A pura pregação da Palavra de Deus - João Calvino

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A Pura Pregação

da Palavra de Deus

“Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra

desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; os quais se desviaram

da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.”

– 2 Timóteo 2:16-18 –

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Algumas Citações deste Sermão

“A doutrina que é apresentada a nós em nome de Deus, para ser o alimento de nossas almas,

será corrompida pelo diabo, se ele puder; mas, quando ele não pode destruí-la, ele mistura algo

com ela, a fim de levá-la a ser desprezada, e destruir o nosso conhecimento da vontade de Deus.”

“Ele não apenas condena os erros, superstição e mentiras manifestos, mas ele condena as distor-

ções da Palavra de Deus: como quando os homens inventam sutilezas, para os ouvidos dos

homens extravagantes. Não trazendo nenhum verdadeiro alimento para a alma, nem edificação

na fé e no temor de Deus, aos que a ouvem.”

“Quando São Paulo fala de falatórios vãos, ele se refere aos que satisfazem homens curiosos;

como vemos muitos que têm um grande prazer em questões vãs, com as quais eles parecem ser

arrebatados. Eles não falam abertamente contra a verdade, mas eles a desprezam como uma

coisa muito comum e sem valor; como uma coisa para crianças e tolos; quanto a eles, eles

querem conhecer algo mais elevado e mais profundo assunto. Assim, eles estão em desacordo

com o que seria proveitoso para eles. Portanto, vamos pesar bem nas palavras de São Paulo:

falatórios vãos; é como se ele dissesse: se não há nada, senão a retórica refinada e palavras

requintadas para ganhar seu crédito quando falada, e para mostrar que ele é erudito, nada disso

deve ser recebido na igreja; tudo deve ser banido.”

“Porque Deus quer que Seu povo seja edificado; e Ele tem determinado a Sua Palavra para essa

finalidade.”

“Tudo o que pertença à magnificência de Deus, e aumenta o nosso conhecimento da Sua

majestade, pelo qual podemos adorá-lO; qualquer coisa que nos atraia para o reino dos céus, ou

tire nossas afeições do mundo e nos conduza a Jesus Cristo, para que possamos ser enxertados

em Seu corpo, é chamado de santo.”

“Por outro lado, quando não sentimos a glória de Deus; quando nos sentimos insubmissos a Ele;

quando não conhecemos as riquezas do reino dos céus; quando não somos atraídos para o Seu

serviço, a viver em pureza de consciência; quando não conhecemos o que significa a salvação

que foi comprada por nosso Senhor Jesus Cristo, nós pertencemos ao mundo, e somos profanos.

A doutrina que serve para nos enganar nessas coisas, é também chamada de profana. Assim,

vemos que o significado do que São Paulo quis nos dizer é o seguinte: quando nos reunimos em

nome de Deus, não é para ouvir músicas alegres, e alimentar-nos com vento, ou seja, com uma

curiosidade vã e inútil, mas para recebermos alimento espiritual. Porque Deus não deseja que

nada seja pregado em Seu nome, senão o que beneficiará e edificará os ouvintes, nada, a não ser

aquilo que contenha bons assuntos.”

“Cada um de nós deve suspeitar de si mesmo, quando temos que julgar essa doutrina. E por que

isso? Porque (como eu disse antes), todos nós somos fracos; nossas mentes estão alterando e

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mudando e, além disso, nós temos um desejo tolo de buscarmos coisas que são vãs. E, portanto,

vamos tomar cuidado para que não satisfaçamos os nossos próprios desejos.”

“Para ser breve, aqueles que não têm isto em vista: atrair o mundo a Deus, e edificar o reino de

nosso Senhor Jesus Cristo, para que Ele possa governar sobre todos, arruina tudo. Todo o

trabalho e as dores deles somente produzem impiedade; e se for suportado que eles continuem

desta forma, um portão é aberto para Satanás.”

“Se a vida do corpo é tão preciosa para nós que iríamos fazer tudo que estivesse ao nosso

alcance para preservá-la, de quanto maior importância é a vida da alma! Os que se esforçam para

colocar todas as coisas de cabeça para baixo, irão semear sua doutrina falsa entre o povo, a fim

de atraí-los para um desprezo de Deus. Estes cães latindo, estes bodes vis, esses lobos vorazes,

são os que se extraviaram, e se esforçam para destruir a fé da Igreja, e nós ainda os suportamos.

Os homens costumam dizer, que devemos resistir a eles? Devemos lançá-los fora para que

possam cair no desespero? Isto é dito por aqueles que pensam que devemos usar de gentileza;

mas que misericórdia é poupar um homem, e nesse meio tempo perder milhares de almas, ao

invés de preservá-las? Não devemos suportar que ervas daninhas cresçam entre nós, para que

não se fortaleçam, e sufoquem qualquer boa semente, ou totalmente a destrua.”

“Devemos impedir ofensas ou falsa doutrina tanto quanto estiver ao nosso alcance; é preciso

alertar o simples, para que não se deixe enganar e enredar. Isto, eu digo, é o nosso dever.”

“Devemos ser inimigos declarados da impiedade, se quisermos servir a Deus. Não é o suficiente

para nós simplesmente nos abstenhamos de cometer o pecado, mas devemos condená-lo, tanto

quanto possível, para que ele não possa ter qualquer influência, ou obter vantagem sobre nós.”

