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QUALIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO ACADÊMICAO CIÊNCIA & CULTURA E O SEU REFLEXO NA GRADUAÇÃO Alan Goularte Knuth – Acadêmico Bolsista do PET/ESEF/UFPel Verner Vieira Nunes – Acadêmico Bolsista do PET/ESEF/UFPel Luiz Carlos Rigo – Tutor do PET/ESEF/UFPel RESUMO  Este trabalho objetivou apresentar, analisar e avaliar o Ciência & Cultura, evento organizado pelo grupo PET da Escola Superior de Educação Física (PET/ESEF). Além de divulgar as atividades organizadas pelo PET/ESEF, a escolha por fazer essa análise avaliativa, em especial, deve-se ao fato de que o Ciência & Cultura, pela tradição que conquistou, vem se caracterizando como uma das principais atividades do PET/ESEF. Através do indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, esse evento vem contribuindo de forma significativa na qualificação do curso buscando temas inerentes, o que reflete um dos objetivos do Programa. INTRODUÇÃO A Constituição Federal propõe que o exercício das funções da Universidade Brasileira deve estar firmado no trabalho indissociável entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Conforme este documento, o qual descreve os direitos e deveres dos cidadãos brasileiros, essa unicidade entre as vertentes do conhecimento nortearia as ações no âmbito do ensino superior no país. 

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A QUALIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA: O CIÊNCIA & CULTURA E O SEU REFLEXO NA GRADUAÇÃO

Alan Goularte Knuth – Acadêmico Bolsista do PET/ESEF/UFPel

Verner Vieira Nunes – Acadêmico Bolsista do PET/ESEF/UFPel

Luiz Carlos Rigo – Tutor do PET/ESEF/UFPel

RESUMO

 

Este   trabalho   objetivou   apresentar,   analisar   e   avaliar   o   Ciência   &   Cultura,

evento   organizado   pelo   grupo   PET   da   Escola   Superior   de   Educação   Física

(PET/ESEF). Além de divulgar as atividades organizadas pelo PET/ESEF, a escolha

por fazer essa análise avaliativa, em especial, deve­se ao fato de que o Ciência &

Cultura,   pela   tradição   que   conquistou,   vem   se   caracterizando   como   uma   das

principais   atividades   do   PET/ESEF.   Através   do   indissociabilidade   entre   ensino,

pesquisa   e   extensão,   esse   evento   vem   contribuindo   de   forma   significativa   na

qualificação do curso buscando temas inerentes, o que reflete um dos objetivos do

Programa.  

INTRODUÇÃO

A Constituição Federal propõe que o exercício das funções da Universidade

Brasileira deve estar firmado no trabalho indissociável entre o ensino, a pesquisa e a

extensão.   Conforme   este   documento,   o   qual   descreve   os   direitos   e   deveres   dos

cidadãos brasileiros, essa unicidade entre as vertentes do conhecimento nortearia as

ações no âmbito do ensino superior no país. 

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Entretanto,   os   objetivos   dessas   propostas   de   trabalho   nem   sempre   são

alcançados   ou   conduzidos   de   forma   satisfatória,   no   decorrer   das   atividades   dos

espaços acadêmicos. Professores e pesquisadores, proponentes dessa empreitada,

são unânimes ao afirmar ser difícil a tarefa de seguir à risca a aplicabilidade deste

tripé. Se para muitos a discussão torna­se complexa quando se tenta isolar cada um

dos  meios  de  produção  de conhecimento  da  Universidade  –  ensino,  pesquisa  ou

extensão, difícil também tem se mostrado aproximá­los de forma coerente e concreta. 

Com   o   intuito   de   potencializar,   no   âmbito   da   graduação,   a   formação   dos

futuros   profissionais,   surge,   em  1979,  o   Programa   Especial   de   Treinamento,

atualmente denominado Programa de Educação Tutorial (PET). Baseado no trabalho

coletivo   em   prol   de   uma   formação   mais   social,   tendo   como   princípio   básico,   a

intervenção   de   forma   conjunta   entre   ensino,   pesquisa   e   extensão   e   a   partir   da

indissociabilidade são sistematizadas atividades nos cursos de graduação, nos quais,

o  PET está   inserido,   fomentando  a  qualificação  da  formação  acadêmica,   social   e

científica. 

