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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I CURSO DE PEDAGOGIA FABIANE PEREIRA SILVA A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO PROCESSO DE INCLUSÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADE EDUCACIONAL ESPECIAL Salvador 2011

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

FABIANE PEREIRA SILVA

A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO PROCESSO DE

INCLUSÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADE

EDUCACIONAL ESPECIAL

Salvador 2011

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FABIANE PEREIRA SILVA

A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO PROCESSO DE

INCLUSÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADE

EDUCACIONAL ESPECIAL

Monografia apresentada como requisito para obtenção da Graduação em Pedagogia do Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, sob a orientação da Profª. Heloísa Lopes.

Salvador 2011

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FABIANE PEREIRA SILVA

A PEDAGOGIA HOSPITALAR NO PROCESSO DE

INCLUSÃO DA CRIANÇA COM NECESSIDADE

EDUCACIONAL ESPECIAL

Monografia apresentada como requisito para obtenção da Graduação em Pedagogia do

Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia, pela seguinte banca

examinadora:

_______________________________________________________

Profª Heloísa Lopes da Silva de Andrade - UNEB (orientadora)

______________________________________________________ Profª Cláudia Silva de Santana - UNEB

Salvador, 18 de março de 2011.

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Dedico este trabalho ao Grande Mestre e excelentíssimo

Educador da vida, e a todas as pessoas que acreditam na

educação e no valor da Pedagogia. No sonho de uma educação

inclusiva e acessível a todos!

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AGRADECIMENTOS

Sei que chegar até aqui não foi um processo fácil, um longo caminho percorrido, de lutas, barreiras a serem vencidas, e conquistas; Nada mais justo que agradecer aos que contribuíram para esse longo processo.

A Deus. Minha força, fortaleza, refúgio e socorro em todos os momento em que mais precisei, onipresente, me ajudando e renovando as minhas forças, me conduzindo durante toda caminhada.

Aos meus pais e meus irmãos. Francisca e Paulo, por todo amor, carinho, apoio e dedicação em todos esses anos, incentivando de forma direta e indireta a alcançar os degraus dos muitos anos de estudo, compreendendo as ausências; Inho e Fabinho que estiveram presente em todo tempo, ainda que não saibam me apoiaram e incentivaram durante as longas noites de estudos.

Aos familiares. Sejam tios e tias, primos e primas, por todo momento de incentivo, pois mesmo antes da entrada do curso acreditaram que um dia chegaria até aqui.

Aos amigos. Grande companhia que ganhei durante a caminhada, a turma unebiana: Amanda, Aline, Cláudia, Jaqueline, Juliana, Carlos e outros amigos de sala, amizade que levarei para toda vida. A simples presença em tantos momentos de desafios, ansiedade e vitórias. Aos amigos da Adesal, pelo apoio e oração. A Cleber, pelo carinho e dedicação em não medir esforços em dispor do seu tempo para estar presente quando necessário para ajudar.

A professora Heloísa Lopes e entrevistadas. Orientadora que sabe aonde quer chegar e respeitou as minhas idéias. Sua dedicação, exigência e os muitos desafios me fizeram ir além onde nem eu mesma pensei chegar! As entrevistadas que foram alunas-paciente e a coordenadora da classe hospitalar (permanece o anonimato), agradeço a disposição e ajuda, pois permitiram conhecer, ainda que breve, a classe hospitalar.

A todos professores e funcionários. Pode não parecer, mas cada um contribuiu para que esse caminho se fortalecesse. Palavras, atitudes, gestos, sendo positivos ou negativos serviram como base para o processo.

A todos, meu muito obrigada! Vou levar cada momento e vivência para minha vida. Tão pouco para falar e muito a agradecer!

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E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor,

nada seria.

1 Corintios 13.2

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RESUMO

Este trabalho aborda a importância da inclusão educacional para as crianças que necessitam de um atendimento diferenciado, indispensável pensar no profissional que atua nesse processo. Para isso apresenta a educação num conceito ampliado para entender os sujeitos envolvidos, o meio onde ocorre se, em espaço formal, informal ou não-formal. Relata a educação especial e a educação inclusiva bem como os dilemas e desafios. A essa educação especial destaca-se a Pedagogia Hospitalar, diferencia este termo de classe hospitalar, dentre os relatos de teorias e práticas, e algumas experiências de projetos feitos em classe hospitalar. Relata por meio de entrevista realizada a concepção e atuação do profissional que está no ambiente da classe hospitalar, tal como o olhar da criança hospitalizada. Enfim, entende a Pedagogia Hospitalar como atendimento especial e inclusivo para atender a necessidade do aluno paciente que uma vez ausente da escola tem o direito a educação no hospital. Palavras-chaves: Educação - Pedagogia - Inclusão - Pedagogia Hospitalar - Aluno-paciente.

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RESUMEN

En este trabajo se aborda la importancia de la inclusión educativa para niños que necesitan un servicio diferenciado, es imprescindible pensar en los profesionales que trabajan en este proceso. Para esto nos muestra la educación en un concepto más amplio con la finalidad de entender los temas involucrados, el ambiente donde ocurre ya, sea en el sector formal, informal o no formal. Relata la educación especial y la educación inclusiva, así como los dilemas y desafíos. En esa educación especial sedestaca la Pedagogía Hospitalar, que diferencia estos terminos de clase hospitalar, entre los informes de las teorías y prácticas, y algunas experiencias de los proyectos realizados en la clase hospitalar. Relata por medio de una encuesta realizada la concepcion e actuación del profesional que está en el ambiente de clase hospitalar, tal como la mirada de los niños hospitalizados. Finalmente,entiende la Pedagogía Hospitalar como un atendimiento especial y inclusivo para satisfacer las necesidades de los alumnos pacientes que una vez ausentes de la escuela tienen el derecho a la educación en el hospital. Palabras clave: Educación - Pedagogía - Inclusión - Pedagogia Hospitalar – Alumno-paciente.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO _______________________________________________________10

2. EDUCAÇÃO: CONCEITO AMPLIADO __________________________________13

2.1 O PROCESSO DA EDUCAÇÃO NO MEIO SOCIAL _________________________ 13

2.2 A ESCOLA NO PROCESSO EDUCACIONAL ______________________________ 19

2.3 O PROCESSO DA PEDAGOGIA NOS DIVERSOS

PERIODOS_______________________________________________________________23

3. OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO PARA A PEDAGOGIA

HOSPITALAR________________________________________________________ 28

3.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: DILEMAS E

DESAFIOS________________________________________________________________28

3.1.1 Educação Especial_____________________________________________________28

3.1.2 Educação Inclusiva ___________________________________________________ 31

3.2 PEDAGOGIA HOSPITALAR E A CLASSE HOSPITALAR: DA TEORIA Á

PRÁTICA_________________________________________________________________34

3.3 A CLASSE HOSPITALAR EM SALVADOR________________________________ 38

4. BREVES REFLEXÕES DE PROJETOS PEDAGÓGICOS EM CLASSE

HOSPITALAR_________________________________________________________42

4.1 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO HOSPITAL UNIVERITÁRIO DE SANTA

MARIA__________________________________________________________________42

4.2 CONCEPÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NA CLASSE HOSPITALAR EM

SALVADOR______________________________________________________________46

4.3 O OLHAR DO ALUNO HOSPITALIZADO _________________________________48

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS______________________________________________52

REFERÊNCIA ________________________________________________________55

APÊNDICES______________________________________________________________59

APÊNDICES A - IMAGENS DA ALUNA NO HOSPITAL_______________________59

APÊNDICES B - ROTEIRO DE ENTREVISTAS ______________________________ 60

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1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho de conclusão de curso tem por finalidade, estudar o tema inclusão

educacional. Para tal, faz-se necessário retomar os textos estudados, leituras e produções de

trabalhos realizados durante o período formativo, dentre outros textos e outras leituras as

quais serão analisadas com um olhar para o processo de inclusão, a definir, dentre tantos

assuntos que este tema aborda, o conhecimento sobre a Pedagogia Hospitalar.

Importante conhecer os conceitos e teorias referentes à educação especial, os

profissionais envolvidos neste campo de atuação, os locais e/ou ambiente onde a mesma

acontece, esses diversos lugares onde ocorre a aprendizagem que parte desde o senso comum

para os locais formais. O estudo do tema ajuda a abrir o olhar para uma educação diferenciada

e muito mais participativa. Acredita-se que o grande problema concernente ao tema é o

desconhecimento, a falta de compromisso e a precária prática de atividades inclusivas para

um aluno que precisa de uma educação diferenciada.

Possível verificar que a ausência da boa relação professor-aluno reflete na

aprendizagem do aluno e surge a falta de interesse para realização das atividades propostas

em sala. Importante destacar que os alunos com necessidade educacional especial, ainda que

pertencentes à mesma sala de aula regular que os demais, carecem de um atendimento

diferenciado, e apresentam, em alguns casos, grande diferença de faixa etária ainda que no

mesmo nível escolar.

Diante dessa demanda, é possível entender a Pedagogia Hospitalar como um campo

de atuação da Pedagogia em que o profissional envolvido na área educacional, nesse sentido o

pedagogo, atuará num lugar bastante diferenciado. O seu próprio termo “Hospitalar” já remete

ao leitor uma série de sentimentos que não são dos melhores possíveis, pode-se imaginar um

local de doenças, tratamentos para recuperação de saúde, ou até pacientes em estados terminal

lutando entre a vida e a morte.

Porém, ainda em confronto a isso, nesse mesmo lugar acontece a relação de ensino-

aprendizagem e a já citada relação do professor com o aluno, inclusive o envolvimento dos

pais em algumas atividades. O aluno, se antes freqüentava a escola regular, agora apresenta

um estado de saúde abalado ou por sua vez em fase de recuperação.

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Para não ficar restrito ao senso comum faz-se necessário partir dos conceitos mais

simples para entender o processo de inclusão, a educação especial, a Pedagogia, Pedagogia

Hospitalar dentre outros termos em questão; conhecer a noção de educação, o profissional

envolvido no processo educacional, os lugares onde ela acontece, os projetos de educação

inclusiva com base na secretaria de educação especial, conhecendo desta forma em específico

a educação nos ambientes hospitalares. Dos muitos conceitos encontrados vale questionar as

semelhanças e diferenças entre a Pedagogia Hospitalar, classe hospitalar ou escola hospitalar.

Nesse campo de atuação do pedagogo vale conhecer um contemporâneo trabalho no

Brasil e mais especificamente, o desenvolvimento deste trabalho no município de Salvador, o

qual acontece por meio do Projeto Criança Viva no atendimento as crianças e adolescentes

hospitalizados.

O atendimento educacional nas classes hospitalares no Brasil é identificado por uma

pesquisa de dados realizada por Fonseca (apud Caiado, 2003), a mesma levantou a existência

de classes hospitalares nos diversos estados do país, demonstrou-se que até dezembro de

1997, haviam 30 classes hospitalares em funcionamento nas várias regiões do país. Pesquisas

revelam que, dos hospitais e região pesquisada, apenas quatro classes hospitalares tinham sido

criadas antes de dezembro de 1980, e a partir dessa década ocorreu o aumento para o

atendimento à criança em classe hospitalar. Pois, em Janeiro de 1981 a dezembro de 1997

foram criadas 17 classes hospitalares em diferentes estados. Em julho do ano de 2000, a

autora citada aponta a existência de 74 classes hospitalares para os estados das cinco regiões

do país.

Diante disso, elegeu-se como pergunta central: Qual é a visão do profissional sobre a

pedagogia hospitalar? E qual impressão tem as crianças atendidas no ambiente hospitalizar?

Assim, os objetivos para realizar a pesquisa são: refletir o conceito ampliado de

educação; identificar os caminhos da educação e da Pedagogia Hospitalar; descrever

experiências de projetos pedagógicos em classes hospitalares. Merece destaque o objetivo

relacionado à pesquisa de campo, no qual consistiu em relatar a atuação do profissional na

área da Pedagogia Hospitalar e capturar a escuta sensível da vivência de crianças que

estiveram em classes hospitalares.

O percurso metodológico foi a abordagem qualitativa com breve incursão em campo

feita com um profissional da área de Pedagogia Hospitalar e com duas pessoas que foram

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crianças que passaram em classe hospitalar num período de tratamento. Foi realizada também

uma revisão bibliográfica do tema com propósito de fundamentar o trabalho.

O trabalho está organizado em três grandes tópicos. O primeiro tratou de apresentar o

conceito ampliado de educação com base em Brandão(1995), Reboul(1984), Libâneo (2002,

2010), Ghiraldelli(2007) e registros da legislação ajudaram nesta reflexão, como a

Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96. O segundo tópico

tratou da educação especial e inclusiva seus dilemas e desafios, e nesse aspecto a abordagem

da Pedagogia Hospitalar, cita autores como Diniz(2007), Guebet(2007), Matos e

Mugiatti(2009), Fonseca(2009) e caderno do MEC (Ministério da Educação) e a Declaração

dos direitos da criança e do adolescente hospitalizado. O terceiro tópico descreve as

experiências de práticas pedagógicas em classe hospitalar, dialoga com profissionais da área

de Pedagogia Hospitalar e relata a experiência da vivência de crianças que estiveram em

classes hospitalares. E, finalmente as considerações finais.

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2. EDUCAÇÃO: CONCEITO AMPLIADO

Se educação é transformação de uma realidade, de acordo com uma idéia melhor que possuímos, e se a educação só pode ser de caráter social, resultará que

pedagogia é a ciência de transformar a sociedade. Ortega y Gasset

2.1 O PROCESSO DA EDUCAÇÃO NO MEIO SOCIAL

Como já é do conhecimento de alguns, a educação está em todo lugar e existe há

muitos anos desde as primeiras relações do homem nas diversas comunidades humana; Pode

ser percebida nos diversos ambientes sejam eles familiares, escolares, empresarial, entre

outros. Na relação humana acontece o processo de aprendizagem nos ambientes formais aos

informais mais simples. Valorizar quem ensina não está restrito apenas a idade deste, por isso

faz-se necessário conhecer o real sentido da educação.

