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PÓS-GRADUAÇÃO INTERNACIONAL EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS Logística Reversa de Celulares, Prática Legal, Sustentável e Estratégica. AUTOR ALYNE CRICHE BENINI SAN DIEGO 2014

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PÓS-GRADUAÇÃO INTERNACIONAL EM

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

Logística Reversa de Celulares, Prática Legal,

Sustentável e Estratégica.

AUTOR

ALYNE CRICHE BENINI

SAN DIEGO

2014

PÓS-GRADUAÇÃO INTERNACIONAL EM

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS MÓDULO INTERNACIONAL

Logística Reversa de Celulares, Prática Legal,

Sustentável e Estratégica.

AUTOR

ALYNE CRICHE BENINI

SAN DIEGO

2014

MÓDULO INTERNACIONAL – SAN DIEGO

Coordenador Acadêmico: Pedro Carvalho de Mello, Phd

O Trabalho de Conclusão de Curso - TCCI

Logística Reversa de Celulares, Prática Legal, Sustentável e Estratégica.

Elaborado por:

Alyne Criche Benini

e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso Pós-Graduação

Internacional em Administração de Empresas, foi aceito como requisito parcial para

a obtenção do certificado do curso de pós-graduação, nível de especialização, do

programa FGV Management.

Santo André, 17/10/2014

Orientador: Prof. Pedro Carvalho de Mello

TERMO DE COMPROMISSO

A aluna Alyne Criche Benini abaixo-assinado, do Curso de Pós-Graduação

Internacional em Administração de Empresas, do Programa FGV Management, no

período de 21/08/2014 a 30/08/2014, declara que o conteúdo do trabalho de

conclusão de curso intitulado, Logística Reversa de Celulares, Prática Legal,

Sustentável e Estratégica é autêntico, original, e de sua autoria exclusiva.

Santo André, 17/10/2014

______________________________________

Nome

DECLARAÇÃO

A aluna Alyne Criche Benini, abaixo-assinado, do Curso de Pós-Graduação

Internacional em Administração de Empresas, do Programa FGV Management,

realizado, no período de 21/08/2014 a 30/08/2014, ( X ) AUTORIZA / ( ) NÃO

AUTORIZA a divulgação de informações e dados apresentados na elaboração do

Trabalho de Conclusão de Curso, intitulado Logística Reversa de Celulares, Prática

Legal, Sustentável e Estratégica, com objetivos de publicação e/ou divulgação em

veículos acadêmicos.

Santo André, 17/10/2014

______________________________________

Nome

Agradecimentos

Agradeço a Deus pela minha vida, por sempre iluminar o

meu caminho e por ter me dado uma família maravilhosa.

Agradeço aos professores por terem compartilhado

seus conhecimentos e experiências valiosas.

Dedicatória

Dedico esse trabalho a minha Mamis, ao meu Papis, a minha irmã Ady,

meus irmãos Fer e Bru, ao meu tio TG e ao querido Arnaldinho.

RESUMO

Este artigo trata sobre os conceitos da Logística Reversa e seus efeitos sobre as

questões de sustentabilidade envolvendo o mercado de telefonia celular.

A logística reversa tornou-se uma estratégia de negócio das organizações pela sua

importância quanto ao desenvolvimento econômico e proteção ao meio ambiente.

Os desafios para a correta destinação do “lixo eletrônico” é um tema atual e em

constante evolução, seja pelas questões legislativas, cada vez mais exigentes, seja

pelas questões de responsabilidade social das empresas em atender as

expectativas dos consumidores apresentando produtos mais verdes, seja pelo

consumidor final que tem papel importante para o sucesso na correta destinação do

lixo eletrônico.

Palavras-chave: Logística Reversa. Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Sustentabilidade. Lixo Eletrônico.

ABSTRACT

This article is about the concepts of reverse logistics and its effects on the

sustainability involving the cellular phone market.

The reverse logistics has become a business strategy of organizations due to the

importance for the economic development and environmental protection.

