A Naifa

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52 » noticiasmagazine 06.JUL.2008 REPORTAGEM NAIFA Quando daqui a uns anos alguém escrever sobre a música pátria do princípio do século XXI, não poderá esquecerA Naifa,a primeira banda de cul- to portuguesa dos anos 2000 a ficar para a his- tória. ¬ Ao terceiro disco,contam já com um vas- to público seguidor das canções que têm incen- diado as grandes salas de concertos de todo o país. ¬ Fomos com eles à Moita. S ão quatro: João Aguardela (baixo), Luís Varatojo (gui- tarra portuguesa), Paulo Martins (bateria) e Maria Antónia Mendes (Mitó, a vocalista). Uma Ino- cente Inclinação para o Mal é o terceiro disco que editam em nome d’A Naifa, uma banda que desde 2004 (ano em que surgiu com o ál- bum Canções Subterrâneas) coloca aos críticos musicais a impossível tarefa de catalogá-la. Dificuldade que em nada tem atrapalhado o quarteto de Naifas de prosseguir com afinco um projecto musical a vários títulos singular, que cruza o fado com a música tradicional portuguesa (a que habita a memória da gene- ralidade dos portugueses), com uma poesia de pendor pós-modernista (de que Adília Lo- pes e Tiago Gomes talvez sejam exemplares representantes) e, lato sensu, com a sempre actual ideologia divergente chamada punk. Reinventar a música portuguesa Musicalmente, A Naifa assenta essencial- mente nos percursos e imaginários musicais dos guitarristas João Aguardela e Luís Varato- jo, talentos públicos pelo menos desde a se- gunda metade dos anos oitenta, época em que fundaram bandas como os Peste&Sida ou os Sitiados, tendo mais recentemente dado corpo a projectos como Linha da Frente ou Megafone, que reinventaram a música tradi- cional portuguesa, casando-a com as palavras dos poetas do país português. Há entretan- to entre estes dois elementos fundadores d’A Naifa e os restantes, afinidades electivas evidentes: o actual baterista, Paulo Martins (um ex-metálico dos Ramp) integraa brigada de tambores do projecto Viagens do Tambor, e Mitó, a voz poderosa d’A Naifa, é uma rapari- ga dada ao fado e à música tradicional portu- guesa. «Sempre cantei fado e música tradicio- nal portuguesa. Como diversão. Apetece-me ir aos fados e vou cantar o meu fadinho. E nos santos populares cravam-me para cantar umas marchas.» Ex-violoncelista, Maria An- tónia Mendes foi musicalmente formada na música erudita, mas também a ouvir José Afonso, Sérgio Godinho, Chico Buarque, e Amália, claro. «As letras do Chico Buarque, tal como as do Zeca Afonso, eu percebia que que- riam dizer bastante mais do que pareciam, eu sentia que havia ali outras leituras.» Banda de culto Muito justamente reclamando-se cá da terra, a música d’A Naifa é a nossa pop de hoje – um som que contém o fado, a guitarra portugue- sa, o rock e a electrónica, que se pode cantar e dançar, e que muito embora quase não passe na rádio, vive secretamente dentro de cada um dos muitos seguidores daquela que é por- ventura a primeira banda de culto portugue- sa dos anos 2000. Quando daqui a uns anos al- afiada TEXTO Sarah Adamopoulos FOTOGRAFIA Clément Darrasse

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Reportagem com a Naifa em concerto

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REPORTAGEM

NAIFA

Quando daqui a uns anos alguém escrever sobrea música pátria do princípio do século XXI, nãopoderá esquecer A Naifa,a primeira banda de cul-to portuguesa dos anos 2000 a ficar para a his-tória.¬Ao terceiro disco,contam já com um vas-to público seguidor das canções que têm incen-diado as grandes salas de concertos de todo opaís.¬ Fomos com eles à Moita.

