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A2 o Estado Mato Grosso do Sul Campo Grande-MS | Sexta-feira, 23 de junho de 2017 As mudanças propostas atingem o papel dos sindicatos e a relação deles com os trabalhadores Clemente Ganz Lúcio, sociólogo [email protected] Opinião A Prefeitura de Campo Grande assinou na Se- mana do Meio Ambiente e publicou na edição de ontem (22) do Diário Oficial do Município uma nova regulamentação que envolve a lei de descarte de entulhos e materiais de construção civil. Criada em 2010, a lei não estava sendo aplicada. Desde ontem, a população poderá descartar gratuitamente materiais gerados em até 1 m³, como geladeiras e sofás, em Eco- pontos disponibilizados em todas as regiões urbanas da Capital. A medida visa a evitar os “lixões” improvisados que existem em alguns bairros, como o Nova Lima, localizada na região norte da cidade. De acordo com a reportagem publicada na pá- gina A5, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informou que o decreto serve apenas para regulamentar e fiscalizar de forma efetiva, o que havia sido deixado de lado. A partir da medida limita para os Ecopontos, o gerador de resíduos é responsável por contratar uma empresa especializada para realizar o descarte. A primeira está em fase de construção, no Jardim Zé Pereira, região norte da cidade. Outros quatro também devem ser disponibilizados. De qualquer forma, diante do decreto, a regulamentação já passa a valer e os ser- viços estão à disposição dos moradores. Em nota, a secretaria municipal informa que recebe “muitas denúncias de descarte irregular, a lei já existia, mas não era cumprida, nem fiscalizada de forma efetiva. O decreto serve para cobrar corretamente o destino dos resíduos, tendo uma fiscalização mais enérgica e com base legal para cobrar da população”. A equipe de reportagem também ouviu o biólogo José Milton Longo. Segundo ele, o motivo é de co- memoração já que a lei era para estar em vigor há sete anos, inclusive quando os municípios receberam um incentivo para abandonar seus lixões e realizar o descarte de lixo correto. A Semadur revela que o descarte do resíduo é de responsabilidade do gerador, que pode responder por crime ambiental, caso não se enquadre na lei. Ainda é fácil encontrar diversos materiais descartados, formando entulhos. A lei é um passo importante para a cidade. Agora, a prefeitura deve cobrar da população que a situação não volte a ser um problema. Decreto Marcos Borges Pe. Kurian Melayathu Joseph G erhard von Rad (1901-1971, o estudioso alemão do AT, opinou que a grandeza de Israel tenha decorrido do fato de não ter mantido a fé e conhecimento apartados. As experiências do mundo sempre foram para ele também experiências divinas, assim as experiências de Deus eram para ele experi- ências do mundo. Neste segundo momento da nossa reflexão sobre a sabedoria como o caminho para a libertação/sal- vação, no momento em que o país vive a mudança de democracia concedida a democracia representativa do povo soberano, nós vamos olhar rapidamente ao conteúdo do livro de Provérbios. É uma coletânea de ditos atribuídos ao Salomão, sábios diversos como Agur E Lemuel. Além de uma introdução extensa o livro tem um poema que descreve “a mulher/esposa ideal” no final. È possível afirmar que este livro representa uma das principais maneiras pelas quais a academia israelita respondeu à crise de identidade no período exílico e pós-exilico. E os desafios do momento eram a sobrevivência e o assentamento dos alicerces do futuro. São diversas as vozes que se fazem ouvir ao longo dos trinta e um capítulos deste livro: pais, mestres, sábios e reis que exibem seu conhecimento. As pala- vras dos sábios de outras terras e culturas enriquecem a coletânea ainda mais. Mas, todas essas vozes são apenas ecos e variações da voz que domina e permeia toda a compilação – a voz da Sabedoria. Percebe-se a personificação da sabedora como mulher no livro. Esta técnica permitiu que os autores sapienciais unificassem os vários tipos de sabedoria. Contudo, é possível falar de uma espécie de moldura feminina