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    Reviso da Literatura

    A prtica de exerccios fsicos em pacientes com transtornos alimentares

    Physical exercises in patients with eating disorders

    paulacostateIxeIra,

    , roberto ferNaNdesdacosta, saNdram. m. matsudo, tKI athaNssIos cordsAmbulatrio de Bulimia e Transtornos Alimentares (Ambulim) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo (IPq-HC-USP).

    Centro de Estudos do Laboratrio de Aptido Fsica de So Caetano do Sul (CELAFISCS).

    Recebido: 22/4/2008 Aceito: 5/12/2008

    Resumo

    Contexto: Dierentes estudos discutem a relao da prtica excessiva de exerccios sicos com transtornos alimentarescomo estratgia para perda de peso. Objetivo: Revisar a literatura sobre a prtica de exerccios sicos em pacientes

    com transtornos alimentares, discutindo defnies, critrios diagnsticos e propostas teraputicas. Mtodos: Levan-tamento bibliogrfco oi realizado por meio de MedLine, LILACS e Cochrane Library, com os termos transtornosalimentares, anorexia, bulimia, exerccio sico excessivo, atividade sica, exerccio obrigatrio, exercciocompulsivo e exerccio excessivo. Resultados: Dos 80 artigos encontrados, oram selecionados 12 que incluama investigao de um padro de atividade sica considerado excessivo em indivduos acima dos 18 anos e uso dealgum instrumento de avaliao para essa fnalidade. A prtica de exerccios sicos em pacientes com transtornosdo comportamento alimentar revisada. Concluso: No h consenso sobre critrios diagnsticos e instrumentospara considerar o exerccio sico como inadequado ou excessivo e seu uso como recurso para perder peso. Por outrolado, a prtica de exerccios sicos durante o tratamento de pacientes com transtornos alimentares pode ser benfcadesde que orientada e supervisionada.

    Teixeira PC, et al. / Rev Psiq Cln. 2009;36(4):145-52

    Palavras-chave: Transtornos alimentares, anorexia, bulimia, exerccio sico excessivo.

    Abstract

    Background: Several studies discuss the relationship between excessive physical exercises and eating disorderpatient as a strategy to lose weight. Objective: Review the literature concerning physical exercises in eating disorderpatients including defnitions, diagnostic criteria and therapeutic proposals. Methods: A literature review was donethrough MedLine, LILACS and Cochrane databases using the terms eating disorders, anorexia nervosa, bulimianervosa, physical activity, obligatory exercise, compulsive exercise and excessive exercise. Results: 12 articlesin a sampling o 80 were selected. These articles include the investigation o a physical pattern that was consideredexcessive in adults over 18 and the use o evaluation instruments. The practice o physical exercises in patients withdisturbed eating behaviors is revised. Discussion: There is no consensus in literature about diagnostic criteria and

    instruments to consider the physical exercise as inadequate or excessive and its use as a way to lose weight. On theother hand the practice o physical exercises along the treatment o eating disorder patients could be benefcial ioriented and supervised.

    Teixeira PC, et al. / Rev Psiq Cln. 2009;36(4):145-52

    Keywords: Eating disorders, anorexia nervosa, bulimia nervosa, excessive physical exercise.

    Endereo para correspondncia: Paula Costa Teixeira. Ambulatrio de Bulimia e Transtornos Alimentares do IPq-HC-FMUSP (AMBULIM). Rua Ovdio Pires de Campos s/n, 2 andar 05403-010

    So Paulo, SP. Telefax: 3069-6975. E-mail: [email protected]

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    Introduo

    Os impactos positivos da prtica regular de exercciossicos para a sade so evidenciados na literatura pormeio de estudos epidemiolgicos1-6. Benecios fsiolgi-cos como manuteno do peso corporal, preveno dedoenas cardiovasculares e osteoarticulares, controle da

    presso arterial e dos nveis de colesterol, alm de bene-cios psicolgicos e sociais como melhora da autoestimae do convvio social, preveno de depresso e estresseso exemplos desse impacto6,7. No entanto, indivduoscom transtornos alimentares (TA) requentemente nose benefciam, na medida em que podem utiliz-los comoestratgia para perder peso de orma inadequada e porvezes de orma compulsiva. Dierentes autores descre-vem a relao entre o comportamento compulsivo e aprtica de exerccios sicos nesses pacientes, emboracaractersticas e defnies no sejam consensuais8-12.