São quatro: João Aguardela(baixo), Luís Varatojo (gui-tarra portuguesa), PauloMartins (bateria) e Maria

Antónia Mendes (Mitó, a vocalista). Uma Ino-cente Inclinação para o Mal é o terceiro discoque editam em nome d’A Naifa, uma bandaque desde 2004 (ano em que surgiu com o ál-bum Canções Subterrâneas) coloca aos críticosmusicais a impossível tarefa de catalogá-la.Dificuldade que em nada tem atrapalhado oquarteto de Naifas de prosseguir com afincoum projecto musical a vários títulos singular,que cruza o fado com a música tradicionalportuguesa (a que habita a memória da gene-ralidade dos portugueses), com uma poesiade pendor pós-modernista (de que Adília Lo-pes e Tiago Gomes talvez sejam exemplaresrepresentantes) e, lato sensu, com a sempreactual ideologia divergente chamada punk.

Reinventar a música portuguesaMusicalmente, A Naifa assenta essencial-mente nos percursos e imaginários musicaisdos guitarristas João Aguardela e Luís Varato-jo, talentos públicos pelo menos desde a se-gunda metade dos anos oitenta, época emque fundaram bandas como os Peste&Sida ouos Sitiados, tendo mais recentemente dadocorpo a projectos como Linha da Frente ouMegafone, que reinventaram a música tradi-cional portuguesa, casando-a com as palavrasdos poetas do país português. Há entretan-to entre estes dois elementos fundadores d’A Naifa e os restantes, afinidades electivasevidentes: o actual baterista, Paulo Martins(um ex-metálico dos Ramp) integraa brigadade tambores do projecto Viagens do Tambor, eMitó, a voz poderosa d’A Naifa, é uma rapari-ga dada ao fado e à música tradicional portu-guesa. «Sempre cantei fado e música tradicio-nal portuguesa. Como diversão. Apetece-meir aos fados e vou cantar o meu fadinho. E nossantos populares cravam-me para cantarumas marchas.» Ex-violoncelista, Maria An-tónia Mendes foi musicalmente formada namúsica erudita, mas também a ouvir JoséAfonso, Sérgio Godinho, Chico Buarque, eAmália, claro. «As letras do Chico Buarque, talcomo as do Zeca Afonso, eu percebia que que-riam dizer bastante mais do que pareciam, eusentia que havia ali outras leituras.»

Banda de cultoMuito justamente reclamando-se cá da terra,a música d’A Naifa é a nossa pop de hoje – umsom que contém o fado, a guitarra portugue-sa, o rocke a electrónica, que se pode cantar edançar, e que muito embora quase não passena rádio, vive secretamente dentro de cadaum dos muitos seguidores daquela que é por-ventura a primeira banda de culto portugue-sa dos anos 2000. Quando daqui a uns anos al-

afiadaTEXTO Sarah Adamopoulos FOTOGRAFIA Clément Darrasse

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guém escrever sobre a música portuguesa doprincípio do século XXI não poderá esquecerA Naifa – por todas as razões adjectivas, sejamas do novo fado, as do génio e criatividade mu-sical ou as de ordem literária. Convocados pa-ra as letras das canções d’A Naifa estão os as-suntos naturais da poesia, a de hoje e a de sem-pre, os amores não retribuídos, a culpa, asolidão, e ainda todas as disforias próprias àurbanidade contemporânea portuguesa, ma-térias centrais na obra poética de uma panó-plia de autores a que A Naifa chamou seus:Ana Paula Inácio, Carlos Luís Bessa, EduardoPitta, Rui Lage, José Mário Silva, Adília Lo-pes, José Luís Peixoto, Rui Pires Cabral, Pe-dro Sena-Lino, Nuno Marques, Tiago Gomes,João Miguel Queirós, Nuno Moura e a miste-riosa Olga Maria Rodrigues Teixeira.

Mistério de sucessoAutora da totalidade dos temas de Uma Ino-cente Inclinação para o Mal, Maria RodriguesTeixeira (assim assina a autora) é uma portu-guesa de trinta e muitos anos, ao que se sabesem domicílio fixo, a viver entre Portugal e aCatalunha, e cujo programa de vida preconi-za que se trabalhe menos para viver melhor,e também que se desprezem as oferendas dalisonja e demais enganos da fama. Maria Ro-drigues Teixeira é alguém que um dia apare-ceu num concerto d’A Naifa em Tondela aperguntar se estavam interessados em lertextos poéticos da sua autoria, que talvezdessem boas canções. Uma proposta que osmembros d’A Naifa aceitaram de bom grado,tendo mais tarde recebido pelo correio umaresma de letras assinadas por Maria Rodri-gues Teixeira. O crescente interesse dos me-dia pelo projecto d’A Naifa colocou os jorna-listas no encalço da autora das letras das can-