“[...] não devemos nos ofender quando vemos aqueles que provaram o Evangelho, se rebelaram

contra a obediência de Deus; mas antes, que isto seja uma confirmação de nossa fé, pois Deus

nos mostra claramente que a Sua Palavra é de tal importância que Ele não pode, de forma

alguma, suportar que os homens abusem dela, nem tomá-la em vão, nem distorcê-la ou profaná-

la.”

“Temos de aprender a tomar cuidado, e andar em temor e cuidado. Vejamos estas coisas como

um espelho colocado diante de nossos olhos, para que possamos ver quem parecia estar se

passando por bons cristãos, e caíram; tendo em si nada mais do que maldade, usando discursos

detestáveis, não tendo nada, senão imundícia em todas as suas vidas. Vendo que Deus colocou

essas coisas diante de nós, vamos tomar aviso, e sobriamente andar na simplicidade do

Evangelho, para que nós não nos tornemos uma presa para Satanás.”

“[...] o nosso velho homem deve ser crucificado, se quisermos participar da glória do nosso Senhor

Jesus Cristo, e com Ele ressuscitar. São Paulo nos mostra que, se quisermos participar do reino

de nosso Senhor Jesus Cristo, devemos ser participantes da Sua cruz; devemos caminhar em

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morte antes de podermos chegar à vida. Quanto tempo esta morte durará? Enquanto estivermos

neste mundo.”

“[...] não demos ocasião para sermos surpreendidos, e andemos em temor! Não que devemos

duvidar que Deus nos ajudará e nos guiará, mas nos convém armar-nos com a oração, e confiar

nas promessas de nosso Deus.”

“Não estejamos tão inchados de orgulho, a ponto de nos desviarmos seguindo as nossas próprias

imaginações tolas; mas devemos tomar cuidado e nos mantermos em obediência à Palavra de

Deus. Então seremos cada dia mais e mais confirmados, até que o nosso bom Deus nos leve para

Seu descanso eterno, para a qual somos chamados.”

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A Pura Pregação da Palavra de Deus

João Calvino

“Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá

como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; os quais se desviaram da verdade, dizendo

que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.” (2 Timóteo 2:16-18)

Já mostramos que São Paulo tem, não sem motivo, de forma diligente exortado Timóteo a

seguir a pura simplicidade da Palavra de Deus, sem dissimulá-la. A doutrina que é apre-

sentada a nós em nome de Deus, para ser o alimento de nossas almas, será corrompida

pelo diabo, se ele puder; mas, quando ele não pode destruí-la, ele mistura algo com ela, a

fim de levá-la a ser desprezada, e destruir o nosso conhecimento da vontade de Deus. Há

muitos neste dia que se apresentam para ensinar; e qual é a causa disso? Ambição os

move; eles torcem a Palavra de Deus, e, portanto, Satanás vai a ponto de nos privar-nos

da vida espiritual.

Mas isso ele não é capaz de fazer, a não ser que por alguns meios a doutrina de Deus

seja corrompida. São Paulo renova a exortação: a de que devemos evitar todo falatório

vão, e que permaneçamos no claro ensino, o qual é efetivo. Ele não apenas condena os

erros, superstição e mentiras manifestos, mas ele condena as distorções da Palavra de

Deus: como quando os homens inventam sutilezas, para os ouvidos dos homens extrava-

gantes. Não trazendo nenhum verdadeiro alimento para a alma, nem edificação na fé e no

temor de Deus, aos que a ouvem.

Quando São Paulo fala de falatórios vãos, ele se refere aos que satisfazem homens

curiosos; como vemos muitos que têm um grande prazer em questões vãs, com as quais

eles parecem ser arrebatados. Eles não falam abertamente contra a verdade, mas eles a

desprezam como uma coisa muito comum e sem valor; como uma coisa para crianças e

tolos; quanto a eles, eles querem conhecer algo mais elevado e mais profundo assunto.

Assim, eles estão em desacordo com o que seria proveitoso para eles. Portanto, vamos

pesar bem nas palavras de São Paulo: falatórios vãos; é como se ele dissesse: se não há

nada, senão a retórica refinada e palavras requintadas para ganhar seu crédito quando

falada, e para mostrar que ele é erudito, nada disso deve ser recebido na igreja; tudo

deve ser banido.

Porque Deus quer que Seu povo seja edificado; e Ele tem determinado a Sua Palavra

para essa finalidade. Portanto, se nós não falamos acerca da salvação das pessoas, para

que possam receber nutrição pela doutrina que lhes for ensinada, isto é sacrilégio; pois

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pervertem o puro uso da Palavra de Deus. Estas palavras profanas são contra o que é

santo e dedicado a Deus. Tudo o que pertença à magnificência de Deus, e aumenta o

nosso conhecimento da Sua majestade, pelo qual podemos adorá-lO; qualquer coisa que

nos atraia para o reino dos céus, ou tire nossas afeições do mundo e nos conduza a

Jesus Cristo, para que possamos ser enxertados em Seu corpo, é chamado de santo.

