A RECREAÃ+O COMO METODOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIà

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A RECREAO COMO METODOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Lisete Maria Massulini Pigatto1 Resumo O trabalho investigou as Contribuies da Recreao no processo de ensino aprendizagem para o desenvolvimento da Cidadania na sala de aula e nos Ambientes de Recreao com os (as) alunos (as) da primeira a quarta srie da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maia Bertoia, na cidade de Santa Maria, RS. O seu objetivo foi desenvolver a cidadania utilizando a Recreao como metodologia com alunos (as) que apresentam dificuldade de aprendizagem e adaptao. A Recreao define-se como uma metodologia que apresenta uma proposta construtivista-sociointeracionista, alegre e muito divertida. De abordagem inter e transdiciplinar, em que o processo de aprendizagem se d pela interao numa dimenso individual e coletiva. A Recreao caracteriza-se por uma seqncia de aes e atividades educativas para instigar processos internos de desenvolvimento mental para criar o novo. O trabalho justifica-se pelos estmulos, pelos motivadores e pelas oportunidades que proporciona. A avaliao formativa e emancipatria com a proposta. Envolvendo o (a) aluno (a) nas suas funes afetivas cognitivas e psicomotoras, nos nveis de conhecimento como um todo. A Educao Fiscal se mostrou eficaz como estratgia para desenvolver a cidadania. Conclui-se que esse trabalho precisa ser desenvolvido nas escolas, qualificando professores para trabalhar com esta metodologia, preparando as futuras geraes para o exerccio da cidadania proativa no processo inclusivo. Palavras-chave: Recreao, metodologia, aprendizagem, cidadania, incluso.

Introduo O presente trabalho o resultado de uma experincia educativa que investiga as Contribuies da Recreao2 no processo de ensino aprendizagem para a construo da Cidadania na sala de aula e nos Ambientes de Recreao com os (as) alunos (as) da primeira a quarta srie da Escola Municipal de Ensino Fundamental Edy Maia Bertoia , localizada na Avenida Walter Jobim n 268, na cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Uma Escola que acolhe crianas com dificuldade de aprendizagem3 e adaptao4, em idade escolar entre oito a quinze anos de idade. O trabalho com a Recreao, como1

Educadora Especial atua na Rede Municipal e Estadual na cidade de Santa Maria, RS, Brasil. Doutoranda pela Universidade Tecnolgica Intercontinental, Asuncion, Paraguai. 2 Recreao: uma atividade para divertimento que permite recrear, criar ou produzir novamente alguma coisa ou promover entretenimento. (DIAZ Y GARCIA TALAVERA, MIGUEL 2003, p.134). 3 Dificuldade de aprendizagem: est relacionado a problemas de ordem psicopedaggica e/ou socioculturais, concepo relacionada preveno (FRANA, 1996).

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metodologia para construir Cidadania, j se desenvolve na escola h quatro anos e justifica-se tanto pelos estmulos, pelos motivadores e pelas oportunidades de ensino aprendizagem que proporcionam tanto aos alunos (as), como na qualificao de professores (as). Define-se a Recreao como uma metodologia que apresenta uma proposta de ensinoaprendizagem construtivista e sociointeracionista alegre e muito divertida, e de abordagem inter e transdiciplinar, em que o processo de aprendizagem se d pela interao numa dimenso individual e coletiva. A recreao se caracteriza por uma seqncia de aes e atividades educativas com um objetivo:, instigar processos internos de desenvolvimento mental para desenvolver a cidadania, para que os (as) alunos (as) sejam capazes de produzir, reproduzir e criar o novo. O Processo de ensino-aprendizagem faz parte de um todo. Um complexo modelo interativo, centrado na construo do saber do (a) aluno (a) e na diversidade. O aluno, enquanto indivduo o responsvel pela transformao, mediada pelo (a) professor (a) numa relao dialgica problematizadora. A partir de perguntas, constri uma hiptese, busca a teoria, faz a interveno, volta realidade e problematiza novamente. Alm dessas relaes, no se pode ignorar a integrao de mecanismos neurolgicos, dependentes da evoluo dos sistemas piramidal e extrapiramidal da pessoa humana. O primeiro, entendido como um sistema mecnico responsvel pela motricidade fina, voluntria e ideomotora; o segundo constitui o sistema de fundo tnico-motor automtico, que se ope ao primeiro, servindo de guia s impulses piramidais. Nessa dinmica, o processo de ensino aprendizagem ocorre por meio da metodologia da recreao. Pela anlise e sntese, estende-se da teoria prtica e da prtica teoria, prope situaes problematizadoras, estimula a curiosidade, a compreenso e a construo de novas alternativas, numa aprendizagem significativa, que deriva da observao feita pelos alunos (as), a partir do contato com a realidade. Estimulados pelo (a) professor (a), os alunos (as) elaboraram conceitos e contedos, traduzindo as suas vivncias e os seus interesses. Na proposta, o ensinar e o avaliar so concomitantes. Primam pela avaliao formativa e emancipatria, com um nvel de abrangncia compatvel com a proposta. Envolvem o (a)

