A política de pais para filhos? Desdobramentos de um ... · maneira própria de se relacionar com...
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I Seminário Internacional de Ciência Política Universidade Federal do Rio Grande do Sul | Porto Alegre | Set. 2015
A política de pais para filhos? Desdobramentos de um estudo sobre a aquisição e
a transmissão política entre duas gerações de moradores do bairro Ferrazópolis
em São Bernardo do Campo
Maria Gilvania Valdivino Silva1
Resumo:
Esse texto trata de uma pesquisa em andamento sobre a socialização política - processo de transmissão e aquisição de
informações, percepções, sentimentos e preferências sobre a política, que incide sobre mecanismos de desenvolvimento
de representações, princípios de formação de atitudes e comportamentos políticos. O bairro lócus da pesquisa é
considerado como um espaço privilegiado para uma investigação que tematiza a relação das pessoas com a política por
conta de sua tradição de participação e engajamento associativo, sindical e partidário, porém, passou por diversas
transformações ao longo dos últimos anos. A metodologia utilizada varia entre o uso de práticas qualitativas e
quantitativas, quais sejam, a realização de pesquisa de campo, observação e entrevistas e aplicação de questionários.
Palavras-chave: Socialização Política; Gerações; Trabalhadores; ABC Paulista
Introdução
Esse artigo trata de uma pesquisa em andamento cujo objetivo central é compreender e
analisar os processos de formação e transmissão dos valores, condutas e comportamentos dos
moradores de um bairro popular da região do ABC Paulista no que concerne ao mundo da política2.
Trata-se, portanto, de uma investigação sobre a socialização política, que pode ser definida como um
processo de transmissão e aquisição de informações, percepções, sentimentos e preferências sobre a
política, que incide sobre mecanismos de desenvolvimento de representações, princípios de formação
de atitudes e comportamentos políticos. É um processo colocado em prática desde a mais tenra
infância, no seio familiar e desenvolvido ao longo de toda a trajetória do indivíduo, sendo impossível
separar a socialização política da formação de valores, atitudes, comportamentos e crenças comuns a
todos os seres humanos. (PERCHERON 1985; 1993).
Em meio aos processos de socialização mais amplos, todo e qualquer indivíduo adquire uma
maneira própria de se relacionar com a política, o que pressupõe determinados “conteúdos”,
preferências, modos de percepção, julgamentos e condutas a respeito de assuntos, questões e fatos
políticos. Nesta investigação, pretendemos compreender como se dão tais processos entre duas
1 Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da USP. Endereço eletrônico:
[email protected]. Bolsista CNPq. 2 O termo “mundo da política” é entendido como o conjunto de atitudes, comportamentos, normas e valores que dizem
respeito à política, de modo mais específico, tanto o que diz respeito à direção, organização e administração do Estado
(BOBBIO, 2009), quanto à direção, organização, participação e aproximação de diferentes tipos de associações que
reivindiquem uma causa de interesse comum, como sindicatos, associações de bairro e agremiações de diferentes tipos.
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gerações de moradores de um bairro popular, de tradição operária, no ABC Paulista: Ferrazópolis.
Este bairro surgiu em meio a grande especulação imobiliária dos anos 1970, motivada pela intensa
demanda por moradia dos trabalhadores das indústrias e que precisavam de um lugar para morar ainda
que muitas vezes, em locais pouco estruturados.
A primeira geração foco dessa pesquisa é formada por moradores migrantes, de Minas Gerais,
da região nordeste e interior de São Paulo, proporcionalmente nessa ordem, nascidos entre as décadas
de 1950 e 1960 e que são ou foram trabalhadores metalúrgicos; a segunda geração, por sua vez, é
constituída pelos filhos da primeira geração: nascidos na região do ABC entre as décadas de 1980 e
1990, período no qual tal região industrial já contava com estrutura sindical consolidada e com grande
adesão dos trabalhadores.
Nosso aporte teórico se concentra principalmente campo de estudos da socialização política
desenvolvida na França e ainda de maneira mais incipiente no Brasil, com ênfase sobre dois conceitos
fundamentais: a transmissão intergeracional e os processos de socialização, fenômenos interligado
“em função da necessidade de cada geração transmitir aos seus sucessores aquilo que considera
fundamental para a preservação e continuidade da sua herança”. (TOMIZAKI, 2010: 329- 330).
