A Responsabilidade Dos Pais Na Formação Espiritual Dos Filhos - Um Entendimento...

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Trabalho Final de Mestrado Profissional Para obtenção do grau de Mestre em Teologia Escola Superior de TeologiaPrograma de Pós-Graduação.Linha de Pesquisa: Educação Comunitária com Infância e JuventudeAutor: JOEL MONTANHA

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ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM TEOLOGIA JOEL MONTANHA A RESPONSABILIDADE DOS PAIS NA FORMAO ESPIRITUAL DOS FILHOS: UM ENTENDIMENTO BBLICO-TEOLGICO So Leopoldo 2010 JOEL MONTANHA A RESPONSABILIDADE DOS PAIS NA FORMAO ESPIRITUAL DOS FILHOS: UM ENTENDIMENTO BBLICO-TEOLGICO

Trabalho Final de Mestrado ProfissionalPara obteno do grau de Mestre em TeologiaEscola Superior de TeologiaPrograma de Ps-Graduao. LinhadePesquisa:Educao ComunitriacomInfnciae Juventude Orientadora: Laude Erandi Brandenburg Segundo Avaliador: Rem Klein

So Leopoldo 2010 Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) Ficha elaborada pela Biblioteca da EST M764rMontanha, Joel A responsabilidade dos pais na formao espiritual dos filhos : um entendimento bblico-teolgico / Joel Montanha ; orientador Laude Erandi Brandenburg ; segundo avaliador Rem Klein . So Leopoldo : EST/PPG, 2010. 73 f. Dissertao (mestrado) Escola Superior de Teologia. Programa de Ps-Graduao. Mestrado em Teologia. So Leopoldo, 2010. 1. Crianas Vida religiosa. 2. Educao crist de crianas. 3.Crianas Desenvolvimento. 4. Pais e filhos. I. Brandenburg, Laude Erandi. II. Klein, Rem. III. Ttulo. JOEL MONTANHA A RESPONSABILIDADE DOS PAIS NA FORMAO ESPIRITUAL DOS FILHOS: UM ENTENDIMENTO BBLICO-TEOLGICO

Trabalho Final de Mestrado ProfissionalPara obteno do grau de Mestre em TeologiaEscola Superior de TeologiaPrograma de Ps-Graduao. LinhadePesquisa:Educao ComunitriacomInfnciae Juventude LaudeErandiBrandenburg-DoutoraemTeologia-EscolaSuperiorde Teologia Rem Klein - Doutor em Teologia - Escola Superior de Teologia AGRADECIMENTOS Sou grato a Deus, por Sua presena, direo e o total apoio espiritual, intelectual e financeiro; minha esposa Claudete, que sempre esteve comigo; Aosmeusfilhos,nora,genroenetosquemuitomeajudaramemtodosos momentos; minhaorientadora,Prof.Dra.LaudeErandiBrandenburg,quesoubemotivare tranquilizar durante a elaborao do trabalho; Aos mestres que conheci na EST; Aospastoresqueapoiaramminhaformao:Pr.AldoJosGalina,Pr.Waldemar Pereira Paixo, Pr. Jos Bento Pereira, Pr. Paulo Ricardo Pereira e meu amigo Ev. Cludio Oliveira; minha denominao, que estimo. RESUMO Este trabalho discorrer sobre a necessidade da participao consciente e ativa dos paisnodesenvolvimentoespiritualdosfilhos,considerandoqueafamlia reconhecidacomoocentroformadordessaespiritualidade.Apesquisa desenvolvidaapartirdeprincpiosbblicoseteolgicos.Soanalisadasas necessidades,ascaractersticaseasformasdecomunicaocomascrianas dentrodesuasfaixasetriasparaaformaoespiritualadequada.Tratando-sede um tema recorrente nas discusses sobre a educao nos lares, a pesquisa busca a compreensodopapeldospaisnaeducaoespiritualdosfilhoseopossvel contrastenocuidadopraticadonoslarescristoshodiernos.Aprimeirapartedo trabalhoabordaaorigemdosprincpiosracionaisdoserhumano,isto,maneiras pelas quais se adquire o conhecimento. Na sequncia, trata-se dos conceitos sobre Deus,anaturezadomal,oplanosalvfico,osmeiosdagraa,autoestimae liberdadedeescolha,elementoscausadoresdeaes,quepoderoinfluenciarno infantesuaprpriaespiritualidadejudaico-crist.Porfim,oensinoeasocializao por faixa etria at os dez anos, como responsabilidade dos pais. Palavras-chave: Desenvolvimento espiritual. Educao e espiritualidade. ABSTRACT This paper discusses the necessity of a conscious and active participation of parents inthespiritualdevelopmentofchildren,consideringthatthe familyisrecognizedas the main former of spirituality of children. The research is developed from biblical and theologicalprinciples.Necessities,characteristicsandformsofcommunicationwith childrenwithintheirdifferentagegroupareanalyzedforanadequatespiritual nurture. Since this is a recurrent theme in the discussion about nurture at homes, the research seeks to comprehend the role of parents in the nurture of children and the possible contrast found in the care which is provided at todays Christian homes. The first part of the paper deals with the origins of the rational principles of human being, thatis,thewaysinwhichtheknowledgeisacquired.Afterwards,weapproachthe conceptsaboutGod,thenatureofevil,thesalvificplan,themeansofgrace,self esteem and freedom of choice, elements that cause actions, which may influence the infanttochoosetheirownJudeo-Christianspirituality.Finally,theteachingandthe socializationwithinthegroupsofchildrenaged0-10areundertheparents responsibility. Keywords: Spiritual development. Nurture and spirituality. SUMRIO INTRODUO............................................................................................................ 9 1 ORIGEM DA TEORIA DO CONHECIMENTO....................................................... 11 1.1 Inatismo........................................................................................................... 11 1.2 Empirismo ....................................................................................................... 12 1.2.1 Filosofias relacionadas ao conhecimento ................................................. 13 1.2.1.1 Iluminismo........................................................................................... 14 1.2.1.2 Racionalismo ...................................................................................... 15 1.2.1.3 Positivismo.......................................................................................... 15 1.2.1.4 Idealismo ............................................................................................ 16 1.2.1.5 Construtivismo.................................................................................... 16 1.3 Teorias epistemolgicas na formao espiritual da famlia ............................. 18 2TEORIAS DO CONHECIMENTO E FATORES DE ESPIRITUALIDADE ............. 20 2.1 Ter um conceito verdadeiro de Deus............................................................... 23 2.2 Compreender a natureza do mal ..................................................................... 24 2.3 Conhecer e receber o plano de salvao de Deus.......................................... 25 2.4 Aprender a fazer uso dos meios da graa....................................................... 26 2.5 Conhecer o seu prprio valor aos olhos de Deus............................................ 27 2.6 Reconhecer a importncia de sua liberdade de escolha................................. 29 3 A BASE BBLICA PARA A CAPACITAO (EMPODERAMENTO)...................... 32 3.1 Ensino com amor............................................................................................. 33 3.2 A famlia como centro formador da espiritualidade.......................................... 35 4 O ENSINO, A FAMLIA E A SOCIALIZAO........................................................ 40 4.1 A espiritualidade judaico-crist na criana ...................................................... 42 4.1.1 Plantar e colher ......................................................................................... 42 4.2 Evangelizando a criana ................................................................................. 43 4.3 Ensinando a criana........................................................................................ 46 4.4 Valores Insubstituveis na Formao dos Filhos ............................................. 46 4.4.1 O amor ...................................................................................................... 47 4.4.2 Figura materna e paterna.......................................................................... 47 4.4.3 Disciplina................................................................................................... 49 4.5 Comunho entre os pais e dos pais com os filhos .......................................... 51 4.6 Instruo religiosa criana e as faixas etrias.............................................. 52 8 4.6.1 Fase exploratria (0 a 1 ano) .................................................................... 53 4.6.2 Fase da imitao (1 aos 2 anos) ............................................................... 54 4.6.3 Fase da identificao (2 aos 3 anos) ........................................................ 54 4.6.4 Fase da autoconscientizao (3 aos 4 anos)............................................ 55 4.6.5 Fase dos 4 aos 5 anos.............................................................................. 55 4.6.6 Fase dos 5 aos 6 anos.............................................................................. 56 4.6.7 Fase dos 6 aos 7 anos.............................................................................. 57 4.6.8 Fase dos 7 aos 8 anos.............................................................................. 58 4.6.9 Fase dos 8 aos 9 anos.............................................................................. 59 4.6.10 Fase dos 9 aos 10 anos.......................................................................... 60 CONCLUSO........................................................................................................... 63 REFERNCIAS ........................................................................................................ 67 INTRODUO EmborasesaibaqueoscristosusamaBblianaformataodeseus princpios,equehresultadosticosemsuasvidas,como,luzdaPalavrade Deus, podemos entender toda a responsabilidade crist no cuidado e formao dos filhosporseuspais?AsSagradasEscriturasnosfornecemvriostextos relacionados educao dos filhos. Como entend-los hodiernamente numa cultura ps-moderna, individualista? Muitosetemcogitadosobreaorigemdosprincpiosracionaisdoser humano.Emborademaneirasucinta,abordaremososdoisprincipaisconceitos filosficos, o inatismo e o empirismo, com seus desdobramentos, na formao do conhecimento no ser humano, com o objetivo de relacion-los educao espiritual nos lares cristos. Oinatismoopensamentoqueenfatizaosfatoresmaturacionaise hereditriosdoserhumano,quenascecompotencialidades,donseaptidesque serodesenvolvidosdeacordocomoamadurecimentobiolgicoenopor aquisiodeconhecimentosespecficosougerais.Defendeosdonsnaturaisdos indivduos e que o conhecimento apenas pode aperfeio-los. Oempirismo,porsuavez,propeepistemologicamentequetodoo conhecimento o resultado de nossas experincias. Defende que as nossas teorias devem ser baseadas nas nossas observaes do mundo, em vez da intuio ou f, aproximando-se ao materialismo - filosfico - e ao positivismo. AsSagradasEscriturasnosensinamque,emboraacrianatenhaosopro deDeusemsuavida(Gn2.7)eumatendncianaturalemreconhecerumser superior, ela precisa aprender, com seus pais, toda a Lei do Senhor, e a cultivar, j na tenra idade, a sua natural inclinao ao clico. Essa responsabilidade dos pais intransfervel.Educar,capacitandoacrianaaenfrentarasresponsabilidadesda vida,emobedinciaaLeidoSenhor,demandamuitadedicaoetrabalho,no somenteumaformadidtica,ondeospaissesentamcomseusfilhoselhes passamconhecimentos.Otempoemqueosfilhosestodebaixodaguardaedos cuidadosdospaiscurto,porissoestetempodeveseraproveitadoomelhor possvel para a formao espiritual, intelectual e moral deles. 