A psicologia política do homem que não virou super homem

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A PSICOLOGIA POLÍTICA DO HOMEM QUE NÃO VIROU SUPER-HOMEM GUSTAVO HENRIQUE DE AGUIAR PINHEIRO 2009

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A PSICOLOGIA POLÍTICA DO HOMEM QUE NÃO VIROU SUPER-HOMEM - GUSTAVO HENRIQUE DE AGUIAR PINHEIRO - 2009

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A PSICOLOGIA POLÍTICA DO HOMEM QUE NÃO VIROU

SUPER-HOMEM

GUSTAVO HENRIQUE DE AGUIAR PINHEIRO

2009

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Foto do World Trade Center.

A José Raymundo Costa pela atenção

e o carinho de publicar os textos de

um leitor desconhecido. Ainda mais,

por mandar ilustrá-los nos traços

coloridos e perfeitos do Guabiras. A

este, muito obrigado também.

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"BUSH, MEU FILHO, RESOLVE TUA CRISE 1"

"Eu liguei para ele para falar: Bush, o problema é o seguinte, meu

filho, nós ficamos 26 anos sem crescer. Agora que a gente está

crescendo vocês vêm atrapalhar. Resolve, resolve a tua crise",

afirmou.

“LULA SE COMPARA A JESUS CRISTO E DIZ QUE SOFREU

PRECONCEITO NA SUA TRAJETÓRIA POLÍTICA 2”.

"Me acusavam porque eu tinha barba mas não lembravam que Jesus

Cristo tinha barba. Acusavam que a estrela do PT era comunista e

depois me acusavam que eu não tinha diploma universitário”.

"Inteligência não tem nada a ver com conhecimento. Inteligência nasce

dentro de nós. Eu tenho o maior conhecimento porque eu entendo o

sentimento da alma do povo brasileiro".

MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES

No mesmo discurso, Lula cobrou uma ampliação dos negócios entre

Brasil e México. O presidente falou também da importância do PAC

(Programa de Aceleração do Crescimento) para o aquecimento do

mercado interno e comparou o Bolsa Família à multiplicação dos pães,

1 Uol Últimas Notícias, da redação em São Paulo, 27/03/2008. 2 Folha Online, Giselli Souza, 27/09/2008.

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um dos milagres atribuídos a Jesus Cristo. "A multiplicação dos pães

que Cristo falava é justamente essa3”.

OS PÃES QUE SE MULTIPLICAM

A ORDEM SUBVERTIDA

O FBI desenvolveu uma classificação simples relativa aos grupos de

terroristas quanto aos apoios que recebem secreta e

predominantemente. Assim teremos:

a) Terrorismo apoiado por Estados violadores das leis

internacionais (como o Irão, o Iraque, a Síria, Cuba e a Líbia).

Neste caso o terrorismo é um instrumento de política

internacional;

b) Terrorismo apoiado por organizações independentes (quer

financeira quer logisticamente). Nestes casos o financiamento

recorre a actividades ilícitas como o tráfico de drogas, o 3 Uol Últimas Notícias, da redação em São Paulo, 27/03/2008.

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contrabando de produtos ilegais, os <impostos revolucionários>

e outras extorsões diversas, e até a financiamentos ilegais

provenientes de dinheiro branqueado por diversas formas;

c) Terrorismo patrocinado por grupos específicos que financiam a

maioria das acções subversivas. É o actual caso da Al Qaeda4

E AGORA? CHAMA O GUABIRAS:

Sobre o conceito de autoridade, tanto Hannah Arendt como Karl

Jaspers desenvolvem longas considerações prevalecendo, na

primeira, um tratamento eminentemente histórico. Mas os dois textos

4 Ciência Política: Estudo da Ordem e da Subversão, Antônio de Sousa Lara, Universidade Técnica de Lisboa, 2005.

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convergem no essencial, ou seja, no fato de que de nenhum modo se

pode pensar em autoridade sem liberdade, embora conceitos tais

como obediência e hierarquia se mostrem, por igual, essenciais. No

caso de Hannah Arendt, seu enfoque revela-se fundamentalmente

histórico, como ressaltamos acima, partindo do princípio que a

Antiguidade desconheceu a autoridade, e da tese de que a autoridade

enfraquece em grande medida no decurso do mundo moderno. Ambos

estudam as causas desse enfraquecimento do conceito de autoridade

e, ainda aqui, assumem posições semelhantes, no sentido de

mostrarem o grande questionamento que atingiu suas bases de

sustentação5.

