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29 estudos, Goiânia, v. 38, n. 01/03, p. 29-48, jan./mar. 2011. ANA CRISTINA RESENDE POR MEIO DO MÉTODO A PERSONALIDADE DE ADOLESCENTES QUE COMETERAM HOMICÍDIO Resumo: este trabalho consiste no estudo da persona- lidade de oito adolescentes privados de liberdade, do sexo masculino, que cometeram homicídio. Os instrumentos de avaliação foram entrevistas semi-estruturadas e o Método de Rorschach (Sistema Compreensivo). Observou-se que os traços de personalidade encontrados são resilientes às mudanças e uma atenção especial deve ser dada a estes adolescentes prestes a re-ingressar na sociedade. Palavras-chave: Adolescente. Homicídio. Rorschach Sistema Compreensivo DE RORSCHACH* A questão do adolescente em conflito com a lei constitui, hoje, um grande problema social que tra- mita com muita freqüência no contexto judiciário. Gallo (2007) aponta que o número de adolescentes infratores internados em instituições sócio-educativas cresceu 28% em todo o Brasil no período de 2002 a 2006, passando de 12.051 para 15.426 jovens nesses quatro anos. A adolescência é um momento complexo do desenvol- vimento que coloca em questão a estabilidade das mudanças deste período, bem como, os paradigmas de normalidade e psicopatologia. Um transtorno de conduta na adolescência

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ANA CRISTINA RESENDE

POR MEIO DO MÉTODO

A PERSONALIDADEDE ADOLESCENTES QUECOMETERAM HOMICÍDIO

Resumo: este trabalho consiste no estudo da persona-lidade de oito adolescentes privados de liberdade, do sexo masculino, que cometeram homicídio. Os instrumentos de avaliação foram entrevistas semi-estruturadas e o Método de Rorschach (Sistema Compreensivo). Observou-se que os traços de personalidade encontrados são resilientes às mudanças e uma atenção especial deve ser dada a estes adolescentes prestes a re-ingressar na sociedade.

Palavras-chave: Adolescente. Homicídio. Rorschach Sistema Compreensivo

DE RORSCHACH*

A questão do adolescente em conflito com a lei constitui, hoje, um grande problema social que tra-mita com muita freqüência no contexto judiciário.

Gallo (2007) aponta que o número de adolescentes infratores internados em instituições sócio-educativas cresceu 28% em todo o Brasil no período de 2002 a 2006, passando de 12.051 para 15.426 jovens nesses quatro anos.

A adolescência é um momento complexo do desenvol-vimento que coloca em questão a estabilidade das mudanças deste período, bem como, os paradigmas de normalidade e psicopatologia. Um transtorno de conduta na adolescência

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pode ser confundido com comportamentos inadequados típicos dessa fase marcada pela instabilidade emocional, por várias mudanças no corpo que repercutem diretamente na evolução da personalidade.

A importância da adolescência como um momento de risco para o desenvolvimento de psicopatologia foi enfatizado em uma edição especial da American Psychology Association (APA, 1993). Desde então, a adolescência tem sido considerada como um estágio de transição para um período de desenvolvimento mais estável. Poucas etapas do desenvolvimento são caracterizadas por vários níveis de mudanças: mudanças corporais, redefinição de papéis sociais, desenvolvimento cognitivo, transições escolares e a emergência da sexualidade (ABERASTURY, KNOBEL, 1992; GACONO, MELOY, 1994). Dessa forma, não se pode ignorar que as dificuldades psicológicas na adolescência podem evoluir, mesmo que eventualmente, para transtornos graves na vida adulta.

A seguir será definido o que se entende por comportamento violento e transtorno de conduta, como também serão descritos os diferentes fatores associados a esse transtorno levantados na literatura e, por último, serão explicitados os aspectos da perso-nalidade de adolescentes com transtorno de conduta e propensos ao comportamento violento avaliados por meio do Rorschach.