a partir das imagens empregadas nos capí- tulos 8 e 31,10-31. Nos períodos, exílico e pós-exílico, com o fim da monarquia, o lar emergiu como o loco central da identidade e vida da comunidade judaica. Há autores que interpretam o papel central da mulher no capítulo 8 como a metáfora do papel de Deus como Genitor Divino que cria e mantém a morada da comu- nidade humana – o mundo habitado. Entrementes, não se esqueceu dos contrapontos, pois as imagens femininas inventadas pelos homens tendem perpetuar os estereótipos da mulher como madona ou prostituta; esta, a fonte do mal, e aquela a fonte do bem. No entanto, comentaristas veem na figura da “Sabedoria”, muito além de uma típica parceira potencial de casamento; a valer, um caráter autônomo que convida todos à plena existência humana. Ela é a ponte entre Deus e os seres humanos, e entre os seres humanos e o mundo criado. São duas coletâneas de provérbios atribuídos a Sa- lomão (10,1-15.33; 16,1-22,16 e 25,1-29,37). Na primeira, o otimismo permeia ao lado de uma serena confiança no regime justo e leal de Deus no mundo: “Em todo lugar os olhos de Javé estão vigiando os maus e os bons” (15,3). O livro traz também o conselho dos sábios não israelitas. As afinidades com a sabedoria egípcia são particularmente fortes. Além disso, nós temos pa- lavras de outros sábios, como por exemplo, 24,29 que é uma versão negativa da regra de ouro que aprece em Mt 5,38-45; 7,12. “Nunca diga: ‘Vou fazer para ele o mesmo que ele me fez. Vou lhe pagar como ele merece’”. “No mundo existem quatro seres pequeninos que são mais sábios do que os sábios: as formigas, povo fraco, mas que recolhe comida no verão; as rata- zanas, povo sem força, mas que mora nas rochas; os gafanhotos, que não têm rei, mas avançam todos em ordem; as lagartixas, que se podem pegar com a mão, mas penetram até em palácios de reis” (30, 24- 28). Por fim, no capítulo 31 as imagens femininas dos capítulos 1-9 voltam a nos propor uma estratégia de libertação: “Abra a boca em favor do mudo e em defesa dos desfavorecidos. Abra a boca e dê sentenças justas, defendendo o pobre e o indigente” (31,8-9). Clemente Ganz Lúcio O projeto de lei aprovado na Câmara dos Depu- tados promove uma devastação dos direitos trabalhistas, individuais e coletivos. Em apenas duas semanas, os deputados rasgaram o projeto enca- minhado pelo poder Executivo e fizeram uma radical mudança no sistema de relações de trabalho, sem qualquer discussão com a sociedade. Alteraram, com a proposta, os instrumentos e regras que regem as re- lações sociais de produção e a distribuição econômica, construídos em um século de luta social e política. As mudanças propostas atingem o papel dos sin- dicatos e a relação deles com os trabalhadores, o processo negocial, os limites do negociado e a relação com a legislação, o conteúdo dos direitos, o papel da justiça. O objetivo é dar ampla proteção às empresas, eliminando obstáculos, como o direito definido em Lei, o sindicato e a Justiça do Trabalho. O movimento sindical já chegou a debater com empresários e governos mudanças nas relações de tra- balho no Brasil, tema pouco tratado no Congresso Na- cional. Nas discussões, ficou claro que é fundamental avançar em regras que ampliem a representatividade das entidades sindicais, aumentem a participação direta dos trabalhadores desde o local de trabalho, fortaleçam e ampliem o papel das negociações e dos acordos coletivos (local, setorial, nacional), deem maior celeridade, agilidade e segurança às soluções dos conflitos, entre outros aspectos. Diversas pro- postas debatidas poderiam compor um verdadeiro projeto de modernização. A propositura que passou na Câmara, no entanto, visa criar condições institucionais para a redução estrutural do custo do trabalho. Com esse objetivo, quebra os sindicatos, instrumento essencial para a construção dos direitos trabalhistas, proteção dos tra- balhadores e promoção de reequilíbrio na correlação de forças entre capital e trabalho. Inúmeros estudos mostram o papel essencial que os sindicatos tiveram na construção das sociedades modernas, colaborando