    Sugere-se que aproximadamente 80% dos pacientes

    com diagnstico de anorexia nervosa (AN) e 55% dospacientes com bulimia nervosa (BN) praticam exercciosico de orma compulsiva em algum momento de suahistria clnica8,9. Estudos mostram que os TAs tambmpodem ser encontrados em atletas de alto nvel; ginastas,jqueis e corredores olmpicos colocam-se ao lado debailarinas profssionais entre as populaes de maiorprevalncia13,14.

    Por ser mais comum o diagnstico de TA em mu-lheres (90%) do que em homens (10%), os estudosexistentes na literatura possuem amostras predominan-temente emininas. O que chama a ateno, porm, a

    surpreendente requncia tambm no sexo masculino.Sundgot-Borgen15 descreve uma prevalncia de TA em9% no sexo masculino e 20% no eminino entre atletasnoruegueses de elite.

    A prevalncia da AN na populao geral de 1% e nocaso da BN a prevalncia pode chegar a 4%16.

    Este artigo tem por fnalidade apresentar uma re-viso da literatura a respeito da prtica de exercciossicos em indivduos com transtornos alimentares, in-cluindo anorexia e bulimia nervosa. As divergncias dostermos utilizados na literatura para defnir o excessode exerccios sicos so discutidas e os critrios para

    inserir tais exerccios como uma proposta teraputicapara os pacientes com TA.

    Matriais mtodos

    Realizou-se uma reviso de literatura utilizando-se dabase de dados do MedLine e Cochrane Library, com osseguintes termos: eating disorder, physical activity,excessive exercise, obligatory exercise e compul-sive exercise. Encontraram-se 155 e 168 artigos noPubMed e no Cochrane Library, respectivamente.

    No LILACS a busca oi eita utilizando o descritor

    de assunto transtornos da alimentao e exerccio

    sico (3 artigos); atividade sica (3 artigos). No oramencontrados artigos com os demais termos.

    No total, oram encontrados 80 artigos sem repetio.Para a seleo fnal estabeleceram-se os seguintes crit-rios de incluso: ter como um dos objetivos do estudoinvestigar o padro de atividade sica; utilizar alguminstrumento para esse fm; ser a amostra do estudo

    constituda por indivduos acima dos 18 anos de idade;apresentar defnio do que era considerado exerccioinadequado. Ao fnal, oram selecionados 12 artigos.

    Aspctos concituais

    Convm, inicialmente, que os conceitos de atividadesica, exerccio sico e esporte sejam defnidos, da-das as divergncias na literatura e seu uso por vezesincorreto.

    Segundo Caspersen et al.17, atividade sica qual-quer movimento corporal produzido pelos msculos

    esquelticos que resulta em um gasto energtico maiordo que os nveis de repouso. J o exerccio sico umaatividade sica estruturada, ou seja, uma sequnciaplanejada de movimentos repetidos sistematicamente,que possui requncia, durao e intensidade delinea-das, com o objetivo de melhorar ou manter um ou maiscomponentes da aptido sica relacionada sade.Esporte uma atividade sica que envolve habilidadese capacidades motoras especfcas de uma modalidade,com regras predeterminadas, que visa competioentre os praticantes.

    A atividade sica pode ser classifcada, de acordocom a intensidade, em leve, moderada ou vigorosa.

    Ainsworth et al.18 utilizam o mltiplo da taxa metabli-ca de repouso (MET) para classifcar a intensidade daatividade. O MET expresso em consumo de oxignioem repouso por unidade de massa corporal; assim, 1MET equivale a 3,5 mL/kg/min. Exemplifcando, umaatividade sica realizada para 2 METs requer duas vezeso metabolismo de repouso de um indivduo, 3 METs sotrs vezes o valor de repouso, e assim por diante19. Ati-vidade sica classifcada como leve equivale a 4 METs,moderada, a 6 METs e vigorosa, a 8 METs18. Pode-seusar a caminhada como um exemplo para acilitar acompreenso. Caminhar a uma velocidade rpida que

    ainda permita ao indivduo manter uma conversaosem difculdades uma atividade sica moderada. Logo,caminhar devagar seria classifcado como atividadeleve, e a presena de respirao oegante seria indciode atividade vigorosa.