Por outro lado, quando não sentimos a glória de Deus; quando nos sentimos insubmissos

a Ele; quando não conhecemos as riquezas do reino dos céus; quando não somos atraí-

dos para o Seu serviço, a viver em pureza de consciência; quando não conhecemos o

que significa a salvação que foi comprada por nosso Senhor Jesus Cristo, nós perten-

cemos ao mundo, e somos profanos. A doutrina que serve para nos enganar nessas

coisas, é também chamada de profana. Assim, vemos que o significado do que São Paulo

quis nos dizer é o seguinte: quando nos reunimos em nome de Deus, não é para ouvir

músicas alegres, e alimentar-nos com vento, ou seja, com uma curiosidade vã e inútil,

mas para recebermos alimento espiritual. Porque Deus não deseja que nada seja pregado

em Seu nome, senão o que beneficiará e edificará os ouvintes, nada, a não ser aquilo que

contenha bons assuntos.

Mas é verdade, a nossa natureza é tal, que têm um grande prazer em novidade, e em

especulações que parecem ser sutis. Portanto, vamos tomar cuidado e pensar como

convém, para que não profanemos a santa Palavra de Deus. Busquemos o que edifica, e

não abusemos de nós mesmos, recebendo aquilo que não tem substância. É difícil retirar

os homens de tal vaidade, porque eles estão inclinados a participar delas. Mas São Paulo

demonstra que não há nada mais triste do que tal vã curiosidade: “Porque produzirão

maior impiedade”. Como se ele tivesse dito, meus amigos, vocês não sabem à primeira

vista, que prejuízo advém desses enganadores; que quase ganham crédito e estima entre

vós, e com brinquedos agradáveis esforçam-se para agradá-los, mas acreditem em mim,

eles são instrumentos de Satanás e, de modo algum servem a Deus, mas produzem

maior impiedade, isto é, se forem deixados sozinhos estragarão a religião cristã, não vão

deixar nem um jota são e salvo, portanto, cuidem para que vocês fujam destas pragas,

embora à primeira vista, o veneno que eles trazem não ser percebido.

Cada um de nós deve suspeitar de si mesmo, quando temos que julgar essa doutrina. E

por que isso? Porque (como eu disse antes), todos nós somos fracos; nossas mentes

estão alterando e mudando e, além disso, nós temos um desejo tolo de buscarmos coisas

que são vãs. E, portanto, vamos tomar cuidado para que não satisfaçamos os nossos

próprios desejos. Embora esta doutrina não possa parecer ruim para nós num primeiro

momento, todavia, se não tem uma tendência a levar-nos a Deus e fortalecer-nos em Seu

serviço, a nos confirmar na fé e esperança que nos é dada de vida eterna, ela nos enga-

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nará por fim; e revelar-se-á como nada, senão uma mistura que não serve a nenhum

propósito, a não ser para tirar o bem que nós tínhamos recebido antes.

Para ser breve, aqueles que não têm isto em vista: atrair o mundo a Deus, e edificar o

reino de nosso Senhor Jesus Cristo, para que Ele possa governar sobre todos, arruína

tudo. Todo o trabalho e as dores deles somente produzem impiedade; e se for suportado

que eles continuem desta forma, um portão é aberto para Satanás, pelo qual ele pode

reduzir a nada tudo o que é de Deus. Embora isso não seja feito no primeiro golpe,

finalmente nós veremos tal acontecer. Para expressar isto melhor, São Paulo acrescenta:

“E a palavra desses roerá como gangrena”.

A palavra “roer”, aqui mencionada, não é comumente entendida, é o que os cirurgiões

chamam, uma ferida roedora, e o que também é chamado, fogo de Santo António: isto é,

quando há uma tal inflamação em qualquer parte do corpo, que a ferida não come só a

carne e tendões, mas também os ossos. Em suma, é um fogo que consome tudo: a mão

fará com que o braço seja perdido, e pé fará com que a perna se perca, assim a menos

que a parte que começou a ser afetada seja cortada, o homem está em perigo de perder

seus membros, a menos que haja remédios adequados ministrados para isto, neste caso

nós não devemos poupar esforços, mas cortar a parte afetada, para que o resto não seja

totalmente destruído.

Assim, vemos aqui espiritualmente, porque São Paulo nos mostra que, embora possamos

ter sido bem instruídos na sã doutrina, tudo será prejudicado, se dermos lugar para essas

perguntas inúteis, e apenas nos esforçarmos para agradar os ouvintes, e alimentar a seus

desejos. Se procurarmos entender o que São Paulo quis dizer, nos esforcemos para colo-

car essa exortação em prática. Quando vemos os homens ao nosso redor tentando nos

desviar da verdadeira doutrina, vamos evitá-los, e fechemos a porta contra eles. A menos

que tenhamos isto à mão ao princípio, e inteiramente o cortemos, ele pode ser tão difícil

de controlar como a doença da qual temos falado.

Portanto, não durmamos; pois esta é uma questão importante; isto provará ser uma doen-

ça mortal, a menos que seja visto a tempo. Se esta exortação houvesse sido observada,

as coisas estariam em uma condição melhor no dia de hoje na Cristandade. Pois esta

estupidez de papismo consiste apenas em falatórios vãos aos quais Paulo se refere.