Assim,  o Programa de Educação Tutorial  da Escola Superior  de Educação

Física   da   Universidade   Federal   de   Pelotas   (PET/ESEF/UFPel)   tem   na   sua

intervenção, os objetivos direcionados não só para a qualificação de seus bolsistas,

mas também voltados para a proposição de atividades destinadas à comunidade onde

está   inserido.   A   sistematização   de   suas   atividades   é   realizada   a   partir   de   um

planejamento  anual  definido e aprovado pelo grupo,  no  início  de cada ano.  Desta

forma,  dentre as diversas ações,  está  o Ciência & Cultura  (C&C),  evento que nos

últimos   dois   anos   se   fortalece,   junto   à   unidade,   como   uma   ação   agregadora   e

inovadora no que tange as propostas de uma Universidade Publica e comprometida

com a formação crítica e social.

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ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO: O CAMINHO DA INDISSOCIABILIDADE NA PRODUÇÃO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSITÁRIA

Historicamente,  o desafio da Universidade em realizar  sua reconstrução, no

sentido   de  melhorar  a  qualidade  do  ensino  que  oferece  e  providenciar   condições

adequadas para a atuação de acadêmicos e professores, é repleto de discussões e

temas polêmicos. Em consonância com Fernandes (1975), entende­se que o debate é

de suma  importância,  considerando necessária  a reflexão sobre os problemas das

Instituições   de   Ensino   Superior   (IES),   buscando   novas   formas  e   fórmulas   para   a

Educação.   “É  preciso  que saibamos,   com plena convicção,  o  que  pretendemos  e

como   avaliar   as   funções   sociais   construtivas   da   Universidade”   (Ibid,   1975).   Essa

busca pela transformação social, econômica, política e cultural traduz a ansiedade de

grupos,   formados   por   espíritos   críticos   e   mais   lúcidos,   em   reformar   um   ensino

decadente e apoiado, não em pessoas, mas sim, em idéias e pensamentos “idosos”. 

Habermas (1987) aponta para a idéia de que o conhecimento aparece mediado

por um instrumento e por um espaço intermediário. O instrumento é parte fundamental

na formação dos objetos, enquanto o espaço intermediário se torna o meio pelo qual a

luz do mundo penetra no sujeito. Vendo nesta ótica, o ensino – o instrumento – na sua

concepção mais abrangente é o fertilizador no entendimento da formação do sujeito,

de modo que a Universidade se transforma num possível elemento espacial dessa

construção. 

Fernandes   (1975)  coloca   o   conhecimento   como   grande   aliado   para   “(…)

combater a desigualdade e favorecer a mudança da sociedade (…)”, e a Universidade

como  lócus  de produção deste,  deve se engajar  nessa  luta.  O conhecimento  e a

educação se comportam como estratégias primordiais do desenvolvimento humano,

sendo a primeira, “(…) a necessária competência formal para melhor realizar os fins,

inovar a serviço da humanidade (…)” (Demo, 1995), e a segunda, a brecha para a

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“(…) qualidade política, o humanismo, a formação da cidadania, a cultura comum (…)”

(Ibid, 1995)

Deste modo, considerando o artigo 207 da Constituição Federal, promulgada

em 1988, o qual trata do funcionamento da Universidade Brasileira, remete­se a esta

o comprometimento em trabalhar com a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

extensão, fundando bases para sua aplicabilidade e sua transformação na construção

do sujeito  (Brasil,  1988).  Sendo assim, esse documento opera na tentativa de que

essa unicidade entre as vertentes do conhecimento norteie as ações no âmbito do

ensino superior no país. 

