A Orquestra

download A Orquestra

of 19

description

histórico da orquestra desde a Grécia antiga até os dias de hoje

Transcript of A Orquestra

  • 1

    A ORQUESTRA HISTRIA E EVOLUO

    Antonio Celso Ribeiro

    [email protected]

    Definio

    Conjunto de instrumentos musicais; no mais estreito sentido, o conjunto caracterstico da

    msica Ocidental, tendo como base um grupo de instrumentos de cordas friccionadas da

    famlia dos violinos, acrescida de instrumentos de sopro da classe das madeiras e metais e

    instrumentos de percusso.

    Origens

    A palavra orchestra na Grcia antiga originalmente significava, nos teatros, a seo

    compreendida entre o palco e o pblico que era usado pelos danarinos e instrumentistas

    (atualmente o local denominado de fosso), passando a designar o grupo instrumental em

    meados do sculo XVII.

    A palavra orquestra pode tambm se referir aos conjuntos instrumentais

    especializados. Assim temos a orquestra de gamelos da Indonsia, a orquestra de

    balalaicas da Rssia, orquestra de acordeons da Frana, orquestra de violes do Rio Grande

    do Sul e etc.

    Histrico

    Na baixa Idade Media e Renascena, os grupos musicais eram denominados

    Consorte e eram formados por famlias inteiras de cada tipo de instrumento. Um consorte

    geralmente era constitudo por flautas de bico (conhecidas tambm como flauta-doce),

    Krumhorns e charamelas (instrumentos de sopro, de palheta dupla, antecessores do obo),

    alades (instrumentos de cordas pinadas antecessores do violo), violas da gamba

    (instrumentos de cordas friccionadas, antecessores do violino) e percusso (tambores e

    sinos afinados). As famlias eram tratadas de acordo com a tessitura: os instrumentos mais

    agudos eram classificados como sopranino; a seguir vinha o soprano, depois o contralto,

    tenor, baixo e contrabaixo. A incluso da harpa cltica tambm era comum em muitas

  • 2

    regies da Europa. Muitos consortes se tornaram famosos. Reis de diversos pases faziam

    questo de manter em seus burgos, msicos para atender s necessidades da corte. Nascia

    da os embries da orquestra moderna e a idia do patronato, to importante para as artes.

    As primeiras formaes documentadas ocorreram na Polnia, no ano de 1400 na

    Capela da Corte de Cracvia, e depois Varsvia. Outras formaes so listadas a seguir:

    1448: Capela Real de Copenhagen (Dinamarca)

    1526: Capela Real de Estocolmo (Sucia)

    1548: Capela da Corte (mais tarde, Capela do Estado) Dresden

    1563: Capela da Corte (mais tarde, Capela do Estado) Mecklenburg

    1565: Capela da Corte (mais tarde, Capela do Estado) Weimar

    1669: Orquestra da Casa de pera de Paris

    1702: Orquestra do Teatro da Corte Meiningen

    1720: Capela da Corte de Mannheim, mais tarde Munique

    1743: Orquestra do Gewandhaus, Leipzig

    O desenvolvimento e padronizao da orquestra moderna ocorreu entre 1600 e

    1750. O compositor italiano Cludio Monteverdi, em sua grande pera Orfeo (1607)

    utilizou uma orquestra com uma seo central de cordas (violas da gamba), ampliada por

    outros instrumentos (flautas de bico, alades, teorbas, rgos positivos, etc) e unificadas

    harmonicamente por basso continuo (usando um instrumento meldico como o violone

    [antecessor do contrabaixo] e um harmnico como o rgo ou cravo). Muito se dependia da

    realeza local. Bach, apesar de dominar musicalmente a sua poca em trs grandes centros

    culturais da Alemanha (Weimar, Kthen e Leipzig), tinha sua disposio apenas

    instrumentos de sonoridades muito modestas, enquanto que seu contemporneo Hndel em

    Londres possua uma massa sonora invejvel. Mais invejvel ainda era as centenas de

    instrumentos de cordas de qualidade superior que Corelli tinha sua disposio nos

    palcios italianos. Ainda no sc. XVII, as orquestras tornaram-se comuns no s para a

    performance de peras, mas tambm como conjuntos mantidos pelas famlias nobres para

    concertos particulares.