COMPORTAMENTO VIOLENTO E TRANSTORNO DE CONDUTA

A Organização Mundial da Saúde – OMS (2002) define como violência o uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de de-senvolvimento ou privação. A violência praticada particularmente por pessoas jovens é uma das formas mais visíveis de violência na sociedade. Em todo o mundo, jornais e meios de comunica-ção relatam diariamente a violência das gangues nas escolas ou praticada por jovens nas ruas (BALLONE, 2004; REZA, KRUG, MERCY, 2001).

A violência praticada pelo adolescente pode se desenvolver de diversas maneiras. Alguns apresentam comportamentos problema

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na primeira infância, que progressivamente aumentam para formas mais graves de agressão antes da adolescência e durante mesma. Em média, 45% dos jovens que são agressores violentos graves na idade de 16 a 17 anos, encontram-se num percurso de desen-volvimento perturbado persistente ao longo da vida. Adolescentes que se integram nesta categoria cometem os atos violentos mais graves e, em geral, mantêm este comportamento violento até se tornarem adultos (MOFFIT, 1993; TOLAN, GORMAN-SMITH, 1998; OMS, 2002).

Crianças e adolescentes que apresentam um modo repetitivo e persistente de comportamentos violentos, agressivos ou desa-fiadores por um período de no mínimo seis meses – com níveis excessivos de brigas ou intimidações, crueldade com animais e com os pares, destruição de propriedade, provocação de incêndio com intenção de causar danos, roubo, mentiras, fugas de casa, desobediência grave e contínua em relação aos pais – são diag-nosticados, segundo a Classificação dos Transtornos Mentais e deComportamento (CID-10) (1993) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais – DSM-IV-TR (APA, 2001), com transtorno de conduta.

O transtorno de conduta é mais comum em meninos do que em meninas, como também é mais recorrente em filhos de pais com transtorno de personalidade antissocial e dependência de álcool do que na população em geral. A prevalência do transtor-no de conduta está relacionada de forma significativa a fatores socioeconômicos. Vários autores também afirmam que nenhum fator isolado pode explicar o desenvolvimento desse transtorno em crianças e adolescentes. Na verdade, vários aspectos biopsi-cossociais contribuem para o seu surgimento (ARREGUY, 2010; CARTAGENA, OROZCO, LARA, 2010; DOLAN, SMITH, 2001; GOMIDES, 2009; KAPLAN, SADOC, 2007).

FATORES QUE PREDISPÕEM AO TRANSTORNO DE CONDUTA E AO COMPORTAMENTO VIOLENTO

Alguns autores descrevem que crianças de classes sociais muito desfavorecidas, com déficits intelectuais, déficits na ali-mentação (desnutrição), com déficits de atenção, que possuem apenas um dos pais, que convivem com pares delinqüentes, que

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foram negligenciadas ou fisicamente abusadas e que possuem problemas escolares constituem um grupo de risco para o desen-volvimento de comportamentos antissociais (ARREGUY, 2010; CARTAGENA et al., 2010; DOLAN, SMITH, 2001;GOMIDES, 2009; KAPLAN, SADOC, 2007).Contudo, também já foi ob-servado que um número significantemente de crianças que se encontravam sob as mesmas condições de vida, de vitimização e de déficits não se engajaram nesses tipos de comportamentos. Pelo contrário, essas crianças tornaram-se adultos produtivos e pró-sociais.Isto quer dizer que, apesar de experienciarem uma infância estressante e cheia de eventos que dificultavam um desenvolvimento saudável, muitas crianças não se engajaram em comportamentos violentos e, de fato, se desenvolveram com sucesso (BARTOL, 2008; LOSEL, BENDER, 2003). Estes re-sultados de pesquisas ajudam a entender porque, em ambientes culturais e familiares semelhantes, algumas pessoas se tornam violentas e outras, não. Talvez, esteja na personalidade alguns dos fatores que predispõem as pessoas a uma fragilidade maior para lidar com a pressão estressante do ambiente.

