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1 RONNY CHRISTMANN BORNHOLDT Resumo do livro A República” De Platão CURITIBA 2009

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RONNY CHRISTMANN BORNHOLDT

Resumo do livro

“A República” 

De Platão

CURITIBA

2009

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RONNY CHRISTMANN BORNHOLDT

Resumo do livro“A República”

De Platão

CURITIBA2009

Trabalho entregue para avaliação parcial dadisciplina de filosofia da Educação,ministrada pelo professor Gelson JoãoTesser, na Universidade Federal do Paraná.

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Sumário

Sumário

1. Introdução......................................................................................................................................42. Resumo..........................................................................................................................................62.1. A República – Livros I e II.........................................................................................................62.2. A República - Livro III...............................................................................................................82.3. A República - Livro IV.............................................................................................................102.4. A República – Livro V..............................................................................................................122.5. A República – Livro VI............................................................................................................142.6. A República – Livro VII...........................................................................................................172.7. A República – Livro VIII..........................................................................................................202.8. A República – Livro IX............................................................................................................232.9. A República – Livro X..............................................................................................................26

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1. Introdução

A obra renomada e, talvez, uma das mais conhecidas, A República, de Platão, trata em forma

de diálogo a problematização da política. Seu personagem principal, Sócrates, após presenciar uma

procissão, começa um diálogo com seus amigos e Céfalo, um homem sábio, reto, com conceitos

bem definidos em sua velhice.

Como poderia a politica funcionar? Seria todos os governantes honestos? De maneira

introdutória o autor expõe seu conceito de justiça, usando de perguntas e retóricas (por todo o livro),

argumentando a possibilidade do governante fazer seu serviço para suprir seus próprios interesses.

Vários exemplos são usados por Sócrates para convencer Céfalo da fragilidade que poderia ser o

governo. De profissões comuns à deuses diversos. Os pecados de um, e a integridade de outro. A

questão justiça ganha foco, e aparentemente fica sem uma resposta para a pergunta “o que éjustiça?”

A partir desta premissa, os diálogos permeiam como deveria ser a sociedade perfeita, tendo

que criá-la na mente, uma vez que esta não existe. Sócrates propõe que uma ideologia pedagógica e

filosófica deveria ser usada para formar os governantes. Em outras palavras, um governante melhor 

preparado seria aquele que recebesse uma educação filosófica.

Ele usa de diversas citações, de obras como Ilíada e Odisséia, além de explorar as alegorias,

deixando claro seu ponto de vista. Sua idéia de que os pensadores são a classe mais elevada dasociedade fica bem explícito em sua descrição da alma, formada de três partes (apetite, razão e

coragem). Se cada pessoa tem estes três aspectos, e um deles sobressai, então os políticos deveriam

ser os que tem a razão enfatizada, os “pensadores”. Eles iriam planejar e pensar. O foco deles seria a

população, e não eles mesmos.

Os conflitos, geralmente causados pelo dinheiro, seriam resolvidos com uma espécie de

fundo social comum, para proteger a sociedade. A riqueza deixa de ser dos ricos, e passa a ser de

todos. Os interesses particulares também foi descrito dentro das próprias famílias, que educavamseus filhos dentro de suas ideologias. O personagem descreve fazer parte da sociedade perfeita o

fim da instituição familiar, com casamentos polígamos, com o fim da procriação, para que as

crianças fossem da sociedade, e livres das ideologias aprisionadoras. Este casamento também

possibilitaria a criação de camadas sociais, onde a procriação fosse selecionada para nascerem

crianças, filhos de pensadores, outros dos corajosos, e outros dos com apetite. A sociedade ser 

organizaria, portanto, em três camadas. Ao mesmo tempo, as mulheres fariam parte destas, sem

discriminação ou acepção. Toda e qualquer tarefa feita por um homem seria também feita por uma

mulher, inclusive a participação na guerra (como uma forma de encorajar os homens).

Em suma, Platão, através de seu personagem Sócrates, expõe uma idéia de sociedade justa,

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governada por pensadores, educados através da filosofia, pois somente deste modo, é possível

discernir o que é justiça, e como aplicá-la da melhor forma possível. A sociedade perfeita.

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2. Resumo

2.1. A República – Livros I e II1

No livro é iniciado um debate sobre justiça e as vantagens que ela traz, com destaque o

discurso do retórico Trasímaco e o exame de Sócrates em busca da definição de justiça. A

hostilidade do retórico atesta o caráter dogmático e impositivo do sofista. No fim, Sócrates afirma

que nada sabe. Como gancho ao livro II ele discursa sobre o valor e definição de justiça. Cada

personagem, então, se esforça em definir a palavra, mesmo que não estejam em total acordo com

Sócrates.

Nesse novo exame, diante da exposição renovada e contundente da tese do sofista feita por 

Gláucon e Adimanto, Sócrates propõe uma outra estratégia para levá-los a ver a justiça e seu papel

com clareza: a organização de uma cidade na qual eles inserirão o homem, para assim perceber oque traz de vantajoso a ele ser justo ou injusto. Após a exposição do elogio à injustiça, feito para

nortear justamente sua defesa, tem-se a impressão de que ela é exercida apenas pelas vantagens que

pode trazer a quem é tido como justo. Se for assim, aparentar ser justo é mais importante que sê-lo

de fato. O justo, ainda que não o pareça, por sê-lo nada recebe em retribuição ou em honras, e ainda

pode ter infortúnios e humilhações sem merecê-las.

Diante da pretensa aparência de justiça e da opinião, prejudicial ao caráter dos jovens,

Sócrates se vê na obrigação de persuadi-los de que a vida do homem justo e virtuoso é infinitamentemais feliz e bem quiista pelos deuses. Nesse horizonte, a cidade ideal organizada por eles a fim de

servir como um recorte do homem e de sua vida em sociedade é que vai mostrar as implicações da

vida justa ou injusta.

Com efeito, a nova cidade vai sendo construída. Surge a necessidade de guardiões para

defendê-la. Examinando esses homens, chega-se à conclusão de que eles devem ser, por natureza,

impetuosos com os estrangeiros, mas amáveis com os seus concidadãos; devendo ainda dedicar-se a

isso exclusivamente, como exige qualquer arte quando se visa ao máximo de perfeição. Para moldar o caráter deles, devem ser educados desde a infância a serem corajosos, impetuosos e amáveis. Mas

antes da ginástica, é importante que se comece pela alma dos futuros guardiões. Discorrendo

também sobre essa questão, chegam à seguinte conclusão: deve-se mudar a maneira pela qual os

poetas concebem os mitos, de modo que se coloquem os deuses como realmente o são, ou seja,

como totalmente bons e sempre idênticos a si, e não como seres por vezes injustos, intrigantes e

enganadores dos homens.