imensamente para torná-las menos desiguais, com mais direitos sociais e coletivos etc. Há também muitos trabalhos que mostram a rigidez (leia-se proteção) que os sindicatos impõem à queda da taxa de salários. No Brasil, há atualmente 11.700 sindicatos de tra- balhadores, dos quais 8.800 representam os trabalha- dores urbanos e 2.900, os rurais. Cerca de 33% estão na região Sudeste, 27% no Nordeste, 23% no Sul, 10% no Centro-Oeste e 7% no Norte. Essas organizações representam cerca de 50 milhões de trabalhadores. Se incluídas a representação patronal e as entidades da estrutura vertical, são cerca de 17 mil entidades, que ocupam aproximadamente 120 mil pessoas. Esses e outros dados fazem parte da Nota Técnica 177, pu- blicada pelo DIEESE, A importância da organização sindical dos trabalhadores (disponível em www.dieese. org.br). O estudo mapeia o conteúdo de mais de 56 mil convenções coletivas e 308 mil acordos coletivos de trabalho celebrados entre 2007 e 2017 e mostra que 93% dos instrumentos tratam de questões salariais, como gratificações, adicionais, auxílios; 89% abordam o contrato coletivo de trabalho (admissão e demissão); 87% referem-se às condições de trabalho, normas de pessoal e estabilidade; 89% regulam a jornada de tra- balho (duração, distribuição, controle e faltas); 70% tratam das férias e licenças; 85% regulam questões de saúde e segurança; 92% regulam as relações sindi- cais, além de definirem regras paras as negociações, solução de conflito, entre outros. A história mostra o papel e a importância dos sindicatos. A relevância reconhecida dessas enti- dades fez da organização sindical um direito humano fundamental, normatizado em várias convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Com o projeto aprovado na Câmara, o Brasil se desconecta e se distancia do processo civilizatório e faz um caminho regressivo rumo aos tempos de escravidão. A experiência do mundo, a experiência de Deus A importância dos sindicatos Mestre em teologia sistemática Sociólogo Editorial OPINIãO DO LEITOR A RESPEITO DA EDIçãO DE ONTEM 1 Coletivamente, a manchete de ontem: Foi: 55% muito importante | 0% pouco importante 45% importante | 0% sem importância 2 Os textos da primeira página continham algum exagero em relação às páginas internas? 0% SIM 100% NãO 3 A charge da edição de ontem foi: 40% interessante | 20% indiferente 30% pouco interessante | 10% não viu 4 Qual foi a notícia mais importante? 5 Dê a sua avaliação à edição de ontem: 60% ótimo | 40% bom | 0% regular | 0% ruim “STF decide hoje validade de delação” “STF decide hoje validade de delação” Rua 14 de Julho, 204-Vila Santa Dorothéia Campo Grande-MS-CEP 79004-392-PABX: (67) 3345-9000 Comercial | (67) [email protected]@[email protected] | Circulação | Atendimento ao assinante: (67) 3345-9050 [email protected] Representantes | Brasília-DF - LC Comunicação e Marketing-SEPS 709/909 lote D sala 215 edifício Fape-CEP 70390-095 Asa Sul-Tel.: (61) 3711-8712/3443 0462-e-mail: [email protected] | Rio de Janeiro-RJ-Planejamento Negócios de Mídia Ltda. Avenida Rio Branco, 45, sala 11/15- Tel.: (21) 2263-6468 | São Paulo-SP-Planejamento Negócios de Mídia Ltda.-Avenida Jandira, 667–Bairro Moema-CEP 04080-004-Tel.: (11) 2985-9444 Fundado em 2 de dezembro de 2002 “Somos o que fazemos. No dia em que fazemos, realmente existimos; nos outros, apenas duramos.” Padre Antônio Vieira Diretor Rafael Vallér Editor-Executivo Gabriel Neris [email protected] Opinião [email protected] Política [email protected] Cidades Daiany Albuquerque [email protected] Economia e Agronegócios [email protected] Esportes Luciano Shakihama [email protected] Artes e Lazer Thaís Pimenta [email protected] Fotografia Saul Schramm fotografi[email protected] Arte [email protected] ATENDIMENTO AO ASSINANTE: (67) 3345-9050 A CIDADE é SUA, O PROBLEMA é NOSSO: [email protected] Os artigos assinados publicados neste espaço são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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A2 o Estado Mato Grosso do Sul Campo Grande-MS | Sexta-feira, 23 de junho de 2017

