À tabela 87

6

Click here to load reader

description

Orgão da Comissão de Trabalhadores da CP

Transcript of À tabela 87

Page 1: À tabela 87

Em resposta às movimentações da CT

e dos pais, do conjunto dos ferroviários e da Comunicação Social, o ministro das Obras Públicas declarou na Assem-bleia da República que o anúncio do encerramento dos infantários da CP não se concretizaria. Esta posição de Mário Lino foi tomada em resposta a pergun-tas de vários deputados, nomeadamente de Bruno Dias, do PCP.

Na medida em que a decisão do CG tinha sido tomada ao arrepio das pro-messas do primeiro ministro, de alargar o apoio às crianças, abrindo mais cre-ches e jardins de infância e apelando ao mecenato social das empresas a garan-tia agora dada pelo ministro não espan-ta nada.

Mas não se pense que o assunto está encerrado. Como sabemos a CT e os pais batem-se desde há 20 anos pela manutenção dos infantários e pela

atribuição de um subsídio a todos

os que a eles não tiveram acesso. Como todos sabemos a CP fez grandes investimentos em obras no Entroncamento e na aquisição de um edifício e obras de adapta-ção na Parede. Como justificar, então, o anúncio do encerramento, ainda por cima em flagrante e incontornável contradição com a propaganda do governo?

Mas não vamos admitir que o assunto dos infantários está encer-rado. Antes pelo contrário, a CT já fez ver ao CG que os trabalhadores estão não estão dispostos a aceitar que a solução resida em dividir por 800 o que agora paga a 135…

Na reunião do dia 4 de Março o CG (que ainda há quatro meses afirmara que a situação dos infan-tários não sofreria quaisquer

mudanças, depois de anunciar o

encerramento, parece preparar-se agora para alterar o seu actual mode-lo de gestão. Em que sentido vai ser feita esta mudança?

Aqui está, agora, o problema, por-que, ao que parece, o CG prepara-se para descartar as suas responsabili-dades.

A CT desde já declara que não aceitará, sem luta, a transferência dos infantários para terceiros, embo-ra, como sempre disse, esteja dispo-nível para participar na gestão, nos termos e com as consequências que a Lei aplicável estabelece.

Esta disponibilidade acaba aliás, de ser, reafirmada pela CT em carta dirigida ao CG, o qual, não pode de forma alguma alijar os compromis-sos que tem relativamente aos seus trabalhadores.

ORGÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP Nº 87

CG LEVA PUXÃO DE ORELHASCG LEVA PUXÃO DE ORELHAS

LUTA PELOS INFANTÁRIOS VAI PROSSEGUIRLUTA PELOS INFANTÁRIOS VAI PROSSEGUIR

Page 2: À tabela 87

INFORMAÇÃO Nos termos dos Estatutos, a Comissão de Trabalha-

dores já nomeou os seus três representantes para a Comissão Eleitoral que vai organizar e presidir à elei-ção da próxima CT E respectivas Sub-CT's.

Assumindo desde já as suas funções a Comissão Eleitoral, informa que a eleição para o próximo manda-to será efectuada no dia 3 de Abril de 2008.

Ao dar início às suas funções a Comissão Eleitoral, faz a divulgação das convocatórias, das Sub-CT's a eleger, o número de membros de cada uma assim como o seu âmbito e os locais das mesas de voto.

PLENÁRIO GERAL ELEITORAL CONVOCATÓRIAS

Tendo em conta a duração do mandato prevista no

Artigo 54º dos Estatutos aprovados e o disposto nos Artigos 91º, 92º e 93º dos mesmos Estatutos, a Comis-são Eleitoral da Comissão de Trabalhadores convoca todos os trabalhadores da Caminhos de Ferro Portu-gueses, E.P., para o acto eleitoral a realizar no dia 3 de Abril de 2008, entre as 8.00 horas e as 18.00 horas, com o seguinte objectivo:

ELEIÇÃO DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CAMINHOS DE FERRO PORTUGUESES, E.P.

Tendo em conta a duração do mandato prevista no

Artigo 54º dos Estatutos aprovados e o disposto nos Artigos 65º, 91º, 92º e 93º dos mesmos Estatutos, a Comissão Eleitoral da Comissão de Trabalhadores con-voca todos os trabalhadores da Caminhos de Ferro Portugueses, E.P., para o acto eleitoral a realizar no dia 3 de Abril de 2008, entre as 8.00 horas e as 18.00 horas, com o seguinte objectivo:

ELEIÇÃO DAS SUB-COMISSÕES DE

TRABALHADORES DA CAMINHOS DE FERRO PORTUGUESES, E.P.