Em suma, esse é o teor do Livro II de A República, e quanto a ele há duas observações

pertinentes. A primeira é quanto a crítica ao sofista feita por Platão, que reduz ao absurdo a tese de

1 Por se tratar de assuntos muito semelhantes e contínuos foram colocados no mesmo item do resumo.

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Trasímaco, dialogando com ele pela voz de Sócrates. Nesse horizonte, o que chama a atenção além

da crítica e da figura do retórico, assim como sua mera opinião - contrastante com a busca da

verdade empreendida por Sócrates - é a hostilidade com que intimida os demais, o desejo que tem o

primeiro de impor sua tese sem permitir questionamentos por parte deles e, ainda, a exigência de

pagamento pelo que considera um serviço prestado. Do outro lado da balança se encontra a

simplicidade de Sócrates e sua humildade em afirmar que nada sabe, e a forma como coloca seu

raciocínio, construindo-o por meio do diálogo com os demais na tentativa de aprender com eles,

jamais cobrando por isso.

Por fim, merece destaque a superação da mitologia que se coloca no viés de controle da

concepção dos mitos, submetendo-os a limites que visam a não permitir a contradição entre eles e

as leis da cidade. Ao observar como se dá sua organização no diálogo, é interessante voltarmos-nosà observação do fato de que nela não é a Paidéia aristocrática dos mitos que norteia sua constrição,

mas a busca da verdade empreendida numa atitude filosófica. Pode-se perceber que, mesmo quando

da discussão acerca de como conceber os mitos a serem narrados aos futuros guardiões, eles devem

seguir certas leis, na medida em que não mais se apresentam como ensinamentos em si mesmos.

Vemos a mitologia servindo à educação, pois os mitos devem submeter-se à filosofia, que aqui

reclama centralidade no regimento da vida prática em detrimento da tradição dogmática da

mitologia politeísta.

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2.2. A República - Livro III

Por Ana Pismel

O que se vê no Livro III da República é a continuação da construção da educação dos

guardiões. Se no Livro II se tratava de traçar regras aos poetas e moldar os mitos, nesse terceiro o

que se percebe é a continuidade do movimento iniciado anteriormente, no sentido de estender 

também às outras artes as mesmas premissas sob as quais se deve construir os mitos.

Nesse sentido, para incitar a coragem é preciso remover o temor residente na perspectiva do

Hades, na impetuosidade dos deuses e promover que não tenham por natural posturas de

lamentação e desvario, pois eles precisam ser fortes se se pretender que sejam bons guardiões.

Deve-se, ainda, afastá-los da mentira e aproximá-los da moderação, para que cresçam bons e sérios,conforme a natureza que devem ter. Pode-se ver que o auto-domínio tem uma importância

acentuada, já que é por meio dessa qualidade que se manifestarão outros traços da conduta esperada

para esses guardiões, como seriedade, moderação e respeito pelos outros habitantes da cidade. Tudo

o que vai contra o caráter que se deseja moldar nesses jovens é afastado dos mitos, já que eles são o

canal pelo qual se realiza o aprendizado dos mesmos dês de a infância. Ao longo do percurso do

terceiro livro são mostrados vários traços inconvenientes aos guardiões sendo cada um deles

imediatamente censurado e retirado da mitologia nascente.Dando prosseguimento ao diálogo e tendo-se por definido do que afirmar sobre os deuses,

resta saber o que dizer dos homens. Há, porém, um impedimento: ainda não se chegou a saber o que

é a justiça por natureza e como ela é útil a quem a têm. Esse trecho, apesar de breve, nos remete ao

verdadeiro motivo do diálogo, guiando o raciocínio, já que coloca sempre em vista o horizonte

maior da obra.

São analisadas posteriormente a elocução, as harmonias e as melodias, perceptíveis na

música tanto quanto os mitos. Em resumo, a ótica sob a qual todas são interrogadas leva em contaas duas leis enunciadas no Livro II, a respeito do teor dos mitos. Afinal, é a natureza que se quer 

moldar nos jovens o fator que determina o conteúdo dos mitos. E esses, por sua vez, influem no

modo como devem se apresentar nas artes a fim de penetrar a alma dos jovens. De modo geral,

deve-se excluir dela tudo o que incentive excessos, languidez e intemperança; fazendo com que

proporcione à alma dos guardiões qualidades favoráveis a essa função.

Pode ser interessante notar que, entre todas as artes, a música é privilegiada na educação. Isso

se deve ao fato de calar fundo na alma e com força moldar o caráter. A sensibilidade produzida por 

ela faz florescer as qualidades e a observância às leis por parte dos guardiões.

Depois da música, a ginástica surge na formação desses jovens, mas dentro da perspectiva de

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que a alma boa torna bom o corpo tanto quanto possível, e não o contrário. Também aqui se adverte

que eles devem manter distância de todos os maus hábitos que vão contra sua natureza, devendo

ainda ser fortes fisicamente e impetuosos quando preciso. No entanto, eles devem diferenciar-se dos

atletas que, apesar da força, não são resistentes à condições adversas. A ginástica deve, assim como

a música, ser simples e moderada, para que haja um equilíbrio que afaste o excesso de zelo para

com o corpo e também a brandura extrema. A música visa à polidez; a ginástica, à coragem e força.

Essas são, como mencionado no livro anterior, as qualidades inerentes ao bom guardião. Uma vez

isso estabelecido, é preciso selecionar, entre esses, o melhor e mais dedicado para liderá-los. Ele

tomará as decisões em vista unicamente do bem da cidade, sendo auxiliado e obedecido pelos

demais. Para solidificar nos habitantes da cidade - e principalmente nos guardiões - a convicção de

que, mesmo vivendo de modo simples em relação aos demais, eles são superiores, é sugerido ummito.

Brevemente, o que se narra é a colocação, pela terra (progenitora de todos os homens), de

ouro na alma dos que tem mais valor e prata na dos que o auxiliam, havendo nos demais ferro e

bronze. É importante que todos se persuadam disso para que a cidade exista, pois do interior dessa

perspectiva, tendo sua subsistência proporcionada pela cidade em pagamento por sua dedicação, os

guardiões acreditam ser mais valioso o ouro e prata de sua alma que qualquer outra riqueza

existente na cidade. Assim, não aspirariam eles a qualquer benefício além do que recebem e nãoameaçariam os demais por elas.

Por fim, vemos no Livro III a presença central da construção da educação dos guardiões

estabelece por si mesma, aos poucos, as bases sobre as quais toda a cidade se moldará. E é com

esses parâmetros que se iniciará o Livro IV, discorrendo acerca da natureza dos guardiões, na

medida que que ela deve influenciar todos os outros habitantes, pois não seria cabível ter no interior 

de uma mesma cidade mitos e culturas distintas.