As mudanças propostas atingem o papel dos sindicatos e a relação deles com os trabalhadoresClemente Ganz Lúcio, sociólogo

[email protected]ão

A Prefeitura de Campo Grande assinou na Se-mana do Meio Ambiente e publicou na edição de ontem (22) do Diário Oficial do Município

uma nova regulamentação que envolve a lei de descarte de entulhos e materiais de construção civil. Criada em 2010, a lei não estava sendo aplicada. Desde ontem, a população poderá descartar gratuitamente materiais gerados em até 1 m³, como geladeiras e sofás, em Eco-pontos disponibilizados em todas as regiões urbanas da Capital. A medida visa a evitar os “lixões” improvisados que existem em alguns bairros, como o Nova Lima, localizada na região norte da cidade.

De acordo com a reportagem publicada na pá-gina A5, a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana) informou que o decreto serve apenas para regulamentar e fiscalizar de forma efetiva, o que havia sido deixado de lado. A partir da medida limita para os Ecopontos, o gerador de resíduos é responsável por contratar uma empresa especializada para realizar o descarte. A primeira está em fase de construção, no Jardim Zé Pereira, região norte da cidade. Outros quatro também devem

ser disponibilizados. De qualquer forma, diante do decreto, a regulamentação já passa a valer e os ser-viços estão à disposição dos moradores. Em nota, a secretaria municipal informa que recebe “muitas denúncias de descarte irregular, a lei já existia, mas não era cumprida, nem fiscalizada de forma efetiva. O decreto serve para cobrar corretamente o destino dos resíduos, tendo uma fiscalização mais enérgica e com base legal para cobrar da população”.

A equipe de reportagem também ouviu o biólogo José Milton Longo. Segundo ele, o motivo é de co-memoração já que a lei era para estar em vigor há sete anos, inclusive quando os municípios receberam um incentivo para abandonar seus lixões e realizar o descarte de lixo correto. A Semadur revela que o descarte do resíduo é de responsabilidade do gerador, que pode responder por crime ambiental, caso não se enquadre na lei. Ainda é fácil encontrar diversos materiais descartados, formando entulhos. A lei é um passo importante para a cidade. Agora, a prefeitura deve cobrar da população que a situação não volte a ser um problema.

Decreto Marcos Borges

Pe. Kurian Melayathu Joseph

Gerhard von Rad (1901-1971, o estudioso alemão do AT, opinou que a grandeza de Israel tenha decorrido do fato de não ter mantido a fé e

conhecimento apartados. As experiências do mundo sempre foram para ele também experiências divinas, assim as experiências de Deus eram para ele experi-ências do mundo.

Neste segundo momento da nossa reflexão sobre a sabedoria como o caminho para a libertação/sal-vação, no momento em que o país vive a mudança de democracia concedida a democracia representativa do povo soberano, nós vamos olhar rapidamente ao conteúdo do livro de Provérbios. É uma coletânea de ditos atribuídos ao Salomão, sábios diversos como Agur E Lemuel. Além de uma introdução extensa o livro tem um poema que descreve “a mulher/esposa ideal” no final. È possível afirmar que este livro representa uma das principais maneiras pelas quais a academia israelita respondeu à crise de identidade no período exílico e pós-exilico. E os desafios do momento eram a sobrevivência e o assentamento dos alicerces do futuro.

