A Produção Integrada de Melão no Brasil · 2019. 2. 28. · com 10,7% (IBRAF, 2004; IBGE, 2004)....

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A Produção Integrada de Melão no Brasil Raimundo Braga Sobrinho, Jorge Anderson Guimarães, José de Arimatéia Duarte de Freitas, Joston Simão de Assis, Antônio Lindemberg Martins Mesquita e Francisco Roberto de Azevedo Introdução o cenário internacional do mercado de alimentos sinaliza para o movimento dos consumidores em dire- ção a produtos sem resíduos de agrotóxicos. Além disso, os distribuidores e as cadeias de supermercados estão cada vez mais exigentes quanto aos problemas relacionados com o meio ambiente, condições de tra- balho e saúde dos consumidores e trabalhadores. Os consumidores demandam por frutas de qualidade, sabor e maturação adequados, procedentes de uma produção certificada de acordo com as normas interna- cionais relacionadas à segurança dos alimentos, rastreabilidade, respeito ao ambiente e ao homem. Dessa forma, os produtores deverão atender a estas exigên- cias e se adequarem a essas normas com vistas à certificação de suas produções. O melão (Cucumis melo L.) é uma hortaliça muito apreciada e de grande aceitação no mundo. Nos últi- mos anos, a área cultivada com essa cultura tem se expandido muito. Em 2004, a área cultivada no mundo abrangia cerca de 1.162.136 hectares, com uma produ- ção em torno de 21.588.746 toneladas de frutos e pro- dutividade média de 18,57 t/ha. A China é o maior produtor, com 33,47% da produção mundial, seguida pela Turquia, Irã, Estados Unidos e Espanha (FAO, 2003). 'O Brasil está entre os maiores produtores mun- diais de frutas, com uma produção superior a 34 mi- lhões de toneladas. A base agrícola da cadeia produtiva das frutas abrange 2,2 milhões de hectares, e gera milhares de empregos diretos e indiretos e um PIB agrícola de US$ 11 bilhões. Este setor demanda mão- de-obra intensiva e qualificada, mantendo o homem no campo de-forma única, pois permite a vida digna de uma família dentro de pequenas propriedades e tam- bém nos grandes projetos. I O melão é uma das culturas de maior importância econômica estratégica para a Região Nordeste do Bra- sil. Esta região detém 95% da produção nacional, com destaque para os Estados do Rio Grande do Norte, com 55,5%, Ceará, com 28,7% e Bahia - Pernambuco, com 10,7% (IBRAF, 2004; IBGE, 2004). O melão vem tendo grande importância para o comércio de frutas frescas do Brasil. Ele representa o terceiro produto em valor de exportação. No mundo, a exportação de melões brasileiros fica entre as seis maiores. No mer- cado internacional, a qualidade do melão brasileiro é o atrativo para sua alta aceitação. Mesmo com todas as vantagens competitivas, a produção brasileira é pequena, considerando-se o grande potencial edafoclimático do país. Na composição global do plan- tio predomina o melão Amarelo. As grandes empresas

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A Produção Integrada de Melãono Brasil

Raimundo Braga Sobrinho, Jorge Anderson Guimarães,José de Arimatéia Duarte de Freitas, Joston Simão de Assis,Antônio Lindemberg Martins Mesquita e Francisco Roberto de Azevedo

Introdução

o cenário internacional do mercado de alimentossinaliza para o movimento dos consumidores em dire-ção a produtos sem resíduos de agrotóxicos. Alémdisso, os distribuidores e as cadeias de supermercadosestão cada vez mais exigentes quanto aos problemasrelacionados com o meio ambiente, condições de tra-balho e saúde dos consumidores e trabalhadores. Osconsumidores demandam por frutas de qualidade,sabor e maturação adequados, procedentes de umaprodução certificada de acordo com as normas interna-cionais relacionadas à segurança dos alimentos,rastreabilidade, respeito ao ambiente e ao homem. Dessaforma, os produtores deverão atender a estas exigên-cias e se adequarem a essas normas com vistas àcertificação de suas produções.

O melão (Cucumis melo L.) é uma hortaliça muitoapreciada e de grande aceitação no mundo. Nos últi-mos anos, a área cultivada com essa cultura tem seexpandido muito. Em 2004, a área cultivada no mundoabrangia cerca de 1.162.136 hectares, com uma produ-ção em torno de 21.588.746 toneladas de frutos e pro-dutividade média de 18,57 t/ha. A China é o maiorprodutor, com 33,47% da produção mundial, seguidapela Turquia, Irã, Estados Unidos e Espanha (FAO,

2003). 'O Brasil está entre os maiores produtores mun-diais de frutas, com uma produção superior a 34 mi-lhões de toneladas. A base agrícola da cadeia produtivadas frutas abrange 2,2 milhões de hectares, e geramilhares de empregos diretos e indiretos e um PIBagrícola de US$ 11 bilhões. Este setor demanda mão-de-obra intensiva e qualificada, mantendo o homem nocampo de-forma única, pois permite a vida digna deuma família dentro de pequenas propriedades e tam-bém nos grandes projetos. I

O melão é uma das culturas de maior importânciaeconômica estratégica para a Região Nordeste do Bra-sil. Esta região detém 95% da produção nacional, comdestaque para os Estados do Rio Grande do Norte,com 55,5%, Ceará, com 28,7% e Bahia - Pernambuco,com 10,7% (IBRAF, 2004; IBGE, 2004). O melão vemtendo grande importância para o comércio de frutasfrescas do Brasil. Ele representa o terceiro produtoem valor de exportação. No mundo, a exportação demelões brasileiros fica entre as seis maiores. No mer-cado internacional, a qualidade do melão brasileiro é oatrativo para sua alta aceitação. Mesmo com todasas vantagens competitivas, a produção brasileira épequena, considerando-se o grande potencialedafoclimático do país. Na composição global do plan-tio predomina o melão Amarelo. As grandes empresas

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produzem em média 90% de melão Amarelo e o restanteé dedicado às outras variedades (AGRIANUAL, 2004).

Cerca de 64% da produção está concentrada emgrandes empresas. As pequenas empresas mantêm-seativas, mesmo considerando as grandes dificuldadesquanto aos altos investimentos em tecnologia, associ-ados às dificuldades históricas de capitalização e decaptação de recursos na forma de financiamentos edefasagem cambial. Apesar desses problemas, o melãotem se afirmado na Região Nordeste como uma atraen-te opção de exploração econômica de curto prazo paraatender os mercados nacional e internacional.

o desenvolvimento das áreas de melão para omercado externo na Região Nordeste iniciou-se noRio Grande do Norte (que ainda é o maior produtore exportador de melão do Brasil), espalhando-se, pos-teriormente, nas fazendas ao longo da fronteira com oCeará. Atualmente, são 12 mil hectares plantados naRegião de Mossoró, Baraúna e Açu, no Rio Grande doNorte, com volume exportado de 170 mil toneladas efaturamento de US$ 70 milhões. No mercado interno,são 30 mil toneladas e faturamento de US$ 20 milhões.Isso representa 90% da produção brasileira (IBRAF,2006).

