A revolta contra turistas...to, para as ruas de Lisboa e Porto, apinhadas de turistas, num número...

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A revolta contra os turistas Manifestações e mensagens agressivas contra visitantes estrangeiros alastram por toda a Europa. Especialistas alertam para a necessidade de regular o mercado para evitar que a tendência chegue a Portugal Por: Paulo Lourenço

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A revoltacontraos turistasManifestações e mensagens agressivas contravisitantes estrangeiros alastram por toda a Europa.Especialistas alertam para a necessidade de regular omercado para evitar que a tendência chegue a PortugalPor: Paulo Lourenço

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QUANDOOS TURISTASSAPOSMAUS DA FITANAS CIDADESMassificação do turismo, sobretudo na Europa, está a despertar cada vez maisprotestos contra o excesso de visitantes estrangeiros. Paredes com inscriçõesagressivas, manifestações e ataques a hotéis e um autocarro têm chamado a atençãoda opinião pública. Em Portugal, a "revolta" é, para já, pouco visível, ficando-sepelas redes sociais. Mas os especialistas avisam que é preciso tomar medidas

Por: Paulo Lourenço

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ESSENCIAL

1,2 mil milhões de viagensO Fórum Económico Mundial

registou 1,2 mil milhões de

chegadas internacionais no

ano passado - 4B milhões a

mais do que em 2015. Um nú-mero que está previsto conti-nuar a aumentar na próximadécada, o que levou as NaçõesUnidas a designar 2017 comoo Ano Internacional do Turis-mo Sustentável para o Desen-volvimento. Um cenário quemostra que há mais pessoasdo que nunca a viajar e meno-res barreiras à entrada nos

países. Por outro lado, assiste--se a estadas cada vez maiscurtas nos destinos.

"Turismofobia" é o nomedado ao fenómeno que, porestes dias de verão, se tornouainda mais visível em váriascidades europeias. Em Espa-nha, sobretudo em Barcelo-na, os protestos assumirammesmo contornos mais vio-lentos (ver mais noticiário napágina 5), mas de outros lo-cais como Veneza, Florençaou Berlim chegam sinaispreocupantes da saturaçãoda população. Tudo isto ape-sar do turismo continuar aser uma importante fonte di-namizadora das economiasdestes países, onde o setorrepresenta parte importantedo PIB (Produto Interno Bru-to), sempre em valores supe-riores a dois dígitos.

Mesmo sem recorrer àsestatísticas oficiais, é inegá-vel o aumento de visitantesem circulação pelas cidadeseuropeias. Portugal não fogeà regra, bastando olhar, so-bretudo neste mês de agos-to, para as ruas de Lisboa e

Porto, apinhadas de turistas,num número impensável hácinco, dez anos.

Brito Henriques, profes-sor do IGOT (Instituto deGeografia e Ordenamentodo Território), em Lisboa, ex-plica esta massificação combase em duas novas variá-veis introduzidas nos últi-mos anos: a multiplicaçãodos voos low-cost e do aloja-

mento local. "É inegável queas pessoas hoje viajammais", aponta.

As manifestações antitu-ristas por toda a Europa as-

sumem vários tipos, mas, noessencial, assentam muitona pressão que o alojamentolocal exerce sobre as rendas.Os habitantes dos núcleoshistóricos veem-se empur-rados para fora, ao não con-seguirem competir com osvalores praticados no setordo alojamento local. Depois,há várias formas de protesto.

Bandeiras africanasUma das mais originais che-ga de Berlim, onde residen-tes alemães do Centro Histó-rico penduram bandeirasafricanas nas janelas. "Que-rem passar a ideia a poten-ciais investidores que não é

muito interessante ali mo-rar", explica José Alberto RioFernandes, presidente daAssociação Portuguesa de

Geógrafos.Para o também catedráti-

co da Universidade do Porto,o segredo para travar estesentimento passa por "en-contrar o equilíbrio". "Háque saber gerir isto. Não va-mos acabar com a populaçãodas cidades nem correr comos turistas", defende.

Já Brito Henriques chamaa atenção para "o cuidado a

ter com o fenómeno da 'tu-rismofobia' e a sua visibili-dade", até porque, alega,"não deixa de ser uma espé-cie de xenofobia".

Salvador Alves Dias, pre-sidente da European TraveiPress, sublinha, por outrolado, a qualidade dos turistas

que enchem as cidades. "Há

pessoas que vêm de fora,com tudo pago e que nemnum café gastam dinheiro.Isso acaba por revoltar umaparte da população, que nãovê retorno nesta massifica-ção de visitantes", observa.

