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Boqué Torremorell, M.C. (2008). Cultura de mediação e mudança social. Porto: Porto Editora. pp. 34-35, 53-70 Freire, I. & Caetano, A. P. (2004). Mediação em contexto comunitário- Etnografia crítica de um caso”, La trama,41, 1-12. Martinez de Murguia, B. (1999). Cap. 10 - La difusión de las técnicas alternativas de resolución de conflictos. In B. Martinez de Murguia. Mediación y resolución de conflictos – una guia introductoria. Buenos Aires: Paidós. pp. 159-169 Muldoon, B. (1998). La confluencia: La política de la totalidade in El corazón del conflicto. Barcelona: Paidós. Torrego Seijo, J.C.. (2003). Mediação de conflitos em instituições educativas. Porto: ASA. Pp. 57-59, 68-72; 98-104; 126-134 A técnica e a arte complementam se na medida em que é importante o mediador ter em conta as técnicas necessárias para a resolução de conflitos mas também é importante que este adote uma perspetiva pessoal com base nas suas experiências, uma vez que este deve ser criativo, flexível, capaz de se adaptar a diferente contextos.

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Boqué Torremorell, M.C. (2008). Cultura de mediação e mudança social. Porto: Porto Editora. pp. 34-35, 53-70 Freire, I. & Caetano, A. P. (2004).

“Mediação em contexto comunitário- Etnografia crítica de um caso”, La trama,41, 1-12.

Martinez de Murguia, B. (1999).

Cap. 10 - La difusión de las técnicas alternativas de resolución de conflictos. In B. Martinez de Murguia. Mediación y resolución de conflictos – una guia introductoria. Buenos Aires: Paidós. pp. 159-169

Muldoon, B. (1998). La confluencia:

La política de la totalidade in El corazón del conflicto. Barcelona: Paidós.

Torrego Seijo, J.C.. (2003). Mediação

de conflitos em instituições educativas.

Porto: ASA. Pp. 57-59, 68-72; 98-104;

126-134

A técnica e a arte complementam se

na medida em que é importante o

mediador ter em conta as técnicas

necessárias para a resolução de

conflitos mas também é importante

que este adote uma perspetiva

pessoal com base nas suas

experiências, uma vez que este deve

ser criativo, flexível, capaz de se

adaptar a diferente contextos.

Segundo o autor Seijo (2003), o processo de mediação passa por cinco fases: apresentação e

regras do jogo, onde são apresentados os mediadores e o próprio processo; ora conta lá, onde os mediados contam o que se passou; a clarificação do problema, onde se percebe em que ponto está o problema; a proposta de soluções, onde decidem

como resolver o problema; e para finalizar, o acordo, onde ambos os intervenientes assinam o que ficou acordado para a resolução do conflito.

O mesmo refere que os mediadores devem evitar os doze tipos de respostas que a maioria das pessoas

utiliza quando tenta ajudar alguém que se encontra no meio de um conflito (como por exemplo, dar

lições, aconselhar, ofender, interpretar…), pois, de certa forma, impedem que o mediado exprima as suas opiniões e os seus sentimentos, impedindo assim a compreensão deste pelos mediadores.

Seijo (2003) afirma que os mediadores devem utilizar a técnica da escuta ativa, pois “A escuta

ativa é a competência mais poderosa, interessante e útil para mediar qualquer conflito.” (Seijo, 2003,

p.70).

Segundo Torremorell (2008),

“As funções ligadas à figura do mediador requerem formação, estilo pessoal e um código ético que

impregne qualquer intervenção” p.59;

“cada mediador combina a técnica e a arte edificando um estilo próprio construído sobre um

universo de significações próprio.”p. 66 ;

“(...) desenvolvimento do processo (...) ser-lhe-á de grande utilidade conhecer e dominar um grande

leque de técnicas.”; “Se tentássemos aplicar sempre as mesmas receitas, não poderíamos, seguramente,

intervir com eficácia”. p.34

A medição é uma ‘tecnarte’, na medida em que, a

técnica e a arte na mediação complementam-se, pois

se na técnica temos o código ético, na arte temos o

estilo pessoal. O código ético é técnica, pois são um

conjunto de condutas iguais para qualquer mediador,

contudo, cabe ao medidor impor o seu estilo no ato

de mediar, até porque não existe nenhum conflito

igual e, perante cada caso, o mediador irá aplicar a

técnica de acordo com o tipo de conflito existente e

aí entra a arte de como é que cada mediador

consegue adaptar a técnica da mediação a cada

situação de conflito.

O conflito é inegavelmente parte integrante do quotidiano da sociedade em que vivemos,

tornando-se assim impossível evitá-lo. As situações de conflito desenrolam-se nas mais variadas esferas e meios, aos quais nenhum

indivíduo consegue estar imune. São exemplos disso o círculo de amigos, a

família, o trabalho ou outros grupos como o religioso ou até clubístico.

Dada esta imprevisibilidade e sendo que a mediação socioeducativa trabalha essencialmente situações de conflito, o mediador dificilmente trabalhará duas vezes com o mesmo contexto, as mesmas pessoas, o mesmo problema e as mesmas circunstâncias. A natureza espontânea, imprevisível e única dos conflitos requer muitas vezes que o mediador desenvolva algumas competências, independentes das técnicas que descrevem os procedimentos de forma linear, como as seguintes:

A criatividade

A adaptabilidade

A flexibilidade

A originalidade

A coragem/capacidade de arriscar, de inovar

e de improvisar

No fundo há uma aproximação àquilo que é o processo criativo, no sentido em que o mediador não consegue prever e acautelar tudo o que possa surgir no âmbito de uma mediação de conflitos. Além disso, o facto do mediador imprimir o seu

estilo e expressão pessoais, de forma criativa, leva, idealmente, a que os mediados aprendam a lidar

com os próprios conflitos, capacitando-os para tal.