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A MÚSICA COMO MEIO E PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DO ALUNO SURDO. Mariana de Lima Alves Hathenher; Dorcelita Barbosa Gonçalves; Gislaine Sousa Silva; Sarita Araújo INTRODUÇÃO A inclusão e a educação de pessoas surdas tem sido alvo de grandes discussões em todo mundo. É certo que a surdez compromete certos níveis de aprendizagem dos alunos, porém, estudos demonstram que é perfeitamente possível o aprendizado por parte dos mesmos, se estimulados de forma correta. Por este motivo, embora as propostas educacionais tenham como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas capacidades, as diferentes práticas pedagógicas têm lhes determinado uma série de limitações. E a música vem nesse sentido, mostrar que é possível reverter tal situação. Alunos surdos inseridos no espaço escolar impõe-nos um grande desafio uma vez que, dada à diferença linguística que lhes é peculiar, é muito difícil seu acesso aos conteúdos de ensino, de forma igualitária, em relação aos demais alunos, tendo em vista que, neste contexto, a forma usual de comunicação é a língua oral, para a qual essa parcela de educandos encontra maior dificuldade, devido ao impedimento auditivo. Também, em sala de aula, a interação deverá estar estruturada de modo a estimular o intercâmbio e a valorização das ideias, o respeito por pontos de vista contraditórios e a valorização da pluralidade e da diferença. Dentro do contexto escolar encontramos a presença do profissional Tradutor/Intérprete de Língua de Sinais (doravante TILS), o mediador na comunicação entre surdos e ouvintes, nas diferentes situações de interação social. Esse profissional tem como função traduzir e interpretar a língua de sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade em que se apresentar (oral ou escrita). Quando há na sala de aula a presença de um TILS, o

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A MÚSICA COMO MEIO E PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DO ALUNO SURDO.

Mariana de Lima Alves Hathenher; Dorcelita Barbosa Gonçalves; Gislaine Sousa Silva; Sarita Araújo

INTRODUÇÃO

A inclusão e a educação de pessoas surdas tem sido alvo de grandes discussões em todo

mundo. É certo que a surdez compromete certos níveis de aprendizagem dos alunos,

porém, estudos demonstram que é perfeitamente possível o aprendizado por parte dos

mesmos, se estimulados de forma correta. Por este motivo, embora as propostas

educacionais tenham como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas

capacidades, as diferentes práticas pedagógicas têm lhes determinado uma série de

limitações. E a música vem nesse sentido, mostrar que é possível reverter tal situação.

Alunos surdos inseridos no espaço escolar impõe-nos um grande desafio uma vez que, dada à

diferença linguística que lhes é peculiar, é muito difícil seu acesso aos conteúdos de ensino,

de forma igualitária, em relação aos demais alunos, tendo em vista que, neste contexto, a

forma usual de comunicação é a língua oral, para a qual essa parcela de educandos encontra

maior dificuldade, devido ao impedimento auditivo.

Também, em sala de aula, a interação deverá estar estruturada de modo a estimular o

intercâmbio e a valorização das ideias, o respeito por pontos de vista contraditórios e a

valorização da pluralidade e da diferença.

Dentro do contexto escolar encontramos a presença do profissional Tradutor/Intérprete de

Língua de Sinais (doravante TILS), o mediador na comunicação entre surdos e ouvintes, nas

diferentes situações de interação social. Esse profissional tem como função traduzir e

interpretar a língua de sinais para a língua portuguesa e vice-versa em qualquer modalidade

em que se apresentar (oral ou escrita). Quando há na sala de aula a presença de um TILS, o

ambiente escolar torna-se acessível ao aluno surdo. A função de um TILS não está restrita à

tarefa de interpretar, seu objetivo em classe é, acima de tudo, contribuir para que o aluno

surdo construa/compreenda os conteúdos trabalhados.

Privadas de informação fornecidas pela escuta normal da linguagem falada, as crianças surdas

são obrigadas a disfarçarem essa falta por meio de uma tentativa constante de auto

interpretação dos atos e das atitudes das pessoas que lhe cercam.

O aluno surdo é usuário de uma língua que nenhum companheiro ou professor efetivamente

conhece. Ele é um estrangeiro que tem acesso aos conhecimentos de um modo diverso dos

demais e se mantém isolado do grupo (ainda que existam contatos e um relacionamento

amigável). Portanto, não é só colocar o educando com surdez em sala de ensino comum,

faz-se necessário que o mesmo possa ser atendido conforme as suas necessidades.

Esta dificuldade pode ser percebida se verificarmos a história da educação especial do Brasil e

no mundo, desde os primórdios, em que várias barreiras foram interpostas para a inclusão do

educando com limitações auditivas no espaço escolar.

Conforme Sacks (1990), as pessoas que não ouviam não eram consideradas, na sua essência,

pois se acreditava que esta limitação influenciava na forma como as mesmas processavam as

informações linguísticas. Nesse sentido a pesquisa com o tema relacionado, justifica-se pela

necessidade de conhecer e compreender as dificuldades de um aluno surdo, matriculado em

uma escola regular na qual fizemos a maior parte do nosso estágio na graduação e que

frequenta aulas de música, por acharmos que a música é um excelente método para a

aquisição da Libras e consequentemente para a aquisição da comunicação com o mundo; E

pelo contato direto com surdos, alunos do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan

Capparelli.

O presente projeto apresentou em 2008, como parte de um trabalho monográfico, uma

pequena amostra do que temos obtido como resultados dessa investigação e até os dias de

hoje, observamos, coletamos dados e propomos novos estudos e metodologias apropriadas

para um ensino de qualidade não só na área da música, como na escola regular como um todo.

Há 11 anos o Conservatório vive uma realidade diferente com um grupo de alunos surdos que

participam da Banda Ab’surdos, inserida no Projeto “O surdo: Caminho para a Educação

Musical”¹ dentro do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli (CEMCPC)

onde estes vivenciam música de maneira plena sendo este o nosso principal objetivo de

ensino. Citamos a banda porque se tornou uma prova concreta de que se for oportunizado à

estes alunos um ensino adequado de música, estes poderão sim aprender / vivenciar música

no seu mais amplo contexto. Os não participantes da Banda têm suas aulas normalmente

ministradas por professores qualificados e também não qualificados para tal.

Baseado na questão de que nossos alunos surdos são capazes sim de vivenciar música de

maneira plena e considerando a atual conjuntura da educação especial no Brasil, no que diz

respeito aos procedimentos e práticas de ensino existentes para o ensino de música para este

público, nos deparamos com inúmeros problemas que permeiam nesse processo de ensino

aprendizagem. Considerando que toda atividade musical é uma atividade projetiva que

envolve o indivíduo de maneira muito direta e particular, este projeto visa olhar mais de perto

a realidade do aprendizado musical e instrumental dos alunos surdos, suas dificuldades nos

processos de aprendizagem, suas limitações e potencialidades, fazendo uma coleta de dados/

materiais e de como o professor pode ser o facilitador dessa aquisição de habilidades

musicais, concluindo o trabalho com a elaboração de um plano de ação para a formação de

professores com dados e atividades específicas relacionadas com a prática de ensino de

música para alunos surdos.