Inferimos assim, que a análise da formação e transmissão de valores e condutas concernentes
à política no bairro Ferrazópolis passa pela compreensão das relações que unem e/ou opõe as gerações
em questão, bem como pelas condições de formação desses dois grupos geracionais. Assim, o que
pode ser considerado por cada uma dessas duas gerações como fundamental em relação à política
está intimamente ligado à suas respectivas trajetórias e experiências geracionais.
Pautados principalmente em Mannheim (1963), entendemos a formação das gerações como
um fenômeno que vai além da idade ou da proximidade dos nascimentos, o que forma os diferentes
grupos geracionais são as experiências comuns vivenciadas por um determinado grupo de indivíduos.
(MANNHEIM, 1963).
Desse modo, estudar gerações ou grupos geracionais pressupõe a apreensão dos valores,
crenças e práticas (culturais, sociais e políticas), e de determinado modo de se perceber no mundo,
próprios aos grupos analisados. Esse conjunto de experiências são então, fundantes do fenômeno
geracional e exercem forte influência sobre os modos de percepção e tomadas de posição do grupo
que se pretende estudar. (MAUGER, 1990; BOURDIEU, 2007 e PERCHERON, 1993).
A socialização é um processo de transmissão/ aquisição de modos de viver em que diferentes
atores entram em ação, inclusive as crianças ou as chamadas “novas gerações”, isso é possível porque
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os mais jovens não somente assimilam o que lhes é transmitido, reinterpretam o que aprendem e
também ensinam os mais velhos, o que interfere no modo como ambos se percebem no mundo
(BERGER e BERGER, 1975; BERGER e LUCKMANN, 2009; GRIGOROWITSCHS, 2008;
LAHIRE, 1998).
Trabalhamos então, com a socialização como o desenvolvimento de certa representação do
mundo, o indivíduo, recebe vários modelos de representação (provenientes de diferentes instâncias
coexistentes), vai lentamente reinterpretando- os de acordo com as diferentes situações vivenciadas
ao longo de sua existência. (PERCHERON, 1993).
A partir da análise dos resultados de pesquisa anterior, (PEREIRA, 2012), realizada também
no bairro Ferrazópolis, podemos afirmar que as duas gerações em questão possuem uma estreita
relação com o mundo da política, ainda que de modos diversos e até divergentes. Nossa hipótese é de
que a relação entre os moradores de Ferrazópolis e a política está atrelada ao processo de formação e
transformação do bairro que, por sua vez, não pode ser separado do desenvolvimento e da
reconfiguração do mercado de trabalho industrial da região.
Os moradores da primeira geração são pertencentes ao grupo que ficou conhecido
nacionalmente como “os peões do ABC”, o que definimos brevemente como trabalhadores de origem
rural, migrantes, que passaram pela experiência do trabalho infantil e enfrentaram péssimas condições
de moradia, trabalho e salário quando da sua inserção na indústria. Além disso, essa geração também
vivenciou o que, segundo Mannheim (1963) podemos chamar de acontecimento histórico fundante,
qual seja, as greves do ABC Paulista, a partir do final da década de 1970. (PEREIRA, 2012).
Embora com diferentes níveis de engajamento e/ou proximidade com os eventos em questão,
é possível dizer que essa geração que participou e vivenciou esse momento histórico, adquiriu um
modo de vida, o que inclui valores, práticas e determinados modos de perceber o mundo, que são
próprios à condição operária no ABC Paulista, entre os anos 1970 e 1980. (TOMIZAKI, 2006 e 2010).
Constatamos a persistência de uma forte identificação dos antigos trabalhadores metalúrgicos
com aspectos da tradição operária do ABC, o que definimos como a valorização da defesa de direitos
dos trabalhadores, a participação na organização sindical e partidária, até então, preferencialmente
ligada ao PT. (PEREIRA, 2012). Aspectos dessa tradição operária do ABC Paulista permaneceram
mesmo após estes trabalhadores terem sido “expulsos” do setor metalúrgico, o que ocorreu, na
maioria dos casos, pela elevação das exigências, neste setor em termos de escolaridade e qualificação
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técnica, sobretudo, durante os anos 19903. Entre os membros que compõe a segunda geração,
observamos alguns elementos do que nomeamos como tradição operária do ABC, embora em menor
escala, o que se expressa, por exemplo, pela preferência por um posto de trabalho em empresas com
atuação sindical significativa, o que garantiria a preservação dos direitos dos trabalhadores.
