas com

palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras

e não gostam de usá-las complicadas.

Quem me dera saber escrever essas histórias perfeitas, mas nunca fui capaz de

aprender isso.

Se eu tivesse todas aquelas qualidades, poderia contar com pormenores uma

linda história que um dia inventei...”

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Era uma vez um menino, igual a mim quando eu era pequeno, que sentia que os

pais não lhe davam o amor que merecia e que necessitava. Com tanta falta de carinho,

o menino decidiu saltar quintais e correr o mundo, pois todas as crianças são como

uma pequena pétala de uma flor que voa sem saber onde vai... mas voa... mas vai...

O menino correu vales e rios, rios e vales, passou por paisagens horrorosas, por

paisagens limpas do horror. Foi até lá ao fundo, perto da lua e voltou até cá. Até que

encontrou... encontrou uma pequena “flor”(se é que lhe posso chamar isso) murcha,

no meio do nada.

O rosto do menino, cansado e enfraquecido, olhou em volta, mas nada... apenas o

céu e o chão seco, rasgado pelo calor do estação. Mas uma ideia surgiu. Apesar do seu

sentido insignificante, a ideia serviu para alguma coisa. O menino esgotou rios,

trazendo, gota a gota, água para dar de beber à flor, que foi crescendo e ganhando

uma vida sem igual.

Nos dias seguintes, a flor envolveu-o nas suas folhas, dando o carinho que dantes

não tinha recebido, protegeu-o do frio com as suas pétalas, amou-o como uma mãe

ama um filho. O menino sentiu-se especial.

O tempo foi passando e, certo dia, quando o menino voltava do rio com as

gotinhas de água para dar à sua flor, viu muita gente, gente demais, gente com

máquinas. Correu desesperadamente, mas já não foi a tempo – tinham cortado a sua

flor... Sentiu uma grande dor, uma dor nunca sentida, nunca vivida, nunca sonhada no

seu maior pesadelo. Começou a chorar junto do que restava daquela flor (se é que

ainda lhe posso chamar flor). Chorou tanto, tanto, como nunca ninguém viu chorar.

Ali era a sua casa, o seu ninho e, por isso, de lá não saiu. Aninhou-se junto do local

onde a sua querida flor fora criada. De manhã, foi acordado com o raiar do sol. A luz

cegou-lhe os olhos. Esfregou-os e entrou no paraíso. À sua volta não estava apenas

uma flor, mas sim dezenas, centenas, milhares delas. O menino queria acreditar mas

não conseguia... Tal como uma mãe nunca abandona o seu filho, a flor não abandonou

o menino.

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“E assim, existiu a maior flor do mundo, salva por uma criança e imaginada por

mim que nunca deixei de sonhar, nunca deixei de dizer o que sentia, nunca deixei de

gritar ao mundo o meu sentido.

Este era o conto que eu queria contar. Tenho muita pena não saber escrever

histórias para crianças.

Mas pelo menos ficaram a saber como seria a história e poderão contá-la de

outra maneira... com palavras mais simples do que as minhas. E talvez mais tarde

venham a saber escrever histórias para crianças.

Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me

lês... Mas muito mais bonita.”

“Escrevo para desassossegar os meus leitores.”

José Saramago

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A FLOR MAIOR DO MUNDO

História

14-05-2012

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Fim

Num dia de sol, um rapaz e seu pai foram a um monte buscar uma bela árvore. Junto dessa árvore, estava também uma flor. Nesse mesmo monte, o rapaz encontrou um bicho e decidiu levá-lo para casa. Chegou a casa e quis mostrar o seu bicho à mãe, mas ela estava ocupada a falar com o pai.

O rapaz abriu a caixa onde pusera o bicho e este voou para longe; então o rapaz foi atrás. Só parou quando chegou a um lago, um lago com tronco atravessado.

O rapaz, já no outro lado do lago, encontrou um enorme número de árvores. Ele foi andando pelo meio das árvores, das flores, das borboletas… até que chegou a um monte, ao monte onde ele já estivera com o seu pai. Estava lá a flor mas, desta vez, a morrer, sem água e sem sombra. O rapaz foi ao lago buscar água para a flor. Ela despertou e o rapaz foi mais uma vez, e assim continuou vezes sem conta. A flor foi crescendo sempre até atingir uma altura imensa.

Depois de tanta corrida, o rapaz, de tão cansado que estava, adormeceu. A flor, como forma de agradecimento, deixou cair uma das suas pétalas sobre ele.

A sua mãe e o seu pai, de repente, deram falta dele e foram à sua procura. Encontraram o rapaz e a enorme flor. E tudo acabou bem.

Vitória Moreira

N.º 22

5.º I

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