Cervellini coloca que “Ouvir e fazer música é uma possibilidade do homem, que lhe

proporciona alegria da realização pessoal, o enriquecimento de seu mundo interior, uma nova

forma de comunicação. Entretanto ela tem sido privilégio dos ouvintes...” (CERVELLINI,

1986, p.14). Pensando nisto e baseado na questão de que nossos alunos surdos são capazes

sim de vivenciar música de maneira plena e considerando a atual conjuntura da educação

especial no Brasil, no que diz respeito aos procedimentos e práticas de ensino existentes para

o ensino de música para este público, nos deparamos com inúmeros problemas que permeiam

nesse processo de ensino aprendizagem. Acreditamos que os educandos aprendem melhor e

não sentem tanta dificuldade, a partir do momento que têm o primeiro contato com a música,

pois conseguem se soltar, socializar, sentindo na pele o ritmo e com isso a atenção e a calma

passam a fazer parte do seu cotidiano diário.

Considerando que toda atividade musical é uma atividade projetiva que envolve o indivíduo

de maneira muito direta e particular, este projeto visa olhar mais de perto a realidade do

aprendizado musical e instrumental dos alunos surdos, suas dificuldades nos processos de

aprendizagem, suas limitações e potencialidades, fazendo uma coleta de dados/ materiais e de

como o professor pode ser o facilitador dessa aquisição de habilidades musicais. Devido à

necessidade de se obter mais informações sobre o tema em questão, foi aplicado um

questionário que contou com a participação de professores da Escola Municipal de

Sobradinho, do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli, da Escola

Municipal Professor Otávio Batista Filho e da Escola Municipal Professor Afrânio Rodrigues

da Cunha em Uberlândia-MG, no nível Fundamental de ensino. A elaboração deste teve como

preocupação a necessidade de buscarmos adquirir informações que norteassem o que ocorre

nas instituições educacionais em relação ao processo inclusivo e ao aprendizado da música

pelo surdo.

O estudo, como um todo, foi dividido em três capítulos. No primeiro capítulo “O processo

histórico da Educação Especial no Brasil e no Mundo” abordamos um breve histórico sobre a

Educação Especial no Brasil, em especial sobre a Educação do Surdo no Brasil. No segundo

capítulo “A surdez seus conceitos e pré-conceitos, uma revisão de literatura” discutimos os

vários conceitos sobre o que é deficiência auditiva e/ou surdez, sobre o processo de aquisição

da Língua Brasileira de Sinais “Libras” e também em um sub-tópico, discutimos a relação da

surdez com a música e suas contribuições para o aprendizado dos educandos. No terceiro

capítulo “O processo inclusivo do deficiente auditivo no ensino regular: contribuições da

educação musical” discutimos sobre o processo de construção do conhecimento do surdo na

sala regular de ensino e como é avaliada a união da música e das aulas em sala, em uma

análise mais abrangente dos dados recolhidos na pesquisa qualitativa realizada, pois

acreditamos que esta é uma forma de valorizar as falas dos participantes envolvidos no

processo e ao mesmo tempo refletir sobre suas práticas e suas metodologias.

E por fim, nas considerações finais, foi feita uma análise geral do estudo desenvolvido,

explicitando todas as dificuldades e as possibilidades vivenciadas durante a realização deste

trabalho. Comentamos também sobre as conclusões obtidas ao longo desta proposta,

considerando que esse será objeto de novos e incansáveis estudos, tendo em vista que, a

proposta é relativamente nova e será preciso investimento nessa área, uma vez que, foi

possível constatar grandes avanços antes mesmo de se obter um resultado final.

METODOLOGIAO presente estudo tem como proposta a realização da análise dos dados coletados através de

uma pesquisa de campo, num enfoque qualitativo, adotando um questionário com perguntas

abertas que contemplam as informações sobre o deficiente auditivo, a prática pedagógica e as

metodologias utilizadas por professores de uma escola regular, do conservatório de música,

intérpretes de Libras, professores de música e familiares, que favorecem o processo de

educação do deficiente auditivo e, também, como agem seus familiares diante dos desafios

diários enfrentados por eles.

A pesquisa foi direcionada a três escolas municipais e uma estadual, da cidade de

Uberlândia/MG. Para sua realização, foram enviados oito questionários (em anexo), que

foram divididos da seguinte forma: dois questionários para as mães, dois para as professoras

do ensino regular, dois para as professoras de música, dois para os intérpretes de língua de

sinais (LIBRAS) e dois para os alunos surdos. No entanto, uma professora do ensino regular e

um dos intérpretes, não conseguiram responder a tempo e um dos alunos surdos, não

consegue responder. Por isso, realizamos com eles, um diário de bordo, em que observamos

seu cotidiano escolar e analisamos com base nas questões do questionário. Neste contexto,

esse trabalho tem como objetivos: - Estudar e analisar o processo de aquisição do

conhecimento dos alunos (as) surdos com o auxílio da música; - Mostrar como o aprendizado

da Música, seja através de instrumento musical, seja através do coral de Libras é uma

ferramenta de grande valia para o professor da escola regular, pois o surdo ao tocar com as

mãos o instrumento musical demonstra habilidade e domínio em uma área inesperada,

percebendo e decifrando os sons de uma música em execução, confrontando assim, o mundo

que discrimina, desenvolvendo nele, desenvoltura suficiente para superar obstáculos e,

certamente conseguirá reverter situações cotidianas de difícil assimilação e consequente

solução a seu favor, transformando assim sua deficiência num detalhe pequeno, que mesmo

sem a capacidade de ouvir sons, far-se-á escutar; - Conhecer o processo de alfabetização do

aluno surdo nas escolas regulares, considerando ser importante que todos aqueles que atuam

junto a esta criança devam aprender, saber e entender como acontece a alfabetização desta; -

Refletir sobre qual a concepção do professor quanto ao seu papel frente a esse aluno surdo e o

trabalho de parceria entre o atendimento educacional especializado e o ensino regular.

Acreditamos que os educandos aprendem melhor e não sentem tanta dificuldade, a partir do

momento que têm o primeiro contato com a música, pois conseguem se soltar, socializar,

sentindo na pele o ritmo e com isso a atenção e a calma passam a fazer parte do seu cotidiano

diário.

Devido à necessidade de se obter mais informações sobre o tema em questão, foi aplicado um

questionário que contou com a participação de professores da Escola Municipal de

Sobradinho, do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli, da Escola

Municipal Professor Otávio Batista Filho e da Escola Municipal Professor Afrânio Rodrigues

da Cunha em Uberlândia-MG, no nível Fundamental de ensino. A elaboração deste teve como

preocupação a necessidade de buscarmos adquirir informações que norteassem o que ocorre

nas instituições educacionais em relação ao processo inclusivo e ao aprendizado da música

pelo surdo.