É claro que não existe um modo de vida único para todo o ABC Paulista, até mesmo porque
as condições de existência de todos os trabalhadores metalúrgicos da região do ABC não foram as
mesmas em todos os bairros e cidades da região.
No próximo tópico optamos por abordar alguns aspectos que consideramos importantes sobre
a região do ABC Paulista, e o bairro Ferrazópolis, de modo que evidenciamos determinadas práticas
observadas no bairro, que dão indícios do relacionamento dos moradores com o universo político.
A região do ABC Paulista
A região do ABC Paulista ficou mais conhecida no Brasil a partir das décadas de 1940 e 1950
do século XX, período de forte expansão industrial, quando este setor passa a impulsionar cada vez
mais a economia do país. De 1968 a 1974 ocorre o chamado “milagre econômico”, que se caracterizou
por um crescimento econômico acelerado e pesados investimentos em infraestrutura, principalmente,
investimentos no setor industrial. Porém, sem trazer ganhos efetivos aos trabalhadores, tendo
conjugado crescimento econômico à pobreza. (PEREIRA, 2006).
A década de 1950 marca o início da concentração de trabalhadores industriais, migrantes de
outras regiões do país, sobretudo de Minas Gerais e da região nordeste, nas cidades do ABC Paulista.
Entre os anos 1950 e 1970, a população da região triplicou, mesmo sem a existência de investimentos
adequados, organização ou preparação de infraestrutura para receber esses migrantes. (SADER,
1988).
Naquele momento, os interesses que preponderaram em relação aos investimentos de ordem
social foram representados pelas empresas multinacionais. Assim, a necessidade de mão de obra para
as fábricas foi traduzida por parte da população brasileira, essencialmente composta de trabalhadores
rurais, como oportunidade de trabalho e mobilidade socioeconômica para um enorme contingente de
trabalhadores que migraram para o ABC Paulista. (TOMIZAKI, 2007). Assim, a expansão industrial
brasileira, sobretudo a partir das primeiras décadas do século XX, impulsionou a experiência
3 Vale ressaltar, que muitos dos moradores da primeira geração foco de nossa análise estavam também envolvidos em
lutas por moradia digna ou por melhorias nos bairros em que viviam por meio de associações de moradores ou junto às
Igrejas Católicas da região (IFFLY, 2010).
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migratória no país, o que constitui um dos mais importantes fenômenos da configuração atual de
nossa sociedade, que se tornaria cada vez mais urbana. (CANON, 1977; SADER, 1988).
Essa migração foi largamente incentivada pelo fato de a mão de obra existente no estado já
não ser mais suficiente para suprir as necessidades das indústrias que ali se instalavam e também
porque a mão de obra migrante era barata (ALMEIDA, 2008). Os migrantes que vieram para todo o
estado de São Paulo estavam em busca de trabalho e melhores condições de vida, e se dirigiam,
sobretudo, para as cidades mais industrializadas, como São Paulo e região metropolitana. De acordo
com Sayad (1998), há tão somente uma necessidade econômica do imigrante/migrante por parte da
sociedade receptora: “ser uma força de trabalho, e na maioria das vezes, provisória” (SAYAD, 1998:
54).
Em meio a estas condições que propiciaram a industrialização, o crescimento da oferta de
emprego e a chegada cada vez maior de novos moradores para a cidade de São Paulo e para região
do ABC, que já vinha se configurando como importante polo industrial do estado, as cidades
cresceram e novos bairros foram surgindo, em geral, de forma desorganizada e sem planejamento.
Segundo Sader (1988), o que impulsionava o crescimento das novas periferias era a busca dos
trabalhadores por um local de moradia que os livrasse dos pagamentos de altos aluguéis, o que
acabava os direcionando a locais mais afastados ou quando não tão afastados, menos equipados
como é o caso de Ferrazópolis, que foi loteado para se tornar um bairro residencial, porém sem a
mínima infraestrutura para seus novos moradores.