    Transtornos alimentares so caracterizados pordistrbios no comportamento alimentar20. A anorexianervosa e a bulimia nervosa e suas sndromes parciaisso os mais comuns. A anorexia nervosa caracterizadapor perda de peso intensa e intencional, em virtude dedietas rgidas, busca desenreada pela magreza e gra-ve distoro da imagem corporal, podendo ocasionar

    alteraes no ciclo menstrual21

    . J a bulimia nervosa

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    caracterizada por grande ingesto de alimentos, comsensao de perda de controle, preocupao excessivacom o peso e a imagem corporal e utilizao de mtodoscompensatrios inadequados para controle do peso comovmitos, medicamentos, dietas e exerccios sicos22.

    Critrios d diagnstico:

    divrgncias nas classifcas

    O uso de exerccios sicos como meio para controlaro peso parece ser comum entre os indivduos com TA,principalmente, entre os pacientes com AN23. Entretanto,nos critrios diagnsticos do DSM-IV20 e do CID-1024,o exerccio sico vigoroso citado como um compor-tamento compensatrio e inapropriado para prevenirganho de peso apenas em pacientes com diagnstico debulimia nervosa. Nos critrios utilizados para o diagns-tico de AN, o termo exerccio sico excessivo citado,mas no constitui um aspecto essencial.

    Alguns autores adotam termos como obligatory ecompulsive para caracterizar indivduos que se exer-citam demasiadamente e que so incapazes de controlara necessidade pelo exerccio, azendo-o mesmo quandono esto se sentindo bem, ou deixando de cumprircompromissos sociais12,25,26.

    Adkins e Keel10 admitem que no existe consensosobre o termo que melhor caracteriza o exerccio nosaudvel praticado por pacientes com TA. As autorasdividiram o exerccio sico em dois aspectos: quantitativo(excessivo) e qualitativo (compulsivo) o quantitativocorresponde requncia, durao e intensidade doexerccio. O componente qualitativo caracterizado pelaexistncia de troca de outras atividades de lazer ou ami-liares por uma agenda rgida, em que o indivduo no sepermite dias sem exerccio. Quando isso eventualmenteocorre por alguma razo, o indivduo apresenta um qua-dro com sintomas ansiosos, depressivos e irritabilidadepor ter perdido a sesso de exerccios. Esses critriosaproximam esse enmeno da sndrome de abstinnciaencontrado em dependentes qumicos.

    Para verifcar se o exerccio sico compulsivo seriaparte de um transtorno alimentar ou uma prtica exces-siva isolada, Adkins e Keel10 dividiram uma amostra de265 universitrios (sendo 162 mulheres e 103 homens,

    incluindo desde atletas at indivduos que no pratica-vam exerccios regularmente) em dois grupos. Um delesoi classifcado como grupo que se exercitava com o obje-tivo de controlar o peso ou cuidar da aparncia e o outrono. O estudo concluiu que a qualidade do exercciopredizia positivamente a presena de sintomas de BN,enquanto a quantidade de exerccio no. Esse achadosugere a ideia de que o exerccio no saudvel podeconstituir um sintoma de BN quando ele compulsivoe no excessivo baseado nos critrios quantitativos.

    Em um estudo brasileiro, Assuno et al.27 avaliaram47 pacientes (13 com AN, 32 com BN e 2 com transtorno

    alimentar no especifcado) com objetivo de analisar

    os mtodos utilizados para perda de peso. No total daamostra, 70% relataram o exerccio sico como um dosmtodos usados para controle ou perda de peso. Os auto-res consideraram um perodo superior a duas horas pordia como um exerccio excessivo e incluram tambmcomo critrios a obrigatoriedade de se exercitar mesmoquando indispostos e a presena de uma rotina fxa com

    compensaes caso altassem a alguma sesso.Embora utilizando termos dierentes, compulsivo10e excessivo27, ambos os estudos sustentam que a qua-lidade do exerccio um ator mais relevante do que aquantidade.

    Mond et al.11 avaliaram a relao entre exerccio,comportamento alimentar e qualidade de vida em 3.472mulheres, com idade entre 18 e 42 anos, que praticavamexerccio regularmente. Os autores consideraram oexerccio como excessivo quando o indivduo o pratica-va porque experimentava uma imensa culpa caso no oexecutasse ou adiasse a atividade (3,9%) e/ou quando o

    objetivo primrio e nico era inuenciar o peso e a ormacorporal (9,2%). A combinao entre esses dois comporta-mentos teve associao estatisticamente signifcante comsintomas de transtorno alimentar (r = 0,53; p < 0,01).