No final do Ensino Fundamental a maioria dos alunos surdos não são capazes de ler e

escrever satisfatoriamente ou de terem domínio adequado dos conteúdos acadêmicos. Um

dos principais objetivos da política de inclusão é inserir o aluno no ensino regular. Porém,

alunos surdos só apresentarão bom desempenho escolar se a escola apresentar condições

linguísticas e culturais especiais, com a presença da Língua Brasileira de Sinais. Para que

isso aconteça é essencial a presença de interpretes de LIBRAS e de educadores, surdos ou

não, que divulguem os conteúdos escolares nesta língua, bem como o uso de auxílios

tecnológicos. Para os profissionais que trabalham com Psicopedagogia e Educação Especial é

comum se deparar com situações em que é preciso estabelecer a intervenção psicopedagógica

em funções das necessidades especiais da criança. A música torna-se um instrumento de

grande relevância nesse sentido. Segundo Mantoan (2006, p. 49):

Ensinar significa atender às diferenças dos alunos, mas sem diferenciar o ensino para cada um, o que depende, entre outras condições, de se abandonar um ensino transmissivo e adotar uma pedagogia ativa, dialógica, interativa, integradora, que se contrapõe a toda e qualquer visão unidirecional, de transferência unitária, individualizada e hierárquica do saber.

Portanto, durante o planejamento das estratégias de ensino, é importante refletir se a

metodologia está contemplando não só a aprendizagem, mas também a socialização. Por isso,

além dos questionários utilizados na pesquisa, observando o projeto idealizado pela

professora Sarita Araújo, PROJETO “O SURDO: CAMINHO PARA EDUCAÇÃO

MUSICAL”, foi proposto por ela, materiais diferenciados dentro da metodologia da música

que facilitam o aprendizado dentro e fora do conservatório. Utilizando técnicas próprias,

instrumentos e o livro de Termos Musicais em LIBRAS1, escrito pelos professores,

tradutores\intérpretes, que passa agora a ser mais um objeto de estudo a partir do presente ano.

Apresentaremos um breve resumo dos três capítulos destacados nesse texto.

CAPÍTULO I - O processo histórico da educação especial no Brasil e no mundo.

Para compreendermos o percurso histórico das pessoas com deficiências, é preciso deixar

claro que a deficiência não é uma invenção do século XX. O fato é que pessoas com certas

limitações sempre existiram e sempre passaram por caminhos dolorosos, de exclusão e

abandono. Portanto, conhecer a história da Educação e do atendimento à pessoa com

deficiência é buscar compreender como chegamos ao momento atual com tantos avanços nas

áreas humana e social.

Sabe-se que crianças nascidas com deformidades físicas eram jogadas em esgotos, na Roma

Antiga, isso em meados do século XV; Em Esparta eram abandonadas e expostas à morte por

negligência e inanição. Como não havia explicações para tais deficiências e como a ciência 1 (Sarita Araújo, professora de música no Conservatório Cora Pavan Capparelli, autora do projeto “Surdo, Caminho para a Música). Livro: Termos Musicais em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS

também não podia suprir essas dúvidas, as mesmas eram vistas de forma mítica e até mesmo

sobrenatural.

A partir do século XVI, as pessoas com deficiência passam a ser vistas sob o ponto de vista

médico, embora ainda as causas da deficiência serem vistas como acontecimentos

sobrenaturais. Somente entre os séculos XVII e XVIII, com o advento das ciências, as pessoas

com deficiência passaram a ser vistas sob uma ótica científica.

O médico Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), na França, começou a desenvolver os

princípios educacionais para os deficientes de forma rigorosa, ele assim inaugura os

primórdios do que hoje é chamado de educação especial. O aluno de Itard, Edward Seguin

(1812-1880), também médico, deu continuidade aos processos de ensino para as pessoas

gravemente “retardadas”. Maria Montessori (1870-1956) foi outra importante educadora que

contribuiu para a evolução da educação especial; Médica, italiana, também foi influenciada

por Itard e desenvolveu um programa de treinamento para crianças deficientes mentais,

baseado no uso sistemático e manipulação de objetos concretos. Suas técnicas para o ensino

de deficientes mentais foram experimentadas em vários países da Europa e da Ásia. Seus

trabalhos e as idéias sobre a educação de pessoas com deficiência foram trazidos para o Brasil

através da professora Helena Antipoff, fundadora do Instituto Pestalozzi de Belo Horizonte

em 1932.

As metodologias desenvolvidas por esses três estudiosos durante quase todo o século XIX,

foram utilizadas para ensinar as pessoas denominadas “idiotas” que se encontravam em

instituições. Todas as tentativas de educabilidade eram realizadas tendo em vista a cura ou

eliminação da deficiência através da educação. Ao olharmos para a história da Educação

Especial no Brasil, podemos observar que a evolução do atendimento educacional especial irá

ocorrer com características diferentes daquelas observadas nos países europeus e

norte-americanos. A fase da negligência ou omissão, que nos outros países, pôde ser

observada até o século XVII, no Brasil pode ser estendida até o início da década de 50. Entre

os séculos XVIII e XIX, podemos identificar a fase da institucionalização em outros países do

mundo, marcada pela concepção organicista, que acreditava que a deficiência mental seria

hereditária com evidências de degenerescência da espécie. Dessa maneira, o fim dessa

espécie, seria a única forma de combater a ameaça que essa população representava. Nesta

mesma época, no nosso país, não existia nenhum interesse por educar essas pessoas

consideradas idiotas e imbecis.

Somente no final da década de 50, no Brasil, começavam a aparecer iniciativas

governamentais, em nível nacional, relacionadas à educação de pessoas com deficiência. Tais

iniciativas eram estimuladas por movimentos como os pais da Sociedade Pestalozzi e

Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais.

A história da Educação Especial no Brasil tem como pontos principais a criação do “Instituto

dos Meninos Cegos” (hoje “Instituto Benjamim Constant”) em 1854 e do “Instituto dos

Surdos-Mudos” (hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES”) em 1857, ambos

na cidade do Rio de Janeiro, por iniciativa do governo Imperial. Segundo Mazzotta, (1996,

p.29), a fundação desses dois institutos representou uma grande conquista para o atendimento

dos indivíduos deficientes, abrindo espaço para a conscientização e a discussão sobre a sua

educação. No entanto, não deixou de se constituir em uma medida precária em termos

nacionais, pois em 1872, com uma população de 15.848 cegos e 11.595 surdos, no país eram

atendidos apenas 35 cegos e 17 surdos nestas instituições.