Os especialistas ouvidospelo JN estão de acordoquanto ao facto de em Por-tugal não serem previsíveis,no imediato, manifestaçõesde "turismofobia" com umaescala idêntica à verificada

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em outras cidades . Aindaassim, destacam que há jásinais de algum desconten-tamento, sobretudo em Lis-boa e Porto.

Rio Fernandes sublinha o

caso do Porto, apontando o

caso dos autocolantes "Mor-to.", que há dias originarama indignação de Rui Moreira,presidente da Câmara da Invicta. "Tem um pouco a vercom isto. Foi um sinal, comque os autores pretenderampassar a mensagem que a ci-dade está a morrer com o tu-rismo a mais", destaca.

Para o catedrático por-tuense, a tendência das pes-soas viajarem mais peloMundo "está para ficar" e porisso convém que se pense o

modelo de cidade. "Falta sa-ber se gerimos isto ou se nosdeslumbramos, do tipo vêmaí os turistas vamos mudaristo tudo para eles", refere,destacando que, por partedos investidores privados, "a

tendência é para o deslum-bramento, porque acarretamais benefício económico".

Rio Fernandes chama ain-da a atenção para o conflitode interesses inerente. "Dooutro lado, há pessoas quequerem apanhar transportespúblicos, mutas vezes lota-dos pelos visitantes, quequerem dormir à noite, ousimplesmente continuar aviver na cidade", destaca.

"A cidade não deve serpensada como a 'cidade doturista', mas como 'a cidadecom o turista'", aponta.

Brito Henriques conside-ra, por seu turno, que nocaso português não se deve

pensar, apesar de tudo,"num cenário de total desre-

gulação". "Alguma regra vai

ser sempre ser necessária erecordo que há fortes pres-sões, nomeadamente os ho-teleiros, que são muito críti-cos em relação ao alojamen-to local, para que isso se ve-rifique", sustenta.

O geógrafo do IGOT acre-dita também que a Portugalnão deverão chegar protes-tos com a mesma intensida-de dos verificados noutraspartes da Europa, nomeada-mente no país vizinho. "Pres-sinto, no entanto em Lisboae no Porto, algum mal-estar.E, se nada for feito, pode darorigem a situações incómo-das daqui a dois três anos.Mas já foram introduzidas al-

gumas regras, como a limita-ção da circulação de tuque-tuque ou autocarros turísti-cos. Acho, por isso, que esta-mos a viver já numa fase de

alguma acalmia. O grande'boom' viveu-se entre 2014 eo ano passado", diz.

Salvador Dias chama a

atenção para outro fator a terem conta; a "moda". "Hoje,sabe-se que Lisboa e Portosão exemplos disso. Está namoda visitar estas cidades,mas convém lembrar queesta é cíclica. É preciso pen-sar o que vai acontecer de-pois, nomeadamente seacalmarem as situações so-ciais e políticas em países

africanos e no Médio Orien-te, que deixaram de atrair vi-sitantes devido à instabilida-de que ali se vive", observa.

Reabilitação de edificadoUma convicção partilhadapor Rio Fernandes. "Com es-ses conflitos, os turistas es-tão hoje concentrados nolado norte do Mediterrâneoe Portugal acaba por sentiresse efeito", afirma, recor-dando que nem só Lisboa ePorto estão cheias de estran-geiros. "Observamos estaconcentração em Coimbra,Évora, Guimarães, Braga eoutras".

Há também algum apelo à

ponderação quando se dizque é o turismo e o aloja-mento local que empurramas populações para fora dascidades. "Estes fenómenostambém permitiram a recu-peração do edificado em al-guns bairros das cidades. E

recordo um estudo do ISCTE

que revela que a maioria dos

alojamentos colocados nomercado não estavam ocu-pados. Ou seja, foram reabi-litados e voltaram a entrarnesse mercado", defende.

Luís Mendes, geógrafo doIGOT, refere que em Lisboajá são visíveis alguns autoco-lantes contra o turismo. "Não

agressivos, mas que expres-sam desalento e preocupa-ção, explica. E acrescentaque a razão para estes senti-mentos deriva diretamenteda capital "entrar pela pri-meira vez nestas dinâmicasglobais de investimento, emque a habitação não é dirigi-da aos locais, mas encaradacomo um ativo financeiro".

Em resumo, os especialis-tas ouvidos pelo IN não se

mostram totalmente sur-preendidos pelas notíciasque chegam de fora sobre arevolta de populações contrao excesso de turismo, masconsideram que em Portugalainda se está a tempo decontrolar a situação de modoa evitar que o fenómeno cá

chegue. Para isso, são unâni-mes em pedir regulação aos

órgãos de poder. •

59,4milhões de dormidas

Segundo o Instituto Nacionalde Estatística, o setor de

alojamento turístico totali-zou no ano passado 21,3 mi-lhões de hóspedes e 59,4milhões de dormidas, cor-respondendo a aumentos de

11,1% e 11,6%.

