A Real Fábrica do Gelo Apresentação Final

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A Real Fábrica do Gelo Serra de Montejunto 1 Vista Panorâmica da Serra de Montejunto

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A Real Fábrica do GeloSerra de Montejunto

Vista Panorâmica da Serra de Montejunto

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MontejuntoA Serra de Montejunto, situada a 60km a norte de Lisboa, ergue-se entre o Cadaval, Alcoentre, Alenquer e a Vila Verde dos Francos,

numa extensão de 15 quilómetros de comprimento, por 7 de largura, estando o seu ponto mais elevado a uma altitude de 666 metros.

Real Fábrica do GeloO hábito de saborear gelados e matar a sede com bebidas frescas nos dias quentes de Verão terá vindo de Espanha e introduzido em Portugal pela corte de Filipe II. Não existindo ainda as modernas tecnologias de refrigeração, o recurso à neve e ao gelo constituía a única alternativa possível. Por isso, a procura deste escasso e valioso bem foi crescente, bem como a sua comercialização. Localizada a cerca de 40 Km de Lisboa e próximo do rio Tejo, então via privilegiada de acesso à capital, a Serra de Montejunto apresentava grandes vantagens sobre o principal (e único) centro abastecedor de neve, a Serra do Coentral, situada na extremidade sul da Serra da Estrela. Este complexo industrial foi considerado por diversos especialistas internacionais "como um caso único pela originalidade das suas estruturas e pelo razoável estado de conservação".

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O fabrico, armazenamento e transporte do gelo

Praticamente tudo o que se sabe sobre esta interessante actividade, que deverá ter cessado em finais do Séc. XIX, (o frigorifico foi inventado por Gorrie em 1850, mas só no final do século viria a ser comercializado por toda a Europa), se deve à tradição oral. São ainda vivos descendentes de pessoas que trabalharam no fabrico da "neve'". Era assim que quando chegava o mês de Setembro se enchiam os tanques rasos de água e durante a noite se esperava que o frio a congelasse. Quando o gelo se formava, o guarda da fábrica ia a cavalo até à aldeia de Pragança e, com uma corneta, acordava as pessoas para que, antes do nascer do sol, num trabalho árduo e duro, partirem as placas de gelo, amontoando os fragmentos e depois os carregarem para os silos de armazenamento, onde era conservado até à chegada do Verão. Na época do calor, era toda a saga do transporte até à capital do reino. Primeiro era o dorso dos animais que transportavam a preciosa carga, para vencer o acentuado desnível da serra, depois as carroças faziam chegar o mais rápido possível o gelo aos "barcos da neve", ancorados na Vala do Carregado que por sua vez o levavam para Lisboa.

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Existe um curioso documento divulgado pelo professor Mendes Correia sobre “Regalias e Privilégios e Isenções”, concedido ao Neveiro Real, Julião Pereira (calculamos tratar- se Julião Pereira Pereira de Castro, cujo nome constava na inscrição sobre a porta do edifício dos si1os ), datado de 1759, no qual se decreta que o dito neveiro "poderia tomar as carruagens, bestas e barcos e tudo o mais que fosse necessário para a condução da dita neve", e mais adiante "dando- lhe todo o favor e ajuda que ele pedir no transporte da neve". É bem patente que todas as facilidades eram necessárias para que houvesse o mínimo de perdas.

É curioso observar que o cargo do Neveiro Real era sempre ocupado por militares, talvez por lhes ser mais fácil a organização e a obtenção dos meios para prover o transporte do gelo. Do consumo do gelo diz -se que terá sido a corte de Filipe II que nos finais do Séc. XVI terão divulgado e instituído a moda do gelo em Portugal. Aquando da sua visita a Portugal, no ano de 1619, todos os meios foram mobilizados para que não faltasse a neve na mesa Real. No entanto nessa época o gelo vinha da Serra da Estrela.

A Fábrica do Gelo de Montejunto apenas terá sido contruída por volta de 1741, e terá custado 40 ou 45 mil cruzados, despesa exorbitante para a época. Ela destinava-se sobretudo a colmatar as falhas constantemente observadas nos fornecimentos vindos da Serra da Estrela e da Lousã.