A Educação Especial ganha força e aparece pela primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases das

Educação, em 1961, apontando que a educação dos excepcionais deve, no que for possível,

enquadrar-se no sistema geral de educação. Mas, até a década de 70 todos os modelos

Educacionais direcionados às pessoas com deficiência tinham orientação segregadora. Esse

modelo acreditava que essas pessoas, deveriam ser educadas de maneira especializada e

separada do ensino comum. Nas décadas de 70 e 80 avançava-se para o modelo Integrador,

que acreditava que depois de alguns anos de estudo em escolas especializadas, quando

atingissem a normalização eram encaminhadas ao sistema regular de ensino, mas em nada

adiantava, pois não permitia trocas de experiência e união entre pessoas com e sem

deficiência, isolando as crianças do convívio com as pessoas de seus bairros, fazendo com que

as escolas especiais, fossem seu único refúgio.

A educação inclusiva tem início nos Estados Unidos da América. através da Lei nº. 94.142 de

1975, que estabelece a modificação dos currículos e a criação de uma rede de informações

entre escolas, bibliotecas, hospitais, e clínicas, no sentido de facilitar a inserção social das

pessoas portadoras de deficiência nos circuitos sociais. Em meados da década de 90, no

Brasil, começaram as discussões em torno do novo modelo de atendimento escolar

denominado inclusão escolar. Esse novo modelo surge como uma reação contrária ao

processo de integração, e sua prática tem gerado muitas discussões.

O conceito de inclusão passa a ser trabalhado na educação especial de forma diferente do

conceito de integração, no entanto, eles têm a mesma proposta de inserir os alunos que

apresentam necessidades educacionais especiais no ensino regular. Para Carvalho (1998, p.

146), é importante destacar que, em relação à inclusão, dois eventos foram mundialmente

significativos e podem ser considerados marcos dessa proposta, pois trataram de questões

referentes à viabilização da educação para todos. Esses eventos foram “A Conferência

Mundial sobre Educação para Todos”, realizada em Jontiem, na Tailândia em 1990, que

buscou garantir a igualdade de acesso à educação a pessoas com qualquer tipo de limitação e

“A Conferência Mundial sobre Educação Especial” ocorrida em Salamanca, na Espanha, em

1994. Nessa conferência, foi elaborado o documento “Declaração de Salamanca e Linha de

Ação sobre Necessidades Educativas Especiais”, que propõe ações a serem assumidas pelos

governos em atenção às diferenças individuais. De acordo com a Declaração de Salamanca, o

conceito de inclusão é um desafio para a educação, na medida em que estabelece que o direito

à educação é de todos e não só daqueles que apresentam necessidades educacionais especiais,

como podemos observar no trecho abaixo:

As escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos ou zonas desfavorecidas ou marginalizadas (p. 17,18).

Em 1855, chega ao Brasil Hernest Huet (surdo congênito) e com apoio de D. Pedro II, funda o

Instituto de Surdos Mudos, difundindo a Língua de Sinais. Dois anos mais tarde, foi fundado

o INES, Instituto Nacional dos Surdos; Entre 1923 e 1929 surge no Brasil a Associação

Brasileira de Surdos, mobilizando a sociedade pelo direito do ensino para surdos em Língua

de Sinais. A Federação Brasileira de Surdos é fundada em 1971 e em 1977, é criada a

FENEIDA, Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes auditivos,

federação composta apenas por ouvintes, envolvidos na questão da deficiência auditiva. Em

1983, a comunidade surda funda a Comissão de Luta pelos direitos dos Surdos, entidade não

legalizada. Nessa mesma época, reivindicaram e foi-lhes negada a participação de surdos na

FENEIDA. No ano de 1987, em assembleia geral a FENEIDA passa a se chamar FENEIS,

Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Retiram o atributo até então

imposto ao surdo de “deficiente”, tomam sua própria responsabilidade opinando e decidindo

sobre seus próprios assuntos, reivindicam para que o ensino de Libras passe a ser reconhecido

oficialmente e aprendido nas escolas públicas. Outro dado importante é que discordam que os

alunos surdos sejam agrupados em escolas normais, sem estarem alfabetizados, sem terem o

direito ao acesso a libras, a escola como está hoje “não pode oferecer condições satisfatórias

de aprendizagem”. Atualmente a FENEIS possui 20 entidades associadas, observando que no

Brasil temos 65 associações distribuídas no território Nacional, sendo que dessas, 13 estão no

Estado de São Paulo e 14 em Minas Gerais.

De acordo com Alcântara, Rosseto e Silva (2003, p. 153), o ambiente acadêmico foi pensado

somente para os ouvintes e por essa razão todos os conhecimentos relativos à surdez não

surtiram nenhum efeito. O direito do surdo de ter um ensino de qualidade exige dos

profissionais uma atuação e um repensar de sua prática, assumindo novas atitudes e

desfazendo mitos. Sendo assim, é necessário que os profissionais da educação e familiares

estejam aptos a novos meios, principalmente no que diz respeito à comunicação e o ideal seria

que os mesmos conhecessem a Libras. No dia 24 de Abril de 2002, foi homologada a lei

federal que reconhece a Língua Brasileira de Sinais como língua oficial das comunidades

surdas brasileiras. Tal lei representa um passo fundamental no processo reconhecimento e

formação do profissional intérprete da língua de sinais no Brasil, bem como, a abertura de

várias oportunidades no mercado de trabalho que são respaldadas pela questão legal. Para

Quadros (2003, p. 15), entende-se como Língua Brasileira de Sinais-Libras a forma de

comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora com

estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos,

oriundos de comunidades surdas no Brasil. É a linguagem natural dos surdos pelo fato de que,

quando um surdo se comunica através dela, não é limitado. Como é uma verdadeira língua,

ele pode falar de tudo e mais um pouco. Dessa forma, a aprendizagem de Libras possibilita às

crianças surdas, maior rapidez e naturalidade na exposição de seus sentimentos, desejos e

necessidades, desde a mais tenra idade. Possibilita a estruturação do pensamento e da

cognição e ainda a fluente interação social, e consequentemente, ativa o desenvolvimento da

linguagem. É muito importante, porém, que, seus pais tenham também condições de utilizar

semelhante recurso linguístico; Portanto, se os pais optarem pela aprendizagem e utilização de

duas línguas pelos filhos surdos, devem sugerir que se inclua no atendimento, um momento

lúdico de muita descontração, com um ou mais instrutores surdos, para que eles fiquem

expostos também a LIBRAS e possa adquiri-la de forma espontânea e natural.

CAPÍTULO II - A surdez, seus conceitos e pré-conceitos: uma revisão de literatura.

Para entrarmos no universo dos surdos, é preciso entender e conhecer o que é deficiência

auditiva. Em pesquisas informais realizadas por nós, em hospitais, é possível afirmar que,

pelo menos uma em cada mil crianças nasce com surdez profunda. Por outro lado, há aquelas

que desenvolvem problemas auditivos ao longo dos anos, por causa de doenças, acidentes,

etc. A deficiência auditiva é classificada como deficiência de transmissão: a alteração se

localiza no ouvido externo ou médio, como nos casos de perda condutiva ou problema do

nervo auditivo interno ou ouvido interno, afetando a transmissão do impulso ao cérebro, e

ainda como nos casos de perda neurosensorial. Há casos de perda mista, em que a alteração na

condução do som está localizada no ouvido externo e/ou médio e ouvido interno.