Mesmo aqueles que são contados como os maiores doutores entre eles, que têm per-

manecido por muitos anos, sim, e passaram toda a sua vida nele, nada pensam sobre a

tola tagarelice; que não serve para nenhum outro propósito senão o de levar os homens

ao erro, posto que ninguém conhece o que eles dizem. Eu vejo que o demônio lhes forjou

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essa linguagem por uma sutileza miraculosa, a fim de que ele pudesse trazer toda a

doutrina à confusão.

É claramente visto que eles conspiraram para contrariar o que São Paulo tem, em nome

de Deus, proibido. Porque os que assim transformam a Palavra de Deus em uma língua-

gem profana de palavras bárbaras e desconhecidas devem ser muito menos capazes de

desculparem-se. Existem muitos que ficariam felizes em ter coisas agradáveis ensinadas;

eles fariam da Palavra de Deus um passatempo, e recrear-se-iam assim; desta forma,

eles buscam o ensino vão e inútil. Eles trariam erro, discórdia e debate para dentro da

igreja, e se esforçariam para trazer a religião que temos em dúvida, e obscurecer a

Palavra de Deus.

Portanto, devemos estar muito mais sinceramente em servir a Deus e continuar constan-

temente na pureza do Evangelho. Se temos um desejo de obedecer nosso Deus como

convém, devemos praticar o que nos é ordenado, e rogar-Lhe para limpar a igreja destas

pragas, pois são instrumentos do Diabo. Isso pode ser aplicado a todas as corrupções e

tropeços inventados pelo Diabo; porém se fala aqui sobre a doutrina pela qual somos

vivificados, que é o verdadeiro alimento da alma.

Vamos chegar a essa parte do assunto, em que São Paulo nos informa quem são os

deste número. Ele diz: “Entre os quais são Himeneu e Fileto; os quais se desviaram da

verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns”. Quando

ele profere Himeneu e Fileto, mostra que não devemos poupá-los, que, como ovelhas

sarnentas, podem infectar o rebanho, mas devemos sim dizer a cada um, os que são

deste tipo de homens, para que possam tomar cuidado com eles. Nós não somos como

vis traidores de nossos próximos quando os vemos em perigo de serem desviados de

Deus, e não lhes informamos sobre isso? Um homem mau que anda procurando esta-

belecer a doutrina perversa, e causar ofensas na igreja, o que ele é, senão um impostor?

Se eu dissimulo quando o vejo, não é como se eu estivesse vendo o meu próximo em

perigo, e não o alertasse?

Se a vida do corpo é tão preciosa para nós que iríamos fazer tudo que estivesse ao nosso

alcance para preservá-la, de quanto maior importância é a vida da alma! Os que se

esforçam para colocar todas as coisas de cabeça para baixo, irão semear sua doutrina

falsa entre o povo, a fim de atraí-los para um desprezo de Deus. Estes cães latindo, estes

bodes vis, esses lobos vorazes, são os que se extraviaram, e se esforçam para destruir a

fé da Igreja, e nós ainda os suportamos. Os homens costumam dizer, que devemos

resistir a eles? Devemos lançá-los fora para que possam cair no desespero? Isto é dito

por aqueles que pensam que devemos usar de gentileza; mas que misericórdia é poupar

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um homem, e nesse meio tempo perder milhares de almas, ao invés de preservá-las?

Não devemos suportar que ervas daninhas cresçam entre nós, para que não se forta-

leçam, e sufoquem qualquer boa semente, ou totalmente a destrua.

Satanás vem com o seu veneno e pragas que podem destruir tudo. Nós vemos o rebanho

de Deus perturbado e atormentado com lobos vorazes, que devoram e destroem tudo o

que podem. Devemos estar comovidos de misericórdia para com um lobo, e nesse meio

tempo deixar as pobres ovelhas e cordeiros de nosso Senhor, com as quais Ele tem tão

especial cuidado, a perecer? Quando vemos um homem perverso perturbando a igreja?

Devemos impedir ofensas ou falsa doutrina tanto quanto estiver ao nosso alcance; é

preciso alertar o simples, para que não se deixe enganar e enredar. Isto, eu digo, é o

nosso dever.

O Senhor deseja que o ímpio seja conhecido, para que o mundo possa discerni-los, para

que sua impiedade seja manifesta a todos. São Paulo fala de alguns que são curiosos,

ociosos e etc. Estes devem ser apontados também, para que possam ser evitados, isto

deve ser feito por aqueles que têm a espada na mão. Quanto aos que tornaram-se

verdadeiros demônios, quem pode de algum modo viver em paz e concórdia, senão

empurrar eles mesmos à frente, para reduzi-los a nada? Quando os vemos assim,

devemos manter a nossa paz? Vamos aprender a reconhecê-los como o problema da

igreja de Deus, e mantê-los fora, e nos esforçarmos para impedi-los de fazer dano. Nisto

vemos quão poucos há quem tenham um zelo pela a igreja de Deus.

Falamos não só de inimigos declarados (pois nós confessamos que temos nos referido

aos papistas, pois nós não estamos envolvidos com seu erro e superstição), mas vemos

outros que procuram nos afastar da simplicidade do Evangelho: eles se esforçam para

levar todas as coisas à desordem; semeiam joio, para que possam levar esta doutrina ao

ódio, e fazer com que os homens se entristeçam com ela; outros desejam uma liberdade

licenciosa para fazer a maldade que escolherem, e assim se libertar do jugo de nosso

Senhor Jesus Cristo. Vemos outros, que nada buscam, senão encher o mundo com

maldade, blasfêmias e vileza, e, portanto, esforçam-se para pisotear a reverência de

Deus. Nós, igualmente, vemos bêbados e bebedores de bebida forte, que se esforçam

para levar os homens à confusão.