The “e-waste” disposal challenges is a current theme and in constant evolution,

either by legislative issues, increasingly demanding, either by corporate social

responsibility to meet the expectations of consumers showing more green products,

and either by the final consumer that has important role to success in proper disposal

of electronic waste.

Keywords: Reverse Logistics. National Solid Waste Policy. Sustainability. E-wate.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

2 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................. 13

2.1 LEI 12.305/2010. ............................................................................................... 13

3 O RESÍDUO ELETROELETRÔNICO .................................................................. 14

4 PANORAMA DA TELEFONIA MÓVEL ............................................................... 15

5 SUPPLY CHAIN MANAGEMENT E LOGÍSTICA ................................................ 16

6 A DINÂMICA DA LOGÍSTICA REVERSA ........................................................... 18

6.1 ENTENDENDO O MECANISMO QUE VAI SALVAR O PLANETA DAS

MONTANHAS DE LIXO ELETRÔNICO. ........................................................................ 18

6.2 CANAIS REVERSOS DE DISTRIBUIÇÃO .................................................... 20

7 RECICLAGEM DE TELEFONES CELULARES .................................................. 22

8 O PROCESSO DE RECICLAGEM ...................................................................... 23

9 PRÁTICAS DE RECICLAGEM ............................................................................ 24

10 PRATICANDO A SUSTENTABILIDADE ............................................................ 25

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 27

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 28

1 INTRODUÇÃO

A proteção ambiental é um tema em destaque em nossa sociedade. O avanço

tecnológico e o mercado cada vez mais competitivo faz com que novos produtos

sejam lançados em espaços muito curto de tempo, promovendo um maior consumo

e consequentemente aumento dos materiais descartados, sejam eles oriundos do

processo de fabricação ou devido o produto ter deixado de ter sua utilidade para o

consumidor final.

O fator sustentabilidade passou a influenciar diretamente no modo de consumo

e comportamento da sociedade e dos governos. A sociedade passou a valorizar

produtos ditos como ecologicamente corretos e o governo através de políticas e

legislações específicas passou a pressionar as empresas para atuarem com maiores

responsabilidades em relação ao meio ambiente.

Essas transformações sociais exigem que as organizações moldem seus

produtos e serviços para manterem sua competitividade no mercado. A

sustentabilidade começou como uma tendência e vem se tornando fator crítico e

necessário para os negócios.

Uma das estratégias para criar vantagem competitiva é a gestão do supply chain

management (ou gerenciamento da cadeia produtiva). Está relacionado com toda a

parte logística do processo. Uma gestão eficiente melhora as relações entre

empresas, fornecedores e clientes agregando valor aos seus negócios. Nesse

contexto surge a logística reversa baseada nos interesses das empresas em

associar sua gestão à sustentabilidade. Enquanto a logística tradicional trata do fluxo

de saída dos produtos, a logística reversa é uma ferramenta facilitadora para tratar o

fluxo de retorno de produtos, seu reaproveitamento e descarte correto, seja no

processo produtivo ou tratando dos produtos que já foram utilizados pelos

consumidores e que deixaram de ter sua utilidade, se tornando “lixo”.

A Política Nacional de resíduos sólidos (PNRS - Lei nº 12.305/2010) representa

um marco da preservação ambiental. Ela define logística reversa como instrumento

para viabilizar a coleta e devolução de determinados resíduos sólidos ao setor

produtivo empresarial responsável. Além do fator sustentabilidade a política também

considera o desenvolvimento econômico e social.

Nesse contexto abordamos o mercado de telefonia celular. A PNRS determina

que produtores e vendedores (dentre vários produtos) de aparelhos celulares a

obrigatoriedade de terem em seu negócio o processo de logística reversa. Essa

prática contribui para minimizar os impactos ambientais, descartar corretamente os

materiais que não permitem um reuso e colaboram na criação de uma cultura cidadã

mais consciente e sustentavelmente responsável.

2 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1 LEI 12.305/2010.