Na deficiência congênita podemos citar as seguintes causas: fatores genéticos, viroses

maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas de gestantes (sífilis, citomegalovírus,

toxoplasmose, ingestão de medicamentos ototóxicos), que lesam o nervo auditivo. Já na

chamada deficiência adquirida, as causas estão relacionadas à predisposição genética

(otosclerose), quando ocorre meningite, ingestão excessiva de remédios, caxumba ou

sarampo, ou no decorrer da vida, causadas por infecções de ouvido, como exemplo a

hipoacusia neurosensorial. A deficiência, exceto em casos raros, afeta a comunicação que

representa a base para a interação social. O deficiente auditivo adquire linguagem interior ao

se relacionar à experiência que está vivenciando com a verbalização.

A deficiência auditiva é a diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, portanto,

surdo é aquele indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum e parcialmente surdo,

aquele que ainda que deficiente, é funcional. É preciso ficar clara a diferença entre surdez e

deficiência auditiva. De um lado, temos o conceito médico, limitando-se à questão de

quantificar a perda auditiva, utilizando o termo deficiente auditivo para se referir ao indivíduo

com falta de audição ou de algo que ele não, possui que o deixa “deficiente” (BRASIL, 1994).

Segundo Northem e Downs (1989), deficiência implica dano material, uma “desvantagem

imposta por um dano capaz de afetar a eficiência de uma pessoa nas atividades do cotidiano”.

Nesse sentido, podemos considerar um deficiente auditivo, aquele indivíduo que possui

perdas na audição, o que prejudica suas ações cotidianas e corriqueiras. Segundo Gotti (1992,

p. 25), o portador de deficiência auditiva é um ser social que necessita do convívio com as

crianças ouvintes e participa das atividades curriculares gerais da escola, (por exemplo, festas)

durante as quais deverá ser estimulado a cantar e a dançar com os demais colegas.

A inclusão que funciona valoriza as peculiaridades de cada aluno atendendo a todos, incorporando a diversidade sem nenhuma distinção, não para destacarem e receberem prêmios. Mas, para desenvolver suas habilidades, facilitar a socialização, ampliar a aprendizagem, construir seu conhecimento junto às escolas regulares e na comunidade. (SAAD, 2003, p. 179-180).

Nesse contexto, é possível afirmar que, a união entre surdos e ouvintes só traz benefícios,

respeitando as diferenças e limitações que cada um possui, é perfeitamente possível o

convívio entre essas duas formas de comunicação: Oral e Libras, e nada é mais estimulante do

que a arte para unir essas duas linguagens, e a música consegue vários benefícios, o que

veremos no item a seguir.

II.I - A surdez e a música

É preciso oferecer às crianças todas as possibilidades de desenvolver potenciais, seja para

falar, ouvir, cantar, habilidades práticas, facilitando o processo, principalmente, para aquelas

que nasceram com algum problema e que poderão ter bloqueios no seu desenvolvimento por

via natural.

É surpreendente como os portadores de necessidades especiais são capazes de realizar excelentes trabalhos, pois têm muita sensibilidade, habilidade e, sobretudo criatividade. (SAAD, 2003, p. 19).

Assim, quando essas pessoas são estimuladas e têm oportunidade de mostrar suas habilidades,

conseguem realizar vários projetos de vida e quando não é possível, a tendência ao isolamento

é um fator que, em geral, a criança com surdez apresenta, podendo dificultar seu

relacionamento com a família e com os amigos mais próximos.

A música mostra diversos significados e está presente desde a mais remota origem da

humanidade, como podemos citar os sons da natureza, como o canto dos pássaros, o barulho

da chuva, trovões, etc. Falar, ouvir e compor música, são possibilidades humanas que

proporcionam a alegria e o prazer aos encontros e essas situações não são diferentes para

quem tem algum tipo de limitação, já que se retira da melodia musical, as emoções, a voz, os

sentimentos, inerentes a qualquer pessoa.

Conforme Cal Coimbra (2003), pensar em música para surdos é um assunto muito polêmico e

os Estudos Surdos, que defendem uma cultura surda legítima (feita por e para surdo) dizem

que a música, entendida de acordo com a concepção ouvinte, não faz parte da cultura surda,

ou seja, os surdos não curtem a música da mesma maneira como os ouvintes a fazem, como

sentar-se em um sofá, depois de um dia cansativo, e colocar uma música clássica suave para

relaxar; Mas é fato que, a criança com surdez pode desenvolver habilidades para a música, o

que a auxilia no processo de desenvolvimento da comunicação oral.

Para a aprendizagem auditiva, a educação musical dessas crianças é feita com o uso de

aparelhos de amplificação sonora (AASI). Em decorrência da falta de controle auditivo, seus

movimentos são descoordenados, precisando melhorar as atividades corporais, tornando-as

mais rítmicas e suaves. As vibrações sonoras captadas pelo tato são importantes para elas

perceberem os sons da fala. Os exercícios com o corpo auxiliam a percepção auditiva,

propiciando a aquisição linguística. Algumas atividades em grupo, com instrumentos

musicais, associadas a movimentos rítmicos corporais, como balancear o corpo, tocar palmas,

sapatear, são indicadas e necessitam de treinamento constante. Dessa maneira, a criança vai

sentindo melhor as vibrações por todo seu corpo, chegando mais facilmente ao som. O corpo

é fundamental no processo de comunicação pelos gestos, mímicas, olhares firmes e o ritmo

musical que são essenciais para sensibilizá-la para o ritmo da fala, propiciando a melodia, que

é o “existir” da música e da palavra. Segundo Snyders (1992, p. 131), com a educação

musical sendo incorporada às escolas, também os novos métodos que estavam sendo

disseminados na Europa foram adotados. Então, o ensino de música passa a ter outro enfoque

e a ser entendido, tocado, dançado e cantado, usando jogos, instrumentos de percussão, rodas

e brincadeiras buscando um desenvolvimento auditivo, rítmico e a expressão corporal e a

socialização das crianças foram estimuladas a experimentar, improvisar e criar. Assim,

podemos afirmar que, o aluno portador de Necessidades Educativas Especiais, está

alcançando o seu espaço na escola e em se tratando da música os professores vem criando

métodos de ensino para que os mesmos possam se aperfeiçoar.

Para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de cidadão é necessário que todos tenham a oportunidade de participar ativamente como ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula. Envolvendo pessoas de fora da sala, no enriquecimento de ensino e promovendo a interação com os grupos musicais e artísticos, as localidades, e a escola contribuem também para que os alunos se tornem ouvintes sensíveis, amadores, talentosos ou músicos profissionais. (BRASIL, 1996, p. 06).