Sub-Comissão de Trabalhadores da

Linha do Minho - 3 Membros Todos os trabalhadores da Linha do Minho, de Erme-

sinde exclusive a Valença, Linha de Guimarães, Ramal de Braga, estação de Leixões e Complexo de Guifões.

Mesa 1 - Viana do Castelo (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores da Linha do Douro - 3 Membros

Todos os trabalhadores da Linha do Douro de Erme-

sinde a Pocinho, Linhas do Tâmega, Corgo e Tua. Mesa 2 - Régua (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Contumil - 5 Membros

Todos os trabalhadores sedeados em Contumil. Mesa 3 - Contumil (Cantina)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Campanhã - 3 Membros

Todos os trabalhadores sedeados em Campanhã. Mesa 4 - Campanhã (Posto de Revisão)

2

Sub-Comissão de Trabalhadores de Porto S. Bento - 5 Membros

Todos os trabalhadores sedeados em Porto S. Bento. Mesa 5 - Porto S. Bento (Posto de Revisão) Mesa 6 - Porto S. Bento (Delegação da CT)

Sub-Comissão de Trabalhadores da

Linha do Norte e Vouga - 3 Membros Todos os trabalhadores da Linha do Norte, de General

Torres a Aveiro, Linha do Vouga e Ramal de Aveiro. Mesa 7 - Aveiro (Estação) Sub-Comissão de Trabalhadores da Linhas

do Norte e Beira Alta, Ramais de Cantanhede e Alfarelos - 5 Membros

Todos os trabalhadores de Coimbra, Figueira da Foz,

e Alfarelos, Linha do Norte de Pombal a Aveiro exclusi-ve, Linha da Beira Alta e Ramal de Cantanhede, Excep-to trabalhadores da CP Carga.

Mesa 8 - Coimbra (Estação) Sub-Comissão de Trabalhadores da CP Car-ga da Pampilhosa e Coimbra - 3 Membros

Todos os trabalhadores de Coimbra, Pampilhosa e

Linha da Beira Alta pertencentes à CP Carga. Mesa 9 - Pampilhosa (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Entroncamento, Linhas do Leste

e Beira Baixa - 5 Membros Todos os trabalhadores do Entroncamento, Linha do

Norte de Setil exclusive a Pombal exclusive, Linhas do Leste e Beira Baixa.

Mesa 10 - Entroncamento (Estação) Sub-Comissão de Trabalhadores das Linhas

de Sintra, Cintura e Oeste - 5 Membros Todos os Trabalhadores das Linhas de Sintra, Cintura

e Oeste e Manutenção de Campolide. Mesa 11 - Lisboa Rossio (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores da Linha de Cascais - 5 Membros

Todos os trabalhadores da Linha de Cascais e Manu-

tenção. Mesa 12 - Cais do Sodré (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores da Avenida da República - 3 Membros

Todos os Trabalhadores sedeados na Av. da Repúbli-

ca. Mesa 13 - Avenida da República (Edifício)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Lisboa Rossio - Serviços Centrais - 5 Membros

Todos os trabalhadores sedeados no complexo de

Lisboa Rossio, Edifício da Informática de Campolide. Mesa 14 - Lisboa Rossio (Serviços Centrais)

Sub-Comissão de Trabalhadores de

Campolide CP Lisboa - Serviços Centrais 3 Membros

Todos os trabalhadores sedeados nos Serviços Cen-

trais de Campolide CP Lisboa. Mesa 15 - Campolide (Serviços Centrais)

Comissão de Trabalhadores da Caminhos de Ferro Portugueses, E.P

COMISSÃO ELEITORAL

Page 3: À tabela 87

Sub-Comissão de Trabalhadores de Lisboa St.ª Apolónia - Serviços Centrais - 5 Membros

Todos os trabalhadores sedeados nos Serviços Cen-

trais, CP Frota, CP Regional, CP Longo Curso, CP Ser-viços e Manutenção.