Contudo,   esse   rumo   nem   sempre   é   direcionado   de   forma   correta   ao   que

transparece   as   ações   no   âmbito   acadêmico.   Os   profissionais   que   lideram   essas

atividades   (geralmente   professores)   concordam   com   o   fato   de   não   ser   simples

conseguir englobar o ensino, a pesquisa e a extensão como atividades­meio de sua

atuação.   Os   próprios   relatórios   institucionais   das   IES   exigem   que   cada   docente

mencione   em   qual   modalidade   do   conhecimento   seus   projetos   se   enquadram,

burocratizando e segmentando assim a sua ação profissional. 

Em muitos casos, a discussão torna­se complexa, e na tentativa de conceituar

cada   um   desses   princípios   universitários,   tenta­se   uni­los.   O   desafio   é   tentador.

Branco et al. (2005), assinala:

(…)   a   Extensão   Universitária   é   o   processo   educativo,   cultural   e

científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e

viabiliza a relação transformadora entre Universidade e Sociedade. A

Extensão   é   uma   via   de   mão­dupla,   com   trânsito   assegurado   à

comunidade   acadêmica,   que   encontrará,   na   sociedade,   a

oportunidade   de   elaboração   da   práxis   de   um   conhecimento

acadêmico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão

um aprendizado que,  submetido à   reflexão  teórica,  será  acrescido

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àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes

sistematizados,   acadêmico   e  popular,   terá   como  conseqüências   a

produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade

brasileira e regional, a democratização do conhecimento acadêmico e

a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade.

Além   de   instrumentalizadora   deste   processo   dialético   de

teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece

a visão integrada do social.

Assim,   ações   de   Extensão,   como   também   as   de   Pesquisa,   ao   serem

selecionadas para fazerem parte da estrutura curricular, devem manter uma estreita

vinculação com o núcleo epistemológico do curso, a partir  do perfil  do profissional­

cidadão delineado no projeto pedagógico (Ibid,  2005).  O tipo de formação que um

sujeito   pode   obter   neste   processo   depende   de   inúmeros   fatores   intrínsecos   e

extrínsecos a sua posição de aprendiz.  No ensino,  estes  fatores são multiplicados

infinitamente,   pois   dependem,   em   muito,   da   relação   com   outras   pessoas   e   com

formas  de  associação  para  a  construção  do conhecimento.  É  o   velho  desafio  de

aprender uns com os outros e também com os meios. Concordando com este ponto,

Carreiro   da   Costa   apud   Rangel­Betti   e   Galvão   (2001)   afirma   a   importância   da

graduação,   como   fase   de   formação   do   profissional,   principalmente   na   aérea   da

educação,   onde   este   adquire   conhecimentos   científicos   e   pedagógicos,   além   das

competências necessárias para enfrentar a carreira docente. Neste contexto, torna­se

importante,   ações   que   possibilitem   ao   estudante,   a   vivência   de   experiências

significativas que dêem ao mesmo, condições de refletir sobre as grandes questões

da   atualidade   e,   a   partir   da   experiência   e   dos   conhecimentos   produzidos   e

acumulados, construir uma formação compatível com as necessidades da realidade,

tendo uma visão social desta.

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A partir destas considerações, entende­se que a construção de um espaço, no

qual vislumbre e estimule a indissociabilidade entre as três vertentes da Universidade

se faz continuamente  necessária.  Assim, o PET/ESEF/UFPel   traz  a  tona o evento

intitulado  Ciência & Cultura,  na tentativa de consolidar­se na atuação orientada pela

indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão para a promoção dos objetivos

da Universidade Brasileira. 

UM POUCO DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL DA ESEF/ UFPEL

Na Universidade Federal de Pelotas, o Programa PET se faz representado

por   oito   grupos   (Artes,   Agronomia,   Odontologia,   Arquitetura,   Física,   Engenharia

Agrícola, Meteorologia, além da Educação Física). Na Escola Superior de Educação

Física, o PET encontra­se em vigência desde 1991, tendo auxiliado na formação de

aproximadamente 60 profissionais.  Neste período, o grupo teve quatro professores

como tutores, sendo o primeiro desses o Professor Airton José Rombaldi, sucedido

pelos   Professores   Renato   Siqueira   Rochefort,   Florismar   Oliveira   Thomaz   e,

atualmente, Luiz Carlos Rigo. 