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2.3. A República - Livro IV

Por Ana Pismel

O que dá ensejo ao Livro IV é ainda o tema da educação dos guardiões que, ao terem nas

artes das musas o cultivo da alma e na ginástica o do corpo, serão levados a desenvolver as

qualidades inerentes à sua função na cidade. Mas para que haja equilíbrio entre bondade e ímpeto

no interior do guardião, é preciso que música e ginástica sejam moderadas, de modo a terem entre si

uma relação harmônica que resulta, portanto, numa natureza em que estão conciliadas essas duas

qualidades opostas.

Adentrando o Livro IV, encontramos em seu teor a conclusão da cidade perfeita e, após isso

feito, o exame das qualidades da cidade que, por analogia, revelará a justiça no homem, já que o

tem como um universo de natureza semelhante à cidade. Nesse ponto.Uma vez estabelecida a guarda e a administração da cidade perfeita, Sócrates, Adimanto e

Gláucon voltam-se às virtudes que ela teria por natureza (427c). depois de discorrer sobre isso,

chegam à conclusão de que ela é necessariamente sábia e corajosa, temperante e justa. Mas é

preciso fazer um outro exame, a fim de ver com mais clareza a relação entre essas virtudes,

delimitando o horizonte pelo qual se passará, mais a frente, à esfera individual.

Com relação às virtudes, uma cidade é sábia se forem judiciosas as decisões de seus

dirigentes, dado que a guiam com vista à organização que proporcione a melhor condição possívelao conjunto de seus cidadãos. A coragem, por sua vez, é dada como traço daqueles que tem por 

função defendê-la, a saber, os guardiões. Uma cidade com defensores corajosos é corajosa por 

natureza. A temperança, ainda, consiste no predomínio da melhor parte dos cidadãos (a guarda, na

cidade perfeita). A ela cabe manter o equilíbrio e a harmonia entra as classes em seu interior, bem

como sua relação com outras cidades (4527e – 432e). Com relação à justiça, a última das virtudes a

ser analisada, Sócrates adverte Gláucon e Adimanto acerca do fato de ela ter estado sempre por 

perto e, entretanto, ter sido procurada em partes tão distantes (433a). interrogado por Gláuconacerca do que seria, então, a justiça, Sócrates remete-os ao fato de terem considerado como

premissa, dês de a fundação de sua cidade, a idéia de que “cada um deveria cumprir a tarefa que é

sua” (cf. 433b). e não é difícil perceber que caso seja diferente, não haveria lugar para as demais

virtudes na cidade. Assim, uma cidade justa é aquela na qual cada classe exerce unicamente a

função que lhe cabe sem interferir nas demais. Dado que é à classe dos guardiões a administradora

da cidade perfeita, é responsabilidade dela direcionar seu crescimento visando seu bem-estar , além

de livrá-la de ameaças e defendê-la na guerra.

Nesse horizonte, eles procuram ainda estabelecer, por analogia, as virtudes do homem a partir 

das relativas à cidade, assim como o que disso decorre (434d). esse é o método que Sócrates tem em

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2.4. A República – Livro V

Por Ana Pismel

A conclusão do projeto de uma cidade perfeita permite que finalmente se possa ver com

clareza no que consiste a justiça, tal como a injustiça, dentro da cidade, assim como no interior de

cada indivíduo em particular. Elas são, a saber, sabedoria, coragem temperança e justiça. Então,

uma cidade justa é aquela na qual cada classe exerce unicamente a função que lhe cabe sem

interferir nas demais e, dado que é a classe dos guardiões a administradora da cidade perfeita, é

responsabilidade dela direcionar seu crescimento visando seu bem-estar, além de livrá-la de

ameaças e defendê-la na guerra.Com o Livro V da obra de Platão, passa-se do registro da construção de uma cidade perfeita

ao da discussão acerca da viabilidade de tal projeto. Mesmo sendo a cidade existente de direito,

seria ela capaz de existir de fato? Essa é a questão que rege esse novo momento da obra, na qual

Sócrates, interrogado principalmente por Gláucon e Adimanto, discorre sobre algumas questões

deixadas em aberto no decorrer de todo o percurso feito até aquele momento.

Ainda que hesitando em alguns momentos, Sócrates faz a vontade de seus interlocutores ao

dar atenção a outros temas, a saber, a participação da mulher em todas as atividades da cidade – inclusive na guarda – sendo, portanto, educadas da mesma forma que os homens e até participando

da guerra; a comunidade das mulheres e filhos entre os homens da cidade e, ao final do livro, à

necessidade de haver um governante filósofo como condição de existência de tal cidade. É notável

também a presença da Teoria das Idéias, célebre em Platão, que começa a ser explicitada com a

discussão final acerca do conhecimento verdadeiro e da opinião.

A respeito da hesitação de Sócrates, o que deixa constatar o diálogo é que a motivação dessa

atitude se deve ao fato de ser muito inusitada a posição do filósofo sobre tais questões sobre asquais seus amigos o intimam a discorrer. Tendo ciência da peculiaridade de sua exposição, ele hesita

diante do possível estranhamento de seus interlocutores. Interessante é notar que o retórico

Trasímaco volta a cena, numa intimação forte a Sócrates, fazendo-se notar por querer mais

explicações, assim como os outros. Com postura um tanto ríspida, ele apóia os demais

interlocutores, mas fica a impressão de que se o faz, é antes para ver Sócrates em apuros que por 

vontade de ir mais além na discussão.

Quando Sócrates se anima a adentrar as questões deixadas em aberto ao longo da construção

da cidade perfeita, uma das primeiras exigências com as quais ele tem que lidar á a explicação do

que até então fora aceito tal como dito.

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Ora, se já estava em cena o papel do homem, era o momento de pôr em cena também o da

mulher (451 b-c). Por meio de uma comparação com uma matilha de cães, Sócrates demonstra que,

nessa cidade, as mulheres teriam participação nas mesmas atividades que os homens, pois cada um

deve se aplicar ao que é de sua natureza para que haja justiça na cidade. Nesse ponto, é colocada a

seguinte réplica: mas como pode ser assim, se as mulheres são por natureza inaptas para a guarda ou

a guerra, ou qualquer outra atribuição de homens (453 a)? Apesar da aparente contradição existente

no fato dessa igualdade atribuída a homem e mulher - uma vez que não se pode negar que haja entre

eles diferenças – ela não se justifica. Pois Sócrates mostra que as aptidões para as atividades dentro

da cidade não dependem do sexo, mas de outros fatores. Assim, pode haver tanto homens quanto

mulheres em todas as funções, sendo que para isso são eles educados da mesma forma, ou seja, pela

música e pela ginástica. Ainda dentro dessa discussão temos a geração de filhos e a comunidade demulheres e filhos entre os homens da cidade. Pode-se dizer que ela é uma conseqüência das leis

adotadas e favorece a união, a cooperação e o respeito entre os cidadãos.

