A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA NO ESPAÇO ESCOLAR...
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A RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA NO ESPAÇO ESCOLAR, ATRAVÉS DE VISTAS A TRILHAS INTERPRETATIVAS.
Emilson Batista da Silva Universidade Estadual de Santa Cruz E-mail: [email protected] Adriana Vitória Cardoso Lopes Universidade Estadual de Santa Cruz E-mail: [email protected]
RESUMO A relação sociedade-natureza tem sido discutida com maior veemência nos últimos tempos devido à intensificação do processo de degradação do meio natural e a eminência de seu exaurimento, sendo que a educação consubstancia-se como um pilar nessa discussão. Dessa forma, o presente trabalho se propôs a investigar a prática de trilhas ecológicas como possibilidade de trabalhar o conteúdo de meio ambiente. O estudo caracterizou-se a partir de trabalho de campo e bibliográfico, mediante a realização de uma trilha interpretativa com um grupo de 17 indivíduos em uma área de Mata Atlântica no município de Itacaré/BA. Verificamos que a visita a trilhas interpretativas possibilita uma abordagem capaz de aproximar efetivamente os indivíduos dos conceitos estudados em sala de aula, despertando a crítica e a reflexão, se tralhado dentro de um planejamento adequado. Entretanto, o acesso ao local, os custos da visita e a disponibilidade de transporte se apresentam como as principais dificuldades para a realização desse tipo de atividade. Palavras-chave: Relação sociedade-natureza. Educação. Meio Ambiente.
1. Introdução
As preocupações com o ambiente se intensificaram a partir de alguns
acontecimentos que envolveram a sociedade mundial. A II Guerra Mundial, por
exemplo, foi quando a disputa por domínios de espaços para consolidar posições de
mando (MORAES, 2002) ocasionou grande destruição nos cenários europeu e asiático,
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como também suscitou a emergência de agrupamentos de indivíduos, objetivando
reconstruir os países e buscar a paz. Inclusive, Monteiro (1988) afirma que o advento
das duas grandes guerras foi apenas mais acontecimento marcante que acabou por
desembocar na grande crise atual, que segundo ele, se configura como crise
civilizatória.
Surge, dessa forma, “algumas iniciativas na Europa e Estados Unidos com o
objetivo de preservar o ambiente e garantir a paz como forma de relacionamento
entre os homens” (MORAES, 2002, p. 34). A II Guerra Mundial, já citada, provocou,
dessa forma, alterações significativas dos componentes bióticos do planeta, sendo que
a vegetação, o ar e a água alteraram-se em graus diferenciados ao nível do local, bem
como do geral (MENDONÇA, 2001).
Verificamos, dessa forma, que as discussões em torno da temática ambiental
vem ganhando corpo nos últimos tempos, principalmente porque o planeta tem
apresentado sintomas da ineficiência da utilização dos recursos naturais pela
sociedade contemporânea, regida pelo modo de produção capitalista.
Assim, se observa que a natureza apresenta-se como mais uma mercadoria a
ser inserida no circuito de produção, com o fim de gerar capital, “o que tem tornado a
humanidade refém de sua própria criação” (JÚNIOR, 2012, p. 101). Para Leff (2006, p.
304) ”a natureza foi desnaturalizada ao ser transformada em recurso dentro do fluxo
unidimensional do valor e da produtividade econômica”. Para o mesmo autor, a
coisificação da natureza apresenta-se como o pano de fundo da relação sociedade-
natureza na atualidade.
Outra questão relativa à relação sociedade-natureza na atualidade é a visão
dissociativa. Para Júnior (2012), estão muito enraizadas em nossa cultura as visões que
colocam sociedade e natureza em lados opostos e/ou submissa ao domínio do
homem, concepções essas que ainda norteiam os projetos de desenvolvimento das
sociedades em âmbito mundial.
De acordo com Breih (2000 apud JÚNIOR, 2012) a relação sociedade-natureza
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apresenta três visões. Duas delas, a romântica e a dominadora, compreendem o
homem fora da natureza, enquanto a visão humanista popular propõe uma unidade e
dinamismo entre o homem e a natureza (Quadro 1).