Conforme Brandão (1995), ninguém escapa da educação, em vários ambientes ela

está presente, seja em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos

nós envolvemos momentos da vida com ela para aprender, para ensinar, para aprender-e-

ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida

com a educação. Ao viver em comunidade, passa-se o conhecimento das tradições e

costumes de um determinado povo, bem como as condutas e regras sociais e nessa

transmissão de conhecimentos, é possível identificar os processos sociais de aprendizagem.

Ao descrever sobre o conceito de Educação, Brandão(1995) cita a relação existente

nas comunidades simples, por exemplo, nas aldeias indígenas, a vivência desse povoado,

como veremos a seguir:

Ali, a sabedoria acumulada do grupo social não “dá aula” e os alunos, que

são todos os que aprendem, “não aprendem na escola”. Tudo o que se sabe aos poucos se adquire por viver muitas e diferentes situações de troca entre pessoas, com o corpo, com a consciência, com o corpo-e-a-consciência. As pessoas convivem umas com as outras e o saber flui, pelos atos de quem sabe-e-faz, para quem não-sabe-e-aprende. Mesmo quando os adultos encorajam e guiam os momentos situações de aprender de crianças e adolescentes, são raros os tempos especialmente reservados apenas para o ato de ensinar. (BRANDÃO, 1995, p. 17 e 18).

Percebe-se a intencionalidade da relação para aprender, com importância para o

conhecimento adquirido ao valorizar os costumes da aldeia e aqueles passado para as gerações

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seguintes, a considerar os mais velhos experientes o suficiente para fazer acontecer essa

relação educativa. Para as crianças, sejam meninos ou meninas aprender os costumes se dá

através do olhar, do observar e da repetição dos atos, pois entenderão o comportamento dos

mais velhos daquela aldeia.

A educação é transformadora, independente do lugar onde ocorra o processo de

aprendizagem. Pode ser mediada, transformadora, construtivista, ela ultrapassa os espaços de

atuação. Precisa-se, desta forma, de um indivíduo qualificado que atenda a essas demandas da

educação, este profissional deve entender a educação como sem limites de tempo ou espaços,

ela não obedece a estas implicações, está presente em ambientes formais ou não-formais,

escolares ou não-escolares.

Importante retomar de forma breve as idéias da teoria sócio-cultural de Freire(1996),

iremos restringir o olhar quando focaliza e conceitua a educação, a considerar os aspectos e

conceitos do autor e a relação professor e aluno. É no processo de educação que a relação

entre professor e aluno vai se estabelecendo, não que um seja submisso ao outro, pois a

aprendizagem é construída e deve-se valer da realidade do educando para torná-la

significativa.

Freire(1996) afirma que ensinar não se restringe apenas a transferir conhecimento,

mas o educador deve comprometer-se a criar possibilidades para a construção ou para

produção do saber deste conhecimento. Ainda na relação do processo da formação entre

discência e docência, deixa claro que “embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-

forma ao formar e quem é formado forma-se e forma o ser formado” (FREIRE, 1996, p.23),

estabelecendo com isso a visão de homem e mundo.

Entende-se que com essa relação entre professor e aluno, a educação se processa de

forma conscientizadora, tornando o sujeito crítico da sua realidade, a considerar a realidade do

mundo o qual vive. Com isso, percebemos que a educação não se inicia apenas na escola, mas

anterior a ela.

A aprendizagem diferenciada ocorre em diversos ambientes, seja ele formal ou

informal, e deve ser pensada a melhor maneira que o saber e o conhecimento serão

adquiridos, a considerar os alunos que estarão envolvidos no processo e os educadores

mediadores, estes deverão utilizar de materiais necessários, lúdicos, didáticos e pedagógicos

para amenizar a resistência ao aprendizado.

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Aprender e educar são ações distintas e dispõem de procedimentos específicos para

que se concretizem. A segunda não precisa de um profissional especializado, formado numa

academia, ou formação num curso normal superior, ou quem sabe ter cursado o magistério ou

outra especialização. Se considerarmos o conhecimento adquiridos dentro das casas, nas

famílias, desde as simples brincadeiras passadas de geração a geração, o conhecimento da

linguagem popular, a cultura transmitida dos mais velhos para os mais novos, ou quem sabe

vice-versa, iremos desta maneira encontrar os mais variados tipos de educar e aprender.

O educar pode ser espontâneo, sem a intencionalidade de passar algum conteúdo

específico. Imaginemos a relação entre as crianças, observam o comportamento uma da outra,

vê, imita, repete, reproduz, começa a desfazer suas próprias atitudes, passa a imitar as ações

da companheira de maneira espontânea, sem nenhum comando externo de um adulto.

Aprendem de acordo com seu mundo e sua linguagem infantil e pode-se perceber ainda assim

que houve troca de conhecimento.

Educar é muito mais do que formalizar conhecimento. Pode-se perceber na

atualidade, em alguns espaços formais, a transmissão do conhecimento como se fosse, de

maneira figurada, colocado em “caixas”, separando-os por sessões. A estas “caixas”

denominamos de disciplina, e para expor esse conteúdo aos alunos em sala de aula, o

professor é o único profissional capaz de passar tal conteúdo. Porém, ensinar deve despertar

no outro a curiosidade para ver algo novo, desconstruir pensamentos, mudar atitudes, fazer

pensar, refletir, construir e reconstruir mais outra vez.

A aprendizagem vai da maneira mais simplificada, como já citada, para a mais

elaborada, com técnicas e objetivos que se deseja alcançar diante de tal conteúdo. A partir

deste último, começa a surgir a necessidade de um profissional especializado para se utilizar

de técnicas conhecidas e saber especializado voltado para o ensinar.

Importante buscar na história da educação relatos de um ensino bem distante. No

período da cidade grega quando surgiam as primeiras idéias e teorias sobre educação, quando

se iniciaram os estudos voltados para esta área e estudos sobre o quê ensinar nas escolas

daquele período. Como relata Brandão (1995), a educação desde a cidade grega se dava de

maneira dividida, era possível diferenciá-la como “normas de trabalho”. Quando o

conhecimento era reproduzido como um saber que se ensina para que se faça, acabaram

utilizando o conceito de “tecne”, importante destacar que tal saber era utilizado por

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trabalhadores manuais, livres ou escravos, era apenas para reproduzir e fazer o que se

aprendeu.

Encontrava-se, por outro lado, as “normas de vida” que era entendido por reprodução

do saber que se ensina para que se viva, para ser um homem livre, talvez nobre, a isso os

gregos denominaram “teoria”. Fragmentando o ensino, como foi visto acima, este era passado

de forma diferenciada, a depender a quem iria ser direcionado e desde este período é possível

identificar a divisão da sociedade para valorizar determinado grupo para adquirir o

conhecimento. Os relatos acima demonstram que havia um ensino separado em que alguns

aprendiam determinadas habilidades que eram restritas ao outro grupo, enquanto esses outros

menos privilegiados tinham como obrigação reproduzir e produzir.

Amplo e diversificado são os conceitos que tentam definir o que seja a educação,

para que ela acontece e onde ocorre. Sendo profissionais da área ou não, sejam eles

professores, coordenadores pedagógicos, diretores de instituição, pedagogos, sociólogos ou

filósofos e diversos outros profissionais, são muitos os que despertam interesse pelo tema.

Dentre muitos profissionais que optaram para a pesquisa sobre Educação,

Brandão(1995), defini a educação como “ uma parte do modo de vida de outros grupos sociais

que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade”

(BRANDÃO, p.10, 1995).

Por sua vez, pode-se tentar entender o que é educação num ponto de vista filosófico,

por meio de filosofia da educação, na busca de conhecer a etimologia da palavra para saber de

fato como esse termo tão simples, porém amplo por possibilitar várias vertentes de

significados e muita área de pesquisa, contribui para enriquecer o conhecimento daqueles que

se dispõe a diversificar o olhar.

Embora a etimologia possa trair o significado, tentaremos aqui entender por

intermédio da palavra. Reboul (1984) apresenta que educar provinha do latim “educare”,

fazer sair, “por fora”. Não foi o significado esperado até então analisar a origem. E continua

que o termo advém de um outro verbo, “educar”, o qual significa criar animais ou plantas e,

por extensão, cuidar das crianças. Nesse pequeno trecho pode-se perceber o quão perigoso é

analisar de forma restrita o termo, a origem da palavra, a língua matriz, sem antes

compreender o contexto. O autor acima citado afirma que a educação significa algo mais do

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que o adestramento do homem ou a produção de diplomados, e direciona o entendimento para

o que seja educação a considerar outro método: análise de sinônimos.

Por educar encontram-se sinônimos como criar, ensinar, e formar, que com base na

leitura do texto de Reboul (1984), nos restringiremos a três sinônimos de educar, tais como

criar, ensinar e formar, em que o próprio autor esclarece a definição do que seja educar por

esta maneira.

Criar refere-se à educação no sentido restrito, no essencial coincide com o da família;

é uma educação espontânea. A família que, por exemplo, pensada tendo como membro mãe,

pai e/ou responsável de uma criança, os quais passam afeto e carinho, uma ternura que educa

mesmo sem nenhum valor intencional.

Ensinar é como um ato intencional e acontece numa instituição, os métodos mais ou

menos codificador, regidos por profissionais. Já o sinônimo formar, da área educativa, vem a

idéia de formação contínua, formação de formadores, se técnica, profissional, militar, entre

outras coisas, formação é sempre a preparação do indivíduo para uma função social.

A conclusão que se faz de que “aprender é um verbo que corresponde ao substantivo

educação” (REBOUL, 1984, p.19), e para uma análise do termo é importante considerar a

função social, filosófica a que se refere. Daí, podemos entender que a escola é também como

outro espaço onde podem acontecer uma troca de aprendizado por meio de uma educação

transformadora e consciente.

No qual vale citar em complementação, a Constituição Federal de 1988, no artigo 5°

no qual afirma que “Todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza”. E

mais adiante no Capítulo III da Educação, da Cultura e do Desporto temos:

”Art. 205 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa...”.

Com o passar dos anos após alteração da lei referente à educação, na Constituição

Federal de 1988 foi detalhado com mais explicação o direito à educação, colocando-a agora

como dever do Estado. O que não significa dizer que, a partir desse período, todos tiveram

acesso a educação e, mais ainda, de qualidade.

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Possível verificar nos outros registros legais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

n° 9394/96 que expressa o conceito de educação no seu artigo 1° em seu 1° e 2° parágrafos

descrita conforme podemos conferir a seguir, onde estabelece que:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana,no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.

A educação descrita nas leis é acessível a todos, direito comum a todos os cidadãos.

Porém, se analisarmos na prática, nas escolas públicas brasileiras presenciamos uma realidade

oposta ao que foi descrito acima. Se a lei impõe e tenta incluir, a prática exclui, separa. A

realidade nas escolas traz à tona um Brasil desigual, pois nem todas as crianças têm acesso a

educação escolar, nem todos os adultos tiveram a oportunidade de estudar quando criança e

nessa faixa etária tentam estudar no turno noturno, conhecido como EJA(Educação de Jovens

e Adultos); Na luta contra o cansaço físico após uma longa jornada de trabalho e a favor da

força de vontade de aprender.

Embora registros indiquem que a educação é para todos ou deveria estar disponível

aos cidadãos sem restrição, vale questionar: que tipo de educação? Quais conteúdos?

Registros mais simples, sem interesse filosófico, sociológico ou político, definem,

com base na etimologia do termo, o que enfim possa ser explicado por educação:

Educação. Do Latim ‘educare’, que significa extrair, desenvolver. Consiste, essencialmente, na formação do homem de caráter. A educação é um processo vital, para o qual concorrem forças naturais e espirituais, conjugadas pela ação consciente do educador e pela vontade livre do educando. Não pode, pois, ser confundida com o simples desenvolvimento ou crescimento dos seres vivos, nem com a mera adaptação do individuo ao meio. É atividade criadora, que visa a levar o ser humano a realizar as suas potencialidades físicas, morais, espirituais e intelectuais. Não se reduz à preparação para fins exclusivamente utilitários, como uma profissão, nem para desenvolvimento de características parciais da personalidade, como um dom artístico, mas abrange o homem integral, em todos os aspectos de seu corpo e de sua alma, ou seja, em toda a extensão de sua vida sensível, espiritual, intelectual, moral, individual, doméstica e social, para elevá-la, regulá-la e aperfeiçoá-la. É preciso contínuo, que começa nas origens do ser humano e se estende até a morte. (BRANDÃO, 1995, p.63 e 64).

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Vale lembrar que este questionamento de direitos e deveres a educação para todos,

em se tratar daquela transmitida nas escolas resultou na democratização do ensino público na

década de 1970, ofereceu uma educação para todos, no acesso tanto para ricos quanto para

pobres, já que anteriormente a educação estava restrita à elite, somente acessível para alguns

que eram privilegiados perante a sociedade. Na luta do acesso a todos às escolas públicas,

puderam inserir nos seus ambientes os filhos dos operários, dos assalariados pobres, os quais

não tinham anteriormente o privilégio de aprender a ler e escrever nas escolas. Devido a isso,

ocorria o aumento do índice de crianças analfabetas, mas agora ofereciam a estas o “direito”

de estudar.

Para identificar que a educação vai além dos espaços formais e limitado das

instituições, Brandão(1995) estabelece que a mesma não se limita ao que é “oficial”,

“programado”, “tecnocrático”, é como um exemplo de “arma” ou sistema político que pode

ser usada contra os regimes fechados de uma sociedade individualista onde a educação

opressora é utilizada para oprimir os menos favorecidos, constituindo a classe de

trabalhadores e assalariados.

A educação de um sistema dominante já vem pronta e planejada. A secretaria de

educação, por exemplo, apresenta um pacote de conteúdos e habilidades que devem ser

seguidos, sem considerar a “cultura popular”, resultando num saber desigual para a sociedade

de classe desigual. Presente numa sociedade competitiva e dividida, os interesses dos

dominantes prevalecem e, os “subalternos” criam e recriam o seu próprio modo de aprender e

ensinar ou ensinar-e-aprender, por meio de suas crenças, valores e tradições passadas por

geração, seja nas aldeias ou em bairros populosos, ou bairros desfavorecidos pela sociedade

capitalista.

