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A silagem de milho reidratado é uma forma de armazenamento do grão na fazenda
e pode aumentar a digestibilidade do amido. Nos Estados Unidos, o milho
cultivado é predominantemente farináceo (Macio ou dentado, apesar do escore de
indentação não ser uma medida válida da textura do endosperma no grão),
enquanto o milho cultivado no Brasil é predominantemente vítreo (Duro ou flint).
Híbridos duros são menos digestíveis do que híbridos macios. Como híbridos de
milho brasileiros têm baixa digestibilidade, por terem endosperma de alta
vitreosidade, a silagem de milho reidratado pode aumentar a eficiência alimentar
dos rebanhos bovinos, já que o milho é nosso principal concentrado energético.
A silagem de milho reidratado consiste basicamente na hidratação do grão maduro
moído, o que propicia sua fermentação e armazenamento como silagem. Durante
a ensilagem do grão ocorre a degradação de prolaminas envolvendo os grânulos
de amido no endosperma, aumentando o acesso enzimático ao amido no trato
digestivo, capaz de aumentar a proporção da digestão ocorrendo no rúmen. Maior
digestão ruminal do amido pode aumentar a síntese de proteína microbiana, a
eficiência de utilização do nitrogênio dietético, o consumo de matéria orgânica
digestível, dentre outras características ligadas a produção animal. Entretanto
dietas devem ser formuladas na medida certa, para então usar adequadamente o
alimento, de modo a evitar a ocorrência de acidose ruminal.
Como a moagem e ensilagem do milho maduro é uma operação programável, a
tecnologia é adotável tanto para pequenos como para grandes produtores, já que o
moinho pode ter uso comunitário. A técnica pode aumentar a eficiência de uso da
mão de obra e pode induzir ganho financeiro pela possibilidade de armazenamento
do milho na fazenda e pela obtenção de ganho em digestibilidade do amido, o que
é capaz de reduzir o uso de alimentos concentrados (ração).
Práticas para confeção da silagem de milho reidratado
Em grãos maduros a moagem pode ser fina, o que pode fisicamente aumentar a
digestibilidade do amido no rúmen. Uma prática fundamental para a qualidade da
silagem de milhoreidratado é a homogeneização da água ao grão moído. Este
processo pode ser realizado através de uma adaptação de canos ao moinho para
hidratação simultânea à moagem próxima ao silo (Figura 1), por mistura da água
ao grão já triturado em um vagão misturador ou por adição de água a uma rosca
sem-fim após a moagem.
A adaptação no moinho consiste em passar canos perfurados imediatamente
abaixo da peneira do equipamento. Desta maneira, o milho triturado é
imediatamente misturado à água e cai no silo bem homogeneizado. Caso a água
seja incorporada ao milho moído por mistura não vigorosa, a hidratação do grão
não será perfeita, e pode resultar em perda do ensilado por crescimento de fungos.
Enfatizar a importância da incorporação perfeita da água ao milho moído é
importante. Distintamente da prática de aspergir inoculantes em silagens com o
intuito de atuar positivamente sobre o processo fermentativo no silo, a quantidade
de água necessária para trazer o teor de umidade do grão maduro para valores
adequados à ensilagem é bem maior.
Com base no pH final das silagens, obter teores de umidade do ensilado acima de
30% da matéria natural é adequado. A recomendação prática tem sido acrescentar
de 250 a 300 litros de água por tonelada de milho com teor de umidade ao redor
de 12%. Ao longo do processo de moagem e incorporação da água é
recomendável mensurar periodicamente o teor de umidade do grão hidratado e
ajustar a vazão de água de acordo com a meta desejada. Na prática, isto pode ser
feito de forma simples por tostagem em frigideira de uma quantidade conhecida de
grãos, até que não ocorra mudança no peso da amostra.
Em silagem de milho reidratado, a densidade é de 900 a 1000 kg/m3, quando
teores de umidade do ensilado atingem mais de 30% da matéria natural. Como a
profundidade de descarga de silagens deve ser de pelo menos 15-20 cm da face,
visando reduzir perdas por deterioração aeróbica durante o descarregamento, se
recomenda que silos de milho reidratado sejam menores que silos utilizados para a
forragem de milho, já que a quantidade do alimento fornecido por animal é menor e
a densidade da silagem é maior no reidratado.
Menores valores de perda de matéria seca e pH em silagens aditivadas com
inoculantes microbianos sugerem que o investimento neste tipo de aditivo é
recomendável. Apesar da ensilagem ocorrer mesmo sem o uso do inoculante, o
alto valor financeiro por unidade de milho ensilado, comparativamente a uma
silagem de planta inteira, pode justificar a prática de inoculação, como forma de
garantir um melhor perfil fermentativo e reduzir a perda de alimento durante a
estocagem no silo.