A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

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Duque de Caxias SOLDADO E PACIFICADOR E sta Ediçªo Histórica, sobre a vida do DUQUE DE CAXIAS, nosso maior herói nacional, Ø dedicada aos verdadeiros brasi- leiros e, especialmente, à juventude de nosso país. Esta Ø mais uma iniciativa do JORNAL INCONFID˚NCIA, no sentido de difundir fatos verdadeiros ocorridos na História PÆtria, que sªo escandalosamente sonegados ou deturpados pela mídia facciosa e vendida, pela cÆtedra marxista, pelos inte- lectuais gramscistas e, principalmente, pelos livros didÆticos editados por autores ideologicamente com- prometidos com o atual governo, com o aval do MinistØrio da Educaçªo. A HISTÓRIA DE UMA NA˙ˆO Ø um bem por demais precioso, a ser preservada a todo custo e cultuada permanentemente. Nªo podemos permitir que essa MEMÓRIA, conquistada com o sangue e o sacrifício de seus heróis, seja profanada e deturpada por interesses ideológicos alienígenas e pela falta de Øtica de historiadores, políticos, professores e jornalistas, enganando seus (e)leitores, alunos e ouvintes, quanto aos fatos ocorridos e registrados em documentos oficiais. É preciso que a MAIOR FARSA DO SÉCULO XX, o Comunismo, infelizmente cada vez mais presente no Brasil e na AmØrica Latina, patrocinado pelo Foro de Sªo Paulo, seja repudiado definitivamente pela sociedade brasileira e o ver- dadeiro patriotismo e a seriedade, sem qualquer influŒncia externa, voltem a prevalecer! BRASIL, NOSSA P`TRIA, ACIMA DE TUDO! EDI˙ˆO HISTÓRICA AS FOR˙AS ARMADAS T˚M O DEVER SAGRADO DE IMPEDIR, A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTA˙ˆO DO COMUNISMO NO BRASIL. BELO HORIZONTE, 25 DE AGOSTO DE 2014 - ANO XX - N” 205 l l [email protected] Ediçªo Histórica

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Duque de Caxias

SOLDADO E PACIFICADOR

Esta Edição Histórica, sobre a vida doDUQUE DE CAXIAS, nosso maior heróinacional, é dedicada aos verdadeiros brasi-

leiros e, especialmente, à juventude de nosso país.Esta é mais uma iniciativa do JORNAL

INCONFIDÊNCIA, no sentido de difundir fatosverdadeiros ocorridos na História Pátria, que sãoescandalosamente sonegados ou deturpados pela mídiafacciosa e vendida, pela cátedra marxista, pelos inte-lectuais gramscistas e, principalmente, pelos livrosdidáticos editados por autores ideologicamente com-prometidos com o atual governo, com o aval doMinistério da Educação.

A HISTÓRIA DE UMA NAÇÃO é umbem por demais precioso, a ser preservada a todocusto e cultuada permanentemente. Não podemospermitir que essa MEMÓRIA, conquistada com osangue e o sacrifício de seus heróis, seja profanadae deturpada por interesses ideológicos alienígenase pela falta de ética de historiadores, políticos,professores e jornalistas, enganando seus(e)leitores, alunos e ouvintes, quanto aos fatosocorridos e registrados em documentos oficiais.

É preciso que a MAIOR FARSA DOSÉCULO XX, o Comunismo, infelizmente cadavez mais presente no Brasil e na América Latina,patrocinado pelo Foro de São Paulo, seja repudiadodefinitivamente pela sociedade brasileira e o ver-dadeiro patriotismo e a seriedade, sem qualquerinfluência externa, voltem a prevalecer!

BRASIL, NOSSA PÁTRIA,ACIMA DE TUDO!

EDIÇÃO HISTÓRICA

AS FORÇAS ARMADAS TÊM O DEVER SAGRADO DE IMPEDIR,A QUALQUER CUSTO, A IMPLANTAÇÃO DO COMUNISMO NO BRASIL.

BELO HORIZONTE, 25 DE AGOSTO DE 2014 - ANO XX - Nº 205l l

[email protected]

Edição

Histórica

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BRASIL, VICE-REINO DE PORTUGAL

1803 - 25 de agosto: nasce na FazendaTaquaraçu, Vila Estrela, Província do Rio deJaneiro, Luiz Alves de Lima e Silva, filho deFrancisco de Lima e Silva e de Dona MarianaCandida de Oliveira Belo.1808 - 22 de novembro: Titulado Cadete de1ª Classe (aos 5 anos).

BRASIL, REINO UNIDO APORTUGAL E ALGARVE

(1815)1818 - 4 de maio: Matricula-se na RealAcademia Militar; logo depois, é promovi-do a alferes e mandado servir na 5ª Cia. deFuzileiros da Guarnição da Corte.- 12 de outubro: Alferes1821 - 2 de janeiro: Promovido a Tenente,com antiguidade de 4 de novembro de 1820e nomeado ajudante do Batalhão do Impe-rador.

INDEPENDÊNCIA -REINADO DE DOM PEDRO I

(1822)1822 - 7 de setembro: Dom Pedro I pro-clama a independência do Brasil. É criadoo Batalhão do Imperador, para o qualescolhido como 1º ajudante. Com o Bata-lhão, parte para a Bahia, onde os portu-gueses não aceitavam a independência.1823 - Batismo de Fogo na Bahia.1824 - 22 de janeiro: Promovido aCapitão. Recebe a primeira de uma

DUQUE DE CAXIASCRONOLOGIA

LEI Nº 10.641, DE 28 DE JANEIRO DE 2003Inscreve o nome de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, no

�Livro dos Heróis da Pátria�.O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESI-

DENTE DA REPÚBLICA.Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:Artigo 1º - Será inscrito no �Livro dos Heróis da Pátria�, que se encontra no

Panteão da Liberdade e da Democracia, o nome de Luiz Alves de Lima e Silva, o Duquede Caxias, em comemoração ao bicentenário de seu nascimento.

Art. 2º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.(Publicado no Diário Oficial da União nº 21, de 29 de janeiro de 2003).

INDEPENDÊNCIA: lutas internas para garantir a liberdade conquistada

GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA: defesa da soberania e da integridade nacionais

PERÍODO REGENCIAL: rejeição ao separatismo e pacificação da Pátria

REINADO DE DOM PEDRO II (1840)

1840 - 24 de julho: Maioridade de D. Pedro II.1841 - 18 de julho: Recebe o título nobiliárquicode Barão de Caxias por haver pacificado aBalaiada, na cidade maranhense de Caxias. Pro-movido a Brigadeiro (atual General de Brigada)1842 - Em São Paulo e Minas começa a Revolu-ção Liberal.Depois de nomeado comandante das Armasda Corte (21 de março), Comandante-em-Chefe das Forças em Operações e vice-presi-dente da Província de São Paulo, Caxias con-segue restabelecer a paz em Sorocaba e emBarbacena, e obtém vitória decisiva em SantaLuzia na Província de Minas Gerais em 20 deagosto.- 29 de agosto: Marechal de Campo Graduado(atual General de Divisão).- 24 de setembro: Caxias é nomeado presiden-te da Província do Rio Grande do Sul e Co-mandante-em-Chefe do Exército em Opera-ções contra os Farrapos.1845 - 1º de março: O exército farroupilharende-se a Caxias. Consolida a paz da famíliabrasileira em Ponche Verde.- 2 de abril: Conde de Caxias.1846 - 13 de outubro: Reassume o Comando daArmas da Corte (atual CML).1847 - 11 de maio: Assume a Cadeira de SenadorVitalício pela Província do Rio Grande do Sul.1851 - 15 de junho: Designado Comandante-em-Chefe dos exércitos brasileiros nas guerrascontra Oribe (Uruguai) e Rosas (Argentina).1852 - 02 de fevereiro: Batalha de Monte Caseros.- 03 de março: Tenente-General (atual General-de-Exército). - 26 de junho: Marquês de Caxias.1855 - 14 de junho: Ministro da Guerra até 04de maio de 1857.1858 - 18 de dezembro: Nomeado Conselheirode Guerra do Conselho Superior Militar e deJustiça (hoje, Superior Tribunal Militar).1861 - 02 de maio: Ministro da Guerra até 24 demaio de 1862.

1865 - Forma-se a Tríplice Aliança: Uruguai,Argentina e Brasil entram em guerra contra oParaguai.1866 - 13 de outubro: Marechal do Exército.- 18 de novembro: Comandante-em-Chefe dasForças do Império do Brasil em Operaçõescontra o Paraguai.1867 - 10 de fevereiro: Comandante-Geral dasForças da Tríplice Aliança em Operações.1868 - 06 de dezembro: Lidera pessoalmente avitória na Ponte de Itororó.1869 - 05 de janeiro: Caxias entra vencedor emAssunção, capital do Paraguai.- 23 de março: torna-se Duque.1870 - 01 de março: Fim da Guerra do Paraguai.1874 - 23 de março: Morre Dona Ana, Duquesade Caxias.1875 � 25 de março: É nomeado para a presidên-cia do Conselho de Ministros e Ministro daGuerra. 28 de junho: Apresenta-se ao Parlamen-to, com todo o "Ministério São João", assimchamado por ter sido organizado a 23 de junho.1880 - 07 de maio: Morre na Fazenda do Barãode Santa Mônica (Vassouras/RJ) e seu corpo élevado à Corte.- 10 de maio: Sepultado no Cemitério SãoFrancisco de Paula, no Catumbi/RJ.

REPÚBLICA (1889)1923 - 25 de agosto: Instituido o Dia do Soldadodo Exército.1932 - 16 de dezembro: 1ª Entrega do Espadimde Caxias aos Cadetes da Escola Militar doRealengo.1949 - 25 de agosto: Traslado de sua estátuaeqüestre do Largo do Machado, dos seus restosmortais e os da esposa para o Pantheon na PraçaDuque de Caxias, defronte ao atual PalácioDuque de Caxias, sede do Comando Militar doLeste.1962 - 13 de março: Consagrado como Patronodo EXÉRCITO BRASILEIRO.

longa série de condecorações: a insígniade Cavaleiro da Ordem Imperial do Cru-zeiro.- É outorgada a primeira Constituição doBrasil. - Luís Alves marcha para a Provín-cia Cisplatina.1825/28 - Guerra da Cisplatina.- Destacado em Montevidéu.1828 - 2 de dezembro: Major.1829 - Março: Comandante do Batalhãodo Imperador. De volta ao Rio, depoisdos galões de Major, recebe a insígnia deCavaleiro da Ordem da Rosa.

REGÊNCIA (1831)1831 - 7 de abril: Dom Pedro abdica e inicia-se o período regencial.- É criada a Guarda Nacional.- 27 de julho: 1ª Regência.1833 - 6 de janeiro: Casam-se, no Rio, oMajor Luís Alves de Lima e Silva e DonaAna Luísa de Loreto Carneiro Viana.1835 - Eclodem as revoluções da Caba-nagem, no Pará, e a Farroupilha, no RioGrande do Sul.1837 - 12 de setembro: Tenente-CoronelComandante da Guarda Municipal Per-manente da Corte, embrião da atual Polí-cia Militar do Rio de Janeiro.- A Bahia é convulsionada pela Sabinada.1839 - 02 de dezembro: Coronel.- 12 de dezembro: Nomeado Presidenteda Província do Maranhão e comandan-te-geral das Forças Militares contra a re-volta da Balaiada.

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NA ABDICAÇÃO (1831)l �Não fui revolucionário. Estimei a

abdicação; julguei que era de vantagem parao Brasil mas não concorri, direta ou indire-tamente para ela�.

NA BALAIADA (1839/1840)l �Maranhenses! Mais militar que po-

lítico, eu quero até ignorar os nomes dospartidos que entre vós existem. Deveis co-nhecer as necessidades e as vantagens dapaz, condição de riqueza e prosperidade dospovos e, confiando na Divina Providência,que tantas vezes nos tem salvado, esperoachar em vós tudo o que for mister para otriunfo da nossa santa causa�.

NA SEDIÇÃO DE SOROCABA,EM TROCA DE CARTAS COMO PADRE DIOGO ANTONIO

FEIJÓ (1842)l �Quando pensaria eu, em algum tem-

po, que teria de usar da força para chamar àordem o Sr Diogo Antonio Feijó? Tais as coisasdo mundo! As ordens que recebi de Sua Majes-tade, o Imperador, são em tudo semelhantes àsque me deu o Ministro da Justiça, em nome daRegência, nos dias 3 e 17 de abril de 1831,isto é, que levasse a ferro e fogo todos osgrupos armados que encontrasse e, da mes-ma maneira que então as cumpri, as cumpri-rei agora. Não é com armas na mão,Excelentíssimo Senhor, que se dirigem súpli-cas ao monarca e nem com elas empunhadasadmitirei a menor das condições que VossaExcelência propõe na referida carta�.NA REBELIÃO DE BARBACENA

(1842)l �Espero seja esta a última vez que me

encarregue de pacificar alguma Provínciaque tenha por Presidente pessoa que nelatenha estado na ocasião da revolta, muitos,principalmente sendo paisanos, que quasesempre tanto têm de poltrões durante operigo, como vingativos depois dele pas-sado (salvo as honrosas exceções)�.

l �Neste ofício, ordeno ao Tenente-Coronel Marinho que tire as algemas aospresos e as entregue à sua guarda (refere-se ao Capitão Bento José Leite de Faria) e,se porventura fizer alguma objeção, pren-da-o, incontinente, à minha ordem, e con-duza os presos a seu destino, procurandotodos os meio de tratá-los bem, significando-lhes, ao mesmo tempo, que muito me incomo-dou o procedimento do dito Tenente-CoronelMarinho�.

NO RIO GRANDE DO SULCAMPANHA DOS FARRAPOS

(1842/1845)l �Rio-Grandenses! Sua Majestade, o

Imperador, confiando-me a presidência e ocomando em chefe do bravo exército bra-

CAXIAS ATRAVÉS DE SUAS MANIFESTAÇÕES

* Carlos de Souza Scheliga

sileiro, recomendou-me que restabeleces-se a paz nesta Província do Império, comorestabeleci no Maranhão, em São Paulo eem Minas; a Divina Providência, que demim tem feito um instrumento de paz paraa terra em que nasci, fará que eu possasatisfazer os ardentes desejos do magnâni-mo monarca e do Brasil. Rio-Grandenses!Segui-me, ajudai-me e a paz coroará nos-sos esforços!�.

l �Lembrai-vos que a poucos passosde vós está o inimigo de todos nós, o ini-migo de raça e da tradição. Não pode tar-dar que nos meçamos com os soldados deRosas e Oribe; guardemos, para então, nos-sas espadas e nosso sangue. Vede que esseestrangeiro exulta com essa triste guer-ra com que nós mesmos nosestamos enfraquecendo e des-truindo. Abracêmo-nos eunâmo-nos para marchar-mos, não peito a peito, masombro a ombro, em defesada Pátria, que é a nossa mãecomum�.

l�Maldição eternaa quem ousar recordar-se das nossas dissen-sões passadas .União e tranqüi-lidade seja dehoje em diante anossa divisa� .

NO ESTADOORIENTAL (1851)

l �Não ofenderei assusceptibilidades dos bra-vos que o compõem (refe-re-se ao Exército cujo co-mando assume), lembran-do-lhes deveres que, estouseguro, eles os têm gravados em suas me-mórias como em seus corações�.

l �A verdadeira bravura do soldadoé nobre, generosa e respeitadora dos prin-cípios de humanidade. A propriedade dequem quer que seja, nacional, estrangeiro,amigo ou inimigo, é sagrada e inviolável edeve ser tão religiosamente respeitada pelosoldado do Exército Imperial como sua pró-pria honra�.

l �Não vos recomendo (refere-se ao Exér-cito cujo comando detém) resignação, constân-cia e valor porque essas virtudes são inatas noSoldado Brasileiro. Eia, pois! Marchemos acumprir o que à Pátria devemos�.

CAMPANHA CONTRA ROSAS(1852)

l �Conseguistes (na proclamação definal de hostilidades) uma glória imortal;desagravastes a honra da nossa Pátria;contribuístes eficazmente para a paz de

dois Estados (refere-se ao Uruguai e à Ar-gentina), para o triunfo da mais santa dascausas � a da Liberdade, a da Humanida-de e da Civilização. Está, pois, completa anossa missão�.

MINISTRO DA GUERRAE PRESIDENTE DO CONSELHO

(1855/1861)l �As lutas passadas estão termina-

das e esquecidas. O Governo é conserva-dor progressista e progressista conserva-dor. Aceita todas as questões políticas quetêm sido pontos de divergência até agorapara, na calma das paixões, discuti-las eresolvê-las�.

l �Entendo que, presentemen-te, o país quer, sobretudo, a

rigorosa observância daConstituição e das

leis e a mais se-vera e discretaeconomia dosdinheiros públi-cos, atentos ascircunstânciasdo nosso atual

estado financei-ro. Os atos, Senho-res, devem valer mais

do que as palavras epeço a todos quenos julguem pelos

nossos atos�.l �O único meio de con-

servar no Império um exército,ainda que pequeno, mas o indis-

pensável para sua defesa, é a cha-mada obrigatória, para o servi-

ço das armas, dos indivíduosque, em vossa sabedoria, jul-

gardes que devem constituir amassa retrucável da nossa população�.

NA QUESTÃO CHRISTIE, CARTAAO VISCONDE DO RIO BRANCO

(1862)l �Que me diz da questão inglesa? Não

se pode ser súdito de nação fraca. Tenhovontade de quebrar a minha espada quandonão me pode servir para desafrontar o meupaís de um insulto tão atroz�.

NA GUERRA DO PARAGUAI(1866/1869)

l �Se Vossa Excelência quer que eusiga neste mesmo vapor, conceda-me duashoras para mandar buscar à casa duascanastras com roupa�. (Antes de ter sidonomeado comandante em chefe e em res-posta a Beaurepaire Rohan, Ministro daGuerra, ambos a bordo do navio que con-duzia reforços para o Rio Grande do Sul, a

propósito da intenção de mandar Caxias pa-ra o Teatro-de-Operações)

l �Aceito o convite, a minha espadanão tem partido�. (Ao ser convidado paracomandante-em-chefe)

l �Nem uma, se não a de ter a inteiraconfiança do Governo�. (Ao ser convidadopara comandante-em-chefe e perguntadoem quais condições aceitaria a nomeação)

l �Eia! Marchemos ao combate! Avitória é certa porque o general amigo quevos guia ainda, até hoje, não foi vencido�.

l �Sigam-me os que forem brasilei-ros!�. (Na arremetida da ponte de Itororó)

NA CORRESPONDÊNCIACOM A ESPOSA

D. ANA LUIZA CARNEIRO VIANAl �Nossas duas filhas Deus me deu o

tempo de as criar, educar e arranjar. Fo-mos, é verdade, infelizes com o nosso que-rido filho, mas que fazer se não conten-tarmo-nos com a vontade de Deus?�.(1868)

l �Sou fatalista e desprezo e sempredesprezei a morte, porque sei que não sehá de fazer se não o que Deus for servidoe que tanto se morre no meio de balas e dospântanos como nas boas cidades�. (Na Cam-panha do Paraguai)

l �Eu tenho o coração maior do queo mundo. Tu bem o sabes. Onde tu mesmocabes!�. (Na Campanha do Paraguai)

DO SEU TESTAMENTOEXCERTOS (1874)

l �Dispenso honras fúnebres milita-res que me cabem como Marechal do Exér-cito�. e �que me conduzam o caixão àsepultura levado por seis soldados, esco-lhidos dos mais antigos e de melhor condu-ta dos corpos da guarnição�.

NO FINAL DA VIDA(1878/1880)

l �Aqui estou, pois, desempenhandoo entremez do velho perseguido, pois osvelhacos e tratantes não me deixam respi-rar�. (Carta à filha, redigida na FazendaSanta Mônica, onde viria a falecer, dizendodos desgostos e das mágoas que lhe feriamo coração)

De Caxias se pode depreender máxi-ma de São João Crisóstomo:�Contenne gloria et eris glorius�, isto é,�Desprezai a glória e sereis gloriosos�.

Todas as vezes em que Caxias foi chamado a prestar seus serviços à pátria, ele o fez de maneira altaneira, exemplar e convincente.Sempre que convocado pelo Imperador para restaurar a ordem, para preservar a integridade nacional ou em defesa da nossa soberania,

destacou-se como um comandante altamente capaz e destemido, revelando em paralelo os atributos inequívocos que o distinguiram como um líderhumano, justo, competente e sereno.

Um de seus hábitos mais marcantes, no exercício dessas delicadas e complexas missões, foi o de procurar fazer-se presente nos Teatros deOperações, antes mesmo de iniciadas as contendas, dirigindo sua palavra forte e equilibrada àqueles que estavam sob sua jurisdição, seja paraestimular e impulsionar seus comandados ao cumprimento do dever, seja para apaziguar e promover a concórdia onde havia se instalado aincompreensão e as ameaças à coesão interna.É dos registros dessas manifestações, que podemos recolher os melhores ensinamentos e identificar os traços inconfundíveis da grandeza do seucaráter e da genialidade desse grande vulto militar.

Impossível, pela restrição de espaço, consigná-las todas. Fiquemos pois, com os trechos mais significados.

(*) Tenente-Coronel. Oficial deEstado-Maior. Diplomado em

Psicologia. Foi editor da Revista doClube Militar e ex-integrante da

Comissão de Publicações daBiblioteca do Exército.

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ORDEM DODIA DO SOLDADO

* Maria LuciaVictor Barbosa

CAXIASE O SELO DO ARCANJONesses tem-

pos que cor-rem em nossoPaís, plenos demediocridade ebanalização, on-de a política setorna cada vez

mais um negócio particular e o bem comumparece apenas uma citação aristotélica per-dida nas teias da ilusão, é reconfortanterecordar a existência daquela ínfima porçãode homens reconhecíveis por sua condutaexemplar e seu caráter, que no Império fize-ram de sua vocação para o serviço e seusentido de pátria os sólidos alicerces danossa independência e da nossa grandezacontinental.

Em �Instituições Políticas Brasilei-ras� Oliveira Vianna refere-se aos homensde �moldagem carismática�, aquela elitedos que receberam, comono Apocalipse, o �selo doArcanjo�. Entre eles estáCaxias, um dos possuídospela consciência da Nação,o homem público de men-talidade nacional.

Luiz Alves de Lima eSilva, Duque de Caxias,nascido em 25 de agostode 1803, na Vila Estrela, Pro-víncia do Rio de Janeiro, naverdade parece ter vindoao mundo para confirmar aidentificação com sua car-reira, cujas origens se pren-diam ao próprio berço. Per-tencia ele a uma estirpe demilitares, na qual onze ge-nerais serviram-lhe deexemplo através de três ge-rações. Assim, sua glória esua fama geralmente estãoassociadas ao fato delenunca ter sido batido, em que pese as difi-culdades e circunstâncias das lutas quecomandou. Mas será preciso reconhecerque o mais bem sucedido dos generaisbrasileiros foi também um grande político.

Cabe lembrar que havia no Impériotrês grandes centros de fixação dos valoresdo governo onde o Imperador colocava oshomens da grande elite: o Ministeriado, oConselho de Estado e o Senado.

Como ministro da Guerra Caxias for-mulou um formidável programa com vistasa erguer o Exército moralmente e material-mente e entre suas realizações pode-se ci-tar: o estabelecimento da promoção em dataúnica para todas as Armas; a criação doórgão que hoje é o estado-maior; a alteraçãodo regulamento da organização da saúderelativa ao Exército e criação de hospitais;a reforma do ensino militar; a criação deconselhos para gerir assuntos econômicosdo Exército; a instituição do serviço militarobrigatório; a definição e tipo de instruçãoa ser ministrada às tropas.

À frente do Conselho, o Duque de

Caxias também agiu com eficiência. Ele apre-sentou projeto para reforma da lei eleitoral,solicitou profundas melhoras na legislaçãosobre a Justiça Militar, reformou a lei derecrutamento e mandou organizar escolaspráticas de agricultura.

Certamente, as glórias militares deCaxias devem ser relembradas para com-pletar a imagem do militar na qual se re-corta ao mesmo tempo o perfil de esta-dista. Rememore-se, então, que a primeiravitória do Exército vitalizado pelo regentePedro de Araújo Lima, veio em 1840, quan-do chefiado por Luiz Alves de Lima e Silva,futuro Duque de Caxias. Ele dominará arevolta da Balaiada, no Maranhão e depoisconduzirá a várias vitórias em São Paulo eMinas (1842), tendo liquidado a Farroupilhaem 1845. A derrota da Praieira (1848-49)logrou a paz interna que se estendeu até ofim do Império. E na guerra do Paraguai só

deixou o posto de su-premo comandante ali-ado quando conside-rou o conflito vencido,entregando o coman-do ao Conde d�Eu queconduziu a campanhaao seu fim, o que ocor-reu com a morte deSolano Lopez em 1º demarço de 1870.

Luiz Alves deLima e Silva serviu àPátria até onde sua saú-de lhe permitiu, tendoenfrentado oposição ehostilidade. Faleceuem 1880, em Vassou-ras, expressando comoúltima vontade ser en-terrado apenas na qua-lidade de Irmão da Cruzdos Militares. Seu es-quife foi levado por seis

praças antigos e de bom comportamentoaté a estação do Desengano e de lá para oRio de Janeiro, tendo o corpo repousado nocemitério de São Francisco de Paula, nobairro do Catumbi.

Com o advento da República, a aris-tocracia de homens a qual pertenceu Ca-xias, desapareceu. No decorrer da nossahistória, uma ou outra individualidadeno meio político surgiu ainda como uma�espécie de desajustado superior�. Masjá não há uma elite como no Império. Sub-siste o que Oliveira Vianna tão bem des-creveu ao afirmar: �O brasileiro é, politi-camente, o homem individualista, arras-tado pela libido dominandi e conduzindo-se pela vida pública sem outro objetivosenão a satisfação desta libido�.

Falta-nos, realmente, aqueles que têmo �selo do Arcanjo�, como o teve o patronodo Exército, o Duque de Caxias.

(Publicado no Inconfidência nº 59 de 25/08/2003)

* Socióloga, escritora e articulista.E-mail: [email protected]

Caxias. Assim foi chamado Luís Alvesde Lima e Silva quando, no Maranhão,

pacificou a Balaiada. Duque de Caxias foi atitulação que recebeu quando retornou daCampanha da Tríplice Aliança. Por três ve-zes presidente do Conselho de Ministros,presidente de duas províncias e senadordo Império, Caxias, marechal do ExércitoBrasileiro, não foi um personagem eventuale transitório em nossa História. Honradocidadão, notável chefe militar e acatadoestadista, transcendeu todos os títulos jus-tamente recebidos. Personificou o Pacifica-dor e Unificador da Pátria. Encarnou o heróido Império. Projetou sua luminosa presen-ça à República por nascer. Praticou cora-gem e prudência revestidas de bondade. Gal-vanizou pelo exemplo. Austero e simples,inspirou e demonstrou lealdade, despren-dimento, disciplina e responsabilidade. Suaespada invencível brilhou na altivez da au-toridade que não constrange, na temperan-ça que permeia graves decisões e na dispo-sição férrea para, fiel a si mesmo, nãotransigir com a indisciplina. Conclamou ecorrigiu, compreendeu, orientou e perdoou.Chefiou, liderou e conquistou sem possuir,esviando-se das luzes do sucesso e do po-der que seduzem o homem comum. Seusensinamentos sobrevivem para os cida-dãos de todos os tempos.

Sua obra persiste no caldeamento eunificação do contexto nacional heterogê-neo. Inspira competentes quadros profissi-onais e acompanha a família militar nasmovimentações constantes, na rusticidadee nos sacrifícios da vida castrense. Aindapresente, Caxias vibra com a excelência dotrabalho dessa gente, da ativa e da reserva,que não desveste a farda, mantendo a leal-dade em todos os sentidos, a camaradageme o espírito de cumprimento de missão. Seussoldados representam todos os segmentossociais, preservam o respeito e a admiraçãodos brasileiros pelo Exército.

O soldado sabe quanto custa ser umCaxias, que, por força de lei e dever de ofí-cio, se necessário dispõe da própria vidapara sobrepor os interesses maiores daPátria às pequenas vontades e ambiçõespessoais. Custa exercitar lealdade, ética,espírito público, dignidade e amor incon-dicional ao Brasil, virtudes tão escassasnos dias que correm. Custa testemunharas distorções e caricaturas que apresen-tam da hierarquia e da disciplina, paraacobertar irresponsabilidade ou omissão.Custa admitir que reivindicações e críti-cas se façam sob o anonimato, escondendoa verdadeira face, como que festejando arebeldia agressiva. Custa ser Caxias quan-do se assiste à perversa inversão de va-

QUANTO CUSTASER CAXIAS!

lores em um regime de liberdades no qualsó os direitos existiriam e os deveres seriampostergados; quando há quem maximize eorquestre defeitos alheios, mascarando ejustificando suas próprias intenções e vila-nias; quando se vê a tentativa de degrada-ção da justiça e as ameaças às es-truturasconstituídas. Custa, ainda, ver os valoresque você preserva, constante e ir-respon-savelmente apresentados como apanágiode alguns cidadãos que falsamente se arro-gam progressistas, patriotas e desprendi-dos, mas que, em verdade, comercializam ebarganham ardilosas e escusas pretensões;acobertam-se em conveniências pessoais,escondidos em títulos, valendo-se até dainvestidura da autoridade que exercem.Custa ser Caxias quando presenciamosnossa Instituição, responsável constituci-onalmente pela garantia da lei e da ordem,ser atingida pelos que têm o dever de fisca-lizar o cumprimento dos preceitos legais,sob a busca insensata de efeitos de mídia.Custa ser Caxias quando vemos o uso arbi-trário da informação de interesse público,que denuncia, apura, julga e condena pes-soas e instituições à sombra de um mani-queismo cego, negando, em nome de umpassado recente, o espírito de pacificaçãoque, inspirado em nosso patrono, se pro-pôs à Nação. Custa ser Caxias, sim, quandoa violência pode ameaçar a segurança e apaz social, enaltecer e favorecer ladinos,entronizar espertos e constranger virtu-osos cidadãos. Porque a violência mani-festa-se, muitas vezes, sem o desemba-inhar de sabres. Ela vem sob a coberturade causas nobres, em cujo abrigo muitospregam e praticam a agressão à lei e àordem constituída, ao arrepio dos inte-resses nacionais. Vem, ainda, no abusoda força, na utilização da palavra quedilapida e injuria, na deletéria corrupçãodos padrões éticos, na destruição doslaços sagrados de cultura, nacionalida-de e tradição, na cômoda atitude da igno-rância contemplativa e não compromete-dora que perverte e anestesia a sociedade.

Para ser Caxias é necessário, real-mente, amar a Pátria brasileira, estar mo-ralmente amparado, corajosamente dis-posto e fraternalmente envolvido com opróximo e com a sociedade. Porque épreciso zelar e manter, com honradez edignidade, em sua esfera de atribuições,a ordem, a segurança e a paz ; obrigaçãode todos.

Soldado de meu Exército,você é Caxias. Orgulhe-se de sê-lo.

(25 de agosto de 2001)Gen Ex Gleuber Vieira

Comandante do Exército

Óleo do consagrado pintorMiranda Júnior teve por basedetalhe de uma fotografia da

entrada do Marquês de Caixasem Assunção, Paraguai,

no dia 5 de janeiro de 1869

4

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Os livros didáticos de História doBrasil adotados nas escolas pú-blicas brasileiras se revelam

odientos e mentirosos acusando o Brasilde haver se apossado de parte do territórioparaguaio. Indício claro de que o ressenti-mento dos derrotados por 3 vezes recua, naHistória, à guerra contra o Paraguai, de 1865a 1870. Seus editores e autores são energú-menos como historiadores e ignorantescomo brasileiros, pois melhor deveriamconhecer os fatos históricos, mesmo ossonegados pela cátedra revanchista, mar-xista e incompetente.