E, no entanto, quem há entre nós que se oponha contra essas coisas? Quem é que diz:

vamos tomar cuidado e estarmos atento? Pelo contrário, aqueles que deveriam reprovar

tal maldade severamente não só a dissimulam, e a deixam passar, mas a defendem e

dão-lhe o seu apoio. Vemos a maldade que se expande sobre a terra; vemos aqueles que

se esforçam para perverter e reduzir a nada a nossa salvação, e conduzir a igreja de

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Deus à dúvida; e devemos dissimular, e fazer como se nós não estivéssemos vendo

nenhuma dessas coisas? Podemos nos gabar de sermos cristãos tanto quanto quiser-

mos, mas há mais demônios entre nós do que cristãos, se nós tolerarmos tais coisas.

Portanto, atentemos bem para a doutrina que aqui nos é dada; e se vemos pessoas más

tentando infectar a igreja de Deus, para distorcer a boa doutrina, ou destruí-la, vamos nos

esforçar para trazer suas obras à luz, para que cada um as contemple e, assim, possam

evitá-las. Se não atendermos a essas coisas, somos traidores de Deus, e não temos zelo

por Sua honra, nem pela salvação da Igreja. Devemos ser inimigos declarados da impie-

dade, se quisermos servir a Deus. Não é o suficiente para nós simplesmente nos abste-

nhamos de cometer o pecado, mas devemos condená-lo, tanto quanto possível, para que

ele não possa ter qualquer influência, ou obter vantagem sobre nós.

Depois de São Paulo se referido a estes dois indivíduos, ele nos informa que eles se

afastaram da fé, de modo que eles disseram que a ressurreição era já feita. Assim, vemos

que sua queda foi horrível. Himeneu e Fileto não eram homens ignorantes; pois São

Paulo faz menção deles, apesar de serem de longe, Timóteo esta neste momento em

Éfeso. Portanto, é evidente que eles eram homens afamados. Eles tinham estado por

algum tempo em grande reputação, entre os principais pilares na igreja. Mas nós vemos o

quão longe eles caíram; até mesmo a ponto de renunciar à salvação eterna que foi

comprada por nosso Senhor Jesus Cristo. Se nós não buscarmos a ressurreição, de que

serve para nos ensinar que há um Redentor que nos salvou da escravidão da morte? Que

proveito tem a morte e a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo para nós, a menos que

esperemos pelo resultado que nos foi prometido, no último dia, na Sua vinda?

Não obstante estes homens tinham estado por um tempo entre os fiéis, mas eles caíram,

por assim dizer, no abismo sem fundo do inferno. Assim, Deus declarou Sua vingança

para com os que abusam de Seu Evangelho. Ele viu que esses homens estavam

embriagados com ambição tola, eles não procuravam outra coisa, senão renome; eles

distorceram a simplicidade da Palavra de Deus, e se esforçaram para se mostrarem

maiores do que os outros. Mas Deus estima a Sua Palavra muito mais do que Ele estima

o homem; pois se homens a desprezam e a ridicularizam, Ele não vai deixá-los sem cul-

pa. Assim, vemos que aqueles que eram como anjos tornaram-se verdadeiros demônios:

eles estavam cegos, e ainda assim eles se tornariam grandes mestres.

A capacidade dessas pessoas, de quem fala São Paulo, não eram do tipo comum; eles

não eram ignorantes, mas de alta posição em todas as igrejas, e ainda eles tenham caído

em tal cegueira, a ponto de negar a ressurreição dos mortos, ou seja, eles engaram o

artigo principal de nossa religião e privaram a si mesmos de toda a esperança de

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salvação. Como isso é possível! Isto parece estranho, que tais homens foram capazes de

ensinar a outros para levá-los a tal ignorância grosseira e bestial. Assim, vemos como

Deus vinga os escarnecedores e zombadores que abusam de Sua Palavra, pois isto não

pode acontecer. Ele os deixará em um estado de reprovação; do qual nunca possam ser

capazes de discernir novamente, e tornem-se totalmente destituídos de toda razão.

Portanto, se no dia de hoje, vemos homens tornarem irracionais, depois de terem conhe-

cido a verdade de Deus, e se tornarem destituídos de razão, devemos saber que Deus

estará, assim, magnificando a Sua Palavra, e nos levando a sentirmos a majestade da

mesma. E por que isso? Porque Ele puniu o desprezo deles, entregando tais pessoas ao

Diabo, e dando-lhe liberdade total sobre eles. Portanto, não devemos nos ofender quando

vemos aqueles que provaram o Evangelho, se rebelaram contra a obediência de Deus;

mas antes, que isto seja uma confirmação de nossa fé, pois Deus nos mostra claramente

que a Sua Palavra é de tal importância que Ele não pode, de forma alguma, suportar que

os homens abusem dela, nem tomá-la em vão, nem distorcê-la ou profaná-la.