A Lei 12.305 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi

promulgada em 02 de agosto de 2010. A PNRS reúne o conjunto de princípios,

objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotadas pelo governo federal à

gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos

sólidos.

A regulamentação da referida lei foi feita pelo Decreto nº 7.404, de 23 de

Dezembro de 2010. O decreto disciplina a gestão integrada e o gerenciamento dos

resíduos sólidos utilizando-se como ferramenta principal o sistema de logística

reversa e a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos

fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de

serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos.

O art.3º, XVI do PNRS define resíduos sólidos como sendo qualquer “material,

substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em

sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está

obrigado a proceder, nos estados sólido ou semi-sólido, bem como gases contidos

em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica

ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível.”

Embora a definição para resíduos sólidos seja abrangente, no artigo 33 são

definidos os produtos com obrigatoriedade de estruturar e implementar sistemas de

logística reversa. São eles: agrotóxicos (inciso I), pilhas e baterias (inciso II), pneus

(inciso III), óleos lubrificantes (inciso IV), lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio

e mercúrio e de luz mista (inciso V) e produtos eletroeletrônicos e seus componentes

(inciso VI).

O princípio da sustentabilidade está presente nas diretrizes segundo o qual

observa-se a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização,

reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente

adequada dos rejeitos.

A lei também envolve a questão social da reciclagem, com o estímulo à

participação formal dos catadores, organizados em cooperativas.

3 O RESÍDUO ELETROELETRÔNICO

Dentre os diversos tipos de resíduos com obrigatoriedade de atender a PNRS,

vamos abordar o “resíduo eletroeletrônico”. A cadeia de produtos e equipamentos

eletroeletrônicos está dividida em quatro categorias:

- Linha Branca: refrigeradores e congeladores, fogões, lavadoras de roupa e louça,

secadoras, condicionadores de ar;

- Linha Marrom: monitores e televisores de tubo, plasma, LCD e LED, aparelhos de

DVD e VHS, equipamentos de áudio, filmadoras;

- Linha Azul: batedeiras, liquidificadores, ferros elétricos, furadeiras, secadores de

cabelo, espremedores de frutas, aspiradores de pó, cafeteiras;

- Linha Verde: computadores desktop e laptops, acessórios de informática, tablets e

telefones celulares.

Ao fim de sua vida útil, esses produtos passam a ser considerados resíduos de

equipamentos eletroeletrônicos (REEE). REEE são compostos por materiais, como

plásticos, vidros e metais, que podem ser recuperados e retornados como insumo

para a indústria de transformação. Já as substâncias tóxicas (frequentemente

dispostos em camadas e subcomponentes afixados por solda ou cola) como

chumbo, cádmio, mercúrio e berílio devem ter tratamento especial porque podem

causar danos ambientais e de saúde.

Dentre os aparelhos eletrônicos podemos destacar os aparelhos celulares na

qual possuem aproximadamente 43 elementos químicos merecendo devida atenção

quanto ao seu descarte.

4 PANORAMA DA TELEFONIA MÓVEL

Segundo dados divulgados pela ITU (International Telecommunication Union) o

número de assinaturas de celular-celular em todo o mundo está se aproximando do

número de pessoas na terra. As assinaturas chegarão a quase 7 bilhões até final de

2014, correspondendo a uma taxa de penetração de 96%. Mais de metade dessas

assinaturas (3,6 bilhões) será na região da Ásia-Pacífico(1).

No Brasil a ANATEL (Agencial Nacional de Telecomunicação) divulgou que o

número de celulares ultrapassou a marca de um celular por habitante em novembro

de 2010(2).

Segundo relatório da Anatel, em março de 2014 o Brasil atingiu a marca de mais

de 273,5 milhões de linhas ativas na telefonia móvel e teledensidade (índice que

representa a quantidade de telefones celulares por habitante) de 135,30 acessos por

100 habitantes(3).

Estatísticas de celulares no mundo publicadas pela Teleco informa que o

Brasil já é o quinto maior mercado para celulares e internautas no mundo(4).