Quando o ditador Solano Lopeziniciou as hostilidades, os aliados concer-taram o Tratado da Tríplice Aliança (Ar-gentina, Brasil e Uruguai) que se propunhaa �respeitar a independência, a sobera-nia e a integridade territorial doParaguai�. O Brasil tinha, de fato, velhapendência territorial com a Repúblicaparaguaia, herdada dos tempos coloniais,proveniente do Tratado de Madri de 1750e do de Santo Ildefonso, de 1777. Com aindependência de nossos países, não selogrou logo a eliminação da discordânciaquanto à linha da fronteira. No tratado deMadri, Portugal se arrimou no princípio douti possidetis, o direito de propriedade doParaguai à faixa de terra entre o rio Igureí eo Salto das Sete Quedas, no Tratado Preli-

minar de Paz, de 1872, desde que a Argen-tina igualmente abandonasse o direito àposse de todo o Chaco paraguaio, que oTratado da Tríplice Aliança lhe atribuía.

* Por JarbasPassarinho

A Guerra contra o ParaguaiEspecial para o

InconfidênciaComo a Argentinanão concordasse, oBrasil negociou emseparado com o Pa-raguai. E mais: empe-nhou-se em defenderos interesses do ven-cido, junto ao presi-dente norte-americano Hayes, árbitro dadisputa do Paraguai com a Argentina, doque decorreu a manutenção do Chaco comoterritório paraguaio. É verdade que, em 1872,ao ceder a linha do rio Igureí ao Paraguai, notraçado da fronteira, assegurávamos a divi-sa pelo rio Apa, encerrando uma divergênciacentenária, o que acabou definitivamente aoconstruirmos a usina hidrelétrica de Itaipu,com a submersão total das Sete Quedas.

Fui testemunha de uma cerimôniacomovente, no transcorrer do governo JoãoFigueiredo. Em 1980 acompanhei-o em via-gem a Assunção. O presidente brasileirolevava ao presidente Ströessner a espada domarechal Solano Lopez, retirado do acervodo Museu Histórico brasileiro. Nem mesmofoi feita uma réplica, para manter em seu lugarno museu, lembrando a vitória na guerra. Osgenerais paraguaios, ao verem a espada,abraçaram-se lacrimejantes. O gesto de ami-zade parecia varrer resíduos de animosidadeainda persistentes. Não devolvemos terrasporque não a usurpamos. O Brasil nunca fez

guerras de conquistas. Nossas fronteirasdecorrem de laudos arbitrais internacionais,respeitados mesmo quando prejudicadosfomos pelo rei da Itália, árbitro da pendência

com a Inglaterra, nos limites com a entãoGuiana Inglesa. Ele deu aos ingleses a de-pressão do Pirara, mais que os britânicospediam... O Acre, o adquirimos da Bolívia,não sem antes o presidente Campos Saleshaver garantido a soberania bolivianasobre as terras virgens, que foram povo-adas por seringueiros nordestinos víti-mas das secas, sublevados por Plácidode Castro. Isso, certamente, os autoresdos livros didáticos adotados pelo MECe pela Secretaria de Educação de MinasGerais desconhecem. Deformam a Histó-ria Pátria e têm servido para professores,em suas aulas nos estabelecimentos deensino médio, inocularem na mente dosnossos adolescentes que a guerra contra oParaguai foi um crime quefizemos para servir ao im-perialismo inglês. Dizem,ainda, a serviço de umaideologia fácil de identi-ficar, que praticamos umdeliberado genocídio do

povo paraguaio. Re-voltante embora, es-ses supostos mestres vão fazendo pro-sélitos nos jovens. A falsificação histó-rica tripudia sobre os cadáveres de mi-lhares de brasileiros, nos cinco anosde luta. Desde o sacrifício de AntônioJoão, ao imolar-se em Dourados, até oepílogo nas cordilheiras paraguaias.Preferindo à desonra de render-se àstropas inimigas enormemente superi-oras, o simples guia Antônio Joãomorreu no combate desigual, nãosem antes deixar escrita a mensa-gem que escrevera para a retaguar-da: �Sei que morro, mas o meu san-gue e o dos meus camaradas servi-rão de protesto solene contra a in-vasão do solo de minha pátria�. Paraos nossos imberbes estudantes,Antônio João era um desprezívelpeão no tabuleiro imperialista, Mato

Grosso nunca foi invadido, Alfredod�Escragnolle Taunay inventou a narra-tiva da Retirada da Laguna e o Rio Grandedo Sul nunca foi atacado e parcialmente

ocupado, nas ações ofensivas que nostomaram de surpresa. Enquanto SolanoLopez, ao nos impor a guerra, pôde mobi-lizar, desde logo, setenta mil combaten-tes, d. Pedro II tinha apenas pouco maisde quinze mil, dispersos no nosso territó-rio. O ditador paraguaio, sentindo-se for-te, invadiu a Argentina, que lhe negoupermissão para atravessá-la com as tro-pas que visavam chegar a Uruguaiana, edeclarou-lhe guerra e ao Uruguai. Só issobasta para caracterizar o agressor.

Na guerra, a vitória exige a con-quista de dois objetivos: o político, aocupação da capital do inimigo, e omilitar, a derrota total da capacidade deluta das suas tropas. Conquistada As-

sunção, o Marquêsde Caxias regres-sou à capital do Im-pério em 19.01.1869e recebeu o títulode Duque em 23 demarço do mesmoano. Sem a menorpossibilidade de re-

sistir, o marechal Lopez levou suas últi-mas reservas, mínimas aliás, a CerroCorá. Repeliu a derradeira intimação davanguarda brasileira, já ferido mortal-mente: �Não me rendo. Morro por mi-nha pátria�. É cultuado como um herói.Mas é de convir que foi ele o granderesponsável pela dizimação de seupovo, na medida em que jamais aceitounegociar a paz e, uma vez destroçadasas tropas regulares, recompletou-as re-crutando adolescentes e crianças. Sócom a sua morte em 01.03.1870, a guerraacabaria. Sua bravura, sem pensar nosacrifício imposto ao seu próprio povo,só aos paraguaios diz respeito. A nós,cabe respeitar nossos mortos honran-do seus feitos e não omití-los oudesmerecê-los como fazem certos au-tores e professores brasileiros que de-turpam a verdadeira História do Brasil.

(Publicado no Inconfidência nº 43 de 30/11/2001)* Coronel Reformado, presidente da Fundação

Milton Campos. Foi ministro de Estado,governador e senador pelo Pará.

Dispositivo do Cerco da Triplíce Aliança em Uruguaiana, a 18 de setembro de 1865Visão artística do pintor argentino Candido Lopes que participou da Guerra do Paraguai

Assunção foi ocupada em 05 de janeiro de 1869:A bandeira brasileira foi hasteada sobre o Palácio do Governo Paraguaio

Os livros didáticos adotadospelo MEC e pela Secretaria deEducação de Minas, deformama História do Brasil e seus fatoshistóricos com a conivência de

professores revanchistas eincompetentes

RECONSTITUINDO A HISTÓRIA DO BRASIL

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EXUMAÇÃO E TRASLADAÇÃO DOSDESPOJOS DO DUQUE DE CAXIAS

Carta do Exmo. Sr. General Eurico Gaspar Dutra, Presidente da República,ao Exmo. Sr. Dr. Nereu Ramos, Vice-Presidente da República.

Rio de Janeiro, de agôsto de 1949.

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente da República.

Tenho a honra de convidar Vossa Excelência para presidir a Comissão Especial deHomenagens Nacionais ao Duque de Caxias que, constituída de altas personalidades civise militares, será incumbida de organizar o programa das solenidades especiais que serão,êste ano, realizadas na semana de 19 a 25 de agôsto.

A esta Comissão caberá também promover a exumação, no Cemitério de Catumbi,dos restos mortais do Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias e de D. AnnaLuiza Carneiro Vianna de Lima, Duquesa de Caxias, e sua trasladação para a cripta do novomonumento erigido pela Prefeitura do Distrito Federal, em frente ao edifício do Ministérioda Guerra, à Praça de República, cuja inauguração deseja o Govêrno realizar no dia 25 docorrente, aniversário natalício do grande estadista e notável figura militar e hoje consagradoo Dia do Soldado.

Serão membros, também, da Comissão Especial de Homenagens Nacionais aoDuque de Caxias, os Srs. Ministro Laudo de Camargo, Presidente do Supremo TribunalFederal, Gen. de Div. Canrobert Pereira da Costa, Ministro da Guerra, Gen. de Div. ÂngeloMendes de Morais, Prefeito do Distrito Federal, Marechal João Baptista Mascarenhas deMoraes, Contra-Almirante Renato de A. Guillobel, Brigadeiro do Ar Luís Netto dos Reis,Dr. Herbert Moses e Sr. Bento Carneiro da Silva, sendo os trabalhos secretariados pelo Sr.Gen. de Bda. Paulo Figueiredo, Secretário Geral do Ministério da Guerra.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Excelência os protestos de minhaalta consideração.

COMISSÃO ESPECIAL DE HOMENAGENS NACIONAIS AO DUQUE DE CAXIAS

l Dr. Gustavo Barroso, da Academia Brasileira de Letras; l Embaixador José Carlosde Macedo Soares, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; l General Tristão deAlencar Araripe, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil; l Sr. Eugênio Vilhenade Morais, do Arquivo Nacional; l Sr. Edgard Romero, do Museu Histórico Nacional;l Da. Geralda Armond, do Museu Mariano Procópio; l Sr. Alcino Sodré, do MuseuImperial; l Sr. José Ventureli Sobrinho, da Academia Brasileira de Belas Artes; l Sr.Maciel Pinheiro, da P.D.F. l Secretários: Coronel Armando de Castro Uchôa e Major AlfredoPinheiro Soares Filho.

ORGANIZAÇÃO DAS SUBCOMISSÕES DEHOMENAGENS AO DUQUE DE CAXIAS

O Dr. Nereu Ramos, Presidente da Comissão Especial de HomenagensNacionais ao Duque de Caxias, expediu em 17-VIII-49, Telegrama e Circularàs autoridades adiante nomeadas para constituírem as seguintes subcomissões.

Comissão de Divulgação e Registro das Homenagens Nacionais

l Senador Apolônio Sales; l Ministro Ataulfo de Paiva; l General Salvador CesarObino; l Brigadeiro Eduardo Gomes; l General Euclides Zenóbio da Costa; l Almirante BrazPaulino da Franca Veloso; l Brigadeiro João Dias Costa; l General José Bina Machado;l Representante da Irmandade da Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula;l Representante da Irmandade da Cruz dos Militares; l Monsenhor Dr Antônio Gonçalvesde Rezende; l Sr. Euvaldo Lodi; l Sr. João Daudt de Oliveira; l Sr. Alceu Amoroso Lima;l Sr. Abreu de Freitas; l Sr. Cristóvão Breiner; l Secretário: Ten.-Cel. Niso de VianaMontezuma.

Comissão de Homenagens Cívico-Militares

Jazigo perpétuo do Marechal do Exército LuizAlves de Lima - Duque de Caxias - no Cemitério

da Venerável Ordem dos Mínimos de S.Francisco, em Catumbi. Aspecto tomado namanhã do dia 23 de agôsto de 1949, pouco

antes do ato de exumação dos restos mortais doinolvidável brasileiro

A caminho da Capela do Cemitério deCatumbi, a urna é conduzida por oito soldadosda Polícia Militar, de ótimo comportamento,

como sempre o desejou o ilustre soldado

O cortejo cívicoaproxima-se doMonumento de

Caxias, à Praça daRepública. Bandeiras

históricas do Brasil,conduzidas por

cadetes da EscolaMilitar, formados emlinha, precedidas da

carreta, dão umaspecto imponente

ao cortejo

Um aspecto do interior da Igreja da Cruz dosMilitares, durante a Missa solene realizada no

dia 24 de agôsto

Os Exmos. Srs. General Eurico Gaspar Dutra,Presidente da República, e Dr. Nereu Ramos,Vice-Presidente da República, no palanque

presidencial, aguardam a chegada dos despojosdo Duque de Caxias

O coche fúnebre queconduziu os restosmortais do Duque deCaxias, diante dopalanque presidêncialonde se encontra oPresidente da Repúblicae autoridades civis,militares e eclesiásticas

REVISTA MILITAR BRASILEIRAAno XXXVII - 25 de agôsto de 1949

Edição Comemorativa daTrasladação dos Restos Mortais

do Duque de Caxias para oPantheon Militar

Eurico G. Dutra.

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Quando da trasladação dos restos mortaisdo Duque de Caxias e de sua esposa, do

Cemitério do Catumbi para o Pantheon Militar,em frente ao antigo Ministério da Guerra, no Riode Janeiro, em 1949, ocorreu um fato históricosingular, muito pouco lembrado, infelizmente.É que, no mês de agosto daquele ano, se deuo definitivo resgate da memória do Duque deCaxias, que tantos e tamanhos serviços pres-tara à Pátria Brasileira. Mas tal resgate foiapenas um grande epílogo da recuperação daimagem do Duque , perante a História do Brasil,o que já vinha acontecendo, em especial desde1923, como assinalaremos linhas adiante.

É consabido que Caxias morreu, no anode 1880, triste e muito magoado. A tristeza erapela morte, em 1874, de sua amantíssima es-posa, tendo ele usado luto completo, desdeentão até morrer, seis anos depois. As trêspungentes mágoas que o afligiram, no final davida, diziam respeito ao Imperador, à Maço-naria e à Igreja Católica.

Desde os últimos tempos do Império, osadeptos da filosofia do Positivismo -  que tive-ram grande influência na queda de Dom Pedro IIe na proclamação da República - tudo fizeram

para o esquecimento ou esmaecimento dos mai-ores feitos, particularmente os marciais, ocor-ridos no regime deposto. É que os profitentesdo Positivismo eram pacifistas e defensoresda �ditadura republicana�. Assim, apregoa-vam que a �Guerra do Paraguai foi um granderôlo, de três contra um, contra um pequeno País�;consigne-se, por relevante, que hodiernamente ,afirmações que tais não resistem a uma mínimacrítica histórica isenta e imparcial.

Porém, refrisando o que anteriormente foiafirmado, o augusto nome de Caxias começou aser retirado de um semi-anonimato (ao qual foirelegado pelo sectarismo positivista-republica-no), em 1923, pelo Ministro da Guerra, GeneralSetembrino de Carvalho. Ele instituiu, medianteo Aviso Ministerial de nº 443, de 25 de agosto de1923, a �Festa de Caxias�. Posteriormente, em1925, por meio do Aviso nº 366, de 11 de agosto,o mesmo Ministro criou o �Dia do Soldado�,também a ser comemorado na data natalícia doínclito Marechal - (vide acima a transcrição dosAvisos). Diga-se, por ilustrativo, que naqueleano de 1925, no influxo das diretrizes do Minis-tro da Guerra, a Turma de Aspirantes-a-Oficial

O MEMORÁVEL RESGATE

Magnífica visão da Praça da República, no momento em que desfilao Destacamento Misto, sob o comando do General Alcides G.Etchegoyen, encerrando a cerimônia de 25 de agosto de 1949

ORIGENS DO DIA DO SOLDADOBento Pedreira da Costa

Aviso N. 443, de 25 de agosto de 1923(Bol. do Exército n. 113, de 31 - VIII - 923)

Sr. Chefe do Departamento do Pessoal da Guerra.Convindo para servir ao culto das nossas tradições, que, a exemplo do que se pratica com

Osório e Barroso, se renda, cada ano, ao Duque de Caxias a homenagem de nossa veneração, resolvise realize hoje, data natalícia dêsse glorioso general, uma formatura de tropas do Exercito, às quaisse hão de reunir destacamentos da Marinha e da Brigada Policial, no terreno adjacente à suaestátua.

E nenhuma ocasião é mais própria do que esta, para instituir, como ora o faço, com o caráterpermanente, a festa de Caxias, que se efetuará a 25 de agôsto.

SAÚDE E FRATERNIDADE - (a) Setembrino de Carvalho - Ministro da Guerra

AVISO N. 366, De 11 de Agôsto de 1925(Bol. do Exército n. 255, de 20 - VIII-925)

DIA DO SOLDADOAo Sr. Chefe do Departamento do Pessoal da Guerra.

Coube-me a iniciativa de instituir, por ato de 25 de agôsto de 1923 a festa de Caxias parao fim de rendermos cada ano à memória dêsse glorioso general a homenagem de nossa profundaadmiração pelas raras virtudes de que são eloqüente testemunho tantos e tão fecundos serviçosque, assim na paz como na guerra, prestou êle ao país com a devoção patriótica que sagrou paratodo o sempre benemerente da gratidão Nacional, e nos legou um grande exemplo para a educaçãomoral e cívica dos jovens brasileiros.

Nenhuma efeméride é por isso mesmo, mais que a data natalícia do Duque de Caxias,própria a ser escolhida para o "Dia do Soldado".

É essa escolha que me honro sobremaneira de fazer agora; aceitando a sugestão do ilustreComandante da 1ª Região Militar. Terão nessa data, os nossos bravos camaradas a festa militardestinada especialmente à exaltação do sentimento do dever, acendrando o culto da nobreza cívicae da lealdade patriótica, que são traços dominantes da vida do Duque de Caixas.

Os Comandante de Unidades organização anualmente a festa militar de 25 de agôsto, como espírito recomendado no capítulo VIII do R.I.S.G.

SAÚDE E FRATERNIDADE - (a) Setembrino de Carvalho - Ministro da Guerra

* Manoel Soriano Neto

Guarda de Honra Especial, irrepreensível e reverente, durante a vigília cívica realizadana Igreja da Irmandade Santa Cruz dos Militares, a 24 de agôsto de 1949, constituídapor oficiais e praças da Guarnição da Capital Federal. Magnificente visão do interiorda Igreja, destacando-se a eça onde se encontram os restos mortais do Duque e de sua

esposa e as relíquias postas sobre as almofadas que são vistas.

da Escola Militar do Realengo escolheu a deno-minação histórica de �Turma Duque de Caxias�;a propósito, acrescente-se que a Turma de 1962,da Academia Militar das Agulhas Negras, à qualpertence o atual Comandante do Exército, GenEx Enzo, também ostenta, com muita ufania, adenominação de �Turma Duque de Caxias�.

Outro momento histórico de grande rele-vância no enaltecimento da figura do Patrono doExército, se deu por ocasião do comando doentão Coronel José Pessoa Cavalcante de Albu-querque, na Escola Militar do Realengo (1931/4). Este militar, de elevadíssimos méritos, criounaquela Escola, várias místicas alusivas a nossoglorioso passado, sendo, talvez, a maior delas, ainstituição do espadim do Cadete, réplica doinvencível sabre de Caxias. A primeira soleni-dade de entrega do espadim foi realizada em1932, iniciando-se, então, uma importantetradição que perdura até hoje.

Mas, remontando ao início dessas consi-derações, relembremos, sucintamente, das má-goas que atormentaram nosso Soldado-Maiorem seus últimos anos de vida.

Caxias encontrava-se agastado com oImperador, desde quando concedera, com a relu-

tância de Dom Pedro II, em 1875, na condição dePresidente do Conselho de Ministros, a anistiaaos Bispos de Pernambuco e do Pará, dandosolução magnânima à chamada �questão religio-sa�. Após o retorno de uma longa viagem àEuropa, o Monarca  destituiu o Gabinete con-servador, presidido por Caxias, nomeandoum outro, com membros do Partido Liberal. Ovelho Duque, bastante desgostoso, recolheu-se à fazenda Santa Mônica, de propriedade deuma de suas filhas, afastando-se, definitiva-mente, da vida pública e onde veio a falecer,em 8 de maio de 1880.

Outrossim, o decreto de Caxias, de anistiaaos bispos, nunca foi aceito pela Maçonaria.O seu grande amigo, Visconde do Rio Branco,Grão-Mestre da Ordem, solicitou demissãodo Conselho de Ministros, a fim de não assi-nar o dito decreto, rompendo, pois, com Ca-xias, �Irmão que se tornou altamente impopu-lar entre os da Arte Real�, pelo que o Marechaldeixou de freqüentá-la.

Ademais, a Igreja Católica exigiu que oDuque - �cristão de fé robusta� - cumprisse osditames de uma bula papal, pela qual pugnaram

os dois bispos presos eanistiados e  abjurasse aMaçonaria. Como ele nãoobedeceu à tal determina-ção, foi expulso, por ser�maçom  pestilento�, daIrmandade da Cruz dosMilitares, da qual fôra provedor...

Em agosto de1949, finalmente, toda anação brasileira fez justi-ça à memória do Duquede Caxias, quando os seusrestos mortais e os daDuquesa foram traslada-dos para o Pantheon de-fronte ao Quartel-Gene-ral do antigo Ministérioda Guerra, no Rio de Ja-neiro, atual  Palácio Duque de Caxias, sede doComando Militar do Leste, do Exército Brasilei-ro. A histórica Solenidade, presidida pelo Presi-dente da República, General Eurico GasparDutra, revestiu-se de superlativo brilhan-tismo, sendo o presidente da Comissão deTrasladação, o Vice-Presidente da República,Dr. Nereu Ramos, que era maçom. Membrosda família imperial brasileira e o MarechalRondon, tradicional positivista, estiverampresentes à cerimônia, que se encerrou com ummonumental desfile militar na Avenida Presiden-te Vargas (foto abaixo). Aduza-se que a IgrejaCatólica em reparação às injustiças perpetradascontra Caxias, velou os seus restos mortais e da

dona Ana Luiza, na Igreja da Irmandade daCruz dos Militares, que o havia expulso, em1876, sendo concelebrada uma missa por 18Bispos e Arcebispos de todos os rincões brasi-leiros, presenciada pelo Cardeal do Rio de Janei-ro, Dom Jaime de Barros Camara. E mais: houveum dobre de sinos em todas as igrejas católicasdo Brasil na hora da trasladação...

Destarte, naquele inesquecível e histórico25 de agosto de 1949, ocorreu de fato, ummemorável resgate da venaranda imagem de umdos maiores filhos desta Pátria, Luiz Alves deLima e Silva, Duque de Caxias, O Pacificador,Patrono do glorioso e invicto Exército Brasileiro.

* Coronel / Historiador

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Transido de dor comunico ao Exército o passamento do Exce-lentíssimo Senhor marechal do exército, senador do império,

Duque de Caxias, cujos restos mortais serão amanhã, às 9 1/2 horasdo dia, dados à sepultura no cemitério de S. Francisco de Paula.

Amigo de infância, ligado por estreitos laços de parentesco,fui companheiro dedicado, admirador das virtudes do eminentecidadão que tanto mais se eleva aos olhos de seus concidadãos,quanto maiores eram os sacrifícios que a Pátria lhe exigia.

Sua vida foi o conjunto de preclaros feitos; e ao extinguir-se, revelou êle a modéstiade seu elevado caráter, na dispensa que fêz de todas as homenagens oficiais a que a leilhe dava direito.

Seu último desejo foi que o conduzissem ao túmulo seis soldados.O vencedor de tantas batalhas finalizou seus dias; e na trajetória da vida que acabo

de descrever, nunca foi vencido como bem o disse em sua Ordem do Dia n. 269, datadade Vileta, em 21 de dezembro de 1868.

Convido aos Srs. oficiais dos corpos desta Guarnição para tomarmos luto por oitodias, como sinal de respeito e veneração que tributamos à memória do nosso ilustreChefe.

Visconde da Gávea, Marechal do Exército graduado. Ajudante-Geral.

ORDEM DO DIA N. 1.512

OS SENTIMENTOS DO EXÉRCITO

Real Academia Militar, criada por D. João VI efrequentada por Caxias desde os 14 anos

Largo de São Francisco - 1820 - Rio de Janeiro

MEDALHA DO PACIFICADOR CAPÍTULO IV DA CASSAÇÃO

Art. 10. Perderá o direito ao uso da Medalha do Pacificador e será excluído da relação de agraciados:

Decreto nº 4.207, de 23 de abril de 2002

I - o condecorado nacional que:a) tenha perdido a nacionalidade ou a cidadania; b) tenha cometido atos contrários à dignidade e à honra militar, à moralidade

da organização ou da sociedade civil, desde que apurados em sindicância ou inquérito; e c) sendo militar:1. for condenado à pena de reforma prevista no Código Penal Militar, por sentença transitada em julgado;2. se oficial, for declarado indigno do oficialato, por decisão do Superior Tribunal Militar; e3. se praça, for licenciado ou excluído a bem da disciplina;II - o condecorado nacional ou estrangeiro que:a) tenha sido condenado pela justiça do Brasil, em qualquer foro, por sentença transitada em julgado, por crime contra a integridade

e a soberania nacionais ou atentado contra o erário, as instituições e a sociedade brasileira;b) recusar ou devolver a condecoração ou insígnia que lhe haja sido conferida; ec) tenha praticado atos pessoais que invalidem as razões da concessão, a critério do Comandante do Exército.

Parágrafo único. A cassação será feita ex officio, em ato do Comandante do Exército.

Aguardamos ansiosos o cumprimento deste decreto

Até quando?

Esta obra de autoria do Coronel Historia-dor Luiz Ernani Caminha Giorgis, cobretoda a vida de Caxias, dia a dia, baseada

em fontes primárias e em livros deautores consagrados.

O livro pode ser adquirido por R$ 20,00,incluídas as despesas de Correio, através

do e-mail: [email protected]

Em 1855, chefiando o Ministério da Guerra, Caxias aprestavao projeto da Escola de Aplicação do Exército

Óleo de Miranda Junior

IMPLACÁVEL NA GUERRA,GENEROSO NA PAZ

EM AÇÃO, O PACIFICADOR

A 2 de dezembro de 1839, Lima eSilva entra no gabinete do mi-

nistro da Guerra para agradecer apromoção a coronel que acabava dereceber. O ministro não quer agrade-cimentos:

- Eu não fiz hoje apenas um coro-nel; fiz o general que há de pacificar oRio Grande. Conheço aquela Provínciae não temos ali elementos para debelara força daquela rebelião. Vá criar nomee prestígio no Maranhão e venha depoispacificar o Sul.

Nomeado comandante-geral dasforças militares do Maranhão e presi-dente da Província, despediu-se dafamília, e a 4 de fevereiro de 1840chegava a São Luís. Sua missão; aca-bar com a Balaiada.

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Page 9: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

No último dia 25 de agosto

ocorreu o bicente-nário de nascimen-to do Marechal LuísAlves de Lima eSilva. A data deveser comemoradacom o apreço quemerece. O Grupo

Inconfidência lançou edição come-morativa, da melhor qualidade, deseu periódico mensal Inconfidência,que contém substanciosos subsídiossobre a vida e a obra do soldado epacificador.

A Constituição de 1988 incluiu,como princípio fundamentalda Administração Pública,o da moralidade. O Du-que de Caxias, há cen-to e cinquenta anos,praticava-o com esme-ro, no comando militar.

Cito o Coronelaviador Olavo Noguei-ra Dell'Isola, em suacontribuição para a edi-ção comemorativa: "EmAssunção, seu primeiro cuidado étomar, de imediato, medidas que pre-servem a ordem e façam respeitara propriedade alheia, em respeitoaos vencidos".

É também transcrita a crônicade Humberto de Campos sobre osoldado brasileiro: "A moralidadedo Exército brasileiro era, em su-ma, tão patente, que o Estado-Mai-or argentino, assim a assinalou,por essa época, em uma monografiaoficial: �Los brasi-leños llevaron laaplicación de esosprincipios de mora-lidad militar, hastala escrupulosidad,como lo demuestrauna orden generallanzada, el 25 de Septiembre de 1851,desde el cuartel general de Puntasdel Tambor, por el generalíssimoCaxias, en que promete una grati-ficación de diez onzas de oro a quien

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

DUQUE DE CAXIAS - O PACIFICADOR

* José Tarcizio deAlmeida Melo

HOMENAGEM PRESTADA, EM VINTE E OITO DE AGOSTO DE 2003, AO DUQUE DE CAXIAS PELO DESEMBARGADOR ALMEIDA MELO

Publicado no Inconfidência, nº 60 de 27 de setembro de 2003

suministre datos sobre la identidadde unos soldados rezagados que ha-bían carneado dos reses ajenas,disponiendo además que el tesorerode ejército abone inmediatada-mente a la propietaria de los ani-males muertos, el correspondienteresarcimiento'."

Na Ordem do Dia, em 4 desetembro de 1851, relembrada porHumberto de Campos, Caxias afir-mou: "A propriedade de quemquer que seja, nacional ou estran-geiro, é sagrada e inviolável; edeve ser tão religiosamente res-peitada, pelo soldado do exérci-to imperial, como sua própria

honra. O que por desgra-ça a violar, será consi-

derado indigno de per-tencer às fileiras doExército, assassino dahonra e reputação naci-onal, e como tal se verá,inexoravelmente puni-do".

Vejam, Vossas Ex-celências, que o Mare-

chal Luís Alves de Limae Silva, no meado do século XIX,proclamava conceitos precisos quesomente nos tempos seguintes iamser estruturados pelos mestres doDireito: o patrimônio deve ser pre-servado no seu conjunto de matériae moralidade, tendo por diretriz oapego que se há de ter pela própriahonra. Os que não sentem a própriahonra, não têm o que defender. Sóexercem a legítima defesa da honrae do patrimônio, inerentes à perso-

nalidade do homem, osque têm dignidade. Oscidadãos honrados sa-bem prezá-la. Os quenão têm honra não res-peitam a propriedade.

"Sigam-me osque forem brasileiros",

este é o legado corajoso de Luís Alvesde Lima e Silva, na heróica travessiada Ponte de Itororó.

A marca indelével de Caxiasfoi sua reiterada convicção dos va-

lores da persuasão e da solução con-sensual. Poderoso em armas, lem-brou Barbosa Lima Sobrinho que,vencidos os revoltosos de SantaLuzia e informado de que vinhamcaminhando, dois a dois, acorren-tados e algemados, tomou medidas

imediatas para que lhes tirassem asalgemas e lhes dessem cavalos, nopercurso que devia conduzi-los aOuro Preto. Entre os acorrentados,vinham altas figuras da monarquia,à frente de todos, uma das melho-res glórias do liberalismo brasileiro,Teófilo Ottoni. Ao pedido de fes-tança de vitória sobre a RevoluçãoFarroupilha, em Bagé, Caxias teriadito ao pároco que, em vez do "TeDeum" aceitaria o convite para umamissa em "sufrágio das almas dosmortos imperiais e republicanos quehaviam tombado em defesa de suasverdades".

Lembrou Pedro Calmon, cita-do pelo Coronel Cláudio MoreiraBento: "O barão de Caxias ven-ceu, sobretudo, por convencer,porque a verdadeira vitória nãoconsiste em sufocar ou subjugaro adversário, pois é antes umatarefa de persuasão, de conquis-ta de corações para que se atinjao ideal vencedor. E Caxias so-brepôs a olhos fratricidas a dig-nidade da paz justa, cobrindo asforças em luta com o véu ilumina-do da concórdia e da pacificação.Ali reuniu ao gênio de guerreiroconsumado a generosidade cle-mente e aliciadora".

Meus senhores: Caxias foi o pri-meiro porta-bandeira deste País, aorecebê-la do Imperador, na CapelaImperial, logo após a Independência.Portou-a com rigor primoroso.Patrono da anistia. Pacificador. Fon-te da unidade nacional. Exemplo decoragem física e moral. Professor deDireito e de Política aos juristas ehomens públicos de nosso tempo. For-taleza intransponível contra os comu-nistas, os maus governantes que san-gram os que trabalham e se vergamaos especuladores. Símbolo da Na-ção! Peço, Senhor Presidente, fazerconstar dos anais deste egrégio Tri-bunal e do Exército Brasileiro estahomenagem.

