A Questao Do Método Em Psi Do Trabalho

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8/19/2019 A Questao Do Método Em Psi Do Trabalho http://slidepdf.com/reader/full/a-questao-do-metodo-em-psi-do-trabalho 1/6 A QUESTÃO DO MÉTODO EM PSICOLOGIA DO TRABALHO LIMA, Maria Elizabeth Antne!. A questão do método em Psicologia do Trabalho. In: GOULART Iris !arbosa "org.# Psicologia organi$acional e do trabalho: teoria %esquisa e temas correlatos. &ão Paulo: 'asa do Psic(logo )**). %. +),-+,). Não há estrada principal para a ciência e só aqueles que não temem a fadiga da galgar suas escarpas abruptas é que têm a chance de chegar aos seus cimos luminosos. (K. Marx !refácio " #egunda $di%ão &rancesa de  O 'a%ital  ' Intr"#$%" o meio acad/mico é am%lamente di0ulgada a idéia da e1ist/ncia "e da necessidade# de um método %re0iamente concebido a 2im de orientar e de certa 2orma condu$ir nossas in0estiga34es e diagn(sticos dos %roblemas além de %autar nossa %r5tica %ro2issional. este artigo %retendemos %roblemati$ar essa questão e se decidimos 2a$/-lo em um es%a3o necessariamente limitado 2oi %orque a %rem/ncia do tema sobretudo %elos seus im%actos decisi0os na realidade nos im%6s tal tare2a. o nosso entender o te(rico que conseguiu a0an3ar mais nessa questão 2oi 7. 'hasin.  Antes de mais nada ele de2ine método como uma ... arruma3ão o%erati0a a priori  da sub8eti0idade consubstanciada %or um con8unto normati0o de %rocedimentos ditos cient92icos com os quais o in0estigador de0e le0ar a cabo o seu trabalho... m seguida acrescenta que todo método %ressu%4e um 2undamento gnosiol(gico ou se8a uma teoria aut6noma das 2aculdades humanas %reliminarmente a %ossibilidade do conhecimento ou então se en0ol0e e tem %or com%reensão um modus operandi  uni0ersal da racionalidade. "';A&I +<<=#.  A%(s %ro%or essa de2ini3ão o autor desen0ol0eu uma cr9tica ao tratamento geralmente dado > questão do método ou se8a a essa tentati0a de 2undar o discurso cient92ico e guiar sua constitui3ão %or meio do ordenamento aut5rquico e inde%endente da ati0idade sub8eti0a %ostulando em seguida como ati0idade cient92ica de rigor a 2undamenta3ão onto-%r5tica do conhecimento Istoé aquela que em 0e$ de basear-se em um método tenta re%rodu$ir teoricamente a l(gica intr9nseca ao ob8eto in0estigado. "'hasin +<<=#.  Ao concordar com a de2ini3ão a cr9tica e a %ostula3ão de 7. 'hasin %retendemos %ro%or a idéia tal0e$ um %ouco destoante da %ers%ecti0a atual de que não é dese850el um método %ara subsidiar nossas in0estiga34es e nossa %r5tica no cam%o da Psicologia do Trabalho "ou de qualquer outra es%ecialidade dentro da Psicologia#. A0an3ando um %ouco mais arriscar9amos a2irmar que o método %elo menos na %ers%ecti0a e1%osta acima é indese850el %ra a constru3ão do conhecimento em todo e qualquer cam%o da ci/ncia.  Ao nos %rendermos a um método %erdemos o contato com a realidade a ser com%reendida ou in0estigada na medida em que %assamos a nos a%oiar em um modus operandi aut6nomo e inde%endente dessa realidade. Toda a %ara2ern5lia que acom%anha tradicionalmente os métodos ditos cient92icos s( 0em contribuir %ara este a2astamento: as hi%(teses as quest4es orientadoras e muitas 0e$es os instrumentos e os %rocedimentos são quase sem%re baseados em %ressu%ostos arbitr5rios que se im%4em ao ob8eto a ser conhecido. Assim ao tentarmos criar as condi34es de %rodu3ão do conhecimento acabamos quase sem%re %or im%edi-la. &

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A QUESTÃO DO MÉTODO EM PSICOLOGIA DO TRABALHO

LIMA, Maria Elizabeth Antne!. A questão do método em Psicologia do Trabalho. In: GOULART Iris!arbosa "org.# Psicologia organi$acional e do trabalho: teoria %esquisa e temas correlatos. &ão Paulo:'asa do Psic(logo )**). %. +),-+,).