São diversas as vozes que se fazem ouvir ao longo dos trinta e um capítulos deste livro: pais, mestres, sábios e reis que exibem seu conhecimento. As pala-

vras dos sábios de outras terras e culturas enriquecem a coletânea ainda mais. Mas, todas essas vozes são apenas ecos e variações da voz que domina e permeia toda a compilação – a voz da Sabedoria.

Percebe-se a personificação da sabedora como mulher no livro. Esta técnica permitiu que os autores sapienciais unificassem os vários tipos de sabedoria. Contudo, é possível falar de uma espécie de moldura feminina a partir das imagens empregadas nos capí-tulos 8 e 31,10-31. Nos períodos, exílico e pós-exílico, com o fim da monarquia, o lar emergiu como o loco central da identidade e vida da comunidade judaica. Há autores que interpretam o papel central da mulher no capítulo 8 como a metáfora do papel de Deus como Genitor Divino que cria e mantém a morada da comu-nidade humana – o mundo habitado.

Entrementes, não se esqueceu dos contrapontos, pois as imagens femininas inventadas pelos homens tendem perpetuar os estereótipos da mulher como madona ou prostituta; esta, a fonte do mal, e aquela a fonte do bem. No entanto, comentaristas veem na figura da “Sabedoria”, muito além de uma típica parceira potencial de casamento; a valer, um caráter autônomo que convida todos à plena existência humana. Ela é a ponte entre Deus e os seres humanos, e entre os seres humanos e o mundo criado.

São duas coletâneas de provérbios atribuídos a Sa-lomão (10,1-15.33; 16,1-22,16 e 25,1-29,37). Na primeira, o otimismo permeia ao lado de uma serena confiança no regime justo e leal de Deus no mundo: “Em todo lugar os olhos de Javé estão vigiando os maus e os bons” (15,3). O livro traz também o conselho dos sábios não israelitas. As afinidades com a sabedoria egípcia são particularmente fortes. Além disso, nós temos pa-lavras de outros sábios, como por exemplo, 24,29 que é uma versão negativa da regra de ouro que aprece em Mt 5,38-45; 7,12. “Nunca diga: ‘Vou fazer para ele o mesmo que ele me fez. Vou lhe pagar como ele merece’”.

“No mundo existem quatro seres pequeninos que são mais sábios do que os sábios: as formigas, povo fraco, mas que recolhe comida no verão; as rata-zanas, povo sem força, mas que mora nas rochas; os gafanhotos, que não têm rei, mas avançam todos em ordem; as lagartixas, que se podem pegar com a mão, mas penetram até em palácios de reis” (30, 24-28). Por fim, no capítulo 31 as imagens femininas dos capítulos 1-9 voltam a nos propor uma estratégia de libertação: “Abra a boca em favor do mudo e em defesa dos desfavorecidos. Abra a boca e dê sentenças justas, defendendo o pobre e o indigente” (31,8-9).

Clemente Ganz Lúcio

O projeto de lei aprovado na Câmara dos Depu-tados promove uma devastação dos direitos trabalhistas, individuais e coletivos. Em apenas

duas semanas, os deputados rasgaram o projeto enca-minhado pelo poder Executivo e fizeram uma radical mudança no sistema de relações de trabalho, sem qualquer discussão com a sociedade. Alteraram, com a proposta, os instrumentos e regras que regem as re-lações sociais de produção e a distribuição econômica, construídos em um século de luta social e política.

As mudanças propostas atingem o papel dos sin-dicatos e a relação deles com os trabalhadores, o processo negocial, os limites do negociado e a relação com a legislação, o conteúdo dos direitos, o papel da justiça. O objetivo é dar ampla proteção às empresas, eliminando obstáculos, como o direito definido em Lei, o sindicato e a Justiça do Trabalho.