* Desembargador do Tribunal de Justiça/MGProf. Titular de Direito Constitucional � PUC Minas

Doutor em Direito Constitucional pela UFMG

Caxias proclamavaconceitos precisos que

somente nos temposseguintes iam serestruturados pelosmestres do Direito

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Muito já se disse a

respeito do Du-que de Caxias.Ele é, hoje, �He-rói da Pátria�,estando o seunome inscrito,por força de lei,no �Livro dosHeróis da Pá-tria� (é um livrode aço) no Pan-

teão da Liberdade e da Democracia, emBrasília-DF, desde 2003, quando das festi-vidades oficiais do duo-centenário de seunascimento.

Entretanto, algumas facetas daedificante existência e da personalidade doínclito Soldado merecem ser relembradas.Tal é o objetivo dessas despretensio-sas achegas, alinhavadas de escantilhão,em apertada e incompleta síntese.

Luiz Alves de Lima e Silva pautou asua vida pela inteireza de caráter, arrojo,determinação, acendrado patriotismo e mag-nanimidade.

Quando da concessão da anistia aosvencidos, em especial ao término da Revo-lução Farroupilha, evidenciou-se, cabalmen-te, o sentimento magnânimo do �Pacifica-dor�. Ele recebeu, �ipso facto�, do sau-doso jornalista e acadêmico Barbosa LimaSobrinho, a notável honorificência titularde �O Patrono da Anistia� - de todas asanistias (ver �Jornal do Brasil�, de 25/5/88). A propósito, acrescente-se que Caxiastambém ganhou do emérito historiador, CelCláudio Moreira Bento, o epíteto de �Pio-neiro Abolicionista�, por haver concedidoa liberdade aos cativos farroupilhas, mesmocontrariando instruções superiores. Aindacom referência à generosidade do �NumeTutelar da Nacionalidade� - como Caxias échamado pelos apologistas - , assinale-seno Testamento do Duque, como está ex-pressa uma de suas vontades: �Declaro que

ASPECTOS POUCO LEMBRADOS DA VIDA DE CAXIAS

* Manoel Soriano Neto

deixo ao meu criado Luiz Alves, quatrocen-tos mil réis e toda a roupa de meu uso� (essecriado era um índio que ele trouxera doMaranhão, após a �Balaiada�, adotando-oe dando-lhe o seu próprio nome; observe-se que o indígena foi a primeira pessoalembrada no dito testamento, no qual, so-mente após, são mencionados familiares eamigos íntimos do venerando Marechal...).

A audácia de Caxias nos campos debatalha revela-se em inúmeras oportunida-des nas quais o intimorato Comandante nãose furtou a correr o �risco calculado�. Asorte, entretanto, sempre o acompanhounos momentos de alta periculosidade. É queele �tinha estrela�, a �grande estrela deCaxias�, aparecida com fulgurante brilho,nos céus do Rio Grande do Sul, quando daRevolução Farroupilha (era, na realidade, ocometa �Brilhante�), a respeito da qual diziaCaxias, em tom zombeteiro, mas alimentan-do o mito criado em torno de sua figura: �É,eu nasci na Vila de Estrela, no Rio deJaneiro�... Caxias foi, de fato, extremamen-te arrojado, na Guerra da Independência, naCampanha da Cisplatina, no combate deSanta Luzia-MG, no reconhecimento doporto de Buenos Aires, em 1852, e, máximena Guerra do Paraguai, quando da execuçãode ousadíssimas manobras como a da mar-cha dos nossos três Corpos de Exército poruma estrada construída sobre o Chaco e nasoperações da �Dezembrada�, no começodas quais se travou a memorável batalha deItororó. Nesta batalha, o Marquês de Caxias,aos 65 anos, parte em direção à ponte sobreo arroio Itororó, sabre em punho e a galopede carga, após bradar �Sigam-me os queforem brasileiros!� (consigne-se que oapelo do Generalíssimo era tão-somenteanímico, ao sentimento de brasilidade, pos-to que apenas tropas brasileiras encontra-vam-se no �quadrilátero de Piquissiri�).

Seria despiciendo falar-se do exacer-bado patriotismo de Caxias. Todavia, gos-taríamos de relembrar trechos de uma cartapor ele escrita ao Visconde do Rio Branco,

Se tivesse que eleger um patrono para a defesa ou a exaltação da anistia, ficaria indeciso entredois nomes, que me pareciam recomendados para essa função gloriosa, o de Rui Barbosa e o

do Duque de Caxias. Rui Barbosa com os seus trabalhos jurídicos e sua atuação de advogado. ODuque de Caxias pelos exemplos que nos legou. E acabaria optando pelo militar que, antes dasbatalhas, fazia da promessa de anistia um elemento de pacificação.

Foi assim no Maranhão com a insurreição dos Balaios, em São Paulo e Minas Gerais,com as revoltas de 1842, foi assim também no Rio Grande do Sul, com a revoluçãoFarroupilha. É óbvio que se não podia falar em anistia na guerra do Paraguai, quando osadversários estavam sob a jurisdição de outro governo. Mas sempre que se pudesse invocara presença da fraternidade, numa luta entre irmãos, ocasionalmente desavindos, Luiz Alvesde Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, soube dar prioridade às promessas e à segurançada anistia, com uma constância exemplar, com que se construíram algumas das páginas denossa história política.

... Mesmo com os chefes, não se faltava, naquele tempo, as leis de humanidade. Logo depoisdo combate de Santa Luzia em que foram vencidos e esmagados os revoltosos do Partido Liberal,quando Caxias foi informado de que os vencidos vinham caminhando dois a dois, acorrentadose algemados, tomou medidas imediatas para que lhes tirassem as algemas e lhes dessem cavalos,no percurso que devia conduzir a Ouro Preto. E entre os acorrentados vinham altas figurasda monarquia, à frente de todos uma das glórias do liberalismo brasileiro, Teófilo Ottoni.

(Publicado no Jornal do Brasil � 25/05/1988).

O PATRONO DA ANISTIA

Jornalista Barbosa Lima Sobrinho

ao tempo da �Questão Christie�, de doloro-sa memória: �Não se pode ser súdito denação fraca. Tenho vontade de quebrar aminha espada quando não me pode servirpara desafrontar o meu País, de um insultotão atroz�.

Mas como era o Homem - Caxias? Asua estatura era, para a época, acima damédia (quando trasladado, em 1949, para oPanteão à frente do Ministério da Guerra, noRio de Janeiro, na Atade Exumação constouque o esqueleto media1,72m), a sua complei-ção era atarracada, om-bros largos, olhos cas-tanhos, cabelos cas-tanho-alourados, tezclara e rosada, voz su-ave, normalmente si-sudo, garboso, de há-bitos morigerados,austero, rigorosíssi-mo, porém humano,saudável, apesar depadecer de uma malá-ria contraída no Mara-nhão que, muitas ve-zes, lhe causava fortesdores e a inchação dofígado: era, outrossim, sedizente fatalista (oque explica, por certo, a sua exponencialtemeridade, que beirava ao arrebatamento,repetida em várias ocasiões de acentuadoperigo), assaz corajoso, determinado, orgu-lhoso de sua formação militar, maçon dedi-cado, esposo exemplar, pai extremoso e�cristão de fé robusta�. O Cel José de LimaCarneiro da Silva, neto de Caxias, foi en-trevistado, aos 83 anos, em 1941, pela re-vista �Nação Armada� (nº 23, Out 41) edisse a respeito do �Condestável do Im-pério�: �O Duque, após o passamento daDuquesa, jamais tirou o luto, mesmo emcasa. Era, entretanto, alegre e se alimen-tava bem, preferindo à mesa, pratos daculinária gaúcha. Apesar de fluminense,

o Rio Grande do Sul era a sua meninados olhos. A toda hora falava das suascoisas, dos seus homens e tinha mesmo umcerto sotaque de riograndense do sul. Amúsica encantava-o, como velhas mazur-cas e valsas, tocadas ao piano por sua co-madre Maria José, que ele ouvia em silên-cio, fumando grandes e perfumados cha-rutos. Era um inveterado fumante de cha-rutos, consumindo vários ao dia�.

Caxias trouxe doParaguai, três cavalos:�Moleque�, �Doura-dilho� e �Aedo�. Acer-ca de �Douradilho�,nos conta Vilhena deMorais: �Ao fogoso�Douradilho�, da pon-te de Itororó, Caxiasjá velho e enfermo, cos-tumava melhorar a ra-ção na data do aniver-sário daquele comba-te (6 Dez)�...

Caxias foi tudo!Marechal do Exército,Conselheiro de Estadoe da Guerra, Barão, Con-de, Marquês, Duque,Presidente e pacifica-

dor de Províncias, Senador (pelo RS), Depu-tado (pelo Maranhão, eleito mas nãoempossado), três vezes Ministro da Guerrae três vezes Presidente do Conselho deMinistros!

E o Brasil soube reconhecer os tan-tos e tamanhos serviços por ele presta-dos à Pátria - �nossa Mãe-Comum�. Sim,bastando que contabilizemos, por essesbrasis, os incontáveis monumentos, lo-gradouros públicos, escolas etc, etc, queexibem a imagem ou ostentam o augustonome do maior vulto da História da Na-ção. Dentre essas enaltecedoras honrari-as, sobrelevam-se as denominações deduas importantes cidades: a de �Duquede Caxias�, no Rio de Janeiro, e �Caxias

SÍMBOLO DA UNIDADE NACIONAL

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�Antes de entrarem as nossas fôrças emBagé, mandou êle (Caxias) chamar a um círculotodos os comandantes de corpos e ordenou-lhesque não queria que as tropas dessem a menordemonstração de júbilo pela vitória queacabavam de obter, e que lhes recomendavatambém o não consentir que nenhum solda-do fizesse o menor insulto aos habitantesde Bagé, sob pena de sua imediata respon-sabilidade. Logo que o General entrou navila, foi ali recebido por tôda a oficialidade,vários empregados públicos e habitantes, in-clusive pelo pároco do lugar; e como êste lheperguntasse a que horas queria que se fizesseo Te Deum em ação de graças pela vitória quetinham alcançado as nossas armas, respon-deu-lhe o Conde:

__ "Senhor reverendo, a causa dogovêrno ganhou um triunfo, mas êsse triun-fo foi obtido, inda que não perigasse um só

O VENCEDOR GENEROSOdos meus soldados, com derramamento desangue brasileiro. Eu não o conto como umtroféu, não me vanglorio com êle, porquenão posso vangloriar-me com as desgraçasdos meus concidadãos.

É verdade que faço a guerra aos Rio-grandenses dissidentes, mas sinto as suasdesditas e choro pelas vítimas que êles per-dem nos combates, como um pai chora aperda de seus filhos, Vá, Senhor reverendo,e em lugar de um Te Deum em ação de graçaspela vitória que obtiveram ao defensores dalei, diga antes uma missa de defuntos, que eucom o meu estado-maior e a tropa, que couberna sua Igreja, a iremos amanhã ouvir, pelasalmas de nossos irmãos iludidos, que pereceramno combate!�

Antônio Manoel Corrêa da Câmara(Reflexões sôbre o generalato do

Conde de Caxias)

�Há muito que narrar!Só a mais vigorosa concisão, unida à maior singeleza, é que poderá contar os seus

feitos. Não há pompas de linguagem, não há arroubos de eloqüência capazes de fazer maioressa individualidade, cujo principal atributo foi a simplicidade na grandeza.

Carregaram o seu féretro, seis soldados rasos; mas, senhores, esses soldados quecircundam agora a gloriosa cova e a voz que se levanta para falar em nome deles, são o corpoe o espírito de todo o Exército Brasileiro�.

Visconde de Taunay, à beira do túmulo de Caxias

UMA VIDA A SERVIÇO DA PÁTRIA

* Coronel - Historiador - Membro do IGHMB e da AHIMTB - Ex-Chefe do CDOCEx

Revista Militar Brasileira - Edição Especial - Agosto de 1949

PACIFICAÇÃO DA PROVÍNCIADO RIO GRANDE DO SUL

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

�... Não pode tardar que nos meçamos com os soldados de Rosas e Oribe.Guardemos para então nossas espadas e nosso sangue.

Abracêmos-nos e unâmo-nos para marcharmos, não peito a peito, mas ombro aombro, na defesa da Pátria, que é nossa mãe comum.�

NA GUERRA CONTRA ROSAS�Conseguintes uma glória imortal; desagravastes a honra de nossa

Pátria; contribuístes eficazmente para a paz de dois Estados, para o triunfoda mais santa das causas � a da liberdade da Humanidade e da Civilização.Está pois completa a vossa missão!�

Já em 1843, Caxias escreve ao Ministro da Guerra:"Hoje não há uma só povoação na Província dominada pelos rebeldes".1844, foi todo êle de lutas e correrias. Finalmente, surgem em 1845 os albores

primeiros da paz.Depois da aproximação e conversações por êle orientadas, chega-se à Paz de Ponche

Verde, com alegria geral.E Caxias lança a sua famosa Proclamação, em que exulta:�Rio-grandenses! É sem dúvida para mim de inexplicável prazer o ter de

anunciar-vos que a guerra civil, que por pouco mais de nove anos devastou esta belaProvíncia, está terminada.

Uma só vontade nos una, Rio-grandenses, maldição eterna a quem ousar recor-dar-se das nossas dissenções passadas!"

Mais uma vez se revela grande obreiro da unidade nacional, restituindo à Nação agrande província pacificada e coesa.

NA GUERRA DOS FARRAPOS

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

NO MARANHÃO (BALAIADA)"Maranhenses! Mais militar que político, eu quero até ignorar

os nomes dos partidos que entre nós exstem."l l l

CONTRA AS FÔRÇAS DE URQUIZAResposta ao Ministro Carneiro Leão:

"Meu amigo, meta-se com a sua diplomacia sómente, porque de militança vocênão sabe nada. Você verá que o Marquez há de honrar a nossa Pátria."

NA GUERRA DO PARAGUAIQuando convidado para Comandante em Chefe:

"Sr. Ministro, a minha espada não tem partido!"

SUA ÚLTIMA VONTADE�Seis praças de bom comportamento, para colocar-me no fundo da sepultura.�

Desde 2003, enviamos 3 edições históricas anuais - Movimento Cívico-Militar de31 de março de 1964, Duque de Caxias e Intentona Comunista, para os alunos

das escolas militares do Exército, dos Colégios Militares (último ano) e dos CPOR/NPOR,totalizando aproximadamente 15 mil exemplares. A partir de 2011, pela primeira vez,em 7 anos, deixamos de enviar esta edição impressa para TODAS as escolas mi-litares, por absoluta falta de recursos financeiros. Neste ano de 2014, o mesmo fatose repete com uma tiragem de 7 mil exemplares. No entanto, a edição eletrônica en-contra-se à disposição de todos os Comandos do Exército, da Marinha e da ForçaAérea, que poderão repassá-la a quem desejar, mediante solicitação ao [email protected] sem qualquer custo. Também extensivo àsfaculdades, historiadores e professores de História do Brasil.

EDIÇÃO HISTÓRICA DO DUQUE DE CAXIAS

LUIZ ALVES DE LIMA E SILVAH 25 de agosto de 1803, em Vila Estrela, Rio de JaneiroV 07 de maio de 1880, na Fazenda Santa Mônica � Rio de Janeiro

Caxias familiarizou-se com as coisas da guerra desde muito cedo. Cresceu no interior dosquartéis que o General Francisco de Lima e Silva, seu pai, comandou. Garboso, de estatura mediana,tez clara e rosada, compleição atarracada, ombros largos, olhos castanhos, cabelos castanhosalourados, feições serenas, voz suave, saudável e calmo, corajoso, determinado, magnânimo, esposoexemplar e pai extremoso, �cristão de fé robusta�.

Marechal do Exército, Conselheiro de Estado e da Guerra, Generalíssimo dos Exércitos daTríplice Aliança, Barão, Conde, Marquês, Duque, Presidente de Províncias, Deputado, Senador, trêsvezes Ministro da Guerra, três vezes Presidente do Conselho de Ministros, Patrono do glorioso einvicto Exército Brasileiro.

O HOMEMCAXIAS, O PACIFICADOR

�O TÍTULO CAXIAS SIGNIFICAVA DISCIPLINA, ADMINISTRAÇÃO,VITÓRIA, JUSTIÇA, IGUALDADE E GLÓRIA�.

Padre Joaquim Pinto de Campos, biógrafo de Caxias

BRASÃO DE CAXIASINTERPRETAÇÃO

Escudo partido de dois traços, cortado de um : 1º de prata, comum leão de púrpura armado de azul, que é de Silva; 2º de ouro, com

cinco estrêlas de vermelho, postas em santor, que é de Fonseca ; 3º deouro com quatro palas de vermelho, que é de Aragão ; 4º de azul, comcinco brandões de ouro acesos de vermelho, postos em santor, que éde Brandão; 5º de vermelho, com soromenho (árvore) de verde, frutadade prata e arrancado do mesmo, ladeado, em chefe, de uma flôr de liz ede um crescente de ouro, que é de Soromenho ; 6º de prata, com trêsfaixas de vermelho, que é de Silveira. E por diferença uma brica deprata, com um farpão de negro. Coroa de Duque.

Brasão de Armasde Nobreza e

Fidalguiado Duque de

Caxias

do Sul�, no Rio Grande do Sul. Entre tan-tas homenagens, urge que citemos algu-mas tributadas pelo glorioso e invictoExército Brasileiro a seu insigne Patrono:�Forte Duque de Caxias�, no Le-me/RJ;�Batalhão Barão de Caxias�, que é o24° BC, de São Luís-MA; �Grupo Condede Caxias�, que é o 3° GAAAe, de Caxiasdo Sul-RS; �Companhia Praça Forte deCaxias�, que é a 13ª Cia Com, de SãoGabriel-RS e o �Batalhão Duque de

Caxias�, que é o Batalhão da GuardaPresidencial, de Brasília-DF.

Por derradeiro, salientemos, comufania, que o sociólogo Gilberto Freyre,reconhecendo o caráter adamantino e asperegrinas virtudes do �Soldado-Maior�,cunhou a expressão �caxias� - uma me-táfora caída na consagração popular, coma qual são apelidados aqueles que cum-prem integral e rigorosamente os seusdeveres.

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A REVOLUÇÃO LIBERAL DE MINAS GERAIS � 1842

Em 1842 surgiram duas outras re-voluções liberais, uma em MinasGerais, outra em São Paulo. Ambas

foram igualmente debeladas por Caxias etiveram como origem um mesmo fato: adissolução da Câmara dos Deputados orde-nada por D. Pedro II.

O ministério liberal nomeado pelo im-perador logo após sua posse manteve-seunido durante pouco tempo. Em março de1841, Pedro II exonerou-o, substituindo-opor um ministério conservador, sendo po-rém mantido no Ministério dos NegóciosEstrangeiros o ministro da gestão anterior,Aureliano Coutinho. Dizia-se que este che-fiava um clube político, cuja finalidade eraexercer influência nas decisões do impera-dor.

Alegando fraude nas eleições realiza-das para a Câmara dos Deputados � quedeveria iniciar seus trabalhos em 3 de maiode 1842 e que já se encontrava em reuniõespreliminares � o novo ministério conseguiuque D. Pedro II a dissolvesse a 1º de maio.Este foi o motivo pelo qual os políticos de

Dispositivo do combate de Santa Luzia - 20 de agosto de 1842

SOLAR TEIXEIRA DA COSTAErguido em 1745, guarda as marcas de balas cravadas em suas janelas

na Revolução Liberal de 1842. Atual Casa de Cultura, foi o Quartel General dastropas revolucionárias de Teófilo Otôni

Barão de Caxias aos 39 anos de idade,Pacificador da Revolução Liberal na

Província de Minas Gerais

Monumento ao Duque de Caxiaserigido no Morro do Tamanduá,

conhecido como Muro das Pedras,fortificação que serviu de trincheira

para os Revolucionários Liberaisem Santa Luzia

Minas Gerais e São Paulo, sentido-se preju-dicados, se revoltassem contra o governoque acusavam de reacionário. O movimentopaulista contou com o apoio do Padre DiogoFeijó, e a 17 de maio de 1842 o BrigadeiroRafael Tobias de Aguiar foi proclamadopresidente revolucionário.

Com apoio dos liberais chefiados porTeófilo Benedito Otôni, o movimento mi-neiro seguiu caminhos idênticos: a 10 dejunho, em Barbacena, José Feliciano PintoCoelho (futuro Barão de Cocais) era procla-mado presidente revolucionário.

Neta mesma data, 10 de junho, emdecreto, Caxias é louvado pelo cumprimen-to da missão em São Paulo e também nome-ado Comandante do Exército Pacificador,em Minas Gerais.

Após ter debelado o movimento libe-ral em São Paulo, entrando em Sorocaba,aprisionando alguns revolucionários, en-tre os quais o já bastante enfermo PadreDiogo Antônio Feijó e dando por pacifica-da a província, Caxias dirige-se para MinasGerais.

Os insurretos, embora vitoriosos noscombates de Queluz (hoje ConselheiroLafaiete) e Sabará, não se animaram a atacara cidade de Ouro Preto, então capital daprovíncia. Ouro Preto resistiu à revoluçãosob a liderança do presidente legal BernardoVeiga, que bateu os revolucionários emMendanha (23 de junho) e Presídio (25 dejunho), mas apesar disso, continuavam do-minando a parte mais populosa de Minas eas comunicações com o Rio de Janeiro.Fortificaram-se em Queluz, fizeram de SãoJoão del Rei a sua capital revolucionária edecidiram conquistar Ouro Preto, com asforças de Baependi, São João del Rei,Barbacena, aliando-se às de Cataguases. Avitória que obtiveram em Queluz a 20 dejulho, reacendeu a chama liberal revolucio-nária.

A 30 de julho, Caxias publica no seuQuartel General em Brumado, o primeiroEdital, conclamando �os que não fossemchefes de revolta a voltarem à sua vidadoméstica�.

Ataca São João del Rei e ocupaBarbacena. Avança em marchas forçadassobre Ouro Preto, na intenção de precederos rebeldes que também marcham sobre acapital.

Caxias, antecipando-se à coluna, a 6de agosto entra em Ouro Preto e participaem carta ao Ministro da Guerra:

�Passei entre dois mil rebeldes eentrei nesta capital sem ser incomodadopor eles, conseqüência das forçadíssimasmarchas que fiz, pois que, quando os mes-mos rebeldes me julgavam ainda em Queluze projetavam atacar a cidade, eu me acha-va nos seus subúrbios.�

- 11 de agosto � Os rebeldes tomamSabará, aí concentram suas forças e prosse-guem para Santa Luzia, fortificando solida-mente essa posição dominante.

À frente das forças legalistas, Caxiaslançou-se ao encontro dos 3.300 insurretos,sendo atacado, a 20 de agosto, próximo aSanta Luzia do Rio das Velhas. A posiçãoocupada pelos rebeldes era privilegiada �tinham comandamento de vista e de tirossobre as vias de acesso, além de apoiar umde seus flancos no rio das Velhas. Caxiasencontrava-se em posição defensiva einferiorizado no combate. Conseguiu a vi-tória graças às excelentes condições defen-sivas oferecidas pelo terreno e à providen-cial chegada de uma coluna legalista co-mandada pelo Coronel José Joaquim deLima e Silva (depois Conde de Tocantins),seu irmão. Com a vitória de Caxias em SantaLuzia, teve fim a revolta liberal de Barbacena,que durou 2 meses e 10 dias, causandosérias preocupações à Corte por sua maiorconsistência militar. Os chefes rebeldesforam presos e processados, sendo � comoos paulistas � condenados. Vitimado pelaparalisia o Padre Feijó faleceu a 10 de agostode 1843. Em 1844, quando o Partido Liberal

mais uma vez assumiu o poder, todos osrebeldes foram anistiados. A 10 de setem-bro, chegou a Ouro Preto, sendo recebidofestivamente e aclamado pela população.Poucos dias antes, em 29 de agosto, haviasido promovido a Marechal-de-Campo gra-duado (atual general-de-divisão), com 39anos de idade.

Dois meses depois, assumiria a Presi-dência e o Comando das Armas na provín-cia do Rio Grande do Sul, para pacificá-la, oque aconteceu em Ponche Verde em 1º demarço de 1845.

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É preciso proclamar à exaustão que o

Duque de Caxias não ésomente glória militar.É patrimônio cívico doBrasil. Não há nação re-

sistente à amnésia histórica. A perda da me-mória coletiva costuma ser a antevéspera dasgrandes capitulações. Quando um povo co-meça a perder a dimensão do seu passado,principia a perder o presente e a comprometero futuro.

Nessa impatriótica operação de des-memoriar os povos, tornada a efeito comprecisão e requintes sofisticados de planosestratégicos, aproveitando o ruir de velhasestruturas e o tempo de iconoclastia genera-lizada que assola todas as civilizações. Sevelhas ordens estão sendo demolidas e se oBrasil está empenhado na edificação de insti-tuições modernas e eficientes, igualmente jus-tas, capazes de resistir às intempéries e àsagressões as mais variadas, é mister apro-fundar nas nossas raízes do passado e buscarali a seiva vital que há de nos impulsionar parao futuro.

É fundamental, hoje mais do que nunca,amanhã mais do que ontem, preservar a Naçãoda sua memória histórica. Hoje, dia 25 deagosto, o Exército e o povo brasileiro come-moram mais um dia de reverência ao seuilustre patrono. Caxias dilatou os limites daglória e ela é tão abrangente que transcende oslimites das casernas e dos quartéis e durarápara sempre enquanto durar o Brasil, enquan-to perdurar o sentimento de honra e de naci-onalidade. Não foi apenas na prestação deserviços militares ao Brasil que o valentemilitar assinalou sua preciosa vida de patrio-ta. Representou o Rio Grande Sul como sena-dor vitalício da República, indicado após suavitória na Guerra dos Farrapos, naquele velhoSenado descrito na página imortal de Macha-do de Assis.

A história costuma ser escrita não so-mente de fatos, mas também de interpreta-ções. Quando Caxias assumia o comando dasforças legalistas do Maranhão e o governo daprovíncia, dizia em sua proclamação ser "maismilitar que político", ensejando conclusõesde que possuía aversão pela política. A polí-

* Murilo Badaró

A GRANDE OBRA DE CAXIAStica não o horrorizava a não ser aquela "guerrade alfinetes" a que se referiu na carta a Para-naguá quando tentaram tirá-lo do comandodas tropas na Guerra do Paraguai. Sua aversãoera contra a tricas da politicagem que muitasvezes os desamados da glória e do triunfocontra ele levantavam para embaraçar-lhe ospassos. Ao contrário da versão, Caxias foigrande político na acepção mais pura do ter-mo.

No parlamento ele não terá tido overbo facundioso de Cotegipe, de SalesTorres Homem e tantos outros oradoresnotáveis. Mas em nenhum momento des-lustrou a tribuna senatorial, ocupando-asempre com aquela eloqüência sóbria, cir-cunspecta, grave, metódica, lógica, que lhedava a autoridade imanente de sua grandefigura. Em todos os episódios de sua vito-riosa carreira militar mostrou-se bravo, va-lente e corajoso, criando-se em torno deleuma poderosa mística de bravura que elepróprio definia nos exércitos como sendo achamada "aristocracia da bravura". "Ta-lhado para a luta, dizia ele, eu nunca aprovoquei, mas também nunca a temi.Nem a temo quando franca e descoberta".

É útil assinalar que a bravura físicasomente existe quando tem a sustentá-la gran-de envergadura moral. E as definições debravura de Caxias podem ser resumidas na-quelas palavras com que ele abre a ordem doDia do início da campanha do Uruguai: "Averdadeira bravura do soldado é nobre,generosa e respeitadora dos princípios dahumanidade". Possuindo aquela concep-ção transcendental do dever, que Alfred deVigny chama de "a religião da honra",não houve em sua longa e duradoura carrei-ra um só instante em que sua espada tivessesido maculada.

Relembrá-lo agora é dever dos brasi-leiros. Cultuá-lo nas escolas, nos lares, nosparlamentos é imperativo de patriotismo,lembrando do homem que viveu com exem-plar modéstia, simples de costumes e pre-ocupado tão somente com a glória do país,levando o sentimento do dever até as últimasconseqüências.

(Publicado no Inconfidência, nº 98, de 25/08/ 2006)* Presidente da Academia Mineira de Letras

Ao ler as duas últimas edições do Inconfi-dência, nas quais são destacadas a Revo-

lução Liberal de 1842 e a cobertura sobrea Semana do Soldado, com alusão às so-lenidades cívico-militares acontecidasem Santa Luzia, no Muro das Pedras, mi-nha mente retrocedeu 35 anos.

1974 / Belo Horizonte � Comandoda 4ª Brigada de Infantaria, recém-criadaem substituição à tradicional ID/4 � In-fantaria Divisionária da 4ª Região Militar,que veio posteriormente a receber a de-signação histórica �Brigada 31 de Mar-ço�, por sua importante e decisiva atua-ção no Movimento Democrático, inicia-do em Minas Gerais, em 1964.

Em seu Estado-Maior, 4 majores,por uma coincidência rara em qualquerComando, todos de Artilharia e da mes-ma turma Aspirante Mega. Eram eles, oEwerton Fleury, o Joaquim Barreira, oMiguez e eu. Um dia em meados de 1974,pouco antes das comemorações da Se-mana do Soldado, tomei conhecimentoatravés do Miguez, que havia em SantaLuzia, em local ermo e abandonado, nomeio do mato, um antigo monumento eri-gido em homenagem ao Duque deCaxias, - datado de 1942, centenário daRevolução Liberal - por iniciativa dogovernador de Minas, Benedito Vala-dares, e apoiado pela Prefeitura Muni-cipal. E como ele soubera disso, recém-chegado a Belo Horizonte? Contou-meque o seu auxiliar, sargento Dirceu Ro-que Tostes Barbosa, gostava de nos fi-nais de semana circularpelas cercanias de SantaLuzia, percorrendo grutase sítios arqueológicos, atéque uma vez, conversan-do  com moradores da re-gião, soube do Marco His-tórico, a que chegara commuita dificuldade. Passa-dos alguns anos, lem-brou-se de falar a seu che-fe de seção sobre o as-sunto.

O Miguez então, le-vou a informação ao Co-mandante da Brigada, ge-neral Sylvio Octávio doEspírito Santo, propondoum reconhecimento dolocal. E lá fomos nós dois,mais o sargento Roque, ochefe do Estado-Maior,coronel Luiz Gonzaga Sa-rahyba e um grupo de soldados �arma-dos� com ferramentas de sapa. Estaciona-mos as viaturas em uma acanhada e estreitaestrada de terra, onde o sargento Roqueindicou o suposto local. A vegetação, bas-tante alta, dificultava o deslocamento eprejudicava a visão. Após umas 2 horas,quando a esperança de encontrar o MarcoHistórico ia se desfazendo, descobrimosem um ponto mais elevado, destacando-seno horizonte o nosso almejado objetivo.Missão cumprida.

A seguir, tomaram-se algumas pro-

MURO DAS PEDRAS - SANTA LUZIA/MG*Miguel Pires

vidências - contato com o prefeito muni-cipal, limpeza do local, melhoria do aces-so e, como não podia deixar de ser, a rea-lização de uma formatura cívico-militar,por determinação do general comandan-te da 4ª Brigada de Infantaria (único co-mando na capital àquela época), em co-memoração às festividades da Semanado Soldado/1974, das quais, como E/5, oMiguez era o responsável.

Desde então, anualmente, a 20 desetembro, são realizadas solenidades na-quele histórico local tendo a Prefeitura

Municipal de Santa Luzia, apartir de 1996 avocado to-dos os procedimentos, in-clusive criando a "LáureaCruz de Combate de SantaLuzia". Neste ano, em belacerimônia foi colocada umacorbelha de flores no mo-numento erigido no localdo combate pelo Coman-dante da 4ª Região Militar,Prefeito Municipal de San-ta Luzia e Juiz de Direito,Dr. Marcos Henrique Cal-deira Brant, historiador quetrouxe à luz farta documen-tação da Revolução Libe-ral e a vem divulgando jun-to à população de Santa Lu-zia, principalmente nas es-colas municipais, através dasSecretarias de Cultura e deEducação.

