A mídia em massa versus a inteligência coletiva

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  • 8/14/2019 A mdia em massa versus a inteligncia coletiva

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    A mdia em massa oferece contedo a

    inteligncia coletiva cria novo contedo.

    Yochai Benkler[1] leciona direito de comunicao e informao na Faculdade deDireito de Yale. autor do livro As Riquezas das Redes: Como a Produo SocialTransforma Mercados e Liberdade [2] (sem traduo para o portugus).

    Henry Jenkins [3] co-diretor de Estudos Comparativos de Mdia, e professor decincias humanas da Cadeira Peter de Florez. Seu mais recente livro Cultura deConvergncia: Onde a Mdia Antiga e Nova se Cruzam (sem traduo para o

    portugus).

    Os dois cientistas norte-americanos debatem aqui o tema notcias, informao e a sadedas redes (news, information and the wealth of networks). Portanto, debatem um poucodo que estamos fazendo noPeabirus.

    Ou seja: discutem as regras do envolvimento, numa perspectiva que mostram queestruturas com mais de 150 pessoas sofrem fortes mudanas organizacionais, exigindomaior hierarquizao para impedir o caos. Nestas estruturas muito numerosas, vale a"regra da multido", "rule of many". O fluxo se organiza sem hierarquia, semorganizao de cima para baixo, sem editores -- baseado na confiana que cadacontribuio positiva.

    So Redes Orgnicas capazes de reduzir a barreira econmica inovao. Apresentamarquitetura mais modular, mais flexvel e tornam a computao mais acessvel para osempreendedores. Esta inovao coloca no centro o pensamento das pessoas, no eixo da

    participao democrtica.

    Benkler e Jenkins debatem o fenmeno aqui numa perspectiva sociolgica e histrica.Uma leitura atenta, no entanto, leva a naturais ilaes sobre o conjunto de aes queesto correndo noPeabirus com o objetivo de facilitar relaes de negcios. Valemo-

    nos noPeabirus dos mesmos fatores que geraram o movimento analisado pelos doiscientistas. A diferena no nosso caso que o processo regido por um modelo degovernana e de negcios definido de forma compartilhada e clara para todos.

    Vamos ento para para o resumo deMarie Thibaultda segunda das trs mesas redondasdo mit communication forum. Esta abordando o tema 'Os jornais sobrevivero?'(Neste linque[4], o original e mais informaes em Podcast, Audiocast e Webcast).

    RLM

    Aps as apresentaes feitas por David Thornburn and William Uricchio (ambos do

    MIT), os dois oradores abordaram as questes de mdia, mudana da sociedade, e os

    http://www.law.yale.edu/faculty/YBenkler.htmhttp://www.law.yale.edu/faculty/YBenkler.htmhttp://www.benkler.org/wealth_of_networks/index.php/Main_Pagehttp://web.mit.edu/cms/People/henry3/index.htmlhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/news_and_networks.htmlhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/news_and_networks.htmlhttp://www.law.yale.edu/faculty/YBenkler.htmhttp://www.benkler.org/wealth_of_networks/index.php/Main_Pagehttp://web.mit.edu/cms/People/henry3/index.htmlhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/news_and_networks.html
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    perigos do statu quo. As anotaes abaixo so apenas a minha (Marie Thibault)tentativa de capturar o esprito da discusso, e no so citaes diretas dos participantes.

    Benkler iniciou a conversa lembrando do crescimento do negcio do jornal em meadosdo sculo 19, e como a criao de um setor de mdia de capital intensivo abriu uma

    brecha entre os produtores profissionais (comerciais) e os consumidores passivos. Eleento pulou para os dias atuais, destacando que a disponibilidade do processamento dedados e sua distribuio mudaram o status quo.

    Ele ilustrou este ltimo ponto mostrando a capacidade de processamento de vriossuper-computadores, para ento compar-los ao poder de processamento conjuntooferecido pelo projeto SETI@home. Para ele, este fato ilustra a radical descentralizaoda capitalizao e o poder dos recursos conjuntos, em ingls pooled peer resources.Estes mesmos fatores tambm esto permitindo que as pessoas participem ativamentedo processo de criar comunicao atravs da computao.