OBJETIVOS

O objetivo deste estudo é realizar uma análise do Ciência & Cultura, evento de

caráter científico que ocorre na ESEF/UFPel e que se orienta na inter­relação entre

ensino, pesquisa e extensão. Também é intuito deste trabalho divulgar uma das ações

do PET/ESEF/UFPel,  dividindo com a comunidade acadêmica,  em geral,  os  frutos

desta   experiência,   fortificando   assim,   a   produção   e   registro   das   atividades   do

programa.

METODOLOGIA

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Este   trabalho se caracteriza  como um estudo analítico­descritivo  do evento

Ciência   &   Cultura,   bem   como   da   repercussão   acadêmica   alcançada.   Para   atingir

escopo   deste   processo,   pautou­se   essa   análise,   principalmente,   nos   dois   últimos

eventos, realizados em 2004 e 2005.  

O CIÊNCIA & CULTURA COMO REFERÊNCIA NA DISCUSSÃO

O   projeto   “Ciência   &   Cultura”,   criado   em   1995   pelos   componentes   do

PET/ESEF/UFPel daquela época, surgiu como uma proposta de palestras periódicas

para os alunos da graduação, com temas de significância expressiva aos acadêmicos

de Educação Física. Passados alguns anos, o projeto foi sacado do planejamento do

grupo e somente há dois anos, com a iniciativa dos integrantes atuais do PET/ESEF,

é que este evento foi retirado da gaveta, sendo reformulado com uma nova proposta

de intervenção no curso.

A CONSTRUÇÃO COLETIVA DO CIÊNCIA & CULTURA

O PET/ESEF/UFPel  possui  por  prática  organizacional,  a  elaboração de um

planejamento das atividades pretendidas para o ano, realizado sempre no início de

suas atividades. 

Quando da aproximação da data programada do C&C, o grupo organizou um

subgrupo,   denominado   “Base”,   a   qual   se   reúne   em   horário   extraordinário   ao   da

reunião   administrativa   semanal   do   PET/ESEF/UFPel,   para   que   providências   mais

urgentes e/ou necessárias sejam tomadas, sempre com o aval dos demais membros

não presentes.  Nesses espaços,   temas possíveis para o evento são formulados e

discutidos,  além do formato  deste,  dos critérios  para publicação de  trabalhos,  dos

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nomes de palestrantes,  da disposição de datas e horários,  dos  recursos materiais

necessários e da parte burocrática de liberação de aulas, chaves, espaços e etc.

Os   temas   que   servem   de   subsídios   para   sistematização   das   atividades

desenvolvidas   relacionam­se   com   a   formação   profissional   comprometida   com   a

formação continuada e a inclusão social de grupos historicamente desprivilegiados. 

Após   a   programação   fechada   e   acertada,   dá­se   início   ao   evento.   São

promovidas diversas atividades que buscam atingir os objetivos do PET. Dentre essas

estão mesas redondas, palestras, mostras, sessões de filme (com discussões ao final

destas), comunicações científicas e sessão de pôsteres. A maioria dessas ações são

propostas na tentativa de se produzir espaços para a construção do conhecimento,

utilizando­se de temáticas orientadas na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e

extensão, na ação espacial e temporal da Universidade.

O Ciência & Cultura se consolida numa pesquisa contínua, tanto para escolher

o tema, quanto do momento de apresentação de trabalhos pelos acadêmicos, assim

como se confunde com ensino, pois a comissão científica estabeleceu diálogo com os

autores de trabalhos. Os mesmos trabalhos em alguns momentos tratam de relatos

sobre suas experiências em projetos de extensão, ou seja, o universo acadêmico está

misturado neste momento.

As palestras podem ser tipicamente caracterizadas como espaços de ensino.