Não há estrada principal para a ciência e só aqueles que não temem a fadiga dagalgar suas escarpas abruptas é que têm a chance de chegar aos seus cimos

luminosos. (K. Marx !refácio " #egunda $di%ão &rancesa de  O 'a%ital '

Intr"#$%"

o meio acad/mico é am%lamente di0ulgada a idéia da e1ist/ncia "e da necessidade# de

um método %re0iamente concebido a 2im de orientar e de certa 2orma condu$ir nossas

in0estiga34es e diagn(sticos dos %roblemas além de %autar nossa %r5tica %ro2issional.

este artigo %retendemos %roblemati$ar essa questão e se decidimos 2a$/-lo em um

es%a3o necessariamente limitado 2oi %orque a %rem/ncia do tema sobretudo %elos seus

im%actos decisi0os na realidade nos im%6s tal tare2a.

o nosso entender o te(rico que conseguiu a0an3ar mais nessa questão 2oi 7. 'hasin.

 Antes de mais nada ele de2ine método como uma

... arruma3ão o%erati0a a priori  da sub8eti0idade consubstanciada %or um

con8unto normati0o de %rocedimentos ditos cient92icos com os quais o

in0estigador de0e le0ar a cabo o seu trabalho... m seguida acrescenta

que todo método %ressu%4e um 2undamento gnosiol(gico ou se8a uma

teoria aut6noma das 2aculdades humanas %reliminarmente a %ossibilidade

do conhecimento ou então se en0ol0e e tem %or com%reensão um modus

operandi  uni0ersal da racionalidade. "';A&I +<<=#.

 A%(s %ro%or essa de2ini3ão o autor desen0ol0eu uma cr9tica ao tratamento geralmente

dado > questão do método ou se8a a essa tentati0a de 2undar o discurso cient92ico e guiar 

sua constitui3ão %or meio do ordenamento aut5rquico e inde%endente da ati0idade

sub8eti0a %ostulando em seguida como ati0idade cient92ica de rigor a 2undamenta3ão

onto-%r5tica do conhecimento Istoé aquela que em 0e$ de basear-se em um método

tenta re%rodu$ir teoricamente a l(gica intr9nseca ao ob8eto in0estigado. "'hasin +<<=#.

 Ao concordar com a de2ini3ão a cr9tica e a %ostula3ão de 7. 'hasin %retendemos %ro%or a

idéia tal0e$ um %ouco destoante da %ers%ecti0a atual de que não é dese850el um método

%ara subsidiar nossas in0estiga34es e nossa %r5tica no cam%o da Psicologia do Trabalho

"ou de qualquer outra es%ecialidade dentro da Psicologia#. A0an3ando um %ouco mais

arriscar9amos a2irmar que o método %elo menos na %ers%ecti0a e1%osta acima é

indese850el %ra a constru3ão do conhecimento em todo e qualquer cam%o da ci/ncia.

 Ao nos %rendermos a um método %erdemos o contato com a realidade a ser com%reendida

ou in0estigada na medida em que %assamos a nos a%oiar em um modus operandi 

aut6nomo e inde%endente dessa realidade. Toda a %ara2ern5lia que acom%anha

tradicionalmente os métodos ditos cient92icos s( 0em contribuir %ara este a2astamento: as

hi%(teses as quest4es orientadoras e muitas 0e$es os instrumentos e os %rocedimentos

são quase sem%re baseados em %ressu%ostos arbitr5rios que se im%4em ao ob8eto a ser conhecido. Assim ao tentarmos criar as condi34es de %rodu3ão do conhecimento

acabamos quase sem%re %or im%edi-la.