2.2 A ESCOLA NO PROCESSO EDUCACIONAL

Com o passar dos anos a compreensão do processo educacional tendeu-se a reduzir o

ato de educar ao restringir a atitude limitando aos espaços escolares, identificando a escola

como aparelho ideológico do estado, com legitimidade à formação e exercício de cidadania,

lugar de ensino, de aprendizagem e de enriquecimento cultural.

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O espaço de aprendizagem não deve se limitar a escola, que traz como missão a tão

conhecida frase, ou até mesmo um quase jargão, ouvido por quem já fez pesquisa de

conhecimento ou observação nos espaços escolares, “tornar um cidadão crítico e reflexivo de

suas ações na sociedade”.

Kuenzer(2001) levanta um ponto de vista destaque na apresentação do artigo na obra

organizada por Candau(2001), afirma que diante da crise existente nas escolas públicas, esta

existe como um lugar onde “compete criar situações significativas de aprendizagem, através

das quais o aluno desenvolva competências cognitivas superiores, competências

comunicativas, éticas, estéticas e de organização coletiva” (2001, p.151). Diante desses

desenvolvimentos de fatores tornar-se-ão críticos, criativos, contribuindo em partes para a

superação da exclusão, por sua vez a social. Não isento a escola desse grande papel, sendo a

mesma competente e com bases suficientes para assim realizá-lo, mas sozinha a escola não

educa, seus professores não podem sozinhos exercer o papel de educadores, depende também

do meio, da diretora e do acompanhamento do coordenador pedagógico para ação e execução

do planejamento das tarefas pedagógicas. A educação ultrapassa as paredes escolares e atende

uma perspectiva de atuação em múltiplos espaços.

Restringir o espaço de ensino-aprendizagem, como se pudesse apenas ser

desenvolvidos os projetos educacionais tão somente nos ambientes escolares, em locais fixos

não flexíveis é limitar o sentido e significado de educar. Weber (2001) questiona o quanto a

escola foi-lhe imposta como

lugar de ensino, aprendizagem e de enriquecimento cultural, coordenado e dinamizado por docentes, que requer padrões de gestão específicos, que privilegiem a articulação entre o trabalho desenvolvido pela comunidade escolar e o da comunidade circundante, em direção ao desenvolvimento de propostas pedagógicas consistentes com a construção da qualidade da educação. (WEBER in CANDAU, 2001, p.59)

Vale lembrar também que o professor não é o único responsável pela educação,

embora tenha o reconhecimento do professorado como profissional pela Constituição Federal

de 1988; tornando-o valorizado por profissional do ensino, ganha desta forma, a dimensão da

atividade educativa. E é possível identificar a formação docente como relacionada ao

desempenho escolar do aluno. O autor também retoma a idéia da escola como instância de

formação, contribui para a cidadania, constitui-se um local de ensino e aprendizagem, onde se

adquire um vasto conhecimento sobre as culturas.

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Weber (2001), em seu artigo, apresenta um estudo sobre a situação do professorado,

evidenciando a desvalorização social, as precárias condições de trabalhos, os baixos salários

resultando na baixa auto-estima do profissional. Ele traz a idéia de que todo homem é

educador, mas somente alguns são profissionais da educação, apesar das dificuldades

existentes já citadas, apresenta em questão o valor da palavra professor como um significado

de “profissionais de ensino”. Porém, cabe questionarmos se tão somente ao professor é dado o

título de “profissionais do ensino”.

Essa separação de escola e contexto de vida me remete a uma visão literária, talvez

romântica e poética da figura de um menino que segue por um caminho, pode ser um caminho

que por metáfora pode ser comparado a sua vida; inicia-se um percurso de descobertas, com

uma enorme mala empurrada por suas mãos. E a cada lugar por onde esse sujeito passa é

levado consigo uma lembrança, uma palavra, um som, ou um simples objeto, tornando essa

mala cheia de novidades e conhecimentos da vivência e experiências adquiridas.

Adiante desse caminho já não lhe é permitido (ou não se deve) desconsiderar essa

grande “mala” da sua vida, porque nela estão as marcas do tempo, os conhecimentos

adquiridos e transmitidos, enfim, as experiências vividas, sejam elas boas ou ruins. Com isso

percebemos que antes de chegar à escola o educando já percorreu um longo caminho de

crenças, conhecimentos e experiências.

Com isso pensamos no educador não apenas como aquele que sempre contribui para

uma boa formação do individuo, é preciso pensar na sua prática, na formação oferecida, para

depois traçar a educação a que se pretende aplicar. Como descrito anteriormente, a mesma

acontece em lugares diversos e por vezes ainda nas relações mais simples do homem, é válido

conhecer o ambiente escolar e a equipe de profissionais que atuam conduzindo a

aprendizagem aos alunos presentes.

Estudos de Ghiraldelli Jr (2007) apontaram que, desde a Grécia antiga, é possível

identificar a existência de um ambiente onde os alunos estavam em determinado lugar para

aprender, ou exercitar-se, a depender das exigências lançadas pela sociedade. Pois, os

profissionais ou serviçais cuidavam dessa parte, na educação dos meninos, e seguiam a

tendência da sociedade local.

Uma história que ilustra de maneira inocente a importância da escola é aquela por

nome “As aventuras de Pinóquio”. A descrição realizada por Ghiraldelli Jr (2007) amplia o

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olhar do leitor e, revendo as cenas do filme (em desenho animado) e/ou por meio a leitura da

obra, é possível identificar a pessoa que será valorizada por freqüentar tal espaço.

Por notas breves o autor apresenta Lorenzini, jornalista e escritor italiano que

publicou “Storia di un burattino”, mais adiante conhecida como “As aventuras de Pinóquio”.

Para aqueles que já viram, leram ou ouviram esta estória lembra-se que se trata de um boneco

de madeira que tem sonhos e é atendido pela fada que estaria a realizar a mudança tão

sonhada, transformando-l em menino “de verdade”. Ainda que tenha ganhado movimento, o

boneco Pinóquio, mesmo nessa nova fase, ainda não tem uma vida normal, ou seja, não

deixou de ser boneco.

No decorrer da obra, Gepeto (pai de Pinóquio) segue em torná-lo em “menino de

verdade”. Em posse de cartilha e caderno o conduz ao seu novo caminho: a escola, local onde

encontram-se crianças, brinquedos, jogos, brincadeiras, os “meninos”, aqueles “de verdade”,

onde acontecerá a infância. Além da fada determinar que o boneco seja bom, não ande em

mentiras e, enfim, que sempre esteja atento e obedeça seu pai. Ghiraldelli Jr(2007), afirma

que a escola, no século XIX, tornou-se, de fato,um lugar histórico-social onde a infância é

“engendrada”.

Anterior ao século XIX, importante mencionar a educação direcionada às crianças

em determinada da região, teria a valorização para aplicação de um conhecimento de forma

diferenciada ou era totalmente alheia a realidade da maturidade e faixa etária dos alunos. Das

que tinham o privilégio de estarem na escola, nas cidades de Atenas e Esparta, conforme

Brandão(1995) o cidadão era valorizado para o trabalho, a força física, preparado para a vida

militar e conflitos de guerra, numa educação estatal, militarizada, fora do ambiente familiar

ou das relações que acontecem neste meio, transmitindo a idéia do herói. Por outro lado em

Roma valorizava-se a educação no lar, onde a família tinha a responsabilidade de educar a

criança, reconheciam que a companhia dos pais era fundamental para o desenvolvimento da

cultura, bem como das crenças e valores da família, entendidos como uma “primeira

educação” da criança, formando um ensino de “base pedagógica familiar”, separando o

aprendizado da família daquele que seria aplicado nas escolas pelos mestres pedagogos.

Em nossa sociedade contemporânea ainda pode-se perceber a herança de uma prática

antiga quando é estabelecido à criança que participe do corpo discente da instituição

educacional a partir dos três anos de idade. Fazendo entender que os anos anteriores

pertencem ao contato com a família, aonde esta deve transmitir o afeto e o carinho das

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relações familiares, embora essa relação não finalize quando inicie o período escolar, até

porque a escola deve considerar o conhecimento adquirido, mesmo antes de a criança ser

inserida nesse espaço.

Nos momentos mais simples do desenvolvimento da criança, desde os primeiros

olhares, risos, momentos iniciais da fala, os primeiros passos, as brincadeiras, jogos, num

envolvimento de medo, coragem e avanços é possível confirmar a troca de aprendizagem

entre pais e filhos, familiares e a criança, criança com outras crianças, tudo ocorrendo em

espaços informais e não formais escapando à educação contribuir para a formação do homem

e para o desenvolvimento em sociedade, na construção do caráter e personalidade do ser.

2.3 O PROCESSO DA PEDAGOGIA NOS DIVERSOS PERÍODOS

Diante das questões anteriormente abordadas sobre o conceito e definição de

educação, não se pode esquecer a importância da análise e estudo para a Pedagogia, ciência

que está totalmente relacionada à educação. Pedagogia é educação? Quais elementos ou

significados que tornam esses dois termos diferenciados? Em análise ao termo, Pedagogia

vem do grego antigo paidós, que quer dizer “criança” e por “agodé”, que significa condução,

dando origem à palavra já citada.

Leva a entender o significado do que seria o paidagogo que na Grécia Antiga era o

condutor da criança. No Grego Clássico aquele que guiava a criança até o local de ensino das

primeiras letras e ao local da ginástica e dos exercícios físicos.

Nota-se que na história, em análise ao termo é possível identificar o status social que

era designado ao pedagogo, podia ser aquele escravo ou serviçal o qual prestava serviços

relacionado a educação da criança, o mesmo não adentrava nas aplicações da atividade

educativa, nem participava da transmissão dos assuntos que seriam ensinados nas escolas.

Este conduzia e/ou direcionava ao lugar de ensino, mas não exercia o papel de mestre.

Importante estabelecer a diferença entre educador docente e pedagogo. O último,

embora também seja um docente, seu espaço de atuação profissional não está restrito aos

ambientes ou espaços escolares. Se tratando das questões educacionais, vale colocar em

questão o curso de Pedagogia, que em vários países da Europa é reconhecida como ciência e,

mais além disso, Ciências da Educação. Os equívocos são evidentes sobre a formação do

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futuro pedagogo, lembrando que um profissional da educação não é apenas o professor;

embora todo professor deve ser (ou tende a ser) um pedagogo, porém nem todo pedagogo atua

como docente.

Daí surge a necessidade de identificar os lugares de atuação do pedagogo, existindo

uma diversidade de práticas educativas para exercer a atividade da profissão. Libâneo (2002)

exemplifica, em sentido amplo, os profissionais que exercem atividades de magistério em

qualquer lugar e, também, os que trabalham em meios de comunicação, formadores de

pessoal nas empresas, animadores culturais e desportivos, produtores culturais e outros

ambientes.

Pode-se conhecer por meio da história explicações dos “mitos” sobre o conceito do

curso de Pedagogia, visto que quando surgiu em meados dos anos 1930 os “pioneiros da

educação nova”, aonde direcionaram o curso de pedagogia para curso de formação de

professor para séries iniciais. Até porque o ‘peda’ do termo pedagogia vem do grego ‘paidos’,

que significa criança.

O pedagogo atuará na educação das crianças, contribuindo para a formação escolar

dos anos iniciais mas, não limitado aos espaços formais. Como Libâneo (2002) traz em

questão o campo educativo bastante vasto, uma vez que a educação ocorre em muitos lugares

e sob variadas modalidades: na família, no trabalho, na rua, na fábrica, nos meios de

comunicação, na política, na escola. Na mídia atua dando um novo sentido ao que lhe é

comunicado, para ser reproduzidos saberes com mensagens educativas, a exemplo da

preservação ambiental, cuidado com as drogas, dentre outras; Nos serviços públicos, contribui

para as ações pedagógicas na área de saúde, informação e assistência, entre outros locais; Nas

empresas coordena atividades educativas de orientação aos estagiários, formação profissional

em geral, o que iremos abordar especificamente a seguir. Desta forma, conforme Libâneo

(2010), encontramos uma diversidade de atuação do pedagogo para as práticas educativas, ou

“diversidade de pedagogias”, seja pedagogia do trabalho, pedagogia sindical, pedagogia

hospitalar, pedagogia familiar, pedagogia dos movimentos sociais, pedagogia escolar, e

outros.

A Pedagogia não está restrita ao conceito de ser apenas o modo como se ensina, o

modo de ensinar alguma disciplina ou metodologia a ser aplicada em sala de aula, é também

“os processos educativos, métodos, maneiras de ensinar (...) um campo do conhecimento

sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo uma

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diretriz orientadora da ação educativa” (LIBÂNEO, 2010. p. 29 e 30). Ciência a qual pode-se

definir o seu objeto de estudo a educação ou os processos e procedimentos educativos.

Diante de tais conceitos e conhecimento do campo da Pedagogia podem-se pensar os

espaços onde a mesma acontece, se esses espaços oferecem um ambiente educacional, onde se

diferenciam nos termos devido a prática educativa, como a educação informal, a educação

não-formal e a educação formal.

Libâneo (2010) apresenta a distinção entre educação informal, educação não-formal

e educação formal. Importante conhecer os termos e lugares onde essas educações acontecem.

Por educação informal entende-se como a que corresponderia a ações e influências

exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, surge em meio às relações de grupos no

ambiente humano, social, ecológico, físico e cultural, mas com tudo isso não está relacionada

a uma instituição legal, e que pode definir em linhas gerais onde não há intenção ou

organização para práticas educativas. Como exemplo, se constitui as relações familiares na

transmissão de crenças e valores num contexto educativo, porém sem intenção de educar

numa instituição formal.

Na educação não-formal, embora o termo pareça semelhante ao já descrito acima,

este está presente em instituições educativas, num nível de sistematização e estruturação com

intencionalidade, porém fora dos marcos institucionais. Tais instituições que podem encaixar-

se ao conceito estão às organizações não governamentais, projetos e ações sociais, as quais

possuem apoio da LDB (Lei de Diretrizes e Bases) para aplicar o que possa definir como

conteúdo necessário a ser transmitido aos indivíduos que compõem o lugar de ensino. Nesse

lugar possuem uma relação educativa de acordo com sua sistematização e estrutura própria,

porém em espaços diferenciados da escola e atuação educativa em outros ambientes para o

profissional envolvido, nesse caso, o pedagogo.