Passados 35 anos, não poderia dei-xar, por um ato de justiça, lembrar que tu-do isso se deve, ao agora Coronel Re-formado Carlos Claudio Miguez Suarez.A ele, também, os cumprimentos pela ótimaedição histórica do Inconfidência, referenteao Duque de Caxias, uma fonte de consultasdifícil de ser encontrada na qual se compro-va a deturpação da História Brasileira e acomunização da Educação em nosso país,patrocinada pelos livros didáticos adotadospelo Ministério da Educação.

(Publicado no Inconfidência nº 144 de 30/09/2009) 

*Coronel

Ten Laureano,Majores Pires e Migueze Ten Cel Washington

O General Espírito Santo e o Cel VicenteGomes da Mota, Comandante da PMMG, naprimeira solenidade cívico-militar realizada

a 20 de setembro de 1974, no Muro dasPedras, em Santa Luzia

�... Só um ato de extremo heroísmo outemeridade poderá compensar a ausên-cia daquelas três espadas gloriosas efazer assegurar definitivamente o êxitojá conseguido.

E esse general de 65 anos de idade,exclamando � Sigam-me os que forembrasileiros! � desembainha a espadacurva e, como um simples cavaleiro daIdade Média, ou dos tempos gloriososdo Grande Império, esporeia o animal eatira-se à frente de seu Exército, decidi-do a passar a ponte, haja o que houver!

Verifica-se, então, no Exército, �um de-lírio, um frenesi, um indizível entusiasmo�.

O Marquês passa pelo 16º, �erecto nocavallo, o bonnet de capa branca comtapanuca, de pala levantada e preso aoqueixo pela jugular, a espada recurva de-sembainhada e presa pelo fiador de ouro�.

CAXIAS EM ITORORÓDioniso Cerqueira acrescenta: o velhogeneral em chefe parecia ter recuperado aenergia e o fogo dos vinte annos. Estavarealmente bello! Perfilamo-nos como seuma centelha tivesse passado por todosnós. Apertávamos o punho das espadas,e ouvia-se um murmúrio de bravos aogrande marechal. O batalhão mexia-se agi-tado e atranhido pela nobre figura, queabaixou a espada em ligeira saudação aosseus soldados. O commandante deu vósde firme. Dalli a pouco, o maior dos nossosgenerais arroja-se impávido sobre a ponte,acompanhado dos batalhões galvaniza-dos pela irradiação de sua glória.

Houve quem visse moribundos,quando elle passou, erguerem-se brandin-do espadas ou carabinas para cahiremmortos adiante�.

Texto extraído do livro CAXIAS, de Affonso de Carvalho

Page 14: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

14Nº 205 - Agosto/2014

DUQUE DE CAXIAS*Jornalista Cyro

Siqueira

NOVAS NOTAS SOBRE UM HERÓIÉ com prazer que irei transcrever, a seguir a carta que acabo de receber do Coronel Reformado Carlos Claudio Miguez:

A respeito do título epígrafe (Polêmicasobre o passado), matéria publicada

no Estado de Minas de 23 de junho, em suaprestigiosa página sabatina, gostaria deapresentar algumas observa-ções, eis que fui citado nomi-nalmente na ilustre coluna, etambém pela proximidade doDia do Soldado, 25 de agos-to:

a) inicialmente, ratificoo que afirmei acerca de LuizCarlos Prestes, relembrandoa necessidade da leituraacurada do livro �Camara-das�, de William Waack, umdos âncoras da TV Globo;

b) a maioria das consi-derações da historiadora Adriana Barretode Souza e desse jornalista possuem em-basamento histórica fidedigno. Entretanto,a meu ver, há algumas enfoques que care-cem de reparos.

c) primeiramente, esclareço queCaxias, como era comum à época em relaçãoaos militares, exerceu relevantes cargospolíticos como o de Presidente do Conse-lho de Ministros, por três vezes, sendotambém, por três vezes, Ministro da Guer-ra. Além disso, foi Presidente e Coman-dante das Armas da Província do RGS,por duas vezes, e Senador por esta Pro-víncia (diga-se por ilustrativo, que ele foiSenador juntamente com o seu insigne pai,o Gen Francisco de Lima e Silva). Aduza-se que Dom Pedro II, o mais das vezes,nomeava para a presidência das provín-cias do império, Oficiais Generais do Exér-cito e da Marinha. Mas Caxias, como res-saltam os seus principais biógrafos, sempreesteve distanciado das tricas e futricas dapoliticagem, apesar de pertencer ao PartidoConservador. Tal assertiva pode ser ampa-rada nas proclamações que fazia nas pro-víncias que pacificou em especial nas doMaranhão e Rio Grande do Sul, em que seposicionava acima dos Partidos existentes,visando sempre aos altos interesses da Pá-tria, da qual foi o Pacificador;

Estátua eqüestre e Pantheon naPraça Duque de Caxias/Rio

d) não corresponde à verdade que afigura de Caxias, cadete aos 5 anos de idade,como era costume à época, em relação afilhos de militares e nobres ilustres, tenha

ou venha sendo explorada,até por que projetava a paraa opinião pública, a imagem�antipática� de alguém quepoderia ser tido como umprivilegiado em detrimento deoutros brasileiros.

No item e) de sua cor-respondência, Miguez es-clarece também sobre o fatode, ao final do império, osnomes do general Osório edo almirante Barroso (que,informa ele, era portugu-

ês) serem mais lembrados que o de Caxiase do almirante Tamandaré. Teria sido porcausa do "jacobinismo dos positivistas","adeptos da ditadura republicana", quetentavam desmerecer tudo o que disses-se respeito ao Império recém deposto."Entretanto, Caxias foi reabilitado de umsemi-anonimato, não condizente com ostantos e tama-nhos serviçospor ele presta-dos ao Brasil,na guerra e napaz". Resgatehistórico, ensi-na o leitor, quecoube ao insig-ne ministro daGuerra, generalSetembrino deCarvalho, em1923.

Prezado jornalista CYRO SIQUEIRA UM NOME NO GOSTO DO POVO

NR: Agradeço ao jornalista Cyro Siqueira a transcrição de minha carta emsua conceituada coluna, divulgando a verdadeira História do Brasil.

Lembro que, Cyro Siqueira, foi o primeiro jornalista a se insurgir contraos livros didáticos adotados em Minas Gerais (e no Brasil), contestando fatosda História referentes à Guerra do Paraguai, narrados por Júlio Chiavenattoe denunciando o que se tramava contra Tiradentes.

E o convido, desde já, a participar conosco desta cruzada, contra os livrosdidáticos que preconizam a luta de classes e a comunização do Brasil.

Continuando a carta, nosso leitor dizque foi a cerimônia de traslado dos res-

tos mortais de Caxias e de sua mulher parao Pantheon em frente à antiga sede doMinistério da Guerra no Rio, em 25 de agos-to de 1949, "o ponto alto do resgate daimagem do Duque", que, segundo ele, jáestava consagrada diante da nação e doExército, do qual "é ínclito patrono". Ocoronel reformado esclarece que "Caxiasnão 'reprimiu guerras', e sim debelou revol-tas internas" - a mais grave, a RevoluçãoFarroupilha, no Rio Grande do Sul. Miguezafirma que Caxias "sempre se orgulhou desua longa e apurada formação militar. Ele era�Oficial de carreira� e, na prática, soube, mo-delarmente, empregar os conhecimentos mi-litares antes adquiridos. Tal não aconteceucom o General Osório e tantos outros bra-vos militares que, de fato, ganharam fama etravaram memoráveis batalhas, com as li-ções da faina diária das campanhas".

No último item de sua carta, o leitor fazquestão de reforçar o que já havia afirmadosobre a recuperação da memória de Caxias:

"Repiso que ela nãose deu apenas a par-tir de 1949 e 1964,sendo certa a rele-vância da cerimôniada trasladação, paratal. O culto reveren-cial ao Patrono vemdos tempos do Im-pério, sendo somen-te interrompido, tem-porariamente e deforma altamente in-justa, pelo sectaris-

mo positivista � republicano. Foi retomadodesde 1923, como anteriormente explica-mos. Consigne-se mais, que ao contráriodo que afirma a ilustre historiadora Adriana,em equivocada interpretação, toda pes-soal, o traslado de 1949 e não �segundacerimônia� que �sepultou o herói�, �elimi-nou os seus traços humanos�. Pelo contrá-rio!!! Tais traços foram realçados de for-ma exponencial, tendo a Igreja Católica ea Maçonaria reparado as injustiças perpe-tradas contra ele, por causa da soluçãomagnânima dada à �questão religiosa�, nofinal do Império. A presença da família impe-rial e do Marechal Rondon � tradicional po-sitivista, patentearam o reconhecimento da-quele que fôra tão mal compreendido, nofinal da vida pelo Imperador Dom Pedro II eapós a sua morte, pelos profitentes doPositivismo. Ora, na ocasião, com reflexospara o futuro, a personalidade de Caxias foitornada assaz transparente e passou porisso a ser ainda mais admirada. Naquele me-morável 25 de agosto de 1949, Caxias foivelado, antes de ser depositado no Pan-theon Militar, na Igreja da Irmandade daSanta Cruz dos Militares, no Rio de Janei-ro, da qual foi expulso, em 1876, por nãohaver renegado a Maçonaria, a qual nun-ca se conformara com a anistia que eleconcedeu aos Bispos de Olinda e Belém,solucionando a chamada �questão religio-sa�. Assim, o traslado foi uma consagra-da nacional, em que facetas pessoais doimpoluto Soldado foram muito relembra-das. E foi bem depois daquele históricoato de 1949, que a grande consagraçãopopular de Caxias ocorreu, com a expres-são �caxias�, cunhada pelo inesquecívelsociólogo Gilberto Freyre, hoje uma "metá-fora-adjetivação" caída na aceitação po-pular.

Era o que tinha a dizer, parabenizandoa esse diligente jornalista por trazer a lumeassuntos históricos de tanta importância.

Segue-se a assinatura do CoronelCarlos Claudio Miguez

* Diretor Adjunto

Publicado em 15/09/2007

"A vida do Duque de Caxias desdobrou-se numa atividadede mais de meio século de constantes e inestimáveis serviços pres-tados ao Brasil.

Nas lutas internas em que foi chamado a intervir, nuncase deixou ganhar por ódios políticos ou paixões subalternas.Agia dentro de um equilíbrio perfeito entre o dever do cidadãoe o prestígio da função militar, orientado sempre pelo senti-mento da unidade nacional.

Após a vitória das armas, surgia o estadista realizando aobra fecunda da paz, com tolerância e respeito pelos vencidos."

Getúlio Vargas

O apelo de Caxias, dirigido aosrio-grandenses, em 17 de março de1843, passados 170 anos:

"Abracemo-nos e unamo-nospara marcharmos, não peito apeito, mas ombro a ombro, emdefesa da Pátria que é a nossa

mãe comum."

MAIS UMA VEZ A LIÇÃOVEM DO PASSADO

Durante a guerrado Paraguai, sobo fogo inimigo e

chuvatorrencial, umsoldado levouuma xícara de

café para Caxias,mais este a

recusou e disse:"Beba-o você,camarada, queprecisa mais do

que eu"

Publicado no Inconfidência, nº 117 de 01 de outubro de 2007

Page 15: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

15Nº 205 - Agosto/2014

A conquista da Ponte de Itororó - "Sigam-me os que forem brasileiros!"

Na história de uma pátria é provi-dencial o homem que podeorientá-la sem lhe sacrificar a

moralidade pública, guiando-a com sa-bedoria e vigor, sem a iludir, sem a inqui-etar, sem a empobrecer. Providencial é oherói sem injustiça, o guerreiro sem ile-galidade, o chefe sem egoísmo, o políticosem paixão, ou antes, impelido pela únicapaixão compatível com os deveres cívi-cos, que è a sagrada paixão do bem co-mum. É providencial o soldado que faz dodestino nacional a sua diretiva, da glóriaimaculada a sua ambição, do sacrifício oseu timbre heráldico, das vitórias gan-has pelo País os títulos impessoais dasua carreira honrada. Dêste gênero deprovidencialismo falou Plutarco. Atenase Roma orgulharam-se desta espécie in-signe da grandeza humana. O Brasil con-ta, entre os beneméritos da sua forma-ção, vultos ilustres que merecem tal qua-litativo. Luiz Alves de Lima e Silva, Du-que de Caxias, é, inegavelmente, um dêsesadmiráveis cidadãos.

O tempo ajudou-o. Viveu comoWashington a quadra da independência,como La Fayette o período revolucioná-rio, como Napoleão, a fase romanescadas guerras que exigem bravura indivi-dual, temeridade, gênio de comando, obelo gesto. A sua escalada dos postosmilitares inicia-se em 1882, com ovoluntariado da campanha de criação doimpério, quando se escreveram as linhasiniciais da epopéia do País emancipado.Alferes na Bahia, o sol de 2 de julhoiluminou a sua espada sob os arcos triun-fais da Soledade, quando as tropas�libertadoras� entraram na velha cidade.Capitão na Campanha Cisplatina, Majorem 7 de abril de 31, Brigadeiro da Regên-cia, essa espada de condestável estêve,na década das rebeliões que puzeram àprova a integridade brasileira, a serviçoda união: e salvou-a. Foi buscar as cre-denciais para restaurar a unidade da na-ção nos campos maranhenses: trouxebênçãos e êxitos; e o direito de ser, nanobreza monárquica, barão, conde e du-que �de Caxias�. Em 1842 era o Generalcapaz de pacificar São Paulo, de jugularnas Minas Gerais a insurreição, de aca-bar com a Guerra dos Farrapos dominan-do-a com a energia das armas e a persu-asão do conselho, menos um represen-tante da fôrça do que um embaixador dalei, na austeridade da sua presença semódio. Ninguém governaria com a suahabilidade e a sua eficiência os negóciosda defesa e da segurança do Brasil, em1851, em 1865.. Chefe do Exército emoperações contra o ditador D. Juan Ma-nuel de Rosas, organizou-o para os gran-

CAXIAS � EXÉRCITO E NACIONALIDADE* Pedro Calmon

des movimentos, que culminaram na açãode Caseros. Primeiro Ministro, coube-lhefundar os serviços essenciais, que deramsolidez, técnica e prestígio ás fôrçasarmadas. Confiava no ensino, tinha osenso da ordem administrativa, e queriapara sua tropa todos os melhoramentosmateriais que enriqueciam os modernosExércitos. Graças a isso, dispunha em1865 de um excelente quando de oficiais, núcleo dos contingentes que, sob a suadireção, fizeram a guerra do Paraguai.Nesta vasta campanha o seu papel foi

preponderante, principalmente pedagó-gico � no sentido de educação das mas-sas militares � e espiritual. É preciso dizerque os interêsses partidários, ao come-çar a luta, o tinham relegado para umplano secundário. Não necessitavam dêle,enquanto tudo sorria aos homens que odetestavam. Não o ouvi-ram, não o chamaram, nãoo quiseram senão na horadifícil, em que os revesesreclamavam uma autori-dade, que corrigisse oserros, um nome, que res-taurasse o otimismo, umtalento de estrategista,que completasse a recu-peração moral. Depois dodesastre de Curupaiti,tornou-se o Anjo Custó-dio da guerra; e ganhou-a com a ciência das ma-nobras bem projetadas, aaudácia da iniciativa ardentemente reali-zada, indo êle, de peito descoberto, nadianteira dos seus batalhões.

A alegoria apoderou-se de suanobre figura para o comparar ao �petitcaporal� na ponte de Arcole: foi na pon-te de Itororó.

Realmente aí culminou a suaestrêla, não pelo significado do combate,porém pelos riscos da passagem. Afron-tou desdenhosamente a morte atirando-

se para a frente, a cavalo, de sabre empunho, como um paladino antigo na con-fusão lendária do assalto. Visitei aquêlelugar. Estive meditativamente no taludeque, a montante do arroio impetuoso, écomo uma trincheira que o protege, eatravessei vagarosamente o tabuado es-casso da ponte onde, em 1868, se travouo tremendo choque. Compreendi a suaformidável realidade. Caxias, ordenandoa Osório que, com a cavalaria, desbor-dasse a planície de Avaí, a fim de aniqui-lar, de través e frontalmente, as fôrças de

Lopez, que refluíam do quadrado deHumaitá para o esperar nessas LomasValentinas , devia ocupar o mais cedopossível o terreno, para o qual o passolivre era Itororó. Lutava com o relógio. Sese retardasse um dia, tôda a sua maquina-ção estratégica correria perigo, pois o

adversário poderia fortifi-car-se, acumular recursosbélicos, consolidar-se nasposições e rechaçá-lo � emvez de ser surpreendido,cortado e vencido peloímpeto desnorteante doataque. Lançou-se poissôbre a ponte de Itororó.Do seu lado, estava certo.Mas o inimigo tivera a mes-ma idéia. Sem poder apro-veitar o terreno, que nãoescolhera para a batalha,teve a intuição de fechá-lo,tomando a porta, pela qual

fatalmente desfilariam os aliados: eamuralhou-se com quatro mil homens e asua artilharia, varrendo com bala e metra-lha a estreita entrada, e o tablado daponte que � caso � extraordinário � nãoqueimou ou demoliu, se em verdade preten-desse demorar o encontro. Por que nãodestruiu a ponte de Itororó? Era u�a mesqui-nha ponte de madeira que dois sapadores,a machado, facilmente poriam abaixo. Aexplicação é uma só. Não a abateram, para

colhêr nesta armadilha � que a passagem,de escantilhão, de um exército inteiro � asfôrças de Caxias, causando-lhes tais per-das, que a batalha de Avaí estaria para elasprejudicada no seu primeiro instante, e semque disto se ressentissem as reservasparaguaias. Caracterizou-se a astúcia, pelosucesso que teve. Ao apontarem no alto daribanceira as avançadas azuis e brancas dainfantaria imperial, trovejou o canhoneio,estrugiu a espingardaria, o fogo se elevou,fuzilando à curta distância essa vanguardaque, célere, se arrojou para o estrado daponte, sem todavia o alcançar, porque tom-baram, uns após outros, ceifados pelas des-cargas incessantes, os escalões enfureci-dos. Vieram os generais e os coronéis.Caíram Gurjão e Argolo. Caxias, desem-bainhando a espada, deu o exemplo, es-poreando o cavalo, jogando-se na áreamortífera: e, em colunas cerradas, de bai-oneta reluzindo, irresistivelmente, o exér-cito insistiu, marchou, atravessou, levoude vencida canhões e artilheiros, pulve-rizou as linhas de atiradores e desembo-cou no descampado do Avaí. Pagou umpreço excessivo pela vitória: mas se hesi-tasse, se recuasse, se preparasse pacien-temente outra solução, não teria conclu-ído a guerra, como de fato a concluiu nassuas grandes linhas, em Lomas Valen-tinas.

O velho chefe levara o fascínio dafortuna aos esplendores da fama, podiarecolher-se à pátria, aureolado pelo res-peito nacional, para repousar, no �otiumcum dignitate� das vidas laboriosamen-te aplicadas à utilidade da sua gente, aodesagravo do seu povo, à sua tranqüili-dade honesta. Não descansou. Conti-nuou servindo. Morreu servindo. Tor-nou-se um símbolo. O Dia do Soldado é oseu dia. Os fulgores da sua biografiapertencem à tradição mais arraigada doExército brasileiro; e o seu perfil severode chefe �sans peur et sans raproche�,anda cunhado nas medalhas que o digni-ficam, nas láureas que o festejam e con-sagram. Identificou-se com a unidade e aeternidade do Brasil. Condestável doImpério, chamam-lhe as apologias. Temesta exímia qualidade: sentinela indormidada Pátria na vigília interminável do seuamor, na história maravilhosa da sua dedi-cação � que não conheceu desfalecimentos� e do seu gênio � que não conheceuderrotas.

O general que vos guia nunca foivencido! Gritou, arrogantemente, em Itororó.E êste clamor lhe acompanha a memóriapelo decurso das épocas. Caxias é o Exér-cito; é a nacionalidade.

* Reitor da Universidade do Brasil

O general que vosguia nunca foi

vencido! Gritou,arrogantemente, em

Itororó. E êste clamorlhe acompanha a

memória pelo decursodas épocas.

Caxias é o Exército;é a nacionalidade.

Revista Militar Brasileira25 de agôsto de 1953

Page 16: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

16Nº 205 - Agosto/2014

SIGNIFICAÇÃO HISTÓRICA DO DUQ

Reunião do Alto Comando do ExércitoGuerra da Tríplice Aliança - Tela de A. Martins

Escola Militar da Praia Vermelha construída em 1855 - 1857 quando Caxias foi Ministro da Guerra

O Duque de Caxias foi

consagrado patronodo Exército Brasi-leiro em 13 de mar-ço de 1962 e, desde

25 de agosto de 1924, data de seu aniversárionatalício, foi considerada como o Dia do Soldadodo Exército Brasileiro, instituição que o forjou ede cujo seio emergiu como um dos maioresbrasileiros de todos os tempos. Prestou Caxiasao Brasil mais de 60 anos de excepcionais erelevantes serviços como político e administra-dor público de contingência e, inegualados, comosoldado de vocação e de tradição familiar, aserviço da Unidade, da Paz Social, da Integridadee da Soberania do Brasil Império.

Ainda em vida e até nossos dias ,o Povo,a Imprensa , estadistas, chefes militares notá-veis, pensadores, escritores e historiadores mi-litares e civis o têm definido entre muitostítulos com os de: Filho Querido da Vitória,O Pacificador, General Invicto, Condestável,Escora, Esteio e Espada do Império do Brasil,Duque de Ferro e da Vitória, Nume e EspíritoTutelar do Brasil, Símbolo da Nacionalidade,o Maior Soldado do Brasil, o maior dos gene-rais sulamericanos, Alma Militar do Brasil, oHerói tranqüilo e per-feito etc.

Sua monumen-tal obra de Pacifica-dor de quatro lutasinternas, e mais assuas modelares ma-nobras de flanco emHumaitá e Piquicirina Guerra do Para-guai, o credenciam afigurar, sem favor ne-nhum, na galeria dosmaiores capitães daHistória Militar Ter-restre Mundial.

Sua eleição in-conteste para patronodo Exército o foi nosentido com que a de-finiu Pedro Calmon:"Como o chefe inte-gral do Exército, o seu modelo, a sua alma, aimagem maravilhosa do espírito que neledeve vibrar, a síntese mágica das virtudes ebrios de que ele deve estar imbuído."

E como também uma espécie de oráculopara consultas em momentos críticos paraautocríticas e correções de rumos, ou na buscada solução mais adequada em determinadasconjunturas complexas. E sua elevação aopatronato do Exército se deveu fundamental-mente a haver vencido 6 campanhas militares(4 internas e 2 externas), além de haver diri-gido o Exército de forma marcante e muitofecunda como Ministro da Guerra em 3 opor-tunidades (1855/58, l861/62 e l875/78) ,cu-mulativamente como Chefe do Governo doBrasil, na condição de Presidente do Conse-lho de Ministros .

Caxias foi o l o Porta Bandeira do Pa-vilhão, tão logo proclamada a Independência, em solene cerimônia em 10 de novembro de

Patrono da Academia de História Militar Terres1822, na Capela Imperial, quando a recebeudas mãos do próprio Imperador. E ninguémmais do que ele glorificou a bandeira do Impé-rio do Brasil que ali recebia.

Possuía grande orgulho nativista porhaver sido veterano da Guerra da Independên-cia na Bahia ,como integrante do Batalhão doImperador, merecendo condecoração alusivade ouro que sempre ostentou com grandecarinho e orgulho, e integrou, em 10 de outu-bro de 1870, a Sociedade dos Veteranos daIndependência na Bahia, a única na condiçãode sócio efetivo, sociedade que esteve presen-te e falou em 11 de maio de 1880 em seusepultamento.

Profissional militar de alto gabarito,sempre sonhou com o Exército Brasileiro pos-suir uma Doutrina Militar genuína.

Tal sonho o expressou em 1862, aobaixar Ordenanças do Exército Imperial doBrasil, calcadas em adaptações das Ordenan-ças do Exército de Portugal às realidadesoperacionais do Brasil que vivenciara pesso-almente, em cinco campanhas militares, emque lhe coube comandar e conduzir à vitóriao Exército Brasileiro e com a ressalva, �atéque o nosso Exército possua uma Tática(Doutrina) genuinamente nossa�, gesto

que marcou mais um pioneirismo seu ao queaté hoje se conhece.

Como Ministro da Guerra citam-seentre suas muitas grandes realizações: A Es-cola Militar da Praia Vermelha; a reforma doQG do Exército em local hoje onde se situa oPanteon com sua estátua eqüestre que abrigano interior os seus restos mortais e os de suaesposa e, a introdução da função de AjudanteGeral do Exército, substituída mais tarde peloEstado- Maior do Exército, além de outrasmarcantes, como o primeiro Regulamento Dis-ciplinar do Exército Brasileiro e o 1 o CódigoPenal Militar.

Como cidadão brasileiro sua culminân-cia foi pacificar a Família Brasileira em PoncheVerde, em D. Pedrito- RS, em 1o de março de1845, onde se tornou pioneiro abolicionistaao assegurar, a despeito de pressões de es-cravocratas do Sudeste, liberdade para os lan-ceiros negros farrapos, incorporando-os ao

Exército como li-vres, na CavalariaLigeira do Rio Gran-de, ao comando, in-clusive, de Osório ePorto Alegre seusauxiliares na Pacifi-cação.

Por esta épo-ca o brilho de suacarreira coincidiu,em março 1843, como brilhar na escuri-dão das noites gaú-chas do Cometa Bri-lhante de 1843, queos soldados simplese supersticiosos sobo seu comando, as-sombrados pelo pro-dígio, interpretarame consagraram- �É a estrela do Barão deCaxias!�, crença que se popularizou, se con-solidou e foi incorporada ao folclore gaúcho.

Sobre a Revolução Farroupilha que porquase 10 anos assolou o Rio Grande do Sul,diz Pedro Calmon:

�O barão de Caxias venceu sobretu-do por convencer, pois a verdadeira vitórianão consiste em sufocar ou subjugar oadversário, pois é antes uma tarefa de per-suasão, de conquista de corações para quese atinja o ideal vencedor. E Caxias sobre-pôs a olhos fratricidas a dignidade da pazjusta, cobrindo as forças em luta com o véuiluminado da concórdia e da pacificação.Pois ali reuniu ao gênio de guerreiro con-sumado, a generosidade clemente e alici-adora .�

Ao pedido de um pretenso áulico deque se festejasse a vitória com um Te Deum,na igreja São Sebastião em Bagé, optou poruma missa em �sufrágio pela almas dos mor-tos imperiais e republicanos que haviam tom-bado em defesa de suas verdades,� entre osquais se encontrava seu tio general JoãoManuel de Lima e Silva que fora consagradopelos farrapos como o seu primeiro general.A grandeza desta tolerância em benefício daUnidade da Família Brasileira fez com osgaúchos o consagrassem como o seu presiden-te e a seguir como seu senador em 1845.

Como líder de batalha seu grande feitoestratégico foi a modelar Manobra de Flancoda posição fortificada de Piquiciri, através doChaco, onde correu "risco calculado" ao sa-crificar o Princípio de Guerra da Segurança,em benefício do da Surpresa que ele obteve emnível estratégico, o desembarcar de surpresana retaguarda profunda do adversário em San-to Antônio. Com isso, abreviou em muito aduração do conflito, poupando assim recur-sos de toda a ordem e vidas humanas de irmãosbrasileiros, argentinos, uruguaios e paraguaios,envolvidos no maior conflito até hoje ocorri-do na América do Sul e o primeiro com carac-terísticas de Guerra Total entre nações.

Como líder de combate, seu maior mo-mento foi na conquista da ponte de Itororó.Ao perceber que o seu Exército poderia ali serdetido, desembainhou sua invencível espada

de cinco campanhas, brandiu-a ao vento, vol-tou-se decidido e convincente para seus lide-rados e apelou com energia com o brado-�Sigam-me os que forem brasileiros !�Atocontinuo, lançou-se sobre a ponte de Itororócom o seu cavalo de guerra, indiferente aoperigo e arrastando atrás de si todo o Exércitodetido para, em seguida colher expressivavitória tática que removeu obstáculo que qua-se colocou em perigo toda a sua brilhantemanobra estratégica através do Chaco.

Sua derradeira ação pacificadora foi ade pacificar a Questão Religiosa ou Epíscopo-Maçônica, defendendo e obtendo êxito naassinatura pelo Imperador do decreto de no

5093, de 17 de setembro de 1875 de Anistiaassim expressa:

�Artigo Único. Ficam anistiados osbispos, governadores e outros eclesiásti-cos das dioceses de Olinda e Pará que seacham envolvidos no conflito suscitadoem conseqüência de interditos postos aalgumas irmandades das referidas dio-ceses, e em perpétuo silêncio os processosque por este motivo tenham sido instaura-dos.�

Caxias nasceu em 25 de agosto de 1803no local do Parque Histórico Duque de Caxiasno município de Duque de Caxias- RJ , querecebeu o nome de seu título por ele ali havernascido. Faleceu em 7 de maio de 1880, aos77 anos na Fazenda de Santa Mônica, emJuparanã- Valença-RJ, à vista do rio Paraíbado Sul e onde se recolhera e passara os doisúltimos anos de sua vida, viúvo e aos cuidadosde sua filha mais velha, a baronesa de SantaMônica.

Segundo sua vontade expressa emtestamento, foi transportado ao túmulo noRio de Janeiro por soldados de bom com-portamento, cujos nomes foram imortali-zados em pedestal de seu busto em passa-diço do Conjunto Principal antigo da Aca-demia Militar das Agulhas Negras, próxi-mo da Sala dos Professores onde nela existeo retrato a óleo de D. Ana (Anica) Luiza, -Duquesa de Caxias, sua esposa, com quemviveu 41 anos de 1833 a 1874, de feliz emodelar casamento e que se constituiu nogrande amor e inspiração do maior cabo de

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QUE DE CAXIAS

Estátua eqüestre e Pantheon naPraça Duque de Caxias/Rio

* Historiador militar e jornalista, Presidente daFAHIMTB e da AHIMTB/Resende � Academia

Marechal Mário Travassos.

* Cel CláudioMoreira Bento

stre do Brasilguerra brasileiro, segundo seu biógrafo Vi-lhena de Moraes.

Falou junto a sua sepultura interpre-tando os sentimentos do Exército Brasileiro ojá consagrado escritor e historiador Major deEngenheiros Alfredo de Taunay que assimconcluiu a sua antológica oração:

�Só a maior concisão, unida à maiorsingeleza, que poderá contar os seus fei-tos! Não há pompas de linguagem !Não háarroubos de eloqüência capazes de fazermaior esta individualidade, cujo principalatributo foi a simplicidade na grandeza.�

Caxias depois da Guerra do Paraguai,segundo o Marechal Odylio Denys, encon-trou-se com o Major Alfredo de Taunay naesquina da rua do Ouvidor com a l o de marçoe assim lhe falou:

�- Que falta o senhor me fez na guer-ra! Se o tivesse ao meu lado quanta coisateria tido ocasião de escrever!�

Capistrano de Abreu, grande historia-dor do Brasil , assim interpretou os sentimen-tos do Exército Brasileiro ao saber que oDuque de Caxias havia dispensado as honrasmilitares:

�O Duque de Caxias dispensou asHonras militares! Acho que ele fez muitobem! Pois as armas que ele tantas vezesconduziu à vitória ,talvez sentissem ver-gonha de não terem podido libertá-lo damorte !�

O Duque de Caxias sublimou as Virtu-des Militares de Coragem, Abnegação, HonraMilitar , Devotamento e Bravura.