Hoje, o Ceará é o segundo maior produtor demelão do país, com incremento extraordinário de áreae produtividade nos últimos anos. As principais áreasplantadas estão situadas na Região da Chapada doApodi (Agropólo Baixo Jaguaribe) e, em fase incial, naRegião do Baixo Acaraú, no noroeste do Estado(Agropólo Baixo Acaraú), considerada a nova fronteiraagrícola cearense, de terras virgens e água abundante.

o terceiro pólo produtor de melão do país con-centra-se no Vale do São Francisco. As condições cli-máticas peculiares encontradas no Vale do SãoFrancisco favorecem o desenvolvimento e a produçãode melão de excelente qualidade, oferecendo possibi-lidade de plantio e colheita durante todo o ano. Deacordo com Castro et alo(1998), o melão começou a sercultivado no Submédio São Francisco (Juazeiro, BAIPetrolina, PE) a partir de 1965. Teve início no Municí-pio de Santa Maria da Boa Vista, PE, com incentivo daCooperativa Agrícola de Cotia, expandindo-se e inten-sificando-se no Vale do São Francisco, tornando-secultivo comum em vários municípios da zona ribeirinha

e nas áreas dos projetos de irrigação, com destaquepara o Município de Juazeiro, BA, o qual até hojeconstitui-se em importante ponto de afluxo do produtoe de compradores.

As frutas e hortaliças frescas são alimentos cadavez mais recomendados para uma dieta saudável. En-tretanto, cuidados devem ser tomados quando do seuconsumo. De acordo com Sivapalasingam et aI. (2004)durante as três últimas décadas o número de casos dedoenças causados pela presença de microrganismosnesses alimentos tem crescido assustadoramente. Nes-se período, de um total de 190 focos constatados nosEstados Unidos da América, houve registros de 16.058casos de doenças com 598 hospitalizações e 8 mortes.A incidência de casos tem mostrado um crescimentode 0,7% na década de 1970 para 6,0% na década de1990. O microorganismo mais comum foi a Salmonela,com 48,0% de incidência.

A superfície do melão pode ser contaminada porpatógenos, por meio do contato com a água, solo,adubos orgânicos, resíduos líquidos, ar, trabalhadorese animais. Há três tipos de riscos associados à con-taminação de produtos frescos, que são os perigosbiológicos, químicos e os físicos. Portanto, é de fun-damental importância que os produtores, empaco-tadores, transportadores e vendedores adotem medidaspreventivas para reduzir a um nível mínimo os possí-veis riscos de contaminação dos melões.

Com a introdução do sistema de produção inte-grada para o melão a partir de 2002, o melão brasileiropassou a ter qualidade superiore e grande aceitaçãono mercado internacional. Neste contexto, a produçãointegrada (PI) é um sistema de exploração agrária queproduz alimentos e outros produtos de alta qualidade,mediante o uso dos recursos naturais e de mecanismosreguladores para minimizar o uso de insumos e asse-gurar uma produção agrária sustentável. Através delase utilizam cuidadosamente métodos biológicos, quí-micos e técnicas que são amplamente favoráveis àmelhoria da qualidade dos frutos, ao meio ambiente,à rentabilidade e às demandas sociais.

Produzir alimentos no sistema PI significa garan-tir a sua comercialização na Europa, uma vez que a PIhoje é um objetivo político da União Européia. Dessaforma. o Projeto PI-Melão (PIMe) busca apoiar os

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produtores, já que o campo pode ser a origem de muitosperigos para a saúde que ainda não são controlados,como os casos de contaminação por microrganismospatogênicos; contaminação por agrotóxicos; pelo usoinadequado de fertilizantes, por produtos veterinários,por toxinas microbianas, entre outros. Assim, são ne-cessárias ferramentas de controle e de monitoramento,como a utilização das Boas Práticas Agrícolas (BPAs),os princípios de Análises de Perigos e Pontos Críticosde Controle (APPCC), rastreabilidade dos procedimen-tos técnicos e o manejo dos processos da ProduçãoIntegrada.

Os avanços das exportações de melão represen-tam um grande esforço do Governo e da iniciativaprivada para este segmento da fruticultura. As expor-tações brasileiras de melão em 2003 tiveram um incre-mento de 64% relativo ao ano de 2002 (IBRAF, 2006).Trabalhos de pesquisa e desenvolvimento realizadospela Embrapa Agroindústria Tropical no Estado doCeará, no período 200112003, fooram decisivos paraatender aos requisitos dos países importadores quantoà comprovação do "status" de área livre da mosca-sul-americana-das-cucurbitáceas, Anastrepha grandis(BRAGA SOBRINHO et aJ., 2002; 2003; 2004).

A produção brasileira de melão ocorre no períodode entressafra da Espanha, o maior produtor europeu,havendo espaço de setembro a março para o Brasilsuprir este grande mercado. Na pauta das exportaçõesde 2003, o melão foi a terceira fruta de maior pesoeconômico (US$ 58,3 milhões), ficando em segundolugar a uva (US$ 59,9 milhões) e em primeiro lugar amanga (US$ 73,4 milhões). Com base nesses dados,constata-se a importância do agronegócio do melão ea importância dessa cultura como geradora de empregoe renda para a Região Nordeste (rBRAF, 2006).

A tendência mundial do agronegócio do melãotem sido focada no incremento das barreiras nãotarifárias como um instrumento de proteção aos merca-dos internos de países importadores. Nesse sentido,os produtores e exportadores brasileiros precisammanter-se atualizados com relação às mudanças dasexigências e das restrições mercadológicas para de-senvolverem, juntamente com os órgãos governamen-tais, ações visando reduzir seus impactos nasexportações. Portanto, os exportadores brasileiros

precisam se adequar aos novos paradigmas e cenáriosdesse mercado mundial, altamente competitivo, ofere-cendo um melão de alta qualidade e de acordo comas normas e exigências internacionais e dos consumi-dores.

A alta qualidade, em todos os segmentos da ca-deia produtiva, de frutas, é a premissa básica para aconquista de novos mercados. Entretanto, existemoutras exigências por parte dos países importadoresde frutas frescas que precisam ser seguidas. As restri-ções à entrada de frutas portadoras de organismosexóticos que possam representar riscos à agricul-tura do país importador. Medidas restritivas aosagrotóxicos utilizados na fase de produção e seusresíduos são outros itens importantes.

Na década de 70, iniciou-se na Europa os primei-ros trabalhos voltados para o Sistema de ProduçãoIntegrada de Frutas (PIF). Isso resultou de uma deman-da para a redução do uso de agrotóxicos, priorizandoa redução dos efeitos deletérios ao meio ambiente eao homem.

