A Mentira No Basquetebol

7/28/2019 A Mentira No Basquetebol

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A mentira no Basquetebol

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A mentira no basquetebol


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1.INTRODUOMuito se fala na crise do basquetebol. E, regra geral, quando se discute,

pouco ou nada se fala da crise ao nvel da planificao estratgica e dosprincpios de jogo. A mentira no basquetebol comea por existir na falta derespeito pela essncia do jogo.

No basquetebol actual cada vez mais difcil criar situaes de vantagemno ataque. As surpresas de ordem tctica acabaram graas aoScouting, ao treino e s capacidades tcnicas e fsicas dos atletas.

Dispor de informao hoje fcil. Basta aceder Internet. Copiar algoque todos os treinadores fazem e no motivo de vergonha. O maiorproblema est em no entendermos que equipa temos e onde estamosinseridos.

O basquetebol continua a ajustar-se de forma regular as regras o que snos pode deixar satisfeitos e nos obriga a procurar novas opes de formaa influenciarmos o jogo

As defesas so cada vez mais agressivas, procurando impedir a aplicaodos conceitos bsicos do ataque (mudanas do lado da bola, ngulos depasse, linhas de passe, eficcia lanamentos, bloqueios, seleolanamento e lanador).

Na actualidade a resposta de muitos treinadores passa por obrigarem osdefensores a terem de se aplicar num movimento inicial (corte oubloqueio) de forma a que quando tenham de intervir na aco principal o

faam de forma deficiente e atrasada.

Este o meu ponto de partida.


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2.AINDA O VELHO ATAQUE DE PRINCETON

Comecemos ento pela estratgia de desequilbrio da defesa.

Uma das formas de a executarpassa pelo uso do False Motion.

Tomemos como exemplo o velho ataque Princeton que tem por base omovimento constante da bola e dos jogadores. Recorrendo aos passes,cortes nas costas e bloqueios indirectos e directos executados de formadisciplinada e colectiva para criar lanamentos fceis.

A bibliografia sobre oataque Princeton bastanteampla e tem sofrido vriasalteraes adaptadas evoluo do jogo. Muitasequipas da NBA e Collegeaproveitaram as ideias do

treinador Pete Carril(Princeton College).

A disposio inicial do ataque com 4 around (4 jogadores no permetro

e um jogador dentro), o que possibilita boas opes no jogo interior(Single Post). A circulao rpida da bola e o constante movimento dos

jogadores que recorrem frequentemente ao corte agressiva nas costas(Back Door ) so a imagem de marca de Princeton . A posteriorocupao coerente dos espaos, a rotao dos jogadores exteriores e ouso dos bloqueios completam este modelo.


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O ataque Princeton tem por objectivo procurar ganhar vantagens a partirdo PR /Pop Out no lado 2 a que se junta um Staggered Screen e umTringulo no lado 3.

Executando o movimento de forma directa (Motion Wing) facilitamos atarefa a quem defende.

Contudo se entramos no False Motion mantemos a defesa ocupada efora das posies mais favorveis para depois entramos no ataquePrinceton, executando o movimento principal com sucesso no lado opostoao inicial.

1 passa a 2 e corta para olado contrrio.

4 Roda no permetro e ocupaa posio anterior de 1.


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3 Bloqueia para 1 e aclarapara o canto contrrio.

5 Muda de lado.

Assim com a mudana do lado da bola (Revers Action), inventada por

Pete Newel, criamos problemas defesa nos ajustes e damos inicio aomovimento principal . A bola voltou s mos de 1 que joga P.R./P.Out do lado oposto com 5.

4 passa a 1 e faz Staggered Screen com 2 para libertar 3.


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3.2.Bloqueio Indirecto + Bloqueio Directo

Provavelmente a aco a que os treinadores dedicam mais tempo nadefesa o Bloqueio directo. J l vai o tempo em que a defesa do 1x1 erapredominante. A maioria dos ataques inclui bloqueios directos centrais,laterais, com mais ou com menos atacantes do lado da bola. As equipasde qualidade esto preparadas para todas estas aces.

A defesa est focada no portador da bola e tem um alto grau de

automatizao entre o defensor do portador da bola e o defensor dobloqueador, enquanto os restantes defensores esto preparados paraajudar e entrar nas rotaes.

Um bloqueio indirecto prvio, sobre o jogador que posteriormentebloquear directo cria uma desvantagem inicial ao defesa o queprovocar um desajuste defensivo na defesa do jogador com bola. Odefesa do bloqueador (05) chega normalmente fora do tempo e complicaa estratgia da defesa do bloqueio directo central.

Suponhamos uma equipa que tem por estratgia defender o BloqueioCentral Directo com Show and recoverd. Se efectuarmos o movimentodirectamente , tal possvel de executar por parte de quem defende.

Se usarmos o False Play (Bloqueio indirecto 25) mais difcil a tarefa dodefesa 05. fundamental que 2 estabelea contacto com o defesa 05 de


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forma a atrasar a sua aco posterior. O bloqueado ( 5 ) deve esperarpelo bloqueio , para criar vantagem e evitar a falta ofensiva.