&

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Pro0a0elmente alguns irão considerar nossa %ers%ecti0a bastante di2erente daquela

comumente adotada nas discuss4es sobre o tema mas o que estamos %ostulando é

sim%lesmente o seguinte: ao %ro%ormos conhecer um dado ob8eto ou uma dada situa3ão

de0emos antes de tudo dirigir nosso olhar em sua dire3ão tentando dei1ar de lado

qualquer idéia a%rior9stica que %ossamos ter a seu res%eito. Ou se8a em 0e$ de im%ormos

nossa l(gica a esse ob8eto de0emos tentar des0endar sua %r(%ria l(gica. o que é maisim%ortante: somente a%(s deci2r5-lo e conhec/-lo em todos os seus mati$es é que

estaremos e2eti0amente de %osse de um método. Portanto é o %r(%rio ob8eto que nos

2ornece o caminho %ara conhec/-lo e deci2r5-lo sendo que o método neste caso não é

constru9do no in9cio mas ao 2im do %rocesso. "'hasin +<<=#.

m outras %ala0ras cremos que o correto é come3ar %elo real %elo concreto %ara de%ois

chegarmos >s abstra34es >s generali$a34es e até mesmo ao %r(%rio método. Isto signi2ica

que o conhecimento de um dado ob8eto de0e ser constru9do a %artir da com%reensão de

como este ob8eto se constitui e não dos %ressu%ostos que eu %ossa ter a seu res%eito.

 Assim retomando os termos de 7. 'hasin %ro%omos uma cienti2 icidade enrai$ada e regida%ela terrenalidade das coisas e dos homens concretos. O caminho é aberto %or meio do

%r(%rio ob8eto que de0e ser deci2rado no cor%o a cor%o da %esquisa tendo de ca%tar 

detalhadamente a matéria analisar as suas 05rias 2ormas de e0olu3ão e rastear sua

cone1ão 9ntima. "?ar1 @. a%ud 'hasin +<<=#. Portanto não h5 guias ma%as ou

e1%edientes que %a0imentem a caminhada ou %ontos de %artida ideais %re0iamente

estabelecidos. O rumo s( est5 inscrito no %r(%rio ob8eto e o roteiro da 0iagem s( é 0is90el

olhando %ara tr5s ...B quando a rigor não tem ser0entia nem %ara outras 8ornadas ...B

e1atamente %orque é a luminosidade es%ec92ica de um ob8eto es%ec92ico. "'hasin +<<=#.

m suma nossa %ro%osta é a de que nos a%ro1imemos daquilo que %retendemos

conhecer sem qualquer ti%o de intermedia3ão met(dica anteci%adamente estabelecida ou

se8a sem um caminho %ré-con2igurado nem a %retensão de ter acesso a uma cha0e de

ouro que nos abriria as %ortas %ara o nosso ob8eto. ntendemos assim que s( é %oss90el

2alar de um método se este se basear no res%eito > integridade ontol(gica das coisas e

dos su8eitos o2erecendo a%enas uma indica3ão genérica dos %assos da ati0idade mental

na esca0a3ão das coisas e alcan3ando o m51imo de autonomia em rela3ão >quilo que

%retendemos e1aminar +. 

