A Tribuna 31 03 2014. Editorial Sobre 50 Anos Do Golpe
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Maurlio T. deCampos
Foi com imenso prazer que li o
artigo deMaurilio TadeudeCam-
pos, sob o ttulo Cinquenta anos
depois, publicado na edio de 24
de maro. Durante a leitura, uma
sutil aula de histria, situei-me no
tempo e no espao desses 50 anos
ali descritos comsabedoria, talen-
to e versatilidade. Maurilio soube
nos conduzir pelos caminhos do
Brasil, recheadosdeacertosedesa-
certos, um Pas que nos remete a
desejar que a esperana de con-
quistar dias ainda melhores no
tarde muito a chegar. Parabns,
Maurilio, e ao jornal A Tribuna
pelaoportunidadede tomarconta-
tocomtooportunoartigo.
MARIAESTELADUARTE SANTOS
>>Muitooportunooartigode
Maurilio Tadeu de Campos, pu-
blicado na edio de 24 de mar-
o. As escolas pouco falam a res-
peito desse perodo da nossa his-
tria. O escritor manteve-se coe-
rente com o seu texto, trabalhan-
do o espao de tempo de cinco
dcadas de maneira adequada
nossa compreenso. Meus cum-
primentos ao cronista!
CARLOSMARCELOCASTROLOVATTO SANTOS
Noitedegala
No dia 13 de maro, a Academia
Santista de Letras brindou-nos
com um sarau em homenagem a
CastroAlves. Foi uma bela noite
como h muito no assistamos.
Poesias de Castro Alves foram
apresentadas,masoqueencantou
foiaSerestadoConjuntodeChori-
nhoJorgeMaciel. Comoveu-nos
ver senhoras e senhores cantarem
com emoo as composies de
Pixinguinha, Paulo Vanzolini e
Cartola entre outros.Comcerteza,
recordavam o tempo da mocida-
de, tempo dasmatins danantes,
do Clube Atltico e da Sociedade
Humanitria. O que lamenta-
mos foi a ausncia dos acadmi-
cos. Apenas sete compareceram!
Foi bomestar l. Ao nos despedir-
mos, ficamos com gostinho de
"queromais".
CLOTILDEPAUL SANTOS
rvores:manuteno
Com referncia matria sobre o
plantio de rvores nas ruas da
Cidade pela Prefeitura de Santos,
publicadana edio de07demar-
o, na Vila Belmiro o plantio foi
efetuadoemnovembro,mas, infe-
lizmente, at agora metade das
rvores ainda no floresceram,
permanecendo no mesmo estgio
em que foram plantadas, enquan-
to outras j exibem copas em for-
mao. Assim como os muncipes
citados na matria, satisfeitos
com a iniciativa, tambm acolhe-
mos nossa rvore, trocando a
terra, adubando com insumos e
criandoumpequeno canteiro, po-
rmsemosinaldevida toespera-
do. J entramos em contato coma
Ouvidoria, mas sem resultado. A
iniciativabelssima,masnecessi-
ta de constante ateno e manu-
teno.
ARLENEFLORENCIO SANTOS
ATribuna: 120anos
Parabns aos 120anosdo jornal, o
que por si s j um fato notvel.
E congratulaes das mais efusi-
vas a todos que buscam fazer de A
Tribuna a voz da nossa regio
metropolitana.
ALBERTOMOURO
PREFEITODEPRAIAGRANDE
>>Poucos jornaisdirios tmsi-
do to longevos quanto A Tribu-
na. Parabns, portanto, a todos os
funcionrios e diretoria de A
Tribuna, pelos 120 anos de um
jornal que est, a cada dia, mais
moderno!
ANTONIOCARLOSBANHA JOAQUIM, VEREADOR
>>Formador de opinio, defen-
sor da liberdade e democracia,
indutor do nosso desenvolvimen-
to regional, com iniciativas que
vo desde a influncia na cria-
o da Regio Metropolitana da
Baixada Santista at a promo-
o de grandes eventos que mo-
bilizam a economia e poltica,
em mbito local e nacional. Lei-
tura obrigatria, sentimo-nos to-
dos, parte do jornal e da grande
famlia A Tribuna. Parabns pe-
los 120 anos.