  • 3

    Mannheim, grande centro cultural da Alemanha, com Stamitz no topo, bem como

    Haydn, entre 1750 a 1760 passou a ditar o modelo da orquestra sinfnica clssica. Nesta

    gerao e na seguinte, tornou-se habitual para os compositores de todos os pases

    orquestrarem seus trabalhos uniformemente. Os instrumentos antigos deram lugar aos

    novos rapidamente. Com Haydn e Mozart, a orquestra sinfnica j estava com as bases

    que se manteriam at o nosso sculo: madeiras, metais, percusso e cordas. Muitos

    instrumentos permaneceram desde o incio: flautas, obos, fagotes, trompas, trompetes,

    tmpanos, violinos, violas, violoncelos e contrabaixos. Um pouco mais tarde, ainda durante

    a vida de Mozart, adicionou-se os clarinetes, trombones e os instrumentos da msica militar

    turca: pratos, tringulos, tambores grandes (bumbos) e pequenos (caixa clara). A

    importncia de Mannheim no se limita somente aos esforos de padronizao da

    orquestra. Alm de ter sido o maior conjunto instrumental de sua poca (contava com mais

    de 30 msicos), foi a primeira orquestra a dar tratamento dinmico s composies,

    tornando-se famosa como Orquestra-Crescendo ou ainda o Crescendo de Mannheim

    tido como a primeira tentativa de expresso em msica. sabido que as orquestras tocavam

    forte o tempo todo, no havendo ainda a diferenciao entre som forte e fraco, mesmo

    porque a arquitetura dos instrumentos musicais da poca no permitia grandes diferenas de

    nuances.

    Sumarizando, no incio do sc. XVIII tornou-se padro para o naipe de cordas a

    combinao de primeiro e segundo violinos, viola, violoncelos e contrabaixo; adicionou-se

    um par de obos ou flautas, ou ambos, alm de um fagote. O cravo ou o rgo geralmente

    supria os acordes para a parte do basso continuo. Por volta da metade do sc. XVIII, o

    clarinete, recm inventado, passa a integrar a orquestra. Tambm a trompa da caccia, que

    era usada para evocar uma atmosfera de caa e adicionar riqueza e volume. Trompetes e

    tmpanos, antes ligados nobreza, eram usados quando o texto de uma pera ou cantata

    aludia realeza. Mais tarde eram foram adicionados definitivamente orquestra pelo som

    brilhante. O mesmo ocorreu com os trombones, usados por muito tempo na msica de

    igreja e bandas municipais, entrou para a orquestra de pera no final do sc. XVIII e para a

    orquestra sinfnica no inicio do sc. XIX. Ainda no fim do sc. XVIII declinou-se o uso do

    basso continuo, retirando-se conseqentemente o cravo ou rgo da orquestra. A trompa

    passou a fazer o papel de supridor da harmonia, papel este que era funo do cravo. A tuba

  • 4

    entrou para a orquestra somente no sc. XIX resultado dos experimentos tecnolgicos com

    os instrumentos de metal. A moda em voga de imitar a msica militar turca introduziu o

    tringulo, os pratos e o bumbo. At o fim do sc. XVIII, as orquestras tinham em mdia de

    20 a 30 msicos. Na poca de Beethoven, este nmero aumentou para 30 a 40 executantes.

    Em Paris e em muitos teatros italianos, as orquestras passam a tomar mais corpo sonoro. H

    registros que Mozart tenha dirigido aproximadamente 70 msicos para a estria de sua

    primeira pera Mitridates (1770) na Itlia. Mozart e Beethoven conheceram o recm-

    inventado pianoforte, escrevendo diversos concertos para este instrumento e orquestra. No

    sc. XIX, com a demanda dos compositores em buscar novas maneiras dramticas para

    express-los em msica, as orquestras tornaram-se ainda maiores e no inicio do sc. XX, a

    orquestral ideal passava a conter 100 executantes.

    As Sees da Orquestra

    A seo de cordas, que forma a espinha dorsal da orquestra, dividida em quatro

    partes, de modo parecido ao de um coro: primeiro violinos, segundo violinos, violas,

    violoncelos e contrabaixos. Os contrabaixos freqentemente dobram a parte dos

    violoncelos uma oitava abaixo, mas algumas vezes a composio pode exigir

    independncia da parte destes ltimos, principalmente na msica do sc. XX, tendo-se

    ento uma textura de cinco partes. O nmero de executantes em uma orquestra moderna

    pode variar de duas dzias ou menos para at mais de 100. Destes, os sopros e os metais

    constituem de 10 a 20 porcento da orquestra, e a percusso cerca de 10 porcento. Para as

    cordas, algumas propores se mostraram as mais efetivas para o balano sonoro: uma

    orquestra com 20 primeiro violinos dever ter entre 18 a 20 segundo violinos, 14 violas, 12

    violoncelos e 8 contrabaixos. Estes nmeros podem variar, mas so considerados

    representativos. Diferentemente da seo de cordas, o naipe de sopros e metais

    normalmente tm um executante para cada parte. At o final do sc. XIX, a seo de

    madeiras era constituda por duas flautas, dois obos, dois clarinetes e dois fagotes, com

    partes diferentes para os dois membros de cada categoria. Ainda nesta poca, a adio de

    um terceiro instrumento para cada tipo era normal, como por exemplo, o pccolo para a

    parte de flautas; corne ingls para a parte do obo, clarinete baixo para a parte dos