6,3mil milhões de euros0 presidente da Câmara Mu-nicipal de Lisboa, FernandoMedina, afirmou recente-mente que o setor turísticovale 6,3 mil milhões de eu-ros na economia da cidade, o

que equivale a quatro vezeso setor do calçado no país.

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EXPERIÊNCIA EM LISBOA

Lifeccoler aproveitacasas universitárias

Empresa especializada em pacotesde experiências turísticas queraproveitar os alojamentos vagos nacidade este mês para colmatar as faltasde alojamento para os milhares deturistas que procuram a capital. Apostaestá a correr bem e compreende aindaopções como quartéis e seminários.

A marca Lifecooler, da em-presa portuguesa Sítios,quer aproveitar as residên-cias universitárias, que seencontram vazias este mêsde agosto, para alojar turis-tas que queiram visitar Lis-boa numa época que temmuita procura.

"A ideia partiu da consta-tação de que a cidade estácom muita procura e, aomesmo tempo, tem sítios

disponíveis", como as resi-dências universitárias, já queos estudantes estão de férias,explicou à agência Lusa,Paulo Parreira responsávelda empresa.

E, ao abrigo da lei do alo-jamento local, o novo con-ceito permite "aproveitar aoferta que existe e 'casá-la'com a procura excecional"que se regista atualmente

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em Lisboa, acrescentou. Para

já, a marca, que se dedica es-sencialmente a disponibili-zar experiências, apostounum projeto-piloto e arren-dou uma residência univer-sitária com 48 quartos e 68camas, durante o mês de

agosto, e decorou o espaçocom sugestões de viagens,locais a visitar e passeios a

Lisboa.

Aproveitar inativos"A Lifecooler não é de todo

quartos, tem uma atividade

relacionada com experiên-cias e esta ideia permiteaproveitar espaços inativos",fazendo do alojamento o

ponto de partida para co-nhecer a cidade, reforçouPaulo Parreira.

Além das residências paraestudantes, a maior parte das

quais pertencem a universi-dades, o responsável da mar-ca especialista em experiên-cias turísticas refere o exem-plo de outros espaços vagos,como seminários ou quar-téis.

Iniciado a 1 de agosto, o

novo projeto designadoRooms & Experiences "estáa correr bem", já que a taxade ocupação é de 70%, masPaulo Parreira prefere espe-rar pelo fim do mês para fa-zer uma avaliação e decidirse é para apostar.

A verdade é que a ofertade alojamento na capital temsuscitado um amplo debate,havendo mesmo dentro dosetor quem olhe com algumadesconfiança o futuro.

Em maio, os hoteleiros es-

timaram que a oferta em Lis-boa seja superior à procuranos próximos anos, caso seconfirmem as previsões de

que a capacidade do aero-porto da capital se esgote em2018.

O presidente da Associa-ção de Hotelaria de Portugal,Raul Martins, sugeriu então

que e a TAP "repense o Portocomo um 'hub' para voos in-tercontinentais e para a Eu-ropa", em vez de concentraras operações em Lisboa. •

COMO A ESPANHA ESTÁ A LIDAR COM 0 PROBLEMA

Manifestações e mensagens violentas contra turistas nas paredes de várias cidades

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BARCELONA

ATAQUE A HOTÉISEm Barcelona - a cidade es-panhola onde as manifesta-

ções contra o excesso de tu-ristas têm sido mais frequen-tes - seis hotéis foram ata-cados nos últimos mesescom arremesso de objetospor parte de grupos de radi-cais, que querem travar o au-mento desenfreado de visi-tantes estrangeiros. Tambéma Arran - uma associação da

esquerda independentista -reivindicou o ataque a umautocarro turístico de Barce-lona ocorrido no final do últi-mo mês. Os ativistas fura-ram um pneu e pintaram no

vidro dianteiro a inscrição: "0turismo mata os bairros".Por outro lado, nas últimas

semanas estão a aparecerinscrições nas paredes cada

vez mais agressivas. "Todos

os turistas são bastardos",foi escrito há poucos dias

num mural do bairro de

Gràcia. De acordo com uma

sondagem do município,

apesar de a maioria dos ci-dadãos (86,7%) considerar

que o turismo é benéfico,

quase metade dos inquiridos

considera que a cidade está a

chegar ao limite.

PALMA DE MAIORCARESTAURANTE ATACADO

Também no final de julho,cerca de 20 membros do

movimento "Arran PaTsos

Catalans" invadiram um res-taurante no Moll Vell, em

frente à catedral de Palma de

Maiorca, atirando diversos

objetos aos clientes que ali

jantavam. Alguns subiramtambém aos iates amarradosna marina para protestarcontra o turismo em massana ilha. As imagens do pro-testo foram difundidas nasredes sociais, num vídeo em

que é possível ver vários ele-mentos empunhando carta-

zes com frases como "0 tu-rismo mata Maiorca" e "Aquiacontece a luta de classes",escritas em inglês.