Segundo (ANDRIGUETO, 2002), a OrganizaçãoInternacional para Controle Biológico e Integrado con-tra os Animais e Plantas Nocivas (OILB), define a Pro-dução Integrada como "o sistema de produção quegera alimentos e demais produtos de alta qualidade,mediante o uso dos recursos naturais e regulação demecanismos para substituição de insumos poluentes ea garantia da sustentabilidade da produção agrícola;enfatiza o enfoque do sistema holístico, envolvendo atotalidade ambiental como unidade básica; o papel cen-tral do agroecossistema; o equilíbrio do ciclo de nutri-entes; a preservação e o desenvolvimento da fertilidadedo solo e a diversidade ambiental como componentesessenciais; e métodos e técnicas biológicas e químicascuidadosamente equilibradas, levando-se em conta aproteção ambiental, o retorno econômico e os requisi-tos sociais".

A Produção Integrada de Frutas (PlF) surgiu comouma extensão do Manejo Integrado de Pragas (MIP),em decorrência da necessidade de se reduzir o uso depesticidas e com foco na preservação do ambiente. Asbases para a PIF foram estabeleci das pela OrganizaçãoInternacional de Controle Biológico com objetivo de,principalmente, estabelecer uma relação de confiança

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para o consumidor de que a produção deve seguir osrequisitos contidos nas Normas Técnicas Específicasde cada frutífera.

Conceitualmente, é um sistema de produção defrutas de alta qualidade, priorizando princípios basea-dos na sustentabilidade, aplicação de recursos natu-rais e regulação de mecanismos para substituição deinsumos poluentes, utilizando instrumentos adequa-dos de monitoramento dos procedimentos e arastreabilidade de todo o processo, tornando-o eco-nomicamente viável, ambientalmente correto e social-mente justo. Paralelamente, o protocolo europeuEUREPGAP, que já está incorporada na PIF, leva emconsideração as Boas Práticas Agrícolas (BPAs), oManejo Integrado de Pragas (MIP), a Análise de Pe-rigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), impres-cindíveis para promoverem a sustentabilidade daprodução de "commodities".

A PIF, vista de forma holística, tem como base desustentação quatro pilares: a organização da base pro-dutiva, a sustentabilidade, o monitoramento constantedo programa e um sistema de informação dinâmico eeficiente. Por meio do Sistema de Acompanhamentode Produção Integrada (SAPI), pode-se conseguir:a) reduzir ao máximo a aplicação de insumos agrícolas;b) utilizar, preferencialmente, tecnologia adequada aoambiente; c) aumentar a renda da exploração agrícola;d) reduzir e eliminar a fonte de contaminação ambientalgerada pela griculrura; e, e) manter as funções múlti-plas da agricultura de produção, social e ambiental(VIEIRA e NAKA, 2004; MIRANDA et alo2004).

o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento (MAPA) e a Embrapa Agroindústria Tropical,com o apoio financeiro do CNPq, conduziram no pe-ríodo de 2002 a 2004, o projeto de implantação daProdução Integrada do Melão (PI-Melão) nos pólosde produção dos Estados do Rio Grande do Norte eCeará. As principais ações deste projeto foramimplementadas durante aquele período, necessitan-do, portanto, de ações futuras para consolidação,acompanhamento e monitoramento das etapas já im-plantadas e efetivação de outras tarefas altamenterelevantes para a consecução definitiva do projeto(MAPA, 2(03).

Produção Integrada no Brasil

A crescente demanda mundial por alimentos efibras, motivada pelo aumento desordenado da popu-lação mundial, levou a uma mudança de paradigma daagricultura a partir da década de 1970. Os conceitos deagricultura alternativa, nascidos naquela década, ondese discutiam termos como agricultura biodinâmica, na-tural, biológica e orgânica não foram consolidadospor força do surgimento de uma nova proposta con-trapondo a esse movimento, conhecida como Revolu-ção Verde. Sem nenhum propósito de polemizar talmovimento, sabe-se que tal corrente foi de encontroao fortalecimento e manutenção da linha mais racionalde uso e manejo da terra. Contrariamente, a RevoluçãoVerde fundamentava-se no propósito de resolver osproblemas da fome no mundo, baseando-se na amplautilização da mecanização, uso de sementes melhora-das, fertilizantes e agrotóxicos com o foco na obtençãode safras recordes mediante melhorias nos índices deprodutividade das lavouras. Embora os resultados te-nham sido altamente significativos, sabe-se que oprincípio básico daquele propósito ~ão foi atendido, jáque a fome não estava relacionada somente com a faltade produção, mas principalmente com a desigualdadena distribuição de renda do Planeta.

Seguindo o lado positivo da Revolução Verde,cientistas, técnicos e produtores de diversos paísesperceberam a necessidade de proteger a produção de"commodities", apresentando alternativas tecnológicasvisando a redução de agrotóxicos. A população vemprogressivamente se conscientizando dos graves pro-blemas que os agrotóxicos podem causar à saúde e aoambiente. Dos produtos consumidos de forma "innatura", as frutas e legumes se destacam como os maiscomprometidos pelo uso exagerado e inadequado deagrotóxicos.

O MIP surgiu na década de 1960, como uma re-ação ao uso abusivo e inadequado de agrotóxicos parao controle de pragas na agricultura. O fundamento doMIP foi centrado, basicamente, na redução do uso deagrotóxicos com vistas à saúde humana, preservaçãodo ambiente e redução dos custos de produção. Paraa consecução daqueles objetivos, programas de pes-quisa e desenvolvimento foram estabelecidos em di-versas instituições científicas de vários países. Novos

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A Produção Integrada de Melão no Brasil 33

conceitos, como sistemas de amostragem de pragas,níveis de dano econômico, níveis de controle, con-trole biológico e cultural, entre outros, foram introdu-zidos e pesquisados. Os resultados na agriculturacomercial foram altamente satisfatórios, levando-se emconsideração a análise da relação benefício!custo.

No início de 1970, cientistas e produtores perce-beram que as práticas isoladas de controle de pragasou doenças não eram suficientes. Assim, outrosenfoques, incluindo a integração com outras práticasculturais, serviram de base para o estabelecimento daProdução Integrada (PI).

Como a grande ênfase desse programa foi dadaà produção de frutas, este novo modelo passou a serchamado de Produção Integrada de Frutas (PIF). Alémdos conceitos do MIP, a PIF incorporou normasestabeleci das pela OILB. Para suprir essa demanda,novas linhas de pesquisa e desenvolvimento, envol-vendo toda a cadeia produtiva de frutas, foram incor-poradas aos programas institucionais de pesquisa edesenvolvimento de diversos países. Os consumidoresde frutas de muitos países logo se conscientizaram epassaram a externa'[ aos países exportadores a idéia deque frutas não deveriam estar contaminadas com subs-tâncias químicas de qualquer natureza, priorizando,portanto, a segurança e a qualidade alimentar.