Nesse contexto, Ferrazópolis surgiu como um bairro operário e foi loteado em um momento de
forte especulação no setor imobiliário da região. Assim como em outras cidades industriais no Brasil,
o bairro surgiu em função da instalação de indústrias, ou grandes empresas, nesse caso específico a
Volkswagen e a Brastemp e, ao redor dessas empresas, crescia a especulação imobiliária e os terrenos
próximos passavam a ser loteados. De acordo com os arquivos do departamento de biblioteca pública
e preservação de memória da Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo, o bairro surgiu no
local onde havia uma fazenda e começou a ser loteado oficialmente em 1972. (FONTES, 2008;
SADER, 1988; SARTI, 2003; PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO,
1987).
Embora a escolha do bairro de Ferrazópolis tenha se pautado no fato de que esse foi
constituído como um bairro de origem operária, pode-se dizer que, atualmente, entre os moradores
existe um contingente pequeno de trabalhadores das indústrias metalúrgicas. É preciso destacar que,
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a partir da década de 1980, sobretudo nos anos 1990, muitos moradores do bairro foram excluídos do
mercado de trabalho industrial, em especial do setor automobilístico e, no mesmo sentido, seus filhos
também possuem reduzidas oportunidades de darem continuidade à condição operária vivenciada
pelos seus pais.
Segundo o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, a população de Ferrazópolis é de 41.313
mil habitantes e os rendimentos dos moradores permite enquadrar o bairro como de população de
baixa e média renda, segundo os critérios do IBGE.
TABELA 1 Rendimento mensal domiciliar per capita Bairro Ferrazópolis, São Bernardo do
Campo, 2010
Classes de rendimentos em salários mínimos
Até ½ Mais
de1/2
a 1
Mais
de 1 a
2
Mais
de 2 a
3
Mais
de 3 a
5
Mais
de 5 a
10
Mais
de 10
Sem
rendimentos
Sem
informação
18,2 31,4 32,1 8,5 3,3 0,9 0,1 5,5 0,0
Fonte: Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo, 2012.
Desde o seu loteamento oficial, em 1972, as primeiras moradias do bairro foram marcadas
pela precariedade das construções, num primeiro momento, pois as moradias passavam a ser mais
estruturadas a partir dos primeiros anos de residência. Porém, é a partir dos anos e 1980, que passam
a existir moradias em situações ainda piores, pois começa a formação de favelas ou assentamento
precários, o que fez aumentar consideravelmente o número de habitantes de bairro. Atualmente, o
bairro conta com 20 assentamentos precários4. (PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO
BERNARDO DO CAMPO, 2012).
Ao longo da história de Ferrazópolis foi formada uma rede de solidariedade, que se forjou em
torno de determinadas experiências partilhadas pelos moradores, tais como a migração, a entrada no
mercado de trabalho industrial e a vivência cotidiana no bairro. Essa rede envolvia a vida privada e
coletiva destas famílias. De um lado, temos os movimentos coletivos de bairro, que lutavam pela
4 De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a denominação de assentamentos precários para a
realidade brasileira, se refere à “domicílios que tenham carência em aspectos como: a ausência de rede de água e esgoto
ou fossa séptica canalizada para o domicílio; ausência de banheiro de uso exclusivo para o domicílio; construções (teto e
paredes) feitas em material não permanente; mais de três pessoas residentes por cômodo servindo de dormitório;
aglomeração subnormal e, por fim, o que é caracterizado como irregularidade fundiária urbana, ou seja, moradias
construídas em propriedades de terceiros ou em área de invasão”. (IBGE, 2010).
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garantia de direitos mínimos para a comunidade local e pela urbanização, materializada na primeira
associação do bairro já em 1975.
O apoio da Igreja Católica do bairro no período das grandes greves, entre 1978 e 1980,
prestando assistência social às famílias que se encontravam em dificuldades financeiras e apoiava,
por exemplo nos sermões, o direito de greve também é um fator que merece destaque, pois existia em
Ferrazópolis uma comunidade eclesial de base, núcleo conhecido pela importante atuação política e
social no período de redemocratização do país. (PEREIRA, 2012). Este fator em especial, atraiu uma
série de militantes religiosos, que se converteram ou agregaram as atividades de militância política e
que constituem até hoje lideranças entre os moradores do bairro, atuando em diferentes espaços
associativos da região.