O movimento sindical já chegou a debater com empresários e governos mudanças nas relações de tra-balho no Brasil, tema pouco tratado no Congresso Na-cional. Nas discussões, ficou claro que é fundamental avançar em regras que ampliem a representatividade das entidades sindicais, aumentem a participação direta dos trabalhadores desde o local de trabalho, fortaleçam e ampliem o papel das negociações e dos

acordos coletivos (local, setorial, nacional), deem maior celeridade, agilidade e segurança às soluções dos conflitos, entre outros aspectos. Diversas pro-postas debatidas poderiam compor um verdadeiro projeto de modernização.

A propositura que passou na Câmara, no entanto, visa criar condições institucionais para a redução estrutural do custo do trabalho. Com esse objetivo, quebra os sindicatos, instrumento essencial para a construção dos direitos trabalhistas, proteção dos tra-balhadores e promoção de reequilíbrio na correlação de forças entre capital e trabalho. Inúmeros estudos mostram o papel essencial que os sindicatos tiveram na construção das sociedades modernas, colaborando imensamente para torná-las menos desiguais, com mais direitos sociais e coletivos etc. Há também muitos trabalhos que mostram a rigidez (leia-se proteção) que os sindicatos impõem à queda da taxa de salários.

No Brasil, há atualmente 11.700 sindicatos de tra-balhadores, dos quais 8.800 representam os trabalha-dores urbanos e 2.900, os rurais. Cerca de 33% estão na região Sudeste, 27% no Nordeste, 23% no Sul, 10% no Centro-Oeste e 7% no Norte. Essas organizações representam cerca de 50 milhões de trabalhadores. Se incluídas a representação patronal e as entidades da estrutura vertical, são cerca de 17 mil entidades, que ocupam aproximadamente 120 mil pessoas. Esses

e outros dados fazem parte da Nota Técnica 177, pu-blicada pelo DIEESE, A importância da organização sindical dos trabalhadores (disponível em www.dieese.org.br). O estudo mapeia o conteúdo de mais de 56 mil convenções coletivas e 308 mil acordos coletivos de trabalho celebrados entre 2007 e 2017 e mostra que 93% dos instrumentos tratam de questões salariais, como gratificações, adicionais, auxílios; 89% abordam o contrato coletivo de trabalho (admissão e demissão); 87% referem-se às condições de trabalho, normas de pessoal e estabilidade; 89% regulam a jornada de tra-balho (duração, distribuição, controle e faltas); 70% tratam das férias e licenças; 85% regulam questões de saúde e segurança; 92% regulam as relações sindi-cais, além de definirem regras paras as negociações, solução de conflito, entre outros.

A história mostra o papel e a importância dos sindicatos. A relevância reconhecida dessas enti-dades fez da organização sindical um direito humano fundamental, normatizado em várias convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Com o projeto aprovado na Câmara, o Brasil se desconecta e se distancia do processo civilizatório e faz um caminho regressivo rumo aos tempos de escravidão.

A experiência do mundo, a experiência de Deus

A importância dos sindicatos

Mestre em teologia sistemática

Sociólogo

Editorial

OPiniãO dO LeitOr a resPeitO da ediçãO de OnteM

1 Co le ti va men te, a man che te de ontem:

Foi: 55% mui to im por tan te | 0% pouco im por tan te 45% im por tan te | 0% sem im por tân cia

2 Os tex tos da pri mei ra pá gi na con ti nham algum exa ge ro em re la ção às pá gi nas in ter nas? 0% siM 100% nãO

3 A charge da edição de ontem foi: 40% interessante | 20% indiferente 30% pouco interessante | 10% não viu

4 Qual foi a notícia mais importante?

5 dê a sua avaliação à edição de ontem: 60% ótimo | 40% bom | 0% regular | 0% ruim

“stF decide hoje validade de delação”

“stF decide hoje validade de delação”

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Fundado em 2 de dezembro de 2002

“somos o que fazemos. no dia em que fazemos, realmente existimos; nos outros, apenas duramos.”

Padre Antônio Vieira

diretorRafael Vallér

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Opiniã[email protected]

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