A PIF teve início na Europa em 1974 com asculturas de maçã e pêra. Na América do Sul, a Argen-tina foi o primeiro país a iniciar o seu programa em1993, seguido do Brasil em 1998, ambos com a macieira.A PIF é uma exigência dos mercados importadores,altamente competitivos e exigentes em requisitos dequalidade e sustentabilidade, focados na proteção domeio ambiente, segurança alimentar, condições de tra-balho, saúde humana e viabilidade econômica. Todasessas exigên-cias estão vinculadas à manutenção eampliação de mercados e resultam de um conjunto defatores que atuam no âmbito da unidade produtiva, dosetor em que atua e da estabilidade da economia deuma forma mais global. Com base nesses requisitos, ospaíses desenvolvidos passaram a utilizar a ProduçãoIntegrada de Frutas.

O Brasil já possui seu Marco Legal de ProduçãoIntegrada composto de Diretrizes Gerais e Normas Téc-nicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas re-

gulamentadas por intermédio da Instrução Normativanº 20, de 20/09/2001, publicada no Diário Oficial daUnião (DOU), no dia 15 de outubro de 2001. As Nor-mas Técnicas Específicas para as espécies frutíferasmaçã, uva de mesa, manga, mamão, caju, melão pêsse-go, citros, coco, banana, figo, maracujá e caqui, jáforam concluídas e publicadas pelo Ministério de Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no DOU,tornando-as institucionalizadas e aplicáveis.

Situação da Produção Integradade Melão no Brasil

A partir de 2002, a Embrapa Agroindústria Tropi-cal ficou responsável pelo desenvolvimento do ProjetoProdução Integrada do Melão nos pólos frutícolas deMossoró-Açu (RN) e Baixo Jaguaribe (CE). Este proje-to teve como parceiros o MAPA, Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA), Asso-ciações de Produtores e os Governos dos Estados doCeará e Rio Grande do Norte.

A PI Melão seguiu as bases estabelecidas inter-nacionalmente pela OILB, associadas às experiênciasde outros países consumidores, parceiros comerciaisdo Brasil, em relação à Análise de Perigos e PontosCríticos de Controle e a Sistemas de Gestão Ambiental,sugeridos pelas normas ISO 14.000. Esses dois pólosde produção de frutas são responsáveis por cerca de67% da produção e de 90% das exportações brasileirasde melão. A maior parte das exportações destina-se aomercado europeu. O período da produção brasileira demelão coincide com a entressafra da Espanha, o maiorprodutor europeu, o que favorece as exportações paraa União Européia. Na pauta de exportações brasileirasde frutas em 2004, o melão foi a terceira "cornmodity"de maior valor econômico.

As metas previstas para o período de janeiro de2002 a dezembro de 2004 foram desenvolvidas ealcançadas obedecendo ao cronograma de execuçãodo PI Melão. As Normas Técnicas Específicas para aPI Melão foram publicadas no dia 03/10/2003 e lançadasna Expofruit 2003, em (Mossoró, RN). Os indicadoresparciais de racionalização do uso de agrotóxico apon-tam para o melão, reduções de 20, 10 e 20% para inseti-cidas, fungicidas e acaricidas, respectivamente.

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34 Conformi d ad e da Produção l nt e g rada de Frut as

Ações de capacitação e treinamento têm sido as ferra-mentas de aprendizado, transformação e disseminaçãode tecno-logias para melhoria da qualidade do melãopara exportação e consumo interno. Uma área de 3.560hectares, com uma produção de cerca de 96 mil tone-ladas e o envolvimento de 35 empresas produtorasde melão, foram os resultados alcançados para estaprimeira fase da PI Melão. Atualmente, a PI Melão seestendeu para a região produtora do Vale do São Fran-cisco, em cooperação com a Embrapa Semi-Árido.

A PI Melão desenvolverá ações direcionadas pon-tualmente para a facilitar a adesão de novos produto-res e empresas, buscando ampliar o seu alcanceeconômico e social de geração de emprego e renda,estimulando a organização da base da produção fami-liar e sua inserção no mercado competitivo nacional einternacional.

Os princípios básicos da PI Melão estão descri-tos abaixo:

• Explorar os componentes do sistema de formaholística, com base na formulação de normas, levan-do-se em conta as características próprias doecossistema visando a exploração racional dos re-cursos naturais.

• Minimizar os impactos indesejáveis e os custos ex-ternos sobre a sociedade, visando atenuar os efei-tos indiretos das atividades agrícolas, tais como acontaminação da água potável por agrotóxicos, mo-dificação dos recursos hídricos pelo assoreamentodos rios, riachos e mananciais decorrentes da erosãode solo.

• Harmonizar e equilibrar os ciclos de nutrientes, refor-çar a diversidade biológica local, minimizar perdas,propor o manejo adequado dos recursos naturais ede técnicas utilizadas na produção.

• Estimular e disponibilizar conhecimento e motivaçãoperiódica sobre educação ambiental e produção inte-grada aos produtores, exportadores e principais agen-tes envolvidos na cadeia produtiva, pós-colheita ecertificação de qualidade, por meio da preparação eformação de monitores ambientais.

• Estimular o uso de métodos que fomentem a melhoriada conservação da fertilidade intrínseca do solo.

• Estimular e priorizar o uso do manejo integrado depragas, como base para a tomada de decisão deproteção da cultura.

• Exigir a busca pela qualidade do melão, tendo porbase os parâmetros ecológicos do sistema de produ-ção e certificação de qualidade.

Para se atingir o sucesso da PI Melão, há neces-sidade de formação e atualização profissional perma-nente e uma atitude pró-ativa e compreensiva dosintegrantes frente aos objetivos do programa. Os pro-dutores de melão devem ser treinados por profissio-nais com certificado de formação em PI Melão.

Muitas são as vantagens econômicas e ambientaisoriundas da implantação do sistema de produção inte-grada de melão. Entre outras, a rninimização dos custosde produção decorre da redução do desperdício deinsumos agrícolas. Porém, o resultado mais desejá-vel é a oferta ao consumidor final de um produtoisento de resíduos e contaminação física, química ebiológica.

A PI Melão não se apresenta como um meio deaumentar a produtividade. Visa, principalmente, manteros níveis obtidos pela produção convencional, de umaforma mais limpa e segura, com vistas à qualidade finaldo produto, tendo sempre o foco no meio ambiente ena saúde do consumidor. No entanto, a produtividadepode ter um incremento em razão de maior rigor eeficácia no acompanhamento das atividades de manejoe das tecnologias aplicadas.

A possibilidade de aumentar a abertura ao mer-cado internacional de melões constitui-se em uma dasprincipais vantagens econômicas. A adoção da PIMelão permite uma maior credibilidade quanto à qua-lidade do produto, bem como, possibilita a prática darastreabilidade. Uma etapa posterior será a obtençãode uma vantagem competitiva no mercado internoporque o consumidor brasileiro já se ressente de ummelão de melhor qualidade extrínseca e intrínseca.