Como podemos observar na tabela abaixo, com dados ainda preliminares que vem sendo
coletados por meio da realização de questionários com uma amostra da população do bairro, pouco
mais da metade desses moradores têm ou já tiveram algum tipo de engajamento associativo, com
destaque para sindicatos, pastorais, associações de bairro e organizações não governamentais.
5 Os dados obtidos a partir da pesquisa no bairro Ferrazópolis ainda são preliminares, a coleta de dados ainda está em
andamento.
Tabela 25: Distribuição dos moradores de 18 anos e mais do Bairro Ferrazópolis,
segundo participação em alguma organização associativa, ano 2015.
Participou em organização associativa %
Total 100,0
Sim 53,0
Não 47,0
Fonte: Entrevistas com moradores do Bairro Ferrazópolis, 2015.
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Tabela 3: Distribuição dos moradores de 18 anos e mais do Bairro Ferrazópolis,
que participam/participaram em alguma organização associativa, segundo
especificação da organização associativa, ano 2015.
Organização associativa %
Total 100,0 Sindicatos 38,8 Pastorais 15,8 ONG 7,4 Partido dos Trabalhadores 5,5 Outras organizações associativas variadas 29,7
Fonte: Entrevistas com moradores do Bairro Ferrazópolis, 2015.
Durante a realização de pesquisa anterior em Ferrazópolis ao longo do ano de 2010,
observamos a intensa mobilização e o envolvimento de moradores com a campanha eleitoral para
Presidência da República, o que era expresso pela dedicação de um número significativo de pessoas
para com divulgação de plataforma de campanha dos candidatos a quem manifestavam apoio, em
geral do PT, além da empolgação observada nas conversas informais e com familiares, que quase
sempre visava influenciar os votos dos mais próximos ou nem tão próximos. De maneira geral, o voto
no PT persiste, como demonstram os dados abaixo:
Tabela 4: Distribuição dos moradores de 18 anos e mais do Bairro Ferrazópolis, segundo
voto no PT, ano 2015.
Voto no PT %
Total 100,0
Sim 76,0
Não 24,0
Fonte: Entrevistas com moradores do Bairro Ferrazópolis, 2015.
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Tabela 5: Distribuição dos moradores de 18 anos e mais do Bairro Ferrazópolis, segundo
voto no primeiro turno das eleições presidenciais de 2014
Voto para Presidente no primeiro turno %
Total 100,0
Não votou 8,0
Nulo 8,0
Em Branco 2,5
Aécio Neves 20,0
Dilma Rousseff 51,0
Eduardo Jorge 0,5
Luciana Genro 3,0
Marina Silva 6,0
Não sabe/Não respondeu 1,0
Fonte: Entrevistas com moradores do Bairro Ferrazópolis, 2015.
Tabela 6: Distribuição dos moradores de 18 anos e mais do Bairro Ferrazópolis, segundo
voto no segundo turno das eleições presidenciais de 2014
Voto para Presidente no segundo turno %
Total 100,0
Não votou 7,5
Nulo 8,0
Em Branco 4,5
Dilma Rousseff 59,0
Aécio Neves 20,5
Não sabe/Não respondeu 0,5
Fonte: Entrevistas com moradores do Bairro Ferrazópolis, 2015.
Entretanto, vale ressaltar que os membros de cada geração estudada têm um modo próprio de
se relacionar com a política, pois dependendo da geração a qual se pertence, alteram-se as condições
de escolarização, a forma de ingresso no mercado de trabalho, e o contexto político em que se deu a
socialização desses indivíduos. É justamente nesse ponto que nosso interesse recai: nos processos de
formação e transmissão de uma geração a outra de modos de se relacionar com a política.
De acordo com Percheron (1985; 1993) todos os indivíduos são dotados de uma competência
política e tais competências podem ser classificadas em três tipos: i) a competência técnica que diz
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respeito ao conhecimento sobre o funcionamento do sistema político; ii) a competência strictu sensu,
que versa sobre a capacidade do indivíduo se situar em um eixo político ideológico de direita ou
esquerda e a iii) competência social, que considera o interesse dos indivíduos pela política, é
importante esclarecer que estar dotado dessas competências não necessariamente levem os indivíduos
a exercer ações políticas.