    Isto levou produo comum, no sentido de produo conjunta, que no possui limitesnas contribuies, nos resultados, ou nos indivduos tudo isto sem a interferncia damdia comercial. Os indivduos agora possuem a capacidade e a autoridade de agir.

    Outro resultado deste processo a produo entre pares que uma cooperao emlarga escala, praticamente sem gerenciamento. Alguns dos exemples que ele apresentouincluiram os softwares livres (em especial Sourceforge.com), os Mars Clickworkers e aWikipedia.

    A mdia tradicional reconhece a ameaa e a realidade apresentada pela produoconjunta, e busca avidamente contedo novo baseado em produo social. A mdiatradicional sabe que a produo social um fato, no apenas uma moda; sabe tambmque pode ser mais eficiente na produo de informaes que os modelos existentes;sabe, finalmente, que a produo social uma ameaa. Esta a realidade econmica dariqueza das redes.

    Blenker voltou ento suas atenes s questes polticas que cercam o tema.

    A forma que produzimos informaes e decidimos o que produzir so escolhas crticas.Como exemplo, ele citou as eleies de 2000 nos EUA, e suas conseqncias.

    Para assegurar que as questes surgidas em 2000 no voltassem a ocorrer, em 2002houve um movimento especialmente na Califrnia para adeso ao voto eletrnico.Estes eram sistemas proprietrios e todos foram assegurados pelo fabricante (Diebold),confiem em ns. Bem, nem todos confiaram, e algum conseguiu acesso ao cdigofonte dessas mquinas. Esta pessoa postou o cdigo e links para as ferramentas que

    podiam acessar e analisar este cdigo. Pessoas ao redor do mundo contribuiram eacharam questes mal resolvidas. A histria chegou revista Wired; de acordo comBenkler, a Wired no entendeu a mensagem (que havia problemas no cdigo fonte) evoltou as suas atenes ao fato do software da Diebold ter vazado. A Diebold endureceue tentou impedir que a matria fosse publicada. Mas j era tarde demais. Estudantes daUniversidade de Swathmore comearam a analisar o software e postar o que

    encontravam. A Diebold endureceu novamente, e as informaes foram removidas. Masagora j era tarde demais, mesmo. As informaes j haviam se espalhado pela internet.

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    Mais tarde, os problemas das urnas eletrnicas da Diebold chegaram at os tribunais daCalifrnia, e muitas delas perderam sua certificao com base nos problemas levantados

    pelo esforo conjunto realizado ao redor do mundo.

    A opo de questionar um software fechado e proprietrio, a deciso de utilizar uma

    produo conjunta para anlise do software, e, finalmente, a cassao dos certificadosdas urnas eletrnicas ilustram a capacidade poltica do poder da rede.

    Tambm destacam a importncia de criar uma cultura mais crtica, que deseja conectar-se, apontar e ver por si mesma.

    Esta recapitulao no capta toda a extenso dos comentrios feitos por Benkler, mas,espero, permite que tenhamos uma idia de como ele v as coisas e da importnciacrtica da produo social. Seu livro est disponvel no seguinte endereo: [5].

    Henry Jenkins ento falou sobre a convergncia da cultura de fs e da mdia em massa,

    e de como estes dois esto levando a uma mdia social.

    O primeiro exemplo que mostrou foi uma foto de algum vestido de stormtrooper deGuerra nas Estrelas, comprando brinquedos de Guerra nas Estrelas. A foto foi feita comuma cmera de celular pelos amigos do camarada fantasiado e postada noFlickr. Amdia achou a foto e a reproduziu em dezenas de jornais em todo o pas. Este tipo decoisa assusta os produtores da mdia tradicional, porque eles no tm controle docontedo ou do contexto. Jenkins acha que aLucas Arts provavelmente no seincomodou com o incidente, mas a questo no esta.