HipóteseTem sido estabelecido como premissa que a im-

plantação, consolidação e acompanhamento do projetoda PI Melão nos Pólos de Açu/Mossoró, RN, Baixo/Médio Jaguaribe, CE, e Vale do São Francisco, PE e

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A Produção l nt egrada de Melão 110 Brasil 35

BA, tornará o agronegócio do melão brasileiro umaatividade sustentável do ponto de vista econômico eambiental, consolidando o Brasil como produtorcredenciado e competitivo internacionalmente, geran-do emprego e renda com inclusão social.

Premissa Básica/Objetivo Geral

Implantar e consolidar o Sistema de Produção Inte-grada do Melão nos pólos frutícolas de Mossoró-Açu,RN, Baixo/Médio Jaguaribe, CE e Vale do São Francisco,PE e BA, seguindo as normas estabeleci das pelo MAPA(Diretrizes Gerais e Normas Técnicas constantes daInstrução Normativa nº 20, de 27 de setembro de 2001),OILB e protocolos internacionais, associadas a expe-riências de outros países consumidores e parceiroscomerciais do Brasil.

Ações Complementares

• Estimular e ampliar a adesão dos produtores à PIMelão.

•• Estimular a incorporação de novas áreas ao sistemaPI Melão.

• Revisar e atualizar as normas aos novos cenários eprotocolos internacionais.

• Revisar e adequar a grade de agrotóxicos.

• Revisar e adequar os cadernos de campo e de pós-colheita.

• Definir e orientar as atividades de pesquisa e deadaptação de tecnologia para apoiar a implantação econsolidação da PI Melão.

• Determinar os componentes técnicos e socio-econômicos do sistema de produção de melão comvistas ao embasamento da adaptação das NormasTécnicas da PI Melão.

• Realizar análise do impacto ambiental e do custo/benefício nos sistemas de PI Melão.

• Implantar o manejo integrado de pragas e doençaspara o cultivo do melão.

• Fortalecer os programas de treinamento para forma-ção de técnicos multiplicadores e executores, bemcomo capacitar produtores para condução do siste-

ma de PI Melão;

• Elaborar publicações técnicas, objetivando divulgaro sistema de PI Melão e dar suporte aos treinamen-tos.

• Ampliar as ações para a regulamentação e desenvol-vimento da infra-estrutura necessária à implementaçãoda PI Melão.

• Difundir e implementar as Boas Práticas Agrícolas eo APPCC no cultivo do meloeiro.

• Tomar permanente o Sistema de Avaliação de Confor-midade (Auditoria da PIF).

• Implantar, em parcerias com os estados, as Estaçõesde Aviso.

• Incentivar a modernização das empresas para a in-clusão da PI Melão.

• Manter atualizada a home page da PI Melão.

• Manter e apoiar um informativo mensal sobre a PIMelão.

• Envolver estudantes (estagiárioslbolsistas) nas açõesda PI Melão;

• Fortalecer e incentivar as ações do Comitê Gestor daPIMelão.

• Definir diretrizes que orientem o produtor na obten-ção de padrões de produção ambientalmente corre-tos e de certificação reconhecida internacionalmente.

• Apoiar os produtores na elaboração das normasconsensuais de controle de qualidade no campo e napós-colheita, com vistas à PI Melão.

• Integrar as ações da PI Melão ao Programa de Agri-cultura Familiar.

• Realizar pré-auditorias nos campos visando a obten-ção da certificação, de acordo com as normas da PIMelão.

Metas Propostas

Meta 1- Em 2006/2007, cadastrar todos os pro-dutores de melão envolvidos na PI Melão.

• Descrição da meta: mediante o cadastramento detodos os produtores e empresas envolvidos e nãoenvolvidos na PI Melão será possível traçar um perfilatual e futuro do projeto.

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36 Conformidade da Produção Integrada de Frutas

• Desempenho atual: em andamento.

• Desempenho desejado: incluir todos os produtoresde melão e estudar meios de maximizar a imple-mentação e a adoção das práticas da PI Melão.

• Aferidores de meta: identificação do perfil do pro-dutor de melão, suas dificuldades, necessidades erecomendações e análises para futuras correções.

Meta 2 - No período 2006/2007, treinar todosos técnicos e produtores envolvidos na produçãode melão.

• Descrição da meta: mediante a identificação dos pro-blemas da cadeia produtiva do melão, promovertreinamentos dos técnicos e produtores nos temasde interesse da PI Melão.

• Desempenho atual: em andamento.

• Desempenho desejado: produtores e técnicos treina-dos em todos os aspectos da PI Melão.

• Aferidores de meta: mediante a realização de audi-torias de conformidade, obter um alto índice de em-presas certificadas e credenciadas para exportaçãode seus produtos.

Meta 3 - No período 2007/2008, pretende-seimplantar um sistema integrado de Estações de Aviso,disponibilizando dados agrometeorológicos nos muni-cípios abrangidos pelo PI Melão. Até 2007, criar umSistema Interativo de Informação Ambiental deCertificação de Qualidade no Campo, por meio dasEstações de Aviso, capazes de subsidiar os produ-tores com informações sobre pragas, doenças, condi-ções climáticas, fertirrigação, irrigação, qualidadeambiental, comércio, mercado, etc.

• Descrição da meta: montar um sistema interativo demonitoramento de pragas e doenças, informaçõesedafoclimáticas, mercadológicas e tecnológicas emgeral, por meio de Estações de Aviso.

• Desempenho atual: Não iniciado.

• Desempenho desejado: sistema "on line", funcionan-do entre empresas produtoras, mercados, consumi-dores e instituições públicas e privadas.

• Aferidores de meta: produtor bem informado sobremedidas preventivas e/ou curativas relativas amonitoramento de pragas e doenças, mercados einformações meteorológicas e tecnológicas em geral.

Meta 4 - Em 200612007, apoiar e fortalecer oSistema de Avaliação de Conformidade.

• Descrição da meta: tornar sistemática nas empresasa avaliação de conformidade da PI Melão.

• Desempenho atual: em andamento.

• Desempenho desejado: estabelecer e cumprir calen-dário de auditorias internas e externas.

• Aferidores de meta: empresas com alto índice deconformidade.

Meta 5 - Em 2006/2007, identificar pontos fra-cos que necessitem de pesquisas e adaptação detecnologia para permitir a adequação do sistema decultivo atualmente praticado pelos produtores locais,às exigências das Normas Técnicas da PI Melão.

• Descrição da meta: fazer um inventário tecnológicosobre os problemas da cadeia produtiva do melão eapoiar projetos de pesquisas que venham contribuirpara solução de gargalos tecnológicos do agronegóciomelão.

• Desempenho atual: iniciado.

• Desempenho desejado: conhecimento dos problemasda cadeia produtiva do melão, inventário tecnológicoe pesquisas realizadas ou em andamento.

• Aferidores de meta: soluções tecnológicas irnple-mentadas.