Temos de aprender a tomar cuidado, e andar em temor e cuidado. Vejamos estas coisas

como um espelho colocado diante de nossos olhos, para que possamos ver quem parecia

estar se passando por bons cristãos, e caíram; tendo em si nada mais do que maldade,

usando discursos detestáveis, não tendo nada, senão imundícia em todas as suas vidas.

Vendo que Deus colocou essas coisas diante de nós, vamos tomar aviso, e sobriamente

andar na simplicidade do Evangelho, para que nós não nos tornemos uma presa para

Satanás.

É verdade, que esses homens criaram uma ressurreição fantástica como alguns fazem

nos dias de hoje; e eles desejam fazer-nos acreditar que tornarem-se Cristãos foi ressus-

citar novamente; mas a Bíblia nos alerta para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, para

que estejamos sempre prontos e preparados, para quando Ele aparecer; e até esse

momento a nossa vida está escondida, e nós estamos, por assim dizer, à sombra da

morte. Quando a Escritura nos chama ao nosso Senhor Jesus, esses fanáticos dizem,

que não temos que olhar para nenhuma outra ressurreição, exceto a que acontece

quando somos iluminados pelo Evangelho.

Observemos aqui que o nosso velho homem deve ser crucificado, se quisermos participar

da glória do nosso Senhor Jesus Cristo, e com Ele ressuscitar. São Paulo nos mostra

que, se quisermos participar do reino de nosso Senhor Jesus Cristo, devemos ser

participantes da Sua cruz; devemos caminhar em morte antes de podermos chegar à

vida. Quanto tempo esta morte durará? Enquanto estivermos neste mundo. Portanto São

Pedro diz: o batismo é, por assim dizer, uma figura da arca de Noé (1 Pedro 3:20-21).

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Pois nós devemos ser enclausurados, por assim dizer, em uma cova; mortos para o

mundo, se nós quisermos ser vivificados pela figura de nosso Senhor Jesus Cristo.

Eles queriam ter uma ressurreição no meio do caminho, eles não pervertem a natureza do

batismo, e, consequentemente, toda a ordem que Deus estabeleceu em nosso meio?

Vamos aprender que até que Deus nos tire deste mundo, devemos ser como peregrinos

em um país estranho, e que a nossa salvação não nos será revelada até a vinda de nosso

Senhor Jesus Cristo, pois Ele tornou-se as primícias dos que dormem (1 Coríntios 15). E

da mesma forma: “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito

dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Colossenses 1:18). É verdade

que Jesus Cristo ressuscitou; mas Ele julgou necessário aparecer para nós, e Sua vida e

glória deve ser revelada em nós antes que possamos ir para Ele.

São João diz que temos a certeza de que somos filhos de Deus, que O veremos como Ele

é, quando nós seremos feitos semelhantes a Ele. É verdade que Deus se revela a nós

quando Ele nos transforma à Sua imagem; mas o que nós concebemos pela fé, ainda não

é visto, nós devemos esperar por isto na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Não

obstante o grande absurdo deste erro, São Paulo nos informa que os dois indivíduos aqui

mencionados, têm pervertido a fé de alguns. Isso é uma coisa que deve fazer-nos tremer;

pensar que uma doutrina que deveria ter sido rejeitada à primeira vista, perverta a fé de

alguns.

Vemos como os filhos de Deus são afligidos neste mundo; sim, muitas vezes é lamentável

ver a sua situação; enquanto os incrédulos que desprezam a Deus, estão à vontade, e

vivem em prazeres. Eles têm seu triunfo, ao passo que os santos são como a escória do

mundo (1 Coríntios. 4:13). Como é possível para homens conceber esta heresia, isto é,

dizer que a ressurreição já é feita? E, no entanto, vemos que esta doutrina era bem vista

por alguns; sim, na igreja primitiva, no tempo dos apóstolos. Quando aqueles a quem

Jesus Cristo tinha escolhido para pregar Sua verdade em todo o mundo ainda viviam,

alguns caíram da fé.

Quando vemos tal exemplo, não demos ocasião para sermos surpreendidos, e andemos

em temor! Não que devemos duvidar que Deus nos ajudará e nos guiará, mas nos

convém armar-nos com a oração, e confiar nas promessas de nosso Deus. Bem, pode-

mos ser surpreendidos, quando pensamos sobre a atrocidade desse erro; pelo qual Deus

permitiu que alguns se desviassem da fé. Se os apóstolos, que exerceram todo o poder

que lhes foi dado do alto para manter a verdade de Deus, não puderam impedir que os

homens fossem induzidos ao erro, o que devemos esperar dos dias atuais! Sejamos

diligentes na oração, e fujamos para Deus, pois Ele pode preservar-nos através do Seu

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Espírito Santo. Que possamos nos esvaziar da presunção e nos considerarmos como

nada, pois poderíamos ser rapidamente abatidos, se não formos confirmados pelo Ser

Supremo.

Estas lições não nos foram dadas sem propósito. Apesar de Himeneu e Fileto não esta-

rem vivos neste dia, ainda assim em suas pessoas o Espírito Santo ilustra a degradação

os ímpios, que buscam perverter nossa fé; que nós não sejamos afligidos com tudo o que

acontece; que não nos afastemos do bom caminho, mas que sejamos protegidos contra

todas as ofensas. Não estejamos tão inchados de orgulho, a ponto de nos desviarmos

seguindo as nossas próprias imaginações tolas; mas devemos tomar cuidado e nos

mantermos em obediência à Palavra de Deus. Então seremos cada dia mais e mais

confirmados, até que o nosso bom Deus nos leve para Seu descanso eterno, para a qual

somos chamados.