Um estudo sobre logística de resíduos eletrônicos divulgado pela Secretaria de

Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior (SDP/MDIC) e pela Agência Brasileira de Desenvolvimento

Industrial (ABDI) informa que o Brasil deve gerar aproximadamente 1,100 mil

toneladas de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) pequenos em

2014, aumentando para 1,247 mil toneladas em 2015. O levantamento ainda mostra

que os 150 maiores municípios brasileiros (a maioria nas regiões Sudeste e Sul) são

responsáveis por aproximadamente dois terços de todo o lixo eletroeletrônico que se

estima seja descartado no país.

Segundo a agência americana de proteção ambiental EPA (Enviromental

Agency Protection), um telefone móvel é mantido pelos usuários por cerca de 9 a 18

meses, após esse período muitos são esquecidos no armário ou descartados no lixo

doméstico(5).

Dados divulgados pela UNEP (United Nations Enviroment Programme) em

2011, estima-se que o Brasil gere cerca de 2.200 toneladas de lixo eletrônico de

telefones celulares por ano(6).

5 SUPPLY CHAIN MANAGEMENT E LOGÍSTICA

O conceito e as práticas do Supply Chain Management (SCM) ou

Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos começou a se desenvolver no ínicio dos

anos 90. O Supply Chain Management abrange desde a entrada de pedidos de

clientes até a entrega do produto no seu destino final. Envolve o relacionamento

entre documentos, matérias-primas, equipamentos, informações, insumos, pessoas,

meios de transporte, organizações, tempo, além do fluxo reverso de materiais para

reciclagem, descarte e devoluções.

SCM não é apenas uma extensão de logística integrada, ele envolve atividades

de fundo mais gerencial e estratégico. A operação do Supply Chain é uma parte

maior do negócio, representa sua integração externa (relação inter-organizacional),

pois estende a coordenação dos fluxos de materiais de forma a criar sinergia entre

as organizações envolvidas (produtores de matérias-primas, beneficiadores,

fornecedores, transportadores, etc) obtendo benefícios e agregando valor ao produto

a ser oferecido ao cliente final. Cada elo da cadeia trabalha sempre com uma visão

holística e proativa focada no cliente final e não apenas no elo seguinte da cadeia

produtiva.

As redes interorganizacionais objetivam tornar os processos produtivos mais

eficientes proporcionando vantagems competitivas para toda a sua cadeia. Dentre

os diversos motivos para essas parcerias destaca-se cada vez mais as questões

voltadas as práticas sustentáveis. A sustentabilidade desafia as organizações a

conciliar as dimensões econômicas, ambientais e sociais em seus negócios.

No SCM as estratégias e as decisões deixam de ser formuladas e firmadas sob

a perspectiva de uma única empresa, mas sim de uma cadeia produtiva como um

todo.

A Logística está mais relacionada ao processo de movimentação de produtos,

ou seja, seu transporte, armazenagem, estoque. Representa uma integração interna

de atividades na empresa.

Segundo as definições adotadas em 1998 pelo Council of Logistics Management

(www.clm1.org), temos:

“Supply Chain Management é a integração dos diversos

processos de negócios e organizações, desde o usuário final

até os fornecedores originais, que proporcionam os produtos,

serviços e informações que agregam valor para o cliente.”

“Logística é a parcela do processo da cadeia de

suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e

eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos

acabados e informações relacionadas, desde seu ponto de

origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender

aos requisitos dos clientes.”

Essa definição assume a Logística como parte integrante ou subconjunto do

Supply Chain Management.

Segundo Bowersox & Closs (2001) o processo estratégico logístico de uma

empresa é estabelecido pela integração de diversas áreas, divididas geralmente em:

- Logística de suprimentos (fornecimento): cuida da provisão dos bens

necessários através da configuração e fluxo de informação entre os fornecedores e

tomadores internos.

- Logística de produção: esta área cuida do planejamento, controle e

monitoramento do fluxo de material e informação do estoque de compras para o

estoque de vendas.