Os fatores de risco que aumentam a probabilidade de uma pessoa dedicar-se em um comportamento violento podem ser divi-didos em vários fatores que se sobrepõem. Ou seja, muitos destes riscos por si só provavelmente não produzem diretamente compor-tamentos antissociais. Pesquisas sugerem que é a combinação de vários fatores de risco, porcerto período de tempo, especialmente durante a infância, que encoraja o indivíduo ao comportamento violento. Dentre os fatores de risco, os mais citados são:

• Fatores familiares e situacionais tais como: ser vítima de maus tratos, de abuso físico e psicológico; o uso de punições físicas severas;ser filho de pais que foram condenados; ser filho de pais divorciados ou solteiros; ser filho de pais adolescentes que não possuem apoio familiar ou social; falta de competência parental; ter irmãos com comportamentos delinquentes; ter sido iniciado precocemente em atividade sexual; pertencer a uma gangue que consome drogas e pratica violência; o fácil acesso às armas e às drogas psicoativas (tais como álcool, crack e cocaína); ter apresentado comportamentos delituosos anteriormente; histórico de várias fugas da escola e baixo

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desempenho escolar (BAILEY; WHITTLE, 2004; BARTOL, 2008; CARTAGENA et al., 2010; CUNNINGHAM, FARBER, 1996; FARRINGTON, 2003; FARRINGTON, LOEBER, 2000; HEIDE, 1997; KRUG et al., 2002; CRAIDY, 1998; MCLAU-GHLIN et al., 2000; ROPPER, 1991).

• Fatores sociais: morar em bairro violento e pobre; fazer parte de uma gangue; ser testemunha de violência; a exposição de violência nos meios de comunicação; o desemprego; esco-las despreparadas para receber os jovens e para lidar com o bullying; a pobreza e sua consequente desnutrição; a desigual-dade de oportunidades em termos de acesso aos sistemas de saúde, de educação, de lazer, de trabalho e de bem estar social; falta de políticas públicas; falta de heróis politicamente cor-retos (KRUG et al., 2002; FARRINGTON, LOEBER, 2000; MASON, 1991).

• Fatores genéticos e vulnerabilidade biológica: influências hereditárias; ser filho de pais que possuem um histórico de doenças psiquiátricas;lesões e complicações associadas à gra-videz e ao parto, que poderiam produzir danos neurológicos, que, por sua vez, poderiam levar à violência; cuidados médicos inadequados nos períodos pré e pós natal; possuir frequências cardíacas baixas – estudadas principalmente entre os meninos – que estão associadas à busca de emoções e situações de risco, ambas características podem predispor os meninos à agressão e à violência na tentativa de aumentar os níveis de estímulo e excitação (DILALLA, GOTTESMAN, 1991; FLORES, 2002; HEIDE, 1997; ORTIZ, RAINE, 2004; FARRINGTON, 2003). Destaca-se que nos estudos de Raine e Liu (1998) a combinação de fragilidades biológicas, com problemas neurológicos, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, complicações de parto e um ambiente familiar inadequado, especialmente no primeiro ano de vida, foram responsáveis por mais 2/3 do total de crimes cometidos por jovens na Holanda.

4. Fatores de personalidade: baixa auto-estima; auto-imagem negativa; pouca motivação;depressão; baixo nível intelectual; hiperatividade; impulsividade; controle comportamental defi-ciente; falta de habilidades sociais e inter-pessoais; problemas de atenção; nervosismo e ansiedade,pouco juízo crítico; tédio; raiva e ressentimentos; poucos recursos eficientes para enfrentar

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situações mais complexas; autocentramento; transtornos perso-nalidade, especialmente o transtorno de conduta, ou sintomas de transtorno psicótico; ideações suicidas (CARTAGENA et al., 2010; TAROLLA et al., 2002; HILL-SMITH et al., 2002).

O presente estudo está focado neste último aspecto, no estudo das características de personalidade, por meio do método de Rorschach,em adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas por terem cometido um ou mais homicídios. Diante do que já foi exposto, entende-se que com o adolescente, os clínicos devem delinear com cuidado aspectos relacionados a um estado provocado pela agitação normal da adolescência ou um problema relacionado a característi-cas de personalidade disfuncionais. A avaliação do funcionamento da personalidade é crucial para uma intervenção clínica e para um plano de tratamento.