Apesar  disso,  no C&C de 2005,  o  tema Ato Médico além de agregar  um assunto

insuficientemente debatido no âmbito da sala de aula, pôde ser usado como diálogo

interdisciplinar   e   multidisciplinar,   além   de   conter   indícios   extensionistas   na   sua

proposição. Explica­se essa afirmativa pela presença de médicos, como palestrantes,

que fornecem um panorama do propósito e alcance do evento, e estudantes de outras

profissões da área da saúde, o que proporciona um debate que vai além dos assuntos

inerentes à Educação Física.

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Em 2004 o tema gerador do Ciência & Cultura foi a mostra dos laboratórios da

ESEF/UFPel, onde os variados espaços de construção do conhecimento da unidade

puderam apresentar suas atividades, de pesquisa e/ou extensão, além de convidar os

novos acadêmicos a integrarem esses espaços, esclarecendo dúvidas e ressaltando

as linhas de estudo desenvolvidas por cada laboratório. Exatamente neste momento,

percebemos uma plena  interação docente/discente,  a qual nem sempre é  atingida.

Essa  interação se dava durante as apresentações de cada  laboratório,  através do

diálogo, onde professores e dezenas de alunos acompanhavam esta etapa do evento,

indagando e esclarecendo dúvidas sobre varias questões. Faz­se necessário registrar

também, que em alguns laboratórios os próprios alunos participantes relataram sobre

as atividades de seu espaço.

Para   a   produção   científica   dos   acadêmicos   da   ESEF/UFPel   existiu   duas

possibilidades no C&C: apresentação oral de pesquisas, além de projetos de extensão

e trabalhos na forma de painel, com textos reduzidos. A comissão científica, na tarefa

de  fazer  o  parecer  dos   trabalhos   inscritos,  é   formada  por  alunos petianos  e  pelo

professor tutor. No ano de 2005, o grupo procurou inovar neste processo, retornando

aqueles textos que apresentavam incoerências metodológicas aos autores, mas não

para serem impossibilitados de serem inscritos no evento, e sim, para que pudessem

enquadrar   melhorias   e   transformar   o   texto,   adequando­os   às   normas   previstas,

tornando também esta prática diferenciada do que acontece normalmente em eventos

científicos. Outro ponto a destacar nesse aspecto é a chance de acadêmicos poderem

apresentar suas produções para a comunidade da ESEF, adquirindo experiências e se

preparando para eventos de dimensões maiores. 

Com essa correlação de vertentes (ensino, pesquisa e extensão), Pierson e

Filho (2002),  trabalham diversos sentidos, onde colocam que ensino com extensão

aponta para a formação contextualizada às questões da sociedade contemporânea.

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Ensino com pesquisa propõe o verdadeiro domínio dos instrumentos nos quais cada

profissão se expressa em seu processo evolutivo. 

Uma dificuldade encontrada pelo grupo remete ao caráter que se deve dar no

momento  das apresentações culturais,  pois   temos a  percepção  ou  impressão que

estas ficam desvinculadas, ou recebem pouco interesse da forma como estão sendo

exploradas, o grupo tenta conceder espaços para projetos exteriores à universidade

para   que   tenham   o   status   de   algo   “diferente”,   entretanto   a   participação   neste

momento ainda é insuficiente, desintegrada.

Assim, após a ocorrência do C&C há espaço no seminário mensal do grupo

(reunião mensal com um tempo maior para avaliações do andamento das ações do

grupo no mês corrente) para que este exerça a avaliação acerca do evento. Quais

pontos   foram   cumpridos   satisfatoriamente.   Se   a   ação   foi   bem   recebida   pela

graduação. Se houve participação ativa dos alunos e professores. E também avaliar

os tópicos a serem melhorados nos próximos anos, entre outros. 

CIÊNCIA & CULTURA

Inscrições (gratuitas) na secretaria ou no PET até 17/11.