- Logística de distribuição: administra a transferência de bens e informações da

produção para o cliente.

- Logística reversa: administra o retorno de restos internos e externos do produto

ou do processo de produção.

Enquanto a logística tradicional trata do fluxo de saída dos produtos, a logística

reversa tem a preocupação em administrar o fluxo de devolução e/ou substituição

(LEITE, 2003).

Foi a partir de 2001 que a logística reversa passou a ser vista como uma etapa

importante do supply chain management, principalmente por questões ambientais

que os produtos e os materiais provocam ao meio ambiente, contribuindo para a

modificação das relações de mercado e justificando de maneira crescente as

preocupações estratégicas das empresas, do governo e da sociedade em geral

(LEITE, 2003).

6 A DINÂMICA DA LOGÍSTICA REVERSA

6.1 ENTENDENDO O MECANISMO QUE VAI SALVAR O PLANETA DAS

MONTANHAS DE LIXO ELETRÔNICO.

A logística reversa é uma ferramenta utilizada estrategicamente pelas empresas

como meio de diferenciação contribuindo essencialmente para o desenvolvimento

sustentável.

Segundo Rogers & Tibben-Lembke (1999, p.2) Logística Reversa é:

“O processo de planejamento, implementação e controle

do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque

em processo, produto acabado e informações relacionadas,

desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o

propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para

coleta e tratamento de lixo”.

Para Daher (2006), a logística reversa em seu sentido mais amplo, significa

todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. Refere-

se, assim, a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar

produtos e/ou materiais e peças usados a fim de assegurar uma recuperação

sustentável.

Os fabricantes se tornam responsáveis pelos resíduos que são gerados durante

o processo produtivo e pelo descarte do produto quando já não se tem mais

utilidade.

O desenvolvimento tecnológico, a competitividade das empresas, a busca

acirrada por novos clientes e maiores lucros, busca por inovações e diferenciações

de produtos acabam fazendo com que os produtos tenham seu ciclo de vida cada

vez menores. É o que podemos ver na indústria de informática, eletrônicos e

celulares, novos aparelhos são lançados quase que diariamente.

Segundo (LEITE, 2003) para reduzir custos no processo produtivo, se faz

necessário entender que a vida útil de um produto passa a ser contabilizada a partir

do início de sua produção até ser descartado por um consumidor. Ele classifica os

bens de acordo com a vida útil, de modo a facilitar a identificação, e

consequentemente a reutilização. São divididos em três grupos:

- Bens duráveis: apresentam uma vida útil longa, que pode ser contabilizada em

alguns anos ou até mesmo em décadas;

- Bens semiduráveis: possuem uma vida útil intermediária, entre durável e

descartável, sua vida é contabilizada em meses, e raramente é superior a dois anos;

- Bens descartáveis: apresentam uma vida útil de apenas alguns meses, e que

dificilmente passam de seis meses.

Porém, a vida útil de um produto pode ser prolongada quando existe a

possibilidade de aumentar seu tempo de utilização, por meio de uma nova inserção

no processo produtivo ou na cadeia de consumo (LEITE, 2003).

Através dos canais de distribuição reversos (CDRs), os materiais podem

retornar ao fornecedor, serem revendidos, recondicionados, reciclados (gerar opções

para os consumidores quanto a compra de produtos de segunda linha), agregando

às organizações valores econômicos, ecológicos, sociais, de imagem corporativa.

6.2 CANAIS REVERSOS DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo Leite (LEITE, 2003), os canais reversos de distribuição podem ser

divididos em pós-venda e pós-consumo.

- Pós-venda:

Denominamos de logística reversa de pós-venda a específica área de atuação

da logística reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle do

fluxo físico e das informações logísticas correspondentes de bens de pós-venda,

sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam aos diferentes elos

da cadeia de distribuição direta, que constituem uma parte dos canais reversos pelos

quais fluem esses produtos (LEITE, 2003, p.206).