JUANMANUELVILLARNOBOFILHO (MANDY),
PRESIDENTEPSDB-SANTOS
Esta efemride relativa aos cin-
quentaanosdainstauraodoregi-
me militar vem precedida por in-
tenso debate em toda a sociedade
brasileira rgos de imprensa
inclusive- colocando frente a fren-
te dspares verses de imputao
deresponsabilidadede ladoa lado.
Longede imiscuir-seemtoacalo-
rado debate, pretende-se apenas
alertar para a sua esterilidade na
medida em que distante de alterar
o passado, esquece-se de semear o
presente para o futuro. O quanto
maissereclamoudurantetalpero-
do foi justamente a ausncia de
obedincia vontade popular por
meio do voto livre, consciente e
sobretudodireto.
Naesteiradesteraciocnio, calha
a fiveleta relembrar que desde os
tempos de redemocratizao cabe
aoPoderJudicirio,deformacapi-
larizada por seusmembros de pri-
meirograu, a fiscalizaodamaior
conquista adquirida: a liberdade
do voto direto. O interessante
que dentro do prprio Poder Judi-
cirio, a quem cabe zelar por to
brilhante conquista, so eles pr-
prios, juzes de primeiro grau, os
impedidos do exerccio da sobera-
nia que tm por funo defender.
Resqucio daquele duro perodo,
ainda resta um nico dos poderes
daRepblica ao qual vedado ele-
gerseuscargosdiretivos,aocontr-
rio do Poder Legislativo, em que
todosos seusmembros elegemsua
MesaDiretora,porexemplo.Para-
doxal que parea, o guardio da
ordem democrtica v- se tolhido
de internamente exercer a demo-
cracia.
a tanto que, neste dia 31 de
maro de 2014, magistrados do
Brasil inteiro se mobilizam para
quepossamnica e exclusivamen-
te eleger de forma direta cada qual
de seus presidentes dos respecti-
vos tribunais, de molde a no ape-
nas,cinquentaanosdepois,viabili-
zar por completo o doloroso ciclo
de transio democrtica, seno
tambm semeando o que floresce-
rcomoptalasdaverdadeiraliber-
dadedemocrtica.Aningumpas-
sa que ao artigo 96 inciso I alnea
a da Carta Magna tenha tolhido
decadatribunalaprivativaatribui-
ode, por regimento interno, dis-
por a forma de eleio de seus r-
gosdiretivos, sempreobservadaa
histrica e teleolgica interpreta-
o igualitria e libertria contida
atnosprincpiosdaleimaior.
Com a finalidade, por outro lado,
deabreviar taldiscusso,originou-
seaPEC187/12, cujoespritono
senoodecolocarumapdecalno
assunto. Nem se poderia alegar,
como fazemosopositores da ideia,
que tal medida traria politizao
extremada e indesejada a um po-
der que tem por funo precpua
fazer cumprir as normas postas. E
a teseest longededeixarde ladoa
exigncia da extrema capacitao
tcnica e obrigatoriedade dos con-
cursos tendentes a aferi-la: a uma
porque o juiz deve ser um homem
de seu tempo, e na sociedade atual
norarochamadoacumprir suas
funes de agente poltico e social;
a duas porque diante do tamanho
rigorismodosconcursosde ingres-
so naMagistratura, bem como pe-
la capacidade adquirida ao longo
dacarreira, jamais sepoderia cogi-
tar to grosseira irresponsabilida-
de na escolha de seu mximo diri-
gente.
Seaindaassimasociedadeainda
entenderooposto,queseesclarea
ento como o magistrado de pri-
meirograucapazdedecidir sobre
a vida, patrimnio e liberdade do
jurisdicionado, fiscalizara liberda-
de do voto, mas no tem qualquer
capacidadeparaeleger seuprprio
presidente. Pela completudedo ci-
clo democrtico: pelas diretas j
noPoderJudicirio.