Visões de Natureza Tipos de Concepções e Ações Ecológicas
Romântica
(subjetivista)
- Separação de sujeito e objeto
- Idealização da natureza
- Ética descompromissada com a ação
- Ação conservadora para desfrute
Dominadora
(objetivista)
- Separação sujeito-objeto
- Coisificação da natureza
- Ética e ação de apropriação e exploração
como forma de manutenção de poder
Humanista popular
(praxiológica)
- Unidade e movimento entre sujeito e
objeto (dialética)
- Natureza como parte do fazer a vida –
utopia radical
- Ética e ação: cuidar e proteger para
garantir a formação do ser humano em sua
diversidade
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Essa conjuntura fundamenta a crise ecológica atual, sendo que esta não se
restringe apenas aos recursos naturais ou ameaça à fauna e à flora. Vai além disso,
pois suas raízes encontram-se na crise social, como afirma Melo (2006, p. 41):
Estudar a crise ecológica significa aprofundar a questão acerca do funcionamento das sociedades contemporâneas, seu estilo de vida, seu modo de produção e consumo – enfim, a crise ecológica, antes de qualquer coisa, tem suas raízes na crise social (civilizatória), na relação que a sociedade estabelece com a natureza e na relação do homem consigo mesmo.
A superação dessa crise demanda uma profunda tomada de consciência e a
assunção de novas racionalidades, no sentido de equiparar as necessidades produtivas
humanas à capacidade de suporte do planeta.
Essa reflexão perpassa pela necessidade de unicidade na abordagem sobre o
meio ambiente, tendo em vista que é uma temática necessariamente interdisciplinar.
Para Ferreira (2005) a interdisciplinaridade transita por todos os elementos do
conhecimento, possibilitando a interação entre eles. Assim, as áreas do conhecimento
se imbricam, com o fim de possibilitar maior entendimento sobre a temática
ambiental.
Essa conjuntura se desdobra no ambiente escolar de forma intensa, pois é na
escola que potencialmente emerge um espaço de reflexão e formação de práticas
sustentáveis que podem possibilitar a formação de difusores de conhecimentos
fundamentais para a construção coletiva de uma efetiva consciência ambiental.
Uma possível alternativa é implementar atividades no cenário escolar que
possibilitem a interação dos discentes, muitas vezes moradores de áreas urbanas, com
o meio natural, no sentido de viabilizar o processo de tomada de consciência, através
da educação ambiental.
Quadro 1 – Visões de Natureza e Tipos de Concepções e Ações Ecológicas
Fonte: Adaptado de Breih (2000 apud JÚNIOR, 2012)
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Em relação à educação ambiental na escola, Menghini (2005, p. 26) afirma que:
Há uma perda de percepção da realidade como um todo. Ela é tratada de forma reducionista e simpificadora, não há um envolvimento íntegro e verdadeiro por parte das pessoas e da escola com os problemas ambientais. Separa-se o domínio ambiental (dimensão ambiental) do domínio social, ao invés de destacar que um está intimamente ligado ao outro.
Como se vê a visão romântica e/ou dominadora (BREIH, 2000 apud JÚNIOR, 2012)
permanece arraiga à escola, contribuindo para posicionamentos e padrões de
comportamentos do indivíduo apenas como observador da natureza, deixando de
propiciar o envolvimento político e a consequente participação social.
2. Material e método
O presente trabalho foi desenvolvido na Trilha Interpretativa do Alto da
Esperança, localizada na Reserva da Esperança, no município de Itacaré/BA. Esta
reserva é pioneira na implementação de trilha interpretativa na região desde 1997, no
âmbito do ecoturismo e agroecologia. A reserva propõe uma relação de
sustentabilidade entre a sociedade e a natureza, mediante atividades produtivas como
apicultura, agricultura orgânica, viveiro de mudas nativas, frutíferas e ornamentais,
além do cultivo do coco, abacaxi, entre outras.
De acordo com Vasconcelos (1998 apud MENGHINI, 2005, p. 43) “trilha é uma
palavra derivada do latim ‘tribulum’ significando caminho, rumo, direção”. O autor
ainda afirma:
A trilha é considerada interpretativa, quando seus recursos são traduzidos para os visitantes, com base em temas pré-definidos através de guias especializados, folhetos ou painéis. Em termos práticos, as trilhas interpretativas têm o propósito de estimular os grupos de atores a um novo campo de percepções, com o objetivo de levá-los a observar, questionar, experimentar, sentir e descobrir os vários sentidos e significados relacionados ao tema selecionado (VASCONCELOS, 1998 apud MENGHINI, 2005, p. 43).
Com relação ao local visitado, existem duas trilhas interpretativas: uma de
maior dimensão, aproximadamente um quilômetro, destinada a grupos menores de
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visitantes, e outra menor, chamada de Trilha do Tucano, indicada para grupos maiores
e/ou especiais como idosos e crianças menores. Essas trilhas são rústicas e
apresentam-se em um ótimo estágio de preservação. O menor número de pessoas
para a trilha de maior dimensão se deve à necessidade de exercer menos pressão
sobre o ecossistema, bem como propiciar um melhor acompanhamento por parte do
guia responsável pelo grupo.
Assim, o estudo se caracterizou por um relato de experiência, a partir de uma
aula de campo realizada por um grupo de 20 estudantes do curso de Educação Física
da Plataforma Paulo Freire – PARFOR da Universidade Estadual de Santa Cruz, à
referida trilha interpretativa.
