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ISBN 978-85-7282-778-2 Página 1 A PESQUISA CIENTÍFICA COMO FERRAMENTA METODOLÓGICA NA GEOGRAFIA: ESTUDO DE CASO DOS MORADORES DO MUNICÍPIO DE LAJES, RN Marisa Ribeiro Moura de Abreu (a) , Samara dos Santos Forte (b) , Melissa de Freitas Nogueira (c) , Victor Matheus de Oliveira Barros (d) , João Capistrano de Abreu Neto (e) (a) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN/Campus Avançado Lajes, [email protected] (b) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN/Campus Avançado Lajes, [email protected] (c) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN/Campus Avançado Lajes, [email protected] (d) Departamento de Geografia, Universidade Federal do Ceará-UFC, [email protected] (e) Departamento de Geologia, Universidade Federal do Ceará-UFC, [email protected] Eixo: Metodologias para o ensino da geografia física no ambiente escolar Resumo É explícito que grande parte da população compreende que o meio ambiente é a fonte da nossa sobrevivência e que é de suma importância sua preservação, porém é necessário mais do que só saber, é necessário buscar formas de colocar em prática tal atitude. O objetivo da pesquisa é analisar a percepção ambiental dos moradores do município de Lajes-RN, no qual, por meio de metodologia aplicada e questionário, avalia-se como estes se relacionam com o meio ambiente. Vale ressaltar que, este projeto foi realizado junto com os alunos do IFRN, na forma de praticar a pesquisa científica através de assuntos sobre meio ambiente abordados em sala na disciplina de Geografia e utilizar-se desse saber científico no aprofundamento do conteúdo. Percebeu-se que os moradores possui percepção e consciência sobre as polêmicas ambientais e o principal causador delas. Estes apesar de possuírem informações sobre o meio

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A PESQUISA CIENTÍFICA COMO FERRAMENTA

METODOLÓGICA NA GEOGRAFIA: ESTUDO DE CASO DOS

MORADORES DO MUNICÍPIO DE LAJES, RN

Marisa Ribeiro Moura de Abreu (a), Samara dos Santos Forte (b), Melissa de Freitas

Nogueira(c), Victor Matheus de Oliveira Barros (d), João Capistrano de Abreu Neto (e)

(a) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN/Campus Avançado Lajes,

[email protected]

(b) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN/Campus Avançado Lajes,

[email protected]

(c) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, IFRN/Campus Avançado Lajes,

[email protected]

(d) Departamento de Geografia, Universidade Federal do Ceará-UFC, [email protected]

(e) Departamento de Geologia, Universidade Federal do Ceará-UFC, [email protected]

Eixo: Metodologias para o ensino da geografia física no ambiente escolar

Resumo

É explícito que grande parte da população compreende que o meio ambiente é a fonte da nossa

sobrevivência e que é de suma importância sua preservação, porém é necessário mais do que só saber, é

necessário buscar formas de colocar em prática tal atitude. O objetivo da pesquisa é analisar a percepção

ambiental dos moradores do município de Lajes-RN, no qual, por meio de metodologia aplicada e

questionário, avalia-se como estes se relacionam com o meio ambiente. Vale ressaltar que, este projeto foi

realizado junto com os alunos do IFRN, na forma de praticar a pesquisa científica através de assuntos sobre

meio ambiente abordados em sala na disciplina de Geografia e utilizar-se desse saber científico no

aprofundamento do conteúdo. Percebeu-se que os moradores possui percepção e consciência sobre as

polêmicas ambientais e o principal causador delas. Estes apesar de possuírem informações sobre o meio

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ambiente, a fim de se poder evitar ao máximo a degradação deste, ainda carece de realização contínua de

práticas sustentáveis. Quanto aos alunos, a metodologia tornou a pesquisa uma ferramenta de transmitir o

que foi ensinado e os discentes passaram a ser proativos quanto as ações sustentáveis no seu cotidiano.

Palavras chave: Lajes. Concepção. Moradores. Geografia. Meio ambiente.

1. Introdução

A Geografia como disciplina cada vez mais busca didáticas que transformem o

conhecimento adquirido em sala de aula em ações voltadas para a realidade de vida do seu

discente. Contudo, o ensino da Geografia deve ser realizado de forma prazerosa, caso contrário,

a mesma se torna uma disciplina desinteressante. Dessa forma, a Geografia possui ferramentas,

exemplo destas, projetos de pesquisa/científicos, para tornar a sua aprendizagem mais dinâmica

e prática, onde o aluno se sinta importante e participante na resolução de um determinado

problema (CASTROGIOVANNI, 2007).