4 Segundo o Ministrio da Educao e Cultura Secretaria de Educao Especial, Condutas Tpicas so manifestaes comportamentais tpicas de portadores de sndromes e quadros psicolgicos, neurolgicos ou psiquitricos que ocasionam atrasos no desenvolvimento da pessoa e prejuzos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado.(MEC-SEESP,1994, p.7-8).

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aluno (a) nas suas funes afetivas cognitivas e psicomotoras, no seu conhecimento como um todo e o professor (a) que tem uma viso do processo bem como de suas expectativas. A Cidadania o conjunto de direitos e deveres de um indivduo no processo democrtico, o que lhe permite intervir na direo dos negcios pblicos do Estado, de forma proativa, participando de modo direto ou indireto na formao do governo e na sua administrao. A Educao Fiscal uma nova modalidade educacional para desenvolver a participao democrtica, conscientizando a populao sobre a importncia do exerccio pleno da cidadania. No trabalho desenvolvido com alunos (as) e com ess+as experincias, perceb-se a qualidade da pessoa inserida no tempo e no espao humano, vivenciando uma srie de situaes de conflito, de interesses e de necessidades. A possibilidade de mltiplas interpretaes demonstra um carter poltico e as aes rotineiras aumentam exponencialmente na sociedade, portanto, qualificar professores (as), para acompanharem essa evoluo, torna-se inevitvel. A pesquisa envolve a Recreao, a Cidadania e a Educao Fiscal5. Atende o nosso tempo e do nosso espao, contemplando a rea educacional, econmica e social. Responde ao problema da pesquisa com eficcia e proporciona conhecer o sistema instigando a participao e a reorganizao. Estimulam o (a) aluno (a) a ser um Auditor (a) Social colaborador6 capaz de contribuir com a sociedade na resoluo dos seus problemas respeitando a diversidade. O objetivo, neste trabalho, foi despertar no (a) aluno (a) a cidadania e o Programa da Educao Fiscal traz com ele o vnculo que faltava, o objeto do desejo, o foco da ateno e da concentrao, a moeda e a oportunidade de aprender a lidar com o sistema. A partir desse programa, desenvolveram-se atividades para a cidadania, que abordam a educao fiscal de forma recreativa, associada ao calendrio escolar e aos contedos, concomitantemente.

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Conceito de Educao Fiscal: Educao um processo de formao do ser humano que objetiva prepar-lo para a vida, dotando-o de conhecimento e habilidades que o tornam capaz de compreender o mundo e intervir conscientemente para modificar a realidade em que vivemos, de modo a edificar uma sociedade justa, livre e solidria. (PNEF - Programa Nacional de Educao Fiscal, 2ed. Caderno 1, 2005 P.36) Disponvel em: Acesso em 10 de maio de 2006. 6 Auditor (a) Social Colaborador: Pessoa capaz de organizar, fiscalizar, orientar e promover atividades sociais e econmicas em benefcio da comunidade. (termo criado pela autora).