Glorioso Deus! Oramos para que, pelo Teu Espírito Santo aplique o que de Ti há neste sermão aos

nossos corações e nos corações daqueles que lerem estas linhas, por Cristo para a glória de Cristo.

Ore para que o Espírito Santo use estas palavras para trazer muitos ao Conhecimento Salvador de

Jesus Cristo, pela Graça de Deus. Amém.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

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Fonte: ReformedSermonArchives.com

As citações bíblicas desta tradução são da versão ACF (Almeida Corrigida e Fiel).

Tradução e Capa por William Teixeira │ Revisão por Camila Rebeca Almeida

***

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Uma Breve Biografia de João Calvino

João Calvino (1509 – 1564)

Nascido em 10 de Julho de 1509 em Noyon, França, João Calvino cresceu em uma família

católica romana tradicional. Seu pai, Gérard Cauvin, era advogado dos religiosos e secretário do

bispo local. Sua mãe, Jeanne Lefranc, faleceu quando ele tinha cinco ou seis anos de idade. Por

alguns anos, o menino conviveu e estudou com os filhos das famílias aristocráticas locais. Aos 12

anos, recebeu um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe como bolsa de estudos.

Aos 14 anos de idade, Calvino mudou-se para Paris, a fim de estudar no College de Marche e

preparar-se para a universidade. Seus estudos consistiam nas matérias: gramática, retórica,

lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Ao final de 1523, Calvino transferiu-se para a

famosa College Montaigu, uma espécie de escola do monastério. Nessa época, a educação de

Calvino foi custeada, em parte, pelo lucro de pequenas paróquias. Assim, embora os novos

ensinos teológicos de pessoas como Lutero e Jacques Lefevre d’Etaples estivessem se

espalhando por toda Paris, Calvino estava mais ligado à Igreja Romana. No entanto, em 1527,

Calvino fez amizade com pessoas que tinham uma visão reformada.

Esses contatos formaram o cenário para a eventual mudança de Calvino para a fé reformada.

Também, nessa época, o pai de Calvino o aconselhou a estudar direito ao invés de teologia.

Em 1528, Calvino mudou-se para Orleans para estudar direito civil. Nos anos seguintes, estudou

em vários lugares e sob a orientação de vários eruditos, enquanto recebia uma educação

humanista.

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Em 1532, Calvino terminou seus estudos na área de direito e também publicou seu primeiro livro,

um comentário sobre De Clementia [Sobre a Misericórdia], do filósofo romano Sêneca. No ano

seguinte, Calvino fugiu de Paris devido aos contatos que teve com pessoas que, através de

oratórias e escritos, se opunham à Igreja Católica Romana.

Diz-se que em 1533 Calvino tenha experimentado uma conversão súbita à fé evangélica, sobre a

qual escreveu em seu prefácio dos comentários sobre Salmos. Refugiou-se na casa de um amigo

em Angoulême, onde começou a escrever a sua principal obra teológica. Em 1534, voltou a

Noyon e renunciou ao benefício eclesiástico. Escreveu o prefácio do Novo Testamento traduzido

para o francês por Olivétan (1535).

Em 1536, Calvino desvinculou-se da Igreja Católica Romana e fez planos para sair para sempre

da França e ir para Estrasburgo. Entretanto, a guerra entre Francisco I, rei da França, e Carlos V,

imperador do Sacro Império Romano, eclodiu, e Calvino decidiu fazer um desvio de uma noite

para Genebra. Mas a fama de Calvino em Genebra o precedeu. Guilherme Farel, um reformador

local, o convidou para ficar em Genebra, e convenceu a ajudá-lo naquela cidade, que apenas dois

meses antes abraçara a Reforma Protestante

Assim, começou uma longa, difícil, mas, finalmente, frutífera relação com a cidade de Genebra.

Calvino começou como professor e pregador, mas em 1538 foi convidado a deixar Genebra

devido a conflitos teológicos. Ele foi para Estrasburgo, onde ficou até 1541, ali residia o

reformador Martin Bucer, e ali passou os três aos mais felizes da sua vida (1538-41). Pastoreou

uma pequena igreja de refugiados franceses; lecionou em uma escola que serviria de modelo para

a futura Academia de Genebra; participou de conferências que visavam aproximar protestantes e

católicos. Escreveu amplamente: uma edição inteiramente revista das Institutas (1539), sua

primeira tradução francesa (1541), um comentário da Epístola aos Romanos, a Resposta a

Sadoleto (uma apologia da fé reformada) e outras obras.

Sua estada ali como pastor de refugiados franceses foi tão pacífica e feliz que em 1541, quando o

Conselho de Genebra o convidou de volta, Calvino ficou profundamente dividido. Ele desejava

permanecer em Estrasburgo, mas sentiu grande responsabilidade em retornar para Genebra.