Meta 6 - Em 2006/2008, realizar estudossócioeconômicos do sistema de produção de melão nacondição atual e futura.

• Descrição da meta: apoiar as empresas na identifica-ção e na solução dos problemas do sistema de pro-dução do melão.

• Desempenho atual: não iniciado.

• Desempenho desejado: problemas identificados eanalisados

• Aferidores de meta: estudo realizado e soluçõespropostas.

Meta 7 - Em 2007, publicar um livro sobre a PIMelão.

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A Produção Integrada de Melão no Brasil 37

• Descrição da meta: editar um livro sobre a PI Melão,envolvendo todos os segmentos da cadeia produti-va e do seu agronegócio.

• Desempenho atual: em andamento.

• Desempenho desejado: livro completo e revisado.

• Aferidores de meta: livro publicado.

Meta 8 - Em 2007, manter um jornal eletrônicosobre o PI Melão.

• Descrição da meta: utilizando o sistema informatizadoda rede PI Melão, criar um jornal mensal sobre o PIMelão incluindo as mais variadas informações sobrea cadeia produtiva e o agronegócio do melão.

• Desempenho atual: não iniciado

• Desempenho desejado: jornal criado

• Aferidores de meta: jornal na rede informatizada.

Meta 9 - Em 2007, criar e manter, permanente-mente, uma rede de discussão eletrônica entre empre-sas e técnicos sobre a PI Melão.

• Descrição da meta: criar um espaço eletrônico paradiscussão dos principais problemas da PI Melão,incluindo o agronegócio e os problemas na sua ca-deia produtiva.

• Desempenho atual: não iniciado.

• Desempenho desejado: acesso imediato via Internet.

• Aferidores de meta: informação e discussão "on line".

Meta 10 - Em 2006/2007, promover uma revisãogeral da PI Melão.

• Descrição da meta: Até o final de 2006, ter todo a PIMelão revista e revalidada.

• Desempenho atual: iniciado.

• Desempenho desejado: PI Melão revista e revalidada.

• Aferidores de meta: aprovação e adoção da novaPI Melão por produtores, importadores e consumi-dores.

Estratégia OperacionalNo período de 2002/2004, as bases conceituais

para a implantação da PI Melão foram realizadas comsucesso. Muitas empresas e produtores estão cons-

cientes das vantagens da adoção da PI Melão. Asdificuldades operacionais foram constantes devido àcomplexidade do projeto e à abrangência da cadeiaprodutiva do melão. Houve problemas rotineiros deescassez de recursos financeiros e de apoio técnico,os quais comprometeram significativamente o cum-primento de algumas das metas previstas.

Atualmente, a PI Melão já é uma realidade, masprecisa de um tratamento especial para o seu funcio-namento e consolidação como um instrumentofacilitador da produção, do seu agronegócio, bem como,de inserção do Brasil no mercado mundial do melão. Asegunda etapa deste projeto prevista para o período2006/2008 se reveste de uma importância fundamentalpara a consolidação e concretização definitiva dosobjetivos e fundamentos implantados no período ante-rior. Em todas as etapas envolvidas neste trabalho,serão incluídos como parceiros importantes dos seto-res públicos e privados, as Secretarias de Agriculturasdos Estados do RN e do CE, Emater's, Coex, Profrutas,Ufersa, Univale, Centec, Associações de Produtores eas próprias empresas produtoras de melão.

A Produção Integrada de Melão foi inicialmen-te implantada, sob a coordenação da EmbrapaAgroindústria Tropical, nos pólos de fruticultura doRio Grande do Norte e do Ceará, onde atualmente estáconcentrada a maior produção de melão do País.Como terceiro pólo produtor de melão, o Vale do RioSão Francisco também carece da implementação daProdução Integrada de Melão como ferramentafundamental para sua expansão e aumento dacompetitividade. Espera-se, assim, implementar astécnicas de Produção Integrada de Melão no Vale doSão Francisco, de modo a tornar o produto mais com-petitivo nos mercados local, nacional e internacional.É almejada, também, a exportação de melões em razãodos benefícios advindos com a aceitabilidade ecredibilidade dos produtos gerados pela ProduçãoIntegrada.

O projeto está sendo coordenado pela EmbrapaAgroindústria Tropical e contará com a participação daEmbrapa Semi-Árido, Embrapa Meio Ambiente, Secre-tarias de Agricultura e Emarter's do CE, RN e PE,Centec, Univale, Profruta, Ufersa, UFC, Emparn, Coex,Prefeituras Municipais, associações de produtoresentre outros. Pelo seu caráter multidisciplinar, este

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38 Conformidade da Produção Integrada de Frutas

projeto contará com pesquisadores, especialistas e co-laboradores das diversas áreas da cadeia produtiva domelão.

As instituições e empresas envolvidas dispõemde uma estrutura física de laboratórios, campos expe-rimentais e um grande acervo tecnológico e de especi-alistas em áreas afins para dar suporte técnico-científicoao projeto.

Estratégia 1: Cadastramento de Produtores eEmpresas

Um formulário compacto deverá ser preenchidopor empresas e/ou produtores, mediante a assistênciade um agente previamente treinado para tal. Esperam-se obter informações do perfil da empresa quanto àssuas atividades no setor agropecuário. Serão incluí-dos, entre outros componentes, levantamento da situ-ação social, aspectos relacionados à família e aosempregados da propriedade, econômicos, como o dasustentabilidade financeira da empresa e ecológicos,como o do uso da terra, preservação dos recursosnaturais renováveis e uso de insumos agrícolas. Osresultados servirão como subsídio para o enquadra-mento da empresa dentro da PI Melão, suas prováveiscorreções e ajustamentos para a obtenção de Certifica-dos, atendimentos a protocolos nacionais e internaci-onais, etc.

Estratégia 2: Capacitação e Treinamento deProdutores e Técnicos

Com base no cadastramento de produtores e em-presas envolvidos com a produção de melão nosestados, será elaborado um programa de cursos e trei-namentos de técnicos e produtores e agentes envolvi-dos em todas as etapas e processos, tanto em campoquanto em laboratório, e também, requisitos adminis-trativo-burocráticos necessários para um completo en-tendimento e funcionamento da PI Melão. Cada técnicotreinado será um multiplicador dentro da empresa e noâmbito de sua área de abrangência.

Estratégia 3: Implantação das Estações de Aviso

Esta meta será atendida mediante o conhecimen-to e aproveitamento das experiências já existentes e emandamento no Brasil. O projeto pretende montar umsistema operacional incluindo uma rede de monito-ramento agrometeorológico e disponibilizar para osprodutores dados meteorológicos diários, medidos nasprincipais regiões de produção de melão do Rio Gran-

de do Norte (Mossoró e Baraúnas) e Ceará (Limoei-ro do Norte, Russas e Aracati) e municípios produto-res do Vale do São Francisco, nos Estados da Bahia ePernambuco, com vistas ao manejo da irrigação e aomanejo integrado de pragas e doenças na PI Melão.Será incluído o sistema de Boas Práticas Agrícolas,visando minimizar riscos e perigos comuns que amea-çam a segurança alimentar, sempre adequando-o àsnormas do "Codex Alimetarius", EUREPGAP e OILB.