3.3.Bloqueio Directo + Bloqueio DirectoSuponhamos agora que a defesa pretende opor-se ao bloqueio directolateral com o recurso ao Funel/Linha (desviar para a linha ).

O bloqueador 5 deve modificar o ngulo de bloqueio (passa a vertical). 1ataca 05 e obriga-o a focar a sua ateno na bola.

5 abre no permetro e pode lanar da zona central ou optar por mudar olado da bola e entrar no bloqueio directo com 2.

O defesa 05 no tem assim tempo para manter a regra da defesa dobloqueio directo em Linha


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3.4.Bloqueio Indirecto + Bloqueio Indirecto

O defesa 04 obrigado a ajudar na defesa do bloqueio indirectoHorizontal (43) cujo objectivo libertar 3 perto do cesto.

1 bloqueia indirecto (14) a recuperao de 04 criando uma vantagempara 4 no permetro ou obrigando a uma troca (01-04).


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4. False Play na final da NBA .

Quem seguiu com ateno e com olhos de treinador a Final 2013 da NBA

encontrou no ataque tanto dos Spurs como de Miami a utilizao desteconceito.


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Este ataque de San Antonio um exemplo bsico:

O base Tony Parker entra no ataque, passa a Manu Ginobil e corta .

Na continuao o poste Tim Duncan Bloqueia Indirecto para o base (CorteUCLA), obrigando o defesa do bloqueador (Chris Bosh) a entrar na acoinicial.


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Duncan na sequncia bloqueia directo para o base Parker (acoprincipal).

O defesa 05 de Miami (Bosh) est agora envolvido na aco da defesa daaco principal (bloqueio directo - Pop Out) e vai libertar o seu atacantedirecto Duncan que lana sem oposio.


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5. False Play na LIGA ACB.


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A Final da Liga ACB foi renhida e bem disputada.

E Real Madrid e Barcelona tambm aplicam de quando em vez o

conceito.Na Liga espanhola tal como como na NBA muitas equipas continuam ausar o ataque Hawks .Vejamos um dos ataques do Real Madrid , querecorre a um bloqueio inicial indirecto em diagonal, seguido de um directoe de mais um indirecto :

O poste Begic (16) bloqueia indirecto para Caroll (20)

Begic (12) bloqueia directo para Llull (23)

O defesa do bloqueador Tomic (44) envolvido na defesa do bloqueio

inicial em diagonal fica longe da segunda aco (bloqueio directo).


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Na continuao Begic ( 16) bloqueia para Caroll (20) e mais uma vezTomic anda perdido nas aces e no colabora na defesa do bloqueioindirecto.

Carrol (20) com vantagem em relao ao seu defensor directo Olenson(24), lana sem oposio.


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7. O False Play na LPB

A maioria das equipas que participaram no ltimo campeonato tinhamtambm no seu modelo de jogo ofensivo o False Play.

A ttulo de exemplo alguns False Plays elementares que utilizei esta poca

na LPB.

O Algs recorreu ao ataque Princeton (2.3) como movimento primrio.


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7.1. X Move + False play

1 passa a 5 e corta sobre o bloqueio indirecto de 3.2 corta sobre o bloqueio de 3. 1 e 2 ocupam posies nos

blocos.

3 3 abre no permetro e recebe de 5.

1 e 2 aproveitam os bloqueios indirectos de 4 e 5 e abrem no permetro.

O atacante 3 passa a 2e bloqueia lado contrrio para 1

5 bloqueia indirecto horizontal para 4 (False play).4 sai a bloquear directo 2 e jogam Pop Out.

5 ganha posio interior.


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8.Concluses Finais :

Faz sentido o uso do False Play quando a defesa coloca problemascomplicados ao ataque.

Na minha modesta opinio, o mesmo deixa de fazer sentido quando talno acontece e a soluo tradicional de ir logo para os bloqueiosindirectos e indirectos claramente mais eficaz. J vi tambm usar o FalsePlay contra defesa Zona. Confesso que no vejo vantagens

frequente com a utilizao do False Play que as equipas criem solues

pobres. Tomemos como exemplo uma das mais utilizadas no nossobasquetebol: Bloqueio Indirecto + Bloqueio directo. A bola fica demasiadotempo nas mos do base que espera pelo bloqueio directo enquantodecorre a coreografia

O 1 bloqueio falso, logo a defesano defende tambm. Isto oatacante que bloqueia e o que

recebe o bloqueio no soofensivos e no criam linhas depasse.


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Se verdade que 05 vem namaioria das vezes atrasado e malcolocado, tambm verdade que

muitas vezes a zona pintada estcongestionada e os jogadores dopermetro mal colocados o quedificulta a comunicao com oportador da bola que quase sempreopta pela aco individual. Ficamoscom um movimento pobre sem

passes, sem movimento da bola ecom solues pobres PR semsolues complementares

normal vermos muitos sistemas de ataque onde se abusa do drible parase chegar opo final do bloqueio com 1 s passe ou nenhum.

Os conceitos tcitos da Tctica Individual mal apreendidos transformam-seem erros de difcil soluo.