Mesa 16 - Lisboa St.ª Apolónia (Serviços Centrais)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Lisboa Santa Apolónia - Estação - 5 Membros

Todos os trabalhadores sedeados na estação de Lis-

boa Santa Apolónia e Linha do Norte até Setil. Mesa 17 - Lisboa St.ª Apolónia (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores da Bobadela e Alhandra- CP Carga - 3 Membros Todos os trabalhadores sedeados no Complexo de

Mercadorias de Bobadela e Alhandra. Mesa 18 - Bobadela (Complexo de Mercadorias)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Barreiro - 3 Membros

Todos os trabalhadores de Barreiro a Pinhal Novo até

Setúbal. Mesa 19 - Barreiro (Estação)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Sul / Sado - 3 Membros

Todos os trabalhadores dos Complexos de Mercado-

rias de Praias do Sado, Poceirão e da Penalva. Mesa 20 - Poceirão (Complexo Oficinal)

Sub-Comissão de Trabalhadores de Alentejo / Algarve - 3 Membros

Todos os trabalhadores das Linhas do Alentejo e do

Sul a partir de Poceirão e Praias do Sado exclusivas e Linha do Algarve.

Mesa 21 - Faro (Estação)

Votos por Correspondência Todos os trabalhadores da empresa que votarem por

correspondência. Mesa 22 - Lisboa Rossio (Sede da C.T.) Lisboa, 14 de Março de 2008

A Comissão Eleitoral

É do conhecimento geral que os cucos, ou por serem preguiçosos, ou por manifesta falta de jeito, em vez de construírem os seus próprios ninhos, sempre preferi-ram depositar os ovos nos ninhos de outras espécies de aves.

Além dos famosos relógios suíços, em que o cuco divertidamente surge do interior do aparelho para nos

dar as horas, os cucos são, portanto, conhecidos tam-bém pelo habitual parasitismo da sua postura de ovos e, por acréscimo, do trabalho de criação dos seus rebentos.

Mas o que tem a CP de semelhante com os simpáticos pássaros?

Salta à vista que o caminho de ferro ocupa uma posi-ção de relevo nas infraestruturas que servem a mobili-dade das populações. Justifica-se portanto o relevo que possa ser dado às suas efemérides mais importan-tes, como foi agora a passagem dos 120 anos da Linha de Sintra e os 50 anos da sua electrificação. A juntar a estes eventos temos ainda a reabertura do túnel do Rossio.

Pois bem. Todo o mundo se põe nos bicos dos pés para se evidenciar com pompa e circunstância. E a CP o que faz? Que papel se reserva para si, para melhorar a sua imagem junto do público?

A resposta só pode ser uma, que resulta da observa-ção directa dos factos. NADA. Ou melhor, tal como as rolas, os tordos e outras espécies ornitológicas reduz-se ao triste papel de ama seca dos êxitos dos outros,

oferecendo-lhes a papinha toda feita, pois é aqui que se sustenta e promove, desde longa data, uma meritó-ria linha da defesa histórica do sector.

Claro que não vamos opor-nos a que este esforço da CP seja posto à disposição de todos, para engrandeci-mento do sector, que, em nossa opinião, até deveria ter um comando único, mas o que seria de esperar é que a CP fosse ressarcida dos custos que suporta, por quem deles beneficia. Claro como água.

Embora se oiça a cada momento, que as leis são para

cumprir, quando se trata de algo que favoreça os traba-lhadores depressa este princípio é ignorado.

No que concerne às informações profissionais esta situação de desprezo pelos compromissos, mesmo quando cimentados por regulamentação legal, verifica-se mais uma vez.

Há dezenas de trabalhadores que esperam há mais de dois anos pela famigerada informação profissional, de que dependem as suas evoluções na carreira.

À primeira vista julgar-se-ia que a empresa não pode arrogar-se o direito de fazer exigências aos trabalhado-res quando ela própria se esquiva, a todo o momento, às suas obrigações para com eles.

Instada mais uma vez pela CT a dar resposta objectiva e clara a esta questão, o CG prometeu (será desta que vai cumprir?) que o problema será resolvido ainda no primeiro trimestre de 2008.

No próximo dia 31 de Março cá estaremos a cobrar a promessa.