ENTENDEU? NÃO? ENTÃO CHAMA O GUABIRAS DE NOVO:

5 Introdução à Psicologia Política, Antônio Gomes Penna, Imago, 1995.

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A SÍNDROME DAS AUTORIDADES MIMADAS

A imprensa nacional noticiou recentemente vários casos de sinais e

sintomas de autoridades públicas que tentam se valer de suas

prerrogativas e carteiras para se livrar da fiscalização legítima do

Estado, fenômeno conhecido como “carteirada”, que tem sido

reavivado em todo país em virtude da aplicação indistinta da chamada

“Lei Seca”.

Foi assim no Distrito Federal (29/07/2008), onde agentes do Detran se

queixaram na mídia de funcionários públicos que usaram do poder

para tentar escapar da punição. Em Palmas, no Tocantins,

(09/02/2009), um Procurador do Estado visivelmente embriagado

ofendeu grotescamente a autoridade que lhe enquadrou, exibindo para

a câmera cautelosa da polícia a sua carteira funcional e a sua

indignação por estar sofrendo os limites da lei, da mesma lei que ele

certamente um dia jurou defender.

Mas os sintomas das autoridades mimadas podem ser vistos também

nas filas, nos supermercados, nas salas de espera ou nas portarias

dos cinemas, que para se protegerem das carteiradas das crianças

crescidas sem limites, criaram diversas regras para admiti-las em suas

salas, invocando o direito para limitar o abuso de autoridade silencioso

(contra o guarda, a atendente, o porteiro, o vigia...), fenômeno

cotidiano minimizado pela ciência política, que, apartada da psicologia,

esqueceu os seus próprios princípios sobre a natureza humana e o

abuso do poder, orientações antigas, segundo as quais “toda teoria

política clássica é por natureza contemporânea” (J. A. Guilhon

Albuquerque) e todo poder político, de origem mundana, nasce da

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própria malignidade que é intrínseca à natureza humana (Maquiavel),

o que revela “uma experiência eterna de que todos os homens com

poder são tentados a abusar” (Montesquieu).

Sem perda de tempo com filosofices, o mundo ocidental assiste a

maior crise de autoridade entre pais e filhos de todos os tempos (v. A

Autoridade em Crise – Luís Pellegrini – Revista Planeta/out/2008 e

LAutorité expliquée Aux parents (A autoridade explicada aos pais) –

Claude Halmos – Editora Nil/2009), simplesmente porque o exercício

legítimo da autoridade perdeu seus próprios limites e as crianças,

também sem limites, vão assistir em cadeia nacional as crises das

autoridades mimadas, que de “pequenos príncipes” (de Exupéry) se

transformam rapidamente em “Príncipes” (de Maquiavel), abusando do

poder na sociedade, pois o mundo sempre tende a esquecer das

lições do passado, não só porque o tempo passa, mas, sobretudo,

porque as pessoas se recusam a aceitar a sua condição de humano

incompleto e desejante, sempre a depender do outro para existir

plenamente em direitos, deveres e subjetividades.

A ciência política não resolverá suas questões complexas sem a

interconexão com as demais disciplinas, como a psicologia, por

exemplo, que já entendeu que “a criança que não aprende a ter limites

para o seu querer, para os seus desejos e vontades, que tudo quer e

tudo pode, tende a desenvolver....distúrbios de conduta, desrespeito

aos pais, colegas e autoridades, incapacidade de concentração,

dificuldades para concluir tarefas, excitabilidade, baixo rendimento”

(Limites Sem Traumas – Tânia Zagury – Record – 2000).

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A síndrome das autoridades mimadas é, portanto, um conjunto de

sintomas da crise de legitimidade da autoridade. A República precisa

não só de leis, mas também de afeto6.

E UM SAPATO TEM PODER?