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A Publicenso foi a agência escolhida, pelo Município do Cadaval, para desenvolver a identidade gráfica da Real Fábrica do Gelo, um espaço único no panorama nacional cuja recuperação está em curso.Em plena Serra de Montejunto, a construção do complexo fabril da Real Fábrica do Gelo tinha como objectivo satisfazer as necessidades de consumo da corte portuguesa, e não só, que nessa altura trouxe de Espanha o hábito de utilizar neve para a confecção de gelados e bebidas frescas.

Este complexo aproveitava as condições meteorológicas particulares daquela parte da Serra de Montejunto para congelar água numa série de tanques, sendo a camada de gelo posteriormente recolhida em silos para a sua conservação, compactação e expedição. A cessação de actividade terá ocorrido no final do séc. XIX, decorrente do advento das modernas tecnologias de refrigeração.

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Segundo Carlos Conceição, responsável pela Publicenso, “este trabalho é particularmente interessante pelo facto de ser uma área pouco conhecida da nossa História, sendo igualmente raras as oportunidades para desenvolver um projecto relacionado com arqueologia industrial”.

A identidade gráfica já criada tem justamente como objectivo reflectir o carácter industrial do complexo, sem descurar a ligação à corte e aos prazeres oitocentistas que nessa época surgiram em geladarias emblemáticas da capital como o Café Martinho, na altura conhecido como “Casa das Neves”.

“O nosso desafio consistiu em captar a essência intemporal do complexo — o prazer, a beleza, o carácter inovador — e revesti-la de uma linguagem gráfica contemporânea e jovem, capaz de captar o interesse de visitantes de vários targets, desde o público escolar, passando pelo turismo histórico-cultural, entre outros”, explica ainda Carlos Conceição.

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Real Fábrica de Gelo de Montejunto

Fachada frontal

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A edificação da fábrica de gelo que abastecia Lisboa é normalmente atribuída aos frades dominicanos. Anterior a 1741, o fabrico do gelo tinha início no final do mês de Outubro, altura em que se enchiam de água os cerca de 44 tanques. Assim que a água atingia o estado sólido, o gelo era colocado em dois silos construídos para o efeito, abrigados num edifício vizinho.

Os blocos de gelo eram depois transportados em burros e carros de bois até ao Tejo, sendo posteriormente transportados até Lisboa nos chamados "barcos da neve".

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Planta Geral da Fábrica Real do Gelo

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Edifício do processamento do gelo

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O Forno

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O Forno 2

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Tanques de congelamento

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Tanques de congelamento 2

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Igreja, com o sítio ocupado pela estatueta de Nossa Senhora das Neves, entretanto roubada

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Edifício dos silos de armazenamento

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Mais tanques de congelamento

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Planta da Fábrica do Gelo

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Edifício dos Silos de armazenamento 2

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Vista panorâmica da Serra de Montejunto

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A Real Fábrica de Gelo da Serra de Montejunto pode, também, ser designada por fábrica de neve. Denominação, aliás, mais correcta, reconhecendo-se, de imediato, a natureza técnica e económica do lugar industrial.

Considerada como um testemunho único em Portugal, esta tipologia fabril é um modelo técnico importado, coetâneo de uma cultura europeia, e não só, a partir, essencialmente, do século XVII - XVIII, certamente adaptado a condicionalismos geográficos e climatéricos. Os vestígios materiais encontrados são geralmente os poços - cuja função era a de armazenamento da neve, guardada entre Outubro e Maio e distribuída nas fases de estio. Julião Pereira de Castro edificou os poços de armazenamento de neve da serra da Lousã e reedificou a fábrica de Montejunto pela década de oitenta de Setecentos.

A placa que encima a porta mais nobre do edifício de armazenamento do gelo, a lembrar um espaço religioso, tanto pelas soluções construtivas ou evocativas da fachada, como pelo destaque que este edifício detém no conjunto da fábrica, onde se localizam 3 poços, refere - esta Fabrica cõ suas Pertesas c'oprou e reedificou Julião Prª de Castro Capitão de Malta Reposteiro e Neveiro da Casa Real no ultimo de Janeiro de 1782.

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Local onde se encontrava a estatueta de Nossa Senhora das Neves

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A designada Real Fábrica de gelo é uma fábrica privada, cujo produto também era vendido à Casa Real. Sem a presença de um forte ou arrojado equipamento tecnológico, nem de um motor centralizado, dependente de uma força motriz assente na energia hidráulica, este espaço produtivo, não deixa, contudo, de se inserir na lógica fabril, de produção rural, e muitas vezes próximo de um universo oficinal - como os pisões, por exemplo.