O Exército manifestou-se oficial-mente em Ordem do Dia alusiva ao seufalecimento concluindo suas considera-ções elogiosas com esta afirmação:

�Se houve quem prestasse ser-viços excepcionais ao Brasil, foi oDuque de Caxias. Se houve quem me-nos os fizesse valer ,foi o Duque deCaxias!�

Seu último biógrafo em 1973,Paulo Matos Peixoto, em Caxias -Nume tutelar da Nacionalidade (Rio,Edico, 1973) assim sintetiza o maior denossos generais:

�Pela dimensão de sua vida,pela preciosidade de seu exemplo, pela gran-deza de suas lições, Caxias é um gênioinspirador que paira sobre a pátria intei-ra, extrapolando os contornos de sua glo-riosa e pujante instituição- O ExércitoBrasileiro, para fazer-se credor do títulomais amplo e mais proporcional à grande-za e à multiplicidade de sua vida edificante- o de Nume tutelar da Nacionalidade.�

Estudos na Escola de Estado- Maior doExército (ECEME) em 1959 o definiram:

�Como Comandante - Chefe foi oorganizador meticuloso e previdente, es-trategista sagaz e inteligente, planejadorsóbrio e objetivo. Enfim, condutor audaz eintrépido em todas as horas de bonança ede provação. Agiu sempre com consciênciae a visão de um grande chefe, dominandoa conjuntura nacional nos aspectos políti-co, administrativo e militar�.

Em 1972 oEstado-Maior doExército assim defi-niu a sua projeçãohistórica:

�Caxias, LuísAlves de Lima eSilva, Barão, Conde, Marquês e Duque deCaxias, três vezes chefe do Governo do Bra-sil, como chefe do Gabinete de Ministros, etrês vezes Ministro da Guerra, Senador 4vezes pelo Rio Grande do Sul, Conselheirode Estado e de Guerra .Patrono do Exército .Excelsas virtudes militares, deixou ensina-mentos permanentes para a doutrina mili-tar terrestre do Brasil.�

Desde 1931 os cadetes do Exércitoportam como arma privativa o Espadim deCaxias, cópia fiel em escala do glorioso einvicto sabre de campanha de Caxias que,desde 1925, é guardado como relíquia peloInstituto Histórico e Geográfico Brasileiroa que o Duque de Caxias integrou comosócio Honorário a partir de 11 de maio de1847.

Por sua ação memorável na pacifica-ção da Revolução Farroupilha foi dado onome de seu título a mais próspera cidadecolonizada por italianos, Caxias do Sul, aolado da de Bento Gonçalves, líder farrapo,e da de Farroupilha, nome do movimentoque pacificou, e da de Garibaldi, nome deherói italiano que lutou pela causa farrapae reunificaria a Itália com auxílio da brasileiraAnita Garibaldi.

Em 1o de março de l996, aniversário dotérmino a Guerra do Paraguai e do início dasatividades de ensino na Academia Militardas Agulhas Negras (AMAN) fundamos emResende- RJ, - Cidade dos Cadetes - a Acade-mia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) que elegeu o Duque de Caxiascomo seu patrono, e seu invicto sabre comosímbolo em seu brasão, por ser a mais repre-sentativa espada do Brasil.

Em 2003, bicentenário de seu nasci-mento, sob a égide da Academia de HistóriaMilitar, da qual o Duque de Caxias é patronopublicamos a obra Caxias e a Unidade Naci-onal e foi criada por ela a Medalha do MéritoMilitar Terrestre Brasileiro nos graus deComendador, Oficial e Cavaleiro a ser conce-dida anualmente na data de seu aniversário.

NR: Observe-se que a primeira pessoa citada pelo Duque, em seu Testamento,quando é feita a partilha de seus bens, é o seu criado Luiz Alves. Ele era um índiotimbira que Caxias trouxe, ainda muito jovem, do Maranhão, após pacificar aBalaiada. O então Coronel Luiz Alves (ainda não recebera o título de Barão deCaxias) o registrou com o seu próprio nome e o criou como se fosse a um filho.É um belíssimo exemplo de cristianismo e de humanismo!

Marechal Joãode Souza da

Fonseca Costa

"Recebo o sabre de Caxiascomo o próprio símboloda honra militar"

�Deixo ao meu amigo e companhei-ro de trabalho João de Souza da Fonseca

Costa, como sinal delembrança, todas asminhas armas, inclu-sive a espada com quecomandei seis vezes,em campanha, e o ca-valo de minha mon-taria, com os arreiosmelhores que tiver nomomento de minhade minha morte�.

Em 1930, o Cel José Pessoa, comandanteda Escola Militar do Realengo, copiou a espadade Caxias, com apoio do Ministro da Guerra GenLeite de Castro criando, à sua semelhança, emminiatura, o Espadim de Caxias, arma privati-va dos cadetes do Exército.

�Em nome de Deus, Amém�.Eu, Luiz Alves de Lima, Duque de Caxias, achando-me com saúde e meu

perfeito juízo, ordeno o meu testamento, da maneira seguinte: sou católicoromano, tenho nesta fé vivido, e pretendo morrer.

Sou natural do Rio de Janeiro, batizado na freguesia de Inhamerim; filholegítimo do Marechal Francisco de Lima e Silva, e de sua legítima Mulher, donaMariana Cândida Bello de Lima, ambos já falecidos.

Fui casado a face da Igreja com a virtuosa dona Anna Luiza CarneiroViana de Lima, Duquesa de Caxias, já falecida, de cujo matrimônio restam doisfilhos que são Luiza e Anna, as quais se acham casadas; a primeira comFrancisco Nicolas Carneiro Nogueira da Gama, e a segunda, com ManoelCarneiro da Silva, as quais são as minhas legítimas herdeiras.

Declaro que nomeio meus testamenteiros, em 1º lugar, o meu genroFrancisco Nicolas, em 2º meu genro Manoel Carneiro, em 3º meu irmão eamigo, o Visconde de Tocantins, e lhes rogo que aceitem esta testamentária,da qual só darão contas no fim de dois anos.

Recomendo a estes que quero que meu enterro seja feito, sem pompaalguma, e só como irmão da Cruz dos Militares, no grau que ali tenho.Dispensando o estado da Casa Imperial, que se costuma a mandar aos queexercem o cargo que tenho.

Não desejo mesmo, que se façam convites pro meu enterro, porque osmeus amigos que me quizerem fazer este favor, não precisam dessa formali-dade e muito menos consintam os meus filhos que eu seja embalsamado.

Logo que eu falecer deve o meu testamenteiro fazer saber ao QuartelGeneral, e ao ministro da Guerra que dispenso as honras fúnebres que mepertencem como Marechal do Exército e que só desejo que me mandem seissoldados, escolhidos dos mais antigos, e melhor conduta, dos corpos da Guar-nição, pra pegar as argolas do meu caixão, a cada um dos quais o meu tes-tamenteiro, no fim do enterro, dará 30$000 de gratificação.

Declaro que deixo ao meu criado, Luiz Alves, quatrocentos mil réis e todaa roupa do meu uso.

Deixo ao meu amigo e companheiro de trabalho, João de Souza daFonseca Costa, como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive aespada com que comandei, seis vezes, em campanha, e o cavalo de minhamontaria, arreado com os arreios melhores que tiver na ocasião da minhamorte.

Deixo à minha irmã, a Baroneza de Suruhi, as minhas condecorações debrilhantes da ordem de Pedro I como sinal de lembrança e a meu irmão, oVisconde de Tocantins, meu candieiro de prata, que herdei do meu pai.

Deixo meu relógio de ouro com a competente corrente ao CapitãoSalustiano de Barros Albuquerque, também como lembrança pela lealdadecom que tem me servido como amanuense.

Deixo à minha afilhada Anna Eulália de Noronha, casada com o CapitãoNoronha, dois contos de réis. Cumpridas estas disposições, que deverão sair daminha terça, tudo o mais que possuo será repartido com as minhas duas filhasAnna e Luiza, acima declaradas.

Mais nada tenho a dispor, dou por findo o meu testamento, rogando asjustiças do país, que o façam cumprir por ser esta a minha última vontade escritapor mim e assinada.

Rio de Janeiro, 23 de abril de 1874 - Duque de Caxias.

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CAXIASÉ A HISTÓRIA DO BRASILSubsídios para palestras sobre o Duque de Caxias

* EXTRATO DE VÁRIOS TEXTOS DE DIVERSAS FONTES

O reconhecimento a Caxiastranscende as comemoraçõesde caserna e afirma-se comouma das mais caras tradições

do povo brasileiro.

Nossa história, no século passado,exibiu valoroso repertório de ho-mens e feitos heróicos na intrépida

caminhada da nação brasileira, a partir desua independência, no sentido de preser-var sua grandeza. Cidadãos modelares, dasmais diversas origens, raças, profissões ecredos se dedicaram à edificação da unida-de pátria.

Nesta retrospectiva memorável avul-ta o nome de Luiz Alves de Lima e Silva, oDuque de Caxias, como expressão maiordaqueles inesquecíveis tempos de nossaafirmação política. Em Caxias sublimam-seas qualidades essenciais do soldado e asvirtudes primordiais do cidadão. É a própriasobrevivência da magnitude do Impérioque se projeta em sua figura.

A personalidade ímpar de Luiz Alvesde Lima e Silva revelou-se em todos osmomentos de sua vida. Na paz e na guerra,atravessou incólume os tempos de incerte-za, dificuldades, dissensões e injustiça.

Vitorioso e engrandecido, jamais en-controu guarida em sua alma pura de solda-do e cidadão a ambição pessoal, a ostenta-ção, a omissão, o comodismo, o tráfico deinfluência, a malversação da coisa pública,o imediatismo político e o apetite pelo po-der.

No Parlamento, no Conselho de Mi-nistros ou afastado da investidura política,Caxias revelou-se um cidadão austero eíntegro, permanentemente engajado a ser-viço da Pátria, como exemplar homem públi-co que demonstrou ser. Equilibrado, sere-no, desassombrado e desprendido, na fun-ção pública arrostou a incompreensão e aingratidão com dignidade, determinação e

profundo amor ao Brasil.No campo de batalha, onde se desta-

cou ainda jovem tenente, na guerra da inde-pendência, na Bahia, consagrou-lhe a vito-riosa estratégia e o inabalável comando.Nas lides internas de revolta e de desobedi-ência civil, promoveu a paz e a concórdia,quando a incompreensão e a dissidênciaameaçavam a integridade nacional. Nascampanhas externas, pautaram-se pelainteligência e lucidez as decisões milita-res com que se impôs aos mais aguerridosinimigos.

À guisa de restabelecer a �verdade,insurgem-se contra o respeito devido às

ilustres personagens de nossa históriafiguras mesquinhas que buscam apenaso descrédito e a infâmia para com osgrandes heróis que enobrecem a Pátria.Ao mesmo tempo tentam elevar à condi-ção de heróis assaltantes e seqüestrado-res, subversivos e outros tipos de margi-nais inimigos e traidores da Nação. Trata-se de inaceitável inversão de valores, queenlameia a história pátria e sonega à nos-sa juventude os mais gloriosos episódiosdos quais devemos nos orgulhar.

O reconhecimento a Caxias trans-cende as comemorações de caserna eafirma-se como uma das mais caras tradi-ções do povo brasileiro. Ao ensejo dasfestividades da Semana do Soldado, éoportuno, é imperativo, reavivar sua bri-lhante atuação no conflito da TrípliceAliança, alvo constante de detrações e dedesonestas interpretações.

Ao iniciar-se a guerra do Paraguai,em 1865, era consenso geral que caberiaa Caxias o comando de nosso Exército,por seu glorioso passado a serviço doBrasil. No entanto, os dirigentes do Par-tido Liberal, então no poder, por mesqui-nhos motivos políticos, desprezaram seusméritos e sua competência. A nomeação

de Caxias, filiado ao partido conserva-dor, prejudicaria a política dos liberais;este foi o medíocre raciocínio.

Após o desastre de Curupaiti, emsetembro de 1866, impôs-se o nome deCaxias como a única solução eficaz parao grave momento vivido pelas forças daTríplice Aliança. Estagnara a campanha.Desorganizara-se a tropa. Esvaía-se adisciplina em meio à ociosidade, à perdado espírito de corpo e à deterioração domoral. A possibilidade de uma vergo-nhosa derrota assombrava o País.

Caxias assume o comando das forçasbrasileiras em novembro. Acorrera de ime-diato ao chamado da Pátria, cujos interes-ses pairavam por sobre as mesquinhas in-trigas das disputas partidárias.

A liderança firme e serena de Caxiasfaz ressurgir um novo Exército, competen-te, aguerrido e pronto para os maiores sacri-fícios em busca da vitória final. Intensifica-se a instrução e os exercícios, à luz de novosensinamentos táticos. Reorganiza-se alogística. Farda-se a tropa. Revitalizam-seos serviços. Eleva-se o moral e a disciplina.Caxias, do amanhecer ao anoitecer, super-visiona em pessoa os trabalhos diários dogrande acampamento de Tuiuti.

Em 22 de julho de 1867 iniciou-se aescalada decisiva de vitórias que culmina-ria com a queda da capital inimiga, nosprimeiros dias de janeiro de 1869.

Essa data marca o início do ataque deflanco, fruto da lúcida estratégia de Caxias,que permitiu derrotar as poderosas fortifi-cações de Humaitá. Os combates vitorio-sos de S. Solano,Neembuco, PotreroObella, Tayí e Estabe-lecimento, haviam pre-cedido a conquista deHumaitá, em 25 de ju-lho de 1868.

O inimigo retira-ra-se para o norte, esta-belecendo-se na linhafortificada Angostura - Piquiciri - Ipoá. Oterreno, de difícil progressão, transformou-se em poderoso auxiliar dos inimigos, emdesesperada situação defensiva.

O gênio militar de Caxias concebeu eexecutou hábil e audaciosa manobra pelo

Chaco, visando surpreender o inimigo pelaretaguarda. Com determinação e tenacida-de construiu-se uma estrada em curto pra-zo, antes das cheias de dezembro. Atolei-ros, lama, lodo, água pútrida, calor caus-ticante, ataques de insetos e febres nãopassam de pálida descrição das dificulda-des superadas por nossas forças.

O inimigo duvida do empreendimen-to ciclópico e surpreende-se quando nos-sos bravos soldados iniciam o ataque àretaguarda. Tenta impedir nossa progres-são, ocupando linhas sucessivas, sem su-cesso. A primeira resistência estabeleceu-se em Itororó. Ocupando posição dominan-te e vantajosa, o inimigo espera. Caxias in-veste com o grosso de suas forças, deter-minando à cavalaria de Osório que ataquepelo flanco, ultrapassando o mataréu dascabeceiras do Arroio Itororó. Era o dia 6 dedezembro de 1868.

O combate perdurou uma eternidade.A ponte de Itororó por seis vezes foi con-quistada e perdida, pois a resistência inimi-ga fortalecia-se pela coragem cega inspira-da pelo desespero. O terreno, mais uma vez,interfere na manobra de Osório pelo flanco,impedindo sua participação.

O momento é decisivo. As perdasexaurem os efetivos, dizimando indistinta-mente chefes e subordinados. O descortinomilitar de Caxias inspira-lhe a decisão auda-ciosa, lançando-se pela ponte, de espada

em punho, para aco-meter o inimigo e im-pelir as tropas ao as-salto decisivo que re-sultou na vitória.

S e g u e m - s eAvaí (11 de dezembro),Lomas Valentinas (21a 27 de dezembro) e a

rendição de Angostura (30 de dezembro),vitórias exuberantes que compõem a Cam-panha da Dezembrada. O grosso das forçasinimigas fora aniquilado.

Caxias, doente, espada invicta doImpério e gênio militar de sua época, retornaao Brasil no final de janeiro de 1869. O

�Caxias foi grande aosolhos de seu século:maior será aos olhos

da posteridade�.General José Pessoa Cavalcanti

de Albuquerque

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Alagoas 1.041 787 792 36 2.656Amazonas 247 309 167 1 724Bahia 7.764 5.312 1.789 272 15.227Ceará 1.412 3.096 1.019 121 5.648Corte 6.234 1.851 1.186 2.196 11.467

E.Santo 341 285 329 11 966Goías - 424 118 - 542Maranhão 1.509 1.787 1.083 157 4.536Mato Grosso 1.417 1.843 38 - 3.298Minas Gerais 894 1.768 1.377 31 4.070Pará 1.461 1.440 861 65 3.827

Paraíba 984 599 821 50 2.454Paraná 480 1.296 231 15 2.022Pernambuco 4.158 1.104 1.734 140 7.136Piauí 960 1.134 446 164 2.705Rio G. Norte 542 348 419 2 1.311

Rio G. Sul 460 3.387 279 357 4.483Rio de Janeiro 3.358 2.315 1.751 200 7.851S. Catarina 969 264 279 25 1.537São Paulo 2.271 1.125 2.996 112 6.504Sergipe 1.099 724 391 40 2.254Total 37.828 31.198 18.186 3.981 91.218

Percentual 41,5 34,2 19,9 4,4 100

Efetivo que seguiu para o ParaguaiEfetivo

Província Voluntários

da PátriaGuardas

NacionaisVoluntáriose Recrutas

EscravosLibertos TOTAL

O Exército em operações no Sul (1865) constava de 17.607 praças e 1.826 oficiais,totalizando 19.433 homens. A este efetivo acresceu-se o contingente do quadro acima,

somando 110.651 homens que tomaram parte na Guerra da Tríplice Aliança.(Relatório do Exército de 1870)

(História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguaí � Augusto Tasso Fragoso �Biblioteca do Exército Editora � 2ª Edição � 5 volumes � Rio de Janeiro � 1956/1960)

Baixas sofridas na Guerra da Tríplice Aliança

vitorioso comandante, entretanto, desem-barca incógnito no Rio de Janeiro. Espera-va-o apenas sua esposa.

A imagem de Caxias, traçada no cur-to prazo de seu comando na Guerra daTríplice Aliança, reflete o homem singular,o soldado insuperável, o chefe ímpar quetransformou a sorte da guerra, desde omomento em que pisou no acampamentode Tuiuti.

Admiração, respeito e veneraçãoconstituíram o preito constante de suasvitórias. Somente um líder humano, justo,competente e sereno poderia conquistá-loao longo de uma campanha repleta de tan-tas dificuldades e agruras, que demonstra-ram, acima de tudo, a fé inquebrantável dossoldados em seu líder.

A ressurreição do Exército, a abne-gação dos soldados em atravessar águasimundas, a coragem que levou os comba-

tentes a ignorar os perigos, não dimanaramapenas da mera autoridade de um coman-dante mas também do carisma de um líderque conquistou pela bravura e inteligênciaa confiança e a estima de seus homens. Hápoucos chefes de tal envergadura. Caxiasera um deles.

A inconteste liderança, consagra-da no episódio de Itororó, fez-se presen-te na célebre Ordem do Dia que precedeuLomas Valentinas, em dezembro de 1868:"O Deus dos Exércitos está conosco.Eia! Marchemos ao combate, que a vi-tória é certa, porque o general e amigoque vos guia, até hoje não foi vencido�.

* Dedicado aos verdadeiros professoresde História do Brasil, que poderão

solicitar, sem qualquer custo, umexemplar desta edição comemorativa.

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O EME - Estado-Maior do Exército, na obra "Exército Brasileiro - PerfilMilitar de um Povo", 1972/2º Volume, cita que, de um efetivo de aproximada-mente 110 mil homens, cerca de 33 mil, morreram. O livro didático (?) Histó-

ria & Vida adotado pelo MEC, apresenta 100 mil mortos!..

Ainda não se fêz no Brasil o levanta-mento de uma História especia-líssima: a influência dos grandes

homens na vida de outros grandes homensque, por êles ajudados, puderam realizar emplenitude a sua ação patriótica. Sòmentealguns estudiosos ou aquêles que se inte-ressem mais particularmente pela vida doBarão do Rio Branco, conhecem um porme-nor de grave importância: o Patrono doExército, Duque de Caxias, foi seu patrono,também. Havia muito tempo que o entãojuvenil Paranhos pretendia o ingresso nacarreira diplomática. Dom Pedro II, porémtinha receio daquele jovem que lhe pareciasedento de mais das boas coisas da vida -como, aliás, sempre foi o Barão do RioBranco por tôda a sua existência, em que setornou um trabalhador infatigável, mas tam-bém o gastrônomo e o homem requintadoque soube ser. Só na ausência de Pedro II,sendo Regente a Princesa Isabel, foi queêle, finalmente ingressou na carreira diplo-mática, da qual, mais tarde, viria a ser osímbolo e a expressão suprema do Brasil. ODuque de Caxias, recomendando à Princesao nome de José Maria da Silva Paranhospara o pôsto de cônsul do Brasil emLiverpool, abria para o futuro Barão do RioBranco, uma perspectiva que êle no Brasiljamais teria tido, sem o seu empenho. Nosilêncio e na distância da Pátria, o cônsul doBrasil bem se dá aos estudos de História,mandando buscar na terra brasileira todosos novos livros que aparecessem e que

O DUQUE E O BARÃODinah Silveira de Queiroz

contivessem interêsse específico para ele.Ao mesmo tempo saindo do acanhamentoda vida brasileira de então, bem se situavana condição de observador do Brasil, comoum todo, no concêrto das nações. O Duquee o Barão estão por isto indissolùvelmenteligados no destino da maior vocação diplo-mática que nossa pátria já têve. Referi-me aêsse fato - o da entrada daquele que maistarde seria o Barão do Rio Branco na carreiradiplomática pela mão do Duque de Caxias,porque vejo nesse caso não apenas a His-tória. O Patrono do Exército e o Patrono denossa Diplomacia, juntos no episódio, mar-cam o entrelaçamento à feitura da unidadenacional, por homens que servindo ao país,como soldados, o servem também na busca,na escolha e na promoção de grandes no-mes, que engrandeceram e engrandecem aterra brasileira, como seus servidores civis.O Duque e o Barão são por isto hoje espe-cialmente homenageados na crônica. ODuque de Caxias, criando a possibilidadede carreira para aquele moço que o Impera-dor do Brasil achava estouvado e não que-ria nomear, apesar de ser filho de uma dasmais ilustres figuras do Império conjugou àsua glória de soldado mais esta, a de enca-minhar na Diplomacia um jovem que iriaassombrar a gente de seu tempo e que aindahoje nos assombra. O que edificou um gran-de Exército ajudou a quem iria edificar umagrande Diplomacia. (Publicado no �CorreioBraziliense� de 25 de Agosto de 1970).

*Escritora

Caxias combateu pela Independência do Brasil, pacificou o Maranhão, São Paulo,Minas Gerais e o Rio Grande do Sul, comandou Exércitos em três campanhas

externas, organizou o Exército Brasileiro; governou Províncias e o próprio Brasil, postoque foi Presidente do Conselho de Ministros, por três vezes...

Não apenas por tudo isso, ele foi o vulto mais exponencial do II Império,chamando-lhe os apologistas, justa e merecidamente, de �O Duque de Ferro�,�O Condestável do Império� e �O Pacificador�.

�A verdadeira bravura do soldado é nobre, generosa e respeitadorados princípios da humanidade�. Caxias, 1851, Campanha do Uruguai.

�Sigam-me os que forem brasileiros!� Caxias, 1868, em Itororó.

A OBRA

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O SOLDADO BRASILEIRO

Em um trabalho interessantíssimo so-bre a História Militar do Brasil,agora aparecido em volume, o ca-

pitão Genserico de Vasconcelos, estu-dando, com a paciência que lhe é pecu-liar, e com o brilho já patenteado empesquisas anteriores, as campanhas noEstado Oriental, traz à luz documentoscuriosos e significativos, que demons-tram à evidência, para admiração alheia eorgulho nosso, o que já eram, naqueletempo, a honestidade dos nossos solda-dos e a cultura moral dos nossos generais.

A marcha do Exército brasileiro, nãosó em território inimigo como mesmo aquémdas fronteiras do Império, era, explica-o ocapitão Genserico, difícil e penosa. O terre-no era péssimo e faltava tudo. Os gênerosde que a expedição precisa-va eram conduzidos na re-taguarda, e, se havia algu-ma coisa a comprar, era com-prada a dinheiro. Não obs-tante essa penúria das fôr-ças em viagem, a proprieda-de privada era sagrada. E,como prova, transcreve oilustre historiador militaresta Ordem do Dia de Caxias,ao pisar, a 4 de setembro de1851, o território do EstadoOriental:

�Soldados! Ides combater a par debravos e amestrados nos combates; êssesbravos são nossos amigos, são nossos ir-mãos em armas. A mais perfeita e frater-nal união deveis, pois, com êles manter�.

E após outras recomendaçõesmilitares:

�A propriedade de quem quer queseja, nacional ou estrangeiro, é sagrada einviolável; e deve ser tão religiosamenterespeitada, pelo soldado do exército impe-rial, como sua própria honra. O que pordesgraça a violar, será considerado indig-no de pertencer às fileiras do Exército,assassino da honra e reputação nacional,e como tal severa, inexoràvelmente puni-do!�

E o historiador acentua, concretizan-do a prática dessas recomendações rigoro-sas: �A sanção contra poucos casos deviolação da propriedade alheia não se faziaesperar. A Ordem do Dia n.º 22 isso de-monstra�. E copia: �Tendo chegado ao co-nhecimento de S. Ex. o Sr. general Condede Caxias, que apesar de suas reiteradasordens, de todos os seus esforços paramanter ilesa a reputação e dignidade doExército de operações a seu mando , fôradesrespeitado o direito de propriedade deMaria Mendes, carneando-lhe duas resesmansas e destruindo-se-lhe um arcado oucurral; danos que foram por S. Ex. repara-dos com mão larga, procurando dessaarte atenuar a desfavorável idéia queordinàriamente se faz da civilização, mo-ral e disciplina do Exército que assim pro-

* Humberto de Camposcede, e nada tendo S. Ex. tanto a peito comopôr têrmo a tão revoltante e criminosoprocedimento: manda fazer público ao Exér-cito que será gratificado com dez onças deouro, todo aquêle que apreender em fla-grante, ou noticiar com as precisas provas,os perpetradores de tais atentados�.

A obediência a essas prescrições deCaxias tornou-se absoluta. Faminto, rôto,necessitado, o soldado brasileiro não seapoderava, sequer, daquilo que, porventura,descobria no chão, pelo caminho. Três obs-curos soldados de 7º Batalhão encontraram,nessa ocasião, quando em marcha, a quan-tia de cento e vinte mil réis. E foi unânime,entre êles, o gesto de honradez: à primeiraordem de fazer alto, procuraram o coman-dante, e entregaram-lhe o dinheiro!

A moralidade do Exército brasileiroera, em suma, tão patente, que o Estado-Maior argentino assim a assinalou, por essaépoca, em uma monografia oficial:

�Los brasileños llevaron la apli-cación de esos principios de moralidadmilitar, hasta la escrupulosidad, como lodemuestra una orden general lanzada, el25 de Septiembre de 1851, desde el cuartelgeneral de Puntas del Tambor, por elgeneralísimo Caxias, en que promete unagratificación de diez onzas de oro à quiensuministre datos sobre la identidad deunos soldados rezagados que habíancarneado dos reses ajenas, disponiendoademás que el tesorero de ejército aboneinmediatamente a la propietaria de losanimales muertos, el correspondienteresarcimiento�.

�Asimismo, en otra orden de fechaposterior, les rinde un merecido tributo desatisfacción, à tres soldados del batallon 7de infantería, quienes habiendo halladopor el camino, una cantidad de dinerorelativamente crecida, se apresuraron àentregarla à sus oficiales�.

Faltassem ao soldado brasileiro osatributos da coragem, da bravura, doheroísmo, que jamais lhe faltaram, e êle seriadigno da admiração do mundo, marchandona vanguarda de todos os Exércitos da terrapor esse passado de disciplina, de honesti-dade, de honradez.

* EscritorTranscrito de seu livro de crônicas

"Fatos e Feitos" (1920)

Artilharia a Cavalo - 1865/1872

Numa afidalgada vivenda da Tijuca,alcandorada na fralda da Montanha, nofim da rua Itacurussá, fomos ouvir, numa

tarde chuvosa de Setembro, o Coronel José deLima Carneiro da Silva, neto de Caxias, o unicosobrevivente da estirpe dos Lima e Silva.

Apesar dos seus 83 janeiros, ele próprio,risonho e lépido, tendo no olhar azul a alegriareveladora de uma perfeita saude, recebe-nos nopatamar da vivenda, erguida entre renquesfarfalhantes de palmeiras imperiais, fortementeaçoitadas pela chuva impertinente que caía.

Um fidalgo perfeito e nesse fidalgo deautêntica linhagem, o mais simples, o mais amavel,o mais democrático dos brasileiros, conversandocom o �reporter�, com aquela simpatica e cordealcamaradagem dos velhos soldados que um dia, nalareira, recordassem juntos, trechos distantes davida da caserna e de passadas campanhas.

Dir-se-ia que o neto deCaxias se avocou o papel de jorna-lista e, loquaz e prodigioso de me-mória, sabatinasse o reporter sobrea vida amplamente conhecida eesmiuçada de seu avô, o grandeCondestavel do Brasil.

Na confortavel sala de estarda residência senhorial, não depois de uma sabo-rosa taça de café, hábito de antigas tradições dacasa-grande e do sobrado, que, intangivel, atéhoje se conserva na hospitalidade brasileira, oCoronel José de Lima, vai recapitulando, no co-lorido vivo de sua palestra, a vida e os hábitos donosso Duque.

E com que saudade ele nos fala da fazendade Quissamã, no município de Macaé, ondejovem aluno da Escola Central de Engenharia,acompanhava o seu avô nas manhãs claras deestío, em longas cavalgadas pelos arredores.

Recapitula episódios e fala e fala sempre,arrebatado pelo sabor das reminicências distan-tes:

- Quando o meu avô veiu do Paraguai, foidescançar em Quissamã, hoje fazenda daMachadinha, onde vivo desde então. Trouxe doSul, três velhos cavalos, suas montadas preferi-das que estavam entregues aos cuidados dosargento Liberato, seu bagageiro fiel.

�Moleque�, �Douradilho� e �Aedo�, cha-mavam-se a suas montadas

�Aedo� que era um lindo tordilho foi, peloDuque, presenteado ao Marquês da Gávea, seuprimo irmão.

�Moleque� morreu e foi enterrado nafazenda. A morte de �Moleque� se deu por causade um colono da fazenda que zeloso, para prepa-rar para o passeio matinal a montada predileta deDuque, deu-lhe um banho de querozene.

Isso causou-lhe a morte que muito abor-receu o Duque. O velho Marechal, depois deassistir o enterramento da sua montada predileta,passou o dia inteiro, aborrecido, triste e falandosempre no �Moleque�.

Entretanto, não deixou que o colono cau-sador do incidente fosse castigado ou expulso daFazenda, como quiseram fazer. Apenas, repre-endeu-o severamente dando-lhe conselho sobrea maneira e a arte de limpeza de montarias.

�Douradilho� ficou, então, sendo a mon-tada exclusiva.

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O Duque, após o passamento da Duque-sa, jamais tirou o luto. Mesmo em casa, naintimidade do lar, na sua residência do Engenho

CAXIAS ,VISTO PELO SEU NETOUma entrevista de �Nação Armada�

Velho, na Corte ou nas fazendas de Santa Monicae na de Quissamã, propriedades das suas filhas,envergava sempre sobre-casaca.

Era, entretanto alegre e se alimentava bem,preferindo à mesa, pratos da culinária gaucha.Apesar de fluminense, o Rio Grande do Sul eraa sua menina dos olhos.

A toda hora, falava das suas cousas, dosseus homens e tinha mesmo, um certo sotaque deriograndense do sul.