ADOLESCENTES COM TRANSTORNO DE CONDUTA E O MÉTODO DE RORSCHACH

De acordo com a literatura pesquisada sobre o Método de Rorschach, os adolescentes com transtorno de conduta e propensos aos comportamentos violentos revelam-se predominantemente com algumas características apresentadas abaixo:

• Imaturos na expressão dos afetos com tendência a violentas descargas emocionais (FC<CF+C e C>1) (CORREDOR, 2000; DURAT, 2006; OLIN, KEATINGE, 1998);

• Dificuldade de lidar com sentimentos de raiva e ressentimentos, além de apresentarem um comportamento opositor excessivo (S↑) (DURAT, 2006; GACONO, GACONO, EVANS, 2008; GACONO, MELOY, 1994; OLIN, KEATINGE, 1998);

• Normalmente apresentam um tipo de narcisismo pernicioso, típico de pessoas com uma determinação hostil em explorar e manipular o outro para atingir seus próprios fins, sem remorso ou arrependi-mento (Fr+rF> 0) (CORREDOR, 2000; GACONO et al., 2008; LOVING, RUSSELL, 2000; OLIN, KEATINGE, 1998);

• Expressão da agressão de modo mais primitivo, muitas vezes exercida no dia-a-dia como uma conduta natural de resolução de problemas e, portanto, pouco consciente do seu papel nocivo

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nas relações interpessoais (Ag c↑ e AG↓) (BAITY, HILSEN-ROTH, 1999; CORREDOR, 2000; FERNÁNDEZ, MÉNDEZ, 1999; GACONO, MELOY, 1994);

• Pouco interesse em relacionamentos mais próximos e íntimos, primando mais pelo distanciamento e pela competitividade nas interações (T= 0) (FERNÁNDEZ, MÉNDEZ, 1999; GACONO et al., 2008;GACONO, MELOY, 1994; LOVING E RUSSELL, 2000; SMITH, GACONO, KAUFMAN, 1997);

• Maior predominância de distúrbios do pensamento do que na população em geral, com tendência a interpretar o que as pessoas fazem e falam de modo equivocado (PTI↑ ou SCZ↑ ou M-↑) (DURAT, 2006; GACONO et al., 2008; GACONO, MELOY, 1994; SMITH, GACONO, KAUFMAN, 1997);

• Mostram-se mais resistentes, defensivos e cautelosos na situ-ação de teste do as pessoas da população em geral (R↓, L↑, PER↑ e Rejeições↑) (GACONO et al., 2008;GONÇALVES, 2004; OLIN, KEATINGE, 1998);

• Baixa autoestima, tendência a se comparar desfavoravelmente em relação às demais pessoas: sentem-se menos inteligentes, atraentes, menos produtivos, menos capazes, menos decentes e confiáveis (Ego↓) (GACONO et al., 2008; GACONO, MELOY, 1994);

• Revelam relacionamentos interpessoais problemáticos e con-flituosos, típicos de transtornos de conduta, de pessoas que provocam situações indesejáveis nas interações interpessoais, (PHR>GHR) (DURAT,2006; GACONO et al., 2008);

• Apresentam juízo crítico e coerência rebaixados (F+%↓) (GONÇALVES, 2004; OLIN, KEATINGE, 1998);

• Possuem maior predominância de aspectos depressivos do que a população em geral (DEPI↑) (GACONO et al., 2008);

• Poucas demandas afetivas estressantes, tais como remorso, culpa, ansiedades e angústias (Somb↓) (GACONO et al., 2008);

• Mantêm-se distantes de situações emocionalmente carregadas (Afr↓) (GACONO et al., 2008);

• Demonstram pouca capacidade de lidar com situações emocio-nalmente complexas respondendo a elas de modo inadequado e grosseiro (Blends↓) (GACONO et al., 2008);

• Apresentam pensamentosexcêntricos e incomuns com mais frequência do que as pessoas da população em geral (Xu%↑) (GACONO et al., 2008);

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• Possuem poucos recursos eficientes para lidar com as deman-das da vida diárias, o que está altamente associado a faltas de habilidades sociais (EA↓) (GACONO et al., 2008);