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A partir disso, provoca-se uma mudana de atitude na linguagem e no comportamento, por meio das dinmicas promovidas em sala de aula e nos ambientes de recreao7, nos (as) alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem8 e adaptao social. A dificuldade de aprendizagem identifica os nossos alunos (as). A partir desse quadro, inicia-se o nosso desafio, ressignificar os saberes, despertar interesse, criar um novo mtodo que possa encantlos para que compreendam os conceitos, os contedos, aprendam a investigar, a analisar e a sugerir, de forma reflexiva, as prticas pedaggicas rotineiras, de forma cosmopolita. O trabalho sugere uma prtica didtica metodolgica, mediada pela Recreao na sala de aula e em Ambientes de Recreao, em um contexto Dialgico Problematizador facilitando a resoluo de problemas. A investigao ao-escolar9 possibilita ao professor (a) identificar os problemas que enfrenta e o motiva a buscar uma soluo para a sua prtica profissional. O estudo relata a experincia no mbito terico-metodolgico de carter inclusivo que procura detectar novas formas de pensar a Recreao em sala de aula e nos Ambientes de Recreao. Essa serve como um suporte pedaggico, pois permite desenvolver os saberes dos cidados e aprimorar o seu esprito numa relao de afeto, cognio e prazer no intuito de construir cidadania numa perspectiva tica, sensvel e inteligente. No contexto, os direitos, os deveres, a democracia, a cidadania indicam caminhos para a incluso escolar, econmica e social. Representam o respeito e a valorizao da diversidade humana, como instrumento de bem-estar social e de desenvolvimento. A incluso percebida como um todo. No apenas a incluso gradativa do aluno no processo escolar, , mas visa garantir o seu acesso a todos os setores, aes e atividades sociais que lhe permitam participar deste maravilhoso exerccio de cidadania. A educao hoje considera a incluso escolar e social como um processo cultural a ser construdo. A comunicao uma importante ferramenta para a transformao da sociedade e a formao da pessoa humana que nela atua. Portanto, preciso ressaltar que as leis e as polticas pblicas representam caminhos para a promoo da garantia da igualdade social. O

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Ambientes de Recreao ambientes reais ou imaginrios nos quais os alunos desenvolvem as atividades referentes ao tema abordado. Ex: mercadinho, padaria e outros 8 Segundo Moojen (1999), existe um grupo de crianas que apresentam um baixo rendimento escolar em decorrncia de fatores isolados ou em interao. Alunos (as) identificados como portadores de dificuldade de aprendizagem, que apresentam atrasos no desempenho escolar por falta de interesse, perturbao emocional, inadequao metodolgica, mudana no padro de exigncia da escola ou alteraes evolutivas normais, ditas como patolgicas. 9 A investigao-ao tem seus interesses nos problemas prticos quotidianos experienciados pelos professores, mais do que em problemas tericos definidos por investigadores puros dentro de uma disciplina do conhecimento. Ela pode ser desenvolvida pelos prprios professores ou por algum por eles encarregado de desenvolv-la para eles. (ELLIOT, 1978, p.1, citado por Mazzardo 2005).

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movimento pela incluso deve atuar de forma vigilante e coordenada para que esses direitos sejam realmente consolidados. Assim, surgiu esta metodologia, dessa diversidade, como uma nova concepo de educao, para a ela aderir, preciso explorar as suas potencialidades nas situaes de ensinoaprendizagem, de forma adequada, com organizao e sistematizao. A metodologia da recreao requer um planejamento com objetivos definidos, organizado na forma de aes educativas e atividades que contemplem um resultado esperado. Isso, alm dos saberes que formam e emancipam o aluno para refletir, analisar e problematizar, de forma crtica, a aprendizagem e o seu entorno. O professor deve instigar o (a) aluno (a) a elaborar hipteses ou sugestes para a resoluo dos problemas, como reflexos dessas questes na educao e na sua vida futura. O acesso ao conhecimento de fundamental importncia para explorar as suas potencialidades e requer uma prtica para determinar critrios e buscar opes mais apropriadas de ao e entendimento. A possibilidade de compreenso surge do dilogo, da leitura e da interpretao, quando essas passam a ter significado e sentido nas experincias vividas.