SAN SEBASTIANMANIFESTAÇÃO AGENDADAEm San Sebastián, no País

Basco, militantes de esquer-da convocaram uma mani-festação contra o turismo

para o próximo dia 17, sob o

lema: Turismo e miséria

para a juventude". A cidaderecebeu no ano passado doismilhões de visitantes, o do-bro do que recebia há cinco

anos. Depois de Barcelona,aquela cidade vasca é o des-tino turístico de maior renta-bilidade no país vizinho. 0

governo local está a prepararuma lei para limitar o núme-ro de hotéis no centro histó-

rico, a fim de evitar proble-mas semelhantes aos que se

já se verificam na Catalunha.

VALÊNCIAAPELOS AO CONTROLO

Os habitantes do "Barrio dei

Carmen", em Valência, co-

meçam a dar mostras de sa-turação de turistas, culpandoo fenómeno pela subidaacentuada do preço das ren-

das, que está a empurrarpara fora do bairro alguns dos

seus moradores mais anti-gos. Exigem à Câmara queadote medidas para controlaro aumento desenfreado de

visitantes no centro históricoda cidade.

MADRID"ENTERRO" DA MORADORA

Este ano, o Carnaval em Ma-drid contou com uma sátiraalusiva à "turismofobia": o

"enterro da moradora". Na

prática, tratou-se de umalerta para a problemática da

subida das rendas em virtu-de da pressão do alojamentolocal. A capital espanholanão é, no entanto, das cida-des onde mais se têm regis-tado protestos. Recente-mente, Cristina Cifuentes,presidente da ComunidadeAutónoma de Madrid apeloupublicamente ao fim das

práticas "irracionais e selva-

gens" contra os turistas.

ILHAS BALEARESLIMITES AO ALOJAMENTOA reforma da lei turísticaaprovada pelo governo autó-nomo das ilhas Baleares co-locou um limite ao alojamen-to de visitantes em estabele-cimentos turísticos legais. 0teto definido é de 623 624alojamentos, dos quais a

maioria (435 707) se situaem Maiorca. 0 Governo prevêuma multa até 400 mil eurosàs plataformas que não

cumprirem as regras.

ITÁLIA IMPÕEREGRAS E ATÉIÁ RECORRE AMANGUEIRASPARA TRAVARPIQUENIQUES

Controlar os excessos dos turistas foi o motepara as autoridades italianas imporem regrasaos visitantes em várias cidades, uma medidaencarada com alguma polémica, mas que visasobretudo proteger o património e sossegar oshabitantes locais, que começam a dar mostrasde cansaço perante a massificação do setor.

Veneza impôs limites ao restringir, pela pri-meira vez, o número de pessoas numa festanos seus famosos canais. Milão e Florença sãooutras duas cidades que já avançaram commedidas para o controlo de turistas, tal comoa própria capital Roma.

Os banhos descalços em chafarizes conce-bidos há 400 anos e restaurados recentemen-te com dinheiro público, como o da praça deBarberini, em Roma, os rabiscos nas paredes

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antigas e a urina que marca as ruas e os mo-numentos começaram a aumentar significa-tivamente. Estes atos começam a importunaros moradores, que se manifestam cansados e

indignados com os constantes abusos dos vi-sitantes. Para responder a isto, foram destaca-dos cerca de quatro dezenas de segurançaspara vigiar as fontes públicas da capital.

Por sua vez, Milão proibiu as garrafas de

plástico, latas e selfiesticks numa das princi-pais áreas da cidade, o Bairro dei Navigli, e

Florença faz uso, desde o mês passado, de

"mangueiras preventivas" a irrigar as praças,onde se situam os monumentos mais procu-rados da cidade, de forma a evitar que os tu-ristas ali façam os tradicionais piqueniques,deixando o espaço sujo.

"Queremos evitar que as pessoas comam,bebam e sujem estes locais como se estives-sem num restaurante. Não pretendemos serduros com multas, preferimos medidas maissuaves e acreditamos que possam ser efica-zes", afirmou, a propósito, Dario Nardella,vereador da Câmara de Florença.

Em Milão, as autoridades locais tambémadiantam que a ideia não é punir ninguém,mas apenas uma tentativa de mudar hábitos.Ainda assim, avisam que estas medidas, parajá temporárias, "podem passar a definitivas".

No ano passado, mais de 56 milhões de es-trangeiros visitaram Itália, com o turismo a

representar entre 10% a 12% do PIB daquelepaís. •

Turistas lavam-se nas fontes públicas

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