Antes de prosseguir com o debate, é preciso nos debruçarmos sobre uma ponto de extrema
importância para o comportamento político dos indivíduos analisados por este estudo, o entendimento
do significado dos termos direita e esquerda, o que é fundamental para definir a capacidade que um
indivíduo terá de se enquadrar em um desses polos.
Muitos conhecem os primórdios da utilização da noção de direita e esquerda que remonta ao
parlamento francês do século XVIII. Um dos principais estudiosos sobre o assunto, Bobbio (2009)
trata a igualdade como elemento principal para que se estabeleça a distinção entre direita e esquerda,
nesse sentido, a esquerda tenderia para a busca pela igualdade ao passo que a direita aceitaria os
acontecimentos, entre eles as diferentes formas de desigualdades, encarando-as como naturais. Já para
o caso do Brasil, Singer (2000) afirma que a definição traçada por Bobbio não é a mais adequada para
explicar a díade direita e esquerda e direita pois os brasileiros de maneira geral tenderiam a ter apreço
pela igualdade, o que os difere seria quanto ao agente capaz de promover a igualdade, no caso da
direita, o Estado e no caso da esquerda, os movimentos sociais. (Singer, 2000).
Pierucci (1999) escreveu sobre posicionamentos políticos conservadores em camadas
populares e, fica claro em seus estudos, a necessidade de distinção apontada pelos grupos estudados,
se opondo quanto a ideia de que todos são iguais, o que segundo o autor (claramente influenciado por
Bobbio), é um princípio da direita, que passa a ser reinterpretado por movimentos de esquerdas, com
os grupos das minorias, mas que deve ser lido com cuidado, para que a própria esquerda não caia em
“ciladas.” Entre os entrevistados por nós, poucos eram aqueles que conheciam o significado do termo,
muitos ao serem questionados ou simplesmente não sabiam ou respondiam de acordo com os
significados religiosos dos termos, o que sempre incluía a esquerda a uma maior aproximação com
posições negativas. Quando os entrevistados sabiam responder, optavam apenas por manter a díade
de situação e posição referentes ao governo.
A questão da escolarização dos eleitores poderia ser uma saída para explicar essa dificuldade
de entender o significado dos termos direita e esquerda, pois segundo Singer (1998) e Carreirão
(2002), quanto maior a escolaridade, maior a possibilidade de o enquadramento ou a identificação
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ideológica influenciarem os eleitores no momento do voto. Este é um caminho a ser seguido por nós,
porém, os dados que ainda não estão concluídos, mostram que, mesmo entre aqueles que tem maior
escolaridade entre os entrevistados, há casos de desconhecimento dos termos. Esta é ainda uma
questão em aberto em nossa pesquisa.
Isto posto, trataremos de maneira mais específica, sobre o objetivo principal desse artigo, que
é questão da transmissão intergeracional de aspectos relacionados ao universo da política entre as
duas gerações propostas.
A Socialização para a política: pais e filhos.
Em princípio, poderia considerar-se “natural” que filhos desses pais se apresentassem como
mais propensos a identificarem-se com ações, práticas e discursos da esquerda, que seriam todos
trabalhadores filiados a entidades sindicais, atuantes e preocupados em mudar a realidade em que
vivem. Mas a realidade não comprova tal raciocínio que poderia parecer mais óbvio ou “natural”,
pelo simples fato de que o processo de socialização é bem mais complexo do que o mero reflexo da
trajetória dos pais e passa por uma série instâncias que não a família ou apenas a convivência com os
progenitores. De acordo com Lahire (1998), as experiências pelas quais passamos, seja com a família,
a escola, os amigos ou o trabalho, não são simplesmente sinteticamente somadas durante o processo
de socialização, pois durante esse processo o indivíduo tem um grau de participação em suas
interações. (LAHIRE, 1998, BERGER e LUCKMANN, 2009).
Ao tratarmos especificamente da socialização política neste trabalho, entendemos que
independente da escolha dos jovens em participar e envolver-se de maneira mais aprofundada com o
universo político, todos eles foram socializados politicamente, pois esta é uma parte do processo
global de socialização, trata-se, portanto, simplesmente de uma das facetas de um processo maior e
multifacetado. (PERCHERON 1985; 1993).