Um dos assuntos bastante discutidos em sala na Geografia é a questão ambiental e sua

conscientização, ou seja, o desenvolvimento do senso crítico das pessoas sobre o impacto que

provocam no meio ambiente a partir do consumo desenfreado dos recursos naturais (ASSIS,

2018). Não é uma tarefa nada fácil, principalmente quando o alvo, no nosso caso, são pessoas

com costumes nada sustentáveis, como por exemplo, sociedades urbanas e/ou locais onde a

responsabilidade socioambiental ainda não está difundida. Esse tipo de temática pode ser

analisada por meio de projetos de pesquisa pois disseminam a preservação do meio ambiente.

Todavia, junto ao projeto de pesquisa, a concepção e a sensibilização atrelada as

práticas cotidianas transforma-se também num objeto de consciência. E é a partir daí que o

indivíduo começar a pôr em prática ações que possam ajudar na preservação desse bem tão

precioso que é o meio ambiente (MARCATTO, 2002). Tal ação pode ser discutida na disciplina

de Geografia gerando uma interdisciplinariedade junto as demais disciplinas como a Educação

Ambiental (EA).

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Coloca-se que é a partir de práticas em EA que o ser humano mudará seu

comportamento a fim de contribuir para a melhoria da qualidade de vida no local onde mora.

No entanto, sabe-se que sua percepção quanto a preservação da natureza vem desde sua

educação junto a sua família e amigos. Esta, passa a ser ampliada quando o indivíduo começa

a se socializar dentro da escola (SATO, 2002).

Dessa maneira a Percepção Ambiental (PA) se torna uma forma de se interagir melhor

quanto as questões ambientais e a prática da educação ambiental junto à sociedade. Para Dias

et al. (2016), a PA ocorre a partir do conhecimento e do entendimento do indivíduo em relação

ao meio em que está inserido, sofrendo influências das esferas sociais e culturais.

A pesquisa teve como objetivo analisar a percepção ambiental dos moradores de Lajes,

Rio Grande do Norte (Mapa 1), onde, por meio de metodologia científica e questionário, pode-

se avaliar como os mesmos se relacionam com o meio ambiente. A pesquisa tem como foco

também a caracterização da relação homem-natureza, com o intuito de questionar se o mesmo

possui atitudes sustentáveis ou não no cotidiano.

Mapa 1 – Localização da cidade de Lajes, RN.

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2. Materiais e Métodos

Essa pesquisa utiliza-se do conhecimento debatido em discussões bibliográficas e

dispõem como método a pesquisa exploratória e descritiva, pois temos o objetivo de identificar

melhor um fato ou fenômeno e assim propor problemas ou até hipóteses, é um tipo de pesquisa

criativo pois em meio a inúmeros outros assuntos tratados na cidade o meio ambiente algumas

vezes acaba ficando de lado. Para Andrade (2006), a pesquisa exploratória tem como objetivo

proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ao

construir hipóteses. Já a pesquisa descritiva são fatos descritos, observados, registrados,

analisados sem interferência do pesquisador.

A pesquisa foi realizada entre os meses de Abril/2018 e Novembro/2018 e foi dividida

em quatro etapas: 1. conteúdo abordado em sala de aula a respeito da sustentabilidade e

problemas socioambientais; 2. discussão e criação de questionário sobre ações sustentáveis; 3.

aplicação dos questionários junto a comunidade do IFRN e dos moradores de Lajes-RN; e 4.

Análise e integração dos resultados.

Utilizou-se ferramentas e técnicas estatísticas como o uso do questionário virtual e

impresso, que com base nas respostas coletadas são formados gráficos para um melhor

entendimento, só que para tudo isso antes foi necessário o estudo a partir de alguns artigos

(NOGUEIRA et. al, 2018) . Retratamos as características do objeto estudado, expomos os fatos

através de imagens feitas durante o decorrer da parte prática, ou seja, em campo, mostramos

que infelizmente ainda existem partes da cidade na qual não existe o cuidado com o tema que

trabalhamos (MOURA DE ABREU et. al, 2018).

Fez-se um estudo multidisciplinar (Geografia e EA), onde se busca trabalhar a temática

de meio ambiente através de imagens (Figura 1) propostas por Malafaia e Rodrigues (2009),

onde tratam da concepção de natureza e das diferentes ideias sobre meio ambiente que

atualmente têm sido veiculadas por distintos meios de comunicação, os quais divulgam suas

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próprias concepções, muitas vezes afirmando-as como verdades absolutas e restringindo o

conceito de meio ambiente à apenas elementos naturais.