Portanto, é na escola que surge uma grande porta para o desenvolvimento musical dos surdos,

basta que o educador propicie um ambiente rico na diversidade de materiais e estimule a

criança a manuseá-los constantemente, mas em atividades significativas. A educação musical

contribui não só para o desenvolvimento intelectual, perceptivo e motor da criança, como

também para o conhecimento de si próprio; Os surdos sentem a vibração sonora e com isso

conseguem desenvolver o potencial expressivo musical que está em sua alma. Com isso, é

possível notar que as crianças que se alfabetizam juntamente com a educação musical,

respeitando sua realidade, obtêm resultados intelecto-sensoriais mais satisfatórios, além de um

desenvolvimento emocional mais estável.

Segundo a professora Sarita Araújo (2001, p. 01), os surdos possuem uma grande capacidade

e dentro da educação musical é perfeitamente possível que eles consigam se expressar pela

música, pois a única coisa que os difere das demais pessoas é o fato de não ouvirem. Mas é

preciso um cuidado maior, visto que, a música quando aplicada a um portador de deficiência

auditiva, requer atenção e responsabilidade por parte do profissional que irá atuar com eles.

Vários são os objetivos que devem ser levados em conta, em se tratando de educação musical

para surdos e/ou deficiente auditivo, dentre eles, está o estímulo à sua autoconfiança que é

muito abalada, pois ele mesmo desconhece seu potencial, o apoio à socialização pela

convivência, pois na maioria das vezes, o surdo não tem com quem conversar, inclusive em

casa; A sensibilidade dos alunos surdos é trabalhada o tempo todo, fazendo com que se

conheçam melhor; O trabalho com a família desse aluno, facilita o processo educativo e deve

ser constante para que o mesmo adquira confiança em si mesmo e nas pessoas com quem

convive. A professora ressalta ainda que, ao se explorar as potencialidades de quem não pode

ouvir o som de uma música, não devemos esquecer das sensações que nascem das

informações recebidas pelas vias não auditivas, ou seja, as vibrações sentidas no corpo,

dependendo da sensibilidade desenvolvida por cada discente especial, pois esta é uma

característica individual. As informações transmitidas ao cérebro dos surdos se adaptam para

o “sentir” a música, permitem a percepção de ritmo e suas variações, portanto há uma relação

entre música e o corpo, em que o deficiente auditivo é levado a entender e dominar o que

“ouve” com seus sentidos remanescentes, aprendendo a estabelecer um tempo, mantê-lo e

variá-lo (...). A avaliação de aprendizagem do aluno surdo é ponto merecedor de profunda

reflexão. Nesse processo temos que estar conscientes de que o mais importante é que os

alunos consigam aplicar os conhecimentos adquiridos em seu dia-a-dia, de forma que esses

possibilitem uma existência de qualidade.

Acreditamos que esta seja uma proposta muito responsável e dedicada a um futuro mais

verdadeiro, não só para os surdos, mas para todos os que estão ao seu redor; Em relação à

aprendizagem, é notório que a valorização das diferenças e o incentivo a autoestima através

da educação musical, traz certa tranquilidade para o deficiente auditivo e sua família.

Para verificarmos como este processo inclusivo nas escolas regulares e de música de

Uberlândia/MG está sendo encarado, realizamos uma pesquisa de campo que será apresentada

no próximo capítulo.

CAPÍTULO III - O processo inclusivo do deficiente auditivo no ensino regular:

contribuições da educação musical

Nesse capítulo, abordamos os seguintes questionamentos: A Relação Pais/Filhos e a Surdez;

O Trabalho do Intérprete com a Criança Surda A Música e a Criança Surda; O Ensino Regular

e a Criança Surda; O Deficiente Auditivo e a Infância; O Deficiente Auditivo e o Ensino

Regular. O presente estudo tem como proposta a realização da análise dos dados coletados

através de uma pesquisa de campo, num enfoque qualitativo, adotando um questionário com

perguntas abertas que contemplam as informações sobre o deficiente auditivo, a prática

pedagógica e as metodologias utilizadas por professores de uma escola regular, do

conservatório de música, intérpretes de Libras, professores de música e familiares, que

favorecem o processo de educação do deficiente auditivo e, também, como agem seus

familiares diante dos desafios diários enfrentados por eles.

A pesquisa foi direcionada a três escolas municipais e uma estadual, da cidade de

Uberlândia/MG. Para sua realização, foram enviados oito questionários (em anexo), que

foram divididos da seguinte forma: dois questionários para as mães, dois para as professoras

do ensino regular, dois para as professoras de música, dois para os intérpretes de língua de

sinais (Libras) e dois para os alunos surdos. No entanto, uma professora do ensino regular e

um dos intérpretes, não conseguiram responder a tempo e um dos alunos surdos, não

consegue responder. Por isso, realizamos com eles, um diário de bordo, em que observamos

seu cotidiano escolar e analisamos mais a fundo, com base nas questões do questionário.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma das grandes preocupações nossa era no fato de verificarem-se as mudanças ocorridas na

trajetória dos deficientes auditivos no Brasil e as necessidades básicas de aprendizagem dos

alunos (com a qualificação dos profissionais de educação), seja na elaboração do projeto

político pedagógico da escola, ou no oferecimento dos serviços de apoio especializado, são

questionamentos que pontuaram o nosso estudo, estimulado inúmeras reflexões.

Ao final dos estudos realizados para a construção da monografia, ao darmos continuidade aos

estudos até os dias de hoje, constatamos mais uma vez, que muito se discute, muito se debate,

mas a efetiva proposta de mudanças, ainda é bem remota. Inclusão, Integração, Alfabetização,

Libras X Fonoaudiólogos, Música, Deficiente ou Surdo, essas são alguns contextos que

precisam urgentemente serem entendidos e compreendidos. Entende-se que a inclusão dentro

das escolas é uma tendência internacional deste século. É considerada escola inclusiva, aquela

que abre espaço para todas as crianças, abrangendo aquelas com necessidades educativas

especiais. Na qual a escola em conjunto com seu corpo docente e de apoio, se adequar às

necessidades destas crianças, para que sejam inseridas na instituição sem maiores problemas.

Apesar de debates, palestras, congressos, declarações e até mesmo as leis, pouco se fez até

agora. É necessário que sai dos papéis, palavras, para criar “vida” e deixar de ser apenas

promessas.

A construção de uma Educação Escolar inclusiva democrática para os indivíduos surdos não

se concretizará se não fizer parte integrante dos processos de democratização da escola em

geral, no sentido da construção de uma educação verdadeiramente inclusiva, que possibilitem

a todos os alunos a sua formação integral e acesso ao exercício da cidadania. Assim, do ponto

de vista do estabelecimento de relações sociais significativas, que permitam a construção

efetiva de sujeitos participantes; cabem as escolas a nível geral ultrapassarem a visão que

reduz os problemas de escolarização dos surdos ao uso deste ou daquele recurso e de

ampliá-lo para campo sociopolítico.