• Estilo de vida evitativo, lidando com as situações de modo simplista e superficial, o que os tornam mais propensos às de-sorganizações psíquicas, pois quando as circunstâncias mudam repentinamente sobrecarregam-se e estressam facilmente(EB evitativo) (GACONO et al., 2008);

• Percepções de si e do outro distorcidas e baseadas em fan-tasias, ou seja, dificuldade de se perceber e perceber o outro (H<(H)+(Hd)+Hd) (GACONO, MELOY, 1994);

• Pouca capacidade de introspecção e autocrítica realista (FD↓) (GACONO, MELOY, 1994);

• Pouca ou nenhuma disponibilidade para a cooperação inter-pessoal (COP↓) (GACONO et al., 2008);

• Predisposição para o isolamento e retraimento social, são pessoas menos envolvidas do que o habitual nas interações sociais (Índice de Isolamento↑) (GACONO; MELOY, 1994);

• Falha em atentar para detalhes importantes da situação, reve-lando superficialidade, um exame rápido e pouco cuidadoso da situação, o que leva a pessoa a cometer mais erros, a tomar decisões precipitadas, revelando-se negligente, descuidada e impulsiva (hipoincorporador) (Zd<-3;GACONO et al., 2008);

• Pouco interesse pelas pessoas, pelo que elas fazem ou dizem (H ↓) (GACONO, MELOY, 1994; GACONO et al., 2008).

De acordo com os autores investigados, o Método de Rorscha-ch pode discriminar, em termos de características de personalidade, adolescentes mais propensos aos comportamentos violentos e adolescentes bem menos propensos a se comportar dessa maneira.Dessa forma, este estudo teve como objetivo verificar quais são as caracteristícas de personalidade típicas de um transtorno de conduta e comportamentos violentos que apareceram em oito adolescentes que cometeram homicídio.

MÉTODO

Participantes: oito adolescentes do sexo masculino, entre 16 e 17 anos, que cometeram entre um e três homicídiose estavam

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cumprindo medidas socioeducativas em instituições do Estado de Goiás.

Instrumentos:

- Entrevista semi-dirigida com o adolescente:com questões refe-rentes aos aspectos sócio-demográficos, ajustamento escolar; atividades laborais, metas futuras; saúde, constituição e dinâmica familiar, vida sexual e relacionamentos; uso de drogas, condutas inadequadas na infância e adolescência, o envolvimento com ato infracional, relacionamento com a vítima e informações gerais.

- Entrevista semi dirigida com os responsáveis: com o objetivo de coletar dados da infância e adolescência, constituição e dinâ-mica familiar, bem como para levantar outros pontos de vista a respeito do adolescente baseando-se em questões semelhantes ao roteiro de entrevista semi-dirigida com o adolescente.

- Método de Rorschach: trata-se de uma medida comportamental baseada no desempenho que avalia uma ampla gama de carac-terísticas de personalidade. Este instrumento foi elaborado por Hermann Rorschach em 1921, na Suíça. É composto por dez cartões, cinco contendo manchas escuras e outros cinco contendo manchas coloridas, os quais servem de estímulos pouco organi-zados que levam o indivíduo em avaliação a expressar conteúdos associativo-perceptivos que descrevem aspectos estruturais e dinâmicos de sua personalidade. A aplicação é individual e exi-ge que os examinandos identifiquem o que os borrões de tinta construídos parecem em resposta à pergunta “O que isso poderia ser?”. Cada resposta, ou solução para a tarefa, é codificada de acordo com orientações padronizadas através de um número de dimensões, e os códigos são então resumidos em escores e, posteriormente, são interpretados seguindo o Sistema Compre-ensivo. Ao confiar em uma amostra real de comportamentos, recolhidos em condições padronizadas, o Rorschach é capaz de fornecer informações sobre a personalidade que podem residir fora da consciência imediata do examinando (EXNER, 2003).