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A música encantava-o.Sua comadre, D. Maria José de Siqueira,

casada com o veador do Paço, José de Siqueira,seu grande amigo, tocava constantemente à seupedido, no piano de cauda da sua residência noEngenho Velho, mazurcas e valsas que ele ouviaem silêncio, fumando grandes e perfumadoscharutos. O Duque era um inveterado fumante de

charutos, consumindo váriospor dia.

Gostava o Duque de ca-çoar comigo, chamando-me,constantemente, de sacristão.De fato, quando menino de 13para 14 anos, ajudava as missasque eram resadas, aos domin-

gos, na capelinha da Fazenda, por um fradefranciscano, capelão do Marechal.

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E, de reminicências em reminicências, oCel José de Lima vai, como se num cosmorama,passando em revista a vida intima de Caxias,ainda gravada na sua memória fiel e previlegiadade ancião.

- Olhe, meu amigo, tenho na minha fazen-da, muitas relíquias, cartas, objetos do uso pes-soal do meu avô.

Vivo hoje, dessas reminicências e do orgu-lho de ver que o Exército do Brasil, sob o cultode Caxias, se ergue, cada vez mais, fortalecendo-se, aperfeiçoando-se para nunca desmerecer doPassado e do seu antigo chefe, hoje seu supremoPatrono.

A-pesar-de toda a minha vida ter-me de-dicado ao labor da gleba onde nasci, tenho pelacarreira das armas o mais profundo fervor.

Só não ingressei na carreira das armas,porque argumentaram já existirem vários solda-dos na família.

Resignei-me e estudei engenharia, cujocurso interrompi pouco tempo depois.

Mas, na revolução de 93, quando Florianonecessitava de todos os brasileiros para a conso-lidação do Regime, eis-me soldado - alistando-meem Macaé, num batalhão patriótico. Deram-meo posto de tenente.

Diziam os amigos antigos, então, ao vêr-me garboso, de espada à cinta, que eu me pareciamuito com o meu avô. E eu sentia um grandeorgulho com isso.

Confesso que tenho uma certa saudadedaquela farda, daqueles meus tempos de soldado,e, sobretudo, da aludida semelhança física.

Todo o ano, passo a semana da Pátria quevem se realizando há algum tempo, aqui, no Rio,entre parentes, amigos assistindo às solenidadescívico-militares.

Volto para Macaé, com o coração trans-bordando de alegria e confiante, cada vez mais, nofuturo da minha Pátria e na justiça dos seushomens, do seu Exército, ao qual estou ligadopelo sangue e pela glória dos meus antepassados.(Publicado em NAÇÃO ARMADA - nº 23 - Outubro de 1941)

O Duque, a não ser em atosoficiais, jamais se assinavacom o título que possuía.A sua assinatura familiar

era a seguinte:- Luiz Alves de Lima.

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Prezado Jornalista Ancelmo Gois,A propósito da nota assinada por V. Sa, publicada na edição de 08 de agosto de 2003,

sob o título �Caxias e os negros�, a qual contém ofensas à memória do Marechal Luiz Alvesde Lima e Silva, o Duque de Caxias, Patrono do Exército, o Centro de Comunicação Socialdo Exército (CCOMSEX) informa o que se segue:

1. A matéria traduz a intenção de agredir a memória de um dos maiores vultos daHistória do Brasil. A afirmação do religioso ali citado, potencializada pela ironia dessecolunista, não resiste à simples verificação da trajetória de Caxias, figura ímpar de guerreiroe homem publico, paradigma de virtudes cívicas e militares, que a nossa Instituição elevouà condição de Patrono e a Nação brasileira acaba de inscrever no Livro dos Heróis da Pátria.

2. Os exemplos legados pelo Marechal Luiz Alves de Lima e Silva revigoram aconfiança na travessia do presente e na construção do futuro que imaginamos para nossoPaís. Vivendo na eterna prontidão dos bravos, evidenciou a inesgotável generosidade dosmagnânimos. Sempre e onde o Brasil precisasse, sua presença implicava a prevalência daordem sobre a desordem e o triunfo sobre os oponentes. Significava, também, a sobrevi-vência das instituições e a concórdia entre irmãos. Assim, com toda justiça, acabou ungidopela História com a denominação de �O Pacificador�, pela capacidade que revelou derestabelecer a paz nas províncias assoladas por lutas fratricidas e de reincorporar àlegalidade grupos insurgentes, recebendo do insigne Jornalista Barbosa Lima Sobrinhoo título de �Patrono da Anistia�.

3. Mais que uma agressão, a nota assinada por V.Sa peca pela torpeza da mentira.Caxias, é bom que se diga, é um dos pioneiros da abolição no Brasil. Pelo Convênio dePonche Verde, assinado a 1º de março de 1845, garantiu, por sua conta e risco e contrariandoinstruções do governo central, alforria a todos os escravos que serviram à RevoluçãoFarroupilha. Comandante das Forças brasileiras na Guerra da Tríplice Aliança, vulgarmenteconhecida como Guerra do Paraguai, cabia-lhe empregar os meios que a Nação, emmobilização jamais vista na História, colocava ao seu dispor. E o fez sem favorecimento aqualquer grupo, sem distinção de cor, credo, posses e religião. Cumpre realçar, ainda, queos negros mobilizados para aquele conflito adquiriam a condição de alforriados.

4. Desrespeito à memória do maior de todos os soldados que a Nação já teve.Mentiras e ressentimentos gratuitos. Tudo reunido numa nota. Pode ser, não! É a piorespécie de ilação que pode existir.

Atenciosamente,Augusto Heleno Ribeiro Pereira - General-de-Divisão,

CHEFE DO CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO

RIO DE JANEIRO, SEXTA-FEIRA, 08 DE AGOSTO DE 2003 - ANO LXXIX. Nº 25.568 - WWW.OGLOBO.COM.BR

Caxias e os negrosA Câmara de Duque de Caxias (RJ)

quer homenagear Frei David, o bravo reli-gioso negro.

O frei agradece, mas não deve acei-tar. É que a homenagem seria na mesmasessão pelos 200 anos do militar Caxias.

Frei David acha Caxias �um dos mai-

ores assassinos dos negros� por ter usadoescravos �como bucha de canhão� naGuerra do Paraguai.

É. PODE SER.

Resposta do CCOMSEX

Não bastassem o bispo de Presidente Prudente brandindo foice e enxada e osreligiosos na Bahia, celebrando culto tendo a foto de Guevara no altar, vem agora,o frei David pregar a luta de classes, a discriminação racial e a calúnia seguindo ospassos de outros �freis�.

Como já era de se esperar, �O Globo� não publicou na íntegra o texto acima,remetido pelo Centro de Comunicação Social do Exército, deturpando-o em �Cartasdos Leitores�, a 09 de agosto/2003.

É lamentável que o colunista Ancelmo Gois publique notícias sem verificar suaveracidade. Talvez o faça com segunda intenção ou por incompetência. Mas logoagora, quando se tecem loas a Roberto Marinho pelo jornalismo sério e competenteque lhe era peculiar, não é admissível nota como esta.

Caxias foi o pioneiro abolicionista, se antecipando em 43 anos à Lei Áurea,alforriando os escravos que lutaram na Revolução Farroupilha, em 1845. E oExército se negou a perseguir os escravos foragidos, antes da Proclamação daRepública. (Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25 de agosto de 2003)

NOSSO COMENTÁRIO

A mídia divulgou recentemente ma-térias equivocadas, sem fundamen-to histórico, envolvendo a figura

do patrono do Exército Brasileiro, o Duquede Caxias, acusando-o de ter lançado cadá-veres de coléricos no Rio Paraná, durante aGuerra do Paraguai, com o obje-tivo de contaminar as popula-ções ribeirinhas de Corrientes.Entre Rios e Santa Fé, aindasob o domínio de SolanoLópez.

Segundo o publica-do, o diretor do filme "Aconspiração" buscou oapoio de uma equipe de oitopesquisadores para realizar�uma reconstituição de épocacriteriosa�, o que se presume nãoter acontecido, tal a inconsistência dosargumentos apresentados. Logo de início,constatam-se dois erros históricos: em 1867,o Paraguai já combatia as forças da TrípliceAliança em seu território e as provínciasargentinas de Corrientes. Entre Rios e SantaFé não estavam mais sob domínio de López.Tampouco Caxias era duque, mas marquês.

Durante as pesquisas para o filme, odiretor teria encontrado uma carta cujo tre-cho já havia sido publicado no livro"Genocídio Americano", de Júlio JoséChiavenatto. Esse autor, desprezando afalta de autenticidade da citada carta, repro-duziu-a como sendo um �despacho priva-do, de próprio punho� do Marquês de Caxiasa D. Pedro II, por meio da qual informava aoImperador o lançamento de cadáveres con-taminados nas águas do Rio Paraná.

A bem da verdade, cabe ressaltaralgumas considerações julgadas importan-tes.

Embora as matérias afirmem que asuposta carta, datada de 18 de setembro de1867, se encontre guardada no Museu Im-perial de Petrópolis, após consulta aos Ar-quivos Históricos por solicitação da direto-ria de Assuntos Culturais do Exército Bra-sileiro, a atual diretora do museu informouque tal carta inexiste.

Outro fato relevante, que contradizessa tentativa de deturpação da História, éum ofício, datado de 6 de novembro de 1979,do então diretor do Museu Mitre, de BuenosAires, transcrito integralmente, na RevistaMilitar Brasileira de maio de 1980, volume116, página 125. Lá encontramos a respostaao �despacho de Caxias�, contido no livrode Chiavenatto. Tratava-se de um vulgarpanfleto de propaganda política daquelaépoca contra o presidente Mitre, de autoriade opositores a seu governo, por eles for-jado como se o autor fosse Caxias. Afirmou

A VERDADE SOBRE CAXIAS* Luiz Cesário da Silveira Filho

textualmente aquela autoridade: �O ditofolheto, nem por seu inverossímil conteú-do, nem por sua forma, sendo um impressosem firma, não manuscrito, pode ser consi-derado um documento histórico e pelasconclusões a que chegamos deve ser con-

siderado apócrifo�.Além do mais, a forma de

contágio do cólera não era conhecidaem 1867, de acordo com o eminentehistoriador Acyr Vaz Guimarães em"A Guerra do Paraguai - Verdadese Mentiras". Assim, não seria pos-sível a Caxias considerar que aságuas serviriam como meio de propa-

gação da doença.Vale ainda, registrar o fato de que

as províncias de Santa Fé e Entre Rios sãolocalizadas no percurso do Rio Paraná elimítrofes à de Buenos Aires. Logo, seriaabsurdo supor que o general BartolomeuMitre, militar argentino, consentisse que acapital de seu país, sob seu completo con-trole, fosse também contaminada, sem, nomínimo, romper a aliança com o Brasil. Muitomenos Caxias iria realizar uma contamina-ção rio abaixo, que poria em risco a vida depopulações aliadas.

E seria pouco crível que Caxias efe-tivasse uma ligação direta com o Imperadora respeito de detalhes da campanha, con-tornando a autoridade do ministro da Guer-ra, ao qual era subordinado. Além do mais,o despacho, e não a carta, transcrito nolivro, é um relato muito extenso. Caxias nãocostumava fazer longos relatos em docu-mentos oficiais sobre os complexos proble-mas da guerra, logo ele, que se caracteriza-va por ser sempre objetivo e sintético. Aprópria redação do texto não condiz com olinguajar de Caxias nem com o seu estiloapurado e direto.

Portanto cabe concluir que as �pes-quisas�, adjetivadas como �precisas� pelodiretor do filme, provêm de fontes surpre-endentemente inéditas, desconhecidas degrandes historiadores brasileiros. São, por-tanto, destituídas de credibilidade acadê-mica, suspeitas e impregnadas de um�revisionismo histórico�, deixando claraa tentativa de se realizar uma releitura daHistória do Brasil e a conseqüente des-moralização de seus heróis. Tentar agre-dir a atuação histórica do Duque deCaxias - O Pacificador - é solapar a pró-pria nacionalidade brasileira, pois estefoi o fiador da unidade nacional no con-turbado período de consolidação que seseguiu à nossa Independência.

*General-de-DivisãoChefe do Centro de Comunicação Social do Exército

JORNAL DO BRASILRIO DE JANEIRO H TERÇA - FEIRA, 03 DE NOVEMBRO DE 2001

(Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25 de agosto de 2003)

A DETURPAÇÃO DA HISTÓRIA MILITAR E DO BRASIL

INTERPRETAÇÃO MARXISTA

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Em pleno território

inimigo, as tro-pas brasileiras precisam de atravessar umapequena ponte de apenas três metros, for-temente defendida pelos bravos soldadosparaguaios. É a ponte de Itororó. Os brasi-leiros lutam corpo a corpo, a pé e a cavalo.Avançam, recuam, tornam a avançar etornam a recuar. Contra eles, com 12 ca-nhões, a artilharia inimiga, favorecida pelaconfiguração topográfica do terreno, dis-param sem cessar. O barulho é ensurde-cedor. Os uniformes se frangalham, san-gue respinga de todos os lados, corpos dehomens e de cavalos, abatidos, mistu-ram-se e atapetam o solo.

Eis que de repente, espalham-seentre os brasileiros notícias de que o co-ronel Fernando Machado consegue atra-vessar a ponte mas é morto; de que Gurjãotambém consegue cruzar a ponte mas égravemente ferido; e de que o generalArgôlo, da mesma forma, também é atin-gido. Os soldados se desnorteiam! Vaci-lam. A debanda parece iminente.

Com toda asua experiência, ovelho Marechal per-cebe que a situaçãoé gravíssima. É ne-cessário agir rapida-mente. Em seu cava-lo, Caxias toma a fren-te de seu Exército,desembaínha a es-pada e, em voz firme,brada: �Sigam-meos que forem brasi-leiros�.

S e g u n d oAffonso de Carva-lho, em sua obra�Caxias�, �...todaaquela massa quehá pouco amolece-ra e se desfibrarasob a ação do pânico, readquire de súbitosua vitalidade e poder combativo... E, se-gundo Dionísio Cerqueira, �...houve quemvisse moribundos, quando ele passou, er-guerem-se brandindo espadas ou carabi-nas para caírem mortos adiante...�

Caxias atravessa a ponte de Itororó.O velho Marechal nunca perdera qualquerbatalha e jamais fugira. Os paraguaios fo-gem a galope mas deixam, no campo delutas, 400 mortos. Do lado brasileiro, 2.416homens são postos fora de combate emapenas um dia. Recorda-se de que naFEB, na Segunda Guerra Mundial, em 239dias o Brasil teve 451 mortos e 1.577 fe-ridos.

Transposta a ponte de Itororó, oMarquês não vai parar. Na guerra, umadas características marcantes de Caxias é

SIGAM-ME OS QUE FOREM BRASILEIROS!

* Olavo Nogueira Dell'Isola

estudar minuciosamente a situação, pla-nejar, preparar-se para tudo, mesmo quegaste muito tempo, e partir. Depois queparte, não pára mais, até que alcance avitória final. Cinco dias depois de Ito-roró, o velho Marechal já participa dasangrenta batalha de Avaí, onde mui-tos soldados brasileiros, já descalços,andrajosos e quase famintos, lutam bra-vamente durante sete horas . ApósAvaí, Lomas Valentinas, e, finalmente,Assunção.

Caxias chega à capital paraguaiaem 5 de janeiro de 1869. Assunção estádeserta. Incapaz de conter as tropas bra-sileiras, Solano Lopez, que vinha recuan-do sempre, desloca-se para as Cordilhei-ras. Para Caxias, a última batalha estáganha, a guerra está vencida, e não há ne-cessidade de perseguição a Solano Lopez.Em Assunção, seu primeiro cuidado étomar, de imediato, medidas que preser-vem a ordem e façam respeitar a proprie-dade alheia, em respeito aos vencidos.Não podem proceder notícias de queCaxias tenha, em qualquer época, tratado

com desrespeito oucrueldade as tropasderrotadas.

A guerra con-tra o Paraguai poderiater sido vencida, comtoda a certeza, com,pelo menos, um anode antecedência, seCaxias tivesse sidodesde logo nomeadoPresidente da Provín-cia do Rio Grande eC o m a n d a n t e - e m -Chefe do Exército Bra-sileiro, como ele pró-prio esperava e dese-java, e como convi-nha ao Brasil. Porquestões políticas no-civas aos mais eleva-

dos interesses da Nação, o velho Marechalsomente é nomeado em 10 de outubro de1866, quando os resultados obtidos pelastropas brasileiras, na guerra, não satisfazi-am à opinião pública.

Em 7 de maio de 1880, o Marechal doExército, Luiz Alves de Lima e Silva, aos 76anos de idade e com o título de Duque, vema falecer. Caxias, que nascera no Rio deJaneiro em 25 de agosto de 1803, que tiveraseu batismo de fogo como tenente aos 20anos quando, de baioneta na mão, lutaracontra os portugueses em Salvador, queentrara triunfalmente em Assunção comomarechal de Exército aos 66 anos, dedicoutoda sua vida à Pátria e da Pátria nunca nadaexigiu. Toda a vida de Caxias constitui omais puro exemplo de sadio patriotismo.

Até hoje, mais de 100 anos após a sua

morte, toda pessoa séria, que nas es-colas não se utiliza de meios ilícitos,que jamais falta com a verdade, quenão suborna e nem se deixa subornar,que não corrompe e nem se deixa cor-romper, enfim, toda pessoa extrema-mente correta, no Brasil é chamado de�Caxias�.

O general dos generais é opatrono do Exército. Contudo, poderiaser, também, com todos os méritos, opatrono das Forças Armadas.

O povo brasileiro já distinguiuCaxias de todas as formas. Em quasetodas as cidades do Brasil, existemruas, avenidas, praças e escolas com onome de Caxias. Ainda está faltando umgrandiosos filme nacional, com o patro-cínio de grandes órgãos públicos ouprivados, com a participação de direto-res e atores sérios e talentosos, que divul-gue, par todas as gerações, presentes evindouras, a vida exemplar do excepcio-

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Seis de dezembro de 1868. O veterano Marechal do Exército, Luiz Alvesde Lima e Silva, o Marquês de Caxias, está com 65 anos de idade e 50

anos de efetivo serviço. Hoje, de novo, Caxias vai lutar, a cavalo, espadadesembainhada, à frente de seus soldados.

nal militar brasileiro.O brado de Caxias em Itororó, certa-

mente, ainda é capaz, hoje, de fazer brasilei-ros �...readquirirem sua vitalidade e o podercombativo...�e, se moribundos, �...ergue-rem-se brandindo espadas...�

* Coronel aviador ReformadoPublicado no Estado de Minas de 25/08/95

Page 23: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

23Nº 205 - Agosto/2014

Entre os amigos íntimos de Caxias,figurou o bizarro conde de PortoAlegre - uma das mais altas expres-

sões do heroísmo nacional e que foi, comojá tive ocasião de acentuar, o estilizador dabravura riograndense.

Por nímia gentileza de meu diletoamigo dr Castilhos de Goycochea, conhe-ço grande parte da correspondência íntimado intrépido vencedor de Itororó com ogalhardo e glorioso chefe brasileiro na se-gunda batalha de Tuiuti.

Essa correspondência é elemento pre-cioso para o estudo da psicologia do nossomaior homem de guerra.

É um encanto ver-se na intimidade,sorrindo, bem humorado, chistoso até, ogrande general, sempre visto e apresenta-do, na maior gravidade, oficialmente preo-cupado com as cousas da guerra, em todasas minúcias ou tratando dos problemasnacionais que interessavam à vida do país,nos altos postos da administração pública,que mais de uma vez lhe foram providenci-almente confiados.

Como recompensa de excepcionaisserviços prestados no Maranhão foi LuizAlves de Lima e Silva promovido a briga-deiro e agraciado com o título nobiliárquicode barão de Caxias.

Manoel Marques de Souza, o 3º des-se nome e progênie ilustre, era amigo eíntimo de Luiz Alves de Lima e Silva, desdea infância de ambos. Tinham quasi a mesmaidade. Caxias era apenas dez meses maisvelho que Porto Alegre. Este felicitou aonovo barão por aquelas duas altas e mere-cidas distinções, mas o fez em tom cerimo-nioso.

Caxias sentiu-se com este tratamen-to e assim manifestou sua impressão moral,em carta de 3 de dezembro de 1841, ao amigoprezado e íntimo:

�De volta de minha fazenda, ondeme demorei mais de dois meses, recebi umacarta tua, de 8 de novembro, em que metratas com toda a gravidade devida a umBarão e Brigadeiro, porém não a umamigo velho e camarada um pouco maisfeliz na sua carreira do que tu�.

Quanta nobreza e finura encerraCaxias nesse modo de justificar o seuadeantamento na hierarquia, ascendendo

CAXIAS E PORTO ALEGRECinco minutos na intimidade de dois grandes generais

Cel Souza Doccadois postos acima do de seu antigo colegae grande amigo.

Eram ambos alferes de 1818, sendoPorto Alegre de junho, por distinção emcombate, e Caxias de outubro, quando ain-da aluno da Academia Militar da Corte.

Referindo-se à permanência de Mar-ques de Souza no posto de tenente-coroneldisse o missivista: �Se tu tivesses ido comi-go para o Maranhão, jáestavas farto de ser coro-nel e ainda vinhas muito atempo de continuar nessaenfadonha luta�.

Revelam estes ter-mos que o pacificador doMaranhão convidara Mar-ques de Souza para seuauxiliar naquela Provínciae que o futuro conde dePorto Alegre preferiu con-tinuar servindo ao Impé-rio em sua Província natal.

O calor da luta, in-flamava sua alma de sol-dado; o resgate da Provín-cia, então desligada doImpério, preocupava seucoração de brasileiro; apacificação falava aosseus sentimentos defraternidade - tudo issoestava a dizer-lhe, a todomomento, que seu lugarera ali e ali ficou, emborachumbado ao posto detenente-coronel.

Foi isso o que disse Caxias ao julgar-se apenas mais feliz que seu amigo, queren-do, desse modo, modestamente ou entãosalientando o valor do outro, atribuir suaspromoções e triunfos a melhores fados,quando eram, na realidade, frutos de seustalentos militares, de sua grande inteligên-cia e de sua notável capacidade psicológi-ca.

Quem estudar atentamente a grandevida do grande duque de Caxias, ha deverificar que os seus triunfos ele não osconseguiu pela fortuna, como candidamen-te muitos afirmam, crendo cegamente nessadeusa cega - mas, sim, pelas suas notáveisvirtudes e qualidades excelsas, entre as

quais sobressaia sua capacidade psicológi-ca e esta capacidade, sabemos todos, é umdos atributos essenciais para todas as gran-des realizações, em todos os ramos da ativi-dade humana.

Ainda na carta citada dizia Caxias aMarques de Souza, magoado pelo trata-mento cerimonioso: �Eu sou o mesmo LuisAlves e cada vez mais amigo dos meus

amigos e, conquantonão despreze em nadaas honras com que S. M.I. me quiz agraciar, comtudo não me enfatuocom elas�.

Era a nobreza deuma grande alma, era adignidade humana quefalava, fiel ao culto daamizade e orgulhecidapelas honrosas distin-ções que a Pátria lhe con-ferira.

Diz ainda alí o fu-turo Duque ao futuroConde: �Muitos para-bens pela tua novacomenda e estou certoque antes querias maisum galãozinho para amanga ou a faculdadede poderes usar aque-las dragonas de fanta-sia, que mandaste fazerna Bélgica, quando láestiveste".

O tenente gene-ral conde de Porto Alegre foi o grande lida-dor do grande uniforme.

É crível, pois, que vendo o generalato,que certamente lhe dourava os sonhos desoldado, a dourar-lhes os punhos de valen-te e a gola de sua farda brilhante, adquiriu naBélgica, quando lá esteve em 1837, tratandode sua saúde seriamente abalada aquelasdragonas de fantasia e que eram, sem dúvi-da, de general e, talvez, as que ostentou,

num luxo de bravura, na segunda batalha deTuiuti, a 3 de novembro de 1867.

De sua presença nesse feito bélico dizuma testemunha ocular: �Jamais generalem chefe algum teve comportamento maisalto. Trajando seu grande uniforme detenente general, espada na mão, comba-tendo aos 63 anos de idade como o moçomais vigoroso e com a voz e o exemploanimando suas tropas, sem exageração sepode dizer que foi ele quem salvou Tuiuti�.

Foi a esse grande espírito, a essa almacheia de civismo muito alto e de bravuraexemplar, aquem o maior homem de guerrado Brasil, em íntima missiva, rendeu as ho-menagens de sua nobre e nobilitante amiza-de e de sua alta e justa admiração.

A essa mesma individualidade, Caxiashavia depois de recorrer, tantas vezes, comoamigo e como chefe, encontrando sempreum companheiro de glórias.

Assim irmanados pela amizade e vin-culados pelo amor ao Brasil, que tanto en-grandeceram, nos legaram um patrimônioopulento de glórias e rico de ensinamentos,que nos cumpre zelar com alma e coração.

Escrevendo aqui e, desse modo,reverenciando o nome excelso de LuizAlves de Lima e Silva, com a divulgaçãode fatos de sua vida íntima com ManoelMarques de Souza, é de se observar queesses dois grandes homens e eminentesgenerais, foram cidadãos exemplares,porque souberam ver, sentir e colocar aPátria acima de todas as paixões, domi-nando os impulsos, por vezes, suspica-zes, do partidarismo.

Ambos militavam na política parti-dária - Caxias era figura proeminenteentre os conservadores e Porto Alegre umdos chefes dos liberais - mas, nos grandestranses, da nacionalidade foram sempre,exclusivamente, brasileiros, sob uma úni-ca bandeira - a Bandeira sagrada da Pá-tria.

(Publicado em "Nação Armada",nº 7 de junho/1940)

Estátua do Conde na Praça Conde dePorto Alegre (antiga Praça do

Portão), em Porto Alegre

NR: Manoel Marques de Souza, o Conde de Porto Alegre, foi Ministroda Guerra, em 1862/1863, precedido por Luís Alves de Lima e Silva esucedido pelo General Polidoro da Fonseca. O 8º Regimento de CavalariaMecanizado, sediado em Uruguaiana/RS, tem a denominação histórica deRegimento Conde de Porto Alegre.

Companheiro e amigo.Voltei, hoje, da cidade, com a intenção de

o ir ver, porém o meu cocheiro me disse, emcaminho, que V. Exa. estava na rua do Ouvidor,porque tinha visto o seu carro.

Que me diz da questão inglesa? Não sepode ser súdito de nação fraca. Não é assim?Como não estará o nosso pobre imperador? Oque fará o Ministério? Se sabe mais alguma coisado que aquilo que estava no domínio público,diga, que estou aflito, apesar de estar de fora. Nãovou hoje a S. Cristóvão, para não se julgar que é

CARTA DE CAXIAS A PARANHOS (Visconde do Rio Branco)

curiosidade demais, mas amanhã hei de ir. Tenhovontade de quebrar a minha espada quando nãome pode servir para desafrontar o meu país deum insulto tão atroz. Sofreram estes bêbados,que lhes tirassem os americanos do Norte,dois passageiros do seu paquete, e deram-sepor contentes com o procedimento indecoro-so, que tiveram na Criméia, e conosco é quequerem mostrar valentia, sem terem a razão desua parte! V. Exa. ten notícia da resposta quedeu o Abrantes? Dizem-me que foi digna, ecomedida, mas que não foi no prazo marcado

pelo Christie.O que souber diga-me, pois estou muito

aflito. Disseram-me, na cidade, que o almiranteinglês teve a princípio o plano de tomar as nossasFortalezas, mas que depois mudou para o de darcaça aos navios brasileiros e tomá-los. Que tra-tantes! Atento e abrigado.

Seu amigo e companheiroM. de Caxias

(entre os dias 18 e 30 de dezembro de 1862)

NR: Referente à Questão Christie

Meu bem. Esta é escrita às onze horasda noite em uma barraca de palha em queestou morando, e sobe agora mesmo umcorreio para a capital só para levar esta cartaa tempo de sair no barco, tal é o cuidado queme dás e o amor que te tenho que, cheio detrabalhos, me não esqueço de ti.

Dá um beijo nos meus anjinhos e saudadesa todos de casa. Sou só teu, Luís.

Acampamento de Vargem Grande no

Maranhão, 10/08/1840

CARTAS DECAXIAS A ANICAS

Page 24: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

Luiza de Loreto

Luiz Alves Júnior

A vida do Duque de Caxias foi, sempre,um exemplo constante de retidão e

nobreza, padrão de senso e equilíbrio, deenergia e espírito humano. Toda a sua vidatranscorreu na luta, no viver das Armas, napaz e na guerra, e sempre um passar eminen-temente cristão. No turbilhonar dos tumul-tos jamais perdeu a serenidade, faceta bri-lhante dessa existência agitada, contudosempre marcada pelo toque ameno do amorintenso que dedicou à esposa, a sua Ani-nha, a companheira muito amada, com quemse ligara, pelas bênçãos do altar, a 6 de ja-neiro de 1833, e que veio a deixá-lo a 23 demarço de 1874, após 41 anos de enlace felize exemplar sob todos os aspectos.

O campo da luta era-lhe uma cons-tante, mas o Lar, onde estivesse, na pelejaem que se batia, estava sempre presente nasua alma devotada à esposa e filhos. Filhose esposa; esposa e filhos, eis o mundo emque as grandes almas se geram, crescem eagigantam-se, porque esse viver será sem-pre a representação do seu mundo interior,a luz da sua alma, o azimute da sua vida.Nenhum viver, por mais notável que seja,conseguirá ultrapassar esse nível paragradações superiores, se ele não se fundarna presença da mulher, a companhia naalegria e na tristeza, o apoio, o arrimo dohomem, que, sem qualquer dúvida, terá de

Nossa Senhora da Imaculada ConceiçãoRéplica do quadro do pintor espanhol

Murillo (1617-1682) que Caxias levavaconsigo nas suas campanhas, num pequeno

oratório. Essa reprodução foi doada aoExército pela família do Patrono e encontra-

se conservada na Academia Militar deAgulhas Negras

Fazenda de São Paulo, no Taquaraçu, Vila de Estrela,Província do Rio de Janeiro, onde nasceu Caxias

* Wilson VeadoCAXIAS E SUA VIDA NO LAR E NA FÉ

exultar na certeza de aqui está o seu destino.LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA, a

bravura personificada, a coragem arrojada(lembremo-nos sempre do Itororó!), a ener-gia disciplinada, a bondade orientada, aodeixar tomar-se pela força do amor à esposae arrebatar-se, para satisfazê-la, deixando oExército, é nela que encontra o reconheci-mento de que entre Lar e Pátria não háoutro caminho senão o de tomar a trilhada Pátria, o lar maior, que impõe sacrifíci-os que se não medem, nem se contam. Olar era para Caxias a fonte maior de inspi-rações, seu apoio, seu calor, sua medida,seu anseio. Foi nele que ANINHA lherecolheu as mágoas e desenganos da suaconvivência com os homens da Corte,nem sempre leais, com suas críticas injus-tas e desumanas. Foi nele que a Duquesade Caxias ornou suas glórias com a sere-nidade de quem não se abalava com aimponência contingente dessas home-nagens que, a outra, fariam perder a cabe-ça.

Foi com ANA LUÍSA CARNEIROVIANNA, filha do Conselheiro PauloFernandes Viana e de D. Luisa Rosa Car-neiro da Costa, que ele ergueu o templodo seu lar. D. Luisa Rosa, de extensa li-nhagem de nobreza, opusera-se ao casa-mento por considerar que o pretendentede sua filha mais não era do que majorplebeu, sem futuro, apesar de pertencer auma vergôntea de bravos militares. Maistarde, a sogra faz-se como sua segundamãe, a cercá-lo de carinho e admiraçãosincera.

Se LUÍS ALVES DE LIMA E SILVAse impunha pela segurança dos seus co-mandos e pela bravura dos seus atos, muitomais ele se tornou imenso no calor do seular, tanto que mereceu o qualificativo de�esposo perfeito�. Nos longes da guerra,seu pensamento volve amiudadamente paraa família.