6 A Síndrome das Autoridades Mimadas, Gustavo Henrique de Aguiar Pinheiro, 2009.

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Em Tarde, é bem sabido, a imitação é o princípio constitutivo das

comunidades humanas. Por isso ele define a sociedade como “uma

coleção de seres na medida em que estão se imitando entre si”. A

imitação compulsória ou espontânea, eletiva ou inconsciente,

transforma a descoberta individual num fato social. A opinião, a idéia

ou o desejo de um torna-se progressivamente a opinião, a idéia ou o

desejo de um grande número. O futuro normal de uma inovação é sua

propagação, seu futuro ideal é a propagação universal. À questão de

saber sobre o que repousa esse fenômeno de imitação de um

indivíduo por outro, depois por uma multidão, Tarde responde que ele

provém da sugestão, que não é mais que uma forma de “hipnotismo”.

Desde sempre, o estado social é um estado hipnótico. Voltaremos a

esse ponto. Se a idade moderna caracteriza-se pela generalização

nos indivíduos do sentimento de autonomia, “embora, sem saber, eles

seja autômatos”, em realidade as idéias, as opiniões ou os gostos não

se tornaram mais espontâneos. Nascida de um “feliz cruzamento” num

cérebro individual, a opinião irá propagar-se, com maior ou menor

rapidez, durante mais ou menos tempo. Com efeito, a nova opinião

pode ir no mesmo sentido de uma opinião existente já partilhada pelo

grande número. Nesse caso ela acarreta um reforço da opinião

existente. Tarde falará então de “interferência-combinação”. Mas a

idéia nova também pode contradizer uma opinião dominante e

produzir uma “interferência-luta”, A inovação poderá então expandir-se

progressivamente e substituir pouco a pouco a opinião dominante, até

tornar-se ela própria uma opinião dominante descartada futuramente

por uma nova opinião. Aparecer e crescer, depois estagnar e

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finalmente recuar diante do aparecimento de uma idéia nova, tal é a lei

simples que caracteriza o movimento das idéias e das necessidades,

dos gostos e ou das crenças7

02/10/2006 - 00h10

PERFIL-Carisma ainda é arma de Lula para o 2o turno

Extremamente hábil no contato com a massa, Lula parecia e resistir

quase incólume às denúncias, como se estivesse desconectado do PT

e dos fatos. Mas perdeu altitude na reta final e agora disputará a

preferência do eleitorado com o adversário tucano, Geraldo Alckmin,

ao longo de outubro.

Nada de que o cacife político do presidente não dê conta, na opinião

do deputado Paulo Delgado (PT), aliado de longa data.

"Lula é um dirigente sindical que virou presidente. Ele se oferece como

um igual e não como um líder", afirmou Delgado à Reuters.

Segundo analistas políticos, Lula soube aproveitar seu capital social e

político para manter a calma e sobreviver aos escândalos. Mas, com o

prolongamento inesperado do pleito que pode lhe dar mais um

mandato e irritado com os "aloprados", como chamou os petistas

7 Propagação das Opiniões, Dominique Reynié, na Introdução de A Opinião e as Massas, de Gabriel Tarde, Martins Fontes, 2005.

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envolvidos na compra de um dossiê contra tucanos, ele dá sinais de

que pode abandonar sua versão "paz e amor".

"Quando ele entra em pânico e se irrita, ele faz coisas como essa, de

se comparar a Jesus. Ele quer ter um papel messiânico. A cultura

brasileira favorece isso, desenvolve o desejo pelo messias ou salvador

da pátria", disse o cientista político Roberto Romano, professor

emérito da Unicamp. "Ele também não gosta de ser contestado."

Delgado desmente a fama de autoritário do presidente. Para ele, Lula

teria apenas uma "característica centralizadora".

"O Brasil precisa de um líder popular com características populares. É

um país onde o presidente tem muita força e o Congresso não",

afirmou.

PRESIDENTE "POP STAR"

A chegada de Lula ao Planalto alterou não apenas sua rotina, como a

de todos aqueles que estavam acostumados a conviver com

presidentes.

