A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova

14
CÓDIGO POSTAL A2053N FOTOGRAFIA DE PEPE BRIX

Transcript of A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova

Page 1: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova

CÓDIGO POS

TAL

A2053N

FOTOGRAFIA DE PEPE BRIX

Page 2: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova

“Código Postal: A2053N” é um trabalho fotográfico que documenta a vida a bordo do Navio Joana Princesa, um dos 13 sobreviventes da frota portuguesa de navios de pesca longínqua. A2053N é o conjunto de carateres que representa a matricula do navio. Por ano o Joana Princesa faz em média 2 viagens que tomam aos tripulantes uma média de 8 meses. Durante todo esse tempo, sob condições inacreditáveis, a mais de 2000 milhas das suas familias, o navio torna-se a casa de cada um destes homens. A ria de Aveiro ainda é uma opção e quase todos ainda a exploram nos períodos que passam em terra. Contudo, a sua sobreexploração, que é agora uma forte ameaça, e o orgulho nos 500 anos de viagens aos grandes bancos da Terra Nova para a pesca do bacalhau continua a levar centenas de homens para o mar.

CÓDIGO POSTAL

A2053N

Page 3: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 4: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 5: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 6: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 7: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova

No parque de pescas, junto à estufa onde trocam de roupa depois de virem do convés, e onde deixam secar os fatos e as botas enquanto não chega a hora da próxima manobra, fica o porão da proa. A esco-tilha no topo do porão forma um pequeno degrau no chão. Muitas vezes aqui vimos para sentar e fumar um cigarro. Nos dias de pesca a escotilha é apenas um poiso de passagem entre os que estão a acabar o quarto e os que se preparam para entrar ao serviço. Quando o mar não nos deixa pescar, ou o navio está em navegação para o próximo pesqueiro, o cigarro que se acende nesse asilo quente e silencioso é apenas um pretexto para deixar entoar a saudade em sossego, e trazer as mulheres e filhos ao pensamento. Quando não há cansaço para dar ao corpo, aproamos o pensamento à vontade de voltar para casa. É curioso que essa espécie de porão meditativo onde nos vamos sen-tar tantas vezes, é o último dos três a ser carregado. É ele que nos diz, com alguma relatividade, em quanto tempo o navio estará pronto para a viagem de regresso, sem que se comprometa o lucro que nos trará alimento e pagará as contas.Enquanto esse dia não chega, o tabaco e a fé que depositamos em Deus tornam a espera mais razoável. Assim, num cigarro de cada vez, vamos escapando à rotina que o navio nos emprega, desviando o pensamento para as ruas dos nossos bairros, para a ria que nos espera e para a família que deixamos em terra.

“não tardará se Deus quiser”

Page 8: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 9: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 10: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 11: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 12: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 13: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova
Page 14: A2053N a pesca portuguesa nos grandes bancos da terra nova

FOTOGRAFIA DE PEPE BRIX