A nocao classica de episteme

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NOÇÃO CLÁSSICA DE EPISTEME Me. Victor Hugo

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NOÇÃO CLÁSSICA DE EPISTEME

Me. Victor Hugo

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PRIMEIROS DIÁLOGOS PLATÔNICOS

há várias perspectivas sobre o conhecimento, que constituem o que se poderia designar pela teoria epistemológica da teoria epistemológica da juventude de Platão.juventude de Platão.

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DIÁLOGOS DA JUVENTUDE parecem transmitir um programa proto-proto-cépticocéptico, que se propõem refutar personagens que directa ou indirectamente apresentam pretensões fortes em relação ao conhecimento.

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MENON (diálogo de transição) Platão apresenta o célebre "paradoxo heurístico": como procurar algo que

não se conhece de todo?

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SOLUÇÃO PLATÓNICA todo o ensino e investigação não é senão reminiscênciareminiscência de algo previamente conhecido (81d5, 86bc).

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CONHECIMENTO não é mera "opinião verdadeira", mas opinião verdadeira plus razõesrazões que fundamentam essa opinião

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TEETETOO diálogo divide-se em três grandes três grandes

definiçõesdefinições: • a ciência é SENSAÇÃO; • a ciência é OPINIÃO VERDADEIRA; • a ciência é opinião verdadeira

acompanhada de RAZÃO (logos).

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CIÊNCIA-SENSAÇÃO origina uma crítica na qual se debatem argumentos que antecipam, de certo modo, toda a discussão em torno do fenomenalismofenomenalismo, da natureza das "aparências"

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CRÍTICA A PROTÁGORASSe

tudo o que "aparece" é verdade (segundo Protágoras),

então também é verdade que nem tudo o que "aparece" é verdade.

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Segunda proposta de definição, “ciência-opinião-verdadeira”: suscita uma elucidação sobre o problema do erro e da opinião falsa,

EPISTEME é definida como: "opinião verdadeira acompanhada

de uma razão"

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"RAZÃO“ requerida para que a opinião

verdadeira seja ciência, corresponde à resposta à pergunta "O que é x?", que leva Platão a dar uma explicação em termos de análise dos elementos elementos últimos e origináriosúltimos e originários que constituem "x".

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Platão pensa que: • conhecer p significa conhecer a

explicação, ou a razão de p, • ou seja conhecer p requer conhecer

q, a razão (logos) de p. • por sua vez, conhecer q, exigirá

conhecer a razão de q, e assim sucessivamente.

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• Para evitar um “infinito regresso”, parece necessário admitir algumas verdades básicas:

• se a base de todo o conhecimento forem os ELEMENTOS ÚLTIMOS, estes são desprovidos desprovidos de razãode razão (logos), portanto, incognoscíveis.

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De facto o "sonho" de alcançar os elementos simples e últimos de qualquer complexo prevalece como uma ilusão da análise:

• as “mónadas” de Leibniz, • os “objectos simples” de Wittgenstein, • os "indivíduos" de Russell,• a “pré-compreensão do ser” de

Heidegger...

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• Esta definição revive hoje ainda como um ponto de referência na formulação das questões centrais da epistemologia: o conhecimento é em geral apresentado nesta "definição tripartida" como "crença verdadeira justificada".

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JUSTIFICAÇÃO pode exigir a aceitação de crenças básicas, que não carecem por sua vez de mais justificação porque:

• Ou são evidentes, • Ou se auto-justificam, • Ou constituem os alicerces a partir dos

quais se constrói toda a estrutura do sistema de crenças.

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ARISTÓTELES não centra a sua filosofia do conhecimento numa indagação sobre a própria possibilidade de conhecer, mas parte dos estados cognitivos do estados cognitivos do sujeitosujeito como dados.

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II ANALÍTICOS apresentam uma explanação das condições necessárias e suficientes para a EPISTEMEEPISTEME entendida como uma ciência exacta, dedutivadedutiva (conhecimento científico).

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• Não existe na obra aristotélica nada que se possa assimilar a um discurso do método, nem uma atenção centrada no problema da fundamentação da experiência humana como experiência de um mundo real e objectivo.

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PONTO DE PARTIDA: a do sujeito agente e cognoscentesujeito agente e cognoscente numa relação direta com o mundo real, através da experiência e da ação. Como se dá esta relaçãoComo se dá esta relação será um tópico fulcral na teoria aristotélica da percepção e do conhecimento em geral.

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CONHECIMENTO CIENTÍFICO (EPISTEME) apresenta uma estrutura demonstrativaestrutura demonstrativa, rigorosamente dedutiva.partindo de premissas conhecidas, a dedução (syllogismos) chega a uma conclusão.

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CONHECIMENTO DEDUTIVOo que é "previamente conhecido" são os princípios da demonstraçãoprincípios da demonstração.

INDUÇÃO (epagoge), conhece-se previamente a verdade dos casos particulares a partir dos quais se deriva a generalização generalização indutivaindutiva.

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• Segundo Aristóteles, o que se conhece previamente a qualquer demonstração são os princípios da princípios da demonstraçãodemonstração, que não podem ser eles próprios objecto da episteme, ou seja não pode haver demonstração dos princípios (II Analíticos, I. 3).

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• A apreensão dos princípios deve caber ao nous.nous. • O modo de alcançar o nous, enquanto

estado cognitivo de conhecimento dos princípios, é a induçãoindução.

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PRINCÍPIOS DEMONSTRATIVOS• são conhecidos por indução através

da memóriamemória. • as percepções sensíveis persistem

em nós depois do acto perceptivo e produzem memória;

• e a reiteração da memória dá origem à experiência (empeiria);

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• A experiência, que não é senão a presença do universal na psychepresença do universal na psyche, como um todo, constitui o ponto de partida da techne e da episteme: techne, no domínio dos processos, episteme no domínio dos factos (100a 5-15)

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• Trata-se de um processo indutivo, no qual se dá uma passagem directa da passagem directa da percepção à apreensão do universalpercepção à apreensão do universal.

• Este é captado na ocasião de um encontro singular, não por um processo de abstracção, mas por uma progressiva clarificação da noção do próprio singular.

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• Poderia considerar-se a epistemologia aristotélica um fundacionalismo com duas frentes: a dos princípios da demonstração e a da evidência da percepção sensível.

• Como reconciliar estas duas frentes, ou estas duas formas de conhecimento imediato, que se auto-justifica a si mesmo?

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• O método que Aristóteles adopta é o dialéctico, • Através de um exame e confronto das diversas

opiniões (endoxa), a investigação procede a uma selecção das opiniões mais adequadas e a uma rejeição daquelas que apresentam incompatibilidades com o senso comum, ou com o conjunto de opiniões mais prováveis:

• neste caso a argumentação releva sobretudo de um critério de coerência.

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• SOARES, M. L. C. A noção clássica de Episteme. In: O que é conhecimento? Questões de epistemologia. Lisboa, 2004, pp.26-39.