10 Definindo espiritualidade judaico-crist como conhecimento de Deus atravs dasSagradasEscrituras,envolvendooscristosemtodasasdimensesdesua vida, na maistenraidade, acriana precisaser acostumada aserelacionar com Ele,comoobjetivodeformarsuaprpriaespiritualidade.ConformeMartin Dreher,aespiritualidadecristbrotadaconversacomDeus,dodilogocom outras pessoas que esto nesta busca, da observao de espiritualidade alheia.1 1 P Portanto, fundamental a ateno dos pais na transmisso do conhecimento das SagradasEscrituras,nosomentenoquedizemedocomoexemplo,masno que a criana entendeu desse ensino e desse exemplo. A criana necessita do conceito verdadeiro de Deus. Compreendendo que opecadofezefazcomqueoserhumanofujaprecipitadamentedapresena dEle,masqueoDeusPai,oDeusFilhoeoDeusEspritoSantopromove,pela graa, a transformao do ser humano imagem moral e espiritual de Cristo. Afamliaimportantenoprocessodoensinoedasocializaoda criana.Issodepreendededicaodospaisnaobservaodosvalores insubstituveiscomoamor,apresenamaternaepaterna,adisciplinana formaodosfilhos,etc.Cadacrianatemsuaprpriacapacidadede aprendizado relacionada faixa etria. fundamentalmente importante entender que pais e filhos aprendem uns com os outros, queiram ou no. 1 DREHER, Martin N. Conversando sobre espiritualidade. So Leopoldo: Sinodal, 1992. p. 7. 1 ORIGEM DA TEORIA DO CONHECIMENTO Asteoriasdoconhecimentoeseusdesdobramentossodegrande importncia para a compreenso do papel dos pais na educao dos filhos. A partir doinatismo,ospaispodemsedespreocuparnaeducaodosfilhos,entendendo que naturalmente eles aprendero. Com o empirismo e algumas de suas derivaes, pode-seentenderqueacriananoteminclinaoaoclico,levando-osa postergarem o ensino teolgico ao infante na mais tenra idade para a sua fase mais adulta,quando,pensam,terascondiesideaisparaoaprendizadojudaico-cristo. 1.1 Inatismo Oinatismoadmiteaexistnciadeideiasinatasnoserhumano,isto,no adquirido, possudo desde o nascimento.2 Conforme Marilena Chau, o inatismo afirma quenascemostrazendoemnossainteligncianososprincpiosracionais,mas tambm algumas idias verdadeiras, que por isso, so idias inatas.3 Osestudiosos,seguindoalinhadopensamentodePlato(428-348a.C.), perscrutamsobreaspotencialidades,donseaptidesdoserhumanocomosendo inatas,isto,elenascecomessaspotencialidades,donseaptidesquese desenvolvemcomoamadurecimentobiolgico.MarilenaChau,citandoPlato, escreve:conhecer,dizPlato,recordaraverdadequejexisteemns; despertar a razo para que ela se exera por si mesma.4 Nateoriadarazoinata,oserhumanodotadodedonsdivinamente justificveis.Suapersonalidade,pensamentos,crenas,valores,hbitos, emoesecondutasocialnomudam.Comosoinatos,asidiaseos princpiosdarazosoverdadesintemporais;5norecebeminterferncias significativas do social. Toda a possibilidade de crescimento no aprendizado ser exclusivamentedosujeito.Adoutrinadoinatismoimobilizaeresignaoser 2 RUSS, Jacqueline. Dicionrio de filosofia. So Paulo: Scipione, 1994. p. 144. 3 CHAU, Marilena. Convite filosofia. 12. ed. So Paulo: tica, 2001. p. 69. 4 PLATO apud CHAU, 2001, p. 70. 5 CHAU, 2001, p. 75. 12 humanoaoconsiderarqueomeionointerferenodesenvolvimentodacriana, no tendo os pais a possibilidade de influenci-los. Se,noinatismo,osprincpioseasideiasdarazosoinatase,porisso, universaisenecessrios,equenenhumaexperincianovapodermodific-los, comojustificar,ento,queaprpriarazopodemudarocontedodeideiasque eramconsideradasuniversais,eaprpriarazopodeprovarqueideiasracionais podem ser falsas?6

1.2 Empirismo Conforme o Dicionrio Aurlio, empirismo : A doutrina ou atitude que admite, quanto origem do conhecimento, que este provenha unicamente da experincia, seja negando a existncia de princpios puramenteracionais,sejanegandoquetaisprincpios,existentesembora, possam,independentementedaexperincia,levaraoconhecimentoda verdade.7 DagobertRunesdefineempirismocomoumadoutrinasobreasorigensdo conhecimento:absolutamentenenhumconhecimentocomrefernciaexistencial possvel independentemente da experincia.8 Seguindo a linha de raciocnio de Aristteles (384-322 a.C.), alguns filsofos defendemopensamentodequeoserhumanoobterconhecimentoe aprimoramento intelectual atravs de experincias com o mundo externo. Destacam-seentreelesFrancisBacon(1561-1626)eJohnLocke(1632-1704),filsofos ingleses. John Locke, em seu Ensaio sobre o entendimento humano, estabelece as bases do conhecimento emprico.9 Ele rejeitou a ideia inatista de que a mente tinha gravadas, desde o nascimento, certas noes primrias, evidentes por si mesmas.10 Lockefoiocriadordaimagemdatabularasa,imagemtomadadeemprstimoa Aristteles.11 Produziu a analogia da mente humana no estado de indeterminao completa, de vazio total, que a caracteriza antes de qualquer experincia,12 com a 6 CHAU, 2001, p. 73-74. 7 FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. O Novo Dicionrio Aurlio da Lngua Portuguesa: edio eletrnica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. 8 RUNES, Dagobert D. Dicionrio de filosofia. Lisboa: Presena, 1990. p. 112. 9 CHAU, 2001, p. 72. 10 BROWN, Colin. Filosofia & f crist. So Paulo: Vida, 2001. p. 44. 11 RUSS, 1994, p. 285. 12 FERREIRA, 2004. 13 tabularasa,expressolatinaquequerdizertbuaembranco,13umquadro,uma lousaemquenadaestescrito.ParaLocke,oserhumanonascesemsaber absolutamentenada,semconhecimentoalgum;nascemostodosignorantese recebemos tudo da experincia. Todo o processo do conhecer, do saber e do agir aprendidopelaexperincia,pelatentativaeerro,emconformidadecomo temperamentodecadaum,enriquecendo,assim,aprpriapersonalidade.14Na doutrinaempirista,defundamentalimportnciaaeducao,ainstruona formao do ser humano. O empirismo moderno, alm de John Locke e Francis Bacon, tem como seus principaisrepresentantesThomasHobbes(1588-1679),GeorgeBerkeley(1685-1753) e David Hume (1711-1776).15 Considerando que no empirismo, os princpios, procedimentoseasideiasdarazosoadquiridospeloserhumanoatravsda experincia,DavidHumeescreve,emInvestigaosobreoentendimentohumano, que o milagre impossvel porque contraria a experincia e as leis da natureza.16 ConformeMarilenaChau,oempirismosedefrontacomumproblema insolvel: Seascinciassoapenashbitospsicolgicosdeassociarpercepese idias por semelhana e diferena, bem como por contigidade espacial ou sucessotemporal,entoascinciasnopossuemverdadealguma,no explicamrealidadealguma,noalcanamosobjetosenopossuem nenhuma objetividade. Ora, o ideal racional da objetividade afirma que uma verdadeumaverdadeporquecorresponderealidadedascoisase, portanto,nodependedenossosgostos,nossasopinies,nossas preferncias,nossospreconceitos,nossasfantasias,nossoscostumese hbitos.Emoutraspalavras,nosubjetiva,nodependedenossavida pessoal e psicolgica. Essa objetividade, porm, para o empirista, a cincia no pode oferecer nem garantir.17 1.2.1 Filosofias relacionadas ao conhecimento ApartirdosculoXVIiniciaram-seprofundastransformaesnavisodo ser humano ocidental, marcadas por verdadeira exploso de descobertas que trouxe consigo a rejeio das ideias at ento vigentes. Inicia a filosofia renascentista e pe 13 CHAMPLIN,R.N.;BENTES,J.M.EnciclopdiadeBblia,teologiaefilosofia.v.6.SoPaulo: Candeia, 1995. p. 393. 14 CHAU, 2001, p. 72. 15 RUNES, 1990, p. 56,185,189. 16 FRIESER,James.DavidHume(1711-1776):escritossobrereligio.Disponvelem:. Acesso em: 13 mai. 2009. 17 CHAU, 2001, p. 70. 14 emdvidaDeus,omundoeoserhumano.Essaformadeinvestigaofilosfica caracterizarossculosXVIIeXVIII,canalizandoparaasprincipaisvertentesdo pensamentomodernoaperspectivaempiristaeainauguraodoracionalismo moderno.Afilosofiaracionalistaafirmaquetudooqueexistetemumacausa inteligvel,mesmoquenopossaserdemonstradadefato.Privilegiaarazoem detrimentodaexperinciadomundosensvelcomoviadeacessoao conhecimento.18 O racionalismo dos sculos XVII e XVIII influencia, at nossos dias, areligioeatica.Nacondutamoral,atribuirazoeaosprincpiosinatosde bondade, a capacidade humana de bem se conduzir.19 1.2.1.1 Iluminismo Este movimento surgiu na Inglaterra a partir do empirismo de Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-1704) e Thomas Hobbes (1588-1679); acrescentam-seaomovimentoaparticipaodeVoltaire(1694-1778),Jean-JacquesRousseau (1712-1778), Montesquieu (1689-1755), Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond dAlembert(1717-1783).Comopropsitodeiluminarastrevasemquese encontrava a sociedade, defendia o domnio da razo sobre a viso teocntrica que dominava a Europa desde a Idade Mdia. O pensamento racional deveria substituir as crenas religiosas e o misticismo que, segundo eles, bloqueavam a evoluo do serhumano,quenaturalmentebom,somentecorrompidoporumasociedade injusta e com direitos desiguais. Iniciou-se o antropocentrismo e a certeza de que a felicidade comum seria alcanada.20 Conforme Runes,Objetivamente,oiluminismoumperodoculturalcaracterizadopelos ardentesesforosdaspersonalidadesmaisnotveisparafazerdarazoo soberanoabsolutodavidahumanaeparairradiaraluzdoconhecimento sobre a mente e a conscincia de qualquer pessoa.21 18 PORTUGAL, Cadja Arajo. Discusses sobre empirismo e racionalismo no problema da origem do conhecimento. Dilogos & Cincia: Revista Eletrnica da Faculdade de Tecnologia e Cincias de Feira de Santana, Feira de Santana, ano 1, n. 1, dez. 2002. Disponvel em: . Acesso em: 22 ago. 2008. 19 LOPES,AugustusNicodemus.Oimpactodoracionalismonaigrejacrist.PortaldaIgreja PresbiterianadoBrasil.Disponvelem:. Acesso em: 26 ago. 2008. 20 RUNES, 1990, p. 198.21 RUNES, 1990, p. 198. 15 AbaseconceitualdosprincipaisfilsofosdoIluminismofoi:JohnLocke (1632-1704)acreditavaqueoserhumanoadquiriaconhecimentocomopassardo tempoatravsdoempirismo;Voltaire(1694-1778)defendiaaliberdadede pensamento e no poupava crtica intolerncia religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)defendiaaideiadeumestadodemocrticoquegarantisseigualdade paratodos;Montesquieu(1689-1755)defendeuadivisodopoderpolticoem Legislativo,ExecutivoeJudicirio;DenisDiderot(1713-1784)eJeanLeRond dAlembert (1717-1783) organizaram uma enciclopdia que reunia conhecimentos e pensamentos filosficos da poca.22 1.2.1.2 Racionalismo Oracionalismoprivilegiaarazoemdetrimentodaexperinciadomundo sensvelcomoviadeacessoaoconhecimento,considerandoadeduocomoo mtodosuperiordeinvestigaofilosfica.umateoriadafilosofia,emqueo critriodeverdadenosensrio,masintelectualededutivo,23emqueoser humanopodeafirmarquetudoqueexistetemumacausainteligvel,mesmoque nopossaserdemonstradadefato,comoaorigemdoUniverso.Conforme Champlin e Bentes, o racionalismo a crena de que possvel o homem obter a verdadecontandounicamentecomarazo,oupelomenos,principalmentepela razo, ainda que pela ajuda de outros mtodos.24 RenDescartes(1596-1650),Spinoza(1632-1677)eLeibniz(1646-1716) introduziram o racionalismo na filosofia moderna. 1.2.1.3 Positivismo AdoutrinapositivistacriadaporAugusteComte(1798-1857)confina-seao estudoderelaesexistentesentrefatosquesodiretamenteacessveispela observao. No busca explicao para fenmenos, como a criao do ser humano, por exemplo, mas se atm s coisas prticas e presentes na vida do ser humano. O positivismo, cuja raiz o ceticismo, empreendia hostilidade religio e metafsica, desejavapurificarafilosofia,extraindodamesmatodososelementos 22 RUNES, 1990, p. 198. 23 RUNES, 1990, p. 321. 