    A nosso ver, o termo que melhor caracterizaria omodo de execuo do exerccio sico descrito nesseestudo seria compulsivo, e no excessivo, comodenominaram os autores. Mais uma vez oi possvel en-contrar uma importante correlao clnica pela descrioenomenolgica do comportamento, e no da quantidadede horas de exerccios dirios.

    Rodgers et al.28 utilizam o termo obligatory exercisee

    defnem-no como um comportamento que comprometea atividade diria do indivduo e que pode ser associadoa sintomas de TA; o indivduo sente culpa quando perdeuma sesso de exerccio. Hausenblas e Dows29 utilizamo termo exercise dependencee criticam as divergnciasexistentes na literatura no que diz respeito defnio ena avaliao do exerccio, o que difculta as comparaese as discusses entre os pesquisadores.

    A divergncia entre os termos realmente intererena avaliao do padro de atividade sica. No apenas oexerccio precisa ser avaliado, mas tambm atividadessicas no estruturadas como atividades domsticas e

    ocupacionais podem ser usadas como meio para quei-mar calorias.

    Instrumntos utilizados para quantifcar o nvl datividad sica m pacints com TA

    Parece no existir consenso sobre qual seria o melhorinstrumento para mensurar o nvel de atividade sicaem pacientes com TA. Na tabela 1 esto descritos osestudos que tiveram como objetivo mensurar a atividadesica, o nmero da amostra, o tipo de TA, a mdia e odesvio-padro da idade e do ndice de massa corporal

    (IMC) e o instrumento utilizado.

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    Tabla 1. Caractersticas da amostra e instrumentos utilizados pelos principais estudos que avaliaram a prtica deexerccios sicos e a relao com transtornos alimentares

    estudo N Pacints Gnro Idad(anos)

    IMC(kg/m2)

    Instrumnto para mnsurar a atividad sica

    Hubbardet al.30

    49 Semdiagnstico

    Feminino 19,6 2,6 22,0 2,2 OEQ The Obligatory Exercise Questionnaire26Exercise Demographics Questionnaire (eito para o estudo)

    Pinkstonet al.31

    11 AN Feminino 20,0 1,6 19,0 1,2 CES Commitment Exercise Scale32PAR Seven-day Physical Activity Recall33

    Rodgerset al.28

    243 Semdiagnstico

    Masculinoe eminino

    30,0 11,5 Noapresenta

    EIQ Exercise Imagery QuestionnaireOEQ The Obligatory Exercise Questionnaire26

    Smith et al.12 94 Semdiagnstico

    Feminino 36,6 12,0 23,8 2,7 OEQ The Obligatory Exercise Questionnaire26EIQ Exercise Involvement Questionnaire

    (elaborado pelos autores)MOCI Maudsley Obsessive-Compulsive Inventory34

    Assunoet al.27

    47 AN e BN Feminino 24,3 5,3 21,5 4,1 CES Commitment Exercise Scale32

    Hausenblase Dows29

    266 Semdiagnstico

    Masculinoe eminino

    21,7 2,8 - EDS Exercise Dependence ScaleLTEQ Leisure-Time Exercise Questionnaire35

    Sel-ecacy Questionnaire36

    EDQ The Exercise Dependence Questionnaire37

    Peas-Lledet al.8

    124 AN e BN Feminino 20,2 5,0 19,2 1,9 Autorrelato (prtica de AF por pelo menos cinco vezesna semana, por pelo menos uma hora interrupta, com o

    objetivo de gastar calorias, era consideradaexerccio excessivo)

    Mond et al.23 169 Semdiagnstico

    Feminino 33,4 9,1 24,3 4,9 Autorrelato da requncia e da durao da prtica de AFdas ltimas quatro semanas (considerando exerccio dequalquer tipo realizado pelo menos uma vez por semana)

    CES Commitment Exercise Scale32

    REI Reasons or Exercising Inventory

    Adkins eKeel10

    265 Semdiagnstico

    Masculinoe eminino

    19,7 1,5 22,7 3,0 EDI Eating Disorder Inventory38REI Reasons or Exercising Inventory

    OEQ The Obligatory Exercise Questionnaire26

    Mond et al.11 3.472 Semdiagnstico

    Feminino 29,9 7,2 24,2 Autorrelato da requncia e da durao da prtica de AFdas ltimas quatro semanas (considerando exerccio dequalquer tipo realizado pelo menos uma vez por semana)