A Qe!t%" #" 'M(t"#") e* P!i+"l"ia #" Trabalh" A%(s a leitura dessas bre0es "e certamente %ro0ocati0as# re2le14es %ro0a0elmente o leitor 

de0e estar se %erguntando: Cquais seriam as conseqD/ncias %r5ticas de tudo isso %ara os

%sic(logos do trabalhoEF Acreditamos que a %rinci%al delas %ossa ser tradu$ida em termos

bastante sim%les: o %sic(logo de0e abordar da 2orma mais direta %oss90el as situa34es de

trabalho buscando des0end5-las e com%reend/-las %ara s( então agir sobre elas.

aturalmente essa abordagem de0e ser baseada no res%eito >s es%eci2icidades de cada

situa3ão e na re8ei3ão a qualquer idéia a%rior9stica sobre a mesma.

mbora isso %ossa %arecer (b0io demais %ara alguns conclu9mos que seria 05lido "e

o%ortuno# o tratamento dessa questão uma 0e$ que de acordo com nossa e1%eri/ncia a

+ ';A&I 7. 'urso de Ontologia no ?estrado em iloso2ia. "+<<H#.

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%r5tica do %sic(logo do trabalho tem caminhado em uma dire3ão o%osta isto é sua a3ão

sobre a realidade tem sido baseada sobretudo em %ressu%ostos ou até mesmo em

%reconceitos. Uma 2orte e0id/ncia disto est5 no 2ato bastante conhecido de que esses

%ro2issionais buscam subs9dios %ara suas a34es %rinci%almente nos manuais de

descri3ão das 2un34es que %or sua 0e$ são baseados 2undamentalmente nas %rescri34es

negligenciando toda a rique$a que %ro%orciona o conhecimento das ati0idades reais isto édaquilo que e2eti0amente as %essoas 2a$em no seu cotidiano de trabalho. 75 são

sobe8amente conhecidas as demonstra34es 2eitas %elos ergonomistas a res%eito da

distncia ine0it50el entre o trabalho %rescrito e o trabalho real. Je acordo com os

resultados obtidos %elos %esquisadores dessa 5rea se quisermos com%reender de 2orma

e2eti0a uma dada situa3ão laboral temos de nos a%oiar nessas duas dimens4es mas

sobretudo naquela que nos remete > e2eti0idade dos gestos e das 0i0/ncias %resentes no

cotidiano daqueles que a 0i0em: o trabalho real.

 Além disso temos nos de%arado 2reqDentemente com a0alia34es de 2orte cunho moralista

"ou contendo um 0iés nitidamente %sicologi$ante# 2eitas %or %sic(logos do trabalho a

res%eito de situa34es que en2rentam no seu dia-a-dia o que s( 0em re2or3ar nossa

con0ic3ão de que quase sem%re desconhecem os %roblemas %ara os quais são

con0ocados a %ro%or solu34es. Assim são comuns as tentati0as de rotular as %essoas

como Cirres%ons50eisF Csem com%romisso com a em%resa e com os resultados do seu

trabalhoF ou Cdi29ceis no trato %essoalF quando a an5lise mais a%ro2undada das situa34es

tra$ > tona %roblemas gra0es na organi$a3ão do trabalho e que são em grande medida

res%ons50eis %elas atitudes adotadas %or essas %essoas. O im%acto mais ne2asto de tudo

isso sobre a realidade %arece-nos mais do que e0idente: o desconhecimento do que

e2eti0amente est5 ocorrendo condu$ a diagn(sticos equi0ocados e %ortanto a a34es

inadequadas)

.?as o leitor %ode também se interrogar sobre o que e2eti0amente estamos %ro%ondo e de

que 2orma acreditamos ser %oss90el alcan3ar um conhecimento mais seguro a res%eito das

situa34es. ossa %ro%osta consiste basicamente na tentati0a de conhecer o mais

detalhadamente %oss90el as condi34es materiais e organi$acionais do trabalho. Além

disso tentamos com%reender o ti%o de rela3ão que os indi09duos estabelecem com tais

condi34es o sentido que atribuem >s ati0idades que reali$am as %ress4es %sicol(gicas

que so2rem no trabalho e como se de2endem das mesmas. K im%ortante também

conte1tuali$ar essa ati0idade e entend/-la nos seus determinantes hist(ricos sociais

econ6micos e culturais. Ou se8a a base da nossa %r5tica est5 na a%reensão mais am%la%oss90el das dimens4es concretas da situa3ão de trabalho e na e1%licita3ão dos seus

im%actos sobre os indi09duos.