5

“À TABELA” Nº 87 MARÇO DE 2008

Orgão da CT da CP Redacção - Secretariado da CT da CP Composição e Impressão - CT da CP

Calçada do Duque, 14 Tel: 211023739 - Tlm: 917484271

1249-109 LISBOA

DOIS ANOS DE ATRASODOIS ANOS DE ATRASO NA INFORMAÇÃONA INFORMAÇÃO PROFISSIONALPROFISSIONAL

A CPA CP E OS CUCOSE OS CUCOS

Page 4: À tabela 87

NA CP CARGA O PROCESSO ANDANA CP CARGA O PROCESSO ANDA E A CP DESANDAE A CP DESANDA

Há quem diga que os povos têm a memória curta, esque-

cendo depressa o mal que lhes fizeram. De certa forma e até certo ponto isto até pode ser verdade. Os povos prefe-rem olhar para a frente em vez de insistirem na comemora-ção de passados desagradáveis.

Mas é claro que tudo isto tem os seus limites. No caso português todos estamos ainda recordados do paraíso que nos prometeram os agentes da privatização do Sector Público Empresarial. A crise, os salários baixos, o desem-prego e todos os outros aspectos negativos da vida dos portugueses, nos anos oitenta e noventa, resultava clara-mente, proclamavam eles, das nacionalizações. Com as privatizações tudo seria diferente. Os salários reais salta-riam para o valor médio da EU, o desemprego desaparece-ria como por encanto, os reformados iriam receber pen-sões muito mais altas, etc, etc.

Com a firme oposição da CGTP-IN as grandes empresas lá foram sendo oferecidas de bandeja aos privados.

Interpelado pela CT o CG acedeu a proporcionar-nos

uma visita aos espaços reservados aos trabalhadores depois das obras do túnel do Rossio.

Nesta visita, que decorreu um dia antes da reabertura da estação, a CT foi acompanhada pelo presidente e por outro elemento do CG. De tudo o que lhe foi dado observar a CT ficou com boa impressão das melhorias introduzidas nas instalações destinadas aos trabalha-dores.

De qualquer forma a CT pôde verificar que o espaço

Relativamente ao processo de privatização da CP Car-ga, que o CG, como se sabe, esconde sob o eufemismo de uma qualquer parceria estratégica, a CT voltou à carga, exigindo respostas claras sobre o que está a ser cozinhado nas costas dos trabalhadores.

Interpelando o CG sobre esta matéria, o mais que a CT conseguiu arrancar ao CG é que o processo está a 3

Casos houve em que foi a Caixa Geral de Depósitos que é do Estado, a financiar a compra de empresas ao Estado.

Decorridos dez, quinze, vinte anos, que espectáculo temos à nossa frente?? O desemprego nunca foi tão alto, nem tem parado de crescer, o trabalho precário, onde se destaca a vigarice dos recibos verdes, é hoje escandaloso, o poder de compra das famílias foi drastica-mente reduzido, assim como as pensões de reforma. Mas será que isto que temos hoje a miséria que estamos a assistir não tem responsáveis? Será que não há culpa-dos?

É evidente que, hoje, já começam a surgir algumas vozes contrárias à continuação do desmantelamento do Sector Público Empresarial, mas será bom que todos os que durante os últimos vinte anos defenderam o actual modelo económico e social, começam a pôr a mão na consciência porque, ao fim e ao cabo, as coisas têm todas uma justificação.

Quem são os culpados do estado de coisas a que chegámos? Não será ainda tempo de arrepiarmos cami-nho antes de vermos destruído tudo o que a Revolução de Abril nos proporcionou?

Isto está mesmo a caminhar para uma tragédia social nacional. E não há culpados?

O que fica dito relativamente à sociedade em geral tem aplicação, com as devidas correcções, no caminho de fer-ro, onde o encerramento de linhas e estações e a supres-são de mais de 10 mil postos de trabalho foram feitos a pretexto de eliminar o défice, o qual, entretanto, conside-rando o conjunto das empresas do grupo, foi sempre aumentando.

O poder de compra dos ferroviários sofreu um sério rom-bo nos últimos dez anos, ao mesmo tempo que as tarifas cobradas aos utentes cresciam de forma exponencial e o comboio era retirado a centenas de milhares de portugue-ses das zonas mais deprimidas do interior.

E perante isto tudo não há culpados?

reservado à tomada de refeições pelos trabalhadores é exígua, a que se junta um reparo relativo à falta de cobertura no pátio, pintura e arranjo do chão.

Ainda no espaço destinado aos trabalhadores verifi-cou a CT alguns trabalhos inacabados, admitindo, con-tudo que tudo poderia estar pronto a horas.