E, por fim, a educação formal que, diferente dos conceitos e explicações já

apresentadas, compreende à formação, com objetivos educativos explícitos e uma clara

intenção institucionalizada, estruturada, sistemática para que o ensino aconteça. As escolas

são exemplos, deste tipo de educação que funcionam como instituições organizadoras e

sistemáticas, por formas da legislação dentre as Leis de Diretrizes e Bases, Parâmetros

Curriculares Nacionais, segui uma educação aplicada por faixa etária, por classes seriadas que

atualmente é definida por ciclos a considerar a faixa etária dos alunos.

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Mesmo diante de tais conceitos sobre educação, ainda que distintas nas palavras e

descrições dos seus significados, essas três modalidades descritas estão relacionadas entre si,

por isso será possível verificar, em alguns ambientes educacionais a existência de duas e por

até três modalidades envolvidas nos processos educativos.

Na proposta de educação inclusiva, a Pedagogia Hospitalar pode ser definida numa

prática de educação não formal, pois seu ambiente não é sistemático e estruturado, a princípio,

para a atuação de uma classe regular. Contudo, dentro dos hospitais pode-se presenciar a

educação formal quando há uma classe hospitalar relacionada à escola regular, onde se aplica

atividades educativas aos alunos-pacientes, não permite que os mesmos fiquem afastados das

suas atividades escolares.

É preciso entender que a atuação do pedagogo não está restrita à escola, a sua

formação deve ser direcionada para qualificar o profissional que atue em ambientes variados,

seja num espaço formal, informal ou não-formal. Pois, na escola o pedagogo atua como

docente, gestor, coordenador pedagógico nos diversos lugares como afirma Libâneo (2010):

[...] na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no planejamento educacional, na definição de políticas educacionais, nos movimentos sociais, nas empresas, nas várias instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia e orientação educacional, nos programas sociais, nos serviços para a terceira idade, nos serviços de lazer e animação cultural, na televisão, no radio, na produção de vídeos, filmes, brinquedos, nas editoras, na requalificação profissional etc (LIBÂNEO, 2010, p.39).

A relação acima é de um possível campo de atuação do pedagogo na sociedade

contemporânea, em que se presencia, na prática, alguns desses lugares ocupados por outros

profissionais, sem nenhum conhecimento da prática educativa. Embora a Pedagogia não seja a

única ciência que desenvolve estudo sobre a educação, outros profissionais têm exercido o

papel de “pedagogo”. No senso comum associa-se a figura do pedagogo a um professor e, de

maneira limitada ao professor de anos iniciais apenas, não desconsiderando o valor dessa

prática educativa e profissional, o que cabe ser colocado em questão é que a escola e os anos

iniciais não são os únicos campos de atuação para o estudante formado em Pedagogia.

Vale mencionar o movimento para reformulação dos cursos de formação de

educadores ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação),

apresentada por Libâneo (2010) destaca o movimento para: a mesma continua com pontos

relevantes sobre as políticas e diretrizes de formação de educadores, dentre algumas metas

considero fundamental citar:

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Reconhecimento da ampliação da conceito de práticas educativas e sua correspondência com uma diversidade de ações pedagógicas não restrita a escola(animação cultural, movimentos sociais, meios de comunicação, saúde pública, educação popular, educação ambiental, educação sindical, empresas etc[...] 2) Revigoramento da pesquisa na âmbito da ciência pedagógica, aproximando-a mais das necessidades de intervenção teórica e prática na formação de professores e de pedagogos não-docentes. (2010, p.40)

Aqui destaco apenas as duas metas iniciais que cabe a questão levantada, a qual já é

possível contemplar a inquietação do movimento e o despertar para perceber a necessidade de

uma formação diferenciada, e um amplo espaço para atuação do pedagogo nos ambientes

educacionais.

No campo educacional pode-se perceber pesquisas em várias vertentes para

compreender a educação ao analisar o lugar onde acontece, quem a direciona, quem ensina e

quem aprende. Importante também entender como ocorre a relação de aprendizagem, como

são facilitados os conhecimentos, dentre seus métodos, na tentativa de compreender a relação

da teoria e prática. Nisso cabe lembrar-se da Pedagogia como ciência a qual possui como

objeto de estudo a educação, como já citado os conceitos nos tópicos anteriores.

A Pedagogia, ou seja, a ciência da educação, apresenta inúmeras “pedagogias”, pois

a sua formação não está restrita para atuação do profissional apenas ao ambiente escolar.

Dentre as muitas “pedagogias”, vale considerar a Pedagogia Hospitalar. Como o próprio

termo já identifica o local onde a mesma ocorre, num hospital. Importante conhecer a equipe

dos profissionais de educação, e os alunos que freqüentam o setor educacional dessa

instituição, este estará na classe por tempo determinado ou não, a depender do quadro clínico

que o mesmo apresente.

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3. OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO PARA A PEDAGOGIA HOSPITALAR

A educação existe em toda parte e faz parte dela existir entre opostos.

Brandão

Antes de adentrar na curiosa “trilha” da educação nos hospitais, lembremos do

alunado desse ambiente, pois o mesmo carece de um atendimento educacional especializado e

diferenciado. Na sua maioria são crianças que estão sujeitas a enfermidades no corpo e desta

maneira ficam impossibilitadas a continuarem os estudos na escola regular onde frequentavam

anteriormente as aulas. Pode-se tomar como referência para este trabalho e/ou ensaio

acadêmico as escolas regulares da rede municipal de Salvador, as atividades educativas

aplicadas e de outros lugares os quais não podem ser desconsiderados.

Vale mencionar o tipo de educação nesse processo de aprendizagem ou de ensino-

aprendizagem. A educação diferenciada envolvida na questão e por quê não mencionar a

Educação Especial e Educação Inclusiva. Embora os termos pareçam semelhantes, os dois se

diferenciam ao tornar um desafio em práticas, metodologias e didáticas aplicadas à

aprendizagem.

Considerar um aluno com necessidade educacional especial é reconhecer na classe a

individualidade dos discentes, pois os mesmos possuem diferenças que precisam ser aceitas e

respeitadas e, carecem de atenção e acompanhamento por parte daqueles que os lecionam.

Cabe com isso, entender a diferença entre os conceitos de Educação Especial e Educação

Inclusiva, embora as duas tragam a necessidade do atendimento diferenciado, possuem na

prática atitudes que difere os termos. O que veremos a seguir.

3.1 EDUCAÇÃO INCLUSIVA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: DILEMAS E DESAFIOS

3.1.1 Educação Especial

Para entender esse segmento/direcionamento de ensino, como o próprio nome indica,

é possível pensar num atendimento específico, com atividades separadas e/ou selecionadas

para alunos diferenciados.

Ao iniciar uma breve discussão sobre o tema, os alunos inseridos na educação

especial pode-se constituir por aqueles que necessitam de atendimento diferenciado e que para

compreender determinados conteúdos serão apresentados com materiais específicos. Esses

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alunos, em sua grande maioria, apresentam alguma deficiência a qual impedem de

acompanhar as aulas num ritmo semelhante aos demais colegas de classe que não

disponibilizam de material específico algum para entender tal conteúdo.

Vale ressaltar que é bastante discutido por profissionais e pesquisadores da área de

Educação Especial e Educação Inclusiva, a questão do termo deficiência, pois em análise ao

termo “deficiente” pode-se entender por aquela pessoa a qual apresenta falta de algo no seu

corpo físico, impedindo-o de desenvolver atividades de forma voluntária e individual. Se

restrito apenas a esse conceito pode-se chegar ao questionamento de que todo ser humano

possui uma deficiência. Já que em algum aspecto todos precisam de apoio para desenvolver

determinada atividade, seja física ou intelectual. Numa observação a uma sala de alunos

surdos-mudos, em que a pessoa que observa não entende libras, a quem será atribuído o termo

deficiência? Pode-se perceber que para atribuir o termo só depende de que ângulo está

direcionado olhar.

Para compreensão e entendimento sobre um outro ponto de vista dessa discussão,

vale lembrar da posição esclarecida por Diniz(2007) em que a mesma apresenta Jorge Luis

Borges, escritor cego, no qual diz: “ a cegueira deve ser vista como um modo de vida: é um

dos estilos de vida dos homens” (DINIZ, 2007, p.7).

A autora levanta questões sobre os conceitos e idéias sobre deficiência, pois não se

limita a um corpo com deficiência como anormal ou com atitudes de “eufemismos

discriminatórios”, como “aleijado”, “manco”, “retardado”, “mongolóide”, “pessoa portadora

de necessidade especiais” e “pessoal especial”, dentre os citados os mais indicados destaca-se

por “pessoa deficiente”, “pessoa com deficiência” e “deficiente”. Essa última é a mais

utilizada sugerida, pois entende-se que a deficiência não é determinada por algo individual,

mas que “é parte constituída da identidade das pessoas e não um detalhe”, tornando que

“deficiência é um conceito complexo que reconhece o corpo com lesão, mas que também

denuncia a estrutura social que oprime a pessoa deficiente”(DINIZ, 2007, p.9).

Partindo para as bases legais o Ministério da Educação possui uma secretaria voltada

para as questões da Educação Especial - A Secretaria de Educação Especial (Seesp) – onde

propõe cadernos para preparação e formação de professores e coordenadores que lidam com

esse tipo de aluno deficiente. Cabe também destacar que a secretaria define como portadores

de deficiência os alunos com deficiência auditiva, visual, física, mental, pessoa com altas

habilidades e autistas, além dos estudantes com deficiência, os de transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

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Para atender a demanda dos alunos com essas deficiências, foram criadas as

instituições especializadas no atendimento a esses alunos e suas respectivas famílias. A essas

instituições são adaptadas as atividades as quais serão aplicadas, organização do currículo,

ações a serem desenvolvidas por meio do projeto político pedagógico do lugar, sem

mencionara capacitação e formação do profissional que deve ser considerada como ponto

fundamental para trabalhar com esse grupo de alunos especiais.

Segundo relatos de pesquisas apresentada por Guebert(2007), indicam que no no

país, o Brasil, existem aproximadamente 2 mil Associações de Pais e Amigos dos

Excepcionais (Apaes) e mais de 5 mil instituições especializadas (segundo os dados da

Federação Nacional de Apaes), constituídas por profissionais e por concepções filosóficas que

afirmam o papel de tais instituições mediante o meio social e político onde atuam. Pesquisa

realizada pela Federação Nacional da Apae entre 1996 e 1998 identificavam três concepções

referente as instituições de apoio às pessoas com necessidade especial, tais como a Concepção

assistencialista, Concepção integrativa adaptadora e Concepção inclusiva transformadora.

Guebert(2007) define a Concepção Assistencialista por unidades de atendimento ao

indivíduo em questão, visa à melhor prestação de assistência na valorização deste aluno

deficiente; Essa concepção é formada pelo sistema gerencial, com processo educativo, mas

não pedagógico, a fim de obter um relacionamento das instituições com a sociedade. Além da

função e do papel destas instituições seja na área social, na área educacional ou na saúde, esse

tipo de concepção dá assistência ao aluno para valorizá-lo como sujeito em uma sociedade em

ações para a sobrevivência e não tem o atendimento à família, pois a mesma, caso participe

das atividades, poderá apresentar sentimento de “dó”, influenciando no desempenho do aluno.

A autora, por sua vez, apresenta outra concepção, a Concepção Integrativa

Adaptadora, como um conceito com aspectos mais técnicos do que a primeira concepção

citada, numa tentativa de corresponder as exigências em relação à qualidade do processo

educacional. As instituições educacionais que se comprometem ao trabalho do ensino especial

precisam de um trabalho sistematizado, e antes de tudo uma missão. Não basta apenas ter na

composição dos profissionais, aqueles que trabalhem com atenção e, apresentem um trabalho

de qualidade para promover a aprendizagem aos alunos com necessidade de atendimento

diferenciado, é preciso fornecer a formação ou suporte técnico para isso. A integração

adaptativa garante o lugar desse indivíduo no espaço educativo, porém, não considera as reais

necessidades e limitações.

E por fim, Guebert(2007) aborda a Concepção Inclusiva Transformadora, e entende-

se por uma concepção filosófica para entender a idéia de que por meio da educação é possível

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promover o crescimento na relação humana para garantir ao indivíduo o desenvolvimento das

capacidades, das habilidades e os diferentes recursos pessoais. Essa atitude inclusiva

transformadora não se concretiza sozinha, pois carece de três aspectos: vontade e consciência

política, profissionais qualificados e envolvimento da sociedade civil. A concepção de

inclusão deve considerar aspectos relevantes a pessoa especial que participa desse processo,

na preocupação desde o local de escolarização que seja acessível, a permanência nesse

ambiente constitui um fator indispensável, auxiliar o corpo docente para o atendimento a esse

aluno e também os outros alunos para compreenderem a importância do aprendizado em

conjunto. Por fim, em uma atitude inclusiva transformadora, a família e a sociedade estão

unidas na valorização da pessoa.

As três concepções citadas, de maneira filosófica, mostram como podem ser

encontrados os trabalhos apresentados ou como são realizados na prática pelas instituições

especiais, o ideal é garantir o elo entre uma concepção e outra, o que na descrição das

concepções podemos apontar algumas instituições que apresentam características para o que

foi descrito em uma única concepção, porém em outra carece da prática. No exemplo da

Integrativa Adaptadora que é comum ser encontrada no sistema educacional brasileiro (por

não ter clareza das missões), porém não se encontra na mesma instituição do exemplo uma

Concepção Inclusiva Transformadora.

Diante da discussão podemos complementar o entendimento nos respaldos legais a

respeito da Educação Especial, segundo o Ministério da Educação(MEC) no Brasil, a

mesma possui a Secretaria de Educação Especial (Seesp), que desenvolve o Programa

Educação Inclusiva: direito à diversidade.

Além das Leis de Diretrizes e Bases que constitui em seu conteúdo aspectos

relacionado aos direitos dos alunos e deveres das instituições educacionais em questão ao

atendimento ao público. Dentre as questões referentes ao tipo de atendimento a caracterização

e conceito de que constitui um aluno com necessidade educacional especial.