Mesmo assim, uma vez que essa questão pode ser vista como parte da anterior e, dado o

espaço reduzido, é preciso tratar de um segundo tema de destaque no Livro V: o surgimento da

noção de rei filósofo.

A exigência de que o poder político esteja com um guardião bom e belo é conhecida, mas

agora é preciso esclarecer também sua natureza filosófica. A questão a ser respondida é a seguinte:o que faz de um homem filósofo? A resposta é dada por meio de uma distinção entre um curioso

(que aprende e ouve o que vêm a ele) e um filósofo por natureza (que busca o conhecimento

verdadeiro por si só e segue atrás dele sem que outros o levem a isso). Assim, os governantes devem

necessariamente ser filósofos, a fim de não se deixarem levar por opiniões, guiando-se a si mesmos

e à cidade pelo conhecimento da verdade.

Nessa perspectiva, uma nova esfera da natureza humana será revolvida por Sócrates e seus

interlocutores. Nos próximos livros, o que veremos é o desenvolvimento da discussão a respeito dadiferença entre conhecimento pleno e opinião, tal como de questões afins, culminando na Alegoria

da caverna (Livro VII), na qual Sócrates expõe mais definitivamente a Teoria das Idéias de Platão.

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2.5. A República – Livro VI

Por Ana Pismel

A proposição que originou o excurso na trajetória d´A República (representado pelos livros V,

VI e VII) teve início no livro anterior com a exigência de maiores explicações por parte de Sócrates,

feita inicialmente por Polemarco, sendo apoiada pelos interlocutores restantes, inclusive Gláucon e

Adimanto. Ao deparar-se com essa intimação Sócrates hesita, afirmando serem essas discussões

fatigantes e, ainda, exprime certa insegurança com relação à aceitação do ponto de vista que

sustentará sobre eles. Entre as questões tratadas por ocasião desse desvio, a discussão acerca daviabilidade da cidade perfeita leva à necessidade de explorar a natureza de seus governantes: os

guardiões. Esse tema, por sua vez, requer que se discorra a respeito da natureza do conhecimento

verdadeiro e também da natureza do filósofo, tal como o que o diferencia dos demais homens.

Mediante tal exigência, é preciso que se fundamente a natureza do conhecimento pleno e

verdadeiro, em oposição ao conhecimento variável do campo das meras opiniões. O que vemos

nesse momento é nada menos que a preparação do território para a exposição, no livro VII, da teoria

platônica das idéias.O que caracteriza a natureza voltada à filosofia consiste tanto em aptidões naturais, quanto

numa educação que as permita florescer. Mas para que seja possível à alma alcançar o

conhecimento verdadeiro, ela deve ter “uma inteligência que, por natureza, além de outras

qualidades, tenha justa medida e graça, para que esses dotes naturais a façam dócil na busca da

idéia de cada ser ” (486 d e). Ora, se, conforme Sócrates, essa natureza e seu aprendizado têm

afinidade com a verdade, a justiça, a coragem e a temperança (487 a), não se poderia entregar a

outros o governo da cidade. No entanto, diante dessa afirmação, Adimanto lembra que, de fato, nãoera isso que ocorria, ou seja, os que se voltavam à filosofia acabavam por ser estranhos aos demais

cidadãos, tornando-se inúteis à cidade. Sócrates argumenta que, numa cidade em cuja constituição

não é favorecido o desenvolvimento de naturezas filosóficas, os que conseguem chegar fazê-lo não

são vistos com bons olhos. Por outro lado, isso não aconteceria na cidade perfeita, pois a própria

constituição favoreceria a verdade e os que dela tem conhecimento pleno, fazendo com que apenas

eles sejam capazes de guiá-la.

Se existe tal calúnia para com os filósofos, isso se deve ao fato de, na maioria das vezes,

homens indignos (sem aquelas qualidades requeridas para a verdadeira filosofia) tentarem se

dedicar a ela, dando-lhe fama tão injusta. E mesmo quando surge uma natureza com todos os pré-

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requisitos, o que é raro, ela está sujeita a condições que podem corrompê-la, na medida em que a

familiaridade com o que se passa a sua volta e uma educação inapropriada, o que seria

excepcionalmente bom vem a se tornar excepcionalmente mal. O que se terá em lugar de um

filósofo será um homem corrompido pela riqueza, bajulação e honras. Assim, enquanto a filosofia é

levada por aqueles que dela são indignos, os que verdadeiramente possuem afinidade com ela

tornam-se naturezas corrompidas e causam grandes males à cidade.

Constituição que seja propícia ao filósofo não existe de fato, mas, conforme Sócrates, seria

aquela feita para a cidade perfeita construída no começo. Entra-se, agora, no que culminará, com

efeito, na célebre Alegoria da Caverna exposta no livro VII, por meio da exposição feita por 

Sócrates acerca do tratamento a ser dado à filosofia, tal como do que seja o mundo do pleno

conhecimento – do que é - e do campo das opiniões instáveis - do que parece ser . Desse modo, ofilósofo, ao conviver com os seres imutáveis e plenos, entre os quais não há mutabilidade nem

injustiça (500 c d) toma algo de divino, mesmo que caluniado pelos demais. A possibilidade de

existir realmente uma cidade perfeita reside em dois precedentes: a ascensão de um filósofo genuíno

ao poder e a mudança da visão corrente com respeito à filosofia, tal como dos que a têm por 

profissão. Com isso, o que se pretende mostrar é que o projeto construído por eles, se realizado,

seria o melhor.

No entanto, para se ter contato com as virtudes requeridas para um bom governante, ele deveter conhecimento de algo que é maior que as próprias virtudes: a idéia do bem. Ela é o objeto do

estudo da filosofia, e dá sentido e utilidade à justiça e às outras virtudes (505 a b), o que faz com

que chegar a seu conhecimento seja o mais importante, devendo vir antes de qualquer outra

discussão. Após a deliberação a respeito de algumas considerações do que seria o bem, Sócrates é

indagado sobre sua posição com relação a tal tema. Inicia-se, então, a exposição do que se poderia

denominar introdução à exposição da Teoria das Idéias. Nessa discussão, Sócrates aborda questões

como a dualidade que tem por extremos o mundo dos objetos, em oposição ao mundo das idéias,assim como discorre sobre a gradação crescente de patamares que levam da percepção instável, da

qual podem resultar apenas meras opiniões, ao conhecimento pleno das idéias que, não sendo

volúveis nem conflituosas, garantem o conhecimento do bom e do belo. A imagem platônica da

relação entre os olhos, a visão e a luz já aparece nesse livro com demasiado peso na explanação de

Sócrates acerca da comparação entre o que se pode ver por meio da luz, no campo do visível, e o

que se pode conhecer pela inteligência, no inteligível.