O Lula presidente sempre demonstrou pouca paciência com os ritos

exigidos pelo cargo. Acostumado a comícios, não quis ficar preso

entre quatro paredes. Desde o princípio, deixou claro que governaria

em "contato com o povo".

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As centenas de viagens que faria nos quatro anos de governo

comprovaram isso. Nelas, Lula posou para muitas fotos e foi

reconhecido por multidões, o que lhe rendeu o apelido, pelos

jornalistas que cobrem o Planalto, de "pop star". No exterior chamou a

atenção por sua trajetória pessoal e pela pregação contra a fome no

mundo.

O apelo popular de Lula fica evidente quando ele veste roupas típicas,

coloca bonés, mostra descontração ao tomar uma cerveja. Sua

naturalidade é um trunfo reconhecido por seus adversários políticos.

No início do governo, a informalidade de Lula desconcertava o

cerimonial da Presidência. Certa vez decidiu ir a pé do Palácio do

Planalto ao Congresso. Chegou a descer a rampa até a rua, mas

acabou mudando de idéia diante da súplica desesperada dos

assessores e seguranças.

Outro nítido desconforto são os discursos, que ele não gosta de ler.

Prefere improvisar, o que sempre deixou tensa sua assessoria, com

medo que ele fale demais.

Como candidato, decide seus discursos para os comícios em cima da

hora. "Ele gosta de criar imagens, estabelecer um enredo que, muitas

vezes, é criado no trajeto entre o aeroporto e o local do comício",

afirmou o petista Fernando Pimentel, prefeito de Belo Horizonte.

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Lula também costuma se emocionar (e até chorar) nos discursos,

principalmente quando lembra da mãe, dona Lindu, que morreu de

câncer.

Foi com sua mãe e seus irmãos que este pernambucano de

Garanhuns, prestes a completar 61 anos, mudou-se para São Paulo

quando criança. Começou a trabalhar antes dos 14 anos e quando

ingressou numa fábrica fez o curso de torneiro mecânico.

Apesar de gostar dos flashes, deu poucas entrevistas nos dois

primeiros anos de governo. Em 2005, antes do escândalo do

mensalão, estava mais acessível, mas com a ocorrência das

denúncias voltou a se distanciar. No início de 2006, de olho na

reeleição, o presidente retomou as conversas com a imprensa.

Antes de ocupar a Presidência, Lula tentou manter a vida pessoal

longe da imprensa. Mesmo sua mulher, Marisa Letícia, com quem está

casado há 32 anos, só passou a aparecer ao seu lado na campanha

presidencial de 2002. Marisa, de 56 anos, era viúva quando casou

com Lula, também viúvo. O casal tem três filhos, além de outros dois

nascidos anteriormente.

Na Presidência, no entanto, foi difícil evitar o assédio à família. Vida

pessoal e pública se misturaram ao ponto de provocar a ira do

Congresso, que questionou o uso da máquina em benefício próprio.

Até a cadela de Marisa, a fox terrier Michelle, virou motivo de bate-

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boca entre os parlamentares devido à carona que recebeu de um

veículo oficial.

MAS O VEÍCULO VEIO NA CARONA DE QUEM?

O POVO Online Política PSDB só apoiará Sarney com veto a 3º mandato de Lula

A bancada do PSDB reúne-se hoje para fechar a lista de exigências

políticas e de espaço de poder no Legislativo, que será encaminhada

ainda hoje a Sarney, o preferido da bancada de 13 senadores.

28 Jan 2009 - 08h23min

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O PSDB só vai apoiar a candidatura de José Sarney (PMDB-AP) à

presidência do Senado em troca do "boicote" a qualquer iniciativa de

governistas em favor de um eventual terceiro mandato do presidente

Luiz Inácio Lula da Silva. A bancada do PSDB reúne-se hoje para

fechar a lista de exigências políticas e de espaço de poder no

Legislativo, que será encaminhada ainda hoje a Sarney, o preferido da

bancada de 13 senadores. A mesma proposta será levada a Tião

Viana (PT-AC), que disputa a vaga com Sarney.