- Para o estudo das características de transtorno de conduta e maior predisposição para comportamentos violentos nos adoles-centes avaliados serão observadas as 23 variáveis levantadas no estudo bibliográfico do item 1.3: FC<CF+C e C>1; S≥3; Fr+rF>

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0; Ag conteúdo ≥4; T= 0; M-≥1; R≥17 e L≥1,3; Ego<0,33; PHR>GHR; F+%<0,75; DEPI≥5; Somb≤2; Afr≤0,45; Blen-ds≤3; Xu%≥0,33; EA≤3.5;EB evitativo; H<(H)+(Hd)+Hd; H≤2; FD=0; COP=0; Índice de Isolamento≥0,26; Zd<-3.

PROCEDIMENTOS

Todas as avaliações desses adolescentes foram solicitadas ao Centro de Estudos, Pesquisas e Práticas Psicológicas - CEPSI (Clínica Escola de Psicologia da PUCGoiás) pelo coordenador das instituições onde os adolescentes cumpriam medidas socioeduca-tivas, entre os anos de 2008 e 2011. A partir dessa demanda foi elaborado um projeto de pesquisa, no final de 2010, já aprovado pelo Comitê de Ética da PUC Goiás e que ainda está em andamen-to. Os dados apresentados nesse artigo trata-se de informações preliminares desse projeto em andamento.

Todos os testes foram aplicados em salas adequadas para avaliação psicológica ou no CEPSI ou na própria instituição solicitante. Para garantir a confiabilidade das codificações dos protocolos, todos foram corrigidos pela autora deste trabalho e por outra psicóloga que desconhecia o objetivo do estudo. As discor-dâncias foram resolvidas por uma terceira psicóloga que também não estava ciente do objetivo desse estudo.

Todos os dados foram lançados no RIAP 5- programa de com-putador criado por Exner e Weiner (2004), concebido para auxiliar o psicólogo especializado no Método de Rorschach SC na pontuação e interpretação dos resultados, o que diminui a probabilidade de erro de codificação e levantamento dos índices quantitativos do teste. Para as análises dos dados foram consideradas apenas frequências e porcentagens das variáveis, buscando relacionar os aspectos le-vantados na bibliografia específica com os aspecto que se revelaram as entrevistas e nos protocolos de Rorschach dos participantes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entrevistas semi-estruturada

No que tange às entrevistas realizadas com os adolescentes que cometeram homicídios, as análises apontam para uma capacidade

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de compreensão regular, um raciocínio incomum em algumas situações e uma frieza nos momentos de tensão. As condutas inadequadas geralmente começavam com uso de álcool e outras drogas e pequenos furtos, que segundo eles são motivados pela necessidade de dinheiro para adquirir comida, em 50% dos casos, e objetos de uso de pessoais (sapato, roupas, relógio, dentre outros) e depois por necessidade de busca de emoções e situações de risco (presente em 100% dos casos), mas realimentados pela ganância, fato semelhante ao relatado por Craidy (1998), sendo esta uma das características que, segundo a autora, distingue o adolescente com comportamentos infratores do menino de rua. Os homicídios geralmente são atribuídos em primeiro lugar a defesa no sentido de matar ou morrer, em segundo lugar devido a necessidade pelo fato da vítima do assalto ter reagido e, em terceiro lugar, a impul-so incontrolável e atitude impensada. No entanto, em 37,5% dos casos os homicídios foram planejados e realizados com frieza. Nota-se ausência de indícios de culpa com relação ao homicídio, havendo relato de arrependimento em somente dois casos dos oito entrevistados.

Na história de vida, todos os adolescentes revelaram a perda de pelo menos uma das figuras parentais de forma trágica quando ainda criança, o que colaborou no prejuízo do desenvolvimento das potencialidades afetivas e reparadoras, bem como suas noções de limites. Sete deles cresceram em um meio pouco generoso e nada sustentador das suas necessidades de atenção. Com exceção de um adolescente e seu responsável, todos relataram que os adolescentes vivenciaram situações de algum tipo de vitimização física ou sexual ou punições físicas severas por parte de algum adulto da família. Quase todos eram de baixo nível socioeconômico (87,5%, n= 7) e abandonaram a escola antes de terminar o ensino fundamental.