O que se entrevê na seqüência é, finalmente, o belo relato de Sócrates sobre como se dá o

conhecimento e os graus do ser (já enunciados no presente livro decrescentemente, assim como no

presente texto), a saber, inteligência; pensamento; crença e verossimilhança. O que se procura é

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uma visão do bem tão nítida quanto a visão que teriam os calculistas ao referirem-se às formas, na

medida em que as apreendem em essência, de maneira a não se deterem nas particularidades que

elas possam vir a assumir em dada representação.

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2.6. A República – Livro VII

Por Ana Pismel

Com o Livro VII, o excurso incrustado no trajeto da obra é concluído na exposição da Teoria

das Idéias, em cujo contexto é requerida para ilustrar a natureza do conhecimento pleno e

verdadeiro, que Sócrates julga ser necessário fazer chegar aos guerreiros filósofos, ou seja, os

guardiões governantes de cidade sua perfeita. Nesse parêntese foi discutida a viabilidade da cidade

perfeita, que só pode existir de fato se tiver filósofos por governantes, sua natureza e, seguidamente,

a natureza do conhecimento verdadeiro. É esse exame que vem sendo empreendido dês de o LivroV, e agora encontra sua conclusão com a bela exposição da natureza do conhecimento do inteligível

presente na Alegoria da Caverna, que descreve a ascensão da alma ao mundo das idéias e,

principalmente, à idéia do bem – tida como princípio de perfeição de todas as demais.

Logo de início, Sócrates compara a o trajeto que tira o homem da ignorância e o leva ao

conhecimento verdadeiro com a situação na qual estaria um grupo de pessoas que sempre viveu na

escuridão de uma caverna, preso por grilhões, podendo ver apenas sombras que lhe chegavam da

entrada da caverna atrás deles e refletidas na parede para a qual estavam voltados. Esses homens,tendo sempre vivido na escuridão, conseguem ver apenas as sombras do que se passa fora de sua

caverna e, não tendo consciência de que haja algo além da realidade dela, tomam por reais sombras

que não passam de simulacros do mundo exterior. Diante disso, se libertasse-mos um dos que lá

viviam, coloca Sócrates (515 c), e o arrastasse-mos para fora da caverna, com certeza ele se oporia e

o contato repentino com a luz do dia o cegaria por completo. E se, ainda, quisesse-mos fazê-lo

acreditar que a verdadeira realidade era a que ele via então, isso de nada adiantaria, pois ele

certamente quereria voltar para sua caverna. Mas, se aos poucos mostrasse-mos a essa pessoa assombras, os reflexos, depois as estrelas e a noite, fazendo-a contemplar o céu diurno e, finalmente, a

luz do Sol, então ela perceberia como fora falha sua visão até então, e preferiria viver na condição

de escrava a voltar para a escuridão da caverna (516 d).

Da mesma maneira que a adaptação da visão se dá o caminho rumo ao conhecimento do

inteligível. A alma não pode ser levada a contemplar a idéia do bem, nem qualquer outra idéia, de

modo repentino e que não seja por iniciativa própria, pois a ascensão a um patamar cada vez mais

alto de conhecimento só pode ser realizada por uma alma que – além de aptidão natural para o

aprendizado – tenha empenho na busca desse conhecimento. A ausência de luz, ou seja, a caverna,

representa nessa alegoria a ignorância, na medida em que a escuridão limita a visão da realidade

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assim como os equívocos e variantes da opinião limitam o conhecimento pleno das idéias. As

opiniões agem como sombras que, tomadas por realidade, confundem a visão da alma, embargando

sua apreensão do verdadeiro conhecimento presente não nas coisas, mas nas idéias. Do mesmo

modo, é indo de degrau em degrau que se chega ao conhecimento do mundo das idéias, no qual se

pode contemplar uma visão das essências, ou seja, a completude do Sol. Apenas à luz de todo o

conhecimento do inteligível é que se pode superar a variabilidade do campo das opiniões e enxergar 

a idéia de bem que, segundo Platão, rege e participa de todas as demais idéias. Com efeito, alguém

que, tendo passado da opinião à inteligência plena, jamais quereria voltar ao convívio do senso-

comum, pois a ela de nada seria proveitoso nem agradável, uma vez que tem acesso à plenitude do

campo do inteligível. Como Sócrates destaca, decorre daí tanto a incompreensão dos filósofos

genuínos por parte das cidades reais, quanto a superioridade intelectual dos governantes da cidadeprefeita.

Seguindo a analogia Ver/Conhecer, entremeada em toda a Alegoria, percebe-se o quanto a

Teoria das Idéias de Platão esta baseada nessa relação, dado que toda a discussão posterior é

construída sobre as decorrências desse mecanismo de conhecimento por meio dos “olhos da alma”

que deve ser estimulada nos futuros governantes. Essa discussão consiste em estabelecer as ciências

que se deve passar a esses aprendizes (com destaque para o cálculo e a geometria), assim como na

colocação da exigência de fazê-los retornar às tarefas comuns da cidade, a fim de habituá-los aosenso comum, para que possam conhecer as particularidades da vida prática, angariando experiência

para o governo.

Por fim, é interessante ainda destacar, nessa concepção, a existência de dois mundos – o do

visível e o do inteligível – sendo que o segundo possui o conhecimento das idéias e contém a

plenitude das essências, sendo imutável. Já o primeiro abriga apenas cópias dessas idéias, contendo

imperfeições e variantes, de modo que nele reina a opinião, não sendo possível nele se chegar a

qualquer conhecimento verdadeiro. Ele é mutável, abriga variações que turvam a visão dainteligência, atravancando o conhecimento das idéias. É por isso que se deve educar nos futuros

governantes tanto o corpo quanto a alma, levando adiante esses trabalhos apenas com os que se

mostrarem aptos a aprender, pois para governar a cidade perfeita, nada menos que o conhecimento

da idéia do bem e do pleno mundo das idéias é requerido. Os que vierem a governar, ainda, tendo o

conhecimento do pleno, com certeza não se deixarão levar por interesse, pois sabendo haver uma

vida mais valiosa que essa, terão o governo não como indicativo de poder, mas como inevitável na

condição de filósofos guardiões da cidade – governando, assim, em vista de seu bem e dos demais,

não dos próprios interesses.

Com o termino desse desvio, Sócrates e seus interlocutores voltam a discutir questões da

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cidade como um todo, retomando a discussão acerca da organização da cidade com relação aos

temas tratados anteriormente, porém agora à luz das novas conclusões.

