A presença digital de um CEO

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Poucas são as pessoas que, nos dias de hoje, podem afirmar não ter qualquer tipo de presença digital. Podemos ser mais ou menos pró-activos nessa presença, mas estamos lá: quem de nós não ficou surpreso ao “googlar” o seu nome e ver-se associado a um perfil de uma rede social, ao site da empresa onde trabalha, a uma notícia ou mesmo a um artigo num blogue ou um vídeo no YouTube? Hoje em dia, ter presença digital já não é a questão. A forma como comunicamos sofreu alterações significa- tivas já que, como cidadãos, procuramos e partilhamos informação e, acima de tudo, dialogamos. A transparência e a credibilidade são valores que exigimos às empresas, o que faz das organizações um alvo preferencial no que diz respeito ao escrutínio e à avaliação pública. Enquanto indivíduos estamos mais predispostos a acre- ditar noutros indivíduos do que nas instituições. Neste sentido, os CEO e os quadros de topo assumem um papel decisivo enquanto principais porta-vozes das suas empresas, a quem a responsabilidade é atribuída, tanto nas situações positivas como nas situações de eventual crise. Mas, conquistar o mundo digital não significa apenas estar lá… É fundamental que os CEO e gestores tenham em conta alguns factores decisivos para criarem uma identidade digital consistente que, no final, permita um impacto positivo na reputação e no negócio da sua empresa. Eis algumas sugestões para pensar numa estratégia de identidade digital ajustada às necessidades dos gestores de hoje em dia. Ser autêntico Se fosse necessário resumir num único conselho a estra- tégia a seguir por um CEO no mundo digital, arriscaria a autenticidade: só vale a pena estar, se formos autênticos. Participar no “mundo digital” não significa ter a possibili- dade de criar uma personagem que obrigue a um estilo de envolvimento forçado. É cada vez mais fácil identificar inconsistências, porque o mundo está mais informado e interligado. Mas, ser autêntico significa ainda que nem todas as redes sociais fazem sentido para todos os CEO. Cada um, à sua maneira, e considerando os seus stakeholders, deve definir os espaços e mecanismos de interação que melhor servem os seus propósitos. Escutar, escutar e escutar A bidireccionalidade da comunicação poderá ser descrita como a grande conquista das redes sociais. Para cimentar uma posição de liderança no mundo digital é essencial que exista receptividade e abertura às críticas, lidando e inte- ragindo com aquilo que possa ser mais adverso de uma forma natural e construtiva. Nos meios digitais, os CEO devem estar genuinamente interessados no feedback dos seus seguidores. A capaci- dade de escuta é algo muito valorizado e pode ser chave para consolidar a reputação e capacidade de influência. Além disso, saber ouvir significa uma clara vantagem para as empresas: perceber de forma imediata e constante aquilo que os stakeholders pensam sobre a empresa, os seus produtos e serviços. Participar e partilhar conteúdos únicos e relevantes Vemos alguns CEO que olham para os seus activos digitais apenas e só como uma extensão dos canais da sua empresa. É a estratégia da difusão. No entanto, tal como acontece com os líderes de opinião do mundo offline, no mundo online é crucial mostrar-se conhecedor de um determinado tema para poder ser visto como uma autoridade. Assim sendo, impõe-se uma estratégia de curadoria de conteúdos coerente e ajustada, que permita aos gestores conhecerem e liderarem o debate nos temas que são estratégicos para o seu negócio. Não se levar demasiado a sério As redes sociais são, por natureza, espaços mais informais. É natural que exista o receio de dizer algo de errado que dê origem a uma chuva de críticas e que coloque em causa a reputação da empresa. No entanto, e dependendo sempre do contexto, pode fazer sentido mostrar sentido de humor. O “humor inteligente” é geralmente bem recebido pelos utili- zadores das plataformas sociais. No fundo, ajuda a humanizar a comunicação, fazendo ver que, que por trás de um CEO, está uma pessoa! Os resultados do estudo “Identidade Digital dos CEOs: Portugal e a realidade Ibero-Americana”, conduzido pela Llorente & Cuenca, mostram que os canais digitais dos líderes das principais empresas em Portugal ainda não são explorados como ferramentas de comunicação estratégica. Apresentadas as conclu- sões, lançamos o repto: Quando teremos em Portugal o primeiro gestor “verdadeiramente digital”? TIAGO VIDAL, director-geral da Llorente & Cuenca Portugal TOP 25 PORTUGAL TOP 10 GLOBAL Quando teremos o primeiro gestor verdadeiramente digital?