24 CHAMPLIN,R.N.;BENTES,J.M..EnciclopdiadeBblia,teologiaefilosofia.v.5.SoPaulo: Candeia, 1995. p. 544. 16 metafsicos.25ConformeDagobertD.Runes,adoutrinadopositivismo[]que AugusteComte(1798-1857)acreditavatersidodescobertaporeleem1822,fora antecipada por Turgot em 1759.26 1.2.1.4 Idealismo Diferentementedopositivismo,queselimitaexperinciaimediata,pura, sensvel, como j fizera o empirismo, o idealismo procura uma interpretao e uma unificao da experincia mediante a razo. Sua tendncia filosfica reduzirtoda a existncia ao pensamento. Algumas formas de filosofias idealistas conforme seus filsofos: idealismo subjetivo/objetivo: Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling (1775-1854);idealismoabsoluto:GeorgWilhelmFriedrichHegel(1770-1831);idealismo transcendentaloucrtico:ImmanuelKant(1724-1804);idealismoepistimolgico: GeorgeBerkeley(1685-1753);idealismopessoal:GeorgeHolmesHowison(1834-1916);idealismovoluntarista:AlfredJulesEmileFouill(1838-1912);idealismo testa: James Ward (1843-1925).27 1.2.1.5 Construtivismo CombasenosestudosdopsiclogosuoJeanPiaget(1896-1980), formulou-seoentendimentodequeacrianaraciocinasegundoestruturaslgicas prpriasqueevoluemconformefaixasetriasdefinidas.Sodiferentesdalgica maduradoadulto.Inicia-se,ento,oconstrutivismo,anovalinhapedaggicaque vemganhandoterrenonoentendimentoeducacional.Oconstrutivismoprocura desenvolverprticaspedaggicassobmedidaparacadadegraude amadurecimento intelectual da criana.28 Conforme Moacir Gadotti, Construtivismo uma das correntes tericas empenhadas em explicar como aintelignciahumanasedesenvolvepartindodoprincpiodequeo desenvolvimento da inteligncia determinado pelas aes mtuas entre o indivduoeomeio.Aidiaqueohomemnonasceinteligente,mas tambmnopassivosobainflunciadomeio,isto,elerespondeaos estmulosexternosagindosobreelesparaconstruireorganizaroseu prprio conhecimento, de forma cada vez mais elaborada. Esta escola v o 25 CHAMPLIN; BENTES, 1995, p. 336. 26 RUNES, 1990, p. 301. 27 CHAMPLIN; BENTES, 1995. p. 200-01. 28 WADSWORTH, Barry J. Inteligncia e afetividade da criana na teoria de Piaget. 5. ed. So Paulo: Pioneira, 1997. p. 31-33. 17 homemcomoumserhistrico-social,edestacaoaprendizadocomoum processo dinmico manifestado de forma diferente ao longo do tempo.29 FernandoBecker30dizqueoconstrutivismopossuiaidiadequenada,a rigor, est pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento no dado, emnenhumainstncia,comoalgoterminado.31aideiadoconhecimentocomo algo no finito, mas do estar se construindo. No construtivismo, o conhecimento se dpelainteraodoindivduocomomeiofsicoesocial,enoporqualquer dotao,detalmodoquepodemosafirmarqueantesdaaonohpsiquismo nem conscincia e, muito menos, pensamento.32 Aoabordaraorigem,aestruturaeosmtodosnaformaodo conhecimentodoserhumano,desejamosrelacion-loscomaconstruodo conhecimentoreligiosoeafnacriana.Doinatismoplatnico,negamoso conhecimentocomosendoumrecordardaverdadequejexisteemns;o despertar da razo para que ela se exera por si s.33 Do empirismo, no conceito da tabula rasa, entendemos que inato no ser humano o sopro de Deus, resultando em suanaturalpredisposioemsevoltarparaoclico.Equeodesenvolvimento intelectualevolitivosofreinflunciasfsicas,socioeconmicas,culturaise emocionais.Huminter-relacionamentodascaractersticasinternas(individuais) comasexternas(ambientais),aresultantedestasquesemanifestano indivduo.34 AsSagradasEscriturasnosensinamque,emboraacrianatenhaosopro deDeusemsuavida(Gn2.7)eumatendncianaturalemreconhecerumser superior,elaprecisaaprender,preferencialmentecomseuspais,todaaLeido Senhor, e a cultivar, j na tenra idade, sua natural inclinao ao clico. 29 GADOTTI, Moacir. Histria das idias pedaggicas. So Paulo: tica, 2004. p. 156. 30 FernandoBeckerprofessordepsicologiadaeducaodaFaculdadedeEducaoda Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS31 BECKER,Fernando.Oqueconstrutivismo?SitedoGovernodoEstadodeSoPaulo. Disponvel em: . Acesso em: 28 mai. 2009. 32 BECKER, 2009. 33 CHAU, 2001. p. 70. 34 NOVELLO, Fernanda Parolaria. Psicologia infantil. So Paulo: Paulinas, 1987. p. 247-248. 18 1.3 Teorias epistemolgicas na formao espiritual da famliaAsteoriasdoinatismo,empirismoesuasderivaestmgrande importncia,poislevamsdiscussesdosconceitosdodesenvolvimentodo conhecimento intelectual da criana. Noinatismo,conformePlato,aprenderrecordar(anamnesis)asideias, queaalmahumana,antesdonascimento,teriacontemplado.ConformeUrbano Zilles,Aalmapr-existianomundodasidias,tendocontempladoasmesmas. Porumcastigofoiunidaaocorpodomundosublunar.Umadas conseqnciasdessaunioqueaalmajnorecordaatualmenteas idiasquecontemplounooutromundo,masmesmoassimelaastrazem si, embora de maneira esquecida. Quando entra em contato com as coisas dessemundoquejsosombrasdasidiasessasfazemcomquea alma relembre as idias. Aprender ento recordar ou reconhecer.35 Nateoriaempirista e algumasdesuasderivaes,produz-seaimagemda tabularasa.Emboraoserhumanotenhaaliberdadeemsuasescolhas,as SagradasEscriturasrelatamapresenadeDeusnaformaoindividualdoser humano(Sl139.13).Elasnosmostramqueoserhumanofoicriadoconformea imagemesemelhanadeDeus(Gn1.26).EmGn1.27,asEscrituras complementam:homememulheroscriou.Nogrego,anthropos() designaoqueolhaparacima.Podemosentenderqueumaparteemnstema Sua presena impregnada. Sobre a imagem e semelhana de Deus no ser humano. a Bblia Online traz o seguinte comentrio:Expresso empregada nas Escrituras (Gn 1.26-27; 1Co 11.7) para dizer que o ser humano tem as mesmas caractersticas pessoais que Deus tem e, por isso, pode comunicar-se com ele. O ser humano tem, em termos limitados, as mesmas qualidades racionais, mentais, emocionais, morais e espirituais que Deus tem. Quanto ao corpo, o ser humano semelhante aos animais; mas diferente deles, pois tem conscincia prpria (sabe que existe) e tem poderdedeterminaoprpria(vontade).Sendocriaturasuperior,temo poder de dominar a natureza.36 somenteemvirtudedaimagemdeDeus,emsentidoabrangente,quea pessoa,atmesmodepoisdet-laperdido,nosentidorestrito(constituindono 35 URBANO, Zilles. Teoria do conhecimento. Porto Alegre: Edipucrs, 1994. p. 59.36 BBLIA ONLINE. Mdulo Avanado. Verso 3.0. oct. 2007. 19 verdadeiroconhecimento,retidoesantidade),podeaindaserchamadaporta-imagem de Deus (Gn 9.6; 1Co 11.7; 15.49; Tg 3.9). Opecado,consequencianaturaldainiquidadehumana,,porltimo, produtodeumadeterminaovoluntriatomadacontraasnormasdivinas,eisso implicaemculpabilidade.Oserhumanopodemergulharprofundamentenos prazeresimorais,justificando-sequeseestoupraticandoalgoerradonosou culpado, pois faz parte do meu eu.Champlin e Bentes comentam: Deus criou o homemcomoumserreto,contudooprpriohomem,mediantesualivrevontade corrupta, distorceu a boa obra, desviando-se para veredas tortas e buscando maus esquemas (Ec 7.29).37 OapstoloPedroescreve:oprprioCristolevouosnossospecadosno seucorposobreacruzafimdequemorrssemosparaopecadoevivssemos umavidacorreta(1Pe2.24).NoencontramosnasEscriturasSagradasuma dicotomizao, como pensavam os gnsticos,38 na relao divino-humana, entre o sagrado e o secular, o religioso e o social, etc. O entendimento da relao una de corpo e alma caracterizar a nossa espiritualidade. A criana ter como base para a formao de sua prpria espiritualidade os fatores relacionados ao meio em que convive. Esta a razo porque na mais tenra idade a criana precisa descobrir e vivenciar valores exigidos por Deus, atravs das Escrituras. . 37 CHAMPLIN; BENTES, 1995, p. 2727. 38 Segundo os gnsticos, o corpo a sede ou princpio do pecado, ao passo que a alma pura. 2TEORIAS DO CONHECIMENTO E FATORES DE ESPIRITUALIDADE ODicionrioAurliodefinefatorcomoaquiloquecontribuiparaum resultado,39 isto , elementos causadores de aes, ou condies que levam a um resultado.Nestesentido,osfatoresdeespiritualidadepodemcontribuirparaa fundamentao do ser humano nas futuras tomadas de decises. Entendendootermoespiritualidadejudaico-cristcomoconhecimentode Deus atravs das Sagradas Escrituras e a aplicao desse conhecimento em nossa vida,deimportnciavitalumolharperscrutadorsobreasdefiniesqueelas prescrevem conduta humana. Martin N. Dreher afirma que a espiritualidade brota da conversa com Deus, dodilogocomoutraspessoasqueestonestabusca,edaobservaoda espiritualidadealheia.40RusselShedddefineespiritualidadecomoabuscaea prpria experincia da comunho com Deus. Inclui a expresso dessa convivncia a partir de prticas que agradam ao Criador.41 E Joel S. Goldsmith diz que ningum estar totalmente completo enquanto no se sentir vontade em Deus.42 Namaistenraidade,acrianaprecisaseracostumadaaserelacionar comDeuscomoobjetivodeformarsuaprpriaespiritualidade.importantea ateno dos pais na transmisso do conhecimento das Sagradas Escrituras, no somentenoquedizemedocomoexemplo,masnoqueacrianaentendeu desseensinoedesseexemplo.Ospaisdevementenderqueoseu comportamento pode influenciar a vida das prximas geraes, e isso de maneira quenemimaginam.Paraseudesenvolvimentoecapacitao,umacriana necessita,principalmente,deseuspaiscomoespelho.43Amelhormaneirade transmitirconhecimentoseexemplosemreuniesnolar,numdilogocomos filhose,principalmente,observando-seaespiritualidadedeles.Paisefilhos precisam se apresentar diante de Deus em unidade. Ao longo do caminhar, das fraldas ao diploma, h umaquestoquedeveser tratada e com aqualtodos os 39 FERREIRA, 2004. 40 DREHER, 1992, p. 7 41 SHEDDapudBOMILCAR,Nelson(Org.).Omelhordaespiritualidadebrasileira.SoPaulo: Mundo Cristo, 2005. p. 37. 42 GOLDSMITH, Joel S. A arte da cura espiritual. Petrpolis: Vozes, 1995. p. 12. 43 CRUZ, Elaine. Amor e disciplina para criar filhos felizes. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 26. 21 pais cristos se defrontam: o crescimento espiritual do filho.44 Mesmo com todo o conforto que a sade, o dinheiro e o lazer podem trazer, o ser humano precisar sesentiremcomunhointeriorcomDeus.ConformeGoldsmith,Eleonico poderque,portodoosempre,mantmoseuuniversocomperfeio,justiae harmonia... no existe nenhum outro poder fora desse poder.45 essencial que os pais entendam seus filhos, e que estes compreendam seus pais.Nasreuniesvoltadas aoensino dos filhos, ospais devem priorizar a perspectivadacriananover,sentirepensar.ConformeRemKlein,omais importantenoprocessoeducativo-religiosonosoasrespostaseascertezas, masasbuscaseosquestionamentos.46CitandoJeremieHughes,Kleindizque anossahabilidadeemrespondersperguntasdascrianasdepende,emalto grau,dasrespostasqueencontramosparansmesmosparaasgrandese pequenas questes existenciais.47 Asrespostasteroseusefeitoseducacionaisnacriana,contantoquea linguagemsejaacessvel,sinceraequerespondaatodasassuasinquietaes naquelemomento.Existemassuntosbemdifceis,como,porexemplo,amorte,a doenaemesmoasexualidade,osquaisprecisamserrespondidos.Asrespostas podero variar em intensidade e importante saber o que a criana j sabe sobre o tema.Muitasvezes,basta umarespostacurta,sem detalhes,e elasesatisfaz;em outras,asrespostasprecisamserpensadas.Quandoospaisencontrarem dificuldadenumaresposta,podero,comnaturalidade,dizeraofilhoqueprecisam pensarequevoltaroafalarcomelemaistarde.prefervelqueascrianas aguardem uma resposta adequada do que tenham respostas superficiais ou mesmo erradas. Paraaboaformaoespiritualdacriana,necessrionosomente ouvirefalar,isto,terseusquestionamentosrespondidosverbalmente,mas principalmente, ver exemplos em seus pais e pessoas que a cercam. Mais do que sermes,osfilhosprecisamdeexemploscomorespostasaosseus 44 TRENT,John;OSBORNE,Rick;BRUNER,Kurt.EnsinesobreDeusscrianas:umplanopor faixa etria para pais de crianas at doze anos. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 9.45 GOLDSMITH, 1995, p. 12,35,39. 46 KLEIN,Rem.Aperguntasobumnovoolharnoensinoreligioso.In:WACHS,ManfredoCarlos; FUCHS,HenriLuiz;BRANDENBURG,LaudeErandi;KLEIN,Rem(Orgs.).Prxisdoensino religioso na escola. So Leopoldo: Sinodal, 2007. p. 130. 47 HUGHES apud KLEIN, 2007, p. 131. 22 questionamentos no viver cotidiano. Ao se tornarem adultas, possivelmente suas decisesouescolhas,quandonotiveremtemposuficienteparaumareflexo, serodeacordocomosprocedimentosobservadosemseuspaisoupessoas influentesemsuaformao.ConformeGoldsmith,oconhecimentoqueuma crianaterdeDeusemsuaformaoespiritual,precisaseraprendido principalmente no exemplo de seus pais.48 Quandoacrianatemessedilogoeexemplodeespiritualidade,mais tarde,nahoradediscernirascrises,aimagemqueacrianacrioudeDeusser fundamentalparaquepossaperceb-las,assimil-lase,claramente,enfrentaras situaes saindo ainda mais forte das adversidades. Edwin Mora Guevara assinala: A forma de imagem sobre Deus se relaciona com as primeiras imagens da criana,fundamentalmentenasfigurasfamiliares;emespecial,nasfiguras significativas como o paie a me [...] Estasprimeiras imagens sobre Deus podemserreforadasounopelasidiasqueapessoadesenvolver posteriormentenoprocessodesocializao.Neleinterferiroafamlia,a educao, a religio, a arte e o simbolismo religioso com sua representao sobre Deus.49 ParaexperimentararealidadedaexistnciadeDeuscorretamentee,para uma vida adulta em comunho com Ele, a criana precisa de um dilogo constante e consistente.EnsinaracriananosomenteleraBbliaseguidamente,mas esmiuaroqueeladizemaesreaisecotidianas.Oserhumanonodeveria inventaroseuprpriocaminho(Ec7.29),massedeixarguiarpelospreceitos divinos. As Escrituras Sagradas dizem: Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos. Ento, no terei de que me envergonhar, quando considerar em todos os teus mandamentos (Sl 119.5-6). Conforme Margaret Bailey Jacobsen, a criana precisa principalmente: 1) ter um conceito verdadeiro de Deus; 2) compreender a natureza do mal; 3) conhecer e receber o plano de salvao de Deus; 4) aprender a fazer uso dos meios de graa; 5) conhecer o seu prprio valor aos olhos de Deus.50 48 GOLDSMITH, 1995, p. 19-20. 49 GUEVARA,EdwinMora.Espiritualidadeapartirdagraaemumprogramadetratamentode dependncia de drogas. In: SANTOS, N. Dimenses do cuidado e aconselhamento pastoral. So Paulo: ASTE; So Leopoldo: CETELA, 2008. 50 JACOBSEN, Margaret Bailey. A criana no lar cristo. So Paulo: Mundo Cristo, 1985. p. 18-19. 23 2.1 Ter um conceito verdadeiro de Deus OmaiscedopossvelacrianadevesaberqueaBbliaaPalavrade Deus;enelaDeusSedeuaconheceraoserhumanoafimdedirecion-loao objetivo central a que foi criado: conhec-Lo, am-Lo e ador-Lo (Is 43.7; Sl 22.22; 149.6).51AfinalidadedasEscriturasadefazerDeusconhecidoporSuas atividades na histria e nas experincias que seres humanos fiis tenham com Ele. ElasnosomentepressupemqueDeuspodeserconhecido,masquerealmente Eleconhecido,poisEleSerevelouaSimesmoatravsdeCristo.52ODeusdas Escrituras um Ser pessoal. O apstolo Tiago escreve: chegai-vos a Deus e ele se chegaravsoutros(Tg4.8a).Davidiz:pertoestoSenhordetodososqueo invocam,detodososqueoinvocamemverdade(Sl145.18).Deusseinteressa pelahumanidade.OconhecimentodeDeusreveladoaoserhumanojustamente aquelequesatisfazafomedanaturezaespiritualeresultaemadoraoe obedincia inteligente Sua vontade. AcrianapodeaprenderqueDeusexiste,queaamaequercuidardela; quecrioutodasascoisas,inclusiveelamesma,equerserelacionarcomtodoser humano e que a orao a forma regular de conversar com Ele. A criana precisa entenderquepodeserefazertudooqueDeusquerquesejaefaa-boa,gentil, amorosa exatamente como Ele .Apesar de terem crescido na igreja, algumas crianas provenientes de lares cristos no possuem uma boa compreenso sobre Deus. Frequentemente recebem umasimplescargademerashistriasouatfalsosensinamentos.Comisso,tm dificuldades para articular claramente aquilo que creem. Muitospaiscreemquecrianasnoentendemosgrandesmistriosda religio. Evita-se falar sobre doutrinas bblicas por as acharem despreparadas para aprender. Charles Spurgeon escreveu: Insisto que no h doutrina da Palavra de Deus que uma criana capaz de receber a salvao, no consiga, entender. [...] Se houver qualquer doutrina muitodifcilparaumacriana,antesumafalhadeconceitodoprofessor acerca dela, do que da capacidade da criana de entend-la, desde que ela 51 PACKER,J.I.RevelaoeInspirao.In:DOUGLAS,J.D.;SHEDD,RussellP.(Eds.).Onovo dicionrio da Bblia. 2. ed. So Paulo: Vida Nova, 1995. p. 27. 52 Jesus disse bem alto: Quem cr em mim cr no somente em mim, mas tambm naquele que me enviou. Quem me v v tambm aquele que me enviou (Jo 12.44-45). 24 sejarealmenteconvertida.Cabeanstornaradoutrinasimplesparaa criana.53 AcrianaprecisaaprenderacercadeDeusconformeEleserevelanas Sagradas Escrituras, sempre entendendo que ela formula sua ideia de Deus a partir dos adultos. Conforme Trent, Osborne e Bruner, a criana aceita prontamente o fato dequeseuspaisacreditamemDeus,deformaplena,quandoconfessame reconhecem,demodoconstante,arealidadeeapresenadoSenhor.54A comunhocontnuacomDeusnolarhoradasrefeies,horadedormir,em momentodeestresseedenecessidadesolembretesdiriosdequeDeusest ouvindo. As noes sobre Deus se desenvolvem na criana antes dela distinguir entre simesmaeseumeio-ambiente.Posteriormentedesenvolvem,apartirdaaparente onipotncia,confianaedoabastecimentodospais,umaimagemrelacionadaa eles.AimagemfinalqueacrianaterdeDeus,porm,vaisendoconstruda gradualmenteemtodasasfases.55Portanto,ocomportamentodospaisofator determinanteparaqueseuspequeninosaprendamqueDeusrealeest presente.56 Conforme Norbert Mette, apenas onde Deus revelado criana que ela pode descobri-lo e tambm compreend-lo imediatamente.57

2.2 Compreender a natureza do mal O pecado fez e faz com que o ser humano fuja precipitado da presena de Deus.Porm,avocaodivinanoserhumanocontinuaratuandoemsua conscincia.Opecadonoextingueaconscincia,masadanifica,tornando-a insensvel ao Evangelho. Deusnooautordopecado,nemdiretanemindiretamente.Muitoantes de o ser humano ser formado do p da terra, o pecado j existia atravs da rebelio de Satans (Ez 28.11-19). O fato de Deus saber, por Sua oniscincia, que o pecado entraria no mundo, no O faz responsvel pela origem do pecado. Verdadeiramente, Deusabominaeodeiaopecadoeomal(Dt25.16;Sl5.4-6).Opecadouma 53 LARA, Ronaldo Bauer de. O mundo teolgico da criana. In: X Encontro de Educadores Cristos. Cricima: [s.n.], 2010. p. 95. 54 TRENT; OSBORNE; BRUNER, 2007, p. 26. 55 METTE, Norbert. Pedagogia da religio. Petrpolis: Vozes. 1997. p. 177. 56 TRENT; OSBORNE; BRUNER, 2007, p. 26. 57 METTE, 1997, p. 175. 25 ofensadiretacontraDeus(Sl51.4).AmaiorprovadequeDeusodeiaopecado reside no fato de providenciar Cristo para libertar o ser humano do mal. Mesmodepoisdesriastentativasedesejosdoserhumanorenunciarao mal para viver de maneira justa, sbria e piedosa, como convm s criaturas feitas paraglorificaraDeus,ecomaeternidadeemjogo,humaresistnciafortee constantenaspaixes,nosapetitesenasinclinaesdocoraoemcadapasso que o ser humano d (Rm 3.9,23; 1Jo 1.10; 2.1,2). Acrianalevaralgumtempoparaentenderoconceitodepecado.Nesse tempo,elaprecisaouvirfalardo amordeDeus.Naidadeemqueacrianajtem essa conscincia, se pode ensinar que certos comportamentos machucam as outras pessoaseaelaprpria.Issoalevaraquererfazerobem.semprenecessrio fornecer-lheumarotadesada,umaalternativadeescapeerefgio.Eesta alternativa pode ser apresentada como sendo fruto do amor imensurvel do Pai que providenciouumescapeoportunomedianteosacrifciodeSeuFilhoJesusCristo (Rm 6.23). 2.3 Conhecer e receber o plano de salvao de Deus TantooDeusPai,quantooDeusFilhoeoDeusEspritoSanto,esto envolvidosnoprocessosalvficodoserhumano.EmboraaTrindadeodeieo pecado,amaoserhumano,criadoconformeaimagemesemelhanadeDeus.A Trindadedesejaquetodossejamsalvosecheguemaoconhecimentodaverdade. No Evangelho segundo Joo, lemos: porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unignito, para que todo o que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Jesus veio ao mundo com o propsito de convidar todo ser humanoareceberavocaoeavidaemCristo.Levarascrianasareceberem verdadeiramenteaJesusCristocomoSalvador,baseadasemumconhecimento clarodamensagemdoEvangelho,deveseramaiorpreocupaodospais.Em Cristo, o ser humano predestinado, mesmo antes da fundao do mundo, para ser santo e irrepreensvel (Ef 1.4-6). Acrianaprecisaentenderqueasalvaoenvolvenossatransformao segundoaimagemmoraleespiritualdeCristo,equecompartilharemosdeSua naturezaessencial(Rm8.29).Sersalvosignificavirapossuir,finalmente,a 26 plenitudedeCristo, quetudo paratodos(Ef 1.23).Asalvaoproduzidapela operaodoEspritoSantoquenosmoldasegundoanaturezamoraldeCristoe, ento, segundo Sua natureza divina (2Co 3.18). O primeiro campo frtil para o anncio do Evangelho o nosso lar, a nossa famlia. Bem no incio da vida, a casa - alma da criana - ainda no foi manchada nem danificada. nesse campo que Jesus deve ser introduzido, antes que as obras dacarne-prostituio,impureza,lascvia,idolatria,feitiaria,inimizades,porfias, emulaes,iras,pelejas,dissenses,heresias,invejas,homicdio,bebedicee glutonarias (Gl 5.19-21) - controlem sua vida. O lar foi a primeira instituio divina, e Deus deseja salvar todos os membros dafamlia.EmMalaquias,temosapalavradoprofeta:noverdadequeDeus criou um nico ser, feito de carne e de esprito? E o que que Deus quer dele? Que tenha filhos que sejam dedicados a Deus (Ml2.15). Champlin e Bentes comentam queaidiaprincipalpareceseradequeopropsitodocasamentofortificaro povo escolhido por Deus, pela descendncia que resultar dos casamentos.58 Podemosedevemoscomearaevangelizaopornossoprpriolar.Isto nosignificaquetodososnossosfamiliaresoptaroporCristo.Noentanto,todos teroaoportunidadedeouviroEvangelhoe,portanto,aoportunidadedeaceitar Jesus. 2.4 Aprender a fazer uso dos meios da graa Porque pela graa sois salvos, mediante a f; e isto no vem de vs; dom deDeus(Ef2.8).importantelembrarmosqueochamadoparaapropriaoda salvao mediante a graa, e que somente a graa de Deus no corao de cada ser humano pode mudar a vida permanentemente em qualquer poca e em qualquer idade.AregeneraodoserhumanoumaobraefetuadaporDeusatravsdo EspritoSanto,peloqualoserhumanorecebeavidapessoaldeDeus, transformandosuamente,seucoraoesuavontade,detalmaneiraquesua inclinao para consigo mudada, pondo Cristo no centro de sua vida. Pelagraa,Deusnoschamadastrevasparaaluz,paraocaminhoda peregrinaoquenosfazsubirnadireodoslugarescelestiais.Nesse 58 CHAMPLIN; BENTES, 1995, p. 3709. 