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2.7. A República – Livro VIII

Por Ana Pismel

Diante da exposição de Sócrates a respeito de como se dá o conhecimento – baseado na

analogia Ver/Conhecer – vimos terminar o desvio proposto por Polemarco e Adimanto. Nesse

parêntese foi discutida a viabilidade da cidade perfeita, que só pode existir de fato se tiver filósofos

por governantes, sua natureza e, seguidamente, a natureza do conhecimento verdadeiro. O exame

empreendido nos livros V, VI e VII culmina na exposição da natureza do conhecimento do

inteligível presente na Alegoria da Caverna, que descreve a ascensão da alma ao mundo das idéias

e, principalmente, à idéia do bem – tida como princípio de perfeição de todas as demais. Uma vezfundamentadas afirmações que até então tinham sido tomadas tal como ditas, o trajeto da discussão

pode prosseguir e, para tanto, retomando o exame referente aos tipos de governo encontrados de

fato, qual entre eles seria o melhor e mais justo, assim como o teor da constituição interna do

homem semelhante a ela.

Voltando, então, à discussão acerca da cidade, são avaliados os tipos de governo encontrados

nas cidades já existentes, a saber: timarquia, democracia, oligarquia e tirania, sendo que as outras

constituições estariam entre as mencionadas. Todas são examinadas quanto à sua presença em nívelde publico e individual, ainda na intenção de comparar dentro delas o homem mais justo ao mais

injusto, levando ao cabo a pesquisa acerca da natureza e benefício da justiça.

Com relação ao homem na democracia, já haviam constatado que ele era bom e justo (544 e).

Sócrates propõe que seja examinada em seguida a constituição que privilegia as honras

(denominando-a timarquia) e o homem tal como ela, depois a oligarquia e o homem oligárquico,

seguindo com a democracia e o democrático e, finalmente, a tirania e seu correspondente no homem

(545 e). O exame das constituições segue uma seqüência na qual cada uma tem origem nacorrupção da anterior; de maneira análoga se dá o exame da constituição dos homens relativo a cada

uma delas. O recurso expositivo usado por Sócrates remete a uma progenitura na qual os filhos

seguem uma orientação que os leva a decair quanto às virtudes da constituição de seu pai. Esse

movimento, entretanto, não poderá ser reproduzido com a máxima precisão, dado o espaço

limitado.

Com relação ao homem democrático, como afirmam (544 e), é bom e belo, pois já

incorreram nesse exame anteriormente. Em seguida, é examinada a timarquia, e como ela decorre

da aristocracia. Podemos notar, aqui, que Sócrates parte, como era de se esperar, da constituição da

cidade perfeita que levantou, dando a entender que as outras constituições são inferiores à reinante

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nela, uma vez que surgem de sua corrupção. Voltando à timarquia, a rebelião dos descontentes, que

coloca de lado os melhores no governo e na guerra e projeta homens ávidos por riquezas, opera

mudanças na forma de governo. De um lado, os antigos governantes valorizam a virtude e a

constituição anterior; de outro, é difícil achar homens zelosos e íntegros para os cargos de governo

entre os restantes. Pois eles serão ávidos de riqueza e a valorizarão no particular enquanto a regulam

no publico, descuidando, além disso, das Musas e da ginástica. Em síntese, tanto tal governo quanto

o homem correspondente a ele são um misto de bem e mal, o que caracteriza essa forma de

governo.

A oligarquia, por sua vez, é examinada na cidade e no homem que a ela se assemelha. Uma

vez sabido que ela é a forma de governo que tem por critério de participação no governo o censo, ou

seja, um mecanismo que permite apenas os ricos no governo, ventando aos pobres essapossibilidade, passa-se a examinar o homem oligárquico. Tal homem, perante a busca de riqueza,

termina por valorizá-la mais que a virtude, organizando o censo justamente para controlar o

governo e continuar em superioridade em relação aos outros. O que acaba sendo desvantajoso, uma

vez que os mais ricos nem sempre são os mais qualificados para exercer tais cargos. Isso prejudica a

administração da cidade e a divide em duas partes: a rica e a pobre. Outra desvantagem, segundo

Sócrates (552 a), é a multiplicidade de funções admitida na constituição. Tem-se na cidade

oligárquica governantes ricos, mas cidadãos vivendo na mendicância.O homem examinado a seguir, parcimonioso e trabalhador, abstêm-se do supérfluo, o que se

dá também na cidade cujo governo é conforme a ele. No entanto, se essas características estão

presentes em tais constituições, não se deve a educação, mas à necessidade – não sendo genuínas.

Dessa forma, mesmo comedido na vida prática, havendo oportunidade, esse homem comete ações

corruptas, em se tratando de bens alheios. Mesmo tendo postura melhor que os já vistos, a

verdadeira virtude da alma ele não possui (554 e). É importante lembramos que a permissividade da

oligarquia gera descontentamento em grande parte dos cidadãos. Essas tensões culminam na rupturadessa constituição. Com efeito, Sócrates diz sobre isso: “passa a existir democracia, creio eu,

quando os pobres, vitoriosos, matam uns, expulsam outros, e aos restantes fazem participar do

governo e das magistraturas em pé de igualdade e, no mais das vezes, cargos são distribuídos por 

sorteio” (577a). Eis o homem democrático e sua cidade par.

O modo de vida vigente em tal cidade pode parecer belo a princípio, mas o desprezo pela

busca da verdadeira bondade, assim como a excessiva indulgência e o descaso para com os estudos

fazem dela bem menos livre do que seria de se esperar, na medida em que se torna escravo de sua

liberdade.

Por fim, é examinado o tipo de governo que Sócrates define como “a mais bela constituição,

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e o mais belo homem” (562 a): a tirania. Derivada, pos sua vez, da democracia, ela tem por gênese a

busca insaciável da liberdade em tal governo, é isso que a leva a transformar-se em tirania. Aos que

a levam ao extremo cabe a punição por parte dos outros. Isso faz com que alguns – os que punem – 

sejam tidos como oligarcas e ímpios, havendo necessidade de proteção para que não caiam em

ciladas. Antes de contratar estrangeiros, seria bem mais fácil libertar escravos que já estão na

cidade, pois esses serão gratos e o defenderão sempre. Daí nasce a condição de um indivíduo que,

uma vez protegido, pune os que vão contra o povo, defendendo-o. Quando, porém, não houver mais

malfeitores, ele será obrigado a manter sua posição de forma ostensiva e violenta. Eis o tirano de

Sócrates, finalizando a exposição das diferentes formas de governo, que domina o Livro VIII da

obra.

Pode-se notar o fato de que para Sócrates, os homens, na democracia são livres em excesso, oque prejudica a constituição, na medida em que seus cidadãos, justamente por terem essa liberdade,

se revoltam com freqüência. A tirania, ao contrário, não detém para seus cidadãos tal liberdade, mas

é elogiada por Sócrates, pois é a forma de governo que mais se aproxima da que reina em sua

cidade perfeita.