    O nosso prximo exemplo vem de burtisevil.com, e mostra uma imagem do Beto, deVila Ssamo, junto a Osama bin Laden. Jenkins mostrou ento uma foto de um postercom imagens de bin Laden que estava sendo usado em um protesto no Afeganisto.Uma das imagens incluia o Beto. A PBS, rede pblica de televiso americana que detmos direitos de Vila Ssamo, no ficou lisonjeada, e gostaria de processar algum.

    Ambos so exemplos da interao entre a mdia chamada top-down (de cima parabaixo) e a bottom-up (de baixo para cima). O contedo vem de cima, reinterpretado eredistribudo de baixo. Incidentes como os exemplos acima agitam ambos os mundos.Um tomado de uma sbita sensao de falta de poder, e o outro pela sensao deaparente poder. Tambm est criando verdadeiros desafios para advogados de

    propriedade intelectual e define a noo de cultura de convergncia.

    No baseada em tecnologia, mas sim em um processo cultural desencadeado pelatecnologia. A convergncia cultural j chegou. Histrias e contedo agora sodistribudas atravs do mximo de plataformas e mdia, de forma legal ou ilegal, decima para baixo e de baixo para cima. um processo trans-mdia, participatrio eexperimental.

    Exige e se utiliza da inteligncia coletiva (aquilo que Jenkins chama de ad-hocracia), medida que mais e mais pessoas compartilham e combinam informaes. Estainteligncia coletiva permite tambm que as informaes sejam processadas com mais

    rapidez. Um nmero cada vez maior de pessoas participa e contribui com esta crescentead-hocracia:

    http://www.benkler.org/wealth_of_networks/index.php/Main_Pagehttp://www.benkler.org/wealth_of_networks/index.php/Main_Page
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    57% dos adolescentes so produtores de mdia 33% compartilham com outros aquiloque produzem 22% possuem suas prprias homepages 19% possuem blogs 19% fazemuma remixagem do contedo (de Pew)

    A mdia em massa oferece contedo a inteligncia coletiva cria novo contedo.

    E como isto tudo afeta as notcias?

    As pessoas esto aprendendo a fazer uma mdia cvica. A cultura dos fs aprendeu acriar e manipular o contedo, por divertimento. Estas habilidades esto sendo aplicadasem outras reas, criando novas fontes de informao, comentrio e ativismo. A ttulo deexemplo, Jenkins mostrou imagens dos atentados terroristas no metr londrino, feitas

    por pessoas a bordo do metr, e imagens do Presidente Bush em Nova Orleans,alteradas com a ajuda do Photoshop. Tambm mostrou exemplos de agregao e anlisede contedo, utilizando fotos e legendas do furaco Katrina.

    Esta combinao de informao e entretenimento est se tornando uma fora, moldandoconversas srias, que agora aparecem em toda extenso da cultura de convergncia.Seus comentrios levaram a vrios vdeos que ilustram seu ponto de vista e tambm asquestes maiores da evoluo da cultura de convergncia baseada em redes e em

    produo conjunta. Aps os vdeos, houve uma sesso de perguntas e respostas.

    O que precisa acontecer para que as pessoas efetivamente contribuam com a mdiacvica? necessrio apenas transferir as regras atuais de mdia, ou precisamos de algomais? O que precisamos ensinar a essas pessoas?

    Benkler: Saber quem o ns e quem ns estamos ensinando que faz parte dodesafio neste nosso caso mais fcil quando existe uma classe de produo fixa, que

    pode definir quais so as habilidades e o treinamento necessrios para participar;estamos vendo o incio da leitura crtica em um universo com mltiplos pontos deentrada, os tradicionais detentores da autoridade muitas vezes esto errados estamoscomeando a ver mais sobre o desenvolvimento das habilidades de coleta deobservaes e de inteligncia, que respostas a sinais enviados por uma autoridade.Precisamos prestar ateno nos mltiplos pontos de entrada e aplicar o pensamentocrtico, de forma a chegar a um parecer temporrio.