3.1.2 Educação Inclusiva

Embora seja também uma pratica com atividades diferenciadas a inclusão destaca-se

por ter uma política para oferecer atendimento nos mesmos locais às pessoas de estilo de vida

diferenciados. Em se tratando do ambiente educacional, como um lugar onde comumente é

referencial para o aprendizado acontecer, escola oferece na sua composição de alunos tanto

aqueles que não necessitam de material de apoio para facilitar o aprendizado, quanto àqueles

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que precisam de materiais ou recurso para facilitar o entendimento para alguns conteúdos.

Estas ações são realizadas em escolas regulares, em salas de aula para alunos de faixa etária

indicada para a série ou ciclo, mediante as normas legais da secretaria de educação. O

professor, ou professora, mediadores devem ser preparados para trabalhar com as diferenças

de vida dos alunos.

Com apoio do ministério da Educação, existem para complementação da formação,

cadernos do MEC(Ministério da Educação) e algumas instituições que se empenham para que

a inclusão aconteça, pois não depende apenas do interesse da gestão para que a inclusão

escolar ocorra em prática, é preciso apoio e dedicação por parte dos profissionais, os quais

devem ter um suporte com base na sua formação, além de cursos de extensão que prepare-os

para trabalhar com uma classe de alunos bastante diferenciados. São muitos os problemas a

serem enfrentados e, a partir da observação em algumas escolas públicas de Salvador, é

possível contemplar, em algumas, a falta de adaptação da estrutura física para recebê-los que

consegue deixar explícita a exclusão de determinados alunos, pois a mesma não oferece

acessibilidade.

A escola pública necessita do apoio da união para verbas que sejam destinada para

acontecer à relação de interação entre alunos e escola, na proposta da educação inclusiva;

Guebert(2007), no texto introdutório do seu livro, confirma que as instituições escolares

precisam estar instrumentalizadas, e não é dever do estado destinar apenas as verbas, cabe

executar os programas e projetos, destinar os recursos físicos, humanos e acadêmicos de

conhecimento para efetivar com sucesso a proposta de incluir, no meio educacional, as

pessoas que dele necessitam.

Para atender a proposta da política da inclusão, a escola não atenderá essa

necessidade se colocar a dispor do aluno uma turma à parte e “criar” uma sala onde existam

apenas crianças com necessidade educacional especial. Entretanto, mesmo apresentando

dificuldade de aprendizagem, se precisar de algum material para aprender é importante estar

na mesma sala de aula, num ambiente similar onde está presente também o outro aluno que

não tem material adaptado a suas necessidades.

Como exemplo de uma deficiência no corpo físico, o aluno cadeirante precisará de

acessibilidade para locomoção. Se for esta a única necessidade, esse estudante não precisa

estar distante dos demais por precisar de atendimento diferenciado. Justamente para uma

escola ser inclusiva nas práticas, esse aluno estudará numa classe com as demais crianças de

sua faixa etária, favorecendo um relacionamento de respeito às diversidades de ambos os

lados.

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A proposta de uma Educação Inclusiva é atender no ambiente escolar os alunos de

maneira que possam participar de atividades diversas, mas em sua proposta e objetivos ao

executá-la deverá atender os participantes sem restrição. Para trabalhar a inclusão é preciso

entender a existência da individualidade de cada ser e, com isso, promover a integração para a

socialização dos envolvidos nesse processo. “As atitudes inclusivas devem ter um aspecto

criativo consciente, real e, principalmente individual” (GUEBERT, 2007, p. 21).

Não basta apenas incluir os alunos no contexto educacional da instituição, é

necessário atentar-se para a frequência através do acompanhamento de desempenho,

desenvolvimento das atividades solicitadas, a relação no grupo, ao tomar essa atitude, o

profissional contribuirá para a permanência do aluno nas aulas.

Vale destacar que o processo de inclusão, além dos direcionamentos aos alunos com

necessidade educacional especial, poderá ocorrer na relação à inclusão num aspecto e

contexto social. Em exemplificação a idéia, o período de alfabetização, por exemplo, numa

turma de 1° e 2° ano pode ser constituída por alunos com faixa etária numa média de 7 a 8

anos. Das habilidades que devem ser trabalhadas com relação aos conteúdos de leitura e

escrita tem-se uma sala diversificada, dentre as diferenças do nível de escrita e conhecimento

das letras alfabéticas. É importante trabalhar com o diferente mesmo diante de uma classe

regular de 1° ano.

Alguns alunos ficarão dispersos e sem interesse para realizar determinadas

atividades e, num contato, mais próximo, o docente poderá perceber que o nível da escrita de

alguns é bastante inicial em relação aos demais, do silábico ao silábico alfabético.

Quanto à Diversidade, os Parâmetros Curriculares Nacional (1997) afirmam que:

a atuação do professor em sala de aula deve levar em conta fatores sociais, culturais e a história educativa de cada aluno, como também características pessoais de déficit sensorial, motor ou psíquico, ou de superdotação intelectual[...] Trata-se de garantir condições de aprendizagem a todos os alunos, seja por meio de incrementos na intervenção pedagógica ou de medidas extra que atendam as necessidade individuais ( BRASIL, 1997, p.97).

Importante destacar que a Secretaria de Educação Especial dispõe de Programa de

Educação Inclusiva e Política de Educação Inclusiva para que decisões sejam planejadas, mas

é preciso que a inclusão ocorra na prática. Com isso depende também do esforço, atenção e

dedicação do professor para entender o ritmo da turma, identificar a individualidade do aluno

e oferecer tratamento adequado para aqueles que apresentem uma necessidade de atendimento

diferenciado, no intuito de melhorar seu desempenho escolar.

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3.2 PEDAGOGIA HOSPITALAR E CLASSE HOSPITALAR: DA TEORIA À PRÁTICA

Dentre os assuntos relacionados à inclusão, pode-se considerar a Pedagogia

Hospitalar como área do conhecimento. Trata-se de um conceito que tem desenvolvido

pesquisas para este campo de estudo. Com interesse na área educacional, a Pedagogia tem

possibilitado expandir a atuação dos seus profissionais em outros locais inclusive nos

hospitais, onde os pedagogos exercem seu papel de fundamental importância no atendimento

educacional aos pacientes que uma vez afastados da escola regular, necessitavam de um

atendimento educacional diferenciado.

A esta realidade dos pedagogos para ensinar nos hospitais se põe a reflexão e pode-se

identificar:

a necessidade da existência de uma práxis e uma técnica pedagógica nos hospitais, confirma-se a existência de um saber voltado à criança/adolescente num contexto hospitalar envolvido no processo ensino-aprendizagem, instaurando-se a um corpo de conhecimento de apoio que justifica a Pedagogia Hospitalar. (MATOS E MUGIATTI 2007, p. 85)

Por sua vez nota-se a tendência atual da Pedagogia para uma área de estudo não

restrita ao conhecimento apenas para sala de aula num espaço formal. Ainda voltada para o

atendimento à educação, esta ciência dá atenção para os fatos relacionados ao entorno do

aluno paciente, da atualidade, sem desconsiderar os já ocorridos. Possível perceber autores

como Quintiana-Cabanas(2009), citado na obra de Matos e Mugiatti (2009), que adverte para

visão pedagógica tradicional que limita e restringe o ensino aos limites familiar e escolar.

O autor faz referência às demandas de auxílio às crianças/adolescentes hospitalizados

que legitimam o ponto de vista da atual Pedagogia Social, uma vez que, para esta área, um

dos objetivos principais consiste na atenção aos problemas sociais que podem ser tratados no

âmbito da educação. Desta forma, leva-nos a acreditar, na transformação que o ato educativo

proporciona. A educação deve estar por dentro da realidade e contexto aonde é aplicada,

entendendo o sujeito e os aspectos que o envolvem, na tentativa de resolver, por meio de

atitudes, alguns problemas circunstanciais da sociedade

Vale lembrar que tende a ser contraditório pensar em crianças ou adolescentes,

pensar em atividades lúdicas e relacionar esses elementos a um ambiente hospitalar. Pois,

mencionar o termo “hospital” é lembrar-se de doenças, das mais leves àquelas de estágio

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terminal, das dores, da solidão, das faltas, desesperança ou, na pior das hipóteses, lembrar da

morte.

Nesse propósito, Matos e Mugiatti (2009) afirmam que muitos são os indicadores

negativos na situação do doente hospitalizado, oferece o atendimento ao enfermo numa ênfase

exclusiva ao aspecto físico e material da enfermidade, quando a doença em determinados

casos possui características psicossociais. Trata-se do atendimento a uma pessoa, em variadas

dimensões, e não simplesmente a atenção para determinada doença.

Nessa perspectiva pode-se identificar o quão importante e indispensável é a ação

pedagógica para um indivíduo, pois as atitudes educativas conduzem o sujeito ao aprendizado

a ponto de alterar, em alguns aspectos, seu modo de vida. A Pedagogia Hospitalar por meios

das ações educativas auxilia na recuperação da criança envolvida no processo de internação

no hospital.

Ao permanecer por um longo período no hospital, o aluno-paciente porta-se em duas

situações sensível: eis a primeira, por apresentar uma fragilidade no seu corpo físico, carece

de atendimento diferenciado para atenção as suas necessidades, a depender do estado clínico;

Em segunda situação, anterior a entrada no hospital, se frequentava a escola regular, agora já

se vê totalmente fora dela, na perca de conteúdos e ações pedagógicas na escola regular. E se,

por sua vez, nunca frequentou escola, a permanência constante no hospital só contribuirá para

o permanente analfabetismo. As carências nessas duas situações, físicas e escolares, afetam as

necessidades essenciais da condição da criança: a saúde e a educação.

A partir daí, pode-se pensar nos sujeitos envolvidos nesse ambiente de aprendizado,

os desafios crescentes e o grande fator “esperança” que deve atuar como uma espécie de

estímulo para o trabalho dos profissionais e a capacidade de aprender dos alunos-pacientes.

Se a classe hospitalar faz-se útil no local, também torna-se importante, pois leva o

conhecimento e dispõe de meios para educar o paciente de acordo com o conteúdo das

escolas, nesse contexto é importante relatar o papel do pedagogo.

Segundo Matos e Mugiatti(2009) esse profissional é o agente de mudanças, pois

entende-se que o aluno-paciente não é um escolar comum, ele se diferencia por estar

acometido de moléstia ou algum dano ao seu corpo, depende de cuidados médicos, bem como

necessita ainda de ajuda para vencer as conseqüências de sua própria hospitalização. O

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profissional nesta realidade precisa adaptar sua aula, a metodologia e a forma de ensino ao

apresentar os conteúdos programados, numa constante adaptação para a realidade.

Para amenizar a perda das atividades do cotidiano, principalmente relacionado

aquelas atividades acadêmicas, alguns hospitais reconhecem a importância da classe

hospitalar como um grande aliado para ajudar na recuperação do paciente diante do seu estado

grave de saúde ou para amenizar o sentimento de depressão que impede o sucesso do

tratamento. Como afirma:

Conscientes de que esses aspectos podem ter um efeito negativo sobre o tratamento, o corpo hospitalar tem propiciado a abertura de novos setores no ambiente clínico, a fim de que profissionais de outras áreas possam tornar mais calorosa a estada dos pacientes. Um desses setores corresponde as classes hospitalares, destinadas a crianças e jovens. (ORTIZ, 2008, p.17)

Embora o atendimento educacional em hospitais tenha surgido há muitos séculos em

locais distantes do Brasil, iniciados na Europa. Em território nacional alguns hospitais em

diversas regiões brasileiras já aderiram o atendimento educacional às crianças e adolescentes

que permanecem internadas por um longo período no hospital para tratamento médico a fim

de recuperar sua saúde.

Diante disso, Bierman (apud Matos e Mugiatti, 2009, p.70 e71) aponta meios para

que o clima hostil e temeroso do ambiente hospitalar não contribua para a ansiedade, medo ou

distúrbios psíquicos, indica a adoção de medidas que por sua vez simples, mas que trará bons

resultados. Na estrutura física adotar o ato de pintar paredes de cores variadas (tons pastéis) e

usar roupas de cores diferentes, tanto as crianças como o profissional e pessoal assistente,

transforma o ambiente hostil do hospital num espaço alegre de crianças que, aliado à presença

de seus familiares, confere a esse adoentado um ambiente de caráter familiar.

Entretanto Fonseca(2003) contrapõe essa idéia, pois o medo do profissional de

branco deve ser repensado. Não discorda da opinião de que o ambiente hospitalar causa dor e

desconforto para quem o frequenta, neste caso, as crianças. Mas, a receptividade ao paciente,

as atitudes para tentar entender as necessidades e interesses é o que fará a diferença. O contato

inicial no simples tom da voz poderá transmitir sonoridade e melodia ao interlocutor, ou até o

contato físico, um toque não é o suficiente ou a única forma para que aconteça a integração

com a criança. Um olhar faz toda a diferença. Atenção aos gestos, brincar de mímica,

repetindo movimentos da criança, rompe o medo e a falta de confiança. E a cor do uniforme

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não influenciará nessa interação. Ainda que todos estejam de branco, a criança hospitalizada

identifica os profissionais que interagem consigo por compreenderem as suas necessidades.

Estudos de Fonseca (2003) apontam que, nessa interação, os pais devem se sentir

participantes do processo. A linguagem e clareza de informação é indispensável para que a

boa relação aconteça. A criança, na medida do possível, deve estar ciente dos procedimentos,

avanços e desafios já alcançados e os que estão adiante, para que a boa relação aconteça entre

criança, pais, docentes ou pedagogos, enfermeiros, médicos e demais profissionais da área e

do lugar.

Por sua vez, é possível identificar outros sinônimos que identificam essa área de

atuação educacional. Pode ser entendido também por hospitalização escolarizada o que “se

constitui num espaço temporal diferenciado, em que as condições de aprendizagem fogem à

rotina escolar e o aluno é uma criança ou um adolescente hospitalizado” (MATOS E

MUGIATTI, 2009, p.115).

O termo é apresentado como nomeação do “Projeto Mirim de Hospitalização

escolarizada” desde 1989 (id. 2009) para recuperar um problema social que era visto de

maneira excludente: os direitos fundamentais de saúde e de educação da criança enferma.

Idéias e práticas que somam em efeitos para a expansão em vários hospitais que hoje se

ampliam envolvendo as universidades, os hospitais e as escolas dos alunos hospitalizados.