  • 5

    clarinetes e o contrafagote para parte dos fagotes. A seo de metais, em sua forma mais

    desenvolvida, tipicamente consiste em dois trompetes, quatro trompas, trs trombones e

    uma tuba. Algumas vezes se adiciona o trombone baixo ou mais duas trompas, ou ainda a

    tuba wagneriana idealizada pelo compositor alemo Richard Wagner e utilizada em suas

    composies. O saxofone, inventado pelo belga Adolphe Sax em 1840 um instrumento

    peculiar que combina em sua construo a palheta simples e o bocal do clarinete, corpo em

    metal e uma verso ampliada do tubo cnico do obo. Com sonoridades que oscilam desde

    a mais suave, aveludada, flautada, at a metlica, spera, tpica dos instrumentos de metais

    e uma famlia extensa (soprano, alto, tenor, bartono, baixo e contrabaixo), a sua incluso

    na orquestra sinfnica se deu em 1844 e muitos compositores escreveram partes para ele,

    como os franceses Hector Berlioz e Georges Bizet. O compositor alemo Richard Strauss

    utilizou um quarteto de saxofones em sua Sinfonia Domestica (1903), bem como o

    francs Claude Debussy em sua Rhapsody para saxofone e orquestra (1903) e Heitor

    Villa-Lobos na sua Fantasia para Saxofone e Orquestra (1948).

    A seo de percusso geralmente emprega um ou dois executantes para todos os

    instrumentos. A percusso bsica consiste em dois tmpanos, uma caixa-clara, um bumbo,

    pratos e um tringulo. Algumas composies pedem a incluso de instrumentos adicionais

    como o xilofone, o vibrafone, o bloco de madeira chins (temple block, wood block), o

    glockenspiel (instrumento constitudo de lminas de metal afinadas e percutido com

    baquetas de metal) e o carrillon que consiste em uma srie de tubos ou sinos afinados,

    percutidos com um martelo de metal ou de borracha. No fim do sc. XIX e incio do sc.

    XX de modo geral, qualquer outro instrumento percussivo poderia ser adicionado

    orquestra, de acordo com as necessidades do compositor. Eric Satie, em seu ballet Parade

    pede o uso de mquina de escrever, panelas e sirenes. Ravel, em seu LEnfant et les

    Sortilges pede o uso de um ralador de queijo que percutido (raspado) com uma baqueta

    de tringulo, alm de matracas (creclles) e do heliofone uma engenhoca movida

    manivela que simula sons de vento. O compositor britnico Sir Peter Maxwell Davies

    utiliza em seu Eight Songs For a Mad King calotas de carros, molas, correntes, bigornas,

    apitos para chamar pssaros, alm do didjeridoo um instrumento de sopro aborgine de

    construo extremamente simples, que emite apenas um som. Tambm fazem parte da

    maioria das orquestras a harpa, o piano e a celesta (instrumento de teclado constitudo por

  • 6

    lminas de metal afinadas, cujo som etreo foi muito utilizado pelos compositores do fim

    do sc. XIX e incio do sc. XX como Tchaikovsky e Stravinsky). A liberdade de incluso

    de instrumentos no convencionais na orquestra contribuiu para o conhecimento e relaes

    entre a cultura ocidental e a oriental. Compositores como o japons Toru Takemitsu,

    incluiu em seu November Steps o sakuhachi (espcie de flauta de bambu) e a biwa

    (espcie de alade). Outros compositores como os americanos Philip Glass e Georg Crumb

    adotaram o sitar (instrumento de cordas pinadas de origem indiana) em suas obras. A

    russa Sofia Gubaidulina utiliza o baikan espcie de acordeo primitivo, afinado

    microtonalmente.

    Disposio dos Instrumentos

    A disposio normalmente determinada pelo regente, mas segue-se uma

    disposio bsica, padro e universal: os primeiro e segundo violinos so colocados

    esquerda do regente, e as violas e violoncellos direita. As madeiras e metais so

    colocados em frente do regente, mas atrs das cordas, e a percusso bem ao fundo do palco.

    A harpa geralmente colocada esquerda e um pouco mais ao fundo, dependendo de sua

    importncia na obra. O mesmo se refere ao piano, se este no for solista. Os solistas ficam

    geralmente frente e esquerda do regente.