) Ti0emos um e1em%lo 0eemente dos im%actos desse desconhecimento ao %artici%armos de uma 0istoria técnica emuma em%resa a con0ite do ?inistério Pblico do Trabalho. A%(s analisarmos minuciosamente o %rocesso de trabalho%or meio do contato direto com os trabalhadores na %rodu3ão 0imos entre outras coisas que eles se quei1a0ammuito da 2alta de uma treinamento o%eracional adequado. &egundo eles os no0atos eram treinados %elos %r(%rioscolegas e a%(s %ouco tem%o de e1%eri/ncia tinham de res%onder >s mesmas e1ig/ncias de %rodu3ão im%ostas aosmais antigos. 'omo ainda não esta0am de0idamente %re%arados acaba0am sobrecarregando os colegas maise1%erientes que muitas 0e$es eram obrigados a assumir %arte da %rodu3ão e1igida aos no0atos. Ao entre0istar a%sic(loga da em%resa e1%usemos essa quei1a e sua res%osta 2oi a de que 2a$ia treinamentos 2reqDentemente sendoque estes consistiam em encontros 2ora da em%resa com a 2inalidade de melhorar as rela34es inter%essoais e"%asmem# sem%re baseados em uma %roibi3ão: não era %ermitido 2alar sobre os %roblemas do trabalhoMMM Ou se8a

além de não ter entendido que a demanda dos trabalhadores era basicamente %or treinamentos técnicos e não %or treinamentos em rela34es humanas essa %sic(loga %artia do %ressu%osto de que os %roblemas de relacionamentoque ocorriam entre eles não esta0am 0inculados >s di2iculdades im%ostas %ela organi$a3ão do trabalho "e entre elesnaturalmente esta0am inclu9das as 2alhas na sua ca%acita3ão técnica# mas deri0a0am sim%lesmente dascaracter9sticas de %ersonalidade.

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Je 2orma mais ob8eti0a a abordagem que temos desen0ol0ido e adotado nas nossas

%esquisas e diagn(sticos consiste no estudo detalhado das condi34es ergon6micas e

%sicossociais das situa34es de trabalho. Portanto sem%re que é %oss90el o %rocesso

abrange as duas an5lises: a An5lise rgon6mica do Trabalho "A..T.# e a An5lise

Psicossocial do Trabalho "A.P.T#. embora o %onto de %artida se8a sem%re a tentati0a de

a%render o trabalho real %or meio da A..T. a %artir de um certo momento ambas asan5lises %assam a ser reali$adas simultaneamente e seus resultados con2rontados e

articulados. Assim a A..T. baseando-se na obser0a3ão direta dos su8eitos em situa3ão

de trabalho busca coletar dados re2erentes >s agress4es ambientais ritmos distribui3ão

2ormal e in2ormal das tare2as hor5rios escalas qualidade das matérias-%rimas 2ormas de

conce%3ão e de reali$a3ão do trabalho "ou trabalhos %rescrito e real# modos o%erat(rios e

habilidades e1igidas. A A.P.T. %or sua 0e$ a%oiando-se sobretudo no discurso desses

su8eitos tenta resgatar suas hist(rias de 0ida "incluindo um resgate detalhado do seu

hist(rico ocu%acional# além de analisar os signi2icados que atribuem ao seu trabalho as

rela34es inter%essoais "entre %ares com a hierarquia e com os clientes# as %ress4es

%sicol(gicas a que são submetidos a as de2esas que elaboram contra elas. m suma a A..T. %ermite a e1%lora3ão das condi34es concretas de reali$a3ão das ati0 idades a %artir 

da obser0a3ão direta e a A.P.T. a%(ia-se 2undamentalmente no discurso dos

trabalhadores tentando a%render as dimens4es sub8eti0as e inter-sub8eti0as. A A.P.T.

en2oca es%ecialmente a interioridade dos indi09duos enquanto a A..T tenta com%reender 

o es%a3o social onde esta se e1teriori$a,.