Para a obtenção do gelo foi equacionado um modelo racional, faseado de obtenção de gelo, dependente, apenas, aparentemente, de factores climatéricos e de elementos da natureza como a água. A racionalidade subjacente a este processo, a sua concentração num mesmo espaço, apesar da utilização de uma mecanização mínima, permite inferir a presença de um pensamento produtivo já muito distante apenas da recolha da neve e do seu consequente armazenamento, permitindo-nos falar em fábrica.

Para além dos vestígios materiais que ainda se encontram in situ, seria necessário todo um conjunto de instrumentos, já hoje desaparecidos. Sumariamente, referenciam-se três áreas funcionais que se podem comparar com secções de fabrico localizadas e implantadas em paisagem natural, integrando-a, funcionando duas delas ao ar livre.

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Identificam-se, assim, a área da extracção da água, constituída por dois poços, uma casa da nora e um tanque grande; a da fabricação do gelo por processos naturais composta por um conjunto de 44 tanques de pequena profundidade, articulados entre si, por um sistema de condução da água a partir do tanque grande da área da extracção e a do armazenamento e expedição do gelo, referente aos poços de armazenamento do gelo, implantando-se as duas primeiras áreas numa plataforma natural e os poços num terreno em declive.

Este é o conjunto funcional chegado até nós. Consultando, no entanto, documentação diversa e tendo presente que este lugar funcional teve vários momentos de construção, sabemos hoje que esta fábrica era maior. No seu momento mais áureo, teria:

a) Na área de extracção da água - dois poços, uma lagoa.b) Na área de fabricação do gelo - duas secções de tanques de congelação.c) Na área de depósito do gelo - uma estrutura contrafortada que integraria os poços de armazenagem do gelo.

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O Museu Municipal do Cadaval

O Museu Municipal do Cadaval vai organizar, de 19 a 23 de Junho, na Serra de Montejunto, a iniciativa “Gel’Arte”, no intuito de levar os jovens do Concelho a visitar um elemento fulcral do seu património – a Real Fábrica do Gelo, dando a conhecer o funcionamento e importância deste Monumento Nacional, de características arquitectónicas únicas no nosso país, que fornecia a corte e a baixa lisboeta de gelo, durante os séculos XVIII e XIX.

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Na programação desta iniciativa consta a realização de visitas guiadas ao complexo da Real Fábrica do Gelo, onde se poderá observar o funcionamento desta estrutura. Esta actividade designa-se “Caminhos dum Neveiro”, sendo destinada a todos os alunos deste Concelho.

Seguidamente realizar-se-ão dois ateliers de exploração do tema, o primeiro, “Mãos de Fantasia”, destina-se ao 1º Ciclo, e decorre nos dias 19, 20 e 22 de Junho. Esta acção consistirá na construção de bonecos de fantoche que caracterizam os trabalhadores da Fábrica, decorrendo na casa de apoio, junto ao Centro de interpretação Ambiental.

O segundo atelier, denominado “Quente ou Gelado”, é vocacionado para alunos de 2 e 3º Ciclos, realizando-se a 21 e 23 do referido mês, no qual os estudantes terão oportunidade de mostrar o que apreenderam ao longo de toda a visita.

Para a recriação do funcionamento da Real Fábrica do Gelo irão participar os alunos da E.S.C.O. de Torres Vedras, tal como os idosos do Centro Social e Paroquial de Lamas.

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Edifício do séc XVIII. Era neste edifício que se fabricava o gelo utilizado pela corte, lojas ou hospitais, nomeadamente o de Todos-os-Santos, em Lisboa.Este edifício era usado para o armazenamento, conservação e expedição do gelo. O gelo era colocado nos dois silos aqui existentes. Havia ainda um terceiro, onde se guardava o gelo já embalado para seguir para Lisboa. Transportado em cestos, às costas dos trabalhadores, o gelo era depois prensado com maços, e assim se fazia diariamente até aos meses de Abril ou Maio. Depois formavam-se blocos que se envolviam em palha e serapilheira. O transporte para Lisboa era feito durante a noite, serra abaixo, de burro, até ao sopé, e daí até ao Carregado, em carroças. No Carregado, o transporte era feito de barco até Lisboa. O percurso total demorava cerca de 12 horas...