    Tipos de Orquestras

    As orquestras de bal e pera compartilham com as orquestras sinfnicas o mesmo

    tamanho e estrutura descritos acima, diferindo em ancestralidade e funo. A orquestra

    sinfnica executa sinfonias, concertos e outras msicas de concerto e normalmente

    disposta no palco da sala de concertos. As orquestras de bal e pera fazem parte de

    performances teatrais e so dispostas no fosso da sala de concertos. Uma orquestra de

    cmara se constitui comumente de 25 ou menos executantes. Virtualmente todas as

    orquestras de antes de 1800 eram deste tamanho, exceo feita Orquestra de Mannheim,

    que, como j visto, era notavelmente a maior orquestra da poca. No sc. XX muitos

    compositores voltaram a escrever para orquestra de cmara. Uma orquestra de cordas, que

    pode ser do tamanho de uma orquestra de cmara ou bem maior, geralmente consiste na

  • 7

    seo padro de cordas da orquestra sinfnica, porm sem as madeiras, os metais e a

    percusso. Alguns compositores do sc. XX como o grego naturalizado francs Iannis

    Xenakis escreveu obras utilizando apenas o naipe de violinos (algumas requerem cerca de

    50 violinos). Outros como o eslavo Arvo Prt, ou Villa-lobos, utilizaram apenas o naipe de

    violoncelos. Stravinsky escreveu certa vez uma obra para orquestra, porm sem os violinos.

    Neste caso, a inteno era de protesto contra o pesado conservadorismo ainda em voga.

    Desnecessrio dizer que foi um grande choque para a sociedade da poca.

    Nomenclatura e Abreviaturas

    Embora a lngua italiana seja o idioma oficial e universal na rea de msica, cada

    vez mais (talvez pelo processo de globalizao), a lngua inglesa vem sendo utilizada,

    principalmente nos catlogos de obras para identificar a instrumentao. Na rea de

    expresso, comum a mistura dos dois idiomas. Assim comum ver uma partitura cuja

    indicao de execuo vem escrita em ingls e uma ou outra indicao de expresso em

    italiano. Ex: play the whole section in the G-string, teneramente. (tocar a seo inteira na

    corda sol, com ternura). Exceo feita s partituras de origem francesa, onde todas as

    indicaes, na maior parte das vezes, esto escritas em francs.

    Nos catlogos de obras a instrumentao vem codificada obedecendo aos grupos

    principais que compem a orquestra na seguinte ordem: madeiras [flauta, obo, clarinete,

    fagote] metais [trompete, trompa, trombone, tuba] percusso, harpa e/ou piano, se houver,

    ou outro instrumento diferenciado (como por exemplo: rgo, celesta, voz, fita magntica,

    etc.) e por fim as cordas. Quando a obra em questo no obedece forma instrumental

    padro da orquestra, os instrumentos devem vir especificados (ver glossrio das

    abreviaturas no fim desta seo). A seqncia padro : nome do compositor (comeando

    pelo sobrenome), data de nascimento, nome da obra, data de composio, durao e

    instrumentao. Exemplos:

    Orquestra Sinfnica / Symphony Orchestra / Large Ensemble

    Dijkstra, Lowell (1952)

  • 8

    Alternation, for orchestra (1992) 15

    2222 2100 perc hp str

    => duas flautas, dois obos, dois clarinetes, dois fagotes, dois trompetes, uma trompa,

    percusso, harpa, cordas

    Wagemans, Peter-Jan (1952)

    What did the last dinosaur dream of?

    (four pieces for orchestra) (1991) 16

    3333 4341 perc org str

    => trs flautas, trs obos, trs clarinetes, trs fagotes, quatro trompetes, trs trompas,

    quatro trombones, uma tuba, percusso, rgo, cordas

    Bowman, Kim (1957)

    Symphony n 1, Dejeune & Algunda (1991-1992) 18

    3333 4611 perc 2 hp pf str

    => trs flautas, trs obos, trs clarinetes, trs fagotes, quatro trompetes, seis trompas, um

    trombone, uma tuba, percusso, duas harpas, piano, cordas

    Concertos / Concertos

    Delden, Lex van (1919-1988)

    Concerto per flauto ed orchestra, opus 85 (1965)

    Riduzione per pianoforte

    Piano reduction by Wasselin, Chr. Karaatanossov

    Schat, Peter (1935)