O que podemos observar até o momento é que a participação política mais intensa deu-se por
parte dos pais, e que essa participação ainda existe efetivamente. O envolvimento com a militância
política e sindical passou a ser mais intenso a partir da entrada no mercado de trabalho industrial e o
contato com o movimento grevista do ABC a partir dos final da década de 1970, o que ocorreu de
modo majoritário por parte dos homens. Havia mulheres trabalhando nas fábricas, mas a quantidade
de homens eram muito maior. (PEREIRA, 2012). Entre os filhos, o que se observa é que de modo
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geral, aqueles que trabalham em fábricas (sejam elas do setor metalúrgico ou não) são associados ao
sindicato, porém, não participam das atividades sindicais.
Segundo Percheron (1993), quando pai e mãe apresentam mais ou menos o mesmo grau de
interesse por assuntos ligados ao universo político é mais fácil que os filhos partilhem de opiniões e
preferências dos pais. Os modos como o processo de socialização foi posto em prática podem ser
apreendidos também de forma sutil, manifesta, nas tomadas de decisões em família, por exemplo, se
são escolhas autoritárias dos pais, sem consultar os filhos, ou se decisões importantes eram abertas
para diálogo, ou até mesmo as formas de punição que os pais empregavam aos filhos desobedientes.
As preferências partidárias e o interesse dos pais sobre assuntos que envolvessem política são
tidas hoje em dia pelos filhos como exemplos, acham valiosa a luta dos pais, mas não pretendem
segui-la, embora em algum momento da infância ou adolescência tenham admirado e por vezes,
acompanhado os pais em atos políticos. De acordo com Percheron (1993), o fator afetivo tem
correlação significativa com a socialização política, baseada na perspectiva de socialização de Berger
e Luckmann (2009) de que durante o processo de socialização primária os outros significativos, com
os quais as crianças ou as “novas gerações” convivem, costumam ser, inicialmente, os pais, avós,
babás e cuidadores e, em um segundo momento os professores, e que vão se alterando ou aumentando
de número ao longo da trajetória do indivíduo, exercendo especial influência sobre os
comportamentos dos indivíduos e, portanto, também sobre suas opções políticas.
A partir de algumas premissas desenvolvidas por Percheron (1985; 1993), a transmissão de
elementos políticos na família tem maior sucesso quando a família que se interessa por política situa-
se dentro de determinada ideologia e quando tem maiores índices de escolaridade.
Entre os moradores, há certa preferência pelo Partido dos Trabalhadores entre pais e filhos,
mas, no contexto atual, essa preferência vem sendo mantida em número muito maior pelos pais, que
ainda assim, se colocam como decepcionados ou traídos em relação às expectativas que depositaram
no partido que muitos ajudaram a fundar. É mister esclarecer que tal fator não é um reflexo atribuído
exclusivamente à socialização familiar, embora em muitos casos, a influência exercida por um pai
militante sindical e do PT, mesmo sem apoio da mãe, resultou em influência na preferência partidária
dos filhos, mas há casos que a militância do pai obteve resultado oposto, gerando repulsa ou aversão
à política e, principalmente ao PT. No que tange a socialização, em nossa sociedade atual elementos
como as mídias (sobretudo a internet) e diferentes instâncias socializadoras contribuem
significativamente para a maneira como a segunda geração tem se comportado em relação à política,
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o que tem gerado inclusive conflitos familiares quando o assunto entra em pauta, situações
presenciadas durante as observações em período de campanha eleitoral e também, durante a aplicação
dos questionários. (LAHIRE, 1998; SETTON, 2005).
Para a pesquisa que estamos desenvolvendo no mesmo bairro, seguimos com nosso objetivo
de compreender e analisar a formação, identificação ou aversão a determinadas posições políticas e
partidárias, verificando também, seus efeitos sobre a decisão do voto, para a qual são mobilizadas
diferentes estratégias pelos eleitores, como interesses pessoais, coletivos e até mesmo emoções. Além
do que, a bibliografia consultada nos aponta a estreita relação entre o voto e a posição social dos
eleitores. (DURKHEIM, 2002; GAXIE, 1989; BOURDIEU, 2005).