27 chamamento,hbaseparaanossaapropriaodasalvao.Issoeliminatodae qualquerobra;nosaspraticadaspelajustiaprpriadossereshumanos perdidos, como tambm as obras praticadas em verdadeira justia (Tt 3.4-7). HumcontrasteentreoquefazemoseoqueDeusfazparaassegurara salvaoaoserhumano.Contrapondo-sesobrasdoserhumanocomoobjetivo deobterjustificao,estamisericrdialivredeDeus,exibidanaobradoEsprito Santo.Noprocessosalvfico,existemtermosquesodedifcilcompreenso criana,comoamordeDeus,graa,justificao,f,arrependimento, regeneraoeperdo.Oserhumanoadultopodeentenderquegraafavor que os seres humanos no merecem, mas que Deus livremente lhes concede. Que justificao o ato da graa divina pelo qual Deus declara justa a pessoa que pe suafemJesusCristocomoseusubstitutoeSalvador.Queafomeiopelo qual o pecador justificado, e essa f justificadora descansa sobre a completa obra deCristo.QueoarrependimentooresultadodagraadeDeusnaalmado pecador (At 13.39). A criana, porm, demora bastante para entender esses termos esuaaplicaosalvfica,masissonodevedesestimularospais.Ascrianas raciocinammal,massentembem,59disseDostoievsky.Porisso,convertem-se facilmentequandoseusentimentotocadopeloincomparvelamordoSenhor Jesus Cristo. Deusempregadiversosmeiosafimdetrazerossereshumanosao arrependimentoe,consequentementesalvao,taiscomoapregaodo Evangelho, a vida dos pais e amigos crentes e a influncia benfica da Igreja. Deus, por tudo e em tudo, chama o ser humano. 2.5 Conhecer o seu prprio valor aos olhos de Deus Oserhumanodistinguidocomoumanovaordemnacriaoeaferido comocoroa detodos osserescriados.Ele seDistinguecomo umanovaordemde existnciaracional,volitivaesentimental.Aeleentregueodomniosobreavida selvtica,domstica,vegetal,etc.EmGn1.26,lemos:EdisseDeus:Faamoso homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos cus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo 59 ESCOLAPREPARATRIADEOBREIROSSILO(EPOS).Evangelismo.Joinville:Faculdade Teolgica Refidim, 2007. Mod. I. p. 66. 28 rptil que se move sobre a terra. O ser humano foi formado conforme um tipo divino. Deuscriouatodossegundosuaespcie,numaformatpicadosmesmos. Entretanto,oserhumanofoiformadosegundoaimagemdivina.AsSagradas Escriturasdizem:Queohomemmortalparaquetelembresdele?Eofilhodo homem, para que o visites? Contudo, pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glria e de honra o coroaste (Sl 8.4-5). O psiclogo e neurologista americano Howard Gardner, da Universidade de Harvard, no incio da dcada de 1980, causou grande impacto na rea educacional aodivulgarsuateoriadasIntelignciasMltiplas.Atento,oQuocientede Inteligncia(Q.I.)eraomaisaceitoparaaavaliaodeinteligncia.60Segundo Gardner,todosnascemcomopotencialdasvriasinteligncias.Apartirdas relaescomoambienteeaspectosculturais,algumassomaisdesenvolvidas, outras menos aprimoradas.61 OapstoloPaulofaladeumaintelignciabemespecfica,ainteligncia espiritual, que o ser humano deve buscar: "por esta razo, ns tambm, desde o dia emqueoouvimos,nocessamosdeorarporvsedepedirquesejaischeiosdo conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligncia espiritual (Cl 1.9). ConformeCelsoAntunes,descobertaadmirvel,apaixonanteereveladora para os pais que a mente humana no abriga, como antes se pensava, uma nica inteligncia.62Mais importante do que essa descoberta, porm, saber o que fazer paratreinareparaacordaressasinteligncias.Emboraacrianapossaaumentar suashabilidadesemmuitasreas,atradanaturalmenteadeterminadas atividades, justamente quela em que ela mais foi educada. DasintelignciasmltiplasdeGardner,aintrapessoalpodeserdefinida comoahabilidadeparateracessoaosprpriossentimentos,sonhoseideiaspara formularumaimagemprecisadesiprprio.Ahabilidadeparausaressaimagem 60 CECLIOJR.,MarlsioOliveira.FichamentodolivrodeHowardGardner.Disponvelem: . Acesso em: 20 abr. 2010. 61 CECLIO JR., 2010. 62 ANTUNES, Celso. Inteligncias mltiplas. So Paulo: Salesiana, 2001. p. 30. 29 pode funcionar de forma efetiva na soluo de problemas pessoais. a inteligncia da auto-estima, da auto-motivao.63 Osefeitosdabaixaauto-estimasosdestruidores.Oisolamento,a impotncia,aausnciadecuriosidade,aintolernciaeahipersensibilidadeso algunsdosseusmuitosefeitos.Abaixaauto-estimapodeserproduzida, principalmente, por dois fatores: 1)Uma falsa teologia, que desconsidera o alto valor do ser humano; 2)Pelo pecado que nos traz o sentimento de culpa e decepo, e isso contribui para a nossa inferioridade e destri nossa auto-estima.Acrianaformaaimagemdesimesmaatravsdasimagensqueaela forem projetadas; se valorizada, ela ter uma boa auto-estima.64 Simone Engbrecht dizqueaaquisiodaauto-estima-amorprprio-valorfundamentalparaa identidade individual, requer uma construo em bases slidas.65 Aauto-estima vai sendo formada desde o momento em que o ser humano nasce e uma noo que o acompanhadurantetodaasuavida.Quandonasce,cadapequenoserest envolvidoconsigo.Necessitatantodealgumquelhedediquecuidado,quanto necessita do ar que respira. Embora no entenda todo cuidado que lhe dedicam, sua auto-estimavaisedesenvolvendoatravsdoscuidadosquerecebe.Todasas experinciasqueresultamemsatisfao,confortoealegriavocompondouma auto-estimapositiva.Nesteprocesso,aatitudeeoscomentriosdospaise professoresacercadossucessosedosinsucessosdacrianasodecisivospara suaauto-estima,seuauto-conceito.Nossoamorprpriodependedeoutrosdois fatores: que o eu seja investido por outrem e que realize seu ideal.66 2.6 Reconhecer a importncia de sua liberdade de escolha Na formao do ser humano, Deus lhe deu o livre arbtrio, ou seja, o poder de escolha.Aopecarvoluntriaelivremente,oserhumanomostraaevidnciadessa 63 OGREGON, Rosane de Ftima Antunes. Validao de um instrumento de identificao do perfil de usurioatravsdeconesrepresentativosdasintelignciasmltiplas.Dissertao(Mestradoem Engenharia e Gesto do Conhecimento) Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto doConhecimento,UniversidadeFederaldeSantaCatarina,Florianpolis,2009.Disponvelem: . Acesso em: 21 abr. 2010. 64 CRUZ, 2006. p. 25. 65 ENGBRECHT, Simone. Aprendendo a lidar com a depresso. 3. ed. So Leopoldo: Sinodal, 2007. p. 9. 66 ENGBRECHT, 2007, p. 9-10. 30 afirmao. A experincia humana nos mostra que o ser humano, com ou sem Cristo, sabe a diferena entre o bem e o mal. Jesus disse: se algum quiser fazer a vontade deDeus,descobrirseomeuensinovemdeDeus,ousefalodemimmesmo(Jo 7.17).Nessetexto,subentende-sequeaaceitaooferecidaemCristodependeda vontadehumanadefaz-lo.67LewisSperryChaferdizqueavontadegeralmente agemovidaouinfluenciadapelointelectoepelasemoes.68Noentanto,Chafer consideraquenenhumavontadehumanalivreemsentidoabsoluto,poissobreos no regenerados diz-se que Satans est operando neles, ou dando-lhes energia (Ef 2.2),enquantoquedosregeneradossedizqueDeuslhesdenergiaparaoquerer realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.13).69 Defato,acapacidadedeviracreralgoinerenteatodoserhumano, contanto que queiramfaz-lo, mas poder ter uma influncia divina ou satnica. Por sua prpria vontade, o ser humano pode querer seguir aquilo que est de acordo com a vontade de Deus, e Deus confere poder para tal, ou querer seguir a Satans tendo total liberdade para isso. Embora nenhum ser humano possa vir a Cristo, a menos que Deus se achegue a ele, Deus se achegou a ns na cruz (Jo 12.34). O mandamento deDeus:notificaaoshomensquetodosemtodapartesearrependam(At 17.30).70 Levar a criana a escolher confiar em Cristo uma deciso certa. Quando se faz parte desta dbil tentativa, Deus vem ao encontro. Ento, o divino e o humano se encontram,havendocomoresultado,verdadeiraoutorgadaalmaaoscuidadosde Cristo.verdadequese,porumlado,oserhumanolivreparadecidir,poroutro lado,DeustambmSoberano,eessesdoiselementosnoconstituemum paradoxo;pelocontrrio,contribuemparaasalvaodoindivduo.Deus,emsua soberania, providenciou a salvao do ser humano e este, por sua vez, livremente a aceita ou a rejeita. As Escrituras dizem: cheguem perto de Deus, e ele chegar perto devocs.Lavemasmos,pecadores!Limpemocorao,hipcritas!(Tg4.8).A salvaoestabelecidaporDeusaoserhumanoeaconsequentevidaeternase realiza sem nenhum conflito entre a soberania de Deus e a livre escolha do pecador; antes, ambas se harmonizam no ato salvfico.71 67 LANGSTON, A. B. Esboo de teologia sistemtica. 9. ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1988. p. 203. 68 CHAFER, Lewis Sperry. Teologia sistemtica. So Paulo: IBRB, 1986. p. 479. 69 CHAFER, 1986. p. 479. 70 LANGSTON, 1988, p. 204. 71 LANGSTON, 1988, p. 204. 31 ,noentanto,deimportnciavitalviveroqueseensina.Aexperinciada existnciadeDeuscolocadaaospoucosnocoraodacriana,eessa experinciaconstruirnaadolescncia enavidaadultasuacosmoviso.Acriana entendemaisclaramenteoqueseuspaisqueremensin-la,observandoseus exemplos cotidianos, do que nos seus sermes. Conforme Clara Feldman e Mrcio LciodeMiranda,aincoernciadosadultosque,napresenadacrianase comportam de uma maneira diferente daquilo que dizem, isto , fazem uma coisa e falam outra, levam-nas a ficar confusas e a acreditar que tinham visto errado.72 Por serem autoridades para a criana, os adultos as levam a acreditar em suas palavras, diferenciando daquilo que veem. Essas incoerncias aos poucos atrofiam seus olhos e a habilidade natural de observar. 72 FELDMAN,Clara;MIRANDA,MrcioLciode.Construindoarelaodeajuda.BeloHorizonte: Crescer, 2002. p. 91. 3 A BASE BBLICA PARA A CAPACITAO (EMPODERAMENTO) Afamliaconsideradaumainstituioimportantenoprocessode aprendizagemesocializaoprimrias.Todavia,afamliatem,cadavezmais,se desvinculado dessa funoprimordial.Os paistmresponsabilizadosinstituies eclesiaisatarefaespiritual,ascrecheseescolasatarefaintelectual,isto,do aprendizadosecular.Quantoaodesenvolvimentofsico,socialeesttico,deixam completamenteporcontadoacaso.73Essesvaloresformamabaseparao comportamentodoserhumano.AsSagradasEscriturasfalamdocrescimentode Jesus:ecresciaJesusemsabedoria,estaturaegraa,diantedeDeusedos homens (Lc 2.52). a) Sabedoria: crescimento mental, intelectual Emsuahumanidade,Jesussesujeitouaoaprendizado.Acriananasce ignorandomuitosfatos,semsaberdiscernirobemdomal,ocertodoerrado, aquiloquefazbemeoquenofaz.Elaprecisa,nolar,deumainstruo formativa e de um padro integrado de conhecimento, que formem a base para a interpretao de experincias vivenciais. b) Estatura: crescimento fsico Deuscriouonossocorpoedevemosterhbitossaudveisconoscoecom nossos filhos. No contexto judaico-cristo, o corpo do ser humano habitao do Esprito Santo. Por Ele habitar no ser humano, no pertencemos a ns mesmos, mas a Deus, e nosso corpo deve mostrar essa caracterstica (1Co 6.19). c) Graa: crescimento espiritual na graa diante de Deus AgraaumatributoinseparveldeDeus.Elaagenerosidadee magnanimidade de Deus para com o ser humano pecador. A vida crist, em sua totalidade,estcontidanagraaqueabundanteesuficienteparatoda necessidade e situao do ser humano. d) Social: crescimento diante dos homens O ser humano tende a se preocupar com o seu prprio bem-estar. A criana deve aprenderaamaresesensibilizarpelosproblemasdosoutros,comreal sinceridade de corao e amor. 73 JACOBSEN, 1985, p. 6. 33 Todasasaesacimaexpostassointerligadas,poisoindivduose socializaapartirdoconhecimentoqueadquireaolongodavida.importante entender que o processo de crescimento cognitivo, afetivo, religioso e social do ser humanonoseatmexclusivamentefamlia.Porm,conformeEsdrasCosta Bentho, a primeira experincia relevante de qualquer pessoa, manifesta-se positiva ounegativamentenosistemafamiliar.74Geralmente,nossainstruoformativa inadequadaouincompletaporquefazemossuposiesdescontextualizadasa respeito daquilo que os nossos filhos entendem.75 Bronefenbrenner afirma: O mundo exterior tem um impacto considervel desde o momento em que a criana comea a relacionar-se com as pessoas, grupos e instituies, cada umadasquaislheimpesuasperspectivas,contribuindo,assim,paraa formaodeseusvalores,desuashabilidadesedeseushbitosde conduta.76 obrigaosolenedospaiscristosdaraseusfilhosainstruoea disciplinacondizentecomaformaojudaico-crist.Elesdevemsededicaraos filhos mais do que ao seu emprego, sua profisso, seu trabalho na igreja ou posio social. essencial os pais se voltarem para o corao dos filhos com o propsito de prepar-losparaumavidadoagradodoSenhor.Oamoreadedicaodospais devemlev-losaestaremdispostosaconsumirsuasvidascomosacrifcioao Senhor,paraqueseusfilhosseaprofundemnafesecumpranassuasvidasa vontade dEle.77 3.1 Ensino com amor ConformeJerusaVieiraGomes,daUniversidadedeSoPaulo, recomendvelqueoconhecimentoeasocializaoprimriassejamosvalores legados pela famlia atravs dos vnculos de afetividade e respeito. Na socializao primria, so interiorizadas normas e valores, e as formas de relacionamento.78 Essa 74 BENTHO,EsdrasCosta.AfamlianoAntigoTestamento:histriaesociologia.RiodeJaneiro: CPAD, 2006. p. 26. 