    Etudes voor piano en orkest, opus 39 (1992) 21

    pf-solo 3443 3300 perc str

    => piano solo, trs flautas, quatro obos, quarto clarinetes, trs fagotes, trs trompetes, trs

    trompas, percusso, cordas

  • 9

    Orquestra de Sopros / Wind Orchestra / Brass Orchestra

    Booren, Jo van den (1935)

    Deux pices caractristiques, opus 84 pour

    saxophones, cuivres, timbales et percussion (1992) 9

    => saxofones, metais, tmpanos e percusso

    Tsoupaki, Calliope (1963)

    Kentavros, for wind ensemble, piano and

    double bass (1991) 17

    1000 3sax 1330 pf db

    => uma flauta, trs saxofones, um trompete, trs trompas, trs trombones, piano,

    contrabaixo

    Msica de Cmara / Chamber Music

    Bank, Jacques (1943)

    The Piano Teacher, for a speaking pianist and

    slide projection (ad lib.) (1992) 12

    pf

    => piano, pianista recitante e projeo de slides (opcional)

    Fulkerson, James (1945)

    String Quartet n 5 (1992) 25

    2 vn va vc tape (ad lib.)

    => dois violinos, viola, violoncelo e fita magntica (opcional)

    Havelaar, Anton (1958)

    Haiku, for tenor recorder (1990) 830

    rec-t

    => flauta de bico tenor

  • 10

    Degenkamp, Marinus (1963)

    Kwintet, opus 3 (1988) 5

    cl cl-b vn vc pf

    => clarinete, clarinete baixo, violino, violoncelo, piano

    Voz e Instrumentos / Voice and Instruments

    Ansink, Caroline (1959)

    Van Aap tot Zet, voor verteller (m/s),

    blokfluitkwartet en harp (Mensje van Keulen) (1991) 40

    narrator rec-sno (&rec-s-a-t) 2 rec-sno (&rec-s-a-t-b)

    rec-s (&rec-t-b-cb) hp

    => narrador (masculino/feminino), flauta de bico sopranino (e soprano e alto e tenor),

    duas flautas de bico sopraninos (e soprano e alto e tenor e baixo), flauta de bico soprano

    (e tenor e baixo e contrabaixo), harpa

    Raxach, Enrique (1932)

    Hub of Ambiguity, for soprano and eight players (Marilyn Hacker)

    (1984) 12

    sop fl (&fl-a&pic) cl (&cl-b) perc man g hp vn db

    => soprano, flauta transversal (e flauta alto e pccolo), clarinete (e clarinete baixo),

    percusso, mandolim, violo, harpa, violino, contrabaixo

    Voz e Orquestra / Voice and Orchestra

    Munnik, Frank de (1963)

    Memoria, for soprano and instrumental ensemble (Federico Garcia Lorca)

    (1991) 12

    sop 1121 1110 perc hp pf str

  • 11

    => soprano, uma flauta, um obo, dois clarinetes, um fagote, um trompete, uma trompa, um

    trombone, percusso, harpa, piano, cordas

    Vriend, Jan (1938)

    Three Songs, for (mezzo-)soprano and orchestra (Paul Celan) (1991) 14

    sop(mez)&claves 2222 4231 perc pf str

    => soprano (ou mezzo) e claves, duas flautas, dois obos, dois clarinetes, dois fagotes,

    quatro trompetes, duas trompas, trs trombones, tuba, percusso, piano, cordas

    Coro Cappella / Choir a Cappella

    Duyn, Willen (1922)

    Songs for the Living, for mixed choir a cappella (1991) 15

    => coro misto cappella

    Marez Oyens, Tera de (1932)

    Wiener Brot, for six male voices (1991) 8

    2 ten-c ten 2 bar bass

    => dois contra-tenores, tenor, dois bartonos, baixo

    Coro e Instrumentos / Choir and Instruments

    Duynhoven, Martin van (1942)

    Jequibau-tamam, concerto for 8 voices & percussion (1991) 3

    2 sop 2 alt ten 2 bass 1 perc

    => dois sopranos, dois contraltos, tenor, dois baixos, percusso

  • 12

    Abreviatura dos Principais Instrumentos Musicais em Lngua Inglesa

    ABREVIATURA NOME EM INGLS NOME EM

    PORTUGUS

    fl; fl-a; fl-b; pic flute; alto flute; bass flute; piccolo flauta; fl. alto; fl.