Aliados a essa idéia, a Pedagogia Hospitalar ao criar habilitação específica, forma

profissionais para atuarem no ambiente hospitalar no preparo do profissional.

O ambiente diferenciado será essencial para a aprendizagem. Importante ao docente

dispor de recursos específicos e não limitar-se ao tradicional ensino, entender a importância

da atuação diferenciada. Um pedagogo deve perceber a necessidade de atendimento

diferenciado, com visão para a realidade do hospital e a realidade do escolar especializado,

desta forma os objetivos das atividades estarão disposts para contemplar duas realidades: a

melhora do corpo físico e do cognitivo.

Ainda integrada à educação e saúde, a classe hospitalar constitui-se por um ambiente

de aprendizado no hospital, sendo perceptível pelo seu próprio termo. Inserido no processo da

Educação Especial, este lugar possibilita o conjunto de ações pedagógicas para que o aluno

hospitalizado tenha acesso aos conteúdos, pois uma vez distante da classe regular, ele possa

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acompanhar as atividades pedagógicas da sua escola regular no mesmo período em que elas

acontecem.

A classe hospitalar conta com profissionais pedagogos, na função de docente,

coordenador pedagógico, profissionais licenciados em determinada área do conhecimento,

psicopedagogos, e/ou profissionais da área de saúde tais como psicólogos, enfermeiros,

médicos, fisioterapeutas, nutricionistas entre outros.

Com relação à composição dos alunos que participam da classe hospitalar, poderá ter

alunos que não possuem deficiência física, mental, ou auditiva e nesse lugar estão debilitados

devido à falta de saúde, ou por causa de algum tratamento ocasionando o afastamento da

escola. Mas poderá ocorrer uma possível deficiência a depender do motivo pelo qual estão no

hospital, como, por exemplo, criança que precisa de amputar parte dos seus membros para se

recuperar de determinada doença. Entretanto, no sentido amplo, a classe não delimita o

atendimento apenas aos alunos deficientes, como Caiado (2003) afirmam que:

Embora a Política Nacional de Educação Especial restrinja o oferecimento desse serviço aos alunos da Educação Especial, o movimento social que luta pelo direito à educação já se manifesta caracterizando esse serviço como um direito e uma necessidade de toda e qualquer criança e jovem hospitalizado.(CAIADO, 2003, p. 74).

Outro conceito apresentado por Fonseca(2003) é a expressão escola hospitalar,

por ser mais abrangente se comparado à classe hospitalar, por este termo, pode-se

entender que a escola do doente é diferente dos demais, já que todos precisam de escola e

esta deve se adequar aos interesses dos alunos, independente de estar hospitalizados.

3.3 CLASSES HOSPITALAR EM SALVADOR

Em Salvador é possível verificar práticas concretas de atitudes de atendimento a

crianças hospitalizadas. Alguns jornais da cidade já divulgaram matérias sobre o tema. O

atendimento a criança hospitalizada na capital acontece com o apoio do Programa Criança

Viva, tendo uma coordenadora para auxílio no aspecto pedagógico. Auxilia as crianças que

ficam hospitalizadas e as que ficam submetidas a tratamento para recuperação da saúde, elas

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permanecem no ambiente hospitalar e deixam de freqüentar as aulas na escola regular.

Possibilitam a participação dos pais e/ou responsáveis nas atividades de escolarização ou

alfabetização, facilita o acesso aos conteúdos escolares para aqueles que, em alguns casos,

nunca freqüentaram escola.

Embora não tão conhecida, essa área da Pedagogia foi tema de reportagens em

revistas relacionadas à educação, como a Nova Escola(2009), na qual informou sobre os

projetos realizados, em classes hospitalares com destaque a trabalhos desenvolvidos nesses

espaços. Pode-se verificar adiante registro da reportagem do Jornal da Cidade Educadora -

Edição Extra- Boletim Informativo da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, produzido

com a finalidade de informar a comunidade educacional, sejam profissionais como gestores e

professores, até mesmo aos alunos, ou a população, sobre as inovações promovidas pela

Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Salvador (Smec). Essas inovações descritas

baseadas no biênio de 2005 e 2006, e consta a programação de atividades para 2007 e 2008.

Dentre as notícias de ações pedagógicas e tecnológicas, também possui informação

relacionada ao atendimento educacional à criança no leito.

Em entrevista ao Jornal da Cidade Educadora o presidente do Instituto Escola

Hospitalar Criança Viva e a coordenadora pedagógica das Escolas Hospitalares Criança Viva

informaram algumas conquistas alcançadas. Relataram que em 2006, houve uma redução de

60% do índice de evasão escolar após alta médica, por encaminharem para escola de origem

ou para matrícula, alunos-pacientes assistidos, especialmente vindos do interior. A professora

coordenadora ainda afirma que todo hospital com enfermaria ou serviços ambulatoriais

pediátricos, é obrigado a ter escola nesse contexto. Além de planejarem para 2008 a

implantação da Escola Hospital Escola Viva nos quatro hospitais que faltam da região

metropolitana tais como: Hospital Geral do Estado, Otávio Mangabeira, João Batista Caribé,

Eládio Lassfierre.

Importante citar a metodologia lúdica do programa e a teoria sócio-construtivista

interacionista como fundamentação teórica da construção das atividades. Desta maneira, os

conteúdos são entendidos com clareza e despertam o interesse do aluno para aprendizagem de

novos conhecimentos devido à interação com o grupo.

O boletim informativo da Secretaria Municipal de Educação e Cultura esclarece que

o Projeto Criança Viva é dividido em cinco grupos de escolaridade para facilitar a relação de

aprendizagem e com o objetivo de atender as necessidades de cada faixa-etária por

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apresentarem demanda de aprendizagem bem específica. Mesmo vindo de escola regular o

aluno tem a oportunidade de rever competências e habilidades não adquiridas anteriormente

nas séries anteriores.

Em matéria a outro jornal local, como o Correio da Bahia (28/02/2007, p.06), o

Projeto tem ampla divulgação do seu público de alunos sendo turmas de diferentes faixas

etárias de educação infantil, fundamental I e II e médio. Com aulas diferenciadas para alunos

em estado sensível de recuperação, como o tratamento de quimioterapia ou hemodiálise,

oferecer atendimento na proposta da EJA(Educação de Jovens e Adultos). Na reportagem é

possível perceber a participação da família com o relato do lavrador B1 que começou a ser

alfabetizado desde que acompanhava a filha e diz: “Até agora, eu só sei escrever meu nome,

mas eu tinha ido à escola, pois o trabalho não me deu tempo”.

No site da Smec (Secretaria Municipal da Educação e Cultura) 2, é possível

identificar os lugares onde funciona o programa, destaca-se 14 centros hospitalares de

Salvador dentre eles: Hospital Santa Isabel (Unidade Cardiopatia Santa Rosa), Unidade de

Onco-hematologia Pediátrica Erik Loeff, Casa de apoio a Criança Cardiopata (Atendimento

Pedagógico Domiciliar), Gacc (Atendimento Pedagógico Domiciliar), Hospital Couto Maia,

Hospital Martagão Gesteira, Hospital Roberto Santos (Unidade de Nefrologia Pediátrica),

Centro Pediátrico Professor Hosannah de Oliveira, Eládio Lassfierre, João Batista Caribé,

Creche Conceição Macedo (crianças portadoras do vírus HIV), Casa de Saúde Erik Loeff.

Em complemento informa previsão para 2009 em que o Criança Viva incluiria o

Hospital Otávio Mangabeira, Aristides Maltez, Hospital Geral do Estado e o Hospital São

Jorge. Os atendimentos serão estendidos, até o turno da noite, nos Hospitais Ana Nery,

Roberto Santos e Martagão Gesteira, o que significa a cobertura total da rede pública

hospitalar da capital. E em 2011, nesse ano atual, não foi possível identificar atualização na

página do site da Smec (Secretaria Municipal da Educação e Cultura), notícia referente ao

programa e o atendimento em outros hospitais além dos citados.

O município de Salvador conta com outro programa, o Projeto Vida e Saúde. Foi

implantado em 06 de outubro de 2001, voltado para o atendimento por meio do convênio

1 Foi ocultado o nome do sujeito descrito na reportagem para preservar a identificação. 2 Site consultado em 21 de jan. de 2011 < http://www.educacao.salvador.ba.gov.br. >

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firmado entre a Secretaria Municipal de Educação (Secult) e as Obras Sociais Irmã Dulce

(OSID), com atendimento de duas classes hospitalares no Hospital da Criança.

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4. BREVES REFLEXÕES DE PROJETOS PEDAGÓGICOS EM CLASSE HOSPITALAR

Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino.

Paulo Freire

As experiências descritas a seguir valem da produção de autores os quais

desenvolveram uma obra que trata da atuação na classe hospitalar no Hospital Universitário

de Santa Maria (HUSM), existente há treze anos no local. A produção do livro é composta por

cinco volumes com temática voltada à classe hospitalar, a destacar os trabalhos realizados

com título diferenciado para cada volume específico.

O primeiro volume refere-se a Saberes e prazeres no ateliê Cientista Mirim; o

segundo, Saberes e prazeres no ensino de Espanhol; o terceiro, Saberes e prazeres na

educação alimentar; o quarto volume, Saberes e prazeres na alfabetização e, por quinto e

último, Saberes e prazeres na hora do conto.

Serão relatados os três primeiros volumes por apresentarem experiências que

despertaram a atenção, não significa que os dois últimos não tenham o mesmo valor do

trabalho aqui apresentado. A seleção se deu por interesse pessoal que será relatada a seguir,

por subtítulo Práticas Pedagógicas no Hospital Universitário de Santa Maria.

4.1 PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO HOSPITAL UNIVERITÁRIO DE SANTA MARIA

No primeiro volume, o trabalho foi titulado pelas autoras por “Classe Hospitalar:

saberes e prazeres no Ateliê Cientista Mirim”, realizado no Hospital Universitário, para

atender crianças e adolescentes na Hemato-Oncologia, ou Centro de Tratamento para a

Criança com Câncer -CTCriaC-, Pediatria e UTI Pediátrica. As autoras são três acadêmicas do

curso de Pedagogia com licenciatura plena da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e

uma Pedagoga, especialista em pesquisa e mestre em Educação e organizadora do trabalho – a

produção dos volumes.

Utilizaram dos seus conhecimentos e experiências adquiridas e descreveram as

propostas que podem servir como exemplo de práticas lúdicas que se concretizaram na tarefa

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de auxiliar os alunos com dificuldades, com isso, ocasionando o processo de inclusão. Na

obra é possível verificar os planos e materiais utilizados e/ou produzidos para ação dessas

atividades criativas. Os conteúdos escolares são desenvolvidos pela pedagoga e coordenadora

da classe hospitalar e por uma bolsista.

Verifica-se que é importante dispor de propostas que venham incentivar as crianças à

pesquisa, condicioná-las a uma postura crítica e instigar a curiosidade para desenvolverem

qualidades/habilidades de um pesquisador. Algumas habilidades relativas à pesquisa foram

desenvolvidas por meio das oficinas no Hospital Universitário Santa Maria. Com isso,

consideravam que as crianças envolvidas nas atividades eram educadas à pesquisa, pois

tinham mais abertura para o diálogo independente do lugar onde estudavam.

Com a criatividade nas atividades propostas, as crianças aprendem brincando,

imaginam, criam, mesmo sem sentir que estão aprendendo. Os jogos e brincadeiras tornam-se

necessários, pois além de desenvolver, proporcionam interação entre os alunos hospitalizados

no processo de ensino. A brincadeira, o jogo e as histórias tudo adaptado a realidade do aluno,

ajudam a tirar, por alguns minutos, o clima hostil do hospital.

As experiências realizadas na classe hospitalar são relatadas e é importante citar

alguns temas de experiências desenvolvidas no Ateliê Cientista Mirim, tais como: O chão da

lua, Vulcão, Balão que enche sozinho, Afunda ou não afunda, Foguete, Refração, Bola de

sabão, Desenho com anilina, Bússola e Felicidade. No momento das atividades é possível

trabalhar questões referentes às várias disciplinas estudadas, pode-se trabalhar a

interdisciplinaridade com disciplinas como Matemática, Língua Portuguesa, noção de

Química e Física.

Na última semana de cada mês, as crianças desenvolvem atividade diferenciada. Por

se tratar de um ateliê, o trabalho pedagógico acontece uma vez por mês, segundo relato,

sempre na última semana do mês. As atividades produzidas pelos alunos revelam seu estado

emocional e sentimento por estarem na classe hospitalar, uma vez que o trabalho pedagógico

caminha para animar as crianças ao transmitir paz, tranqüilidade e amparo, também aos

acompanhantes.

Utilizando-se da ludicidade, a aprendizagem surge de maneira prazerosa e, sem

perceber, os educandos desenvolvem habilidades na construção do conhecimento, com uma

metodologia diferenciada a definir, os jogos. Com isso, como confirma uma das alunas do

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projeto, para a criança “o faz-de-conta, muitas vezes, funciona como um escape daquilo que

está vivendo no hospital” (ORTIZ, 2008, p.22).

Pode-se perceber que, mesmo no ambiente hospitalar, é preciso inovar a metodologia

para ser aplicado os conteúdos, tornar a aprendizagem interessante e significativa. O exemplo

descrito do ateliê ainda oferece a possibilidade da interdisciplinaridade com a experiência

demonstrada, e pode ser trabalhada com várias séries, a depender do nível de conhecimento.

Desde a noção simples de Ciência para o primeiro ciclo, como o conhecimento mais

aprofundado para o segundo e terceiro ciclos, lembrando que são apenas duas experiências

diante das muitas outras descritas na obra.

No segundo volume, o trabalho foi titulado pelos autores por “Classe Hospitalar:

Saberes e Prazeres no Ensino de Espanhol”. Foi realizada a experiência no Hospital

Universitário, os dois autores são pessoas que atuaram por um período nesse espaço, sendo

um acadêmico do curso de letras da Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES) e uma

Pedagoga (a mesma apresentada do primeiro volume).