A vida inquieta de soldado levavaseu pensamento, amiudadamente, à família.Nenhuma campanha, por mais pesada quefosse, o impedia de escrever à esposa e detecer seu carinho imenso às duas filhas �Luisa de Loreto, a Baronesa de Santa Mô-

nica, em cuja fazenda ex-pirou, e Maria de Loreto,Baronesa de Ururaí.

Em 1842 � a revo-lução de Minas Gerais �escreve à esposa: �Creioque os rebeldes não sebaterão comigo, a quemeles disseram que queri-am quebrar o encanto.Dê saudades às nossasfilhas, para quem tenhoumas bonecas de pedrasfeitas aqui.�

Do Maranhão, ter-minava uma carta assimà esposa: �Dá um beijonos meus anjinhos e sau-dades a todos de casa�.

Começa a carta com �meu bem�, arremata-a com um �sou só teu, Luís�.

De São Paulo, escreve a ela: �SãoPaulo, 5 de julho (1842). Ontem te escreviuma carta por intermédio do Ministro daGuerra, remetendo-lhe 200$000 para fa-zeres um vestido muito bonito com quedevemos ir ao primeiro baileque houver depois de minhachegada... ...não quero te dei-xar de dizer que estou muitobom, e danado para me ir em-bora. Beijos às nossas filhas.Teu, Luís�.

Um dia, a esposa aflitaporque perdia sempre o maridopara a Pátria, para o Exército,teve um ímpeto de intenso amore de ciúme dos que dela o toma-vam, e sugeriu-lhe, depois dealguns argumentos femininos: �Não seriamelhor depores a tua espada, e concen-trarmo-nos nos inefáveis gozos da vidaparticular?�

Ela a beija. Faz-se silêncio entre am-bos. Seu amor por ela é muito grande. Emsilêncio, ele escreve um requerimento aoMinistro da Guerra, pedindo sua demissãodo Exército. E quando já toma o cavalo parair ao Ministério, a esposa acorre aflita, toma-da do sentimento de brasilidade que o leva-va à luta, e diz-lhe emocionada: �Errei, meuamigo, perdoa o egoísmo do meu afeto...sacrificava-te. Nunca mais meouvirás desviar-te da honro-sa estrada que trilhas...�.

Por mais perfeito e har-mônico não teria então havi-do. Por isto é que �a vontadede um era a vontade do outro:nunca uma nuvem tênue tol-dou o céu daquela patriarcalmorada�.

Ao medo de sua morte,como Aninha lhe manifestavaaflita, respondia: �Sou fatalis-ta e desprezo, e sempre des-prezei a morte, porque sei que não se há defazer senão o que a Deus for servido, e quetanto se morre no meio das balas e dospântanos como nas boas cidades�.

Quando Aninha o precede na mortepor seis anos e alguns dias, era de ver-se seuamargo desconsolo. A um amigo, nesse anode 1874, escreve em desalento: �Vivo agoramuito triste depois do golpe que sofri coma morte de minha Duquesa, a quem euamava muito e só hoje desejo ir para ondeDeus a levou�.

É por isto que, ao falarmos na vida ena obra do DUQUE DE CAXIAS, em quecomumente se exaltam seus feitos e suaforça de chefe militar e de estadista, tambémnão será demais que comecemos por mostrá-lo à luz da simplicidade do lar onde ele seapequenava ante a esposa e as filhas, e maisse agigantava pelo que de exemplar se co-lhia dessa reconhecida simplicidade.

As cartas que trocavam eram, napureza do seu conteúdo, a expressão viva e

pulsante do amor puro que os enlaçava. Olar foi sempre sua luz, sua própria alma, látransfigurada no amor da esposa e no cari-nho das filhas.

Quando ele assumiu o comando daforça brasileira no Paraguai, encontrou-aem estado lastimável, sem higiene, sem con-

dições sanitárias, sem aparelha-mento, sem remuniciamento.Caxias sentiu profundamentetudo isso e desabafou-se em car-ta à sua Aninha: �Choveu aquidoze dias consecutivos, que pôstudo alagado e me matou muitoscavalos e bois. Tudo são dificul-dades neste inferno em que vivo,e aí esses faladores julgam quetudo é fácil, e que se eu não ata-co é porque não quero... Voulhes mostrar que estão em erro�.

Ao começar a marcha no rumo doinimigo, encontrou tempo para escrever àesposa, agradecendo um café, tapioca edoce que ela lhe havia mandado: �Peça adeus que olhe para mim e me ajude a con-cluir esta difícil e maldita guerra para tero prazer de breve a abraçar. Deve aí lhe serentregue um passarinho muito bonito queo Porto Alegre lhe mandou por um coman-dante de vapor�.

Suas cartas falam à esposa da cam-panha, das precariedades dos coman-dos, mas não se lamenta. Ao contrário, ex-

pressa sempre vigor, nuncadeixando de ressaltar a faltaque lhe faz o lar, enriquecidopela esposa e pelas duas fi-lhas. Não perdia oportunidadede mandar-lhes algumas li-nhas, matando assim sua sau-dade imensa. No campo de ba-talha de Tuiutí, teve uma pau-sa. Aproveitou-a para escre-ver a Aninha: �Muito me ricom o que você me contou denosso netinho, filho da Luísa,ter a mania de sacristão. Que

saudades tenho dessa galante criança.E como ele, ajudando a missa, não lhefará lembrar o tio, com quem ele muito separece. Diga-lhe que quando voltar, heide lhe levar um petiço muito bonito,para ele passear comigo a cavalo�.

Um herói que, se não punha seu laracima do dever, também dele nunca se es-quecia.

LUÍS ALVES DE LIMA E SILVA foisempre um homem de profunda fé. Nãoapenas no lar ou na vida simples, quasecomo mero cidadão, mas também em cam-panha. Basta lembrar que ele carregavaem sua bagagem de guerra um altar portá-til, que era montado e nele orava o grandesoldado, altar que hoje se resguarda noConvento de Santo Antônio, no Rio deJaneiro. Em um dos antigos números darevista �Defesa Nacional�, que eu assi-nava quando estava no 10º RI (em BeloHorizonte), na ocasião preparando-separa integrar um dos escalões da Força

24Nº 205 - Agosto/2014

Page 25: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

Forças brasileiras ouvindo missa na Igreja do Rosário - Território do Paraguai

Procissão de Nossa Senhora da Conceição,em 30 de maio de 1868, no acampamento brasileiro em Taiji

Expedicionária Brasileira, tive oportunida-de de ver um estudo sobre esse zelo doDuque de Caxias. No fragor da campanha,nunca deixava ele de montar o seu altarambulante e ali orava com fé respeitável. Foiele um dos que pleitearam de D Pedro II aanistia para os dois prelados � D. Vital Ma-ria, do Bispado de Olinda e de D. MacedoCosta, do Bispado do Pará, ambos cumprin-do pena imposta pelo Tribunal de Justiça,como último episódio da célebre QuestãoReligiosa, em 1875. Pois CAXIAS, que erafigura de destaque na Maçonaria brasileiradaquela área, pleiteia de D.Pedro II a anistia para osdois prelados. D. Pedro dis-farça e viaja para não cui-dar dessa questão, poisnão queria conceder o per-dão aos dois prelados.Mas, Caxias, plenamenteconsciente do seu pedi-do, insiste com o Impera-dor e põe mesmo um fim,quase que ultimatum, di-zendo-lhe: �Ou V. Majes-tade concede a anistiaou todo o Gabinete sedemite comigo!�. D. Pe-dro, ante a fala enérgicade Caxias, expede o ato em que anistiavaos dois prelados. Tal episódio evidencia,mais uma vez, o espírito conciliador deLUIZ ALVES DE LIMA E SILVA, queapesar de Maçom militante, não se deixa-ra contaminar das intransigências da épo-ca, tão comuns naquele tempo.

De 1871 a 1872, CAXIAS foi Pro-vedor e, em 1876, membro da Mesa Admi-nistrativa da Irmandade da Santa Cruzdos Militares. Mas... essa Confraria ou-sou expulsá-lo do seu quadro sob a ale-gação de que era ele Maçom. Na verdade,foi ele Maçom deveras militante da Or-dem, situada no Rio de Janeiro. A �Revis-ta Ilustrada�, do Rio, em seu nº 27, de 15de julho de 1876, ali classifica-o de�maçom pestilento�. A ilustração mostra-va um desenho no qual se via um padre, devassoura em punho,enxotando o DU-QUE DE CAXIAS àentrada da Igreja,logo, ele, fervorosocatólico que era.

O tempo ésevero no seu trans-curso. No dia 24 deagosto de 1949, comrespeito, emoção efervor, iniciam-se osatos de trasladação

dos restos mortais do DUQUE DE CAXIASdo Cemitério do Catumbi para o Pantheonque lhe foi erguido diante da então sededo Ministério da Guerra. Com eles, tam-bém os da sua esposa. Na Igreja de SantaCruz dos Militares, de cuja Irmandadefora Provedor, as urnas estiveram sobvigília cívica, das 12 horas do dia 24 deagosto até o dia 25, quando se seguirampara o Pantheon. Na Igreja de Santa Cruzdos Militares, missa soleníssima, naque-le dia 24. Celebrante, o Arcebispo D. JorgeMarcos de Oliveira, com a presença expres-

siva do Cardeal D. Jayme deBarros Câmara. Na vigíliacívica, dezoito bispos e ar-cebispos de todos os rin-cões do Brasil.

No dia 24, ainda, logoapós a partida das urnas doCemitério do Catumbi, ossinos de todas as igrejasbrasileiras repicaram porquinze minutos, em home-nagem. Quando o cortejoque as conduziu atingiu aRua 1º de Março (data dofim da Guerra do Paraguai),o carrilhão da Igreja de SãoJosé, naquele logradouro,

tocou o Hino Nacional. Respeito, emoção,fervor, repetimos!

Humano, bondoso, compreensivo,Caxias, ao entrar em Assunção, criou einstalou na capital paraguaia a primeira LojaMaçônica, como demonstração de respeitoe zelo pelo povo guarani, que tanto sofreracom as loucuras do seu ditador � SolanoLopez.

(*) Advogado. Juiz Aposentado do Tribunalde Alçada de Minas Gerais, Oficial

subalterno de Infantaria, servindo no 10ºRegimento de Infantaria, em Belo Horizonte,

em curso a Segunda Guerra Mundial. Ex-presidente do Instituto Histórico e

Geográfico de Minas GeraisFundador do Grupo Inconfidência

e autor de seu 1º Estatuto

Publicado no Inconfidência nº 59de 25 de agosto de 2003

Duquesa Ana Luiza

Caxias chegara da Guerra do Paraguai,muito doente, em 15 de fevereiro de

1869, a bordo do navio de guerra SãoJosé. Infelizmente, apenas alguns famili-ares o foram esperar no cais do porto doRio de Janeiro... Decepcionado com aacolhida que tivera, decidiu recolher-se àsua residência, no bairro carioca da Tijuca,e afastar-se definitivamente da vida públi-ca. Somente saía de casa, à tardinha, �à pai-sana, de cartola cinzenta, de luvas e fuman-do o seu charuto�, para passear nas ruaspróximas, quando todos o cumprimenta-vam, afetuosa e reverencialmente. Mas nodia 23 de março de 1874, a sua paz familiar foidrasticamente abalada, com a morte de suaamantíssima esposa Ana Luísa. Caxias, apartir de então, tornou-se uma pessoatriste e passou a usar luto completo até ofim da vida.

Naquele ano, a conjuntura políticado país estava bastante conturbada. Ogabinete conservador era chefiado peloVisconde do Rio Branco e enfrentava sé-rias crises provocadas pela edição, em1871, da �Lei do Ventre Livre�, além da�questão religiosa�, que redundou naprisão, por quatro anos e com trabalhosforçados, de dois bispos da Igreja Cató-lica. Assim, a situação do gabinete Rio

UMA COMOVENTE MISSIVABranco, em face do agudo acirramentodos ânimos, era por demais desgastante,afigurando-se, mesmo, insustentável,pelo que o Monarca resolveu substituí-lo. Dom Pedro II desejava realizar umalonga viagem à Europa e necessitava dei-xar como presidente do Conselho de Mi-nistros (vivíamos no regime parlamenta-rista, e as incumbências do presidente doConselho eram idênticas às do Primeiro-Ministro � �Premier� �, dos dias de hoje,sendo ele responsável por toda a gestãogovernamental) um homem de sua inteiraconfiança. E ninguém melhor do que ovelho Duque de Caxias que foi convoca-do pelo Imperador ao Paço Imperial. Caxiassaiu de casa, firme em sua decisão de nãoaceitar o cargo, mas terminou atendendoao pedido candente do Imperador e foi,pela terceira vez, presidente do Conselhode Ministros, cumulativamente com aPasta da Guerra (de 25 de junho de 1875a 5 de janeiro de 1878). E ele, em cartaescrita à sua filha Ana, a quem chamavade �Anicota�, descreve o drama que vi-veu junto a Dom Pedro II. No final da vida,já tendo sido tudo no Brasil, cede aosrogos do Monarca, dando cabal exemplode lealdade, disciplina, resignação e amorao Brasil.

Eis a correspondência,datada de 17 de julho de 1875:

�Estou, minha cara filha, apesar de todos os meus protes-tos em contrário, outra vez Ministro da Guerra e Presidente doConselho. Você deve fazer ideia dos apuros em que vim cairnesta asneira e creio que quando me meti no sege para ir a SãoCristóvão a chamado do Imperador, ia firme em não aceitar,mas assim que ele me viu me abraçou e me disse que não melargaria sem que dissesse que aceitava o cargo de Ministro e quese me negasse a fazer-lhe esse serviço, que ele chamava osliberais e que havia de dizer a todos que eu era responsável pelasconsequências que daí resultassem, mas disse-me tudo issopreso em seus braços. Ponderei-lhe as minhas circunstâncias, aminha idade e a incapacidade, a nada cedeu. Para poder me

livrar dele, era preciso empurrá-lo e isso eu não devia fazer. Abaixei a cabeça edisse que fizesse o que quisesse, pois eu tinha consciência de que ele havia de searrepender porque eu não seria ministro por muito tempo, porque morreria detrabalho e de desgostos, mas nada atendeu. Disse-me que só fizesse o que pudesse,mas que não o abandonasse porque ele então também nos abandonaria e se iaembora. Que fazer, minha querida Anicota, senão resignar-me a morrer no meuposto e, tendo já arriscado tantas vezes a minha vida por ele, que mais uma, naidade em que estou, pouco era�.

Ana de Loreto

Um aspectodeslumbrante

da procissão cívicaquando atinge a

Av. PresidenteVargas, rumo ao

Pantheon deCaxias.

ATRASLADAÇÃO

Revista MilitarBrasileira

25 de agosto de 1949

25Nº 205 - Agosto/2014

Page 26: A vida de Luiz Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), excelente para trabalho de pesquisa

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FATOS RELACIONADOS COM CAXIASCapelão do Exército Padre J. Busato

Muito se tem escrito sôbre a vida deCaxias. E com razão. Trata-se, pois,

de um brasileiro que muito honrou suapátria. Neste artigo queremos abordaralguns fatos pouco conhecidos pelopovo simples. O primeiro diz respeito aossoldados que acompanharam Caxias atéà última morada, os quais foram escolhi-dos no 1º RC, 2º RA, 7º e 10º BI, �dentreos mais antigos e de melhor conduta�.Outro ponto importante relacionado como imortal Duque de Caxias consiste naFormação Intelectual do Patrono do Exér-cito Brasileiro. Os dados que seguemforam extraídos de um magnífico artigopublicado em o �Jornal do Brasil�, por

Meira Matos.Caxias cursou a

Academia Militar, fundadapor D. João VI, em 1810, einstalada no ano seguinte.O curso completo era deoito anos, onde se forma-vam engenheiros e arti-lheiros, enquanto os ofici-ais de infantaria e cavala-ria cursavam apenas o 1º e

o 5º, da citada Academia.Acêrca da �superioridade inte-

lectual de Caxias� diz a �Monografiade La Campaña de 1851-52�, daSecção História do Estado-Maior doExército Argentino, citação esta tam-bém extraída do trabalho de MeiraMatos; �Luis Alves de Lima e Silva,conde e depois marquês e duque deCaxias, era uma daquelas personali-dades de que qualquer Exército tem odireito de se orgulhar... Dotado de umasólida instrução geral e profissional,respectivamente adquiridas no LiceuImperial e na Escola Militar do Rio,fortaleceu e alargou essa preparaçãocom a leitura meditada de boas obrasprofissionais�.

No artigo esplêndido de Meira

Matos destacamos mais o seguinte: �Foio primeiro entre nós a se valer dos ser-viços de um Chefe de Estado � Maior,função que criou, no início da campa-nha contra Rosas."

Na Ordem do Dia n.19, de 6 de se-tembro de 1851, definiu as funções donovo auxiliar: �O Chefe do Estado-Maior é a autoridade imediata e in-termediária entre êle (o comandante-em -chefe) e tôdas as outras autorida-des do Exército: e por isso, tôdas asordens de Sua Excia. e tôda a corres-pondência militar, exceto sómente asconcernentes às operações de guerra,serão dirigidas pelo dito Chefe-do-Estado- Maior.�

Outro assunto também pouco di-vulgado é o que se refere à instituiçãoda Festa de Caxias ou seja o Dia doSoldado, que se celebra, como se sabe,no dia 25 de agôsto de cada ano. �An-tes que o Ministério da Guerra decla-rasse Caxias Patrono do Exército, já aUnião Católica dos Militares em 1924 ohavia escolhido para seu Patrono� � diz�A Defesa Nacional� num artigo. Desde1935 é rezada uma missa no altar-portátilque pertenceu a Caxias e é conservado noConvento de Santo Antônio, no Largo daCarioca.

Isto no dia 25 de agôsto, anual-mente. Na mesma ocasião o mais gradu-ado dos militares presentes faz a entregasimbólica de 80$000 ao Convento, cor-respondente ao soldo que Santo Antô-nio, como tenente-coronel do exército,percebia dos cofres públicos há mais deséculo.

A partir de 1939 a citada missa fazparte do programa oficial dos festejoscomemorativos do Dia do Soldado. Deve-se isto à grande alma de apóstolo entre osmilitares, que se chama general RaulSilveira de Melo.(Publicado na "A Defesa Nacional" - Agosto/1954)

Há tanta coisa interessante acêrca davida de Caxias que seriam necessárias

páginas e mais páginas de jornais, revistase livros para poder esmiuçar uma existênciatão cara para os brasileiros.

Ainda agora, acabo de ler o que �LaNacion�, o importante órgão de imprensaArgentina, escreveu acêrca do falecimentode Caxias. Trata-se de uma edição do jornalportenho saída à lume no ano de 1880,poucos dias depois da morte do duque.

Entre outras coisas, diz �La Nacion�:�O duque de Caxias era, para os brasilei-ros, o Wellington do Império; êle usava desua popularidade como o herói da Grã-Bretanha, sem pensar nos negócios do seupaís, porém empregando-a só para servirao bem e à concórdia dos seus partidos noterreno constitucional.

A seu nome estão ligados os fatosrelacionados com a campanha doMaranhão, Minas, Rio Grande, do Uru-guai e especialmente a grande guerra doParaguai. Nas primeiras campanhas, emque agiu mais com sua política e modera-ção do que com seu gênio militar, pôstermo a perigosos movimentos revolucio-nários, contribuindo para a manutençãoda unidade do Império e conquistando assimpatias dos próprios vencidos...

A República Argentina deve se asso-ciar aos funerais que se realizarão em suamemória, na sua pátria, onde êle subiu aocume da glória, e começará a subir maisainda, desde hoje, fora das suas fronteiras,ai onde sua espada brilhou perante asfôrças aliadas, como nos campos de Caserose do Paraguai, desde Tuiucué até LomasValentinas. Honra e glória à memória doilustre duque de Caxias�.

Vê-se, portanto, como até no próprioexterior, Caxias gozava de uma fama dignade todo o louvor.

É que êle soube sempre respeitar abandeira perante a qual fizera o seu com-promisso mais sagrado: de defendê-la em

tôda a parte.Isto desde que surgiu, no Brasil, o

primeiro símbolo, que data de 1822. Foi nointerior da Capela Imperial, a atual CatedralMetropolitana do Rio, onde se achavampresentes muitas pessoas gradas do Impé-rio.

Perto do altar-mór, perfilados em uni-forme de gala, estão os comandantes e osporta-bandeiras dos vários corpos. Nuvensde incenso envolvem a Casa de Deus. Obispo, Dom José Caetano da Silva Coutinho,ergue-se e dá início à cerimônia litúrgica,determinando que lhe sejam apresentadasas Bandeiras, para a benção.

Ao ser chamado o �Batalhão do Im-perador�, destaca-se, de umgrupo de oficiais, um jovem te-nente. O Imperador recebe dasmãos do bispo celebrante aBandeira, que a passa ao Minis-tro da Guerra, o qual, por seuturno, a entrega àquele tenentechamado Luiz Alves de Lima eSilva, o futuro Duque de Caxias.

Foi um momento solenee de emoção para o jovem ofi-cial quando, aos seus ouvidos, soam aspalavras que o celebrante profere: �Re-cebe a Bandeira Santificada pela celes-te benção; seja ela terrível aos inimigosdo povo cristão; conceda-te o Senhor agraça de, em seu nome e glória, penetrarcom ela, poderosamente, através dosesquadrões inimigos, incólume e segu-ro�.

Oxalá pudesse ler o que, naquelemomento, se passava no intimo do futu-ro. Patrono do Exército Brasileiro! Comosoube sempre se portar, em tôdas as oca-siões, à altura de um cidadão, militar epacificador.

Aquela Bandeira significava algode importante para o coração de um patriotacomo Caxias! (Publicado na "A Defesa Na-cional" - Novembro/1953)

Meu bem,Contra as tuas ordens achei-me on-

tem em um renhido combate que duroudesde as oito horas da manhã até as seis datarde; os rebeldes tinham três vezes maisgente do que eu, porém destrocei-os com-pletamente, tomei-lhes toda a bagagem, umapeça de artilharia e trezentos prisioneiros,entre eles o Otoni e muitos chefes dos maisinfluentes. Perdi trinta soldados mortos esetenta feridos; todos os meus oficiais ba-teram-se como uns leões e o mesmo fizeramos soldados. Eu te confesso que estivesempre no lugar de mais perigo, porém te

SANTA LUZIA, 21 DE AGOSTO DE 1842prometo de nunca mais fazer outra. Deussempre me ajudou e a fortuna não me deixaum instante. Muito me ajudaram meus ma-nos, José e Carlos, e o mesmo Montenegroque levou uma bala fria na coxa.

Dize ao Piquet, à mulher do Aguiare a todas as famílias de oficiais que meacompanharam que eles estão bons. On-tem fizeram dois meses que de Sorocabaoficiei ao Ministério dizendo-lhe queestava a revolta acabada e agora lhe ofi-cio dizendo o mesmo de Minas, do palá-cio da Presidência, onde me acho, tendocomido o jantar do José Feliciano que ele

deixou na mesa quando fugiu.Creio que a lição há de aproveitar

aos mineiros, pois ela não foi má; o campoficou juncado de cadáveres e correu san-gue como água. Creio que os rebeldes nãose baterão mais comigo, a quem eles disse-ram que queriam quebrar o encanto.

Dá saudades às nossas filhaspara quem tenho umas bonecas de pe-dra feitas aqui.

Adeus, até breve pois tudo estáacabado.

Teu do coração.Luís.

Ontem, o Ba-talhão do Imperador(uniforme ao lado),hoje, o Batalhão daGuarda Presidencial.Passado e presentese fundem, sob amesma inspiração,sob o mesmo ideal,evocados pelo 2ºTenente Luís Alvesde Lima e Silva, oDuque de Caxias,primeiro porta-ban-deira do Batalhão doImperador.

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REVIVENDO

Há 150 anos,um duelo epistolar

A revolução de 1842, em São Paulo, registrou um autêntico duelo de gigantes, travado, não nos campos de batalha, mas no terrenodas palavras. De um lado, o padre Diogo Antônio Feijó, um dos mais destacados políticos do conturbado período que se seguiu àabdicação do imperador D. Pedro I; do outro, Caxias, que haveria de revelar, neste episódio, tanta habilidade no domínio da pena quantono manejo da espada.

O NE reproduz, a seguir, a carta de Feijó ao então Barão de Caxias, quando este marchava sobre Sorocaba para sufocar arebelião liberal, e a resposta do ínclito militar, transbordante de energia, coerência e honradez, que ornavam o seu caráter:

Sorocaba, 14 de junho de 1842.ILMº EXMº SR. BARÃO DE CAXIAS.

Quem diria que em qualquer tempo o Sr Luis Alves de Limaseria obrigado a combater o padre Feijó? Tais são as coisas destemundo! Em verdade, o vilipêndio que tem o governo feito aosPaulistas e as leis anticonstitucionais de nossa Assembléia, meobrigarão a parecer sedicioso. Eu estaria em campo com a minhaespingarda, se não estivesse moribundo, mas faço o que posso.Porém, alguns choques têm já produzido o espírito de vingança, eeu temo que o desespero traga terríveis conseqüências, e, comopersuado-me que S.M. Imperial há de procurar obstar as causasque deram motivo a tudo isto, lembra-me procurar V.Exª por estemeio, e rogar-lhe a seguinte acomodação, que é honrosa a S.M.Imperial e à província, e vem a ser:

1º - Cessem as hostilidades. 2º - Retire-se da província o Barãode Monte-Alegre e seja V. Exª vice-presidente, até que S.M. nomeiequem lhe parecer; e á província pede a V.Exª que interceda peranteo mesmo senhor, para que não nomeie sócio, amigo ou aliado deVasconcellos. 3º - Que a lei das reformas fique suspensa até que aAssembléia receba a representação que a Assembléia Provincialdirigiu à mesma sobre este objeto. 4º - Que haja anistia geral sobretodos os acontecimentos que tiveram lugar, e sem exceção; emboraseja eu só excetuado, e se descarregue sobre mim todo o castigo.

Exmº Sr. V.Exª é humano, justo e generoso: espero que nãoduvidará cooperar para o bem desta minha Pátria. Eu lhe garantoque exigirei a execução deste tratado, por parte do governo atualda província, e com o comandante de nossas forças pode concluirdefinitivamente esta capitulação.

Deus felicite V. Exª como deseja quem é de V.Exª amigoobrigado e venerador.

Diogo Antonio Feijó

P.S. O portador lhe entregará alguns exemplares de umperiódico que eu redijo.

ILMº E EXMº SR. DIOGO ANTONIO FEIJÓ

Respondo a V.Exª pelas mesmas palavras desua carta, hoje recebida. Direi: Quando pensa-ria eu em algum tempo que teria de usar da forçapara chamar à ordem o Sr Diogo Antonio Feijó.Tais as coisas do mundo! As ordens que recebi deS.M. Imperial são em tudo semelhantes às que medeu o Ministro da Justiça em nome da Regência,nos dias 3 e 17 de abril de 1832, isto é, que levassea ferro e fogo todos os grupos armados queencontrasse, e da mesma maneira que então ascumpri, as cumprirei agora.

Não é com as armas na mão, Exmº Sr., que sedirigem súplicas ao Monarca, e nem com elasempunhadas admitirei a menor das condições queV. Exª me propõe na referida carta. Disponho deforças quádruplas daquelas que hoje apóiam opartido da desordem nesta província, e sobre aposição em que V. Exª se acha, marcham elas emtodas as direções, e dentro em pouco tempo acidade de Sorocaba será cercada e obrigadapelos meus canhões e baionetas a render-se.

Nenhuma resposta recebo que não seja apronta dispersão e submissão dos rebeldes.

O portador entregará a V. Exª uma porção deexemplares da proclamação que dirijo aos verda-deiros e leais Paulistas, e bem assim da que nomesmo sentido fez publicar S. Exª o Sr Barão deMonte-Alegre, legítimo presidente desta provín-cia. De V. Exª amigo, obrigado e venerador.

Barão de Caxias.

O PASSADOCentro de Comunicação Social do Exército Brasília, 2ª feira, 10 de agosto de 1992 ANO XXXVI Nº 8.479

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A guerra do Paraguaicomeçou em novembro de1864, quando Solano Lópezrompeu relações com o Brasil,apresou um navio brasileirono rio Paraguai e invadiu oMato Grosso.

O Brasil e a Argentinaconseguiram alguns milhares dequilômetros (sic) de terrasparaguaias, mas perderam mi-lhares de homens e aumentaram sua depen-dência da Inglaterra (pág. 33)

�Voluntários da pátria�: homenspreados, algemados e encarcerados (pág.36 - Júlio J. Chiavenato).

SUPLEMENTOS DE TEXTOSCapítulo 3 - Texto 2.

Enquanto o Brasil, a Argentina eo Uruguai importavam até alfinetes (nóscomprávamos da Inglaterra, por exem-plo, esquis para neve!), o Paraguai im-portava basicamente técnicos, forman-

A guerra do Paraguai

A Balaiada, uma das mais vigorosasrevoltas populares da História do

Brasil, chegava ao fim. Fora esmagadapelas botas, pelos fuzis e pelos sabresdas forças oficiais para garantir os privi-légios (as terras, os escravos e o poder)das elites do Maranhão.

O comandante do massacre, queinundou as ruas de Caxias com o sanguedos homens brancos pobres, dos mesti-ços e dos negros que buscavam a liber-dade, Luís Alves de Lima e Silva, foiregiamente recompensado pelo gover-no. Por esse �ato de bravura�, recebeu otítulo de Barão, e depois, Duque de Ca-xias, e posteriormente tornou-se patronodo Exército Brasileiro (Pág. 49)

Os sertanejos, os artesãos, os ne-gros fugidos - o povo pobre do sertão,enfim - foram massacrados pelo Exército,simplesmente porque queriam uma vida

As Rebeliões RegenciaisRoberson Oliveira - Editora FTD/1996

O oficial do Exército Luís Alves deLima e Silva (Duque de Caxias)comandou, em 1841, o massacre

dos balaios

melhor. A preocupação maior do governoera quanto ao fato de as classes oprimidasestarem participando ativamente do proces-so político, com armas na mão. (Pág. 51)

A BALAIADA

A MARXIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Escrever sobre a Guerra contra o Paraguai e silenciarsobre o nome de Caxias, naquele episódio memorável, nãoé fazer História, é desfigurá-la, é demonstrar pouco apreçocom o magistério e com o seu elevado compromisso derevelar a verdade dos fatos às novas gerações.

É inacreditável que tal agressão à nossa memóriahistórica, esteja sendo praticada exatamente no ano em quea nação comemora o bicentenário do nascimento daquelevulto maior da História do Brasil e Militar, sob o olharcondescendente, omisso e desrespeitoso do nosso Minis-tério da Educação, órgão que deveria zelar pela integridadedo que a nossa nação tem de mais significativo: o patrimôniodo exemplo dos nossos maiores heróis e patriotas.

Sendo obra editada este ano, ou seja já sob osauspícios do atual governo petista, é de se perguntar: paraonde querem nos levar, com mais esta prática desleal e dis-criminatória?

Publicado no Inconfidência nº 59 de 25 de agosto de 2003Publicado no Inconfidência nº 43 de 30 de novembro de 2001

Publicado no Inconfidência nº 44 de 18 de janeiro de 2002

COMENTÁRIO

do profissionais.O Paraguai era um perigo ao cres-

cente imperialismo inglês... Juntaram-se questões de fronteiras, o cerco eco-nômico britânico - principalmente atra-vés de seus aliados brasileiros e ar-gentinos - e daí, a guerra. (Julio JoséChiavenato).

Defendendo os interesses da In-glaterra, os aliados da Tríplice Aliança:Brasil, Argentina e Uruguai - lucraramcom a guerra, ganhando territórios con-quistados ao Paraguai.