 Ambas se com%letam e s( a %art ir de sua intera3ão é que alcan3amos uma com%reensão

mais com%leta da situa3ão de trabalho isto é uma com%reensão que 0ai além das

quest4es imediatas e que %ortanto ultra%assa a materialidade do gesto laboral mas sem

negligenci5-la. Assim ao reunir essas duas 2ormas de an5lise tentamos ir além daimediaticidade tanto do com%ortamento dos indi09duos quanto da situa3ão de trabalhoN.

K interessante ressaltar que a%arentemente as duas abordagens são incom%at90eis 85 que

uma a %sicossociol(gica baseia-se no discurso e na 0i0/ncia sub8eti0a dos trabalhadores

enquanto a outra a ergon6mica na descri3ão ob8eti0a do trabalho. O risco é de que uma

caia no sub8eti0ismo "ou no %sicologismo# e que a outra 2ique restrita > situa3ão mais

imediata de trabalho sem atentar %ara as%ectos relati0os > interioridade dos indi09duos e

aos %rocessos de singulari$a3ão. Acreditamos que a nica 2orma de e0itar isto é buscando

o que Lima .P.A. "+<<# chama de compreensão da subeti)idade concreta isto é

tentando2a$er que ambas as an5lises se detenham sobre o mesmo ob8eto: o comportamento efeti)o

do homem no trabalho* . 

A! e!/e+i0i+i#a#e! #a An1li!e P!i+"!!"+i"l2i+a #" Trabalh" 3A4P4T5

, K im%ortante ressaltar que as duas an5lises baseiam-se na %artici%a3ão ati0a dos trabalhadores e são reali$adas a%artir das in2orma34es tra$idas %or eles dentro de uma %ers%ecti0a %r(1ima > da %esquisa-a3ão.N '2. LI?A .P.A. CA organi$a3ão da %rodu3ão e a %rodu3ão da L..R.F e CA rgonomia e a %re0en3ão da L..R.:%ossibilidades e limitesF In: ARA7O 7. LI?A ?. Q LI?A . P. "+<<#. 

= A equi%e de0e ser sem%re interdisci%linar en0ol0endo além do ergonomista e do %sic(logo do trabalhoo médico do trabalho e o soci(logo do trabalho. Je%endendo da situa3ão analisada ela de0e incor%orar outros %ro2issionais. Jurante o longo tem%o em que in0estigamos a g/nese das Les4es %or s2or3osRe%etiti0os %or e1em%lo 2oi indis%ens50el também a %artici%a3ão de cientistas %ol9ticos 2isiotera%eutas etera%eutas ocu%acionais.

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 A im%ortncia dessa eta%a do %rocesso %ara n(s %sic(logos im%4e um r5%ido olhar sobre

seus 2undamentos te(ricos. Antes de tudo é im%ortante esclarecer que a %sicossociologia

é uma disci%lina de 2ronteiras que integra %ers%ecti0as não a%enas da %sicologia e da

sociologia mas de outras 5reas a2ins e que se %ro%4e a analisar simultaneamente as

%r5ticas sociais e os indi09duos que nelas estão inseridos. Portanto seu ob8eto de estudo

é 2undamentalmente a com%le1a intera3ão entre o %s9quico e social %or meio de um Cir e0irF entre as dimens4es sub8eti0as e ob8eti0as.

 Assim A.P.T. baseia-se antes de tudo no resgate da e1%eri/ncia 0i0ida %elos indi09duos

ao reali$arem seu trabalho em um du%lo mo0imento: a e1%licita3ão do conhecimento

acumulado %or eles a res%eito da ati0idade que reali$am e a elabora3ão te(rica desse

conhecimento %elos %esquisadores. Adotamos %ortanto a mesma %ers%ecti0as de autores

como Laurell e oriega "+<<# que de2endem a %artici%a3ão ati0a dos trabalhadores no

%rocesso de constru3ão do conhecimento mas consideram essencial o %a%el dos

%esquisadores enquanto res%ons50eis %ela trans2orma3ão desse conhecimento em teoria.