    CES The Commitment Exercise Scale32

    Autorrelato sobre a motivao para o exerccio

    Davis eKaptein21

    50 AN Feminino 25,4 9,1 14,3 1,8 Face-to-ace protocolMaudsley Obsessive-Compulsive Inventory (MOCI)34

    Klein et al.39 36 AN Feminino 26,3 5,9 15,8 1,8 Autorrelato do histrico da prtica de AF dos ltimos trsmeses

    CES The Commitment Exercise Scale32

    Uso do acelermetro durante 48 horas consecutivas

    No estudo de Smith et al.12, os autores compararamindivduos classifcados como praticantes de exerc-cios sicos compulsivos (n = 34) e no compulsivos(n = 60). Os instrumentos utilizados para tal classifcaooram dois: OEQ26, que contm 20 itens que avaliam ocomportamento do indivduo em relao prtica de

    exerccios sicos, e o EIQ, que determina o tipo de

    atividade realizada, a requncia e a durao. Os indi-vduos ditos compulsivos apresentaram mdia de 9,82horas por semana de exerccios sicos, enquanto osno compulsivos tiveram 4,90 horas por semana. Almdisso, os compulsivos apresentaram maior preocupaocom a gordura corporal, principalmente na regio do

    quadril e da coxa.

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    Por outro lado, Adkins e Keel10 avaliaram 265 indi-vduos utilizando o OEQ e o REI40, que divide as razespara a prtica de exerccio sico em quatro categorias:sade e aptido sica, estresse e humor, sociabilizaoe aparncia e controle do peso corporal, e esta ltima oiutilizada para a diviso do grupo em high appearance-motivated exercisers(n = 136) e nonappearance exer-

    cisers(n = 129). As autoras no explicam o motivo daescolha da categoria para a diviso dos grupos. A requ-ncia e a durao da prtica de exerccios oram obtidaspor autorrelato. Apesar de o grupo high appearanceapresentar preocupao maior com a aparncia estatis-ticamente signifcativa do que o grupo nonappearance,o primeiro apresentou mdia de 4,02 horas de exercciopor semana, e o segundo, de 4,98 horas. No houvedierena signifcativa, porm esperava-se que, por sepreocupar mais com o corpo, o grupo high appearancese exercitasse mais, o que no aconteceu. Assim, nose pode associar somente a preocupao com o corpocom a prtica inadequada de exerccios.

    Davis e Kaptein21 classifcaram pacientes com ANem excessive exercisers, baseados em dois critrios:participar de algum tipo de programa regular de exerc-cios por no mnimo 6 horas por semana e acreditar queessa prtica estava ora de controle ou era excessiva.Esses autores explicam, porm, que o tempo de 6 horasutilizado como critrio arbitrrio e pode ser questiona-do. Eles citam a recomendao de atividade sica parasade proposta por Pate et al.2, que preconiza pelo me-nos 30 minutos de atividade sica moderada na maioriados dias da semana. Entretanto, ponderam tambm quepara pacientes com AN qualquer exerccio sico pode

    ser considerado excessivo, por causa, principalmente,do peso inadequado.

    Hausenblas e Dows29 explicam que a dependncia peloexerccio assimila-se dependncia de substncias qumi-cas e que sua avaliao deveria ser eita considerando ossintomas cognitivos, comportamentais e fsiolgicos. Porisso, criaram o EDS, que avalia a dependncia pelo exerc-cio de orma multidimensional, classifcando os indivduosem trs nveis: at-risk, nondependent-symptomatic enondependent-asymptomatic, de acordo com os critriosdo DSM-IV para dependncia por substncias.

    Este estudo vem ao encontro temtica principal do

    presente artigo. importante avaliar a requncia, a du-rao e a intensidade do exerccio praticado, porm essaavaliao deve estar aliada a sintomas de dependncia.

    Para analisar a prtica de exerccios sicos em 169mulheres australianas, Mond et al.23 utilizaram doisinstrumentos, o REI e o CES32. O CES um instru-mento muito utilizado nos estudos nessa rea. So oitoperguntas que avaliam o grau de comprometimentodo indivduo com a prtica de exerccios sicos. Noestudo de Mond et al.11, uma das questes do CES queapresentou maior associao (r = 0,57) com sintomasde transtornos alimentares oi a que perguntava ao in-

    divduo se, quando ele perdia uma sesso de exerccios

    sicos, ele se sentia triste ou chateado. Esse achadotambm contribui com a hiptese de que no apenasa quantidade de exerccios que o indivduo pratica, mastambm o motivo que o leva a praticar.