8.1.Ganhar vantagem com a tctica individual.

J poucos se lembram do Coach DeanSmith (NC) que dizia :

Ns acreditamos que necessrio

movimentar a defesa antes de entrarmosnas penetraes . A regra dos 3 passes faz

sentido. Ficam 3 jogadores contentes

porque tocaram na bola. Aps cada 3

passes obrigatrio passar dentro.

A % lanamentos aumenta quantos mais

passes fazemos.


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Do mesmo modo outro mito da

modalidade Boby Knight acrescentava:O bloqueio a aco ofensiva mais

difcil de defender. Movimento da bola e

dos jogadores, bons passes e bloqueios

aumenta a possibilidade de criarmos bons

lanamentos.

Podemos tambm ganhar vantagens a partir da melhoria da tcnica dosnossos jogadores e da melhoria da sua capacidade de leitura (tcticaindividual), mas isso d trabalhoQuantos mais recursos tcnicos tm osnossos jogadores mais opes e melhores decises tomam.

Ensinar os jogadores a conhecer o jogo de forma a que as acesindividuais lhes permitam tomar a iniciativa, adaptando-se aco doadversrio, usando de forma inteligente a tcnica e a criatividade.

Para que sejam eficientes temos que lhes dar mais do que as ferramentaspara jogar (tcnica individual).

Os jogadores tm de estar preparados para reconhecer o que est adefesa a fazer e atacar em conformidade.

Do dilogo permanente entre a defesa e o ataque surge a naturalevoluo do jogo.

Mas face aos mltiplos problemas colocados pela defesa o que fazer?Mudar as jogadas? Introduzir o false play? Substituir os jogadores? Trabalhara tctica individual? Melhorar os fundamentos dos jogadores?


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Na minha opinio o essencial para por manter os conceitos do ataque eajudar os jogadores a fazerem uma melhor leitura da defesa, procedendoaos ajustes necessrios mas mantendo a estrutura inicial dos movimentos.

Na revista o Treinador n 37 (outubro de 1997) escrevi um artigodenominado A evoluo do ataque ao longo da poca, um artigo que

continua actual. A mostrava claramente o meu ponto de vistarelativamente ao tema.

A leitura da defesa, a capacidade tcnica, a velocidade de execuo ea capacidade de adaptao a novas situaes ditavam cada vez mais as

leis no jogo. Em relao a isso nada do que afirmei se alterou, muito pelocontrrio.

Continuo assim a defender o mtodo clssico de ler a defesa e reagir emconformidade.Se a defesa faz ( What if de defense ) o ataque

responde com

Claro est que mais complicado que a coreografia do False Play, jque implica conhecimentos por parte de quem ensina.

Tomemos como exemplo bsico o Bloqueio directo.

E se o defesa passa por cima do bloqueio .

1 ataca o cesto em drible


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E se o defesa 02 ajuda .

1 passa para o canto e 2 lana (Kick out pass)

E se o defesa passa por trs do bloqueio

1 lana (Pull up Jumper)


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E se a defesa troca

Aproveitar o Mismatch interior ou exterior

E se a defesa faz Trap..

1 ajusta a trajectria drible (String out)


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3 linhas de passe

Publiquei recentemente , 19 Junho 2013, no meu blogue

http://coachmariosilva.blogspot.pt/ uma iniciativa ofensiva de Rudy Fernandesque mostra claramente que a tcnica e a leitura de jogo podem criarvantagem de forma mais simples e eficaz.

O gesto tcnico de Rudy Fernandez, num dos jogos finais do Play Off da Liga ACB, prova, mais uma vez, que atcnica que resolve quase tudo no basquetebol...

Se nos dermos ao trabalho de estudar os DVDs rapidamente conclumosque a maioria dos pontos obtidos pelas nossas equipas so provenientesde ressaltos ofensivos, lances livres concretizados, contra ataques ebooken plays. Isto , apenas 20% dos pontos so originrios dosdenominados set plays o que contrasta claramente com aquilo quefazemos no treino, onde 80% do tempo passado a treinar as jogadas eapenas 20 % com os princpios elementares do jogo. Para qu ento gastartanto tempo com algo que nos d to fraca produo de pontos? Uma

pergunta que considero mais do que pertinente.
http://coachmariosilva.blogspot.pt/http://coachmariosilva.blogspot.pt/http://coachmariosilva.blogspot.pt/


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Devemos treinar os fundamentos e a tctica individual ou dar uma ajuda (saltando as tais etapas com a tctica )?

Ganhar vantagens a partir da Tctica e do False Play parece estar namoda. A coreografia bonita e d bem menos trabalho que ensinar osfundamentos bsicos do jogo

E sem eles, sem os princpios do jogo, arriscamo-nos a condenar ainda maiso basquetebol portugus a anos de decadncia, o que colocar emcausa o futuro da modalidade.

Penso ser da maior urgncia combater uma das maiores mentiras no

basquetebola de trocar a essncia do jogo por variantes que s fazemsentido se incorporadas numa lgica de apologia dos fundamentos.

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