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Page 1: A presença digital de um CEO

Tiragem: 2500

País: Portugal

Period.: Quinzenal

Âmbito: Outros Assuntos

Pág: 20

Cores: Cor

Área: 21,17 x 27,26 cm²

Corte: 1 de 1ID: 62032659 25-11-2015

Poucas são as pessoas que, nos dias de hoje, podem afirmar não ter qualquer tipo de presença digital. Podemos ser mais ou menos pró-activos nessa presença, mas estamos lá: quem de nós não ficou surpreso ao “googlar” o seu nome e ver-se associado a um perfil de uma rede social, ao site da empresa onde trabalha, a uma notícia ou mesmo a um artigo num blogue ou um vídeo no YouTube?Hoje em dia, ter presença digital já não é a questão. A forma como comunicamos sofreu alterações significa-tivas já que, como cidadãos, procuramos e partilhamos informação e, acima de tudo, dialogamos.A transparência e a credibilidade são valores que exigimos às empresas, o que faz das organizações um alvo preferencial no que diz respeito ao escrutínio e à avaliação pública. Enquanto indivíduos estamos mais predispostos a acre-ditar noutros indivíduos do que nas instituições. Neste sentido, os CEO e os quadros de topo assumem um papel decisivo enquanto principais porta-vozes das suas empresas, a quem a responsabilidade é atribuída, tanto nas situações positivas como nas situações de eventual crise. Mas, conquistar o mundo digital não significa apenas estar lá… É fundamental que os CEO e gestores tenham em conta alguns factores decisivos para criarem uma identidade digital consistente que, no final, permita

um impacto positivo na reputação e no negócio da sua empresa. Eis algumas sugestões para pensar numa estratégia de identidade digital ajustada às necessidades dos gestores de hoje em dia.

Ser autênticoSe fosse necessário resumir num único conselho a estra-tégia a seguir por um CEO no mundo digital, arriscaria a autenticidade: só vale a pena estar, se formos autênticos. Participar no “mundo digital” não significa ter a possibili-dade de criar uma personagem que obrigue a um estilo de envolvimento forçado. É cada vez mais fácil identificar inconsistências, porque o mundo está mais informado e interligado. Mas, ser autêntico significa ainda que nem todas as redes sociais fazem sentido para todos os CEO. Cada um, à sua maneira, e considerando os seus stakeholders, deve definir os espaços e mecanismos de interação que melhor servem os seus propósitos.

Escutar, escutar e escutarA bidireccionalidade da comunicação poderá ser descrita como a grande conquista das redes sociais. Para cimentar uma posição de liderança no mundo digital é essencial que exista receptividade e abertura às críticas, lidando e inte-ragindo com aquilo que possa ser mais adverso de uma forma natural e construtiva. Nos meios digitais, os CEO

devem estar genuinamente interessados no feedback dos seus seguidores. A capaci-dade de escuta é algo muito valorizado e pode ser chave para consolidar a reputação e capacidade de influência. Além disso, saber ouvir significa uma clara vantagem para as empresas: perceber de forma imediata e constante aquilo que os stakeholders pensam sobre a empresa, os seus produtos e serviços.

Participar e partilhar conteúdos únicos e relevantesVemos alguns CEO que olham para os seus activos digitais apenas e só como uma extensão dos canais da sua empresa. É a estratégia da difusão. No entanto, tal como acontece com os líderes de opinião do mundo offline, no mundo online é crucial mostrar-se conhecedor de um determinado tema para poder ser visto como uma autoridade. Assim sendo, impõe-se uma estratégia de curadoria de conteúdos coerente e ajustada, que permita aos gestores conhecerem e liderarem o debate nos temas que são estratégicos para o seu negócio.

Não se levar demasiado a sérioAs redes sociais são, por natureza, espaços mais informais. É natural que exista o receio de dizer algo de errado que dê origem a uma chuva de críticas e que coloque em causa a reputação da empresa. No entanto, e dependendo sempre do contexto, pode fazer sentido mostrar sentido de humor. O “humor inteligente” é geralmente bem recebido pelos utili-zadores das plataformas sociais. No fundo, ajuda a humanizar a comunicação, fazendo ver que, que por trás de um CEO, está uma pessoa!Os resultados do estudo “Identidade Digital dos CEOs: Portugal e a realidade Ibero-Americana”, conduzido pela Llorente & Cuenca, mostram que os canais digitais dos líderes das principais empresas em Portugal ainda não são explorados como ferramentas de comunicação estratégica. Apresentadas as conclu-sões, lançamos o repto: Quando teremos em Portugal o primeiro gestor “verdadeiramente digital”?

TIAgO VIDAL,director-geral da Llorente & Cuenca Portugal

TOP 25 PORTUGAL

TOP 10 GLOBAL

Quando teremos o primeiro gestor verdadeiramente digital?