A Fundamentao. A sociedade pode tornar-se melhor. Projetos que impulsionam a escola cidad so muitos, mas preciso que se estabeleam vnculos entre o Projeto Poltico e o Projeto social para atender a uma populao afastada de seus direitos mais elementares: a conscincia de sua cultura, a afirmao de suas identidades, a expresso de sua voz poltica e o sentimento de responsabilidade coletiva. Educar para a cidadania aspirar a uma escola que prepare pessoas no apenas para o trabalho, mas para participarem no mundo globalizado de forma crtica, reflexiva e emancipatria. Assim, estamos nos referindo cidadania como algo a ser conquistado e ainda no acessvel maioria da populao, por isso a necessidade de trabalhos para que os (as) alunos (as) e a comunidade percebam a sua importncia. A teoria e a prtica devem ser uma constante, os contedos devem ser vinculados aos contextos culturais, tnicos, sociais, econmicos. Portanto, cada tpico de contedo s adquire sentido quando se relaciona aos objetivos gerais e especficos, pois interpreta a realidade, levando a uma conscientizao e a um compromisso social. Assim, os (as) alunos

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(as) podero assumir, com conscincia, uma identidade e aprendero a conviver com a diversidade, com a humanizao numa cultura de paz. Ao participar das atividades com a Recreao e Cidadania, os (as) alunos (as) e os (as) professores (as) precisam coordenar cada ao e seus efeitos no pensamento, pois constantemente, vo se defrontar com um problema a resolver. Esses conflitos geram o funcionamento de um processo nas estruturas do pensamento medida que essa exercitada, promovendo a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual no ser humano. A leitura um pr-requisito fundamental no trabalho com a cidadania, para a construo de conceitos e conhecimentos. de fundamental importncia que os (as) alunos (as) saibam ler com ateno, concentrao e sensibilidade no apenas as palavras, mas as imagens, as artes, as falas, as expresses, os sentimentos e os comportamentos. A Recreao na sala de aula e nos Ambientes de Recreao apresenta dois ingredientes fundamentais: a ao e a interao biolgica, psicolgica, sociolgica, emocional do (a) aluno (a) com o aprendizado. medida que o aluno (a) foi desafiado pelo dilogo-problematizador, organizou as suas aes e o seu pensamento. Esta metodologia envolveu um conjunto organizado de aes educativas e atividades recreativas, que utilizam o brinquedo, a brincadeira, os jogos educativos e o laboratrio de informtica para atender aos objetivos estabelecidos. A Recreao permite as prticas educacionais inclusivas em sala de aula, em Ambientes de Recreao, e essas abordam a cognio, a aprendizagem, despertam os sentimentos, facilitam as relaes humanas e realizam o processo com muita alegria e prazer. A abordagem pedaggica do estudo situa-se numa linha desenvolvimentista, progressista, construtivista, sociointeracionista com aportes tericos de Piaget, Wygotsky, Wallon, Paulo Freire, Ausubel, alm da contribuio de outros autores e atores sociais, sem os quais este estudo no seria possvel. Na fundamentao legal que apia este trabalho, alm da LDB10 e de outras leis complementares, o ECA11 fundamental, pois as crianas e adolescentes so sujeitos de direito e, ao Poder Pblico cabe o dever para efetivar essas regras que a constituio e o Estatuto da Criana e do Adolescente prevem. A democracia no Brasil representativa, mas com a Constituio de 1988, aplica a democracia participativa que prev as emendas populares, a instituio de conselhos para determinar Polticas Pblicas pela populao.

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LDB Lei de Diretrizes e Bases ECA Estatuto da Criana e do Adolescente