E-MAIL
ATENDIMENTOAOLEITOR
Telefone: 0800-727 7710
REDAO
Rua JooPessoa 129,3
o
andar, CentroSantos,
SoPaulo. CEP 11013-900
EDUARDOHIPOLITOHADDAD. Juiz deDireitoda 1Vara de Itanhamecoordenador
daAssociaoPaulista deMagistrados (Apamagis) - 56CJ
Ascartas enviadasTribunadoLeitor devemconter nome, endereo, telefone eRG.
O tamanhodos textosnopodeultrapassar 900toques, incluindoosespaos. As cartasque
noobedeceremestaorientao serodesconsideradas, bemcomoe-mails anexados.
Aefemride, o poder judicirio
e a eleio direta
TribunaLivre
No dia 12 de abril de 1964, domingo,
menos de duas semanas aps a que-
dadogovernoJooGoulart,ATribu-
namanifestou-se, em seus coment-
rios,quepocaconstituamosedito-
riais do jornal, com o ttulo: Houve
noBrasilumaRevoluo.Destacan-
do a eleio do general CasteloBran-
co para a Presidncia da Repblica,
que foi precedida de umAto Institu-
cional, afirmava-se que o comando
dasforasrevolucionriasconquista-
ra um triunfo to importante comoo
obtido com a deposio do sr. Joo
Goulart e de toda sua camarilha
comuno-peleguista.
O editorial no deixava dvidas
sobre questes centrais. Apoiava o
Ato Institucional 1, de9deabril, que
definiu a eleio do novo presidente
peloCongressoemdoisdias, suspen-
deupor seismeses asgarantias cons-
titucionais, e permitiu JuntaMili-
tar que editou o ato a cassao de
mandatos e a suspenso de direitos
polticos por dez anos, excluda sua
apreciao judicial. Essa era a posi-
o de praticamente toda a impren-
sabrasileira, que refletia apreocupa-
o emrelao conduodogover-
no Goulart e reclamava necessria
mudana de rumo. No era a prega-
o da ditadura, que infelizmente
viria, mas a correo de
rumodiante da instabi-
lidadevigente.
Um ponto importante
era afirmar que houve
no Brasil uma Revolu-
o uma Revoluo
empreendida pelo povo
ematerializadapela for-
a das armas. E prova-
da a legitimidade dos
fins,todososmeiosdeve-
riam ser admitidos para
atingi-los. A Revoluo
haviasidoummovimen-
to emanado da vontade
soberanadopovo,embo-
ra no manifestada nas
urnas, mas cabalmente
justificadopeladeturpaodessavon-
tade no exerccio do poder. E assim a
institucionalizaoeditadapelasFor-
as Armadas constitua o nicomeio
de sobrevivncia para alcanar ame-
ta verdadeiramente revolucionria,
queerareimplantarnoPasosprinc-
pios democrticos, a decncia admi-
nistrativa e aprobidade fundamental
nomanejodosdinheirospblicos.
50anosdepois, essa posiomere-
ce reviso cuidadosa. A grande per-
gunta que se faz hoje : Por que o
movimento aconteceu? Na verda-
de, ele comeou bem antes de 31 de
maro de 1964. A Guerra Fria, a
partir de 1947, foi o estopim da
movimentao militar, influencia-
da pelas doutrinas de segurana
nacional, inimigas viscerais do co-
munismo. A articulao golpista
comsetoresmilitares esteve presen-
te durante toda a dcada de 1950, e
quase teve xito em 1954, barrada
pelo dramtico suicdio de Getlio
Vargas.
A renncia de Jnio Quadros em
1961 outra pea importante desse
quebra-cabea.Comogesto inusita-
do, deveria assumir seu vice, Joo
Goulart. Osmilitares se opuseram e
tentaramimpedir suaposse, somen-
te assegurada pela instaurao de
um parlamentarismo arranjado na
ltimahora.A volta do presidencia-
lismo, confirmada por plebiscito
em janeiro de 1963, deu poderes a
Goulart. E da para a frente a crise
agravou-se.