"Como temos sérias dúvidas sobre as intenções democráticas de

vários setores do governo, queremos saber dos candidatos se

tentativas golpistas teriam êxito", antecipou ontem o presidente do

PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). Ele e o líder no Senado, Arthur

Virgílio (AM), se encarregarão de procurar Sarney e Viana. "Queremos

um presidente com sinceros compromissos democratas e de respeito

às minorias e ao direito à voz da oposição, que não pode ser mutilada

no Congresso", insiste Guerra.

Agência Estado.

O DILEMA DO PRISIONEIRO E A POLÍTICA

Os políticos no Congresso estão geralmente jogando dois jogos

simultâneos. Um com seus companheiros, e outro com os eleitores. O

jogo entre os parlamentares tende a ser cooperativo devido à

facilidade de identificação de traidores. Quando os competidores são

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os eleitores, a identificação dos desertores torna-se mais difícil e, via

de conseqüência, diminui a cooperação.

O “Dilema do Prisioneiro” pode ser aplicado à Teoria Política como

uma excelente ferramenta para analisar situações nas quais a

colaboração mútua oferece vantagens a ambas as partes, mas onde

uma delas é fortemente incentivada a não cooperar, enquanto a outra

continua a fazê-lo. A interação entre eleitores e eleitos sempre foi uma

preocupação dos estudiosos, e a atitude dos legisladores que buscam

reeleger-se é uma das facetas mais interessantes do problema.

Como seria o comportamento destes legisladores diante da limitação

às funções eletivas? Um dos argumentos mais usados pelos que

defendem o instituto, conforme se assinalou, diz respeito às

facilidades que o mandato proporciona aos parlamentares nele

investido, facilidade que se reflete na quase certeza da reeleição.

Seguros, os representantes tendem a ignorar os desejos de seus

eleitores.

Em contrapartida, aduzem os opositores que somente a ameaça de

uma derrota eleitoral preservaria a honestidade dos legisladores, pois

se eles se vissem impedidos de concorrer novamente violariam

promessas de campanha contrárias à seus próprios interesses.

O “Dilema do Prisioneiro” permite modelar a situação, confirmando

que os adversários do terms limits tem razão ao adotar tal

procedimento.

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Eis o cenário do jogo: de um lado, os eleitores que cooperam quando

votam a favor da reeleição dos legisladores ou, não cooperam, quando

se recusam a reelegê-los; do outro, os legisladores quando servem ao

interesse público, ou não cooperam quando cobiçam apenas

vantagens pessoais.

Se os legisladores experientes cooperam, podem beneficiar seus

eleitores com mais eficácia do que os novos e, se não cooperam,

podem prejudicá-los com maior intensidade. Nestes termos, a relação

entre eleitores e representantes configura-se como o “Dilema do

Prisioneiro”8.

02/10/2006 - 00h10

PERFIL-Carisma ainda é arma de Lula para o 2o turno

"LULINHA PAZ E AMOR"

Durante anos, Lula tentou convencer o eleitorado de que um ex-

metalúrgico sem experiência administrativa estava pronto para

assumir o cargo mais importante do país.

O discurso moderado durante a campanha de 2002 foi decisivo para a

vitória, quando obteve o voto de 52,8 milhões de brasileiros. Lula se

tornou o primeiro expoente da classe operária a chegar ao poder no

Brasil.

8 Limitação dos Mandatos Legislativos, Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha, Sérgio Antonio Fabris Editor, 2002.

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A estratégia de ampliação de alianças para o centro foi decisiva para a

vitória em 2002. Lula também evitou o conflito direto, característica

das campanhas anteriores. Nasceu ali o "Lulinha paz e amor", como

ele mesmo se definiu.

Desde que ajudou a criar o PT, em 1980, na esteira das grandes

greves no ABC durante o período de ditadura, Lula tornou-se o nome

mais popular da esquerda brasileira.

Lula veio de uma família pobre e teve a base de sua formação política

justamente nas lutas sindicais. Seu apelo popular, no entanto, não foi

suficiente para que vencesse as eleições anteriores a 2002. A imagem

de "sapo barbudo" irracional, cunhada por adversários, foi mais forte.