3. Interagindo com a natureza
A visita iniciou com o acolhimento em uma casa a aproximadamente um quilômetro da
trilha. Nesse momento, tivemos a possibilidade de degustar alguns produtos
preparados artesanalmente, a partir dos frutos existentes no próprio lugar (Figura 01).
Foi quando percebemos a presença da natureza em sua forma mais simples: a
interação entre o humano e o natural, numa perspectiva de pertencimento.
Figura 01 – Local de apoio antes da realização das trilhas.
Fonte: Emilson Batista da silva.
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Então, nos deslocamos para vivenciar a trilha. Entretanto, nos deparamos com
mais um momento em que verificamos a busca por uma sintonização com o ambiente
e o crescente distanciamento do contexto urbano. Para isso, o guia centrou-se na
criação de um momento de percepção do eu e do outro, através da formação de um
círculo em que todos passaram cerca de vinte minutos com as mãos dadas dedicando-
se a reconhecer aos demais, mediante a socialização dos nomes de todos os
componentes do grupo.
O passo seguinte foi obter algumas informações importantes para os que se
fazem presente neste ambiente. Conhecemos a localização geográfica, os espaços
existentes, sobretudo na Bahia, iguais ou similares, bem como as principais
características da fauna e da flora do lugar. Em todos os instantes foi evidenciada a
maneira como a sociedade se relaciona com a natureza local, privilegiando, na maioria
das vezes, o aspecto econômico em detrimento da manutenção do patrimônio natural.
Foi discutida a necessidade do desenvolvimento econômico – para não ficar numa
visão romântica da relação sociedade-natureza – sem perder de vista que existem
formas mais adequadas para a utilização dos recursos naturais com o mínimo de
depredação (Figura 02).
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Foram apresentados alguns estudos desenvolvidos na região que tratam da
questão socioambiental, sendo que em alguns deles a trilha era a área de estudo.
Assim, observamos a dinâmica da legislação ambiental que classifica as áreas naturais
de acordo com o grau de exploração/preservação, podendo ser parques, reservas,
RPPN1, entre outras.
Depois de elencadas as normas de segurança, enfim, o grupo foi dividido em
duas partes, pois uma visitou a Trilha do Tucano e a outra uma trilha um pouco maior
com aproximadamente um quilômetro. Inicialmente seguimos juntos por uma trilha
educativa, onde fomos identificando a presença humana através de vestígios de
produtos industrializados colocados entre as árvores. Ao final dessa etapa foi discutido
quantos “vestígios humanos” cada um conseguiu perceber. Percebemos durante essa
atividade que o guia tem a possibilidade de atribuir valor ao que fala, pois desperta nos
visitantes sentimentos de contribuição, importância e de interação com o meio
(MENGHINI, 2005).
Durante o percurso tivemos a possibilidade de interagir com a Mata Atlântica,
de forma que nos percebemos enquanto parte de um conjunto em perfeita harmonia.
Ao adentrarmos a mata, foi notória a mudança de temperatura e umidade (Figura 03 e
04). Observamos as árvores de grande porte contrastando com a vegetação pioneira,
isto é, aquela que povoa primeiramente para dá condição à fixação das espécies que
colonizaram permanentemente. Essa sucessão natural ocorre sempre que a vegetação
de uma determinada área é retirada de forma natural ou não.
1 Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Figura 02 – Momento de informações e orientações.
Fonte: Emilson Batista da silva.
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Verificamos a formação de um fenômeno denominado “clareira natural”
(Figura 05). Este é caracterizado pela queda natural de árvores que abrem clareiras na
mata ao derrubarem consigo várias outras árvores. No caso do Alto da Esperança, as
espécies que caem naturalmente são utilizadas para a construção de móveis utilizados
na infraestrutura de atendimento.
Figura 03 – Entrada da trilha. Fonte: Emilson Batista da silva.
Figura 04 – Durante a trilha, o processo de interação foi contínuo.
Fonte: Emilson Batista da silva.
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Verificamos a presença de raízes nas proximidades da superfície, esse fato se
deve às características pedológicas, pois os solos na área de Mata Atlântica são muito
pobres, o que determina a formação de um manto de intemperismo ou serrapilheira2
sobre a superfície, responsável pela produção de nutrientes para a vegetação.
Vivenciamos também algumas dinâmicas no interior da trilha. Uma delas
objetivou explorar outros sentidos que utilizamos em menor proporção no cotidiano.
Alguns tiveram os olhos vendados e foram conduzidos por outros colegas por entre a
vegetação, tocando e ouvindo o que estava à volta.