Ainda uma palavra sobre a fraca funcionalidade dos espaços de trabalho dos operadores nas bilheteiras. Está a CT convicta de que na arquitectura dos referidos espaços não foi suficientemente considerado o aspecto da saúde dos trabalhadores e o atendimento personali-zado que a CP quer para os seus utentes. Mas umas pequenas alterações, que aliás nem são caras, poderão resolver este problema.

Andar sem nada mais ter adiantado quanto aos pas-sos concretos da operação, nem tão pouco sobre as garantias de defesa dos interesses do País, da CP e dos seus trabalhadores.

Como sempre o segredo continua a ser a alma do negócio, mesmo quando estão em jogo os interesses colectivos.

ESTAÇÃO DO ROSSIOESTAÇÃO DO ROSSIO

E NÃO HÁ

CULPADOS?

EDITORIAL

Page 5: À tabela 87

PARECER DA CT SOBREPARECER DA CT SOBRE

A NOMEAÇÃO DO NOVO CGA NOMEAÇÃO DO NOVO CG

Fiel ao mandato que recebeu dos trabalhadores e na esteira do percurso percorrido por todas as CT’s, des-de a sua institucionalização, a Comissão de Trabalha-dores orgulha-se de agir sempre com a máxima lealda-de, para com todos, mesmo quando, na defesa intransi-gente da CP e dos ferroviários tem de assumir posições de maior firmeza.

Justifica-se esta nota de abertura pela especulação e pela intriga que alguns “Caçadores de Tachos”, aliás, já bem conhecidos, de todos, têm posto a correr acerca do nosso parecer sobre a nomeação do novo CG da CP.

Habituados a funcionar mais na base do oportunismo e dos interesses pessoais, esses tais revelam-se inca-pazes de reconhecer o mérito de quem, pessoas ou instituições, se norteiam por princípios de ética.

Para pôr fim à intrigalha aqui fica o texto integral do parecer enviado à Secretaria de Estado dos Transpor-tes.

PARECER DA COMISSÃO DE TRABALHADORES DA CP-CAMINHOS DE FERRO PORTUGUESES-EP, RELATIVO À NOMEAÇÃO DO CONSELHO DE GERÊNCIA, EMITIDO NOS TERMOS E PARA OS EFEITOS ESTABELECIDOS NO ARTI-GO 10.º DOS RESPECTIVOS ESTATUTOS

NOTA INTRODUTÓRIA Todos sabemos, por experiência feita nos últimos anos,

que as nomeações de gestores para a CP são feitas com base em critérios que se diriam exclusivamente políticos. É o que verificamos mais uma vez. Nesta nomeação do novo CG da CP, o qual, pela primeira vez depois do 25 de Abril, se apresenta com uma fachada monolítica, o que, à partida, denuncia a voracidade partidária a que se assiste em todos os sectores do País. Na realidade só antes do 25 de Abril, é que a CP foi comandada por equipas em que todos os seus membros, do presidente ao mais simples vogal, pertenciam ao mesmo partido, que na altura se designava por União Nacional, de triste memória.

Dito isto, que nos parece da maior relevância, podemos então partir para a valoração do trabalho realizado pelos três membros do CG ora reconduzidos. Lamentavelmente somos forçados a dar opinião negativa a todos eles, sobretudo quando não souberam ou não quiseram pôr os interesses da CP, das populações e dos ferroviários, aci-ma das tácticas conjunturais e partidárias do Governo. E sendo isto válido para toda a equipa, mais contundentes temos que ser em relação aos seus membros com liga-ções profissionais ao caminho de ferro.

Não é por acaso que entre os ferroviários circula a ideia de que o CG da CP tem funcionado no estilo de uma secre-taria-geral, que em vez de gerir a empresa com os olhos postos no seu desenvolvimento harmonioso, se limita a seguir cegamente as instruções da Rua São Mamede ao

Caldas, sem ambição nem perspectivas de futuro. Outra ideia que os ferroviários formaram nos últimos

anos é a de que uma das formas dos membros do CG garantirem as suas reconduções reside na simples atitude de não fazerem ondas.

Para não sermos exaustivos, damos apenas o exemplo do processo em curso que visa a privatização da CP Car-ga, no qual se torna evidente a passividade do CG face às políticas da Secretaria de Estado, que apontam claramente para a privatização deste importante segmento de activida-de da CP. Dá a entender, que sob o “manto diáfano” das parcerias estratégicas se esconde uma obscura negociata que visa deixar a CP ainda mais enfraquecida.