Em 1998, praticamente foi ao "sacrifício" em um pleito favorável ao

então presidente Fernando Henrique Cardoso. Naquele ano, Lula

perdeu no primeiro turno, como já tinha acontecido em 1994 contra o

mesmo adversário. Duas derrotas que deixaram para trás a disputa de

1989, quando perdeu uma eleição apertada no segundo turno para

Fernando Collor de Mello.

A carreira política começou 20 anos antes, quando conseguiu uma

suplência na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo

do Campo e Diadema. Em 1975 já era o seu presidente.

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Nascido Luiz Inácio da Silva, teve que incorporar seu apelido ao nome

para que, na eleição de 1982, os votos que tivessem escrito apenas

"Lula" fossem válidos. Naquele ano ficou em quarto lugar na disputa

pelo governo paulista.

Em 1986, foi o deputado federal mais votado no país, exercendo a

liderança do PT na Câmara e na Assembléia Constituinte. A partir daí,

deu início à trajetória que o levaria à cadeira mais cobiçada da

República.

(Por Cláudia Pires).

MINI-ANTOLOGIA DE GEORGE W. BUSH 9

Quarta-feira, 10 de setembro 2008

“As relações de fronteira entre o Canadá e o México nunca estiveram

melhores’. George W. Bush, conferência de imprensa com o Primeiro

Ministro Canadense Jean Chretien. Set. 24, 2001.

“Uma ditadura seria bem mais fácil, não há dúvida”. George W. Bush,

Jul 27, 2001.

9 Coletânea de tradução livre realizada por Idelber Avelar no site o Biscoito Fino e a Massa, http://www.idelberavelar.com/archives/2008/09/miniantologia_de_george_w_bush.php

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“Eles querem que o governo federal controle a Seguridade Social

como se fosse lá um tipo de programa federal”. George W. Bush, Nov.

2, 2000.

“É o seu dinheiro. Você pagou por ele”. George W. Bush, LaCrosse,

Wis., Out. 18, 2000.

“Se eu me tornar presidente, vamos ter atendimento de emergência,

vamos ter ordens de mordaça”. -George W. Bush, terceiro debate

presidencial, St. Louis, Missouri, Out.. 18, 2000.

“Eu acho que se você sabe o que você acredita, fica muito mais fácil

responder as perguntas. Eu não sei responder sua pergunta”. George

W. Bush, sobre se ele desejaria voltar atrás em qualquer uma de suas

respostas no primeiro debate, Reynoldsburg, Ohio, Oct. 4, 2000.

“Eu sei o que acredito. Continuarei a articular o que acredito e o que

acredito – eu acredito que o que acredito é certo”. George W. Bush,

Roma, Julho 22, 2001.

“Quero dizer, houve um sério esforço internacional para dizer a

Saddam Hussein, você é uma ameaça. E os ataques de 11/09

extenuaram essa ameaça para mim”. --George W. Bush, Philadelphia,

Dec. 12, 2005.

“Uau! O Brasil é grande” --George W. Bush, depois que Lula lhe

mostrou um mapa, Brasília, Nov. 6, 2005.

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“Eu ouvi alguém dizer, “Onde está Mandela?” Ora, Mandela está

morto. Porque Saddam matou todos os Mandelas”. George W. Bush,

Washington, D.C., Sept. 20, 2007

“Para cada disparo fatal, houve em volta cerca de três disparos não-

fatais. E, amigos, isto é inaceitável na América. É simplesmente

inaceitável. E vamos fazer algo para resolver”. -George W. Bush,

Filadélfia, Penn., May 14, 2001

“Mais de duas décadas depois, é difícil imaginar a Guerra

Revolucionária com qualquer outro resultado”. -George W. Bush,

Martinsburg, W. Va., July 4, 2007

“Nesta mesma semana em 1989, houve protestos em Berlim Oriental

e em Leipzig. No final do ano, todas as ditaduras comunistas da

América Central já tinham caído”. -George W. Bush, Washington, D.C.,

Nov. 6, 2003.

“Veja, as nações livres são nações pacíficas. As nações livres não

atacam umas às outras. As nações livres não desenvolvem armas de

destruição em massa”. George W. Bush, Milwaukee, Wis., Out. 3,

2003.

ACHOU POUCO, QUER MAIS?