Em ambiente tenso e crtico, a
polarizaoaumentou.NoCongres-
so Nacional, o PSD, partido de cen-
tro que garantia a sustentao pol-
tica, fragmentou-se e deixou de ser
o amortecedor de crises. A intensifi-
cao do processo de radicalizao
poluiu a atmosfera poltica, e as
constantes mudanas nos Minist-
rios provocavam mais instabilida-
de. Enquanto isso, os militares, que
tinhamsidomantidos quantoposs-
vel fora da poltica at ento, foram
profundamente envolvidos no jogo
poltico.
Osacontecimentosdemaropreci-
pitaram o movimento. O presidente
Goulart, sob presso da esquerda e
dos setores nacionalistas, inclinava-
se pelas reformas, apoiado pelos sin-
dicatos. A sucesso de erros foi not-
vel.Oprimeiro foi o famosoComcio
da Central do Brasil, no dia 13 de
maro, no qual foramassinados dois
decretos: um que consistia na desa-
propriaoderefinariasquenoper-
tenciam Petrobras e outro que de-
clarava sujeitas desapropriao
propriedades subutilizadas, apon-
tando para a reforma agrria, alm
de anunciados estudos para a refor-
ma urbana e para a concesso de
votosaanalfabetosequadros inferio-
res das Foras Ar-
madas. Alguns dias
depois, ocorrera a
revolta dos mari-
nheiros, em grave
incidentecomahie-
rarquia militar, e
no dia 30, o presi-
dente foi ao Auto-
mvel Clube doRio
para uma reunio
com sargentos, no
qual fez um discur-
so incendirio.
As tenses eram
graves, o governo
no governava, as
crticas vinham de
todos os lados. Em
um contexto de forte propaganda
anticomunista,nosurpreende,por-
tanto, que a movimentao militar
ganhasse apoio civil, especialmente
na classe mdia urbana. E que se
chegasse a 31 de maro com um
movimento que derrubou o governo
em poucas horas, sem nenhuma re-
sistncia.
Ele no foi, entretanto, uma revo-
luo. S possvel falar em revolu-
o quando h mudana para esta-
belecer a liberdade. No Brasil, a
partir de 1964, rumou-se para o
perigoso terreno do arbtrio e da
opresso, agravados em 1968, com
o Ato Institucional 5. O balano do
regime militar ainda negativo:
embora o PIB tenha crescido forte-
mente entre 1967 e 1973, ele caiu a
seguir. A inflao tambm aumen-
tou com o passar dos anos, a desi-
gualdade de renda elevou-se e a
dvida externa explodiu.
No se justificava a interrupo da
ordem constitucional e democrti-
ca. Houve flagrante exagero quanto
ao perigo comunista, que serviu de
pretexto para o golpe. O Congresso
Nacional no estava nas mos da
esquerda, as instituies criadas pe-
la Constituio de 1946 estavam em
vigncia e haveria eleies presiden-
ciais em1965.
50anosdepois,precisoafirmarcom
clareza que a democracia um princ-
piofundamentalquenopodeseraboli-
do,emnenhumacircunstncia.
FUNDADAEM26DEMARODE1894
ASSOCIAO
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CARLOSCONDE
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MRCIODELFIMLEITESOARES
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MARCOANTONIODACOSTA
Gerente Industrial
Do leitor
OMovimentode
1964, 50anosdepois
M.Nascimento Jr. (1909-1959)
GiusfredoSantini (1959-1990)
RobertoMrio Santini (1990-2007)
SISTEMAATRIBUNA
DECOMUNICAO 121ANOS
Opinio
INSTITUTOVERIFICADOR
DEJORNAIS
A democracia
umprincpio
fundamental
quenopode
ser abolido,
emnenhuma
circunstncia
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