75 TEDD-TRIPP, Margy. Instruindo o corao da criana. So Jos dos Campos: Fiel, 2009. p. 41. 76 BRONEFENBRENNER apud BENTHO, 2006, p. 26. 77 BBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. p. 1840. 78 GOMES, Jerusa Vieira. Socializao primria: tarefa familiar? Cadernos de Pesquisa, So Paulo, n. 91, p. 54-61, nov. 1994. Disponvel em: . Acesso em: 21 abr. 2010. 34 interiorizaodenormasevaloressomenteseefetivarnorelacionamento amoroso.Ospaisnodevemamarseusfilhossomentecomoamorsentimento, mascomoamordever.LeonardoBoffcitaaposiodeFranciscodeAssisna relao do amor fraterno: Ama-oscomoso,semdesejar,parateuproveito,quesejamcristos melhores... Que nenhum irmo, ainda que tenha pecado a mais no poder, saia de tua presena, depois de ver os teus olhos, sem obter perdo, se de tiotiversolicitado.Ese,depoisdisso,aindamilvezeseleseapresentar diante de ti, ama-o mais, a fim de conduzi-lo ao Senhor.79 A criana precisa da presena dos pais para rir, jogar, ler, e essa doao de tempopresenatemosignificadodeamorparaelas.Amarumaatitudentima, umestilodevidaquenoselimitaapalavrasegestos.Podefaltaraospais condiesdeteremtodootemponecessriofamlia,eentosonhamcomos finais de semanas e as frias. No entanto, a presena dos pais ideal no dia a dia. a devida qualidade do momento junto criana que nos faz viver melhor um com ooutro.Elatemdificuldadeementenderotermoabstratoamor.Ospaispodem dizermuitasvezescrianaqueaamam,todaviaelaentendermaisclaramente esse amor atravs da linguagem objetiva do brincar, jogar, rir, etc. Quando beijamos, abraamos ou fazemos carinho a um filho aflito, estamos mais do que o consolando. Estamoslheproporcionandoalgoessencialparaoseudesenvolvimentofsicoe emocional saudveis.80 O contato fsico por parte dos pais, irmos e outras pessoas prximas da criana de importncia vital para o seu desenvolvimento, trazendo-lhe tranquilidadeesegurana.Ascrianaspodeminterpretarafaltadecarinhocomo falta de amor. ngela Marulanda comenta que infelizmente ainda h muitos tabus a respeito do contato fsico e do carinho, especialmente para com os filhos homens.81 Muitasvezesospaissepermitemacariciarafilha,masnoofilho,temendoa possibilidade de se tornar pouco viril. Esses pais tm dificuldade em expressar seus sentimentosemafagarosfilhos,porquenotiveramessecontatocomospais. Aprenderameagoraensinamaseusfilhosqueparaserhomemtemqueser 79 LELOUP, Jean-Yves; BOFF, Leonardo. Terapeutas do deserto: de Filon de Alexandria e Francisco de Assis a Graf Drckheim. Petrpolis: Vozes, 1998. p. 70.80 MARULANDA,ngela.Odesafiodecrescercomosfilhos:valoreseatitudesqueajudamna formao das novas geraes. So Leopoldo: Sinodal, 2004. p. 66. 81 MARULANDA, 2004, p. 67. 35 autossuficiente e se esconder numa mscara de "duro". Nada mais errado do que acreditar que as demonstraes afetivas podem fazer mal a um filho.82 Sendo o amor um transbordar da alegria em Deus, que atende alegremente as necessidades de outras pessoas, ento essa alegria em dar um dever cristo, e o esforo de no busc-la pode ser pecado.83 O apstolo Joo diz: aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmo, at agora, est nas trevas (1Jo 2.9). Admiraralgobomeagradvel,ouamaralgumporquesimptico, talentoso, inteligente, uma situao confortvel. Alguns pais poucas vezes elogiam o trabalho feito pelo filho. Entretanto, so detalhistas e precisos em lhes apontar os erros.Amarverdadeiramente,noentanto,aceitarascondiesadversas.O sentimento pode ser contrrio, mas o amor deve continuar.84 Para Jacobsen, Ospaisqueverdadeiramenteamamseufilhoestodispostosasacrificar seusdesejosparacriarumaharmoniosaatmosferafamiliarqualo pequenino possa sentir que pertence, e na qual aceito tal qual , e querido por si mesmo. A criana que conhece esse tipo de amor pode ajustar-se a quasetudo;temumaseguranabsicaqueajudaaproteg-ladotemor. Sem esse amor altrusta, embora faam tudo o que o livro manda, os pais jamais conseguiro ser bem sucedidos.85 Amarseofereceremsacrifcioporquemseama.Humafastamento diametralentreoamoreoegosmo.Abuscaeodesenvolvimentodesteamorno nossoserocaminhoaserseguidopelocristo.FormarJesusemns(Gl4.9) nada mais que conseguirmos amar como Jesus nos amou.3.2 A famlia como centro formador da espiritualidade Existemvriosconceitosquetentamesclarecerosignificadodoque famlia.ODicionrioAurlio,emumdosseusconceitossobrefamlia,descreve comounidadeespiritualconstitudapelasgeraesdescendentesdeummesmo tronco,efundada,pois,naconsanguinidade.86Ovocbulofamliaprocededo latim famulus, que queria dizer servo e se referia a todos aqueles que viviam sob 82 MARULANDA, 2004, p. 68. 83 PIPER, John. Teologia da alegria: a plenitude da satisfao em Deus. So Paulo: Shedd, 2003. p. 98. 84 JACOBSEN, 1985, p. 10. 85 JACOBSEN, 1985, p. 10. 86 FERREIRA, 2004. 36 opoderdopatro.Maistarde,designouoconjuntodeesposa,filhos,servose escravos que viviam sob a dominao do patro ou pai.87

Noatualcontexto,noentanto,afamliatemseconfiguradodeformas diversas,mudandosignificativamenteafamlianuclear,modeloconsideradopor muitosaideal,aindatransmitidaepredominanteemnossacultura.Conforme ValburgaStreck,afamlianuclearouelementarformadaporumhomem,uma mulhereseusfilhos,edeacordocomosestudiosos,sempreexistiunas sociedades, mesmo nas mais arcaicas.88 Hodiernamente,comoindividualismo,aglobalizao,oconsumismo desenfreado,anovaordemeconmicamundial,asnovastecnologiaseoutros fatores que modificam as relaes, os modelos de famlias encontrados so tantos, quesetornadifcilclassificareprincipalmentejulgarosbonseosmausmodelos. Comumconsiderveldeclniodainstituiodocasamentoeumacrescente banalizao do divrcio, resultando no aumento da unio consensual89 e de famlias chefiadasporumscnjuge,commaiorreincidnciasobreasmulheres,90a hegemoniadafamlianuclearestsendoquestionada.Independentementedo gnero,essanovaordemfamiliarenvolveseusmembros,levando-osa desempenharfunesdeacordocomasnecessidadesatuaisenomaissegundo as prticas tradicionais de uma famlia nuclear.91 No contexto judaico-cristo, famlia se inclui nas demais obras criadas por Deus.Apstercriadoohomem,oSenhorDeusdisse:Nobomqueohomem estejas;far-lhe-eiumaauxiliadoraquelhesejaidnea(Gn2.18).Aintenodo DeusCriadornofoiformarumhomemapenas,masohomemeamulherpara relao de amizade e procriao. Toda iniciativa e ao foi da parte de Deus. Deus constatou que a solido no seria boa para a sua criatura. Chegada a hora por Ele 87 STRECK,ValburgaSchmiedt.Terapiafamiliareaconselhamentopastoral:umaexperinciacom famlias de baixos recursos. So Leopoldo: Sinodal. 1999. p. 24. 88 STRECK, 1999, p. 32. 89 Pordefinio,considera-secomounioconsensualquandoumapessoaviveemcompanhiado cnjuge, sem ter contrado casamento civil ou religioso. 90 Conforme dados do IBGE, desde a dcadade 1980, vem crescendo continuamente aproporo de mulheres como pessoa de referncia da famlia. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA.Disponvelem:. Acesso em: 28 abr. 2010. 91 SILVA, Flvia Mendes. Antigos e novos arranjos familiares: um estudo das famlias atendidas pelo serviosocial.Disponvelem: . Acesso em: 22 abr. 2010. 37 determinada,levouaAdoumacompanheiraideal,einstituiuafamliaparao desenvolvimento fsico e espiritual da raa humana. Inicia-se, ento, o procedimento que as Escrituras chamam de uma s carne; a primeira famlia (Gn 2.24).A partir do texto acima mencionado, podemos depreender que a famlia est no centro do propsito de Deus para a humanidade. Deus criou o homem e a mulher eestabeleceuparaestesumplanorelacional,afamlia.Ela,portanto,temuma estrutura tanto divina quanto biolgica e social. No contexto judaico-cristo, a famlia existeantesquequalquerinstituioousociedade.Elaanteriornaoe prpria igreja, sendo, portanto, a base para todas as instituies. Dizem as Sagradas Escrituras:nofezelesomenteum?Emcarneeespritosodele.Eporque somente um? Ele buscava uma descendncia piedosa (Zc 2.15). Roberto C. Dentan escrevequeopropsitodocasamentofortificaropovoescolhidodeDeus,pela descendncia que resultara dos casamentos.92 John Donne cita que nenhum homem uma ilha, inteiramente isolado, todo homemumpedaodeumcontinente,umapartedeumtodo.93E,conforme Analdia Rodolpho Petry, fundamental a compreenso de que o ser humano no estsoltonotempoenoespao.94Todacrianadeveserprotagonistadesua prpriahistria.Essahistriaestarvinculadaaumafamliaqueintegrauma comunidadeque,porsuavez,pertenceaumcontextosocioculturalespecficoe particular.95

NoAntigoTestamentoopaidesempenhavaumafunoquasesacerdotal. Antesdoestabelecimentoformaldosacerdciopeloslevitas,opaierao responsvelemoferecerossacrifciosaDeus,tantodesuapartequantodesua famlia (Gn 8.20;12.7,8;22.2-9). No mais antigo escrito bblico, o livro de J, temos o relatodapreocupaodeJcomseusfilhos.Suaobservaoeraconstantena 92 DENTANapudCHAMPLIN,RusselNorman.OAntigoTestamentointerpretado:versculopor versculo. v. 5. So Paulo: Candeia. 2000. p. 3709. 93 JohnDonne,poetaingls(1572-1631).MARTINI,Marcusde.JohnDonne:consideraessobre vidaeobra.Fragmentos,Florianpolis,n.33,p.121-137,jul./dez.2007.Disponvelem: .Acessoem:01 mai. 2010. 94 PETRY, Analdia Rodolpho. Esquizofrenia e representao social: estudo de casos em Santa Cruz do Sul. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005. p. 35. 95 PETRY, 2005, p. 35. 38 conduta dos filhos; sempre intercedendo a Deus para que eles experimentassem da parte dEle a salvao e Suas bnos (J 1.5).96 UmadasfunesdessainstituiocriadaporDeusafecundao;em outras palavras, multiplicao da raa humana. O Senhor os abenoou, dizendo: Tenhammuitosemuitosfilhos;espalhem-seportodaaterraeadominem(Gn 1.28).IssonosmostraqueoSenhordesejavahumanidade,enosomentea Ado,Suaimagemesemelhana.97Champlinafirma:foramdadospoderesde procriao ao homem; a fertilidade foi-lhe assegurada por decreto divino.98 Sete, o terceiro filho de Ado e Eva, foi gerado quando Ado tinha 130 anos de idade, imagem e semelhana de seu pai (Gn 5.3), isto , Sete recebeu de Ado tanto a imagem e semelhana de Deus, inicialmente atribuda a ele, como tambm a natureza do pecado.99 InicialmenteoserhumanoteveaamizadeeacomunhototalcomDeus (Gn 3.8). Recebeu do Criador a funo de represent-Lo e ser o mordomo de toda a criao,devendoexerceressafunocomresponsabilidade.Suamisso,que permanece at hoje, cumprir o propsito divino sobre todas as coisas na Terra. O Senhor quer que o ser humano Lhe corresponda e seja digno de Sua confiana. ConformeBavinck,comocriaturaohomemtotalmentedependentede Deus,ecomohomemeleumserlivreeindependente.100OSenhordeuaoser humanooprivilgiodolivrearbtrio,inclusiveaescolhadeobedecerou desobedeceraSeuCriador.101OserhumanoescolheudesobedeceraDeus, propiciando a entrada do pecado nesse ambiente criado perfeito para ele. EmboracontinuecomaimagemesemelhanadeDeus,oserhumano, aps a entrada do pecado no mundo, tem alterado os planos que o Senhor preparou para ele. Pode transformar o lar, um lugar que o Senhor preparou para reinar o amor eterpaz,adequadoparaaformaodosfilhos,emumambienteegostaede 96 BBLIA, 1995, p. 769. 