Todos os adolescentes assumem que já fizerem uso abusivo de álcool e outras drogas ilícitas, mesmo que eventualmente. Quase todos são solteiros, sem filhos e possuem 17 anos (87,5%, n=7). Apenas dois adolescentes frequentavam regularmente a escola, assim como apenas dois deles tinham o ensino fundamental com-pleto. Três deles são acusados de cometer mais de um homicídio, embora somente um deles assuma que matou mais de uma pessoa.

De uma forma geral, todos os dados levantados por meio das entrevistas semi-estruturadas são congruentes com as informações

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fornecidas pelos estudos citados na introdução deste artigo. Obser-va-se que fatores familiares, sociais, genéticos e de personalidade se sobrepõem na história de cada um dos jovens participantes e favorecem os comportamentos violentos.

Logo abaixo verifique a ilustração gráfica dos principais dados levantados pelas entrevistas semi-estruturadas com os adolescentes e seus responsáveis na Figura 1.

Figura 1: Características sociodemográficas e aspectos pessoais dos adolescentes entrevistados.

Método de Rorschach

Os resultados levantandos por meio do Método de Rorschach serão expostos a partir dos aspectos apresentados em todos os adolescentes e, posteriormente, os dados que estavam presentes em pelo menos 50% deles. Na Tabela 1 é possível visualizar como os aspectos de personalidade se distribuíram entre os participantes do estudo.

a) Aspectos comuns a todos (n=8): - Pouco interesse pelas pessoas (Hpuro≤2 e Sum H≤2); - Nenhuma necessidade de vínculos mais próximos, agradáveis

e interesse em ser solícito (T=0; COP=0; PHR≥GHR);

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- Ausência de perturbações internas graves (Wsum6≤9); - Ausência de sentimentos de culpa ou remorso, de disforias,

obsessões, necessidades internas não atendidas ou ansiedades afetivas (Sombreados≤2 sendo SumV=0).

- Imaturidade na modulação dos afetos (FC<CF+C)

b) Aspectos que surgiram em pelo menos 50% dos adolescentes: - Pouca capacidade de lidar com situações emocionalmente

complexas (Blends≤2 em 75%, n=6)- Pouca capacidade de auto-avaliação e introspecção (FD=0

75%, n=6) - Retraimento de situações emocionalmente carregadas (Afr↓

em 75%, n=6)- Percepção interpessoal prejudicada (H<(Hd)+(H)+Hd em 75%,

n=6)- Expressão da agressão de modo mais primitivo (Ag c≥4 em

75%, n=6)- Falha em atentar para detalhes importantes (hipoincorporador)

(Zd<-3 em 75%, n=6)- Pensamentosexcêntricos e incomuns (Xu%≥0,33 em 75%, n=6)- Baixa auto-estima (Ego<0,30 em 75%, n=6)- Distorções do pensamento (M-≥1 em 50% n=4);- Resistência e cautela (R↓

(14-17) e L↑

(≥1,7) em 50%, n= 4);

- Narcisismo (FR+rF>0 em 50% n=4)

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Tabela 1: Variáveis do Rorschach indicadoras de transtorno de con-duta distribuídas entre os adolescentes que cometeram homicídio

Nota: * Variáveis em negrito por serem as mais comumente citadas na literatura investigada.

Considerando as 23 variáveis apontadas na literatura como frequentes em adolescentes com transtorno de conduta, os adoles-centes que participaram desse estudo revelaram em seus protocolos

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entre 14 e 19 variáveis. Os três maiores resultados estão entre os três participantes que eram acusados de mais de um homicídio, sendo que o valor máximo de 19 variáveis se desvelou no único adolescente que assumiu a autoria de mais de um homicídio. Este dado parece indicar a sensibilidade do Método de Rorschach para detectar aspectos mais comprometedores na personalidade de adolescentes que cometeram homicídios.