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Ruínas do Convento Dominicano de Nossa Senhora das Neves

Situado no topo da lindíssima Serra de Montejunto, no concelho do Cadaval, ficam situadas estas duas estruturas de grande interesse Patrimonial: a Ermida de Nossa Senhora das Neves do século XIII, e o que resta do possível primeiro Convento Dominicano do País, construído no século XII.

O convento encontra-se hoje em dia em Ruínas, mas possibilita uma boa observação sobre o modo de vida dos Frades Dominicanos na vida conventual medieval, tendo a Capela sido por ele construída em devoção a Nossa Senhora das Neves. A Capela, construída no século XIII, foi muito alterada a partir do século XVI, apresentando no interior interessantes altares com azulejaria do século XVII. Bem perto estão situadas as ruínas da Real Fábrica do Gelo, classificadas como Monumento Nacional.

Aqui, no século XVIII, os monges sabiamente aproveitaram as condições climatéricas e geológicas e abriram grandes tanques ligados por estreitas passagens, constituindo uma parte para a produção do gelo e a outra para a sua preparação, armazenamento e conservação. O gelo era posteriormente transportado para Lisboa, para abastecimento da corte e dos cafés.

O convento Dominicano, dado a sua localização inóspita, foi entretanto abandonado, instalando-se os frades num outro Convento, em Santarém. Anualmente em Agosto, celebra-se a Romaria de Nossa Senhora das Neves, atraindo muitos fiéis e visitantes.

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Encontra-se concluída a empreitada referente ao arranjo paisagístico da zona envolvente à Real Fábrica do Gelo, em Montejunto, enquadrada no projecto “Valor Gelo”, que visa a salvaguarda e valorização deste antigo complexo fabril.

Seguir-se-á, este mês, a empreitada de conservação e restauro das respectivas estruturas arqueológicas.A Câmara Municipal do Cadaval, consciente da importância histórica e patrimonial da antiga Fábrica do Gelo, classificada, em 1997, como Monumento Nacional, já tem em marcha um projecto estrutural que visa a recuperação integral do complexo, tornando-o condignamente visitável e mais apelativo.

O projecto de valorização daquele que é considerado um marco da Arquitectura Industrial, a nível nacional e europeu, compreende diferentes intervenções, relacionadas, sobretudo, com recuperação dos percursos e envolvente, conservação e restauro das estruturas, colocação de sinalética, entre outras acções previstas que visam, no seu conjunto, não apenas a salvaguarda daquele património, como ainda a sua promoção e melhor compreensão, interpretação e fruição pelo público visitante.

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Recentemente, deu-se por concluída a primeira fase do projecto, ou seja, o arranjo paisagístico da zona envolvente ao antigo complexo industrial, que consistiu, essencialmente, na recuperação dos caminhos em toda a área envolvente aos antigos tanques de enchimento e congelamento de gelo, bem como ao edifício de armazenamento e conservação, tendo incluído, ainda, limpeza da mata periférica e vedação do espaço.

Devendo avançar já na segunda quinzena de Abril, seguir-se-á a empreitada de conservação e restauro das estruturas arqueológicas (tanques, casa da nora, entre outras) deste oitocentista complexo fabril.

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Real Fábrica do Gelo do Montejunto abre ao público

Está previsto para a primeira quinzena de Setembro a reabertura ao público da Real Fábrica do Gelo da serra do Montejunto. Na mesma altura será, também, apresentada uma monografia sobre o monumento.

Para além da intervenção de conservação e restauro das estruturas arqueológicas feitas numa primeira fase do projecto, foram criados percursos e trabalhada toda a envolvente ao monumento. Os trabalhos decorreram durante dois anos. Agora o Centro Interpretativo da Real Fábrica do Gelo do Montejunto está pronto a ser visitado na sua totalidade.

Segundo a vice-presidente da Câmara do Cadaval, Eugénia Sousa, a ideia de criar o centro interpretativo foi uma necessidade sentida pela equipa técnica para explicar aos visitantes toda a história do monumento e a sua utilização. No local existe um circuito interno com informações de como operava a fábrica, como era usado o gelo e como era transportado. “Para além disso faz também a ponte entre o que existe a nível nacional e internacional”, disse Narciso Vieira, técnico de turismo da autarquia.

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As actividades programadas em volta da Real Fábrica do Gelo serão circuitos, visitas guiadas e acções educativas para crianças. Outras actividades virão com o tempo e quando a máquina estiver mais “oleada”, como por exemplo a recriação da laboração da fábrica para mostrar a “feitura” do gelo, acção com carácter anual para não deteriorar o que existe, e de contos em torno das histórias e lendas que estão associadas à serra.