Os obstáculos desse processo são inúmeros, mas podem ser vencidos, basta que para isso,

encontrem profissionais dispostos a enfrentar tais obstáculos, fazendo que esses, sejam

degraus para escalada rumo ao conhecimento. Nesse curto espaço de tempo, pudemos

perceber que o papel do educador é de extrema importância, tanto na esfera educacional,

quanto na emocional e a música nesse contexto traz uma sensibilidade à vida dessas crianças

o que contribui para seu desenvolvimento cognitivo. Segundo uma professora do coral em

Libras, ao considerar o sujeito Surdo como um indivíduo detentor da musicalidade, a música

torna-se mais uma estratégia metodológica no processo ensino-aprendizagem. Através da

vivência do aluno e sua percepção, pode-se alcançar resultados satisfatórios de forma

prazerosa e lúdica, sem tornar o ensino da Língua Portuguesa um fardo.

Não podemos deixar de nos referir a política educacional, pois ela depende da universalização

e o acesso de todo e qualquer individuo deficiente (entre eles os surdos) a uma escola de

qualidade que contribua de forma efetiva, para sua inserção critico e participativa no meio

social. No geral torna-se ainda mais forte o fator “descriminação” em nossa sociedade,

principalmente no que se refere ao portador de necessidade especial. A avaliação em relação à

inclusão do portador de necessidade especial na rede regular de ensino é positiva, embora haja

ainda um longo trajeto a percorrer. Há várias metas ainda a serem executadas, a principal é

conseguir que todos os cursos de formação profissional dêem aos professores condições de

atuar adequadamente com a diversidade humana, sem preconceitos, propiciando uma

verdadeira sociedade inclusiva. É necessário que a comunidade escolar tenha um diagnostico

da realidade social econômica e política em que viveu e vive a fim de que reconheça as

diferenças étnicas, sociais, religiosas, políticas, sexuais, e, portanto, individuais na qual está

interagindo. Tal atitude é fundamental que ao confrontarmos conhecimentos reorganizarmos

nossa estrutura intelectual e psíquica esteja aptos para trabalhar com as inúmeras redes de

subjetividades os sujeitos, presentes na escola.

Além disso, as atividades psicomotoras auxiliam o aluno no desenvolvimento cognitivo e

social, aprimorando também sua expressão corporal e facial, essenciais para uma boa

interpretação em LIBRAS.

Esse é mais um ponto a ser levado em conta, a música ajuda também na aquisição ou

aperfeiçoamento da Língua Portuguesa pelos surdos e esse ponto será mais explorado em

outra oportunidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Deficiência auditiva/ organizado por Guiseppe

Rinaldi et al. – Brasília: SEESP, 1997. Vol. I (série Atualidades Pedagógicas; n.4).

BRASIL, Código de ética do Regimento Interno do Departamento Nacional de Intérpretes

– FENEIS, 2003.

BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria da Educação Especial – Anais do

Seminário Surdez: Desafios para o próximo Milênio. (organização) INES, Divisão de

Estudos e Pesquisas. Rio de Janeiro, 2000.

CARDOSO, Rosseni Silvado. Anais do Congresso. Rio de Janeiro: INES, 2003.

CERVELLINI, N.G.H. A criança deficiente auditiva e suas reações à música. São Paulo. Ed

Moraes, 1996

GONÇALVES, D. B.; OLIVEIRA, M. R. Termos Musicais em Língua de Sinais-LIBRAS.

Uberlândia, Pessália, 2011.

GOTTI, M. O. Português para deficiente auditivo. Brasília: UNB, 1992, 144 p.

MANTOAN, Maria Tereza. Compreendendo a deficiência Mental. São Paulo: Scipione,

1989.

SACKS, Oliver. Vendo Vozes: Uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de janeiro: imago,

1990.

SOUZA, Regina M. Que palavra que te falta? O que o surdo e sua linguagem de sinais têm a dizer à Linguística e à Educação. Tese de Doutorado apresentada no Instituto de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 1996

SNYDERS, Georges. A escola pode ensinar as alegrias da música? São Paulo. Cortez, 1992.

ANEXOS

ANEXO A.1 - QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DEFICIENTE AUDITIVO EM

PORTUGUÊS

I – A inclusão do deficiente auditivo no ensino regular

1 - Desde quando você frequenta o ensino regular? Você precisou receber algum tipo de atendimento

especializado antes de ingressar na escola?

2 - Como foi o seu ingresso no ensino regular? Comente sobre sua adaptação à escola e a adaptação da

escola a você.

3 – O que a escola representa em sua vida?

4 - Você acompanha as atividades que são realizadas na sua sala de aula? Se sim, como faz? Se não,

por quê?

5 - Na escola que freqüenta tem intérprete? Se sim, ele colabora com seu aprendizado? Se não, você

considera importante a escola ter um?

6 - Você considera importante o uso de língua de sinais (LIBRAS) para se comunicar com as demais

pessoas? Explique sua resposta.

7 - Você já sentiu algum preconceito na escola por parte de seus colegas e professores? Como é seu

relacionamento com eles?

8 - Seus pais/responsáveis acompanham seu desenvolvimento na escola? Se não, por quê? Se sim,

como?

9 – Como é pra você, mesmo sem ouvir, fazer aulas de música? O que mudou na sua vida, foi bom ou

não, comente.

10 – O que a música significa pra você?

11 - O que você gostaria de dizer para os professores que têm alunos (as) com necessidades especiais

auditivas?

12 – O que você acha que poderia mudar tanto nas aulas regulares da escola, como nas aulas de

música?

ANEXO A.2 - QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR (A) DO ALUNO (A) COM

DEFICIÊNCIA AUDITIVA

I – A inclusão do deficiente auditivo no ensino regular

1 - Para você, o que é deficiência auditiva/ surdez?2 – Como foi pra você saber que iria trabalhar com crianças especiais? Qual foi a sua reação?3 - Você já trabalhou ou trabalha com crianças surdas? Se sim, como foi o trabalho realizado com ela? Comente sua resposta.4 - Quais metodologias você recomendaria para o trabalho com o aluno com deficiência auditiva e/ou surdez? Comente-as.5 - Você considera a surdez como único fator que interfere na aprendizagem matemática do aluno? Justifique sua resposta.6 - Para você, como a família pode ajudar no processo de aprendizagem da criança com surdez?7 - Você acredita ser esta dificuldade de aprendizagem um fator que influencia na formação profissional da criança?8 - Em qual idade se torna perceptível a surdez na criança? Você conseguiria identificar essa deficiência? Comente sua resposta.9 - Em sua opinião, como a escola pode ajudar o aluno surdo em seu desenvolvimento?10 – Como a música pode contribuir para a aquisição o conhecimento pela criança com surdez? (Sugestão).

ANEXO A.3 - QUESTIONÁRIO PARA A FAMÍLIA/RESPONSÁVEL

I – Dados Pessoais:

1 - Responsável: ........................................................................................................................................

2 - Grau de parentesco: _____________________________________________________________

3 - Idade: ________________________________________________________________________

4 - Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

5 - Estado Civil: ( ) Casado(a) ( ) Solteiro(a) ( ) Separado(a) ( ) Outro. Qual?