Figura 1 – Temática de meio ambiente propostas por Malafaia e Rodrigues (2009).

O auxílio para a obtenção de resultados quantitativos foi por meio da divulgação na

rede social WhatsApp, onde, de início, tivemos um número satisfatório com esse tipo de

divulgação, porém para um maior alcance de pessoas fomos a campo em de junho a outubro

tendo como meta alcançar o maior número possível de bairros do município. O resultado do

questionário feito no Google Drive estão em forma de gráficos que nos informam a

porcentagem para cada resposta e qual a que prevalece. Os materiais usados desde o papel para

impressão dos questionários até os computadores para a formatação do mesmo estavam

disponíveis no campus Avançado de Lajes.

Os moradores foram convidados a responder o questionário que ficou disponível na

internet. Este é nosso instrumento de pesquisa, sendo utilizado para base estatística dos

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resultados. O mesmo foi adaptado junto as propostas de Almeida et al. (2017) e Malafaia e

Rodrigues (2009), e possui 15 questões, que apresentam temáticas relacionadas desde o

conhecimento sobre o meio ambiente e práticas cotidianas, até questões sobre os problemas

ambientais, os causadores destes e as ações que podem preservar o meio ambiente.

3. Resultados e discussões

Na prática de aplicação de questionários, a amostra da população escolhida deve ser

realizada de forma aleatória, para uma maior interpretação dos dados estatísticos, quanto a

diversidade cultural dos moradores em apreço. Foram entrevistados 223 moradores, onde

verificou-se que a maior parte dos que responderam ao questionário foi de estudantes (84), 27

pessoas do lar, 23 profissionais da área da educação, 9 profissionais da área da saúde, 13

funcionários públicos, 18 afirmaram não ter profissão e demais profissionais com 49 respostas.

A faixa etária dos entrevistados variou de 34,1% para pessoas entre 10-17 anos, 25,1%

para pessoas entre 18-25 anos, 11,7% para pessoas entre 31-35 anos, 9,4% para pessoas entre

36-40 anos, 8,5% para pessoas com 41-50 anos, 6,3% para pessoas com 26-30 anos e, 4,9%

para pessoas com mais de 50 anos de idade. Desse modo, nossa amostra tem uma malha da

faixa etária abrangente, já que apresenta desde jovens até pessoas consideradas na 3ª idade. E,

que a população com maior acessibilidade ao questionário e a aceitação de participar da

pesquisa foi de jovens e adultos novos.

Uma melhor maneira de se identificar os problemas e/ou aspectos positivos de um

local é o tempo no qual o morador conhece o lugar em que vive. Nos resultados sobre tal

perspectiva, pode-se observar que mais da metade dos entrevistados, 51,6%, moram em Lajes

há mais de 15 anos. Já 15,2% mora há 5-10 anos, 12,1% mora na cidade entre 10-15 anos,

10,1% mora entre 1-5 anos e 10,3% moram há menos de um ano na cidade. O que reforça a

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ideia do quanto os moradores nativos reconhecem a cidade e suas fragilidades e vantagens

quanto a vivência no local.

Verificou-se no gráfico 1, a localização dos moradores que responderam ao

questionário, estando estes em sua maioria presentes na região central (bairro antigo) e nas áreas

em processo de ocupação (bairros mais recentes). Vale ressaltar que os bairros mencionados

abaixo foram os que apresentaram mais pesquisados.

Gráfico 1 - Bairros nos quais as pessoas pesquisadas residem.

Apesar de apresentarem na sua forma de agir junto a atitudes simples no dia a dia,

práticas pouco sustentáveis e tendo base em pensamentos de que “só eu fazendo não vale de

nada”, a maioria dos entrevistados (Figura 2) afirmaram que não deixam o carregador do celular

na tomada, diminuindo o gasto energético do seu domicílio (47%). Já 51,5% confirmam que já

derramaram um pouco de água por estar quente, ou mesmo por não querer beber, demonstrando

a pouca importância que se dá a um recurso natural indispensável para a sobrevivência humana.

E, quando se trata de consumir produtos menos impactantes ao meio, 66,4% afirma que

dependendo do produto, pode pagar mais caro, 52,2% afirma que substituiu o consumo de um

produto para reduzir os impactos e, 64,2% dos entrevistados afirmam não verificar se o produto

possui embalagens recicláveis.

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Bairros

Principais bairros encontrados na pesquisa

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Figura 2 – Registros fotográficos da aplicação de questionários nos bairros e a presença de lixo nas ruas de

acesso da cidade. Fonte: Próprio autor, 2018.