No futuro há ainda a aposta na criação duma rota intermunicipal do gelo e outra internacional, estando a autarquia cadavalense a desenvolver contactos. “Existem outras fábricas no país e na Europa, mas não são iguais. Na nossa criava-se o gelo, as outras aproveitavam a neve para o fazerem. Estas características tornam a fábrica do Montejunto num monumento único até a nível europeu”, salientou a vereadora. Em fase de conclusão está o site, com todas as informações sobre o monumento, brochuras informativas e a colocação de outdoors junto às principais saídas para o Cadaval na A8.

Se até 2008 estavam contabilizadas 5.500 visitas médias anuais, só no primeiro trimestre deste ano (2009) o número já aumentou em mil pessoas. O crescimento deve-se à estrutura organizada pela autarquia e ao interesse por parte dos visitantes em conhecer o local.

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Com todo o circuito e o centro interpretativo a funcionar em pleno, no próximo ano a autarquia espera chegar à duplicação destes números. Afinal é a aposta na conservação, requalificação e valorização do património municipal e ao mesmo tempo transformar a Real Fábrica do Gelo num pólo de dinamização do Montejunto, do concelho e da região.

Gelo do Montejunto para gelados da corte

O hábito de saborear gelados e matar a sede com bebidas frescas nos dias de Verão terá vindo de Espanha e foi introduzido em Portugal pela corte de Filipe II. A produção de gelo destinava-se ao fornecimento à corte, algumas lojas, cafés aristocráticos e hospitais, nomeadamente o Hospital de Todos-os-Santos. O complexo estava dividido em duas partes: o sector de produção e o sector de armazenamento e expedição.

O que distingue a Real Fábrica do Gelo a nível internacional é o espaço de produção.

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Sector de produção

A área de fabrico do gelo era composta por dois poços de extracção de água, uma casa da nora, tanque de pré-enchimento e os 44 tanques rasos de congelamento. O fabrico de gelo começava em Setembro.

A água era retirada dos poços através de uma nora de roda dupla e canalizada para o tanque de pré-enchimento, com capacidade para 151 mil litros de água, quantidade suficiente para colocar uma altura de 10 a 15 centímetros em cada tanque de congelação.

À noite a gravidade com o abrir das torneiras, encarregava-se de distribuir a água para os tanques.

A exposição ao frio, sempre que as condições climatéricas o permitissem, formava uma fina camada de gelo no interior dos tanques. A recolha era feita antes do nascer do sol. O gelo era partido, amontoado com rodos e transportado em cestos às costas para os silos de armazenamento.

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Sector de armazenamento e expedição

É composto por dois silos de armazenamento de tamanho e dimensões diferentes. Existia ainda um terceiro silo de expedição, para colocar o gelo já preparado para o transporte para Lisboa.

O gelo, uma vez nos silos, era prensado utilizando maços de madeira. A actividade de recolha e armazenamento continuava até final do Inverno, ficando acondicionado no interior, utilizando a palha como isolante, até ao Verão. Nessa altura retirava-se o gelo e procedia-se à sua prensagem dentro de formas, criando blocos. De seguida esses blocos eram envoltos em palha e serapilheira e depositados no silo de expedição.

O transporte para Lisboa realizava-se em três etapas e era normalmente feito durante a noite para evitar as temperaturas elevadas. A descida da serra fazia-se sobre o dorso de burros até ao sopé, onde mudavam para carroças que seguiam para a vala do Carregado, seguindo pelo rio Tejo até Lisboa.

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Cronologia

1741 - Início de construção da Fábrica do Gelo;1748 - Visita de Carlos Mardel, “sargento-mor de Infantaria com exercício de engenheiro na corte, arquitecto de Sua Majestade”;1750 (18 de Setembro) - Alvará de D. José I a conceder privilégios especiais para o transporte de gelo;1782 (31 de Janeiro) - Data de compra e reedificação da Fábrica do Gelo por Julião Pereira de Castro. Inauguração da Casa da Neve (Martinho) em Lisboa, cuja especialidade era a confecção de gelados com a neve de Montejunto;1836 ou 1856 - Data de construção ou reparação da cúpula do silo de expedição dos blocos de gelo;Finais de séc. XIX - Cessação de actividade da Fábrica do Gelo;1988 - Início dos trabalhos de limpeza e recuperação da Fábrica do Gelo;1996 (2 de Abril) - Classificação como monumento nacional