    baixo; flautim

    ob; eh oboe; english horn obo; corne ingls

    cl; cl-b clarinet; bass clarinet clarinete; clarinete baixo

    fg; fg-c bassoon; double bassoon fagote;

    contrafagote

    tr trumpet trompete

    hn horn trompa

    tb; tb-b trombone; bass trombone trombone; trombone

    baixo

    tub tuba tuba

    sax; sax-bar saxophone; baritone saxophone saxofone; soxofone

    bartono

    rec; rec-sno recorder; sopranino recorder flauta de bico; fl. de

    b. sopranino

    pf piano; pianoforte piano

    hp harp harpa

    org organ rgo

    hps harpsichord cravo

    cel celesta celesta

    sop soprano soprano

    alt alto contralto

  • 13

    ten tenor tenor

    ten-c contra tenor contratenor

    bar baritone bar

    bass bass baixo

    acc accordeon; harmonica acordeo

    perc percussion percusso

    car carillon carrilho

    vibr vibraphone vibrafone

    xyl xylophone xilofone

    cymb cymbals pratos

    dr;sn-dr drums; snare drum tambores; caixa clara

    bd bass drum bumbo

    vn violin violino

    va viola viola

    vc violoncello violoncelo

    db double bass contrabaixo

    g guitar violo

    man mandolim mandolim

  • 14

    Breve Histrico sobre a Regncia Vocal e Instrumental

    Definio de Regncia

    Em Msica, a arte de dirigir instrumentistas ou cantores na realizao de uma obra

    musical. Regentes modernos normalmente empregam gestos manuais silenciosos, usando a

    mo direita para indicar a mtrica (nmero de batidas por compasso) e o tempo, e a mo

    esquerda para tanto indicar as diferentes entradas dos instrumentos como tambm para

    comunicar aspectos da interpretao musical como, por exemplo, a dinmica.

    A histria atribui a Jean Baptiste Lully compositor barroco francs o criador da

    arte de reger. Diz se que ele usava um basto de quase dois metros de comprimento, com

    o qual marcava o pulso no cho. Diz-se tambm que morreu em conseqncia de uma

    gangrena no p causada por um golpe inadvertido do dito basto durante uma rcita.

    Se antes uma necessidade de se conduzir uma obra polifnica, complexa, a regncia

    tornou-se imperativa para se disciplinar uma platia formada por nobres e burgueses mal

    educados, porcos e barulhentos. A presena do regente e seu basto impunham um certo

    respeito. Na Renascena, os regentes dos pequenos conjuntos instrumentais e/ou vocais

    marcavam o compasso com as mos ou batendo em uma mesa com um rolo de papel, ou no

    cho com um basto. No Barroco, o regente (que com freqncia era tambm o compositor)

    mantinha a unicidade do conjunto, batendo o tempo no cravo, ao realizar o basso continuo.

    Nas orquestras de pera o spalla ou mestre de capela assumia as funes de diretor,

    batendo com o arco do violino ou usando sinais manuais quando necessrio. No perodo

    clssico e incio da era romntica, a prtica da regncia era legada ao tecladista ou, na

    ausncia deste, ao spalla, mesmo porque, como j foi mencionado, as orquestras eram

    mantidas pelos reis e outros nobres, e pelo protocolo da Corte, nenhuma pessoa poderia

    ficar de costas para a Sua Majestade, inviabilizando at ento a presena de um regente na

    frente da orquestra. Somente no final do sc. XIX, compositores-regentes como o alemo

    Richard Wagner ou o austraco Gustav Mahler, por estarem na vanguarda das inovaes de

  • 15

    seu perodo, separaram-se da orquestra e se colocaram frente desta para dirigi-la. Eles

    tambm introduziram o uso da batuta para a regncia da orquestra.

    Assim, no sc. XIX, a arte de reger atingiu gradualmente um status de virtuosidade

    e profissionalismo. Isto foi parcialmente o resultado dos esforos de compositores-regentes

    em atingir padres mais altos de performance, elevando a msica a posies nunca antes

    obtidas no campo das artes. Entre os primeiros compositores que foram ativos como

    regentes esto os alemes Carl Maria von Weber e Felix Mendelssohn, e, em particular o

    francs Louis Hector Berlioz, que escreveu o primeiro tratado em regncia.

    No sc. XX, a tradio de compositores-regentes seguiu adiante por msicos como

    o americano Leonard Bernstein, o francs Pierre Boulez e o alemo naturalizado americano

    Lukas Foss. O aumento da importncia do regente tambm incentivou a divulgao de

    msicos que eram conhecidos somente como regentes. Nesta lista incluem o excelente

    pianista alemo Hans von Blow, o violoncelista italiano Arturo Toscanini, o virtuoso

    contrabaixista russo Serge Koussevitzky, entre muitos outros. Em nosso sculo, a arte de

    reger chegou ao seu ponto mximo de excelncia, colocando o regente em grau to elevado

    a ponto de distingui-lo mais do que o prprio compositor. Hoje comum algum dizer:

    Prefiro a 5a do Karajan. Traduzindo: Prefiro a interpretao do Karajan da 5a Sinfonia

    de Beethoven.