Um olhar crítico sobre a produção do conhecimento na ESEF

Programação:17  de Novembro (8h às 12h):­ Mesa de Abertura­ Apresentação dos Laboratórios­ Apresentações de Trabalhos

18  de Novembro (14h às 18h):­ ­ ­ Encerramento

Apresentação dos LaboratóriosApresentações de Trabalhos

Serão aceitos trabalhos para apresentação 

oral e pôster.

inscritos até 09/11, 

      

Programação Completa:Terça­feira 21/0614h ­ Mesa Redonda

“A formação Acadêmica e o CREF/CONFEF”Prof. Rogério WurdiProfa. Jeane Marques Cazelato (Presidenta do CREF)

15h 30min. ­ Abertura Oficial16h ­ Apresentação Cultural16h 30min. ­ Comunicações Científicas

Quarta­feira 22/068h ­ Mesa Redonda

“O Ato Médico”Médica Maria Fernanda PenkalaMédico Nauro José Aguiar da Silva

9h 30min. ­ Apresentação Cultural10h ­ Comunicações Científicas

14h ­ PETPremier ­ Sessão com filme “O Clube do Imperador”Palestra “Cinema e Educação”Jornalista Flávia Garcia Guidotti

Figura 1: material de divulgação do Ciência &Cultura 2004

Figura 1: material de divulgação do Ciência &Cultura 2005

Page 11: A QUALIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA O CIÊNCIA & …...Habermas (1987) aponta para a idéia de que o conhecimento aparece mediado por um instrumento e por um espaço intermediário.

CONCLUSÕES

Após a análise realizada, conclui­se que as iniciativas de resgate e de dar um

novo significado ao evento Ciência & Cultura  foram uma atitude bastante  feliz  por

parte do grupo PET/ESEF/UFPel. Além de retomar um projeto próprio e tradicional do

grupo, a sua reestruturação, a partir de 2004, demonstra uma consolidação perante a

comunidade acadêmica da Escola Superior de Educação Física da UFPel, refletindo

tanto no seu corpo discente como no docente. É notável a expectativa de saber como

ele acontecerá a cada ano, qual o formato terá e que tema o evento priorizará tratar. 

Avaliou­se também que a crescente aceitação do evento por parte de docentes

e discentes um pouco se deve ao caráter intimista desse. Trata­se de uma ação de

cunho micro política,  micro pedagógica,  além de ser um evento gratuito,  pensado,

estruturado  e  organizado por  acadêmicos  da própria  escola  com  fins  de atingir  a

comunidade universitária, façanha que o difere significativamente de outros eventos

científicos que possuem objetivos diversos. 

Apesar   de   apontar   a   acertada   reestruturação   do   C&C,   considera­se   a

necessidade de reflexão sobre os espaços destinados às apresentações culturais, as

quais, julgamos, ainda, focos potenciais para qualificar o evento.

 Portanto, considera­se que as propostas trazidas pelo Ciência & Cultura estão

tendo uma boa receptividade, por toda a comunidade da ESEF, como ilustra a maciça

participação que tivemos nas duas últimas edições do evento (2004 e 2005).  Apesar

disso, avalia­se a necessidade de não mumificar a sua concepção. Não deve se tornar

um   projeto   pronto   e   acabado.   Acredita­se   na   importância   do   Ciência   &   Cultura,

pensando   na   possibilidade   novas   redefinições   e   reestruturações   sempre   que   se

avaliar necessário.

Page 12: A QUALIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO ACADÊMICA O CIÊNCIA & …...Habermas (1987) aponta para a idéia de que o conhecimento aparece mediado por um instrumento e por um espaço intermediário.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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MENESTRINA, T. C. Projeto para Implementação da Flexibilização Curricular nas

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DEMO, P. Educação e qualidade. 2. ed. Campinas: Papirus, 1995.

FERNANDES,   Florestan.  Universidade   brasileira:   reforma   ou   revolução?  São

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HABERMAS, Jürgen. Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987. 

PIERSON,   A.   H.   C.,   FILHO,   T.   A.   F.  Proposta   PROGRAD/PROEX   ­   Atividade

Curricular de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão. São Carlos: PROEX, 2002.

RANGEL­BETTI, I. C. e GALVÃO, Z. Ensino reflexivo em uma experiência no ensino

superior  em Educação Física.  Revista  Brasileira  de Ciências do Esporte,  22,  3,

105­116, 2001.

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