Como exemplo podemos citar:

- Operações de “recall”;

- Comércio de produtos via internet. Nesse segmento há um volume elevado de

retorno dos produtos pós-venda, seja pela política legal do código de defesa do

consumidor (devoluções), questões operacionais (erros de processamento dos

pedidos / avarias no transporte) ou ambientais (descarte adequado).

- Pós-consumo:

Os retornos são oriundos de domicílios, mercados, construção civil, etc.

Segundo Leite (LEITE, 2003), a Logística Reversa de bens de pós-consumo, é

dividida em duas áreas:

- Condições de uso: são bens duráveis ou semiduráveis, que podem ser

reutilizados, o que faz com que o produto retorne ao canal reverso em mercado de

segunda mão.

- Fim de vida útil: os bens duráveis ou semiduráveis retornam ao ponto de

origem, onde o produto ou seus componentes são desmontados ou reciclados,

dando origem a novos produtos. Já os bens descartáveis, recebem a destinação

correta de descarte.

Como exemplo podemos citar:

- Utilização de entulhos de demolições, tijolos, madeiras e outros, pelas

empresas atuantes na construção civil.

- Embalagens PET retornáveis;

A logística reversa é motivada pelos objetivos ecológicos, caracterizando

responsabilidade social, cidadania, garantia de passivos ambientais adequados,

exigências das normas ISO 14.000 (Gestão Ambiental), ou mesmo quando existe

risco a imagem ou reputação da organização (LACERDA,2002).

Considerando a sua importância, a logística reversa pode ser utilizada

estrategicamente por fornecer outras oportunidades, dentre elas as adequações

quanto às questões ambientais muito difundidas na atualidade. A tabela abaixo

demonstra claramente o percentual de participação da logística reversa no

planejamento estratégico organizacional.

7 RECICLAGEM DE TELEFONES CELULARES

A tecnologia também vira lixo!

Um aparelho celular possui três componentes básicos: a carcaça, a placa mãe e

o display. A carcaça é formada por polímero termofixo (plástico) em que se

encontram os retardantes de chama para proteger o usuário de qualquer curto

circuito. A placa mãe é formada por eletrodos “recoberto por microvias de cobre com

terminais em platina, tendo ouro ou prata na sua superfície”, sendo soldados por

uma liga de chumbo ou estanho. Os microprocessadores são formados de pastilhas

de silício, sendo esta inserida em terminais feitos em cobre e revestidos por ouro e

soldado na placa mãe, bem como outros componentes eletrônicos como alto-

falantes, microfone, câmera digital, display, teclado e conectores para contado com a

bateria (CHISPIM NETO, 2007).

Estima-se que o tempo médio para troca de um aparelho celular seja de menos

de dois anos, o que significa dizer que dos celulares fabricados anualmente, entre

10 e 20% entram em inatividade a cada ano, ou seja, seriam cerca de 3 mil

toneladas de celulares obsoletos a caminho dos lixões e aterros sanitários

(MAWAKDIYE, 2007).

Em geral, entre 65% e 80% dos componentes dos celulares podem ser

reciclados. Dentro dos celulares encontramos materiais preciosos como o ouro, o

paládio e o cobre. Metais como cobalto, níquel, óxidos metálicos. O plástico

recuperado pela reciclagem pode iniciar um novo ciclo sendo aproveitado para

fabricação de novos produtos.

Embora o celular tenha grande potencial de reciclagem, dados de uma pesquisa

realizada pela empresa NOKIA, no Brasil apenas 2% dos aparelhos celulares são

reciclados, enquanto que 32% dos aparelhos são simplesmente guardados em casa,

29% são repassados a familiares ou pessoas conhecidas, 27% são vendidos e 10%

vão parar no lixo comum, o que pode trazer sérios riscos à saúde humana e o meio

ambiente (NOKIA, 2009) (7).