    O sc. XX produziu uma grande excelncia de regentes, incluindo nomes como:

    Arturo Toscanini, Pierre Boulez, Herbert von Karajan, Daniel Barenboim, Seiji Osawa,

    Leonard Bernstein, Lorin Maazel, Zubim Mehta, Eleazar de Carvalho, Isaac

    Karabtschevisk, Wilhelm Furtwngler, Kent Nagano, entre muitos outros.

  • 16

    ORQUESTRAO

    Definio

    A arte de combinar instrumentos musicais em composies orquestrais.

    Orquestrao um processo complexo da instrumentao a arte de designar

    instrumentos para dar forma msica em um conjunto de qualquer tamanho.

    Tcnicas

    Alm do conhecimento da tessitura de cada instrumento, orquestrar um trabalho

    requer entendimento das suas idiossincrasias. Por exemplo, uma certa passagem pode ser

    executvel no clarinete, mas somente com um dedilhado desconfortvel, ou esta mesma

    passagem pode requer do harpista uma srie ineficaz de mudanas de pedais para se obter

    as notas desejadas e mesmo assim no se conseguir a sonoridade pretendida. Violinos e

    trompetes precisam de tempo hbil para se colocar ou remover surdinas. Embora tais

    informaes possam ser obtidas de livros, o melhor mesmo trabalhar diretamente com os

    instrumentistas, onde o aprendizado ser mais profundo. Regncia e uma anlise cuidadosa

    de partituras musicais so outros meios tambm eficientes. Orquestrar um trabalho que foi

    composto para uma outra formao requer um senso esttico afinado para preservar o estilo

    original e clarificar sua estrutura.

    Histrico

    Antes do sc. XVII, os intrpretes normalmente trabalhavam a instrumentao de

    uma pea durante o ensaio. Assim era comum uma mesma pea ser executada ou por flauta,

  • 17

    ou por obo ou por violino. Aos compositores interessavam somente a msica, respeitando-

    se apenas a extenso da melodia. A partir de 1600, os compositores comearam a

    especificar os instrumentos para cada parte. O desenvolvimento e a padronizao da

    orquestra entre 1600 e 1750 tornou possvel, no incio do sc. XVIII, as primeiras

    convenes de orquestrao. O desenvolvimento da luteria permitiu aos compositores

    inovaes no uso dos instrumentos. Cludio Monteverdi, por exemplo, foi o primeiro a

    utilizar os tremoli e pizzicatti para as cordas, alm de introduzir o acorde de 7a e 9a. Mas foi

    somente no sc. XIX que os compositores passaram a uma escrita totalmente especfica

    para um determinado instrumento. Assim, por exemplo, a escrita para cordas comeou a

    utilizar notas duplas e acordes. A necessidade de adaptao da escrita de um instrumento

    para outro fez nascer uma nova arte: o arranjo. Esta prtica tornou-se comum no sc. XX,

    feita no s pelo prprio compositor, como tambm por virtuosos. O compositor russo

    Prokofieff escreveu uma sonata para flauta e piano que foi adaptada para violino e piano

    pelo violinista David Oistrakh. Tambm o compositor belga Csar Franck adaptou sua

    sonata para violino e piano, criando verses para viola e piano, violoncelo e piano e flauta e

    piano.

    No sc. XVII, as cordas geralmente eram notadas em trs partes duas pautas em

    clave de sol para os violinos e uma pauta em clave de f para os violoncelos e contrabaixos.

    A viola geralmente dobrava (acompanhava) uma das outras partes. Um par de flautas ou de

    obos ou de ambos, alm de um fagote reforavam e enriqueciam a sonoridade das cordas.

    A coesividade harmnica era provida pelo basso continuo (a linha do baixo mais as

    harmonias providas por um cravo ou rgo). Trompetes e tmpanos apareciam

    ocasionalmente, e depois da segunda metade do sc. XVIII o clarinete e a trompa passaram

    a fazer parte da orquestra. Os trombones tornaram se comum algumas dcadas mais tarde.

    Os instrumentos eram freqentemente usados por suas associaes simblicas ou no-

    musical: obo=pastoral; trompetes e tmpanos= realeza; trombone=sacro, solene;

    trompa=caa; tringulo, pratos e tambores= turco ou extico.