    Jenkins: No estamos aprendendo com uma pessoa; estamos aprendendo uns com os

    outros, atravs do processo de inteligncia coletiva. Ainda existe uma diferena emnveis de participao, que diferente da desiguldade digital. A maior parte das pessoastem acesso, mas nem todas tm acesso s habilidades e experincia necessrios parautilizar este tecnologia na participao da mdia cvica. A DOPA (a lei proposta nosEUA em 2006, que visa evitar que jovens tenham contato com molestadores on-line aousarem computadores instalados em escolas) limitaria o acesso ainda mais.

    Embora a populao possa aprender as habilidades necessrias para a mdia cvica, aexistente mdia pode aprend-las tambm? Podem ser assimiladas pela elite do poder?

    As habilidades podem vir de baixo para cima, mas podem tambm ser empurradas decima para baixo.

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    Benkler: importante no sermos utpicos; isto tudo no ruim. Sistemas como estesso susceptveis a ataques? Sim. Quais so as defesas? Na mdia em massa, existe um

    pequeno nmero de alvos que podem ser apontados, distorcidos ou controlados; isto mais difcil fazer na mdia cvica.

    Jenkins: Um ponto importante a ser observado que as grandes organizaes sentem ereconhecem a necessidade de criar falsos movimentos oriundos da populao. Elassentem a necessidade de usar dos mtodos daqueles que no possuem poder paracomunicar sua mensagem.

    O que dizer sobre o argumento que a mdia cvica cria colegas, mas no os une?

    Benkler: O que podemos observar atravs dos padres de uso que no estamosfragmentados demais, ou unificados demais; no estamos ainda no ponto certo, maschegaremos l. Alguns podem dizer que o que est acontecendo na mdia cvica no uma democratizao, mas sim uma concentrao milhes de pessoas se ligam a alguns

    poucos sites ao mesmo tempo que milhes de sites tm alguns poucos visitantes. Arealidade que alguns sites comeam a se reunir em torno de assuntos e questes queso importantes a algumas comunidades especficas; no prximo passo, observa-se quecentenas de sites passam a se ligar para sintetizar aquilo que importante para aquelegrupo.

    Jenkins: No passado, os crticos sociais preocupavam-se com a hegemonia criada pelamdia em massa; agora os crticos esto preocupados com a fragmentao da mdiacvica. . . Precisamos ter cuidado em dar muito ouvido aos crticos. . . O processo de

    participao muito complexo vai de cultura pop a cultura produzida, mas podeignorar toda a mdia cvica encontrada no meio.

    Como os modelos produzidos conjuntamente funcionam em questes cientficas? Como que as comunicaes cvicas podem ajudar nesta linha de frente?

    Jenkins: Esta uma rea complicada; sempre existe espao para especialistas emqualquer modelo; especialistas desempenham papis vitais na interpretao e orientaode comunicaes.

    Benkler: importante no olhar para a utopia, mas para a linha que serve de base paraa mdia em massa. Se voc fizer um apanhado da comunidade cientfica e suas

    publicaes, por exemplo, no h dvidas com relao existncia e causa doaquecimento global. Mas se voc olhar para a mdia em massa, a sensao que osespecialistas esto divididos no assunto, metade para cada lado. Algo como a Wikipedia

    pode disponibilizar uma ampla gama de pontos de visto sobre este assunto.

    O que pode pr em risco a criao da mdia cvica? Esta tem sido uma discusso muitopositiva, mas o que poderia impedir este tipo de participao?

    Benkler: Cada vez mais, parece que no existem grandes impedimentos a este processo.Existem algums, tais como as mquinas confiveis, que limitam o uso de sistemas

    para impedir que sejam utilizados para quaisquer finalidades no especficas, ou que

    tenham acesso a contedo no autorizado. Isto est sendo proposto por Hollywood, combase no fracasso de DRM (Digital Rights Management, tcnicas que restringem o uso e

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    a transferncia de contedo digital), entre outros motivos. Isto pode levar a umadesigualdade no acesso e no uso de contedo. Outro impedimento poderia ser controleimposto por empresas; contudo, as redes mesh podem impedir que isto acontea.Patentes de software tambm podem representar um problema; mas o grande nmero deempresas que vislumbram ganhos financeiros impede que os softwares livres sejam

    restritos. A falta de acesso tecnologia e comunidades de colaborao tambm podeser um fator de distoro.