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Portanto, educao cabe o compromisso de introjetar valores ticos e sociais, bem como garantir as condies para a sobrevivncia aos menos favorecidos, o que justifica este trabalho. Segundo Scoz (1994, p.22), as aes sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformao da sociedade. Para isso, a escola deve adaptar os currculos com qualidade, permitir o exerccio da cidadania e valorizar os (as) professores (as) de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases. Segundo o Dr. Jos Olimpio12, populao cabe acompanhar as Leis Oramentrias, a elaborao do Plano Plurianual, a Lei do Oramento e a execuo da Lei Oramentria, pois a Constituio de 88 prev aplicao de 18% dos impostos federais e 25 dos estaduais em educao. Portanto, Polticas sem recursos no existem. O lugar de criana na escola e nos oramentos pblicos, para que assim se cumpram os preceitos constitucionais. Os resultados O ensino-aprendizagem oferece estmulos, motivadores e oportunidades de participao, de conscientizao sobre os direitos e deveres. A cooperao solidria inspira a busca de alternativas de vida entre os alunos (as) e os professores (as), para que se desenvolva um convvio fraterno, diante deste grave dilema que se instaura entre o ser e o ter, neste complexo processo de sobrevivncia entre os habitantes do planeta. Nas atividades desenvolvidas, utilizaram-se os impostos, a arrecadao, a redistribuio de renda e outros conceitos e contedos para desenvolver a cidadania nos alunos (as) da escola. Na seqncia das atividades do ano de 2004, retoma-se o entendimento sobre o que ser um cidado, como funciona o sistema socioeconmico de forma recreativa. As aes educativas contemplam a diversidade e so muito divertidas. Para entender o sistema, preciso que se compreenda que, em todas as atividades, em todas as operaes e em todos os produtos, o estado arrecada um tributo, uma taxa, ou seja, uma pequena prestao para os cofres pblicos. Esses sero distribudos, posteriormente, em benefcios, salrios e outros em funo do bem-estar social e de um processo de humanizao. Assim, os (as) alunos (as) brincam, percebem a importncia do cidado, pensam e fazem sugestes para melhorar o sistema. As atividades foram trabalhadas no concreto, mas instigando o imaginrio social dos (as) alunos (as) de forma sociointeracionista.

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O Dr. Olmpio de S Souto Maior Neto, Procurador de Justia do Paran, em sua palestra proferida pelo sistema de vdeo conferncia, promovida pelo IESDE Brasil, aborda o Estatuto da Criana e do Adolescente com muita proeminncia. Na Elaborao do estatuto, houve uma relevante participao, pois o antigo cdigo de menores no previa os direitos fundamentais, apenas atendimento religioso infncia e juventude (2003)

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O ano letivo de 2005 iniciou com uma viagem imaginria ao Rio de Janeiro, onde os (as) alunos (as) tiveram a oportunidade de comprar uma passagem e preencher o boleto. Chegando l, fomos ao Teatro. Em sala de aula se trabalhou a leitura, a escrita e a interpretao da msica Cidade Maravilhosa, utilizando o batuque, o canto, a dana, a encenao feita pelos alunos (as) e as problematizaes13. Na seqncia, foram ao teatro e ao circo da Escola onde compraram o ingresso e trabalharam com a msica A barata diz que tem e o Circo da Xuxa, salientando-se a importncia da comunicao, dos valores, das emoes e da mentira. Brinco-se de Livraria, de Mercadinho, de Correio, com Quebra-cabea, Jogos, como o Jogo da Vida e tantos outros. Foram aos bailes, danaram valsa, rock, funk, capoeira e fezse o bolo na padaria14. Participo-se da Semana do Trnsito, em que se trabalharam as regras e os acordos. Revisaram-se os Direitos, os deveres dos (as) alunos (as) e dos (as) professores (as) como cidados e visitou-se uma Loja no Cu, via e-mail. Criou-se uma Oficina de Tatoo para poder trabalhar o ISSQN e o IPTU, com as revistinhas. A Dona Formiga e o Compadre Tatu se tornaram amigos dos (as) alunos (as). Alm de recolher as notinhas e trocar por cautelas, fez-se uma visita a Cmara de Vereadores como cidados ativos, com o objetivo de apresentar o trabalho: tocar o tambor, mostrar o teatro de fantoches e reivindicar aquilo que se quer para ter uma sociedade melhor, como a implantao da Agenda 2115, no planeta. Era o que Paulo Freire (1971) queria, pretendia por meio do dilogo, a busca pela autonomia pelo conhecimento cientfico, tcnico ou pelo experiencial. Problematizar o conhecimento e a sua relao com a realidade, com a qual se gera e se incide, para que se possa compreender, explicar e transform-la. O trabalho coletivo que proporciona por meio do dilogo uma atividade de construo e reconstruo do conhecimento de fundamental importncia. Nesta origem coletiva para equacionar os seus conflitos, certamente se encontram as dificuldades que o indivduo e a coletividade manifestam. Para isso se faz necessrio: ... dialogar com a realidade, inserindo-se nela como sujeito criativo. (DEMO, 1993, p.21) S se aprende a fazer, fazendo e refletindo sobre as suas prticas vivenciais. A Recreao faz parte da dimenso humana, pois um dos elementos fundamentais na socializao do indivduo, na formao do carter e da personalidade. Nas primeirasQuestionamentos que fizeram: - Se eu no ler a placa do nibus, j viu onde vou parar? Com isso se desperta a conscincia de quanto leitura e a escrita so importantes para a nossa cidadania. 14 A Padaria o ambiente de recreao feito na cozinha da escola. 15 Agenda 21 a proposta para se alcanar o desenvolvimento sustentvel, com aes de curto, mdio e longo prazo.13