    No final do sc. XVIII o basso continuo caiu de uso, e as harmonias passaram a

    serem preenchidas pela trompa. A tendncia era ir em direo a uma textura na qual frases

    curtas eram fragmentadas e desenvolvidas pelas diferentes sees instrumentais; os sopros

    passaram a fornecer muitos matizes e flashes de cores. Ludwig van Beethoven deu s violas

  • 18

    independncia e preeminncia. Tambm experimentou com o flautim e o trombone, alm

    de ser um dos primeiros a explorar as capacidades solsticas da trompa.

    Durante o romantismo (de 1820 a 1900), os compositores passaram a conceber seus

    trabalhos diretamente em termos de cores orquestrais, explorando a capacidade de dois ou

    mais instrumentos tocarem a mesma linha meldica, no mesmo registro, de forma a obter

    um campo de sonoridade diferente. Compositores como Berlioz, Rimsky-Korsakov e

    Wagner usaram instrumentos de sopro aperfeioados nas mais diferentes maneiras, tanto

    para se obter massa sonora ou sonoridades delicadas. Mesmo no fim do sc. XIX, o

    austraco Gustav Mahler j exigia para suas obras orquestras de grande porte e

    instrumentaes complexas. No sc. XX, os franceses Claude Debussy e Maurice Ravel

    deram nfase aos efeitos das cores da orquestra moderna, tanto no aspecto pictrico quanto

    no sensual. O russo Igor Stravinsky quebrava freqentemente com a tradio clssica,

    dando a parte meldica para a seo dos metais, e transferindo a funo da percusso para

    as cordas. Compositores da chamada Segunda Escola de Viena Alban Berg e Anton

    Webern utilizaram exaustivamente a tcnica Klangfarbemelodie (literalmente: melodia de

    timbres) criado por Arnold Schoenberg, no s em suas obras, mas tambm para dar novas

    cores em obras de compositores antigos, principalmente as de Bach. Mais e mais

    instrumentos de percusso foram adicionados para se criar novas cores, e novas tcnicas

    foram aplicadas para muitos instrumentos como, por exemplo, a utilizao da caixa de

    ressonncia dos instrumentos de cordas para percusso, tocar com o arco abaixo do

    cavalete, etc [Penderecki]. Instrumentos musicais eletrnicos, como therumin, ondes

    martenot, hammond e o uso de sintetizadores, fitas magnticas e mais recentemente, os

    computadores ampliaram ainda mais a paleta de novos sons para os compositores. No final

    do sc. XX, a complexidade de orquestrao atinge nveis nunca antes imaginados,

    obrigando os compositores a criarem novos sistemas de escrita, para resolverem seus

    problemas. O holands Theo Verbey, por exemplo, utiliza um sistema de 60 pentagramas

    exclusivamente para incorporar todos os divisi das cordas.

    Na msica do sc. XX instrumentos antigos so revisitados e incorporados

    orquestra moderna. O compositor hngaro Gyrgy Ligeti, busca no cravo e no rgo novas

    sonoridades. Mauricio Kagel, compositor argentino radicado na Alemanha escreve uma

    obra de proporo sinfnica utilizando somente as famlias completas de instrumentos

  • 19

    medievais e renascentistas, como flautas de bico, alades, violas da gamba, cravo, rgo

    positivo, krumhorns, harpa cltica, dulcimers, tambores e sinos. A compositora russa Sofia

    Gubaidulina utiliza-se do Baikan espcie de acordeo afinado microtonalmente para dar

    novas cores e expresses em suas obras. O compositor ingls Sir Peter Maxwell Davies

    utiliza o didjeridoo instrumento de sopro aborgine que emite apenas um som. O berrante

    instrumento de sopro feito de chifre de boi, uma espcie de verso brasileira do

    didjeridoo foi utilizado por Francisco Mignone na sua pera O Contratador de

    Diamantes.

    O conceito da acusmtica criado por Aristteles e retomado por Pierre Schaeffer durante

    a musique concrte parece ressurgir com fora total na orquestrao do sc. XX. Aos

    compositores no mais interessam somente novas cores, mas iludir o ouvinte com timbres

    novos, por vezes bizarros, provenientes de combinaes nada convencionais de

    instrumentos: Ravel, grande mestre da orquestrao, dispe na abertura de seu LEnfant et

    les Sortilges dois obos que acompanham em quartas e quintas paralelas a melodia

    executada por um contrabaixo em sons harmnicos. muito difcil de dizer quais so estes

    instrumentos apenas pela audio. Tambm em seu Bolero h algumas combinaes

    tmbricas totalmente inusitadas como a execuo da melodia em unssono por um flautim,

    uma tuba e celesta. Se a msica do Bolero por um lado pode soar montona pela

    interminvel repetio de um tema orientalizado, as cores tmbricas desta obra, por outro

    lado, valem, por si, como um verdadeiro Tratado de Orquestrao.