    O que pode ser feito? Criar, compartilhar e adotar licenciamento do tipo oferecido pelaCreative Commons [www.creativecommons.org.br] . Devemos estimular direitosabertos e abrir aqueles restritos. Propriedade intelectual deve ser uma questo poltica.Estamos comeando a ver isto acontecer.

    Mais e mais pessoas e grupos esto avanando para impedir que aqueles em situaoprivilegiada ataquem a mdia cvica.

    Jenkins: A cultura participatria chegou para ficar. A escala e o ambito ainda esto emdvida, e como esta cultura se relaciona com a mdia principal ainda est por ser visto.A maior ameaa representada por Hollywood e seus inimigos democratas liberais ambos os quais esto trabalhando para limitar a participao: Hollywood quer faz-locontrolando acesso e direitos de contedo, e os liberais querem controlar o acesso acomunidades de colaborao atravs de leis como a DOPA.

    Um fator que pode impedir este processo se as leis no mudarem, as pessoas seroimpotentes algum dia a lei ser um processo que vai de baixo para cima?

    Benkler: Esta uma questo profunda em termos de teoria do direito; o sistemajurdico progressivo ou regressivo? A questo vai at a fonte da lei qual sua origeme como pode mudar? No acredito que exista um processo de criao de leis de baixo

    para cima. Quais so as implicaes desta cultura de participao para o mundotradicional de cobertura de notcias e consumo de notcias? Qual o futuro do jornal?

    Jenkins: Na qualidade de algum treinado em jornalismo, ele est preocupado com osjornais; a mdia participativa contra os jornais uma questo interessante. O que interessante observar e considerar que a blogosfera pode ser vista como uma respostaa aquilo que no coberto pela mdia tradicional. Esta deveria olhar melhor para asquestes levantadas pela mdia participativa, para ento ampli-las atravs de seus

    canais.Os jornalistas cidados no substituiro os jornalistas profissionais; as categorias denotcias que existem no refletem a diversidade de nossa cultura; a nova mdia , econtinuar sendo, uma medida corretiva.

    Benkler: As mdias tradicionais desempenham um papel importante, mas so veculospara as elites (incluindo ns), e vm de cima para baixo; ns valorizamos conhecimentoe elites. As mdias desempenham um papel de plataforma para que as elitescompartilhem idias. Esta funo no desaparecer.

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    This entry was posted on September 27, 2006 at 1:10 pm and is filed under Technology.You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses arecurrently closed, but you can trackback from your own site.

    A versao do debate publicada no MIT[6]

    news, information and the wealth of networks

    Thursday, September 21 5-7 pm 3-270

    Resumo

    Jornalistas da imprensa, crticos da mdia e visionrios digitais discutem as atuaistransformaes e o aparente declnio dos jornais americanos. Tpicos a seremabordados: o envelhecimento do leitor de jornal, o surgimento da mdia cidad e da

    blogosfera, o destino do noticirio local e do jornal local, e as notcias e informaes em

    um futuro em rede.

    Este debate parte de uma srie de fruns que discutem a pergunta: Os jornaissobrevivero? Also in the series: The Emergence of Citizens' Media (Sept. 19), Why

    Newspapers Matter (Oct. 5). Series co-sponsor: Ethics and Excellence in JournalismFoundation Oradores

    Resumo

    Sesso de perguntas e respostas

    William Uricchio: (Ele exibe V for 9/11, um filme de curta metragem que usa apremissa de V de Vingana para fazer uma declarao controversial que afirma que agesto Bush foi cmplice com o ataque contra o World Trade Center) Temos um novoconjunto de realidades e prticas. O que precisamos fazer para permitir que os cidadosse envolvam nesta cultura participativa?