A cada dia tem-se exigido mais o conhecimento em língua estrangeira, por isso,

existe uma variedade de atividades para conhecer, nesse caso, o Espanhol. O Espanhol foi

apresentado de forma lúdica para enriquecimento pessoal e desafiar o conhecimento com o

que se sabe para o que se pode aprender, entre saberes novos e estimulantes. Surge a

importância de trabalhar com jogos na procura do método ludo-educacional, até porque,

também se aprende jogando.

O longo período de internação no hospital poderá acentuar na criança o sentimento

de solidão e tristeza por estarem distante dos seus familiares, amigos, ou até mesmo com a

falta da sua escola regular. Embora apresente um clima triste, o contato com outras crianças

no hospital favorece o convívio social desta. Aliado a romper esse clima de solidão, o lúdico

somado as práticas educativas e ao ensino de espanhol, facilitará a interação da criança com o

aprendizado, pois, “entende-se por lúdico toda e qualquer manifestação que desperta o

movimento e a criatividade humana” (ORTIZ, 2008, p.19).

Algumas experiências realizadas no ensino de Espanhol como língua estrangeira

demonstram a importância da utilização de métodos diferenciados, por exemplo, apresentam

como proposta de atividade lúdica o Teatro com Fantoches, Jogos, Desenhos e Pintura,

Recortes e colagem, Canções, Jogo da Mímica, Bingo .

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Importante perceber que as atividades na classe hospitalar não estão restritas apenas

às disciplinas tradicionais como Língua Portuguesa e Matemática, mas o professor irá inovar

ao incentivar a criança a conhecer seu potencial de querer e poder aprender outra língua, a

estrangeira, ainda que estejam hospitalizada. Surpreendente será se o aluno-paciente nunca

teve contato com essa disciplina na sua escola regular e conseguir definir uma palavra em

espanhol.

Se tratando do terceiro volume, este trabalho foi titulado pelas autoras por “Classe

Hospitalar: saberes e prazeres na educação alimentar”, o trabalho de Classe Hospitalar

desenvolvido pelo Serviço de Hemato-Oncologia do Hospital Universitário. As autoras são

duas pedagogas formadas pela Universidade Federal de Santa Maria(UFSM), uma

Nutricionista Clínica, e uma Pedagoga( organizadora dos volumes).

Por permanecerem no ambiente hospitalar, é natural ocorrerem algumas alterações de

hábitos e rotinas diárias na vida dos pacientes que ali permanecem. Hábitos simples como,

hora para dormir, acordar, alimentar-se, estudar, entre muitas outras mudanças. A alimentação

será alterada com novas dietas, por isso a nutrição é um fator que merece atenção e que

contribui para a recuperação do paciente.

Para entender esse novo processo foi desenvolvida com criatividade metodologia

lúdico-educativa para promover a educação nutricional e estímulo a bons hábitos de

alimentação adequada por meio de oficinas, para evitar problemas de saúde que possam

complicar o tratamento médico.

Não apenas as crianças participam desse processo, mas também os “seus

responsáveis, levando para a rotina diária a importância da alimentação em sua saúde,

despertando o prazer e a curiosidade” (ORTIZ, 2008, p.19). Não basta a criança apenas ser

informada desses novos hábitos alimentares, os seus responsáveis devem ter conhecimento

dessas mudanças.

As atividades foram planejadas para dez encontros ocorridas no período de 2007 e

continuariam em 2008, com requisitos intelectuais: proteínas, vitaminas, carboidratos, lipídios

e pirâmides alimentares em forma de oficina (Ortiz, 2008).

Os encontros planejados eram relacionados à alimentação com orientação até para

quem acompanhava o paciente, no caso das proteínas, por exemplo, a atividade se deu para

que os alunos compreendessem a importância deste nutriente e da sua ingestão. Feita

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apresentação de teatro, teatro de fantoches, explicação do tema e, em seguida, degustação de

leite. Dentre uma atividade bastante diferenciada foi a surpresa do bolo doce de feijão, o

mesmo surpreendeu a todos, pois dos que provaram do bolo jamais iriam associá-lo ao feijão.

A cada encontro uma surpresa, um mistério e uma revelação. Os alunos são avaliados de

acordo com a participação das atividades, onde foi percebido entusiasmo por parte das

crianças.

4.2 CONCEPÇÃO E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL NA CLASSE HOSPITALAR EM SALVADOR

Com propósito de caracterizar a Classe Hospitalar em Salvador, buscou-se uma

inserção em campo. Devido a dificuldade de acesso aos hospitais para conhecer a classe

hospitalar, foi realizada entrevista com uma profissional que atua na área.Optou-se pela

formalização do questionário com três focos: o primeiro procurou-se uma identificação do

profissional/docente procurando conhecer gênero, idade, formação e tempo de atuação na

área; O segundo foco teve como propósito compreender a concepção e interesse pela

Pedagogia Hospitalar; e por fim o terceiro foco procurou-se compreender o processo de

inclusão do aluno hospitalizado.

A entrevista foi realizada em fevereiro de 2011 com uma coordenadora do Hospital

Universitário da UFBA(Universidade Federal da Bahia) em Salvador. Será utilizado nome de

flor por significar mudança, transformação, e o encanto do desabrochar para a vida. À

coordenadora, por nome Azaléia3 com faixa etária acima de 40 anos, possui como nível de

formação o doutorado e atua na área desde 1994, ou seja, atua na área há 17 anos

demonstrando experiência e vasto conhecimento.

Em relação a concepção sobre a área, Azaléia, define a Pedagogia Hospitalar como

“campo do conhecimento que instrumentaliza uma prática, realiza um trabalho educacional.

Campo do conhecimento de saberes que instrui o profissional que deseja trabalhar na classe

hospitalar”. E mais além, Matos e Mugiatti(2009) ressaltam a Pedagogia Hospitalar como

recurso contributivo à cura. Favorece a associação do resgate, de forma

“multi/inter/transdisciplinar”, na tentativa de resgate da humanização e a cidadania. E Azaléia

3 Será utilizado termos fictícios-nomes de flores- para identificar o sujeito da pesquisa, afim de manter sigilo a identidade da mesma.

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difere a classe hospitalar como o lugar onde acontece o conjunto das práticas educativas no

hospital e retoma Pedagogia Hospitalar como o que “não se limita ao lugar; em conjunto é a

área que ajuda na formação dos profissionais”.

Ao ser questionada sobre a diferença entre atuar numa classe regular e numa classe

hospitalar, Azaléia tem dificuldade de estabelecer exatamente uma única diferença, pois são

marcantes os ambientes de trabalho e existem diversas diferenças nas duas classes, mas a que

mais se destaca, na opinião da professora, é que na classe hospitalar não existe um conjunto

de alunos, definido. Já havia lecionado em classe regular e destaca a diferença de ambientes,

tendo por classe regular aonde existe um grupo fechado de alunos, pois desde o primeiro dia

de aula já se sabe quais serão os alunos, a composição da sala, números, começa e termina o

ano praticamente com o mesmo grupo, com falta de alguns poucos. E completa que “na classe

hospitalar é um grupo aberto e não termina com a mesma quantidade e composição de

alunos, é diferente”. Ainda informa que pode iniciar com 15 alunos e no meio do percurso

possuir metade ou até menos, e podem surgir novos alunos no percurso.

Segundo Azaléia, o interesse sobre o tema foi conquistado com o tempo e de forma

inesperada, pois a mesma não tinha conhecimento da área. Ao ser questionada sobre a

exigência para atuar como pedagogo na classe hospitalar corrigiu informando que

“não precisa ser pedagogo para trabalhar em classe hospitalar, apenas ser licenciado como, por exemplo, licenciado em História, em Matemática, em Música, Ciências, a não ser que seja uma área que tenha muitas crianças pequenas. Muitas vezes as crianças são muito pequenas e precisa de um professor pedagogo licenciado”.

A partir daí volta ao senso comum de que o pedagogo é um profissional que deve

trabalhar apenas com crianças, limitando novamente o campo de atuação, já discutido

anteriormente que o pedagogo pode atuar em outros espaços, pois ainda no hospital é possível

restringir sua atuação colocando-o para trabalhar apenas com crianças. Contrapondo a idéia da

entrevistada, Matos e Mugiatti(2009) estabelece ao pedagogo a responsabilidade para relação

com as crianças e/ou adolescentes enfermos, importante dispor do conhecimento da

psicologia, do desenvolvimento e da educação.

A respeito do processo de inclusão, a coordenadora define por “processo de

acolhimento dos alunos; rever a adaptação a uma série de atendimento, percepção dos

profissionais. Adaptação curricular para atender os alunos”. E ao ser questionada sobre o

processo de inclusão na classe hospitalar do aluno hospitalizado apresenta que

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“eles são convidados a participar. É como uma classe especial vai ser incluído quando voltar, daí irá acontecer o processo de inclusão. Seria interessante se a professora da escola regular fosse visitar a unidade hospitalar onde o aluno está hospitalizado. A inclusão acontece quando o aluno vai para a escola regular. A classe hospitalar é como uma transição para a escola regular, uma etapa do processo.”

Observa-se que o relato contrapõe a idéia de classe hospitalar como uma educação

inclusiva acredita que a inclusão acontece na escola quando recebe o aluno, após tratamento

no hospital. Sendo que ao atendê-lo, e dispor de atividades diferenciadas, já se inicia um

processo de inclusão dentro do ambiente hospitalar.

Importante destacar que a participação da família contribui para bons resultados no

processo educacional. Como confirma Fonseca(2003), o sucesso deste trabalho depende da

contínua e próxima cooperação entre os professores, alunos, familiares e os profissionais da

área de saúde no hospital, pois terá como conseqüência o bom desempenho das atividades.

Embora a entrevistada informe que os pais, em alguns casos, pouco participam no momento

das aulas, já que possuem baixa escolarização, a exemplo das crianças que vêem da zona

rural.

4.3 O OLHAR DO ALUNO HOSPITALIZADO

Ainda no caminho metodológico de inserção ao campo, buscou-se conhecer crianças

que passaram pela experiências de serem discentes em classes hospitalares. A fim de

organizar esse percurso podemos descrever em três grandes focos. No primeiro, procurou-se

uma identificação dos discentes procurando conhecer gênero e idade; No segundo, procurou-

se entender a vivência na classe hospitalar e/ou no ambiente hospitalar e, por fim, no terceiro

foco procurou-se compreender o processo de inclusão do aluno hospitalizado.

Foram realizadas entrevistas com duas discentes e permanece a proposta já

mencionada de utilizar nome de flores, com significados relacionado ao que a pessoa

representa, pelas suas histórias de vida. Astromélia (amizade eterna e felicidade plena) e

Prímula 4(representa o equilíbrio, juventude e objetividade.). Participaram da classe

hospitalar num mesmo hospital em Salvador, Hospital Sarah Kubitschek, quando tinham por

4 Serão utilizados termos fictícios -nomes de flores- para identificar os sujeitos da pesquisa, afim de manter sigilo da identidade dos mesmos.

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volta de 11 a 12 anos de idade. Embora tenham ocorrido a frequência na classe hospitalar em

períodos distintos. Hoje as entrevistadas apresentam faixa etária aproximada entre 20 a 25

anos, e conseguem reviver a experiência do período em que estiveram no hospital acima

citado.

Importante conhecer a vivência e experiências adquiridas na classe hospitalar e como

se processava a aprendizagem nesse local. A aluna Prímula permaneceu no Hospital Sarah

Kubitschek por quarenta e dois dias e destaca: “foi satisfatório saber que estaria no Hospital

em questão durante esse tempo, pois lá faria meu primeiro programa de Reabilitação”. Em

contrapartida, na aluna Astromélia foi presente o medo e insegurança por está neste lugar

ainda que por um período “curto”, cerca de dois meses, ela define o sentimento do período

como de angústia ao saber que estaria num hospital. Surge a necessidade de amenizar esse

sentimento nos pacientes, como acontece com a presença da classe hospitalar. A classe

representa um motivo de esperança e incentivo à esperança para reabilitação.

Confirmando tal idéia, a aluna–paciente, Prímula, descreve: “Na época em que fiquei

internada estava em período de férias escolares, mas mesmo assim quando soube que teria

aulas numa classe hospitalar fiquei feliz, pois isso tornaria os meus dias de internação mais

significativos.” Isso confirma a idéia apresentada por Fonseca(2003), utilizando do termo

“escola hospitalar”, em que a educação nesse lugar serve como uma oportunidade extra de

resgate da criança para a escola, a partir da qual terá condições de, exercendo o seu direito de

cidadão, aprender.

Porém, ainda existe uma resistência de estar nesse lugar, a aluna Astromélia relembra

o quanto era estranho as atividades naquele lugar, pois nunca teve informação sobre isso,

como diz “alias queria ter aulas iguais aos meus colegas da escola normal”.

Possível perceber um dos grandes desafios da Pedagogia Hospitalar que é atender o

planejamento pedagógico e incentivar os alunos na permanência da classe. Conta-se, com

isso, com a ludicidade e uma dinâmica diversificada para atender a necessidade de retirar dos

alunos o momento de dor ou angústia para garantir a atenção à educação. A aluna Prímula

confirma que “via os mesmos conteúdos que havia estudado na escola, porém de uma forma

mais dinâmica e leve sem avaliações ou exercícios e interagia com professores e colegas de

uma forma bem próxima ao que acontecia na escola regular.”

E completa que:

“...as atividades eram realizadas uma vez por semana, numa sala apropriada para tal fim a qual fazia com que todas as crianças se sentissem bem próximas da escola regular. Essas atividades consistem em fazer com que a estadia no hospital não se

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configurasse em algo enfadonho e triste por isso muitas das vezes eram realizadas atividades lúdicas, inclusive de educação física. Como estávamos (todas as crianças) em período de férias escolares as atividades não consistiam pura e simplesmente em uma extensão do ensino escolar” (Entrevistada aluna Prímula).

Nesse ambiente é de fundamental importância respeitar o tempo, a necessidade do

aluno e sua disposição para o aprendizado. A aluna Astromélia viveu a experiência de ter

resistência no relacionamento com os profissionais, ainda assim relembra:

“Tinha reforço de aula, fazer atividades escolares, redações e davam prêmios para quem fizesse uma história ou redação bonita. (...)Eram bastante compreensivos; falava com o psicólogo todo dia, nutricionistas. Não forçavam o aluno a fazer nada, mas fazia acordos com o aluno. eles deixavam pra lá e depois de algum tempo vinham de volta conversar sobre a importância da tarefa. Minha mãe disse que eu acabava fazendo”.