De uma forma geral, os adolescentes que participaram deste estudopodem ser incluídos no diagnóstico de transtorno de conduta do tipo grave, isto é, todos já praticavam outros delitos antes do (s) homicídio (s), tais como assaltos, intimidações e brigas, há mais de um ano antes do homicídio; apresentavamas seguintes caracte-rísticas de personalidade:desinteresse pelas pessoas; predomínio de relacionamentos interpessoais conflituosos; ausência de qual-quer estresse afetivo, de remorso ou culpa; um caráterexplosivo e descontrolado nas descargas emocionais;retraimento em situações mais afetivas; expressão da agressão de modo mais primitivo (pouco consciente); falha em atentar para aspectos importantes nas situações, o que os tornavam mais propensos a tirar conclusões erradas e a cometer mais equívocos; quando o narcisismo estava presente, todos foram considerados narcísicos perniciosos, além disso, o narcisismo parece ser um mecanismo de defesa para não entrarem em contato com fortes sentimentos de inferioridade, uma vez que a baixa autoestima também foi uma variável comum entre os participantes; leves distorções do pensamento, especialmente no diz respeito ao modo como interpretavam o que as pessoas faziam e falavam, além de revelarem mais pensamentos incomuns e excên-tricos do que a maioria dos adolescentes de sua mesma faixa etária.

Um aspecto que chama a atenção é a ausência da variável no Rorschach que indica dificuldade de lidar com sentimentos de raiva e ressentimentos, como também a presença de um comportamen-to opositor (S≥3). Nesse sentido, nota-se que esses sentimentos parecem não estar subjacentes nos adolescentes que participaram estudo, pelo menos não na quantidade considerada suficientemente alta para caracterizar tendências oposicionistas, que extrapola a autonomia adaptativa e que se associa aos sentimentos subjacentes de raiva e ressentimento contra as pessoas e eventos de sua vida, tendendo a achar injusto não atenderem suas necessidades ou colocarem obstáculos para a realização de suas metas.

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Entende-se que os padrões de personalidade destacados são considerados duradouros, altamente persistentes, resilientes às mudanças e típicos de transtorno. Entende-se também que a combinação desses traços é particularmente nociva e uma atenção especial deve ser dada a estes adolescentes prestes a re-ingressar na sociedade.

CONCLUSÃO De acordo com os resultados, esta investigação deixa claro

que a problemática do comportamento homicida em adolescentes é multifatorial.Seja qual for o âmbito ou o tipo de abordagem do estudo, o comportamento violento ou homicida depende neces-sariamente do tipo de interação do sujeito com o contexto que o circunda no momento de uma infração, delito ou crime, levando em conta seu sofrimento subjetivo e também, evidentemente, sua história de vida. Assim, vários aspectos do ser humano precisam ser profundamente conhecidos por quem pretende lidar com a agressividade humana tornada violenta e desproporcional (AR-REGUY, 2010).

O Método de Rorschach mostrou-se sensível para captar as características de personalidade de adolescentes com maior predisposição para comportamentos violentos, como também se percebeque a avaliação da personalidade por meio desse instru-mento representa um excelente recurso para os peritos forenses utilizarem em suas avaliações.

Embora os resultados possam ser considerados promissores, o estudo apresenta limitações. Trata-se de um estudo exploratório e, além disso, o ideal seria ter um grupo controle de adolescentes não homicidas, até para se ter uma pequena comparação dos re-sultados. Com um aumento considerável da amostra será possível verificar quantas variáveis são necessárias para se confirmar um diagnóstico de transtorno de conduta no Rorschach e a probabi-lidade de erros (falsos positivos e falsos negativos) ao se utilizar este conjunto de variáveis.

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THE PERSONALITY OF ADOLESCENTS WHO COMMIT MURDER BY THE METHOD OF RORSCHACH

Abstract: this paper is a study of the personality of eight male adolescents deprived of freedom,who committed homicide. The assessment instruments were semi-structured interviews and the Rorschach method. Observed that matches personality traits are resilient to change and a special attention should be given to these adolescents about to re-enter society. Keywords: Adolescent. Murder. Rorschach Comprehensive Sys-tem.

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* Recebido em: 08.01.2011. Aprovado em: 18.01.2011.

ANA CRISTINA RESENDEPontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: [email protected].