    Yochai Benkler: Acredito que as pessoas que estudam este fenmeno no podemsequer dizer que so capazes de treinar outras pessoas sobre este assunto. Estamoscomeando a desenvolver melhores habilidades de leitura crtica, assim como deinvestigao e de coleta de inteligncia. A pesquisa est conquistando nosso respeito.

    Ceticismo e investigao o incio de um pensamento independente e participao.

    Henry Jenkins: Neste momento, estamos aprendendo uns com os outros. A curva deaprendizado alta, graas inteligncia coletiva, mas estou preocupado sobre adesiguldade na participao, que diferente da desigualdade digital. Algumas crianasno tm acesso s ferramentas ou s habilidades que iro permitir que sejam produtorasde mdia. Da mesma forma, se voc no sabe ler ou escrever, tambm no poder fazernada daquilo que andamos conversando. Estaremos publicando um trabalho emoutubro, que definir as principais habilidades que acreditamos os jovens precisam ter.Embora essas habilidades no precisem ser necessariamente aprendidas, preciso quetodas as tenham.

    http://web.mit.edu/comm-forum/forums/news_and_networks.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/news_and_networks.html#summaryhttp://web.mit.edu/comm-forum/forums/news_and_networks.html#summary
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    Uricchio: Bem, ao ver os falsos movimentos populares, para mim fica claro que, assimcomo os cidados, as estruturas de poder tambm aprendem rapidamente.

    Benkler: Logicamente, sistemas descentralizados, no-hierrquicos, so suscetveis aataques. Assim como em qualquer sistema, so desenvolvidos meios de defesa.

    Uricchio: Algumas pessoas afirmam que essas estruturas apenas capacitam coortes, masno necessariamente os unem em uma esfera maior e coesiva.

    Jenkins: Antes de prosseguirmos neste assunto, em uma mudana de poder, sintomtico que grupos maiores sintam a necessidade de forjar uma campanha popular

    para que sejam ouvidos. Este ato em si prova que as estruturas de poder estomudando.

    Benkler: O problema de credibilidade um problema da produo de informaes.Buscar as falsas campanhas populares faz parte de determinar o que crvel. Existe o

    temor de fragmentao e polarizao, mas, aparentemente, as coisas ainda no estoexcessivamente fragmentadas ou concentradas. Temos muitas pesquisas sobre as formas

    pelas quais as pessoas se conectam a blogs e sites. Isto gerou uma resposta que no democratizao, apenas concentrao. Os sites se agrupam em torno de interesses. Sodezenas ou at centenas de sites, cada um com cerca de dez links. A interpretao destas

    pesquisas mostra que no existe democratizao, embora tampouco existafragmentao. Houve tamanha concentrao que no existe democratizao? Acreditoque estamos em situao muito melhor sem fragmentao.

    Jenkins: Existe aquela velha previso sobre of futuro feita por Ithiel de Sola Pool:Seremos informados que estamos sendo soterrados por informaes no digeridas emum vasto quadro negro no editado, e o que a sociedade democrtica precisa so

    princpios organizacionais, consensos e interesses compartilhados. Assim como apresente crtica da sociedade em massa, estas crticas sero apenas parcialmenteverdadeiras, mas parcialmente verdadeiras elas podero ser. Uma sociedade na qualcada pequeno grupo possa facilmente satisfazer seus caprichos ter muito maisdificuldade de mobilizar a unidade.

    Este pensamento descreve o comportamento de crticos sociais indecisos em suaposio, que primeiramente esto preocupados com concentrao, depois preocupadoscom fragmentao, e de volta com concentrao. Precisamos ser cautelosos em ouvir

    essas crticas.Uricchio: Cada um de vocs leu o livro do outro. Se tivessem de comear novamente,fariam alguma mudana?

    Jenkins: Estou interessado nas reas comercial e amadora da cultura participativa.Acredito, tambm, que deveria ter falado mais sobre o comportamento fora da cultura

    popular, embora o outro comportamento cada vez mais se torne importante para meutrabalho.