Contabilizando já alguns sucessos de palco(Señoritas, Monotone, Filha de Duas Mães), oselementos d’A Naifa olham com desconfian-ça para os críticos de música que os acusam denão ter ainda sido capazes do golpe de asa quesupostamente lhes faltaria para figurar nasplaylists radiofónicas. Apontam o dedo às rá-dios por insistentemente privilegiarem asplaylists feitas quase unicamente de best--sellers musicais, a maioria tops de vendas in-ternacionais, fabricados em Inglaterra ou nosEstados Unidos. Têm um discurso mediáticoexigente, necessariamente crítico – do siste-ma, das idiossincrasias de um país encavalita-do em dois tempos, do comércio da música.Não aceitam ir a talk showsnem emprestam assuas canções para as bandas sonoras das no-velas da TV. Reclamam-se da música livre dosconstrangimentos do marketing dos temposmodernos, que tudo transforma e formataem produtos de grande consumo. Contamcom uma imensa minoriade fãs, de norte a sul,gente que lhes segue as passadas através dossitesque mantêm constantemente actualiza-dos na internet, empenhados em mobilizar

um público que cresce de disco para disco e deconcerto para concerto. Enchem as grandessalas do país todo, já foram a Madrid, a Rabat(Marrocos), têm concertos agendados emBarcelona e Antuérpia.

Embaraços da classificaçãoMas, apesar disso, não têm lugar na rádio.Porque, afirma Luís Varatojo, «as rádios estãodemasiado formatadas e a nossa música nãose encaixa nesses padrões, nessa grelha mui-to apertada. O que é pena, porque o melhorveículo ainda continua a ser a rádio. Dizem--nos que somos demasiado clássicos para aAntena 3 e demasiado modernos para a Ante-na 1. É claro que há excepções, como a RádioUniversidade do Minho, a Rádio Universida-de de Coimbra ou a de Aveiro, que têm pro-gramações em que cabem todas as músicas.Mas as rádios de cobertura nacional não têmessa liberdade». A liberdade de dar lugar a umprojecto em que tudo parece ir contra os prin-cípios da formatação: os títulos dos discos (3 Minutos antes de a Maré Encher, o disco edi-tado em 2006, por exemplo), as letras como

murros no estômago, com vários níveis de lei-tura, o som desconchavado, uma espécie defado desmanchado. «Já nos classificaram detodas as maneiras», conta Luís Varatojo. «Unsdizem que é fado, outros trip-hop, trip-fado... éclaro que a nossa música tem fado. Musical-mente isso é evidente, e inegável. E talveztambém nas temáticas seja fado. Sim, qual-quer um dos temas deste disco podia ser can-tado em fado.» Já Mitó pensa que há temasque estão na fronteira (por vezes ténue, lem-bra Varatojo, aludindo talvez ao reportóriotradicional da guitarra portuguesa) entre o fa-do e o folclore. «O fado está mais na moda, etalvez por isso as pessoas encontrem sobre-tudo o fado na nossa música. Mas se se pres-tasse a mesma atenção ao folclore, acho queas pessoas também o encontrariam na nossamúsica», diz a vocalista d’A Naifa, actriz deformação, entretanto também formada emMedicina Tradicional Chinesa.

Uma música que contém em qualquer doscasos todos os paradigmas da portugalidade,e que existe, tal como o país, na justaposiçãode tempos distintos, o do Portugal rural do sé-

culo XX, antes da globalização, e o do Portu-gal de hoje, diluído nas águas comunitárias.«O país é assim mesmo», diz Luís Varatojo.«Basta tirar a cor aos programas de televisãofeitos cá, e ficamos logo outra vez nos anossessenta.» Uma música que vive da memóriainconsciente de uma música regional multi-forme, riquíssima. «Isso, esse lado mais liga-do à música tradicional portuguesa advémmuito do trabalho do João Aguardela, que éum grande aficionado da música regionalportuguesa, e que fez recolhas e tem um gran-de espólio do Giacometti e do José AlbertoSardinha, que tem usado para o trabalho de-le, nomeadamente com o projecto Megafo-ne», explica Luís Varatojo.