    Hubbard et al.30 compararam mulheres que pratica-vam exerccios com o objetivo de queimar as caloriasingeridas, mudar sua aparncia sica e tornarem-se

    magras com outras mulheres que se exercitavam pormotivos no relacionados com comida. Os autoresveriicaram que as primeiras apresentaram valoressignifcativamente maiores de sintomas de transtornosalimentares, insatisao corporal, prtica compulsivapor exerccios e baixa autoestima. Na tentativa de des-cobrir o motivo da prtica de exerccios, os autores ela-boraram o questionrio EDQ (Exercise DemographicsQuestionnaire), que mostrou que 29% das mulheres a-ziam exerccios para se sentirem bem fsicamente e 16%para perder peso; entretanto, esses resultados podemser questionveis, pois nem todas as pessoas que azemexerccio para emagrecer admitem tal motivo.

    Raros so os estudos nos quais oram utilizadosmtodos diretos de mensurao do nvel de atividadesica, como pedmetros ou acelermetros, que pode-riam contribuir para a quantifcao da atividade sicanesses indivduos39. Os pedmetros so aparelhos queregistram o nmero de passos do indivduo, enquanto oacelermetro capaz de quantifcar o nmero de movi-mentos corporais em dierentes eixos e o tempo dessaatividade, sendo possvel at estimar o gasto calrico.

    Klein et al.39 quantifcaram a atividade locomotorade pacientes com AN, utilizando acelermetros, e en-contraram uma associao positiva entre o histrico das

    pacientes e a prtica excessiva de exerccio, isto , aspacientes que relataram prtica de exerccios totalizandono mnimo seis horas por semana nos ltimos trs mesesapresentaram de ato maior atividade locomotora noacelermetro e associao moderada e signifcativa como CES (r = 0,36; p < 0,03). Quanto aos outros parmetrosanalisados, como IMC, sintomas depressivos, sintomasansiosos e TA, no oram encontradas dierenas esta-tisticamente signifcantes.

    Dos 12 artigos selecionados (Tabela 1), apenas 1utilizou um questionrio validado para quantifcao donvel de atividade sica e requentemente utilizado em

    pesquisas epidemiolgicas com esse fm. Pinkston etal.31 utilizaram o PAR33, um dirio de atividade sica queo indivduo preenche durante uma semana, descrevendoo tipo de atividade realizada em cada perodo do dia (ma-nh, tarde e noite), a durao, a intensidade e o tempodedicado ao descanso. Com esse instrumento tambm possvel estimar o gasto calrico do indivduo.

    Dirnas da prtica d xrcciosico ntr os gnros

    A prevalncia de TA em mulheres e homens mudou

    bastante nas ltimas duas dcadas. H 20 anos, a

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    relao entre os gneros para o diagnstico de AN erade 1 homem para cada 15 mulheres. Atualmente, essarelao pode chegar a 1 homem para cada 4 mulheres,segundo alguns autores41. Apesar de as caractersticasda doena serem similares, os homens apresentam die-renas no seu histrico de vida em relao a obesidade,identidade sexual e no comportamento com dietas e

    prtica esportiva42

    .O objetivo da prtica de exerccios sicos dierenteentre homens e mulheres. Enquanto a maioria das mu-lheres pratica exerccios com o nico intuito de perderpeso, os homens parecem estar mais preocupados emconquistar um corpo orte e musculoso43.

    Descrito pela primeira vez por Pope et al.44 comoanorexia nervosa reversa, dismorfa muscular ou vi-gorexia, um quadro ainda no validado pelos manuaisde diagnstico da doena (CID-10 e DSM-IV), associado distoro de imagem corporal em indivduos do sexomasculino. A dismorfa muscular envolve uma preocu-

    pao de no ser sufcientemente orte e musculoso emtodas as partes do corpo. Isso az com que os indivduoscom esse problema limitem suas atividades dirias parapoder se dedicar a muitas horas de exerccios de oramuscular e dietas para hipertrofa muscular, o que podeocasionar sorimento pessoal e prejuzos na vida dessesindivduos. A relao desse quadro com os TAs ou suamaior proximidade com os transtornos dismrfcospermanece em aberto.