    Benkler: Sou muito materialista no tocante a minhas explicaes. Poder localizar meu

    trabalho dentro da cultura teria sido til, mas teria sido difcil ancorar as explicaes

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    sobre as condies materiais em mutao. Teria sido muitssimo til ter isso para poderentender a interseo entre as sees cultural e material e poltica e econmica.

    Pergunta: Estou interessado em saber como seus modelos funcionam no processo deapresentar cincias para o pblico em massa. muito mais difcil apresentar cincia

    sem ter grande experincia nessa matria.

    Jenkins: A cincia uma rea muito complicada, mas acredito que certamente hespao para especialistas em cada seo da qual falamos. preciso reconhecer que falarde temas cientficos muito complexos, de cima para baixo, assim como fazem os peritosexplicando determinados assuntos a jris em tribunais, no funciona muito bem. Sedisponibilizarmos mais informaes, pelo menos permitiremos que as pessoas as leiammais criticamente, mas este um problema difcil de resolver.

    Benkler: importante no comparar nada com utopia ou mdia comercial em massa. Secompararmos a porcentagem de artigos publicados em revistas cientficas que

    discordam do aquecimento global, com a porcentagem de matrias deste assunto com omesmo ponto de vista na mdia normal, descobriremos que a mdia de massa, na maior

    parte das vezes, d um tratamento igual a ambos os lados da questo. Neste caso,estamos vendo um esforo de ser imparcial com ambos os lados de uma questo, que naverdade no merece ter um tratamento imparcial. Conforme vimos anteriormente, aWikipedia uma enciclopdia gratuita que possui a mesma qualidade da EnciclopdiaBrittanica. Desta forma, possvel traduzir-se o jargo cientfico sem a tendncia damdia de simplificar ou tornar questes mais ou menos controversiais. Acredito que este um avano positivo.

    Pergunta: Ambos os seus livros concluem com uma chamada ao. Quais so osobstculos? Para ns que defendemos a causa, onde poderemos voltar nossas atenes?

    Benkler: Acredito que um obstculo crtico so os chamados trusted systems,exigncias regulatrias que exigem que os fabricantes transformem computadores emobjetos que devem ser utilizados conforme sua inteno original, no da forma que seus

    proprietrios desejam. Isto est sendo proposto e promovido por Hollywood, em razodo fracasso da criptografia via software e da gesto de direitos digitais.

    O que pode ser feito? A soluo pode estar em redes abertas sem fio e redes mesh. Estouum pouco mais otimista que costumava ser, porque existe um grande nmero de

    empresas que acreditam que vo ganhar dinheiro resistindo a estes obstculos.Possivelmente eles no se concretizem.

    Jenkins: No acredito que existam quaisquer obstculos com capacidade para encerraruma era participativa, a qual chegou para ficar, aparentemente. Os termos da

    participao esto sendo decididos agora, o que muito importante. Acredito que osdemocratas liberais so a maior ameaa cultura participativa, porque eles queremtomar medidas extremas para limitar a relao dos jovens com a tecnologia, paraatender os desejos das super-mes. O consumo foi criminalizado e os adultos agoraquerem impedir que os jovens tomem parte de uma cultura participativa que a peacentral da interao entre os jovens atualmente.

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    Pergunta: Acredito que as pessoas s vezes temem exercer sua capacidade polticaporque j viram outros sendo presos por compartilhar arquivos. Algum dia a lei ser umprocesso de baixo para cima? Benkler: Esta uma questo profunda em termos dateoria do direito. A lei e o sistema que gera as leis so progressivos ou reativos? Existemestudos que pesquisaram se o caso de Brown v. Board of Education (a deciso tomada

    pela Suprema Corte americana em 1954 que declarou ilegal a discriminao racial emescolas pblicas daquele pas) foi de fato decisiva no processo de de-segregao racial,ou se o movimento de direitos civis levou a resultados mais significativos durante aSegunda Reconstruo (o movimento de direitos civis dos negros americanos entre1955 e 1968, liderado principalmente por Martin Luther King Jr.). Na ltima dcada, alei tem sido reativa e conservativa. A reao entre as prticas sociais e comerciais temsido a fora motriz para levar a lei a este novo estgio. Acredito que esta no umaquesto resolvida dentro da teoria do direito, no tocante aos papis relativosdesempenhados pela ao social e ao relacionamento institucional formal com relao mudana progressiva dentro da forma que a sociedade age e governada.