Público transversalUma música que nos dorme, e que A Naifa fazredespertar, para gáudio de um público justi-ficadamente vasto. Mitó pensa que se trata deum público muito ecléctico, que «abrangepessoas muito diferentes, e de idades diferen-tes também, desde jovens universitários atéaos avós deles. Mas com uma tendência mais

Luís Varatojo, Paulo Martins, João Aguardela e Mitó. Os elementos d'A Naifa confraternizamnos camarins imediatamente antes de subirem ao palco da Moita.

ções que tanto entusiasmam o público. Po-rém sem sucesso, já que desde o encontrofortuito em Tondela os únicos contactos en-tre Maria Rodrigues Teixeira e A Naifa têmsido por sms e de forma espaçada e irregular.

Letras sem panos quentesAdensando-se o mistério, há quem já tenhainclusive sugerido que Maria Rodrigues Tei-xeira pudesse não passar de uma invenção d’A Naifa, uma construção destinada a criarum ícone mediático sem existência real, tor-nado apetecível pelo mistério. Outros há pa-ra quem Maria Rodrigues Teixeira (M.R.T.)poderia ser tão-somente um alter ego de al-guém conhecido por outro nome, e outra es-crita. Invenção ou não, uma coisa é certa:M.R.T. inventou uma nova forma de escrevercanções em português, falando sem panosquentes do que insidiosamente incomoda ca-da um de nós: as tentações do corpo e as da al-ma, a hipocrisia, as boas imitações da harmo-nia social, os contratos conjugais, a náusea dabanalidade, a irrelevância de tudo, a inocenteinclinação para o mal que tragicamente noshabita a todos. Um sentido político? Talvezsim. Dizem que fazem a música que têm defazer. Mas sim, que o facto de a estarem a fa-zer hoje em dia, nos moldes em que a fazem,«é um acto político», afirma Luís Varatojo,«porque vai contra uma série de coisas, casodos formatos». Já Mitó adianta que «se consi-derarmos que a maioria das pessoas estáadormecida as nossas letras acordam-nas, eisso é também um acto político. Quando rece-bemos as letras de Maria Rodrigues Teixeira,elas despertaram coisas em mim. Emboranós já estivéssemos habituados às letras for-tes, que mexem com as coisas recalcadas dosportugueses».

Filha de duas mães(Maria Rodrigues Teixeira)

ffiillhhaa ddee dduuaass mmããeessaaddoorroo vveessttii--llaass ddee iigguuaalltteennhhoo aannddaaddoo àà ttuuaa pprrooccuurraappaarraa ttee aammaarr..ssoobbrree aa mmeessaa ppoossttaasseemm nneennhhuummaa vvaaiiddaaddeeeennssiinnaarr--ttee--eeii mmeeuu aammoorraa pprraattiiccaarr aa ccaarriiddaaddee..nnuunnccaa ddiirreeii ssaauuddaaddeelliiggoo ppoouuccoo aaoo qquuee ssee ddiizzmmaass nnããoo lleevvoo mmuuiittoo aa mmaallaa iiddeeiiaa ddee sseerr ffeelliizz..

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jovem». Varatojo concorda. «Nós usamosmuito a internet. Se não houvesse a internettalvez não existíssemos ou, enfim, talvez ti-véssemos uma existência muito mais dificul-tada. A nossa comunicação é sobretudo feitaatravés da internet, o nosso blog, o Myspace, onosso site, o Youtube. E as pessoas que usammais a internet são as mais novas, e isso nota--se nos espectáculos. Mas temos depois umafatia de público oriunda das camadas mais ve-lhas, pessoas que se interessam por música, eque sempre gostaram de ir a espectáculos ede comprar discos, que estão atentas e queacabam por nos descobrir».