______________

6 – Filhos: ( ) Não ( ) Sim Quantos? ___________________________________________

II – A inclusão do deficiente auditivo no ensino regular

1- Desde quando seu (sua) filho (a) frequenta o ensino regular? Ele (a) precisou receber algum tipo

de atendimento especializado antes de ingressar na escola?

2- Como foi o ingresso de seu (sua) filho deficiente auditivo no ensino regular? Comente sobre a

adaptação dele à escola e a adaptação da escola a ele.

3- Para você, seu (sua) filho (a) tem um bom acompanhamento das atividades na sala de aula que

frequenta ou ele (a) precisa do ensino especializado?

4- Você considera importante o uso de língua de sinais (Libras) para se comunicar com seu (sua)

filho (a)? Explique sua resposta.

5- Você já encontrou algum preconceito na escola onde seu (sua) filho (a) estuda ou estudou? Qual

foi sua reação?

6- Você acompanha a aprendizagem de seu (sua) filho (a) na escola? Se não, por quê? Se sim, como?

7- O que você gostaria de dizer para os profissionais da educação que trabalham com as crianças com

necessidades especiais auditivas?

8- O que você gostaria de dizer para os pais que têm filhos com necessidades especiais auditivas?

ANEXO A.3 - QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DEFICIENTE AUDITIVO EM

PORTUGUÊS

I – Dados Pessoais:

1 - Idade: _____________________________________________________________________

2 - Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

3 - Série em que estuda: __________________ 4 - Turno(s) em que estuda: _______________

5 - Irmãos: ( ) Não ( ) Sim Quantos? ______________________________________

6 - Mora com: _________________________________________________________________

II – Como foi sua infância, o que você lembra dela.

1 – O que você entende sobre sua deficiência?

2 – Como foi pra você, quando entendeu que não poderia ouvir como as outras crianças?

3 – Você teve o apoio que precisava e quem foram as pessoas que mais te ajudaram?

4 – Você lembra-se da 1ª escolinha que frequentou? Comente sobre ela.

5 – Você já foi discriminado (a) alguma vez? Quando? Como?

6 – Como foi pra você o 1º contato com as letras e o português?

7 – E com a Libras, como foi seu 1º contato?

8 – Como foi pra você a mudança do ensino especializado para o ensino regular?

9 – E com a música, como você a conheceu?

10 – Você tem lembrança de ouvir ou sentir música quando bebê. Sua mãe cantava pra você, consegue

lembrar algum som ou alguma canção?

ANEXO A.4 - QUESTIONÁRIO PARA O (A) INTÉRPRETE DE LIBRAS

I – A inclusão do deficiente auditivo no ensino regular

1 - Para você, o que é deficiência auditiva/ surdez?2 – Como foi pra você saber que iria trabalhar com crianças especiais? Você sempre quis ser intérprete? Como foi isso?

3 – Qual é a sua formação e como foi esse processo de formação?4 - Você já trabalhou ou trabalha com crianças surdas? Se sim, como foi o trabalho realizado com ela? Comente sua resposta.5 – Você enquanto intérprete considera favorável seu ambiente de trabalho?6 – Como é a sua relação com o professor regente em sala de aula? 7 - Quais metodologias você recomendaria para o trabalho com o aluno com deficiência auditiva e/ou surdez? Comente-as. Você e o professor regente discutem essas metodologias?8 - Você considera a surdez como único fator que interfere na aprendizagem matemática do aluno? Justifique sua resposta.9 - Para você, como a família pode ajudar no processo de aprendizagem da criança com surdez?10 - Você acredita ser a dificuldade de aprendizagem um fator que influencia na formação profissional da criança?11 – Com relação à música, qual a sua opinião, ela ajuda ou é insignificante no processo de construção do conhecimento? 12 - Em sua opinião, como a música pode ajudar o aluno surdo em seu desenvolvimento?13 – Após o contato com a música o aluno surdo se desenvolve melhor nas atividades diárias da escola? Comente sua resposta.

ANEXO A.5 - QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR (A) DE MÚSICA DO ALUNO (A)

COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

I – A inclusão do deficiente auditivo no Conservatório de Música Cora Pavan Capparelli

1 - Para você, o que é deficiência auditiva/ surdez?2 – Como foi pra você saber que iria trabalhar com crianças especiais? Qual foi a sua reação?3 - Você já trabalhou ou trabalha com crianças surdas? Se sim, como foi o trabalho realizado com ela? Comente sua resposta.4 - Quais metodologias você recomendaria para o trabalho com o aluno com deficiência auditiva e/ou surdez? Comente-as.5 - Você considera a surdez um fator que interfere na aprendizagem de seus alunos, no que diz respeito à música? Justifique sua resposta.6 - Para você, como a família pode ajudar no processo de aprendizagem da criança com surdez?7 - Você acredita ser esta dificuldade de aprendizagem um fator que influencia na formação profissional da criança?8 - Em qual idade se torna perceptível a surdez na criança? Você conseguiria identificar essa deficiência? Comente sua resposta.9 - Em sua opinião, como a escola pode ajudar o aluno surdo em seu desenvolvimento?10 – Como a música pode contribuir para a aquisição o conhecimento pela criança com surdez? (Sugestão).

ANEXO A.6 - QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DEFICIENTE AUDITIVO EM LIBRAS

I – Dados Pessoais:

1 - Idade: _____________________________________________________________________

2 - Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

3 - Série qual: __________________ 4 - Hora qual: _______________

5 - Irmãos: ( ) Não ( ) Sim Quantos? ______________________________________

6 - Morar junto: _________________________________________________________________

I – A inclusão do deficiente auditivo no ensino regular

1 – Perguntar: Escola surdo junto ouvinte bom? Gostar?

2 – Perguntar: Escola sua gostar?

3 – Perguntar: Brasil grupo surdo sofrer discriminar sempre? Como você sentir?

4 – Perguntar: Você conseguir aprender aula junto ouvinte? Difícil ou fácil?

5 – Perguntar: Intérprete escola ter? Importante?

6 – Perguntar: Libras importante? Como?

7 – Perguntar: Mamãe ou papai ajudar você escola sua?

8 – Perguntar: Música estudar bom? Importante por quê?

9 – Perguntar: Você falar algum coisa professora sua?

10 – Perguntar: Escola sua precisar mudar algum coisa? O que?

II – Você lembrar você criança

1 – Perguntar: Surdez você entender o que?

2 – Perguntar: Mamãe explicar você não pode ouvir você sentir como?

3 – Perguntar: Ajudar você muito quem?

4 – Perguntar: Primeira escola sua você Lembrar?

5 – Perguntar: Você sentir abandonar. Quando. Como?

6 – Perguntar: Você conhecer português, letras Como? Gostar

7 – Perguntar: Você conhecer libras Como? Gostar

8 – Perguntar: Aluno surdo junto aluno ouvinte você gostar? Por quê?

9 – Perguntar: Música conhecer? Como gostar?

10 – Perguntar: Criança mamãe cantar música, você lembrar?