Estratégia 4: Implantação de um Sistemade Avaliação de Conformidade

O projeto contribuirá e participará junto às em-presas de um sistema permanente de avaliação de con-formidade relativo às normas da PI Melão, EUREPGAP,OILB e qualquer outro protocolo internacional de in-teresse específico que venha contribuir para o atendi-mento às exigências das agências certificadoras e amelhoria da qualidade do produto final ofertado aomercado. Isto irá atender a um requisito básico, quepreconiza que somente a alta qualidade dos frutosproduzidos é capaz de conquistar novos mercados.Existem, entretanto, outras exigências por parte depaíses importadores de frutas frescas que devem seratendidas. Em primeiro lugar, são feitas rigorosas res-trições à entrada de frutas portadoras de organismosexóticos que possam representar riscos à agriculturado país importador. Outra restrição importante diz respei-to aos agrotóxicos e seus resíduos. Todos estes e outrosprocessos envolvidos na cadeia produtiva do melão se-rão contemplados nas avaliações de conformidade.

Estratégia 5: Apoio à Adaptação de Pesquisa &Desenvolvimento, Difusão e Transfe-rência de Tecnologia e Inovação

As metas 5 a 9, previstas nesta proposta, refe-rem-se ao apoio a um programa de adaptação detecnologia, sua adoção e transferência, incremento depublicações técnicas tais como; um livro texto sobrea PI Melão, documentos, comunicados técnicos,"folders", cartilhas de campo etc.; criação de um jornaleletrônico sobre o PI Melão, seu estágio atual" avan-ços e conquistas no Brasil, incluindo informaçõestecnológicas e mercadológicas; criar rede de dis-cussão eletrônica entre empresas e técnicos sobrea PI Melão. Todas essas ações serão centralizadas naEmbrapa Agroindústria Tropical, utilizando os recur-sos e estrutura já existentes.

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A Produção l nt egrada de Melão no Brasil 39

Estratégia 6: Revisão e Ajustamentosde todas as etapas da PI Melão

A partir de 2006, será feita uma revisão e ajus-tamento das normas da PI Melão, incluindo renovaçãodo Comitê Gestor, cadernos de campo e embalagens,guias de tratamentos fitossanitários, guias paramonitoramento de pragas e doenças, instalações,calibração dos equipamentos e controle de estoquesde agrotóxicos, certificação externa, manual de confor-midade, controle e sanções do programa e elaboraçãodo plano de marketing, rastreabilidade, entre outras.

Implantação da Produção Integradade Melão no Vale do São Francisco

o cultivo do melão no Pólo do Submédio SãoFrancisco apresenta, no tocante à forma de exploração,um comportamento bem diferente do observado nasregiões de Mossoró e Açu e do Baixo Jaguaribe. Istoporque, naqueles pólos de produção o cultivo é domi-nado pelas grandes empresas, enquanto no SubmédioSão Francisco é praticado majoritariamente por peque-nos produtores assentados, tanto nas áreas de coloni-zação dos perímetros irrigados como em pequenaspropriedades nas margens de rio São Francisco ou deseus afluentes. Trata-se de agricultores pouco capita-lizados que cultivam o melão durante o ano todo,concentrando os plantios entre os meses de fevereiroa abril e destinam a produção basicamente para omercado interno. É importante relatar que até o ano de1987 o Submédio São Francisco era o principal pólo deprodução de melão do país, entretanto, por apresentar-se menos atrativo economicamente que outras frutífe-ras, como a manga e a uva, o cultivo dessa hortaliçapouco a pouco foi perdendo importância econômica,notadamente no segmento das grandes empresas quedestinam seus produtos tanto para o mercado internocomo para exportação (ARAÚJO e VILELA, 2003).

Entretanto, aproveitando o momento vivenciadoatualmente nos diversos segmentos da sociedade, quecada vez com mais intensidade está exigindo a produ-ção de alimentos mais saudáveis e que provoquem,durante o processo de elaboração, o mínimo de agres-são ao homem e ao meio ambiente, a implantação doSistema de Produção Integrada para a cultura do melãona Região do Submédio São Francisco desponta como

uma importante alternativa para tornar mais rentáveisas unidades produtivas que exploram essa oJerácea.

Inserção dos produtores em sistema deorganização e integração da cadeiaprodutiva do melão no contexto da PI

Serão envolvidos, inicialmente, pequenos médiose grandes produtores de melão que estiveram localiza-dos no pólo de irrigação Juazeiro-BA/Petrolina-PE.

Os produtores serão devidamente cadastrados.Será realizado levantamento da situação social (as-pectos relacionados com a família e empregados dapropriedade), econômica (aspectos da sustentabilidadefinanceira da propriedade) e ecológica (aspectos douso da terra, preservação dos recur os naturaisrenováveis e uso de insumos agrícolas). Questionáriopróprio será desenvolvido para coleta destas informa-ções. Tal levantamento deverá ser realizado para nortearas atividades seguintes relacionadas com a implanta-ção da Produção Integrada de Melão. Este levanta-mento poderá, eventualmente ser repetido anualmente,porém deverá ser realizado impreterivelmente ao finaldo projeto para permitir avaliação da evolução do pro-jeto e aferição das metas.

Criação de Comitê Técnico paraadequação das normas de ProduçãoIntegrada do melão para oVale doSão Francisco

Será criado um Comitê Técnico, à semelhançados Comitês Técnicos criados para elaboração dasnormas da PIF, conforme as Diretrizes Gerais e NormasTécnicas, constantes da Instrução Normativa nº 20 doMAPA, de 27 de setembro de 2001. Uma vez que asnormas da PI Melão já existem, esse Comitê deveráreunir-se para apreciar as normas e propor eventuaisadaptações para as condições do Vale do São Fran-cisco. O Comitê Tecnico será composto pelos pesqui-sadores da Embrapa Semi-Árido, membros do projetoe por representantes dos produtores e das entidadescolaboradoras. Terá ainda atribuição de participar dadefinição e acompanhamento das áreas de produtoresonde serão implantadas as Unidades Experimentais deDivulgação (UDEs) para efeito de estudos comparati-vos entre o Sistema de Produção Tradicional e osistema de Produção Integrada do Melão.

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40 Conformidade da Produção Integrada de Frutas

Manejo Integrado de Pragas e Doenças(MIP)

As táticas a serem utilizadas deverão ser ecolo-gicamente corretas e estarem adequadas ao contextodo MIP. Assim, em relação ao uso correto e seguro dedefensivos agrícolas, os produtores serão devidamentetreinados para realizarem o controle de pragas e doen-ças somente quando houver necessidade (com basena população da praga e condições climáticas favorá-veis para ocorrência da doença).