Os trabalhadores da CP já compreenderam isto há muito tempo. Ao retirarem-lhe o transporte de mercadorias esta empresa corre o risco de ter de extinguir mais umas cente-nas de postos de trabalho. Só o CG é que não vê isto? Mas não só os trabalhadores que podem vir a ser atingidos pela manobra de tais parcerias estratégicas. Os poucos que fossem poupados aos despedimentos disfarçados, ficariam, disso não temos dúvidas, sujeitos a pesadas res-trições nos seus direitos contratuais.

Ainda relativamente aos gestores reconduzidos, não pode esta CT omitir a sua declaração de estranheza quan-to ao facto de essa recondução poder significar um prémio e um voto de confiança num CG com responsabilidades directas na “trapalhada” que caracterizou a introdução do novo tarifário, com grave dano para a imagem da CP. Tudo isto se poderia ter evitado se o CG, em vez de se limitar a aceitar o tarifário sintonizado na da Rua São Mamede ao Caldas, tivesse ele próprio assumido essa tarefa, subme-tendo depois o resultado à homologação superior.

Quanto aos dois licenciados ora nomeados, José Salo-mão Coelho Benoliel e Ricardo Manuel da Silva Monteiro Bexiga, pouco tem esta CT a acrescentar, a não ser que, por mera questão de bom senso, se deveriam evitar nomes ainda envoltos em escândalos muito mediatizados.

Isto sem esquecermos que todos têm direito ao bom nome.

A concluir quer esta CT deixar bem claro que, pelas razões e factos acima aduzidos, não pode nem deve dar parecer favorável ás nomeações dessa Secretaria de Esta-do para o novo Conselho de Gerência da CP – Caminhos de Ferro Portugueses, EP.

Julgamos que, com esta nomeação, se tenha perdido mais uma oportunidade para dotar a CP com uma equipa de gestão com um mínimo de autonomia e mais interessa-da em servir o sistema ferroviário, as populações e os seus trabalhadores, e não dar a entender estar apenas às ordens do Governo e das suas obscuras parcerias estraté-gicas.

4

Page 6: À tabela 87

A minha Teresa, que além de muito

esperta, como todos já devem saber, é também muito organizadinha, quer nas arrumações lá de casa, quer nas ideias que escuta ou lê aqui e ali, que arquiva meticulosamente na sua memória.

Agora deu-lhe para coleccionar as promessas dos nos desgovernantes, para as confrontar com a realidade das suas políticas.

Com receio de que ela possa carre-gar mais nos aspectos negativos, cor-rendo o risco de ser injusta nas suas apreciações, procuro, por vezes deitar alguma água na fervura.

-Tu não vês, Zé, que esta gentalha que está a governar para uma dúzias de pançudos, o que os obriga a mentir despudoradamente…

-Mas no caminho de ferro ficamos agora com a garantia de que, com esta governante, não haverá mais encerra-mentos de linhas…

-A menos que seja por razões de ordem financeira, como avisou a dita cuja governante, como se nós não soubéssemos que todos os encerra-mentos já concretizados o foram pre-cisamente por razões financeiras e nunca para melhorar a qualidade do serviço prestado ao público…

-Tu tens sempre resposta para tudo, mas agora vais ficar de bico calado quando começar a ser construída a nova ponte para o Barreiro, com TGV e tudo…

JAMAIS me ouvirás criticar uma pes-soa por arrepiar caminho, corrigindo um erro em que estava a cavalgar. Mas de qualquer forma sempre te vou dizendo que as grandes decisões polí-ticas, quando estão em jogo muitos milhões, não podem ser tomadas com base numa mera convicção pessoal, mas sim fundamentadas em estudos sérios devidamente escrutinados com a máxima transparência…-Desculpa lá, Teresa, mas não estou a ver onde é que vês alguma incongruência ou con-tradição nos dois casos que acabo de referir.

-Ai não vês? Então não vês que daqui para a frente, com esta gover-nante, o único motivo que poderá 6

levar ao encerramento de linhas é

rigorosamente o mesmo que condu-ziu a todos os encerramentos já efectuados? E não vês, Zé, que JAMAIS, (na língua francesa, quer dizer NUNCA), por que, realmente, seria um disparate mandar construir um aeroporto em pleno deserto...-Mas por que razão é que tu andas porá aí a dizer que o governo tem as palavras trocadas, lá por que se enganou num ponto ou outro?