Quando o assunto é práticas sustentáveis, 66,4% afirma estar disposto a pagar mais caro

por um produto que cause menor dano ao meio ambiente e 52,2% já substituiu o consumo de

determinado produto por outro similar a fim de gerar um menor impacto ao MA. Constata-se

que boa parte possui atitudes positivas, e como consequência a maioria diz que as questões

relativas ao MA em Lajes estão boas. E, 69,4% mostra ser bem informado, consciente e ter

atitude, afirmando ainda mais as outras respostas dadas nas questões já citadas (Gráfico 2).

Gráfico 2 – Resultado que tratam do consumo, da forma de agir no cotidiano e do meio ambiente de Lajes, RN.

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Quando o assunto é observar se a embalagem do produto consumido é reciclável, 62%

afirmaram que não e usam como justificativa a falta de tempo para parar e analisar a

embalagem. Utilizou-se as imagens para detectar quantas pessoas conhecem o conceito de meio

ambiente, a maioria (53,7%) marcou a imagem que mais se encaixa, que mostra o seres

humanos, seus recursos e outros animais como parte de um mesmo meio, porém como

controvérsia disseram que pode ser caracterizado apenas como os recursos oferecidos aos seres

humanos (Gráfico 3). Já o meio de comunicação ao qual 76,1 % dos entrevistados obtém

informações sobre a temática é a internet, mostrando que este é um importante e necessário

meio para a conscientização atingir todas as idades e regiões.

Gráfico 3 – Resultado das questões que tratam do conceito de meio ambiente através de imagens e texto e o

veículo de comunicação que costuma obter informações sobre as questões ambientais.

Os alunos que abordaram os moradores passaram a ser proativos quanto a busca por

uma melhor conscientização da sociedade quanto a preservação e conservação do MA, através

de metodologias ensinadas em sala, como o uso dos 3 R’s (reduzir, reutilizar e reciclar), dentre

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outras, pois atitudes sustentáveis informam como as pessoas que praticam a pesquisa e aquelas

pesquisadas tem a percepção de se tornar (co)responsável pelo que vem ocorrendo com o

planeta quando se trata da degradação do mesmo.

Todos os problemas socioambientais citados por parte dos pesquisados quanto ao

município e, a problemática, apesar da cidade apresentar uma limpeza dos espaços públicos de

qualidade, os moradores ainda consideram o lixo jogado nas ruas um dos principais problemas

ambientais a cidade, pois o mesmo ocasiona outros problemas, como a poluição.

Vale ressaltar que diversos problemas identificados pela comunidade estão

relacionados, como por exemplo, a falta de saneamento, consequentemente vai acarretar em

problemas de esgoto a céu aberto e possíveis doenças relacionadas a poluição da água que corre

para o rio e, também pode ocasionar doenças. Outra problemática que também pode ser

analisada é a queimada, que degrada o solo, assim como o desmatamento, que também origina

o processo de destruição da fina camada de matéria orgânica e, por conseguinte infertilidade do

solo. Corroborando com Moura de Abreu et. al (2018), ambos os problemas possuem em suas

causas ações de falta de informação e/ou falta de conscientização por parte da comunidade e do

governo em planejar e gerir o espaço da cidade de forma que as condições de moradia sejam as

melhores possíveis para a população local.

4. Considerações Finais

Através da integração dos dados obtidos, das reflexões acerca da percepção ambiental

dos moradores de Lajes e suas formas de agir quanto a preservação do meio ambiente que, a

maioria dos que responderam ao questionário, está ciente que é o causador dos principais

problemas ambientais. Contudo, estes também afirmam que são eles que, com suas ações

sustentáveis, podem ajudar na preservação do meio ambiente.

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Os alunos que fizeram parte da metodologia de pesquisar e interagir com os

entrevistados demonstraram assumir uma postura mais proativa quanto ao diálogo a respeito do

assunto em questão e, nas discussões em sala se tornaram mais participativos. Dessa maneira

pode-se verificar que a pesquisa científica em conjunto com o conteúdo ministrado em sala se

torna uma ferramenta para disseminar e sensibilizar assuntos norteadores de nossas atitudes

cotidianas, gerando ações sustentáveis e sociedades (co)responsáveis pelo planeta.

Agradecimentos

A Instituição do IFRN pela oportunidade e disponibilidade do Campus para a realização da

pesquisa científica, aos moradores de Lajes-RN por terem participado de forma voluntária da

pesquisa e a todos que nos apoiaram.

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