É interessante retomar a observação quanto ao caráter didático da estratégia expositiva de

Sócrates, pois ao ir colocando a sucessão de constituições, vai postando lado a lado com elas o

homem que a ela se assemelha em constituição interna, assim como vinha fazendo com a pesquisada justiça e injustiça na cidade. Alias, foi devido a essa estratégia que se deu anteriormente a

necessidade da construção de uma cidade perfeita que permitisse empreender justamente essa

comparação entre a constituição em nível de cidade e a constituição interna dos homens. O Livro

VIII deixa ao seguinte a análise do homem tirano, movimento que certamente constitui para

Sócrates o meio de chegar à constituição de sua cidade perfeita e expor como se dá o governo dos

reis filósofos.

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2.8. A República – Livro IX

Por Ana Pismel

O que precede os temas tratados no livro IX é a exposição das formas de governo e dos

homens tais quais elas se apresentam, feita numa trajetória de pensamento na qual caminhavam

sempre a natureza de cada tipo de governo ao lago do homem portador de uma natureza confirma a

ela. São avaliados os tipos de governo encontrados nas cidades já existentes, a saber: timarquia,

democracia, oligarquia e tirania, sendo que as outras constituições estariam entre as mencionadas.

Todas são examinadas quanto à sua presença em nível de publico e individual, ainda na intenção de

comparar dentro delas o homem mais justo ao mais injusto, levando ao cabo a pesquisa acerca danatureza e benefício da justiça. Tendo tratado de todas as formas de governo enumeradas por 

Sócrates, a ordem da obra deixa para o Livro IX o exame do homem par da tirania, que foi, no livro

anterior, a ultima forma de governo explorada nos diálogos.

Entrando no livro IX, antes do exame do homem tirânico, Sócrates lembra-se da falta de uma

pesquisa sobre os desejos. Com efeito, é importante observar inicialmente que desejos assim estão

presentes em todos os homens, sendo que a diferença se faz pela moderação – natural ou habitual – 

que cada homem é capaz de impor a eles. É nesse aspecto que Sócrates e seus interlocutoresretornam à natureza do homem democrático a partir do oligarca, para então desembocar no homem

tirânico. Tal homem, conforme Sócrates, “se torna tirano no sentido estrito quando, por natureza e

por hábito, ou por ambos os motivos, torna-se um bêbado, um enamorado, um rancoroso” (573 c

d). Em outras palavras, o homem tirânico se deixa levar por todos os desejos que nele habitam,

fazendo de tudo para satisfazê-los, colocando-os acima de todo o resto. Desse prisma, pode-se

afirmar que, segundo o que ficou acordado sobre o que é a justiça, ele pode ser considerado injusto

e desleal (576 a).Questionando seguidamente a felicidade de tal homem, Sócrates propõe – como se fez até

então – examinar a tirania em seu cerne, primeiro na cidade, depois dentro do homem. Aqui é

interessante notar a menção ao governo de um rei, em contraposição à situação da tirania, em

referencia ao governo de sua cidade perfeita. Podemos ver também que Sócrates, ao ter elogiado a

tirania, o fez não por mérito dela como forma de governo que proporciona justiça e felicidade, mas

apenas pela semelhança de sua estrutura de governo em relação ao de sua cidade perfeita.

Prosseguindo, o exame da cidade tirânica a revela escrava de seus prazeres e desejos, tendo

poucos homens livres, e maioria escravos. É uma cidade que não pode fazer o que quer. Dessa

forma, uma tirania é a mais infeliz das formas de governo apresentadas e examinadas. O homem

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tirânico particular, entretanto, só não é mais infeliz que o próprio tirano, que governa cegamente,

pois - não tendo controle de seus desejos - é obrigado a controlar os cidadãos. Tal governante não

possui liberdade já que, além de não poder deixar a cidade para não perder o poder, teme seus

cidadãos. O governante tirano tem, assim, que adular seus cidadãos e, sem poder realizar nenhum

de seus desejos, leva uma vida temerosa e infeliz.

Terminando o percurso desse exame, resta ainda saber qual é o homem mais feliz entre os

elencados para discussão. A essa questão, Sócrates responde ordenando decrescentemente: o

homem da realiza, o da timocracia, e o da oligarquia, da democracia e, por último, o tirano. Pois

quanto mais virtude, mais perto da felicidade está um governo e seus cidadãos. No universo dessa

discussão, dado que a felicidade deriva da virtude, segue-se que o homem que agrega mais virtude é

o que tem a razão como guia de sua constituição interna. Em resumo, o prazer mais doce e a vidamais prazerosa não é a do ambicioso ou do amigo do lucro, outros dois tipos de constituição interna

descritas por Sócrates, guiadas pela impetuosidade e pelos desejos respectivamente, e sim a daquele

que busca o conhecimento do verdadeiro.

Remetendo à Teoria das Idéias do livro VII, o raciocínio de Sócrates segue com a constatação

de que somente colocando à frente de si a parte racional e buscando conhecer o mais alto é possível

atingir o conhecimento verdadeiro do ser, conhecimento esse que supera os simulacros e opiniões

baseadas no aparente. Com efeito, as outras duas constituições internas não são capazes de atingir esse patamar, ficando aquém dessa plenitude. E quando não se busca o conhecimento verdadeiro,

vivendo à mercê de simulacros, desejos e opiniões, os homens acabam por competir e destruir-se

mutuamente.

Em síntese, quanta mais longe da razão, mais longe se está da lei e da ordem e,

portanto, mais perto da tirania, tanto no público quanto no particular. Assim, o tirano é o que mais

dista dos prazeres verdadeiros, frutos do conhecimento do ser. É por isso que a vida do rei fazendo

referência ao rei filósofo, governante divino de sua cidade, é infinitamente mais agradável.Nesse ponto, segundo Sócrates, já se pode concluir que, ao contrário da afirmação da

tese de Trasímaco, a justiça é muito mais útil e prazerosa que a injustiça. Usando a figura devem ser 

formados por partes de muitos animais, porém revestido da aparência do homem, Sócrates ilustra

justiça e a injustiça em seu interior. Com relação ao injusto, é como se nutrisse apenas as feras, e

enfraquecesse a parte humana, ou seja, a razão, sendo dominado por ímpetos e desejos. Já o

homem justo age de modo diferente, pois cuida da parte humana, que tem mais poder sobre o todo

de sua alma, e domina seus ímpetos.

Tem-se demonstrado o fato de a justiça se antepor à injustiça, tanto na questão de sua

utilidade quanto do prazer que proporciona.

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Voltando à esfera pública e à cidade perfeita, a discussão retorna à questão da natureza do

governante ao colocar a seguinte questão: não seria infinitamente melhor ser governado por um

governante divino, o melhor entre os melhores, que por um tirano? (590 d). Um governante não

deve governar para prejuízo dos cidadãos (conforme afirmara Trasímaco), pelo contrário, deve ter 

em mente o bem da cidade como um todo. Sendo assim, para qualquer um é melhor ser governado

por alguém, divino e sábio. Na medida em que tal governante obedece à constituição da cidade,

forjada conforme seu próprio bem.