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interaes se percebeu uma dependncia muito grande dos (as) alunos (as) em todos os sentidos, uma insegurana para lidar com qualquer situao apresentada e uma necessidade de respostas imediatas. No havia generalizao para o avano cognitivo. medida que se problematizava, surgiam conflitos, os quais geravam novos questionamentos, reflexes e confrontos, entrando, ento, em funcionamento estruturas lgicas mais profundas da ao e do pensamento, que propiciavam a evoluo diferenciada dos (as) alunos (as) e dos grupos. A interveno dos (as) professores (as) foi fundamental para ajudar os (as) alunos (as) a coordenar a sua ao mental no controle da impulsividade dos hbitos e atitudes. Isso ocorreu na resoluo de problemas, na leitura e escrita, nas questes relativas aos numerais ordinais e o uso das vrgulas para trabalhar com o dinheiro. Embora sem compreender os valores exatos, os (as) alunos chegaram a critrios qualitativos. As limitaes encontradas nos alunos (as) no impediram que todos tivessem um avano significativo em todas as reas.

Concluso A Recreao como metodologia o caminho que leva cidadania e incluso social. A Incluso, na sua essncia, a arte da democracia na diversidade. Portanto, incluir no quer dizer balizar todas as pessoas uniformemente, mas procurar um consenso entre os nveis de desenvolvimento, os tempos e os espaos humanos. Os nossos tempos e os espaos diferem em gnero, nmero e grau evolutivo. A escola, a sala de aula, os ambientes de recreao, o processo de ensino aprendizagem s tm sentido se puderem ser aplicados em funo do bem-estar social. A integrao dos componentes cognitivos, psicomotores da ao com os socioeconmicos, impulsionados pela motivao interna, que emerge com os estmulos das atividades desenvolvidas nas salas de aula e nos Ambientes de Recreao fez dessas aes educativas oportunidades de experincia. H recursos vlidos para superar limites, avanar no processo de ensino-aprendizagem e aprimorar a qualificao de professores (as). Contudo, essas mudanas propostas s fazem sentido quando inseridas num projeto mais amplo de transformao e melhoria na qualidade do ensino, capaz de garantir no apenas os conhecimentos, mas tambm permitir o exerccio e o desenvolvimento de uma cidadania proativa que valorize a dignidade humana, a democracia e uma cultura de paz. A atrao pela moeda um fato inegvel, apesar das suas limitaes e dificuldades, em vrias reas, para construir cidadania, ativaram o funcionamento mental de maneira no usual nas atividades escolares. Trabalharam sempre nos limites das suas potencialidades, 9

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porm motivados para realizar os seus projetos, com bons resultados. A educao fiscal se mostrou eficaz como estratgia para se conquistar a cidadania. Portanto, para exercer a cidadania e promover a incluso preciso dialogar, buscar acordos e parcerias. preciso respeitar, perceber-se como um ser humano em evoluo, consciente, inspirando aos outro a buscar o novo visando ao bem comum. Conclui-se assim, que este trabalho precisa ser desenvolvido nas escolas. Qualificar os professores para trabalhar com esta metodologia a fim de preparar as futuras geraes para o exerccio da cidadania, pois os (as) alunos (as) de hoje, sero o estado do amanh.. O Projeto Recreao e Cidadania Tem como justificativa a integrao; Como objetivo, a vida; Como mtodo, a recreao; Como avaliao, a alegria e Como essncia, a Incluso Social.

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