A Palavra Absurdo

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8/6/2019 A Palavra Absurdo http://slidepdf.com/reader/full/a-palavra-absurdo 1/2 A palavra  Absurdo tem sua raiz no Latim  Absurdus, ³aquilo que é desagradável ao ouvido, e soa dissonante´. No léxico, o absurdo ³se opõem à razão e ao bom senso; que é destituído de sentido, de racionalidade´, o qual se aproxima sinonimicamente à irracionalidade, e numa linguagem mais corriqueira pode apenas querer dizer ³ridículo´. Entretanto, não é nesse sentido que pensadores como Arthur Schopenhauer, Jean-Paul Sartre e Albert Camus usam a palavra. Schopenhauer trouxe à luz da discussão filosófica o termo  Absurdo. Para ele, a simples noção de existência é um absurdo, justamente porque a vida não apresenta nenhuma outra razão, a não ser ³a vontade de querer viver´, sem nenhum sentido aparente, o que resulta no pessimismo, na irracionalidade, e de certa forma, no conformismo da humanidade. Considerando também noção de existência um absurdo, porém diferente do pessimismo radical de Schopenhauer, Sartre e Camus, por sua vez acreditam que essa absurdidade leva a humanidade à ação, revolução, e principalmente à recusa da conformidade. Afinal, se a vida não nos dá sentido, é necessário que este seja construído, logo angústia e pessimismo, manifestados diante do absurdo em nada se encontram relacionados à ausência de sentido da existência e do mundo. E todo esse contexto, popularizado por volta da metade do século XX, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, relaciona-se com fato de que o homem viu-se diante de um grande vazio existencial, por ter sobrevivido aos horrores da guerra e por viver uma constante ameaça do início de uma guerra nuclear. Pessimista, desesperançada e sem raízes, diante de todo o cenário político de incertezas, a humanidade tratou de arrumar um sistema filosófico que justificasse essa mágoa e espanto: o existencialismo, que logo se tornaria o pilar do teatro do absurdo, uma convenção teatral onde se enquadraram todos os textos que se distanciavam da estrutura aristotélica, onde cada autor tentou de alguma forma expressar sua visão sobre a falta de sentido da condição humana e a passividade da humanidade diante desta situação. Por isso, em termos de produção literária, é considerado vastamente diversificado. As primeiras obras desta corrente teatral foram de Samuel Beckett e de Eugène Ionesco, seguidas de outras obras destes mesmos autores, e também

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A palavra  Absurdo tem sua raiz no Latim  Absurdus, ³aquiloque é desagradável ao ouvido, e soa dissonante´. No léxico, oabsurdo ³se opõem à razão e ao bom senso; que é destituídode sentido, de racionalidade´, o qual se aproximasinonimicamente à irracionalidade, e numa linguagem maiscorriqueira pode apenas querer dizer ³ridículo´. Entretanto,não é nesse sentido que pensadores como ArthurSchopenhauer, Jean-Paul Sartre e Albert Camus usam apalavra.

Schopenhauer trouxe à luz da discussão filosófica o termo Absurdo. Para ele, a simples noção de existência é umabsurdo, justamente porque a vida não apresenta nenhumaoutra razão, a não ser ³a vontade de querer viver´, sem

nenhum sentido aparente, o que resulta no pessimismo, nairracionalidade, e de certa forma, no conformismo dahumanidade. Considerando também noção de existência umabsurdo, porém diferente do pessimismo radical deSchopenhauer, Sartre e Camus, por sua vez acreditam queessa absurdidade leva a humanidade à ação, revolução, eprincipalmente à recusa da conformidade. Afinal, se a vida nãonos dá sentido, é necessário que este seja construído, logoangústia e pessimismo, manifestados diante do absurdo emnada se encontram relacionados à ausência de sentido da

existência e do mundo.

E todo esse contexto, popularizado por volta da metade doséculo XX, logo após o término da Segunda Guerra Mundial,relaciona-se com fato de que o homem viu-se diante de umgrande vazio existencial, por ter sobrevivido aos horrores daguerra e por viver uma constante ameaça do início de umaguerra nuclear. Pessimista, desesperançada e sem raízes,diante de todo o cenário político de incertezas, a humanidadetratou de arrumar um sistema filosófico que justificasse essamágoa e espanto: o existencialismo, que logo se tornaria o

pilar do teatro do absurdo, uma convenção teatral onde seenquadraram todos os textos que se distanciavam daestrutura aristotélica, onde cada autor tentou de algumaforma expressar sua visão sobre a falta de sentido da condiçãohumana e a passividade da humanidade diante desta situação.Por isso, em termos de produção literária, é consideradovastamente diversificado. As primeiras obras desta correnteteatral foram de Samuel Beckett e de Eugène Ionesco,seguidas de outras obras destes mesmos autores, e também

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de Arthur Adamov, Jean Genet, Harold Pinter, FernandoArrabal, Edward Albee, entre outros.