COMENTÁRIOSNo início da guerra, o Brasil e a Inglaterra não mantinham relações diplomá-

ticas, que só foram reatadas em 23 de setembro de 1865, em Uruguaiana, encerrandoa Questão Christie, com a presença do Imperador D. Pedro II e de Caxias.

O Paraguai apresou o navio brasileiro Marquês de Olinda (12.11.1864) einvadiu o Mato Grosso (26.12.1864).

A província argentina de Corrientes também foi invadida (abril/1865) e SãoBorja, Itaqui e Uruguaiana, na fronteira oeste do Rio Grande do Sul foram ocupadaspelas tropas do Coronel Antônio Estigarribia em julho, que rendeu-se aos brasilei-ros a 18 de setembro de 1865, em Uruguaiana.

Caxias, Osório, Mallet, Sampaio, Tamandaré, Marcílio Dias, Antônio João eoutros heróis são ignorados pelos autores. No entanto, �o presidente�, (também nãoé ditador, tal qual Fidel Castro) Francisco Solano López merece uma foto que ocupaespaço de um quarto de página (32) e até a sua amante, a irlandesa Elisa Lynch, élembrada.

A frase �Sigam-me os que forem brasileiros� não é citada, mas �Muero com (sic)mi patria" recebe especial atenção (pág. 37).

CERRO CORÁ - de um lado, 4500 soldados aliados, de outro, apenas 250combatentes paraguaios. Este fato lembra �A guerrilha do Araguaia�, publicadapelos mesmos autores, no livro de História da 8ª série (pág. 277): �De um lado, cercade 20 mil soldados das Forças Armadas; do outro, aproximadamente 70 (setenta) jovensidealistas, participantes de um movimento guerrilheiro organizado pelo Partido Comunista doBrasil, que pretendiam derrubar a ditadura militar e implantar o socialismo no Brasil.�

Gostaríamos que o Secretário da Educação/MG, Maurílio de Avellar Hingel,Ministro da Educação no governo Itamar Franco e que trabalhou no MEC, duranteo regime �autoritário� do Presidente Emílio Médici (o mais sanguinário de todos- pág. 280 Nova Histórica Crítica / 8ª Série), subordinado à professora EuridesBrito, nos respondesse:

· Quem provocou a guerra?· Quem invadiu o território brasileiro?· Para onde foram os esquis para a neve?· Desde quando o Uruguai possui territórios conquistados ao Paraguai? Na

ocasião seriam limítrofes?· Quais os territórios apossados pelo Brasil?· Caxias participou da guerra contra o Paraguai?· Há conotação da foto de Solano Lopez com Fidel Castro?É lamentável a farsa montada pelos (i)responsáveis da Educação no Brasil,

permitindo a luta de classes e a marxização da História Pátria E tudo de acordocom a proposta curricular de Minas Gerais...

AO GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

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*Marco AntonioFelício da Silva

*General da ReservaCientista político

E-mail: [email protected]

Sem qualquer dúvida, a História do Bra-sil é permeada por grandes vultos queproduziram feitos marcantes, ainda hoje

influenciando os destinos do País. Dentreesses, nenhum foi maior do que o MarechalLuiz Alves de Lima e Silva, o Duque deCaxias, Patrono do Exército Brasileiro. Dele,disse o Visconde de Taunay, a beira de seutúmulo : �Há muito que narrar ! Só a maisvigorosa concisão unida à maior singeleza éque poderá contar os seus feitos. Não hápompa de linguagem, nem há arroubos deeloqüência capazes de fazer maior essa indi-vidualidade, cujo principal atributo foi a sim-plicidade na grandeza.� Caxias, como soldadoe estadista, só teve um objetivo em toda a suavida, embora as tentativas de denegri-lo pormaus patriotas, todos desmascarados : servira sua Pátria com extremada abnegação e leal-dade e se necessário com osacrifício da própria vida.Caxias é figura impar, sa-grada, rara na vida de qual-quer povo e que se agigantaem momentos cruciais desua História, possibilitan-do, com a sua ação e pre-sença, ultrapassar obstácu-los de diferentes naturezas,ajudando a construir futurode liberdade e esperança,amalgamando toda uma Nação.

Caxias é herói militar que consolidou aunidade nacional e a integridade do nossoterritório pela força das armas, pela coragemde sua ação e pelo brilhantismo de sua inteli-gência de estrategista, sem jamais pisar nosvencidos. Por força das circunstâncias, emmomento crítico para o País, por solicitaçãodo Imperador, tornou-se político, verdadeiroestadista. Embora soldado por formação,amargando toda sorte de injustiças, agiu comdeterminação, rigor, competência e intensosentimento de justiça, respeitando os adver-sários, colocando o interesse público em pri-meiro lugar, servindo ao País, recebendo oreconhecimento da maioria dos brasileiros.

Ao se debruçar sobre a vida de Caxias,não se pode deixar de fazer algumas compa-rações com o que ocorre atualmente no País,que enfrenta grave crise de valores, com

EXEMPLO DE HERÓIONTEM, HOJE E SEMPRE

corrupção gene-ralizada e queatinge devasta-doramente ospoderes Execu-tivo e Legis-lativo da Repú-blica. Ao con-trario de Caxias,elites corrompidas, colocando interesses degrupos ou pessoais acima dos interesses na-cionais, sem qualquer sentimento patriótico,criminosa e impunemente, se servem do Paíse não ao País.

O atual Presidente, do alto de sua igno-rância e da sua alergia a leituras, o que o proíbede conhecer a nossa História e vultos comoCaxias, rodeado dos �companheiros� que en-volveram o Palácio do Planalto e o governo em

verdadeiro mar de lama, comsua omissão e incompetên-cia, pois diz nada saber, afir-ma que, em três anos de seu(des)governo, fez mais do queo realizado nos quinhentosanos passados, esquecendo-se do sacrifício hercúleo demuitos que contribuíram he-roicamente para a construçãodeste País. É este Presidenteque afirma não ter o Brasil

heróis nos quais possa a mocidade brasileirase espelhar. É este o Presidente que pertencea um partido, o PT, do qual é um dos funda-dores, cuja política foi sempre a de recriar aHistória, em cima de mentiras ou meias ver-dades, buscando a consecução de seus objeti-vos, tentando desconstruir a imagem de vul-tos como Caxias e construir falsos heróis,impingindo-os a nossa juventude, como oguerrilheiro comunista Guevara, um cubano-argentino.

Cultuar Caxias e seus feitos, mostran-do a grandeza de sua servidão à Pátria, forta-lecendo a identidade nacional, contrapondo-se a uma elite corrompida e não patriótica, édever de todos que amam este País.(Publicado no Inconfidência nº 96 de 25/08/2006

Estamos passando pela crise da educaçãoe como professores nos sentimos agre-didos e enganados por aqueles que têm

a obrigação de nos orientar e dirigir a políticaeducacional.

A crise no setor educacional não é dehoje, e a sua solução tem sido motivo demuitos debates. Entretanto, as soluções mi-lagrosas que têm sido aplicadas ultimamente,como a Escola Plural e o Projeto Sagarana deinspiração marxista cubana, têm produzidoos piores resultados. Em toda as avaliaçõesinternacionais os alunos brasileiros sistema-ticamente têm tirado os últimos lugares. Quefuturo terão eles quando são desprezados osavanços culturais desenvolvidos no Ocidentedesde o Iluminismo e adotados métodos so-cialistas, completamente fracassados?

É estarrecedor constatar-se a que pontochegou o espírito de hostilidade, que permeia amente daqueles a quem está entregue, nestemomento histórico, a nobre tarefa de orientar oensino em nossas escolas públicas.

Vemos, inertes, de como o MEC estácoordenando a tarefa solerte de rescrever a His-tória do nosso País, se-gundo a ótica que con-vém à esquerda que hojenos governa.

O alvo prefe-rencial dessa manobra éa juventude, incapaz deperceber a finalidadedessa pregação.

De acordo comos novos parâmetroscurriculares e a nova Leide Diretrizes e Bases, opapel que a escola de-sempenha hoje é bemdiferente do passado. Éválida a modificaçãomas não entendemos aspropostas pedagógicasveiculando ideologiasmarxistas e produzin-do livros didáticos que pregam a luta de classese valores diferentes daqueles em que fomoseducados.

O Hino Nacional não é mais cantado nasescolas e a proposta da LDB é de que não se deveperpetuar mitos e heróis. A figura exponencialdo Duque de Caxias não pode ser alvo demanipulação política, caindo no esquecimentode muitos professores (a maioria), não sendosequer citado para os alunos. Quando se trata darevolução liberal ou mesmo da guerra doParaguai, a doutrinação passa a ser vergonhosa,dando crédito às mentiras, assim como fizeramcom outros grandes heróis, inclusive Tiradentesrecentemente e que foi motivo de reação dosverdadeiros brasileiros.

Indignados, os professores sentem queestão sendo usados por mentes retrógradasinfiltradas e atuantes na Educação, a serviço deideologias ultrapassadas.

Como professora de História, ao ler oartigo do Ministro Jarbas Passarinho intitulado�A guerra contra o Paraguai�, há dois anos, ocumprimentei pela antológica aula sobre aqueleacontecimento, reconstituindo a História doBrasil, tão deturpada nos livros didáticos

RESCREVENDO A HISTÓRIAadotados em Minas Gerais.Mais vale o conhecimentoadquirido pelo artigo do ex-ministro da Educação, do quea leitura dos livros de Históriadistribuídos às escolas públi-cas estaduais e municipaiscom o aval do MEC. Jamaisiríamos tomar conhecimentodesses fatos que nos são sonegados por quemdeveria ensinar a verdadeira História do Brasil,não fosse o Jornal do Grupo Inconfidência.

No Caderno da TV Escola, nº- 3, MEC/2003, o capítulo da Guerra do Paraguai sóaborda aspectos desfavoráveis, tentando des-moralizar o Brasil e não cita o nome do Duquede Caxias. Este exemplo, bem caracteriza aHistória oficial apresentada e que está sendomuito mal rescrita, transformando heróis embandidos e bandidos em heróis, ocultando dajuventude momentos de bravura e de dedica-ção à pátria, que consagraram ilustres vultosbrasileiros, como o Duque de Caxias e oBarão do Rio Branco, que impediram a frag-mentação da Nação Brasileira.

É isso que queremospara o nosso Brasil e para osnossos filhos?

Precisamos venceressa mentalidade retrógradaque tem dominado nossos(?) governantes nos últimostempos. Devemos isto aosnossos filhos. Estamos pre-ocupados com o crescimen-to da marxização da Educa-ção e com os movimentos�sociais� de esquerda in-centivando a luta de classeaté nos livros didáticos...

A História de umanação deve servir como umelemento construtivo deaglutinação de seus filhose jamais como um fator dediscriminação excludente,

de desagregação e desvalorização dos heróisnacionais. Para onde vamos?

l Graduação em Pedagogia, Letras e HistóriaPós-Graduação em Supervisão, Orientação e

Magistério Superior l ADESG/2002Profª de Geografia, História e Português naE.E. Rose Haas Klabin, em Santa Luzia/MG

* Nivalda Andrade

(Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25/08/2003)

Ao contrario de Caxias,elites corrompidas,

colocando interesses degrupos ou pessoais acimados interesses nacionais,sem qualquer sentimentopatriótico, criminosa e

impunemente, se servem doPaís e não ao País.

As expressões �caxiismo� e �caxias� fo-ram cunhadas pelo saudoso sociólogoGilberto Freyre. Ele bem as conceituou

em longo e magistral artigo publicado na revista�A Defesa Nacional�, n° 605, de Jan/Fev 1966,de título �Forças Armadas e Outras Forças�.Diga-se que �caxias� -  uma adjetivação/metáfo-ra amplamente usada por todos os brasileiros,já é verbete nos dicionários de Aurélio Buarquee Antônio Houaiss.

Eis alguns trechos, excertos do memorá-vel trabalho de Gilberto Freyre: �Pois acresceque do Exército vem se comunicando àsdemais forças construtivamente brasileiras,a inspiração que venho classificando de�caxiismo�. Que vem a ser �caxiismo�? Em

resumo: aquela consciência de dever, aquelesenso de responsabilidade, aquela dedicaçãoao serviço público, aquela sensibilidade àcausa nacional que constituem, no Brasil, umconjunto ético de nítida origem militar; vindode um Caxias que, entretanto, foi tambémhomem público; e, na vida pública, tão dedi-cado ao serviço do Brasil quanto na militar�.E mais à frente: �Caxiismo� não é conjunto devirtudes apenas militares, mas de virtudescívicas, comuns a militares e a civis. Pelo quenão devemos, os civis brasileiros, deixar queas virtudes que constituem o �caxiismo� se-jam virtudes apenas militares com projeções,em dias excepcionais, ou mesmo normais,sobre a política, a administração, as crises, os

desajustamentos, a vida civil. Devemos fazerdo �caxiismo�, isto sim, um conjunto deatitudes plenamente cívicas que tanto valortenham nos meios civis quanto nos militarescomo virtudes ou normas de conduta plena-mente, polivalentemente, cívicas. Pan-naci-onais. Virtudes e serviços do Brasil, de todobrasileiro. Os �caxias� devem ser tanto pai-sanos como militares. O �caxiismo� deveriaser aprendido tanto nas escolas civis quantonas militares. É o Brasil inteiro que precisadele para ajustar-se a solicitações de desen-volvimento, sem prejuízo das de segurança:e não apenas o Exército Nacional, para bemdesempenhar suas funções�.

Cel Manoel Soriano Neto � Historiador Militar

�CAXIAS� � UMA ADJETIVAÇÃO METAFÓRICA CAÍDA NO AGRADO POPULAR

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CELEBRAÇÃO DO DIA DO SOLDADOBICENTENÁRIO DO DUQUE DE CAXIAS

* Gen Ex Luiz Gonzaga Schroeder Lessa

A PALAVRA DO PRESIDENTE DO CLUBE MILITAR

Com muito orgulho e satisfação o Clu-be Militar se associa ao Comando Mi-

litar do Leste para, juntos, celebrarmos erememorarmos a figura ímpar do MarechalLuiz Alves de Lima e Silva � Duque deCaxias, sem nenhuma dúvida o mais proe-minente cidadão político-militar do 2º Rei-nado, aquele que mais contribuiu para asoberania e integridade nacionais. Se hojetemos um grande país para nos orgulhar, umverdadeiro continente territorial, o deve-mos à expressão singular da figura de Caxias.

Ao longo dos seus mais de 50anos de vida pública só teve em mente aunidade nacional, preservando-a com asua espada justiceira em incontáveis con-flitos internos e externos que contra elaatentavam. As orações que acabamos deouvir e os preciosos escritos que inte-gram a edição comemorativa da Revistado Clube Militar traçam, muito bem, o perfilinvulgar e insubstituível do homem, do ci-dadão, do político e do militar que semalimentar paixões e injustiças semeou apaz, a compreensão e a concórdia no seiodo povo brasileiro de então, superandoas rivalidades das facções políticas que,perigosamente, se degladiavam, amea-çando a unidade nacional.

É por todos os méritos um dos Paisda Nação Brasileira e a sua memória, adespeito de incompreensíveis e inconse-qüentes revanchismos que, vez por outratentam denegrir a sua imagem, haverá deser, para todo e sempre, cultuada e imor-talizada.

Enaltecer Caxias na data de hoje,mais do que um ato de justiça, é um re-encontro com a nossa identidade nacio-nal, uma demonstração de fé na riquezado acervo do nosso passado histó-rico, uma fundada esperança nosoerguimento do tônus cívico,ético e moral da juventude bra-sileira.

Caxias é uma dessasfiguras quase sagradas, umbaluarte, um mito, que muitoraramente surgem na vida deuma nação, em particular nosseus momentos mais críticos edesagregadores, possibilitan-do-lhe vencer as enormes difi-culdades que em dado mo-mento histórico da sua exis-tência ameaçavam a sua sobrevivência.

Paradigma do soldado brasileiro,Caxias transmite-lhe fé e confiança parasuperar os momentos de dificuldades eincompreensões, ele que, senhor da guer-ra, só conhecendo glória, honra e justiçaem todas as campanhas que empreendeu,viu-se, também, alvo das injustiças e in-tolerâncias dos seus contemporâneos.

Como no passado, também hoje nãotem sido fácil ser soldado, quando aindaestão presentes chagas que teimam emnão cicatrizar e que se encontram expos-tas no sensível tecido da democracia bra-sileira, a despeito da enormidade da obralevada a cabo pelo cidadão fardado, tran-smudado em dedicado, patriótico e com-petente soldado, que peregrinando portodos os rincões do nosso imenso terri-tório, vê os seus feitos, passados os mo-mentos de ameaça e perigo, serem menos-prezados e esquecidos.

O próprio Caxias amargou inúmerasinjustiças até o seu último alento.

Temos presente nas nossas vidaseste quadro que não nos é favorável e quese encontra incrustrado em parte das elitesbrasileiras que relutam em não reconhecer onosso valor, o que, felizmente, não se veri-fica no seio do nosso sofrido e esperançosopovo, que nos confere em todas as pesqui-sas de opinião crescentes crédito e admira-

ção. É mais uma vez a vitória da assertivapopular de que �a voz do povo é a voz deDeus�.

E isto nos basta, nos satisfaz e aca-lenta os nossos corações de soldados, in-teiramente devotados ao serviço da Pátria.Temos a consciência de que nos temposatuais, mais do que no passado,

- ser soldado:- é estar preparado material e psico-

logicamente para enfrentar e sobrepujaras inverdades e injustiças que so-

bre si recaem, com o pensa-mento sempre voltado parao objetivo maior de manter,a qualquer custo, a sobera-nia e integridade nacionais;

- é manter sempreacesa a chama do ideal mili-tar, cultuando e cultivandoas virtudes que fazem a suagrandeza: sacrifício, renún-cia, abnegação, desprendi-mento, tolerância, obediên-cia, lealdade, camaradagem,coragem física e moral, amor

a Pátria e inquebrantável fé e confiançano valor da gente brasileira;

- é cultuar honra e dignidade, nãopermitindo que interesses menores vili-pendiem e comprometam a sua estaturamilitar, voltada exclusivamente para ojuramento que um dia proferiu de servir ededicar-se inteiramente a Pátria, até como sacrifício da própria vida;

- é ter orgulho da profissão que emtenra idade abraçou, consciente de que oseu patriotismo, competência profissio-nal e apartidarismo político constituem-se no último e decisivo baluarte para aconstrução e manutenção de uma sadia,justa e harmoniosa vida democrática, tãointensamente aspirada pelo nosso povo;

- é sonhar com uma Força Terrestrede expressivo poder dissuador, emuladorado ideal militar dos jovens soldados erecompensa maior aos esforços e deter-minação dos seus pares mais velhos eexperientes, quimera de gerações, queum insensível poder político reluta em lheconferir.

- é ter a certeza de que as incom-preensões, vilanias, ingratidões e pre-conceitos do momento presente passa-rão como coisa efêmera, mas que a Naçãohaverá de permanecer sólida, unida, coe-rente com os seus valores intocáveis, assuas tradições mais caras e o culto às

suas personalidades mais ilustres, atri-butos que se constituem no mais sagra-do relicário a transferir às futuras gera-ções.

Passados 200 anos do seu nas-cimento, a figura exemplar de Caxiasestá mais presente do que nunca, ins-pirando os nossos soldados de todosos recantos deste Brasil imenso a bemcumprir o seu dever e como expressouo missivista Moniz Barreto, �eles, po-rém, calados, continuam guardandoa Nação do estrangeiro e de si mesma.Pelo preço de sua sujeição eles com-pram a liberdade para todos e defen-dem da invasão estranha e do jugodas paixões. Se a força das coisas osimpede agora de fazer em rigor tudoisto, algum dia o fizeram, algum diao farão�.

Julho/Agosto - 1944

Pantheon

Publicado no Inconfidência, nº 59 de 25 de agosto de 2003* Presidente do Clube Militar.

�Salve, Duque glorioso e sagrado.Ó Caxias, invicto e gentil!

Salve, flor de estadista e soldado.Salve, herói militar do Brasil!�

Nos versos acabados de ler, tradu-zimos a nossa mais respeitosa saudaçãoao Exército Brasileiro e ao Soldado deontem, de hoje e do amanhã, guardiõesperenes de um Brasil eterno.

Brasão de Armas de Caxias

DO

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Não era o Duque de Caxias um des-ses homens que, guardando sua féreligiosa no escrínio da alma, dela

se utilizasse apenas particularmente, ou norecesso de seu lar. Bem compreendia que,não existindo nêle uma dupla personalida-de, suas atitudes externas e atos públicosdeviam estar condicionados às suas ínti-mas convicções de católicos sincero.

Se delas não fazia alarde, mesmo por-que desnecessário, também não receiavamanifestá-las, em se aproveitando oportu-nidade. E como do que está cheio o coraçãoé que a bôca fala, ahistória registra emmais de um passo dagloriosa existênciado nosso herói mani-festações espontâ-neas de sua fé religi-osa em expressõesmarcantes e rasgosde generosidade, di-tados por seu espíri-to profundamentecristão.

É assim queno Quartel-Generalde Villeta, durante aguerra do Paraguai.,o Duque de Caxiasem nome de Deus conclamou os soldadosa prosseguir no encalço do inimigo: �Cama-radas! O Inimigo vencido por vós na pontede Itororó e no arroio do Avaí, vos esperaem Lomas Valentinas, com os restos do seuexército. Marchemos sobre êle e, com estabatalha mais, teremos concluído as nossasfadigas e provações. O Deus dos Exércitosestá conosco.�

E os soldados bem sabiam não setratar de uma estirada retórica, para efeitosimediatos, porquanto já de sobra conheci-am a sinceridade dos sentimentos religio-sos do extraordinário Cabo de Guerra, que�mesmo nos acampamentos e em marchanunca descurou seus deveres de culto, emcuja assiduidade dava o mais salutar dosexemplos� (1).

E era armado desta couraça moral, dasconvicções religiosas e de seu exemplo, queem tôdas ocasiões aproveitava dos recur-sos da fé católica para corrigir abusos, emen-dar costumes e levantar ânimos.

E ninguém lhe podia retorquir:�medice, cura teipsum�, porque praticava oque exigia e mais impunha pela fôrça dasatitudes que por ordens expressas.�Exempla trahunt�. A eficácia do exemplo,na fé e na moral. Eis a grande fôrça doinsuperável Duque de Caxias. E quandoemana do alto, imenso é o poder do exemplo.

DUQUE DE CAXIASHOMEM DE FÉ

Daí, em qualquer setor e sob todos os ângu-los, a grande responsabilidade dos que seacham no Comando e na Chefia de homens.

Caxias militar, Caxias administrador eCaxias político, era o mesmo Caxias chefe defamília, que pautava sua vida pelos ditamesda consciência, formada nos sãos princípi-os da religião católica.

Nem foi por outros motivos que pro-via de altares portáteis as tropas em mar-cha, como não dispensava aquêle quesempre o acompanhava e ainda hoje seconserva em nosso convento de Santo An-

tônio.Essa mesma

fé lhe ensinou aser tão grande nasvitórias sobre osinimigos da Pátriaquanto era gran-de em desprezarvaidades, aliásdesculpáveis emqualquer outro.No livro de atasda Irmandade denossa paróquia deSão Francisco Xa-vier ainda se en-contra exarado otêrmo em que o

Duque de Caxias, regressando vitorioso doParaguai, pede que sejam aplicadas na re-construção da mesma igreja os donativoscoletados para os festejos populares pro-gramados em sua honra.

Era com a mesma grandeza de almaque ele visitava os soldados feridos emcampo de batalha e dêles dava notícias asuas famílias.

É assim que êle se impõe ainda hojeà consideração dos brasileiros, mesmo numaépoca em que tais exemplos estão se tornan-do cada vez mais raros. Ou, talvez, por issomesmo.

Entretanto, cultuar heróis consistenão somente em admirar-lhes os feitos, masprincipalmente em imitar-lhes as virtudes.

Caxias não constitui, pois, apenasum patrono do Exército, mas um modêlopara os políticos, os governantes e os che-fes de família dêste caro Brasil, que o veneracomo lídimo valor patriótico e igualmentecomo homem de fé.

Que a mesma Religião Católica pro-duza no Brasil de hoje e do futuro muitosêmulos do glorioso Duque de Caxias.

* Cardeal Arcebispo da cidadedo Rio de Janeiro

* Dom Jaime de Barros Camara

(1) Vilhena de Morais - O Duque de Ferro, pág. 48

O PATRONO DO EXÉRCITO BRA-SILEIRO, Duque de Caxias, temseu nome ligado à geografia nacional.

Todos os escritores que dissertam sôbre avida e obra política e militar do Duque deCaxias são acordes em citações geográficasque assinalam, em geral, os passos e as lutasdo grande soldado.

Maranhão, São Paulo, Minas Gerais eRio Grande do Sul, quando as províncias,foram pacificadas pelo Duque de Caxias.

Uruguai, Argentina e Paraguai são ou-tros nomes geográficos que aparecem envol-tos na ação de Caxias para assegurar a integri-dade da Pátria em duas guerras externas e,conseqüentemente, a liberdade dos três po-vos irmãos.

Taubaté, Pindamonhangaba, Lorena,Areios, Silveiras e Sorocaba,são outros topônimos nacio-nais que não podem ser olvida-dos pelos historiadores e bió-grafos do Grande Soldado doBrasil.

Piquete, que serve desede à Fábrica PresidenteVargas, é outro topônimo bra-sileiro cuja origem se deve aopiquete que Caxias mandoupara guarnecer a raiz da Serrada Mantiqueira.

Citam os biógrafos doDuque de Caxias, as jornadasde São Lourenço, São Gabriel,Santana, Santa Maria, PoncheVerde, Alegrete e Porongos, nafamosa província de São Pedro.

 Não só. Outros topônimos da geogra-fia nacional e das terras estrangeiras são assi-nalados na vida de Caxias.

Tuiú-Cué, Pare-Cué, Curupaiti, Pilar,Palmares, Tataiiba,Taií e Tuiutí, Humaitá,Estabelecimento, Laureles, Rojas, Jacaré,Tebiquari, Surubi e Chaco, assinalam mano-bras das fôrças de Caxias.

Itororó é topônimo que não escapa aosbiógrafos de Caxias.

Seu próprio título � Duque de Caxias �vem de um topônimo nacional.

Conta-se que escolheu Alves de Lima otítulo de �Caxias� oriundo do nome de umacidade do Estado do Maranhão, Caxias é umacidade maranhense, também cognominada �Prin-cesa do Itapirucú�. Mais que qualquer outra foiafligida pelos horrores de uma guerra de vindita.Tomada e retomada pelas fôrças imperiais e dosrebeldes, várias vêzes, segundo cita Pinto deCampos, foi ali que a insurreição começou; ali quese encarniçou tremenda.

Foi em Caxias que o Duque de Caxiaslibertou, com suas fôrças, a província da hordados revoltosos.

Daí, também, o título de Duque de Caxias.Título que, segundo Pinto de Campos, significa� disciplina, administração, vitória, justiça, igual-dade, glória�.

Título que vem daquele topônimo nacio-nal.

Outros topônimos são ainda citadospelos historiadores do Patrono do Exército

O LOCAL ONDE NASCEU CAXIASCoronel Arlindo Vianna

Brasileiro.Inhomirim, por exemplo, é um dos

topônimos indígenas que se liga à vida de Caxias.Em Afonso de Carvalho �Caxias�, encon-

tramos a ilustração de Alberto Lima, assinalandoas �Ruínas da Igreja de Inhomirim�, onde constater sido batizado o Duque de Caxias.

Contam seus biógrafos que Caxias nasceuaos 25 de agôsto de 1803, no arraial da atual Vilada Estrêla, Raiz da Serra de Petrópolis, Estado doRio de Janeiro.

No quilômetro quatro, da antiga rodoviaRio- Petrópolis , lá se ergue um marco, assina-lando o local do antigo casarão de Dona Quitéria,Solar dos Belos, avós de Caxias, marco comemo-rativo que tem gravado em bronze, a seguinteexortação: �Saúda, viajante, o berço de Caxias,Sentinela da Pátria!�.

Na heráldica e na genealogia, na medalísticabrasileira, na bibliografia brasileira, no Museu,no Instituto Histórico, Caxias tem merecidoestudos aprimorados.

Recente decreto autorizou o Serviço doPatrimônio da União a aceitar a doação do terrenosituado nas Granjas Duque de Caxias, em Imbarié,Estado do Rio de Janeiro.

É o decreto n. 29.697, de 22-VI- 951,inserido no D.O. de 25 de junho de 1951 epublicado no B.E. n. 26, de 30-VI-951, queautoriza o Serviço do Patrimônio da União aaceitar a doação que Isaac Scialon Benozilio fêzà União Federal, de uma área de terra de 7.495.2313m2( sete mil quatrocentos e noventa e cincometros quadrados e dois mil trezentos e trezecentímetros quadrados) localizados nas GranjasDuque de Caxias, antiga Fazenda São Paulo, emImbarié, Estado do Rio de Janeiro.

Em seu artigo segundo, o referido decretoestatui que a área de terra a que se refere o artigoanterior deverá ser incorporada ao patrimôniohistórico do Exército, por ser o local onde nasceuo ínclito soldado Duque de Caxias.

Seria interessante adaptá-lo a um ParqueFlorestal Militar, perpetuando nas árvores quefornecem madeiras de utilidade para o Exército,a memória do Patrono do Exército Brasileiro.

Maior seria, então, a homenagem. Como patrimônio nacional é dig-

no de profunda significação histórica: olocal onde nasceu Caxias.

Revista Militar Brasileira25 de agôsto de 1953

Revista Militar Brasileira 25 de agôsto de 1953

NOTA � Segundo notícias da imprensa carioca, vulgarizadas em 4- VI-953. Aos 3-VI-953 foi o Exmo.Sr.Ministro da Guerra visitado pelo Sr. Isaac Scialon y Cardoso, com a missão de doar ao Ministério da Guerra uma áreade terras em Estrêla, área essa em que se achava a casa onde nasceu Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.

� Com a assinatura da escritura de doação, concretizou-se uma íntima inspiração do Exército, qual aposse da terra em que seu patrono veio ao mundo e à qual há de ser dada utilização condigna.�

Pôrto da Estrêla naProvíncia do Rio de Janeiro

A Batalha do Avaí - Pintura à óleo de Pedro Américo

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CAXIAS � O PACIFICADORIntransigente com a desordem. Enérgico com a rebeldia.

Conciliador nas negociações. Humano no perdão. Artífice da integridade nacional.Nas ocasiões em que o consenso não foi possível, mostrou-se decisivo e pertinaz no cumprimento de suamissão, sem no entanto usar de força desnecessária, evitando humilhar ou gerar sentimentos de vingança

nos vencidos, que sempre foram vistos como compatriotas e não como inimigos.

CAMPANHAS INTERNAS1 � GUERRA DA INDEPENDÊNCIA (1823) Batismo de fogo em Salvador.2 � BALAIADA (1840) Pacificação do Maranhão.3 � REVOLUÇÃO LIBERAL (1842) Pacificação da Província de São Paulo.4 � REVOLUÇÃO LIBERAL (1842) Pacificação da Província de Minas Gerais.5 � REVOLUÇÃO FARROUPILHA (1842/1845) Pacificação da Província do Rio Grande do Sul.6 � RETOMADA DE URUGUAIANA (1865) Acompanhou o Imperador na restauração de nossa fronteira.

CAMPANHAS EXTERNASCAMPANHA CISPLATINA (1825/1828) Culminou com a Independência do Uruguai.ORIBE E ROSAS (1851/1852) Libertação dos países platinos do caudilhismo.CAMPANHA DA TRÍPLICE ALIANÇA (1866/1869) Comandou as forças aliadas, levando-as à vitória.

Salvador

São Luís

Porto Alegre

Ouro Preto

São Paulo

Uruguaiana

Rio de Janeiro

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