Manobras preparatóriasPassámos com A Naifa algumas horas, umasoito, entre o momento em que a meio da tar-de, algures em Lisboa, entrámos na carrinhaconduzida pelo tour manager Alexandre No-bre, e aquele em que nos despedimos, jámeia-noite passada, na Moita. Mas váriashoras antes iniciavam-se manobras prepa-ratórias envolvendo pessoal técnico vário,gente cujo métier cabe na classificação dasprofissões invisíveis, mas sem as quais umconcerto não seria possível: alguém levan-tava a carrinha station, carregava-se o equi-pamento de som e de luz, montava-se o dito,cabos, mesas, micros, colunas, spots, todostomando os seus lugares na sala de lugaresainda vazios, porém já a encher-se das vibra-ções do espectáculo.

Os ensaiosVimo-los a transformar-se, de pessoas iguaisa nós que iam connosco na station tranquila-mente, em músicos atarefadíssimos, que du-rante os ensaios montaram a bateria, afina-ram guitarras, ajustaram coisas sonoras e lu-minosas, o volume sonoro, o corpo e as coresdele, as luzes, os microfones, o som dos ins-trumentos a surgir distorcido, graves e agu-dos que se acrescentam ou se suprimem, tam-bores a chegar e a tomar conta da sala, a sala atremer, os pratos da bateria a ressoar, a voca-

lista a abordar as primeiras canções, a recen-trar o corpo, a procurar o lugar da voz no cor-po, o lugar do corpo no palco, interrupções,informação trocada entre o pessoal técnico eos músicos, reajustes no alinhamento dascanções, uma canção que se acrescenta (Hé-cuba), a guitarra portuguesa a crescer, enor-me, o baixo a vibrar no epicentro do peito.

Nos camarinsVimo-los mais tarde a tricotar os nervos en-quanto se iam preparando, roupa preta quese veste, últimas afinadelas na guitarra portu-guesa, a vocalista-fadista num camarim casta-fiorando, os rapazes noutro, pequenos círcu-los de pessoas que se revezam segundo crité-rios insondáveis e se formam em torno de

uma mesa cheia de fruta e bebidas, o medo defeltro a rondá-los, logo dissipando-se, eles derepente parecendo perfeitamente serenos, aconversar connosco como se não estivessema minutos de subir ao palco, reféns da conta-gem perigosamente decrescente que vai sen-do actualizada, a hora da verdade retardadade uns minutos para dar tempo aos mais atra-sados, um slideshow de 12 minutos a fazer derelógio e finalmente o anúncio da partida, dalargada escada acima em direcção ao palco.

O espectáculoAssistimos ao concerto atrás do palco, cala-dos que nem uns ratos, circulando num perí-metro estrito e segundo as regras comunica-das pela produção do concerto. Uma hora emeia voou, as canções parecendo mais pe-quenas, encurtadas pela espiral do espectá-culo – 16 canções passando velozes, e depoismais três, as da praxe do encore a que todos ospúblicos têm direito (entre as quais uma ver-são da mítica Subida aos Céus, escrita por Re-gina Guimarães para as Três Tristes Tigres),e ainda uma mais, oferta d’A Naifa para públi-cos entusiastas: A Desfolhada, cantada comoum hino às entrelinhas e ao Portugal que nãonos morre.«

A nm agradece aos elementos d’A Naifa, emparticular a Paula Gonçalves e a AlexandreNobre, o apoio logístico e a disponibilidadepara nos receberem em reportagem noâmbito do concerto da Moita (Fórum CulturalJosé Manuel Figueiredo), integrado na digres-são de promoção do disco Uma InocenteInclinação para o Mal.

Rapaz a arder(Eduardo Pitta)

EEssttáá uumm rraappaazz aa aarrddeerreemm cciimmaa ddoo mmuurroo,,aass mmããooss aappaazziigguuaaddaass..aarrddee iinnddiiffeerreenntteemmeennttee àà nneevvee qquuee oo eenncchhaarrccaa..OOuuttrrooss ffoorraamm ccaappaazzeessddee llhhee ssaabboottaarr oo ccoorrppoo,,aarrcchhoottee ggllaacciiaarrnnuunnccaa nniinngguuéémm aappaaggoouu eessssee lluummee..

Um passeio pela Moita antes do concerto.