Ao final da trilha, os que desejaram puderam desfrutar de um lago, construído
a partir do represamento de um rio e posteriormente de uma refeição feita
especialmente para o grupo, dentro de uma concepção de sustentabilidade, ou seja,
comida caseira, utilizando alimentos tradicionais oriundos da própria comunidade. As
famílias que habitam a região geralmente assumem essa tarefa de cozinhar os
alimentos consumidos pelos visitantes.
2 Depósito de matéria orgânica sobre o solo, oriunda da decomposição de restos animais e vegetais que
servem como adubo para a vegetação.
Figura 05 – Fenômeno de clareira natural
Fonte: Emilson Batista da silva.
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O fechamento da visita foi realizado em uma área preparada especialmente
para isso. Todos os visitantes se sentaram em círculo e foram orientados a se
expressarem sobre os pontos positivos e negativos da visita. No centro do círculo
estava uma espécie de quartzo colorido, destinado, segundo o guia, para manutenção
da energia do grupo.
Em linhas gerais, apontamos como pontos positivos: a vivência como altamente
relevante para a nossa formação, tendo em vista a aproximação com a natureza, a
instigação da criticidade na relação sociedade-natureza, bem como a utilização desse
tipo de atividade como subsídio para a prática pedagógica, inclusive com a proposta de
organização de grupos de discentes dos professores presentes para futuras visitas
pedagógicas. Como pontos a serem melhorados, o grupo destacou a possibilidade de
construção de uma única trilha, já que a Trilha do Tucano é muito pequena em relação
à trilha maior.
4. Considerações finais
A escola vem buscando nos últimos tempos uma forma de adequação com as
demandas sociais, no sentido de viabilizar uma aprendizagem alinhada com as
necessidades postas para o indivíduo frente aos enfrentamentos do cotidiano. Dessa
forma, encontrar atividades capazes de despertar o interesse dos discentes é
preponderante para dar conta dos anseios deles. Outro raciocínio é o constante
afastamento da sociedade – em constante processo de urbanização – em relação à
natureza, se desdobrando em processos de degradações ambientais cada vez mais
profundos.
Assim, verificamos que atividades que propicie a interação sociedade-natureza,
como a proposta neste trabalho, tem o potencial de favorecer o aprofundamento da
concepção de maio ambiente, no sentido de percebê-lo não apenas como o meio
natural compreendido pela fauna e pela flora, mas despertando o entendimento de
que o meio ambiente é formado também pela sociedade. Além disso, através dessa
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prática, ocorre maior sentido de pertencimento do indivíduo ao seu meio, o que eleva
seu interesse pela temática e contribui para o aumento da consciência ambiental.
Nesta conjuntura, a educação ambiental é um meio para educar a população
e as novas gerações na direção de aliar o desenvolvimento socioeconômico, à
exploração racional dos recursos naturais e preservação do ambiente. Além da
formação humana, vivências como a exposta neste texto propicia aos seus praticantes
um maior contato com a natureza, bem como a construção de novas concepções e
posturas. Os esportes de aventura na natureza e os acampamentos são exemplos
desse movimento.
No caso das trilhas interpretativas, as possibilidades pedagógicas podem ser
potencializadas sobremaneira se realizada de forma adequada, pois o processo de
interação aliado à sensibilização, provocada pelas informações transmitidas pelos
profissionais responsáveis por guiar o grupo, pode despertar nos visitantes a formação
ou mudança de conceitos e atitudes, que determinarão comportamentos no cotidiano
de cada um.
No entanto, essas iniciativas de realizar atividades em trilhas interpretativas
não podem se reduzir a concepções como “fuga da rotina”, ou a capacidade de
conhecer e transitar por outros lugares, mas às concepções que levem a uma
compreensão centrada na visão humanista popular (BREIH, 2000 apud JÚNIOR, 2012),
Nessa ótica, verificamos que o planejamento é um elemento de grande
relevância para que as vivências no meio natural atinjam seus objetivos e
potencializem o processo de ensino-aprendizagem, de acordo com as reais
necessidades para a formação dos discentes.
5. Referência
FERREIRA, Sandra Lúcia. Introduzindo a noção de interdisciplinaridade. In: FAZENDA,
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Paulo:Cortez, 2005.
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JÚNIOR, Edgard Matiello. Exercitando Conhecimentos e Práticas Sobre Meio Ambiente
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LEFF, Enrique. Racionalidade ambiental: a reprodução social da natureza. Rio de
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MELO, Mauro Martini de. Capitalismo versus sustentabilidade: o desafio de uma nova ética ambiental. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2006.
MENGHINI, Fernanda Barbosa. As trilhas interpretativas como recurso pedagógico: caminhos traçados para a educação ambiental. Dissertação de Mestrado. Programa de Mestrado Acadêmico em Educação. Universidade do Vale do Itajaí, 2005.