Somente produtos registrados para a culturapoderão ser utilizados e os períodos de carênciadeverão ser rigorosamente seguidos. Os produtores,também, deverão ser treinados para adotarem medidasseguras para preparo, aplicação e armazenamento deagrotóxicos e regulagem e manutenção de equipamen-tos, de modo a garantir tanto a segurança dos traba-lhadores rurais como a dos consumidores. Para tanto,um manual de MIP deverá ser divulgado, para facilitara adoção desse sistema pelos produtores.

Meio ambiente e alimento seguro

Os produtores e embaladores de melão deverãodirigir a atenção para proteger o ambiente e valorizaros recursos naturais. Os frutos descartados e as em-balagens de produtos usados na empresa, na medidado possível, serão transformados em adubo orgânico.As embalagens dos produtos químicos receberão lava-gem tríplice com água, sendo esta retomada para opulverizador.

As embalagens serão colocadas em local apro-priado. No processo produtivo deverá ser usado omínimo possível de produtos químicos. O produtor faráo monitoramento de pragas e doenças por meio dearmadilhas, exame de folhas e frutos, entre outras prá-ticas. Serão usados apenas produtos aprovados pelalegislação brasileira. As recomendações do rótulo e oprazo de carência serão levados em consideração.O produtor deverá, periodicamente, submeter o melãoà análise de resíduos dos produtos utilizados em prée pós-colheita.

Análise de resíduos

Em cada unidade de produção de melão deveráser realizado um levantamento dos principais pesticidas

utilizados na cultura do melão e, em seguida, deve-seproceder a realização do teste de simulação da conta-minação ambiental desses produtos (Embrapa MeioAmbiente, 1999c). Aqueles produtos que ofereceremmaiores riscos deverão ser monitorados nos camposde produção. Pretende-se monitorar, pelo método demultiresíduos, os principais pesticidas utilizados naprodução de melão, tendo em conta os Limites Máxi-mos de Resíduos (LMRs) permitidos pela legislaçãopertinente. Para tal, será feito um plano, cujo universoserá a empacotadora de áreas de produção previamen-te selecionadas para o estudo.

As amostras de melão serão coletadas segundocritério estatístico adequado sendo enviadas para aanálise dos resíduos de pesticidas, em laboratóriocredenciado conforme procedimento analítico padrão.Paralelamente e alternativamente, também se fará usode metodologia enzimática, cujos protocolos estãosendo desenvolvidos na USP, como parte das ações/metas do projeto anteriormente citado. Essa metodo-logia alternativa tem a vantagem de ser mais barata, terresposta analítica mais rápida e serbastante específi-ca. Além disso, tal metodologia poder ser realizada nocampo, com o mínimo de aparato laboratorial.

Implantação de Boas Práticas AgrícolasSerá utilizado o manual de Boas Práticas Agríco-

las preparado pela equipe da PI Melão da EmbrapaAgroindústria Tropical, para a difusão e implantaçãodas Boas Práticas Agrícolas para a cultura do melão noVale do São Francisco.

Manejo de água e nutrientesO sistema de irrigação adotado será irrigação por

gotejamento. A necessidade de água do meloeiro, doplantio à colheita, varia de 300 a 550 mm, dependendodas condições climáticas. A aplicação da fertirrigaçãoserá realizada com base nas informações contidas nocapítulo 12.

Outras áreas temáticas da ProduçãoIntegrada

Para as demais áreas témáticas, serão seguidosos manuais e os preceitos das Normas Técnicas daProdução Integrada de Melão, já elaboradas, publicadase em uso nos cultivos dos Pólos Mossoró-Açu, RN eBaixo Jaguaribe, CE.

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A Produção Integrada de Melão no Brasil 41

Normas Técnicas Específicas para aProdução Integrada de Melão(NTE- PI Melão)

As Diretrizes Gerais para a Produção Integradade Frutas (DGPIF) preconizam no item DisposiçõesGerais, que a fruticultura moderna deve ser capaz degerar produtos de qualidade e saudáveis, em conformi-dade com os requisitos da sustentabilidade ambiental,da segurança alimentar e da viabilidade econômica,mediante a utilização de tecnologias limpas, não-agres-sivas ao meio ambiente e à saúde das populações edos animais. Enfatizam ainda que o modelo preconiza-do obedece a princípios, conceitos e normas técnicasque deverão ser adotados por produtores e empaco-tadoras do segmento da fruticultura.

A Instrução Normativa nº 13, de 1º de outubro de2003 aprovou as Normas Técnicas Específicas (NTE)para a Produção Integrada de Melão (Frutas et ai., 2(03).

As normas contemplam as seguintes áreastemáticas:

Capacitação de recursos humanosOrganização dos produtoresRecursos naturaisMaterial propagativoImplantação de pomaresNutrição de plantasManejo e conservação de soloRecursos hídricos e irrigaçãoManejo da parte aéreaProteção integrada de plantasColheita e pós-colheitaAnálise de resíduosProcesso de EmpacotadorasSistema de rastreabilidade e cadernos de campoAssistência técnica

Essas normas preceituam para cada área temáticao seu grau de aplicação classificando-as com obriga-tórias, recomendadas, proibidas ou proibidas com res-trição.

Resultados Esperados

Para atender às exigências dos mercados inter-nacionais, a produção integrada de frutas necessita,

para sua efetiva implantação, de ações de capacitaçãoe treinamento de pessoal. Isto promoverá a dissemina-ção das tecnologias que atendam as exigências dosconsumidores. Entretanto, para a Produção Integradade Melão ter sucesso, além da atuação das institui-ções governamentais como a Embrapa, MAPA, órgãosestaduais de pesquisa e de assistência técnica e ex-tensão rural, é imprescindível a participação das asso-ciações de produtores, visto que, eles serão osprincipais atores do processo.

Além de proporcionar um melhor retorno econô-mico e social a PI Melão vai permitir que os produtoresde melão tenham uma melhor conscientização sobre anecessidade de preservar o ecossistema e de contri-buir para melhorar a qualidade de vida da sociedadeatual e futura, através da execução de práticas decultivo que garantam a sustentabilidade agrícola semcausar danos aos recursos naturais, aos trabalhadoresdos sistemas de produção e beneficiamento e aosconsumidores dos produtos neles gerados.

Como resultado final, espera-se integrar todos osprodutores e empresas dentro de um sistema de auto-gestão da PI Melão sob supervisão e acompanhamen-to do MAPA/Embrapa. O cumprimento de todas asetapas e processos requeridos pela PI Melão resultarána redução do uso de agrotóxicos; uso de tecnologiasadequadas ao meio ambiente; melhoria da renda, nívele qualidade de vida do produtor; e mantençãao dasfunções múltiplas da agricultura de resultados, cominclusão social e preservação ambiental.

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42 Conformidade da Produção Integrada de Frutas

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