    David Thorburn: O fato de estatsticas aparentemente indicarem que em uma ou duasgeraes no haver mais leitores de jornal algo que o preocupa? Haver espao parainstituies equivalentes aos jornais dentro desta cultura participativa?

    Jenkins: Na qualidade de algum treinado para ser jornalista h muitos anos, estouprofundamente preocupado com o destino dos jornais e acredito que eles continuaro adesempenhar um papel vital em nossa cultura. A atual situao saudvel, com o podercentralizador da mdia principal e o poder diversificador da blogosfera. Se eu fosse

    jornalista, eu estudaria a blogosfera para tentar descobrir quais a grupos e quaisquestes no estou dando a devida ateno. A blogosfera ainda dependente demais dasmdias principais para oferecer o contedo do qual falam.

    Thorburn: Vocs no acham que seria til se os termos utilizados neste debate noviessem entre aspas? Logicamente, participativo bom, e top-down ruim, masno sei se isto uma descrio justa das contribuies feitas nossa sociedade por

    jornais regionais ou nacionais, com fazem o New York Times ou o Washington Post.

    Jenkins: Certamente no estou aqui sugerindo que o jornalista cidado substituir osjornalistas profissionais, porque precisamos levar em considerao o treinamento, osrecursos e a tica. Os jornais no so puramente top-down, mas a blogosfera est tendosucesso porque identifica aspectos que no esto sendo levantados pelos jornais.

    Logicamente, no possvel para um nico jornal cobrir tudo, de forma que acreditoque a blogosfera acrescenta variedade de informaes que recebemos.

    Benkler: O New York Times, o Washington Post, e o Wall Street Journal so todosjornais top-down, e veculos da elite, porque damos muito valor ao conhecimento e sponderaes cuidadosas. As elites da riqueza, da inteligncia e do poder usam estesveculos para estabelecer uma conversa comum entre elas.

    A televiso mudou os jornais; a internet mudou os jornais; e eles continuam mudando.Os cidados fora da mdia top-down podem tornar-se profissionais comprometidos comos valores jornalsticos. O blog Talking Points Memo de Josh Marshall um exemplo

    disto. Marshal prova que pode sobreviver sem ganhar milhes e fazendo jornalismo

  • 8/14/2019 A mdia em massa versus a inteligncia coletiva

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    profissional. Pergunta: Parece que o futuro ser algo hbrido entre a mdia de massa e amdia cidad. Qual ser sua natureza?

    Jenkins: Esta discusso pode ser encontrada a fora, para aqueles que no podem estaraqui fisicamente por motivos geogrficos. Os webcasts e o OpenCourseWare (OCW)

    fizeram isto. Podemos desempenhar o papel de intermediadores, para aproveitar adiversidade da internet e ampliar sua mensagem. Temos agora a obrigao de sereducadores de um pblico maior nesta cultura participativa.

    Benkler: Acredito que o OCW foi especialmente importante porque tentou ampliar opapel do MIT como um educador pblico gratuito, em um momento no qual outrasuniversidades buscavam aumentar suas receitas.

    Jenkins: Acredito na misso do OCW, mas a liderana do MIT tem suas falhas, porqueesta instituio no est disposta a tornar o OWC totalmentefair use. Deveramos estardefendendo a proposta defair use, que permite que materiais sejam circulados

    amplamente. Gostaria de dar o devido crdito quando uso material de outras pessoas emmeus softwares didticos. Ainda no pensamos devidamente sobre o significado de ser ocentro de uma cultura participativa. por este motivo que ainda no coloquei meuscursos no OCW.