    A prtica d xrccios sicos durant o tratamnto

    O Colgio Americano de Medicina do Esporte reco-menda a prtica regular de uma atividade sica estru-turada para garantir uma vida saudvel. Haskell et al.6explicam que o indivduo sem contraindicao mdicapara a prtica de exerccios deve combinar exerccios deintensidade moderada e vigorosa; a moderada pode sereita todos os dias da semana por pelo menos 30 minutospor dia e a vigorosa, por no mnimo 20 minutos por diaem 3 vezes na semana.

    Um estilo de vida saudvel, o que incluiu a prticaregular de exerccios sicos, pode proporcionar a qual-quer indivduo benecios fsiolgicos, psicolgicos e

    sociais, como pode ser visto no quadro 1. A prevenode doenas cardiovasculares, hipertenso, diabetes dotipo 2, osteoporose, obesidade, depresso e at cncer igualmente postulada46.

    O exerccio sico no atua apenas na preveno dedoenas crnicas no transmissveis, sua prtica con-tribui tambm na reabilitao de diversos diagnsticosclnicos como cncer e sndrome da imunodefcinciaadquirida (AIDS), por exemplo.

    Hausenblas et al.45 relatam que o exerccio praticadoregularmente pode contribuir com o tratamento de pa-cientes com TA, atuando principalmente nos aspectos

    psicolgicos (Quadro 2).

    Quadro 1. Benecios do exerccio sico7,6,45

    Fisiolgicos Psicolgicos sociais

    ora muscular

    densidade ssea

    gordura corporal

    risco de doenascardiovasculares

    Controle da presso arterial

    nveis de colesterol

    dor crnica

    risco de insnia

    autoestima

    depresso

    ansiedade

    estresse

    Melhora da imagemcorporal

    isolamento social

    autonomia

    convvio social

    Quadro 2. Benecios do exerccio de ora e do aerbico47,48

    Fora Arbico

    Auxilia no ganho de peso

    massa magra

    Previne a osteoporose

    Modesta demandaenergtica

    ora e resistncia

    muscular

    nveis de energia

    Reduz % gordura corporal

    Auxilia na perda de peso

    Sem mudanas para massamagra

    Poucos benefcios paramassa ssea

    Maior demanda energtica

    Maior gasto calrico

    potncia aerbica

    nveis de energia

    Reduz % gordura corporal

    Os exerccios resistidos (de ora) geralmente soescolhidos para integrarem um programa de reabilita-o sica em virtude de seus benecios fsiolgicos epsicolgicos, que apenas o exerccio aerbico no seriacapaz de produzir (Quadro 2).

    Poehlman et al.49 relatam que o treinamento resisti-do, quando comparado ao exerccio aerbico, apresentagasto energtico moderado, enquanto contribui parao aumento da ora muscular e, consequentemente,o aumento da massa magra, alm de contribuir para apreservao da perda de massa ssea, o que ajuda napreveno de doenas como osteoporose.

    Dependendo da doena, o exerccio aerbico no a melhor opo, pois, apesar de provocar alto gasto

    energtico e ajudar na reduo da gordura corporal,esse tipo de exerccio no traz tantos benecios aosistema muscular e massa ssea quanto os exercciosde ora50.

    No caso de pacientes com diagnstico de transtornosalimentares, poucos estudos oram realizados para verif-car os benecios da atividade sica durante o tratamento.Para os pacientes que sorem com o excesso de peso, oexerccio pode contribuir muito como coadjuvante notratamento. Porm, para os pacientes que azem restri-o alimentar e no esto hospitalizados e em ase derecuperao de peso, a prtica de exerccios sicos

    totalmente contraindicada.

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    151Teixeira PC, et al. / Rev Psiq Cln. 2009;36(4):145-52

    Beumont et al.51, em um estudo de reviso, reco-mendam sesses de exerccios como componente detratamento de recuperao do peso no intuito de reduzira ansiedade, elevar o humor e ajudar na alimentao. Osautores relatam que, para participar de um programa deexerccio sico supervisionado, o indivduo no deveapresentar nenhum outro tipo de quadro clnico que

    impea a prtica de exerccios, principalmente proble-mas cardiovasculares.Este estudo tambm apresenta os objetivos e cui-

    dados que devem ser seguidos em um programa deexerccios como coadjuvante no tratamento de pacien-tes com TA hospitalizadas. Alguns dos objetivos doprograma so:

    1. Promover sade por meio da educao e da pr-tica regular de exerccios.

    2. Enatizar o cuidado com a sade, com a imagemcorporal e com a autoestima.

    3. Colaborar com a recuperao de peso, promo-vendo, principalmente, ganho de massa magra ediminuindo o tecido adiposo.

    4. Incentivar a prtica de exerccios como umaalternativa de atividade social.

    5. Desmistifcar crenas e mitos reerentes prticaexcessiva e inadequada.

    De acordo com esses autores, o programa deexerccios deve atuar nos seguintes componentes:exibilidade, postura, ora, atividades em grupos eatividades aerbicas de intensidade moderada. Apesarde exerccios aerbicos vigorosos, assim como ativida-des de alto impacto, serem proibidas, existem outros

    que, por serem de intensidade moderada, podem serrecomendados como, por exemplo, caminhada, natao,hidroginstica e andar de bicicleta, que, se orem bemorientados quanto intensidade (de leve a moderada),contribuem para o estado de sade dos pacientes.

    Com o mesmo princpio de colaborar com a recu-perao do peso corporal, Szabo e Green52 realizaramum estudo para avaliar os benecios de um programade exerccios de resistncia muscular em pacienteshospitalizadas com diagnstico de AN. As adolescentesque participaram do estudo apresentavam um ndice demassa corporal inicial mdio de 15,1 kg/m2, porm o

    programa de exerccios s comeou aps a ase de re-cuperao de peso, no qual o IMC-alvo oi de 18 kg/m2.A avaliao da composio corporal oi eita por meio damensurao das variveis peso, estatura, massa gordae massa magra. E as pacientes tambm responderamao Beck Depression Inventory para avaliar ganhospsicolgicos. Os exerccios oram realizados duas vezespor semana, utilizando acessrios como halteres e aixaselsticas teraputicas. Aps oito semanas do programa,as pacientes apresentaram ganhos signifcativos nacomposio corporal e no bem-estar psicolgico. Porm,essa melhora no oi estatisticamente dierente quando

    comparada s pacientes que no praticaram exerccio.

    Os autores concluram que o exerccio sico no pare-ceu oerecer vantagens, mas tambm no apresentoudesvantagens, e que talvez o nmero reduzido desemanas de treinamento tenha sido um ator limitantepara a promoo de maiores benecios. Assim, seriaimportante analisar resultados obtidos em estudos comum perodo mais longo de treinamento sico como, por

    exemplo, 12 ou 16 semanas.Chantler et al.53 demonstraram que as pacientesdo estudo de Szabo e Green52 apresentaram aumentosignifcativo na ora muscular, quando comparadasantes e depois do programa de oito semanas. A oraoi avaliada por meio de um dinammetro isocinticoque mensura torque mximo dos msculos exores eextensores do cbito e do joelho.

    Em pacientes com AN, a recuperao do peso cor-poral o principal oco, por isso praticar apenas ativi-dades sicas predominantemente aerbicas no seriarecomendado. Esses pacientes, geralmente, possuem

    histrico com algum tipo de programa de exerccios,sendo essencial aconselhamento sobre como usuruiro programa de maneira saudvel, principalmente emrelao quantidade e intensidade51.

    Em pacientes com BN, a prtica excessiva deexerccios sicos nem sempre requente. O melhorprograma de exerccios para esses pacientes seria umacombinao entre exerccios aerbicos e resistidos.O incentivo pela prtica de modalidades coletivas tam-bm pode contribuir com a autoestima e a autoconfanado indivduo. O oco no tratamento da BN seria mostrara atividade sica estruturada como uma alternativa decontrolar o peso sem o uso de dietas, contribuindo coma ormao de uma imagem corporal positiva e na me-lhoria de sintomas depressivos e ansiosos51.

    Concluso

    Ainda no h consenso sobre o termo que melhor carac-terize o indivduo com TA que pratica exerccios sicosde orma inadequada. A reviso de literatura possibilitaconsiderar que excesso de exerccios no deve seranalisado apenas em quantidade, mas igualmente qua-litativamente. Novas pesquisas so necessrias paraquantifcar de orma menos indireta e com instrumentos

    validados o nvel de atividade sica desses pacientes paramelhor entender essa relao.

    Aproundar as pesquisas nessa rea importantena medida em que os resultados dos estudos poderocontribuir de maneira signifcativa na qualifcao doprofssional de educao sica para aconselhar os pa-cientes sobre como usuruir os benecios da prtica deatividade sica estruturada.

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