Em 1540, Calvino casou-se com uma de suas paroquianas, a viúva Idelette de Bure. Seu colega

Farel oficiou a cerimônia. Diz-se que quando Calvino finalmente se casou com Idelette de Buren,

ele encontrou a única coisa necessária pela qual esteve procurando: um coração sincero e

obediente, piedoso para com Deus. Para Calvino e Idelette, tal piedade era fundamental para

enfrentar as dificuldades e os desafios da vida de casados. Embora pouco se saiba da vida de

Calvino e Idelette no lar, ao que tudo indica, ela era serena e piedosa apesar de suas muitas

tragédias e dificuldades.

Em 1548, faleceu Idelette e Calvino nunca mais tornou a casar-se. O único filho que tiveram

morreu ainda na infância. Não obstante, Calvino não ficou inteiramente só. Tinha muitos amigos,

inclusive em outras regiões da Europa, com os quais trocava volumosa correspondência. Graças

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à sua liderança, Genebra tornou-se famosa e atraiu refugiados religiosos de todo o continente. Ao

regressarem a seus países de origem, essas pessoas ampliaram ainda mais a influência de

Calvino.

Em 1559 ocorreram vários eventos significativos. Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua

cidade adotiva. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, destina-

da primordialmente à preparação de pastores reformados. No mesmo ano, Calvino publicou a

última edição das Institutas. Ao longo desses anos, embora estivesse constantemente enfermo,

desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor.

Calvino permaneceu em Genebra até a sua morte, em 27 de maio de 1564. Esses anos foram

preenchidos com aulas, pregações e escritos de comentários, tratados e várias edições de As

Institutas da Religião Cristã.

A seu pedido, foi sepultado discretamente em um local desconhecido, pois não queria que nada,

inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos

emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as

palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó

Senhor, de modo pronto e sincero).

Calvino era acima de tudo um pregador e expositor das Sagradas Escrituras. Sua pregação era

seu forte e permanece como de influência sem paralelo até o presente. Sua teologia estava

arraigada na exegese porque a Palavra de Deus era para ele o padrão de toda verdade e direito.

Seus comentários ainda são os melhores dentre todos os disponíveis.

______________

♦ Esta Biografia é baseada nas seguintes fontes:

Site: www.MinisterioFiel.com/BibliotecaJoaoCalvino

BEEKE, Joel. Lições Práticas sobre a Vida de Idelette Calvino. Parte 1. Disponível em:

www.MulheresPiedosas.com.br. Acessado em: 06 de Junho de 2014.

HANKO, Herman. João Calvino. O Reformador Suíço. Disponível em: www.Monergismo.com. Acessado

em: 06 de Junho de 2014.

MATOS, Alderi de Souza. João Calvino. Síntese Biográfica. Disponível em: www.Mackenzie.com.br.

Acessado em: 06 de Junho de 2014.

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10 Sermões – Robert Murray M’Cheyne

Agonia de Cristo – Jonathan Edwards

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a Doutrina

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Cristo É Tudo Em Todos – Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável – John Flavel

Doutrina da Eleição, A – Arthur Walkington Pink

Eleição & Vocação – Robert Murray M’Cheyne

Excelência de Cristo, A – Jonathan Edwards

Gloriosa Predestinação, A – C. H. Spurgeon

Imcomparável Excelência e Santidade de Deus, A –

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Justificação, Propiciação e Declaração – C. H. Spurgeon

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Quem São Os Eleitos? – C. H. Spurgeon

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O Estandarte de Cristo é um projeto cujo objetivo é proclamar a Palavra de Deus e o Santo

Evangelho de Cristo Jesus, para a glória do Deus da Escritura Sagrada, através de traduções

inéditas de textos de autores bíblicos fiéis, para o português. A nossa proposta é publicar e

divulgar traduções de escritos de autores como os Puritanos e também de autores posteriores

àqueles como John Gill, Robert Murray McCheyne, Charles Haddon Spurgeon e Arthur

Walkington Pink. Nossas traduções estão concentradas nos escritos dos Puritanos e destes

últimos quatro autores.

O Estandarte é formado por pecadores salvos unicamente pela Graça do Santo e Soberano,

Único e Verdadeiro Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo o testemunho das

Escrituras. Buscamos estudar e viver as Escrituras Sagradas em todas as áreas de suas vidas,

holisticamente; para que assim, e só assim, possamos glorificar nosso Deus e nos deleitar-

mos nEle desde agora e para sempre.

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A Prática da Piedade, por Lewis Bayly – Editora PES

Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, por

John Bunyan – Editora Fiel

Um Guia Seguro Para o Céu, por Joseph Alleine –

Editora PES

O Peregrino, por John Bunyan – Editora Fiel

O Livro dos Mártires, por John Foxe – Editora Mundo

Cristão

O Diário de David Brainerd, compilado por Jonathan

Edwards – Editora Fiel

Os Atributos de Deus, por A. W. Pink – Editora PES

Por Quem Cristo Morreu? Por John Owen (baixe

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não

desfalecemos; 2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando

com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à

consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3

Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4

Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não

resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque

não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos

vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus, que disse que das trevas

resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do

conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém, este tesouro

em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo

somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. 9 Persegui-

dos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; 10

Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se

manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos

também, por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos

ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de

graças para glória de Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem

exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e

momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se

veem são temporais, e as que se não veem são eternas.