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Conservação e valorização da Real Fábrica do Gelo

2006 (Maio) - Apresentação da candidatura PROVATUR Montejunto – Projecto de Valorização Turística ao Programa de Intervenção Turística; (Dezembro) - Notificação da atribuição do apoio financeiro; (Outubro) - Apresentação da candidatura ao ValorGelo – Projecto de Conservação e valorização da Real Fábrica do Gelo ao Programa Operacional da Cultura;2007 (Fevereiro) - Aprovação da candidatura pelo Programa Operacional da Cultura, classificada em 2º lugar, num universo de 40 candidaturas aprovadas. Início das obras;2009 - Conclusão dos projectos e abertura oficial ao público, prevista para a 1ª quinzena de Setembro.

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Quase no topo da Serra de Montejunto, fica situada a Ermida de Nossa Senhora das Neves, edificada, nos começos do Séc. XIII, pelos Frades Dominicanos. Junto à referida Ermida, podem observar-se as ruínas do primeiro convento da Ordem dos Dominicanos, fundado em Portugal. O Castro de Rocha Forte ou Castelo Velho e as Grutas Necrópoles da Serra de Montejunto revelam-nos inúmeras belezas naturais, para além de toda a flora e fauna da Serra, que transformam a freguesia de Lamas num recanto ímpar de beleza nostálgica e que importa preservar no futuro.

Capela de Nossa Senhora das Neves e Ruínas do Convento Dominicano

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HISTÓRIA DE MONTEJUNTO

A área envolvente da aldeia de Pragança e da Serra do Montejunto revela grande importância em termos de espólio arqueológico, que data desde a pré-história com a cultura castreja, vários necrópoles e grutas, existindo uma grande abundância destes vestígios recolhidos e hoje dispersos pelos museus. Do período Romano, os vestígios materiais são mais escassos, reduzindo-se a algumas moedas, fragmentos de cerâmica, um forno e uma ara, que datam no século II d.C.

Da Idade Média existem, em termos arquitectónicos, conjuntos artísticos monumentais. É o caso do primeiro convento fundado em Portugal: o da Ordem dos Dominicanos, cujo edifício remonta ao início do século XIII, sendo a data provável de construção 1218 por Frei Sueiro Gusmão, que escolheu o local para praticar uma vida ascética e a penitência da vida monástica. Quanto à capela de Nossa Senhora das Neves, não se sabe a data da sua construção mas, quando foi fundado o Convento, esta já existia (início do século XIII).

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A Capela de Nossa Senhora das Neves, situada a poucos minutos da Quinta pode ser uma opção para cerimónias religiosas. Da época Moderna, tem lugar de destaque a Real Fábrica do Gelo, porque as suas características arquitectónicas são únicas no nosso país, traduzindo o domínio de técnicas de engenharia altamente apuradas, que passam pela escolha do local (sombrio, húmido e virado a norte), assim como dos mecanismos que permitem produzir e conservar o gelo, que é tradição que parece datar do período filipino e foi desenvolvida a partir do século XVIII, de tal forma que o rei D. Pedro II criou o cargo de Neveiro de sua Majestade.

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Segundo alguns documentos da época, o gelo que vinha para a corte, era oriundo de muito longe – da Serra da Estrela, o que levou o rei D. João V, em 1732, a construir na encosta do Castelo de S. Jorge, uns poços profundos. Esta tentativa não teve grande êxito, devido à elevada temperatura que, no Verão, se fazia sentir na cidade de Lisboa. Assim, era imperioso tentar adquirir gelo o mais próximo possível de Lisboa e, então, a escolha recaiu sobre a Serra do Montejunto. Não existe qualquer documento com a data de edificação da Fábrica do Gelo, apenas há uma referência bibliográfica que indica o ano de 1741.

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O interior da Fábrica perfeitamente ao abandono

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Real Fábrica vista de lado

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Silos da Fábrica

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CastanhasChovia e o chão estava completamente atapetado e as castanhas davam-lhe um toque de luz e brilho

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Árvores da Fábrica de gelo

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Trabalho elaborado por

Feliciano FerroMarço/Abril/2010

Escola 2,3 Secundária do Sobral de Monte Agraço

Formador: Pedro Brandão