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A PSICOLOGIA POLÍTICA DO HOMEM QUE NÃO VIROU SUPER-

HOMEM

EPÍLOGO PROVISÓRIO

Sabemos já, por um outro lado, como à forma política do capitalismo

avançado, por necessidades de autoconservação, corresponde um

intencional debilitamento da participação. <Os direitos políticos

fundamentais que se impõem no quadro da democracia de massas

significam de um lado, a universalização do papel de cidadão; por

outro, significam também que este papel é desligado do processo de

decisão, que a participação política é esvaziada de conteúdos de

participação. A pacificação do Estado Social exige que o papel de

cidadão seja neutralizado, sendo esse objectivo conseguido mediante

a valorização do papel de cliente que, em contrapartida, é

hipertrofiado.

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O Estado apresenta-se como uma empresa que tem por accionistas

os cidadãos, necessariamente desiguais nos dividendos a receber,

mas todos igualmente interessados numa boa gestão. Só desta estão

dependentes a qualidade e a extensão dos serviços sociais a prestar

pelo Estado, bem como os valores reais dos salários dos

trabalhadores. Teoricamente, portanto, o exercício do poder relevará

mais da técnica do que da ideologia e da política. < Se isto é assim, o

controlo do Estado deve estar nas mão dos técnicos, dos

especialistas: é a estes, e não aos políticos-ideológos, que compete

tomar as decisões; a tecnocracia aparece assim inevitavelmente

vinculada a um pretenso processo de desideologização>. As

ideologias corresponderiam a uma fase ultrapassada do capitalismo,

tendo perdido a sua razão de ser com o advento do industrialismo

moderno. Na fase que precedeu este advento, ou seja, na fase do

capitalismo clássico liberal, a sociedade caracterizar-se-ia por uma

forte oposição de interesses entre os diversos grupos sociais e as

ideologia serviriam então para justificar os interesses segundo a

perspectiva particularizante de cada uma das partes em conflito. A

situação, porém, mudaria de figura na fase actual da sociedade

industrial: nesta as contradições sociais estariam definitivamente

superadas. < As mudanças na vida política do Ocidente – afirma

Lipset – refectem o facto de os problemas fundamentais da revolução

industrial terem sido resolvidos: os operários obtiveram a cidadania

industria e política>. Segundo este autor, tais mudanças significariam

<um grande triunfo da revolução social democrática no Ocidente>,

graças à qual (revolução) o regime capitalista contemporâneo se terá

convertido numa <boa sociedade>; ou, como sustenta Raymond Aron,

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numa sociedade <razoável>, sem outros problemas que não sejam os

da produção e crescimento, pois – e esta é já a posição de Dharendorf

– as sociedade industriais, escoradas numa forte classe média,

estariam em condições de neutralizar os conflitos sociais imanentes ao

seu desenvolvimento. Seria, assim, chegado o momento de declarar o

fim das ideologias. <Na actual etapa do desenvolvimento – dizem do

mesmo quadrante – as chamadas ideologias universais, quer dizer, as

ideologias que mostram o mundo em todos os seus aspectos e

estimulas as pessoas à acção política de massas, entraram em

contradição com os requisitos da organização e da direcção racionais

da sociedade e dos diversos componentes.

Segundo as palavras de Elias Diaz, <o binômio tecnocracia-

desideologização manifesta-se na zona concreta do Estado como

burocracia-despolitização; a administração pretende substituir a

política>. O resultado, em consonância com o que preconizam as

teses justificativas do domínio da sociedade pelas elites (Schumpeter,

Berelson, Dahl, Sartori, Lipset), traduz-se no demissionismo cívico das

massas a partir de uma orientação privatística dos interesses10.

“A violência urbana é fruto do

descontrole mental dos políticos”.

João Vitor Rocha

10 Os Limites do Poder Constituinte e a Legitimidade Material da Constituição, Luzia Marques da Silva Cabral Pinto, Coimbra Editora, 1994.

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Gustavo Henrique de Aguiar Pinheiro

Mestre em Direito Constitucional/UFC

Especialista em Saúde Mental/UECE.

Coordenador Geral da Escola Popular de Formação em Direito,

Psicologia, Sociologia e Política.

[email protected]