-Ai é? Então tu não vês que para eles dizer sim pode significar pura e simplesmente não. Queres um exem-plo? Prometeram baixar os impos-tos, porque o Durão de triste memó-ria tinha subido o IVA de 17 para 19%, mas logo que se apanharam no poleiro subiram-no para 21%. Eu já me calaria se eles se tivessem esquecido de baixar os impostos, mas fizeram precisamente o contrá-rio, aumentaram o IVA para 21%, tramando precisamente os mais des-favorecidos…

-Mas tu não podes esquecer que o Sócrates prometeu criar 150 mil novos postos de trabalho. Com o desemprego que aí vai seria uma coisa muito boa…

-Pois é mas o que o Banco de Por-tugal acaba de revelar é que o gover-no em vez de criar os tais 150 mil postos de trabalho, promessa com que ganhou a maioria absoluta, des-truiu cerca de 30 mil postos de traba-lho… Portugal é hoje o país da Euro-pa onde o desemprego tem crescido mais, atingindo no final de 2007 a taxa de 8,3%, com cerca de 500 mil trabalhadores sem ocupação, dos quais apenas metade recebe subsí-dio.

-De qualquer forma, Teresa, temos de reconhecer que alguma coisa boa tem estado a ser feita por este gover-no, na Saúde, na Educação, na luta contra a corrupção…

-Errado. Isso é tudo mentira. Por enquanto têm sido só a favor dos grandes tubarões dos bancos, do patronato e também dos políticos corruptos (segundo o Bastonário dos Advogados).

Na saúde o que ressalta é o fecho de urgências e maternidades dando pre-ferência aos privados, a que a maioria da população não tem acesso. Na Educação é a desestabilização genera-lizada das escolas, pela guerra da ministra contra os professores.

-Mas agora até os miúdos da primá-ria têm aulas de inglês, música e expressão teatral…

-Pois é, mas talvez não saibas que todos os professores que estão a dar essas aulas são miseravelmente corri-dos a recibos verdes, apesar de terem de cumprir horários rígidos e estarem sujeitos a uma hierarquia à margem da Lei.

-Olha Teresa, contigo não se pode falar, Tens sempre a resposta na pon-ta da língua… Mas tens de reconhecer que o presidente Cavaco pôs o dedo na ferida, ao denunciar os escandalo-sos rendimentos dos gestores, com-parativamente com o que pagam aos trabalhadores por eles geridos…

-Aí está um ponto em que devería-mos estar de acordo, mas isso foi tudo para inglês ver. Então tu não vês que eles são todos feitos da mesma massa.

-Mas eu, há dias, ouvi o Jorge Coe-lho, num programa de televisão com isenção política mais que duvidosa, afirmar que não se preocupa com os que ganham muito. O que o preocupa (será) são os que ganham pouco. Então esse indivíduo não compreende que a sua opinião está a legitimar, a dar apoio, a estimular, as desigualda-des sociais de que Portugal é já o campeão na Europa?

-Agora estou a ver… O próprio Mar-celo Rebelo de Sousa falou disso, há dias, na televisão, no programa em que é comentador político da Rádio Televisão de Portugal, principesca-mente pago pelos nossos impostos através de uma taxa obrigatória e cobrada pela EDP, que paga uma taxa de IVA de 21% ( É uma ironia não nos ver-mos ao espelho)…

-Pois é. Falou e falou bem. Parece que anda tudo confuso. Não é só as palavras, mas os conceitos e as fron-teiras ideológicas. O Jorge Coelho acha bem que um gestor em Portugal ganhe, em média, 32 vezes mais que um trabalhador da mesma empresa? Se calhar até acha, mas se assim é deveria explicar porque um gestor na Alemanha ganha apenas 10 vezes mais que o trabalhador e na Espanha apenas 15 vezes mais.

-Mas… -Qual mas, nem meio mas… O que

isto mostra é que umas dúzias de gulosos estão a comer as papas na cabeça dos portugueses…

-No fundo, Teresa, o que eles andam é com as palavras trocadas…

-Talvez, sim. Talvez seja isso...

Zé Ferroviário

palavraspalavras

trocadastrocadas