97 BAVINK,Hermann.Teologiasistemtica:fundamentosteolgicosdafcrist.SoPaulo: Imprensa da F, 2001. p. 224. 98 CHAMPLIN, Russel Norman. O Antigo Testamento interpretado: versculo por versculo. v. 1. So Paulo: Candeia. 2000. p. 20. 99 MESQUITA, Antnio Neves de. Estudo no livro de Gnesis. 5. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1983. p. 121.100BAVINK, 2001, p. 224. 101PFEIFFER,CharlesF.;HARRISON,EverettF.ComentriobblicoMoody:Gnesis Deuteronmio. v. 1. So Paulo: Batista Regular, 1997. p. 5. 39 guerra. Embora a estrutura dessa instituio social e o papel de cada membro que a ela pertena mude, com o passar do tempo, o seu significado para Deus permanece inalterado.4 O ENSINO, A FAMLIA E A SOCIALIZAO Afamliadeveseromeioondeasexperinciasdavidapossam acontecer.Noprecisoesperarqueosfilhostenhamexperinciasespirituais, isto , conhecimento de Deus e Suas leis na igreja, pois o lar pode oferecer estas coisas,emaisadequadamente,poisotempodeconvviomaior.AEscola BblicaDominical,aEscolaBblicadeFrias,osacampamentoscristoseos cultos para crianas na igreja no retiram da famlia a responsabilidade do ensino dasSagradasEscrituras.importanteospaislevaremseusfilhosigreja. Porm,maisimportantelev-losprimeiramenteaCristo.Numambiente adequadoecomumalinguagemacessiva,ospaispodemlevaracrianaaum relacionamentosrio comDeusnolar. Tedd e Tripp, no livro Instruindo o corao da criana, escreve: Avidaumasaladeaula.Issoverdade.Ensinoeaprendizagemesto em processamento vinte e quatro horas por dia. Aqui onde mora o perigo. Naausnciadainstruoformativa,osinstrutoresdaformaosecular assumemocontrole.Nossoscoraessofacilmentecativadospelas filosofias enganadoras e vazias de uma cultura mpia (Cl 2.8). A maioria das culturasinterpretaavidacomolhosnoregeneradosepromovemsuas conclusesatravsdevriosmeios,quevodesdeapropagandaata educao.102 Osfilhosnecessitamdeumadedicaonaintegralidadedoseuserem formao - corpo, alma e esprito. No entanto, existem pais que abrem mo dos seus deveres de pais educadores, trocando a repreenso disciplinadora em prol deumaamizadequepermiteaosfilhosliberdadedeescolhailimitada.Eles esperamaamizadedeseuspais,masprincipalmenteaorientaoelimites parasesentiremseguros.daresponsabilidadedospaismoldarnelesum temperamentoequilibrado,formarumcarterjustoeconstruiruma personalidadesaudvel.103Podemospensarqueotermocartersignifique qualidadescomohonestidade,coragemepacincia.Porm,cartera expresso exterior do que uma pessoa no interior.104 O que escolhemos ou a maneiracomotratamosasoutraspessoas,enossareaoscircunstncias, so estabelecidas pelo que temos em nosso interior. 102TEDD-TRIPP, 2009, p. 19. 103CRUZ, 2006, p. 9. 104CRAWFOR-LORITTS,Karen.Construindoocarterdoseufilho.SoPaulo:Imprensadaf, 2004. p. 18. 41 Aculturarelativistahodiernadistorceosvaloresjudaico-cristos.Os entretenimentos,asarteseamsica,aliteratura,oscostumes,osesportes,o trabalho,olazer,arecreao,tudotemsidodistorcidoparaservircultura predominante.105Opropsitoremoverdaconscinciapblicaatoltimo vestgiodaverdadecrist.106Ainflunciasistemticadaculturaps-moderna, sobrenossosfilhos,envolve-oseosensinaoquedevempensaracercada autoridade, da justia, da honra, da diverso, da responsabilidade e da orientao sexual.107SomenteoensinodospreceitosdoSenhorformarabaseque proporcionarcriananoapenasaobtenodeconhecimentosvariados,mas tambmconcederumavisointegradaecoerentedevida,relacionadacomo Criador e com os Seus propsitos. ClaraFeldmaneMrcioLciodeMirandanosdoalgunsprincpiosda relao interpessoal: 1.Apessoa,emgrandeparte,resultadodasrelaesinterpessoaisque estabeleceu durante sua vida. 2.Ningum sai ileso de um encontro com outra pessoa. 3.Hsempreumarelaodecausaeefeitoacontecendoentreduas pessoas uma causa efeitos sobre a outra e vice-versa. 4.Essesefeitospodemserparamelhorouparapior,construtivosou destrutivos, para uma das partes ou para ambas. 5.Esses efeitos so especialmente marcantes quando uma das pessoas considerada significativa aquela que tem maior influncia sobre a outra devido ao papel social que desempenha.108 NarianaCaplancomenta,emseulivroAtitudes,queorelacionamento tudo-comeoefim.Semrelacionamentonotemosnadaenosomos ningum.109AristidesRamosentendequeoserhumano,frutodaculturaps-moderna,viveadualidadeentreorelacionamentoeodesempenho- desempenharfunesourelacionar-secompessoas.SegundoRamos,pensar comcategoriaurbanahodiernamentepensaremdesempenho,nono relacionamento. A vida, no entanto, acontece na relao com Deus, com a famlia ecomoprximo.110Todasabedoriaousucessosobtidosperdemosentido 105TEDD-TRIPP, 2009, p. 45. 106TEDD-TRIPP, 2009, p. 45. 107TEDD-TRIPP, 2009, p. 45. 108FELDMAN, 2002, p. 45. 109CAPLAN,MarianaM.A.Atitudes:quandoosfilhosescolhemestilosalternativosdevida.So Paulo: Madras, 2000. p. 25.110RAMOS,Aristides.CursoPastorUrbano.SoLeopoldo:EscolaSuperiordeTeologia,13-18jul. 2009. 42 quandonosetemalgumcomquempartilhar.Osassuntosessenciaisdo relacionamentonosomaisevidentesemoutrolugardoquenarelaoentre pais e suas crianas.111 4.1 A espiritualidade judaico-crist na criana Algunspaiscristosentendemqueaespiritualidadejudaico-cristuma herana que pertence aos filhos. Ela inerente aos filhos se os pais forem de Cristo. Noentanto,asestatsticasnosdizemquemuitosdosmarginaisepresidiriosdos grandescentrosso filhosde paiscristos. Poroutrolado, muitosdosverdadeiros cristos,teisnoReinodeDeusenasociedade,formaramsuaespiritualidadena tenraidadeemseuslares.Oquepodeinfluenciarumacrianaaseguirum determinadocomportamento?Possivelmentesejaahabilidadedospaisemusara instruobblicaformativa,contribuindoparaqueelascriemprincpiosabsolutos pelos quais vivero. 4.1.1 Plantar e colher AsEscriturasdizem:noseenganem:ningumzombadeDeus.Oque uma pessoa plantar, isso mesmo que colher... (Gl 6.7-8). Os pais colhero o que semearem na mente e no corao de seus filhos. Na organizao da vida humana, o SenhorDeusestabeleceucomoresultadoinevitvelasemeaduraeaconsequente colheita. Os que forem comprometidos com o estabelecido nas Sagradas Escrituras tero paz. No uma questo de mgica. Deus, em Seu imensurvel amor, deixou escritoemSuaPalavraoquenecessrioaoserhumanofazerparacolher bnos espirituais e materiais. OreiDavi,doantigoIsrael,marcouseureinadocomgrandesfeitos pessoais,eextraordinriasmudanasnarealidadedopovojudeu.Teveproteo divina em muitas reas de sua vida. Porm, em relao famlia, foi um desastre - no se enquadrou na Palavra em relao aos seus filhos.112 No podemos deixar de considerarqueasleisnaturaissoparatodos.Oacasopodebeneficiarumser humanoperverso.Porm,opaicomprometidocomCristonodeixaoacasoguiar 111CAPLAN, 2000, p. 26. 112Davi no ensinou o verdadeiro sentido da famlia a seus filhos. Eles no foram levados a conhecer limiteseaserespeitarem.Issotrouxegravesconsequncias,esuafamliafoisendodestruda pelas inmeras brigas, incesto, traies, mortes e assassinatos (2Sm 13-18). 43 sua famlia, mas se enquadrar no estabelecido nas Sagradas Escrituras para que seu lar seja abenoado. importante entendermos que nunca se colhe a mesma quantidade do que foi semeado; h sempre uma multiplicao. Isso bom para o fazendeiro, mas deve ser levado em considerao pelos cristos. Quando se planta uma semente, nasce uma rvore que certamente frutificar. Quando se planta uma cesta de trigo, colher-se-omuitascestasdetrigo.Istosignificaquequandosemeamosumpoucode amorcolheremosmuitoamore,quandosemeamosdiscrdia,colheremosmuita discrdia. O agricultor no espera plantar num dia e ceifar no dia seguinte, mesmo que useamaisavanadatecnologia.Semprehaverumtempoparaafrutificao.A transformaodeumasementeemrvoreexigetempo;damesmaforma,hum tempo para o rancor amadurecer at dar o seu fruto. Sem uma compreenso deste aspecto da lei de semear e ceifar, ser difcil estabelecer a correta conexo entre a operaodeplantareadecolher.113Nadimensoespiritualdasemeaduraeda colheita,colhemosemnossorelacionamentocomDeus,comossereshumanos, nos hbitos da vida, em nossa reputao, nossa utilidade no Reino de Cristo e para a eternidade. 4.2 Evangelizando a criana O Evangelho o centro de toda a teologia escriturstica, por meio do qual dada a revelao da justia de Deus e do elevado destino dos remidos;114 portanto, partecentralnacriaodosfilhos.OEvangelhoanicaesperanadoperdo divino, de mudana interior e profunda. O termo evangelismo, derivado da palavra evangelho, que vem do grego evaggelion-literalmentesignificaboasnovas-acrescidodapartculaismo, denotasistema.Evangelismo,portanto,envolveosprincpios,osmtodos,as tcnicaseasestratgiasempregadasnaaodeevangelizar.Champlindizqueo 113MACLISTER, Roberto. Perdo: o segredo da cura total. Rio de Janeiro: Carismo, 1981. p. 65-71. 114CHAMPLIN,RusselNorman.ONovoTestamentointerpretado:versculoporversculo.v.3.So Paulo: Candeia. 1995. p. 573. 44 Evangelho, no Novo Testamento, refere-se s boas novas de salvao, ao anncio sobre o Reino de Deus, mensagem de perdo que Deus enviou aos homens.115 EvangelizarumaordemimperativadenossoSenhorJesusCristo, exarada nas Escrituras Neotestamentrias: ide por todo mundo pregai o Evangelho a toda Criatura (Mc 16.15). O alcance da ordem imperativa de Cristo extensivo a todacriatura,independentedefaixaetria,isto,abrangeadultosecrianas. Evangelismoinfantil,porsuavez,consistenautilizaodeprincpios,mtodos, tcnicas e estratgias na ao de evangelizar ou expor as boas novas da salvao emCristoparaascrianas.Acrianaestvidaporaprender;issooportunizao ensinodasboasnovas,conformeasSagradasEscrituras.Todootempo empregadoparaevangelizarumacriananoperdido,poisiniciandocom princpios sadios, ela continuar assim por toda a vida. AiniciativadeDeusnasalvaonoprivaningum,porqueelavisaa salvao de todo ser humano. Boa parte do pensamento moderno parece acreditar quenecessitamosdeeducaoenodesalvao;deumcampus,enodeuma cruz;deumplanejadorsocialenodapropiciaodeumSalvador.AsSagradas EscriturasdizemqueDeusnospredestinouparasermosconformeaimagemde seuFilho(Rm8.29).Estaexpressorevelaoalvoquedevemosalcanarpela salvao.JesusfoipredeterminadoporDeusparaseromodelo,afimdeque muitosirmos,pormeiodele,alcancemasuaimagem-semelhanadeDeus- comaqualnoprincpio,ohomemfoicriado.Paraaaquisiodessaimagem,o homem precisa definir-se. Deus espera que cada ser humano defina a sua posio em relao salvao a que Ele o predestinou. Portanto, levar uma criana Cristo maisqueumaresponsabilidade,ummandamentodoSenhor.Deusamacada crianaequerquetodassesalvem,masElesomenteassalvarsensas evangelizarmos e se elas, persuadidas, decidirem-se por Cristo. Por causa de nosso fracasso,avontadedeDeusnavidademuitascrianasnotemsidofeita.As Escrituras do grande valor alma de uma criana. Jesus usou como exemplo uma criana,quandoensinavasobrehumildade.Econdenoucomveemnciaaqueles que as escandalizassem (Mt 18.5-6). A criana passa por um processo gradual de aprendizado. A evangelizao no deveproduziralgopronto, massupriroqueprecisoparaqueoprocesso de 115CHAMPLIN, 1995, p. 574. 