De modo geral, observamos durante a pesquisa anterior realizada no bairro que a socialização
política acabou por contribuir para a formação de uma competência sobre o mundo da política, ainda
que de modo limitado. Tal competência abarca conhecimentos sobre o sistema político, os partidos,
as eleições e as expectativas de que este sistema possa prover as necessidades da sociedade, sobretudo
dos trabalhadores e dos mais pobres, o que poderia ser atribuído ao modo como os pais entendem o
sistema político, como o sistema capaz de prover o bem estar das pessoas, principalmente por meio
do Estado.
Vale destacar que a socialização política, como tantos outros aspectos dos processos de
socialização, ocorre de modo bastante sutil e só passa a fazer sentido em nossa análise quando se tem
claro que todos os indivíduos, ainda que de modos variados, são socializados politicamente, o que
não implica necessariamente que isso se desdobrará em ações políticas ou mesmo no interesse pela
política, pelo contrário, os processos de socialização política podem inclusive conduzir à repulsa pela
política. (PERCHERON, 1985; 1993).
Nesse sentido, vale citar três dimensões desse tipo de socialização: (i) a socialização política,
processo que todo e qualquer indivíduo passa durante sua socialização, que assume os contornos do
meio no qual ele nasceu, cresceu e viveu até determinado momento de sua vida; (ii) a socialização
para a política, típica dos processos de socialização no interior de famílias que se dedicam à vida
pública ou à militância política e que, sistematicamente, organizam experiências socializadoras que
permitam aos seus filhos o acesso a determinados conteúdos e práticas considerados relevantes para
o exercício da opção político-ideológico do grupo ao qual a família pertence e, finalmente, (iii) a
socialização na política, processo que ocorre quando indivíduos jovens ou adultos se inserem em
experiências políticas que reconfiguram seu quadro de valores, comportamentos e percepções do
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mundo. Poderíamos dizer que a primeira geração passou por esse último processo, enquanto que seus
filhos somente pela primeira modalidade de socialização política, ou seja, a mais genérica e ampla.
Diante do quadro e dos diferentes níveis de participação e engajamento político encontrado
entre as duas gerações analisadas, gostaríamos de enfatizar que “nem todas as juventudes se
distinguiram historicamente, pela disposição a contestar o mundo em que nasceram”. (RIBEIRO,
2004), e no caso específico dos indivíduos analisados, nem todos os filhos de metalúrgicos, militantes
ou simpatizantes do Partido dos Trabalhadores, seguem ou seguirão o exemplo dos pais.
É fato que para a realidade do bairro Ferrazópolis, lidamos com jovens pobres, moradores de
um bairro popular, com perspectivas limitadas de emprego e que superaram seus pais, a primeira
geração, no que diz respeito à escolaridade, porém, a politização de seus pais e a luta política que
tiveram não é a sua. Na fala deles, a política é o que se refere ao sistema administrativo, aos senadores,
aos deputados e eles colocam-se a favor ou contra essas atividades. Alguns preferem conhecer o
mínimo sobre o universo político ou dedicaram parte de seu tempo a contestá-lo. (PEREIRA, 2012).
A luta desses jovens, independentemente de ser atrelada a política, se desenvolve muito mais
no âmbito da luta por melhores condições de vida. O que se traduz na tentativa de realizar cursos
profissionalizantes, na saída de casa para conseguir uma colocação no mercado de trabalho, na luta
diária contra a “tentação” do dinheiro “conseguido mais facilmente” com atividades criminosas a
porta de suas casas. Em outras palavras, é uma luta que é travada individualmente e não coletivamente
como seus pais puderam fazer como metalúrgicos. Entretanto, não se trata de jovens individualistas
ou desinteressados pela política, a ideia é chamar a atenção para as diferentes configurações histórico-
sociais e políticas nas quais cada uma dessas gerações formou-se, com suas potencialidades e
limitações. Esses jovens não são herdeiros políticos de seus pais, mas são herdeiros da situação de
precariedade profissional deles, o que reflete no fato de se concentrarem na luta por emprego ou
moradias dignos, não se tratam de herdeiros políticos, se tratam de herdeiros de sonhos: que levaram
a migração, a busca pela melhoria da vida, por um trabalho com condições adequadas e dignas, por
moradia própria e decente, por escolaridade e um futuro cada vez melhor para os seus. (PEREIRA,
2012).
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