K im%ortante esclarecer também que o 2oco dessa an5lise é o %rocesso de %rodu3ão %oisao contr5rio de certos modismos te(ricos contem%orneos rea2irmamos a centralidade do

trabalho na organi$a3ão da sociabilidade determinando 2ormas es%ec92icas de andar a

)ida %ara retomar a 2eli$ e1%ressão de Laurell e oriega "+<<#. inalmente 2irma-se na

conce%3ão do trabalho como uma ati0idade es%eci2icamente humana consciente e

orientada %ara um 2im sendo 2undamental %ara a com%reensão da es%eci2icidade hist(rica

dos %rocessos socio%sicol(gicos humanos.

7 i!a #e +"n+l!%"

 Ao 2inali$ar essas bre0es considera34es não %oder9amos dei1ar de mani2estar 

uma inquieta3ão: a de que as cr9ticas que dirigimos ao método na introdu3ão

deste artigo se8am assimiladas > idéia da im%ossibilidade de acesso a um

conhecimento de rigor sobre a realidade. A nossa %ers%ecti0a 0ai em uma

dire3ão o%osta %ois acreditamos que o conhecimento cient92ico não a%enas é

%oss90el como %ode e de0e ser rigoroso. Pretendemos a%enas ressaltar que

não há caminho pré+configurado, uma cha)e de ouro ou uma determinada

metodologia de acesso ao )erdadeiro. "';A&I +<<=#.

 Assim entendemos que o rigor não decorre de um método a%rior9stico isto é que

antecede o conhecimento do ob8eto mas da ca%acidade de submissão total a este ob8eto.?ais uma 0e$ s( %odemos concordar com 7. 'hasin quando di$ que conhecer é

subsumir+se " coisa que se pretende conhecer e que o rigor )em do obeto e não da

cabe%a. ão é um a %r ior i e sim  "algo a ser# constru-do no caminho.    "em suma#

reprodu/ir as coisas como elas são . Além disso conhecimento de rigor não é absoluto .  

um poss-)el que se amplia " medida em que a lógica do pensar se adequa " lógica do ser .

o mais im%ortante: só pode ha)er método aprior-stico para uma reflexão especulati)a, o

que não é ciência0 . assim não estamos renunciando ao conhecimento de rigor "e muito

menos sugerindo que a realidade e a 0erdade se8am inacess90eis como %retendem

algumas correntes irracionalistas contem%orneas# e sim %ro%ondo outro caminho %ara a

%rodu3ão deste conhecimento.

H ';A&I 7. 'urso de Ontologia no ?estrado em iloso2ia. "+<<N#.

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Por outro lado não se trata de di$er que o caminho aqui %ro%osto se8a o nico a ser 

seguido e muito menos que %ermitir5 o acesso > totalidade da situa3ão ou do ob8eto

analisado. &abemos que o conhecimento é sem%re limitado e mais do que isto é sem%re

%ro0is(rio. m outros termos se eu sei algo sobre um dado ser, o meu conhecimento de)e

incluir seu perecimento. 1enho que admitir que este conhecimento é pro)isório, pois o ser 

continua a modificar+se

.inalmente achamos essencial ressaltar mais uma 0e$ que estamos cientes não s( da

com%le1idade das quest4es que escolhemos %ara tratar aqui como também dos %erigos

%resentes em toda an5lise r5%ida de temas com%le1os. Jiante disso é bastante %ro050el

que a leitura deste artigo suscite mais d0idas do que certe$as mas ainda assim ter5

0alido a %ena %ois a nossa inten3ão nunca 2oi a de %ro%or solu34es de2initi0as aos

%roblemas aqui e1%ostos mas sim "e tão somente# a de o2erecer alguns elementos %ara

alimentar a re2le1ão es%erando que no 2uturo %ossam render bons 2rutos.

RE9ER:;CIAS BIBLIOGR<9ICAS

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