A criança hospitalizada é capaz de diferenciar dentre os profissionais de branco

aquele que, tendo uma postura interativa, lhe parece mais familiar, mais próximo e que

melhor compreende as suas necessidades e interesses, atendendo-os na medida do possível

(FONSECA, 2003).

Em entrevista com a docente Azaléia no tópico anterior, a mesma já havia

confirmado o processo de ensino aprendizagem no ambiente hospitalar e relatou que ocorre de

maneira flexível, processual, ajustada à criança e/ou adolescente. Ajuste para necessidade,

circunstância e o estado em que se encontram. A situação física acaba interferindo no

processo, pois podem estar sonolentos ou com dores. É importante a necessidade de ajuste no

processo, ver a realidade do aluno é essencial para o momento da aula.

Em se tratando sobre a inclusão as entrevistadas possuem uma noção do que seja

inclusão considerando pontos de vista diferenciados, enquanto Astromélia identifica a

inclusão por “... colocar a pessoa que está excluída da sociedade para o centro da mesma, dando

igualdade de oportunidades igual às outras pessoas”. Já a entrevistada Prímula define com

especificidade a inclusão do cadeirante, delimita a maneira como incluir, pois para ela

“significa convivência entre diferenças, respeito e acolhimento dessas diferenças. As Escolas só se tornarão inclusivas, a meu ver, quando forem capazes de considerar que um aluno com deficiência física (cadeirante) precisa de rampas sim, mas ele possui apenas mais uma diferença entre tantas outras que os alunos possuem e, com essas diferenças têm também necessidades especiais”.

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Confirmando a idéia de que a educação acontece em variados ambientes, no

hospital, a criança também aprende e desenvolve seu potencial de aprendizagem como se

estivesse em sala de aula, pois o esgotamento físico não interfere em todo tempo no

desenvolvimento intelectual. Isso pode ser confirmado pela aluna Astromélia, ela se

destacou como uma das melhores da sala de aula regular e apresentou um bom desempenho

mesmo estando num hospital, a mesma diz:

“Nem percebia que acabava estudando e sendo uma das melhores da minha sala a diretora do colégio disse que eu era uma das melhores e tinha passado por cirurgia e tudo. Pensava que eu iria perder de ano, mas as notas aumentaram ao invés de regredir”.

Vale lembrar que esse resultado é fruto do trabalho em conjunto de profissionais

envolvidos da área da Pedagogia Hospitalar, a presença com responsabilidade do professor

licenciado, o pedagogo, o coordenador pedagógico e até com a participação dos pais torna-

se importante para que os alunos apresentem tais resultados. A mãe de Astromélia, por

exemplo, estava a todo o momento presente. Porque a aluna não queria ficar com ninguém e

acabava até participando das oficinas de artesanato que era específico para a mãe.

Essa interação a todo o momento é positiva, segundo Fonseca(2003) a presença do

responsável é muito essencial, já que este conhece a criança e serve tanto como interprete da

situação de hospitalização e tratamento quanto facilitador das relações entre a criança e o

profissionais, sejam eles médicos, enfermeiros ou outros. Segundo relato, existiam oficinas

para ensinar os pais ou responsável a cozinhar, como a oferecer alimentos mais saudáveis as

crianças após internamento no hospital.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação Especial separa o aluno do convívio dos demais, mesmo que por um

período, e modifica o espaço de ensino com adaptações diferentemente ao da escola regular,

presta um atendimento voltado para atender a deficiência da criança. Oferece acessibilidade,

adaptações curriculares, atividades diferenciadas e professores totalmente especializados.

A inclusão escolar não está restrita ao olhar com foco apenas aos alunos deficientes,

os quais possuem dificuldade no desenvolvimento de atividades, e nem em entender esse

processo restrito entre alunos e a escola. Está além disso, é mais amplo quando se pode

perceber o atendimento educacional àqueles alunos que foram afastados da escola. Se por

algum motivo pessoal, por falta de saúde para sua recuperação ou para algum tratamento

médico específico. Nesse caso é preciso pensar uma inclusão educacional que atenda a

necessidade desse alunado.

Nesse processo de Educação Inclusiva e Educação Especial, pode-se mencionar a

Pedagogia como uma área do conhecimento voltada aos conteúdos educacionais. Mas, ao

ampliar o conhecimento desta ciência é possível identificar os muitos processos desse campo

de atuação e os mais variados locais de trabalho para exercer a profissão de pedagogo.

Dentre os ramos da Pedagogia o tão discutido neste trabalho, o qual se tornou tema

de discussão: a Pedagogia Hospitalar. Possui um atendimento educacional especial e ao

mesmo tempo um atendimento educacional inclusivo, uma contribuição dos dois processos.

Entender como educação especial, pois se pode destacar que os profissionais são preparados

para exercer tal função, possuem formação especializada na área que atuam, o atendimento

ocorre em sala separada da sala regular, um ritmo diferente, atividade diferenciada e um lugar

adaptado para as crianças com necessidade educacional especial, deficientes ou não.

Por sua vez, atendem esses pequeninos alunos na proposta de uma educação

inclusiva na tentativa de incluí-los no sistema educacional, pois ainda que distantes da sala de

aula oferecem a continuidade aos estudos, com o mesmo ensino da escola regular. Não tem

conteúdos diferentes de seus colegas da escola, onde uma vez já freqüentaram, mas pode-se

mudar a metodologia. A menos que, em contrapartida, não se tenha contato com a escola de

onde vieram. Será verificado por profissionais da classe hospitalar, por meio de avaliação, a

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dificuldade em determinada habilidade e/ou área do conhecimento, e daí será trabalhada a

dificuldade deste aluno independente do que é apresentado na escola regular.

Importante lembrar a legislação ao garantir a importância do atendimento

educacional até mesmo no leito àquelas crianças que ficam hospitalizadas e precisam estar

afastadas da escola regular. O atendimento da classe hospitalar pode ser contemplado na Lei

de Diretrizes e Bases 9394/96 quando garante no Capítulo V, da Educação Especial, no artigo

58, 2° parágrafo, que deve ser dado o atendimento “... em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível

a sua integração nas classes comuns de ensino regular.” Além disso existem os Direitos da

Criança e do Adolescente Hospitalizados que define que elas possuem “Direito de desfrutar

de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do

curriculum escolar durante sua permanência hospitalar”.

Haja vista que existem em muitos hospitais do país, sejam eles público ou particular,

um atendimento que faz entrar em vigor essa lei e a Declaração dos Direitos da Criança e dos

Adolescentes Hospitalizados. Faz sair do papel uma realidade que parece estar distante de

concretizar-se. Cabe a composição da classe hospitalar uma coordenação pedagógica e equipe

de profissionais da área de educação os quais devem possuir licenciatura em alguma área do

conhecimento. Durante a pesquisa foi possível perceber que não é apenas composta por

pedagogos a classe hospitalar, mas de profissionais responsáveis e que tenham formação em

licenciatura. Para preparação do profissional e saber lidar em tornar o lugar menos traumático.

Importante e indispensável conhecer alguns projetos, planejamento de aulas, e como

consequência dessas atitudes, os trabalhos realizados em outros estados para perceber que o

querer, o pensar, o esforço e a dedicação, dentre outros, são elementos simples e

indispensáveis para fazer acontecer as práticas da educação especial e inclusiva, e notar que

ainda no hospital, as atividades programadas são colocadas em práticas, levam a reflexão, a

conscientização e acrescentam as vidas, tanto dos alunos quantos dos pais ou

acompanhantes/responsáveis.

Em continuidade aos desafios enfrentados importante conhecer o profissional e

também os alunos que passaram pela realidade de uma classe hospitalar, desta vez num lugar

bem mais próximo, na região do município de Salvador. Foi feita tentativas em três hospitais

da cidade para visitar e conhecer os discentes na classe hospitalar e os profissionais

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envolvidos. Mas, por questões burocráticas e conselho ético que seria submetida a análise da

proposta, não foi possível conhecer o alunos nesse ambiente.

Partir para outra proposta, no contato direto com profissionais para agendar

entrevista. Ainda que não fosse possível conhecer a classe hospitalar. E quanto as alunas,

optei por entrevistar aquelas que já frequentaram as classe quando criança, devido a

dificuldade de não ser possível entrevistar uma criança que atualmente esteja numa classe

hospitalar.

Essas foram algumas das dificuldades para conhecer esse ambiente diferenciado, mas

não impossibilitou de ouvir relatos e experiências de profissionais e alunos que já passaram

por esse ambiente. O trabalho de algumas poucas classes hospitalares que em parceria com os

estudantes colocam em prática as idéias, junto à força de vontade e a coragem para tentar

mudar e fazer diferente a permanência da criança hospitalizada.

Foi possível perceber que a doença no corpo físico não torna a criança incapaz de

pensar, refletir e de se sentir inserida num contexto de uma criança que ainda está na

sociedade, embora esteja num ambiente bastante alterado. Para isso pensar sobre a inclusão

escolar, independente onde ocorra, mesmo fora da escola, já se torna o grande passo para

quem deseja contemplar uma educação especial e inclusiva.

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APÊNDICE A - IMAGENS DA ALUNA NO HOSPITAL

Figura 1. Presença de profissionais de saúde. Fonte: Foto de Astromélia

Figura 3. Interação entre os alunos hospitalizados. Fonte: Foto de Astromélia

Figura 2. Interação aluno e profissional. Fonte: Foto de Astromélia

Figura 4. Aos 10 anos na biblioteca do Hospital Sarah. Fonte: Foto de Astromélia

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Apêndice B – Roteiro de entrevista

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação-Campus I

Curso: Pedagogia Anos- Iniciais - 8º Semestre- 2010.2

Disciplina: TCC II

Docente: Heloísa Lopes

Discente: Fabiane Pereira Silva

QUESTIONÁRIO/ ENTREVISTA DE PESQUISA – PROFESSOR E /OU COORDENADOR

Eu, Fabiane Pereira Silva, aluna da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, estou realizando a pesquisa sobre a Pedagogia Hospitalar no processo de inclusão da criança com necessidade educacional especial, para conclusão do Curso de Pedagogia com habilitação em Anos Iniciais.

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome (opcional)_____________________________________________

1. Sexo:

1. Masculino ( )

2. Feminino ( )

2. Idade:

1. ( )De 20 a 25 anos

2. ( ) De 26 a 30 anos

3. ( )De 31 a 35 anos

4. ( )De 36 a 40 anos

5. ( )Outros ..............

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3. Qual a sua formação? 1. ( ) Graduação

2. ( ) Especialização

3. ( ) Mestrado

4. ( ) Doutorado

5. ( ) Outros

4. Há quanto tempo atua na área?

1.( ) De 1 a 5 anos

2.( ) De 6 a 10 anos

3.( ) De 11 a 15 anos

4.( ) De 16 a 20 anos

5.( ) Outros ...............

2. INTERESSE

1. Por que você se interessou pela Pedagogia Hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Já atuou como docente em escola regular? Se sim, qual a diferença entre atuar numa classe regular e numa classe hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3. Existe alguma exigência para atuar como pedagogo na classe hospitalar?

1. ( ) sim

2. ( ) não

Quais?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Para você, como os outros profissionais vêem o pedagogo hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. CONCEPÇÃO

1. O que se entende por Pedagogia Hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. O que diferencia a “Pedagogia Hospitalar” de “Classe Hospitalar”?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Como se dá o processo de ensino-aprendizagem no ambiente hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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4. Quantas crianças em média compõem a classe hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Como são organizadas as atividades pedagógicas no ambiente hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Existe alguma relação de comunicação entre a coordenação da unidade hospitalar e a coordenação pedagógica da escola regular?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. Como/de que forma acontece a avaliação neste ambiente educacional hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Os materiais são adaptados a aprendizagem das crianças?

1.( ) sim

2.( ) não

De que maneira?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

9. Qual a importância do pedagogo neste ambiente?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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10. Como são organizados os conteúdos programáticos/ atividades/ plano de aula para esses alunos, e quem os organizas?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

11. Para você qual deve ser o perfil do pedagogo na área hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. RELATOS SOBRE A INCLUSÃO

1. O que você entende por inclusão?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Como se dá o processo de inclusão do aluno hospitalizado na classe hospitalar?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Quais as possíveis dificuldades para incluir um aluno hospitalizado no processo educacional?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Os pais participam da educação dos filhos nesse ambiente?

1. ( ) sim

2. ( ) não

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De que maneira?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Como iniciou a classe hospitalar neste recinto? Um pouco de história...

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. Qual fato relevante você vivenciou em sua vivência na Pedagogia Hospitalar.

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Departamento de Educação-Campus I

Curso: Pedagogia Anos- Iniciais - 8º Semestre- 2010.2

Disciplina: TCC II

Docente: Heloísa Lopes

Discente: Fabiane Pereira Silva

QUESTIONÁRIO/ ENTREVISTA DE PESQUISA - ALUNO

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome (opcional)_____________________________________________

1. Sexo:

1. Masculino ( )

2. Feminino ( )

2. Idade:

1. ( )De 20 a 25 anos

2. ( ) De 26 a 30 anos

3. ( )De 31 a 35 anos

4. ( )De 36 a 40 anos

5. ( )Outros ..............

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2. VIVÊNCIA NA CLASSE HOSPITALAR / HOSPITAL

1. Quanto tempo permaneceu no hospital? Qual? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Qual sentimento (ou sensação) ao saber que estaria por um longo período num hospital? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Como foi a reação ao saber que existia uma classe dentro do hospital? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Conseguia relacionar a classe hospitalar com a escola regular? (considerando o ensino, professor e colegas) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Como eram realizadas as atividades? Eram significativas? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Compare de forma breve o acolhimento, ou perfil, dos profissionais da escola regular com os da escola regular

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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3. INCLUSÃO

1. O que você entende por inclusão? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. No período de internação como se sentia em relação ao processo de ensino, mesmo presente num hospital? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. De que maneira seus pais ou responsável participavam da educação nesse ambiente hospitalar? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Se possível relate uma experiência marcante dessa vivência da classe hospitalar. _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________