Finalmente, um homem justo tal qual sua cidade segue a razão e busca sempre a virtude,

levando uma vida temperante e sábia. Se cuida da saúde e do corpo, não é somente por cultivá-lo,

mas para ter entre corpo e alma a mesma harmonia que mantém as partes de sua alma entre si.

Ainda, a mesma atitude com relação às riquezas e honras, agindo para com elas segundo suaconstituição interna, que é conforme a de sua cidade.

Tendo a discussão chegado ao termo naquilo em que se propôs, a saber, distinguir com

clareza a justiça e a injustiça no interior do homem que detém uma ou outra, assim como o que

disso decorre, o que se vê no último livro da obra – o livro X – é uma retomada da questão

concernente ao lugar da poesia na cidade perfeita. Questão essa que vêm, à luz das discussões

anteriores, de uma outra forma no que diz respeito à sua formulação, porém aprofundada, mantendo

o que, já concluído, precedeu a construção da cidade perfeita.

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2.9. A República – Livro X

Por Ana Pismel

No livro IX, viu-se o término do percurso empreendido por Sócrates, Gláucon, Adimanto,

Polemarco e os demais interlocutores a fim de saber o que é a justiça, tal como ver sua presença no

interior da alma do homem. Conforme tudo o que entre eles ficou acordado, foi demonstrado que a

justiça não só é mais útil ao homem que a possui, como proporciona uma vida equilibrada e

prazerosa. Sócrates exprime ainda a satisfação que sente em ver com todas as conclusões ao afirmar 

– logo no inicio do livro X: “sobre muitas questões relativas à nossa cidade (...) tenho em mim que

nós a fundamos da melhor maneira possível. Isso, porém, afirmo sobre tudo quando penso na

poesia” (595 a). Sem dúvida a discussão resultou em uma concepção acerca do teor da justiça

baseada nos liames de uma constituição interna da alma explorada de maneira muito engenhosa por 

Sócrates. No entanto, se voltarmos ao que ficou estabelecido dês de o livro II, reencontraremos a

complexa questão da expulsão dos poetas da cidade perfeita.

Ainda que hesitante diante do grande respeito por Homero e pelos poetas trágicos, ele

menciona novamente a questão da imitação, sobre a qual fará um novo exame, dessa vez à luz das

conclusões da discussão acerca da justiça e tendo a cidade perfeita e sua constituição dado a ver claramente a alma do homem. Lembremos, com efeito, que no livro II essa questão já havia

aparecido: logo no inicio da fundação da cidade perfeita, Sócrates expurga dela a figura do poeta

trágico devido à propagação de mitos que não estariam de acordo com a constituição da cidade.

Aqui não será diferente, e é aprofundando essa posição que tudo será reexaminado.

A nova roupagem dos fundamentos dessa argumentação aparece, logo de início, quando

Sócrates recorre à teoria das idéias para embasar seu conceito de imitação, um dos grandes núcleos

do livro X, sendo o segundo a exposição do principio de imortalidade da alma – igualmentefundamental para arremate da conclusão sobre a superioridade da justiça sobre a injustiça. Mas essa

questão será abordada mais adiante.

Voltando a esse segundo argumento, é preciso observar que nesse horizonte artistas

imitadores como o pintor e o poeta buscam criar imagens baseadas no aparente, ou seja, na

natureza. Essa última, por sua vez, é feita à imagem das idéias mas não contém sua perfeição.

Recorrendo a um exemplo do próprio Sócrates: temos a idéia de cama, vemos várias camas de

formas, cores e tamanhos diferentes, feitas por artesãos, baseados na mesma e única idéia de cama.

Então, um pintor, ao pintar uma cama, imita a imitação da idéia verdadeira desse objeto. Dessa

maneira, a pintura da cama estaria a três graus da verdade, não tendo sequer com ela vínculo direto.

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Junto ao pintor, podemos encaixar o poeta na qualidade de imitador. Pois assim como o

primeiro imita, não aquilo que é verdadeiramente, mas o que aparenta ser, também o poeta faz o

mesmo ao imitar todas as coisas sem ao menos conhecê-las. O imitador só é capaz de imitar todas

as coisas por que só alcança um pouco de cada uma, “mesmo isso não passando de uma imagem

inane” (598 e conferir.). com efeito, o imitador gera ilusão e aparenta conhecer, mesmo não

conhecendo o objeto que imita em profundidade.

A imitação não caminha com a sabedoria nem cultiva a razão. Por isso ela não participa da

verdade e, se não incentiva a parte da alma relativa à Filosofia, não pode ser útil à constituição da

cidade perfeita. E, mesmo, afasta esse conhecimento, não tendo, assim, lugar nessa cidade. Ora,

sendo o poeta trágico um “arauto do mito”, está em, oposição ao filosofo, cuja busca é o saber 

verdadeiro.A poesia imita o homem em todas as suas contradições internas, conflitos, felicidades e

infelicidades. E é ao representá-los que os coloca como verdades aparentes. Com isso, ela dificulta a

educação do homem, na medida em que dando à ilusão aparência de verdade, afasta-os do

conhecimento pleno do ser. O poeta é, nas cidades comuns, um formador de opinião, já que cria os

mitos a serem tomados por todos. Por isso é que, como os pintores, e ainda mais que eles, não tem

lugar numa cidade cuja constituição é regida pela Filosofia. E não pode haver contradições, que a

poesia revelaria nos cidadãos.Em seguida, vemos o principio de imortalidade da alma, outro ponto importante no Livro X,

mobilizado por Sócrates para argumentar quanto á preocupação com a virtude, já que ela é a fonte

da justiça. Em resumo:é feita uma comparação entre vícios da alma e doenças no corpo. Assim

como pode haver doenças prejudicando o corpo pode haver também vícios prejudicando a alma.

Baseado na premissa de que algo só pode ser destruído por outra coisa, a não ser que seja de sua

própria natureza, Sócrates procura demonstrar que a alma é imortal pelo fato de que apesar de o

corpo poder ser destruído por doenças, a alma não sucumbe diante dos vícios. Isso se dá por queesses vícios não prejudicam propriamente a alma que os carrega, mas recaem sobre os outros.

Sócrates ainda retoma a tese proposta do elogio à injustiça para demonstrar que, mediante sua

análise, ela se mostra equivocada. Ele afirma, com efeito, que aos justos é que cabem todas as

honras, ficando aos injustos as injurias. É o que permite ver isso é o ponto a que se chegou, que

permite a ele4s observarem a alma em si mesma e nela a justiça e a injustiça e suas verdadeiras

conseqüências.

O Mito de Er corroborar sua posição e arrematar todo o percurso de Sócrates na obra. Seu

significado reside em chamar atenção para a busca da justiça, que levaria à felicidade tanto em vida

quanto depois dela. Ao recorrer à idéia de vida depois da morte, Sócrates acrescenta mais um

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