45 crescimentosedesenvolvademaneiranormalesalutar.Oevangelismo,ao anunciarasboasnovas,preocupa-secomatransformaoprogressivadacriana nocarter,valor,motivao,atitudeseentendimentodoprprioDeus(Mt28.20), proporcionando o conhecimento da vida eterna dentro da personalidade da criana, levando-a em direo semelhana de Cristo.Comojabordamos,hoconceitodequeasalvaoheranaparaos filhos,seos pais foremdeCristo. Esteconceito falso.Nobastaserem filhos de cristos;todasascrianasprecisamserevangelizadas,isto,persuadidasacerca da necessidade de serem salvas por Jesus. Elas precisam conhecer a Jesus Cristo pessoalmente.Podemos,porm,comsutilezas,influenciareatpressionara crianaafazerumadecisodeseguiraCristo,decisoestafundamentadana tentativa de agradar os homens e no a Deus.116 Tambm no aconselhvel evangelizar as crianas e depois abandon-las; temos que fortalec-las para resistirem s tentaes e serem fiis at o fim. Muitos pais erram ao isolar seus filhos de sua experincia religiosa, porque acham que so pequenosenoentendem.Comisto,afastamdelesapossibilidadedo fortalecimento da semente do Evangelho, plantada em seus coraes. As crianas precisam conhecer a Jesus Cristo pessoalmente e se decidirem por Ele com desejo de viver para agrad-Lo e segui-Lo fielmente. Precisam entender que essa salvao pertence a Cristo, que aguarda pacientemente por uma deciso pessoal. OsfilhosdevemserconsideradosddivasdeDeus,erequeremdospais umaeducaosbia.Paraseterumlarseguro,ondeosfilhospossamcrescer fsica, moral, social, emocional e espiritualmente preciso que os pais tenham f e se dem o mximo. essencial que os filhos aprendam a reconhecer seu dever de fazeralgumacoisaparaoReinodeDeus.Paraisso,desdecedo,deveser implantadonacrianaodesejodesertilparaoReino,servindoaDeuseoser humano sem preconceitos. 116FERREIRA, Marilene do Amaral Silva. Evangelizao e discipulado com crianas. Disponvel em: . Acesso em: 20 fev. 2010. 46 4.3 Ensinando a criana Os pais cristos tm a obrigao de dar aos filhos a instruo e a disciplina condizente com a formao crist. Como exemplo de vida e conduta crist, devem seimportarmaiscomasalvaodosfilhosdoquecomseuemprego,profisso, trabalho na igreja ou posio social (Sl 127.3). O que, em muitos casos, tem predominado no mundo hoje permitir que as crianassigamocursonaturaldeseuesprito.Muitosacreditamqueelaspodero seendireitardepoisdealgumtempo,deixandoseushbitosesetornando,afinal, homens e mulheres teis. As Escrituras insistem: eduque a criana no caminho em quedeveandar,eatofimdavidanosedesviardele(Pv22.6).Champlin comenta: Demodogeral,umbomensino(sic)significaumaboacrianaquese tornou um bom adulto e segue a vereda de retido por toda a vida. [...] Este versculoexprimeumdospontosfortesdossbioshebreus,asaber,a insistncianoensino(sic)moraldeumacrianaporpartedeseuspais. Esseensino(sic)devecomearbemcedo,quandoamentedacriana ainda estiver bastante impressionvel.117 Os pais cristos precisam separar tempo para identificar e avaliar o poder e ainflunciadosinimigosespirituaisdeseusfilhos.Umacrianabemformadae respeitadaemsuafaixaetriaprovavelmenteserumadultocomvidaplenae prsperatantomaterialcomoespiritualmente.118Umainfnciasaudvelesegura facilitar o adulto lidar melhor com suas experincias difceis. 4.4 Valores Insubstituveis na Formao dos Filhos Osacerdote,noAntigoTestamento,eramediadorentreDeuseopovo, oferecendosacrifcioseorandoemseufavor.NoNovoTestamento,todosos cristossosacerdotes(1Pd2.9).Dentrodolarcristo,ospaissoossacerdotes dafamliaque,nocontextobblico,refletecomclarezaoensinodasEscriturasem amor,queaexpressomximadorelacionamentofamiliar.Norelacionamento sacerdotalentrepaisefilhos,existemalgunsvaloresinsubstituveisnaconstruo do infante - projeto do Senhor. Podemos citar os que seguem. 117 CHAMPLIN, 2000, p. 2648. 118CHAMPLIN, 2000, p. 2648. 47 4.4.1 O amor UmadefinioescritursticaparaespiritualidadecristamaraDeuscom todoonossocorao,comtodaanossamenteecomtodasasnossasforase tambmdevemosamarosoutroscomoamamosansmesmos...(Mc12.33). Talvez seja difcil para alguns pais entenderem e se entregarem a esse amor. Existe noamorumadialticadaposseedaausnciadeposse.Desdequeseama seriamente,cessa-sedepertencerasimesmo,despoja-separaseoferecer. Portanto, o amor - incondicional - dos pais aos seus filhos se alimenta no prazer de dare nopeloquehdereceber emtroca.119 Ocaminhoparaesse amor difcil, pois exige sacrifcio. A criana constri o seu amor prprio, como tambm desenvolve seu amor aoprximo,principalmente,apartirdoamorquelheoferecidoporseuspais. Primeiro, ela deve se sentir amada para comear a se amar e amar aos outros.120 4.4.2 Figura materna e paterna No devemos transferiraningumaresponsabilidade de me e pai. Para setornarumapessoasadiaemadura,arepresentaodafigurapaternae maternafundamentalnaformao,nodesenvolvimentoeconstruomoral, social,emocionalepsicolgicadacriana.Acrianacriadasemreferencial masculino ou feminino pode se tornar aversiva s ordens dadas por representantes masculinos ou femininos, respectivamente. A figura do pai, ou pai substituto, faz-se necessriaparaensinarseufilhoacanalizarecontersuaenergiaagressivade formasocialmenteaceitvel,atravsdeesportes,trabalhofsicoououtras atividadesenergticasque,portradio,sorealizadasporhomens.Sema mentoriadopaiousubstituto,essaenergiaagressivapodeseexpressar cegamente e se tornar intil ou destrutiva.121 Algumasmesreagempositivamentemasculinidadedeseusfilhos. Outras,noentanto,a presenado filhoem suasvidaspressagiaameaae perigo. Elastmideiasdistorcidasouestreitassobreamasculinidadesaudvel.Asmes 119BAUMAN,Zygmunt.Amorlquido:sobreafragilidadedoslaoshumanos.RiodeJaneiro:Jorge Zahar, 2003. p. 100. 120FELDMAN, 2002, p. 37. 121BASSOFF,EvelynS.Entremeefilho:oquefazerparaseufilhosetornarumadultofelize realizado. So Paulo: Saraiva, 1996. p. 27. 48 estimulamseusfilhoshomensafirmandoeencorajandosuanaturezamasculina, porm os instintos protetores maternos podem dificultar tal tarefa e a figura paterna ajuda o filho a se emancipar dessas atitudes maternas.122 Asfilhas,porsuavez,assimilamomodelodasatitudesqueasmulheres podemesperardosexomasculino,naobservaodorelacionamentoentreseus pais. A ausncia do pai produz efeitos negativos no desenvolvimento psicossexual das filhas.123 ConformeEvelynBassof,aosecomprometeremcomocuidado compartilhado dos filhos, na proteo e nutrio, preocupando-se com a disciplina e se regozijando juntos, me e pai so levados a uma intimidade diria a partir da qual pode nascer um amor conjugal forte, profundo, duradouro e inquebrvel.124 Ultimamente, porm, temos testemunhado a decadncia do casamento, que trazsofrimento aos filhosdo divrcioetambm aoscasaismagoados. Quando um casaldecideseseparar,surgeumafasedeturbulnciacausadapelasmuitas negociaes para decidirem como ser a nova vida de cada um deles. Mesmo que o rompimento conjugal seja de comum acordo, esta fase significa muito mais que uma simplesseparao.Nessaturbulncia,ambosdevemajudarosfilhosdemaneira especialduranteoperododetenso.Osfilhosgeralmentemodificamseu comportamentocomcinismo,amarguraepoucocasocomautoridadese sentimentos alheios, quando percebem a tenso produzida pela separao dos pais no lar. Um senso de incapacidade de melhorar a situao, e uma sensao de estar sendo abandonados por um dos pais desarranja seu mundo. Os pais devem aliviar essassensaes,assegurando-lhesqueoproblemanoculpadeles.Odivrcio no termina com a ao do tribunal. Muito tempo depois de solues prticas terem sidoencontradasparaaruptura,aindapermanecegrandefermentosocialemoral que,apesardeinvisvel,afetaprofundamenteasvidasdetodososqueesto envolvidos.125 A criana pode sair ilesa ou mesmo fortalecida quando sofre a falta paterna, materna ou do divrcio de seus pais, atravs da resilincia, que a capacidade de 122BASSOFF, 1996, p. 28. 123MARULANDA, 2004, p. 18-19. 124BASSOFF, 1996, p. 121. 125JACOBSEN, 1985, p. 97. 49 serecobrarouseadaptarmsorteousmudanas.126ApsiclogaJoviana Avancientendearesilinciacomoumacapacidadequeconstrudadesdeo nascimento-possivelmenteatantes.127MariaCristinaRavazzolacita,emseu trabalho Resilincias familiares, que: Nesse caminho, encontrei as concepes da resilincia de grande interesse para pensar sobre os problemas de violncia familiar, maus-tratos infantis e abusos sexuais em criana. Apesar das descries sobre as conseqncias das experincias sofridas por algumas pessoas, tanto na bibliografia, como na experincia de colegas das redes em que me baseio, tambm surgiram descries de desenvolvimento de pessoasque noseguiam as predies desintomasedanos,citadospelasteoriastradicionaissobreaconduta humana.128 Embora os filhos que tm pais ausentes enfrentem dificuldades psicolgicas, noestocondenadosasermalajustadosouinfelizes.Ningumpode, naturalmente,substituirameouopaibiolgicoausentenavidadeumacriana, mas,naausnciadeumdeles,pode-seconduziracrianaaoutrosmodelos vivenciais de fora e integridade. Outras pessoas que so presenas temporrias e nopermanentesnavidadacriana,comoseutreinador,ospaisdosamigos,os amigosdameeseusprofessores,podem,positivamente,afetarseu desenvolvimento saudvel.129 4.4.3 Disciplina Apalavradisciplinaderaizlatinaesignificaensinar,instruir,educar.A disciplinascrianasemumafamliatonecessriaquantoosligamentosno corpohumano.Opropsitodadisciplinamodelarocarterdacriana,formando umhomemoumulhercomqualidadesmoraiseintelectuais.Calvinocitaque,sem aconselhamento e admoestao, o discurso com objetivo de ensino equivale a jogar palavrasno ar.130Muitospais, hodiernamente, entendemqueascrianasprecisam de liberdade absoluta para o seu desenvolvimento, pensam que o no pode inibe o 126 MELILLO,Aldo;OJEDA,ElbioNstorSuarez.Resilincia:descobrindoasprpriasfortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 88. 127 AVANCI, Joviana. Resilincia encontrar foras para transformar dificuldades em perspectivas de ao.IHUOnline.Disponvelem: . Acesso em: 26 ago 2008. 128RAVAZZOLA, Maria Cristina. Resilincia familiar. In: MELILLO, Aldo; OJEDA, Elbio Nstor Suarez. Resilincia: descobrindo as prprias fortalezas. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 79. 129BASSOFF, 1996, p. 142. 130CALVINO apud FERGUSON; WRIGHT, 1992, p. 298. 50 desenvolvimentodesuapersonalidade.Tudopermitido.Elasprecisamde liberdadetotalparaseexpressar.Essaformadeeducaopodelevaracrianaa sriosprejuzos.IamiTibadizqueoprazerdosimmuitomaisverdadeiroe construtivo quando existe o no.131 A atual gerao se deixa guiar erradamente por umapsicologiasuperficial.Oconceitohedonistadeificaosdesejos,proclamauma liberdadequeliberaosnossosimpulsosparaencontrargratificaoaqualquer preo.Semdisciplina,acriananoaprendercomorealizaramaiselementar tarefadavida.Deixandoacrianaabsorvidanosprazeres,permitindoqueesses assumamocontrole,terdificuldadeemcompletarcompromissoscomestudo, trabalho,etc...Nofazendotudooquedesejaqueacrianacrescerfortee resoluta.132 AsSagradasEscriturasnosdizemqueoprprioDeususaadisciplinaa Seus filhos amados (Hb 12.6). A disciplina, quando aplicada, no parece ser motivo de alegria. Os resultados, entretanto, mostraram o seu valor (Hb 12.11). A disciplina no significa agresso, nem fsica, nem verbal, nem psicolgica, nemcomportamental.Disciplinar,instruiroueducarnoexigirdascrianas comportamentodeadultos.Elassocrianasebomqueajam comocrianas.O propsitodisciplinarinicialdospaisdeveserodecapacitarseusfilhosase integrarembemnafamlia,paraobeneficiomtuodecadamembro.Adisciplina incorrer em limites que protejam a criana. Toda criana precisa de limites. Esses limites devem ser claros para ela. Para aprender, ela precisa conhecer a razo dos limitesquerecebe.ConformeElaineCruz,todoindivduoprecisasercontroladoe instrudoparafazer