8 O PROCESSO DE RECICLAGEM

A empresa Eco-Cel é especializada na reciclagem de celulares, atuando no

recolhimento, implantação e logística dos resíduos. Após coletar o material, é

realizada uma triagem inicial, separando o material plástico das partes elétricas. A

parte plástica fica no Brasil para ser reciclado e voltar a sua cadeira natural.

Segundo Roberto Lucena, Diretor da Eco-cel, “o restante do celular é totalmente

moído, ensacado e levado em containers para a Bélgica, Alemanha ou EUA, pois

esses são os países que detém a tecnologia e as máquinas necessárias para fazer a

extração dos materiais dos celulares, como ouro, alumínio, cerâmica e cobre”.

Depois disso, esses materiais podem ser usados novamente em fábricas e

indústrias.

9 PRÁTICAS DE RECICLAGEM

Encontramos no mercado práticas quanto a destinação de celulares para

reciclagem, porém para que elas sejam realmente eficazes é necessário ressaltar a

importância do papel do consumidor para que a cadeia de logística reversa

realmente funcione.

As empresas referencias no mercado como a Motorola, Nokia, Sony Ericsson,

Claro, TIM e Vivo, possuem programas de reciclagem de aparelhos e baterias, em

sua maioria os pontos de coletas estão em suas lojas ou assistências técnicas

autorizadas.

ONGs, associações, empresas privadas e cooperativas atuam com serviços

gratuitos ou pagos na coleta/reciclagem de lixo eletrônico.

Abaixo uma relação de empresas que reciclam os denominados "Lixo

Eletroeletrônico".

- ONGs

www.lixoeletronico.org.br

www.elixo.org.br

http://www.cempre.org.br

www.residuoselectronicos.net

http://www.freegeek.org

- Empresas Privadas

- Eco-cel. http://eco-cel.com

- Indústria e Comércio Fox de Reciclagem e Proteção ao Clima

www.industriafox.com.br

- ATIVA Reciclagens de Materiais Ltda www.ativareciclagem.com.br

- Belmont Trading Comercial Exportadora http://www.belmont-trading.com/Home-

Brazil.aspx

- COOPERMITI www.coopermiti.com.br

- Interamerican Ltda www.interamerican.com.br

- Lorene Importação e Exportação Ltda www.lorene.com.br

- Oxil www.estre.com.br

- Recicladora Urbana www.recicladoraurbana.com.br

- Reciclo Ambiental Consultoria e Serviços Ltda www.recicloambiental.com

- Reciclo Metais Com. de Resíduos Sólidos Ltda www.reciclometais.com.br

- Reverse-Gerenciamento de Resíduos Tecnológicos www.reversereciclagem.com.br

- Sanlien Exportação Ltda www.sanlien.com.br

- SIR Company Comérico e Reciclagem LTDA www.sircompany.com.br

- Target Trading S.A www.targettrade.com.br

- TCG Brasil Reciclagem Ltda www.tcgbrasil.com.br

- UMICORE www.umicore.com.br

- Vertas www.vertas.com.br

- WN Recicla www.wngold.com.br

- Xerox Comércio e Indústria Ltda www.xerox.com/about-xerox/recycling/ptbr.html

Baterias:

- Baterias Pioneiro Ind. Ltda www.bateriaspioneiro.com.br

- Pioneiro Ecometais www.bateriaspioneiro.com.br

- Private Office PRAC & Tamarana e Rondopar www.prac.com.br

- Suzaquim/Faarte [email protected]

- SIR Company Comércio e Reciclagem LTDA. www.sircompany.com.br

10 PRATICANDO A SUSTENTABILIDADE

Proposta: Aumento dos pontos de coleta de celulares

(O mesmo recipiente também servirá para coleta de pilhas)

A logística reversa começa no momento em que o produto é produzido mas para

que ela cumpra seu papel é necessário o compromisso dos consumidores em

utilizar-se dos meios corretos para descarte de seus celulares.

O papel do consumidor é primordial porque na reciclagem e na sustentabilidade

é o usuário final do produto que decide como fazer o descarte. Ele é que toma a

decisão de separar o lixo independente se há ou não uma legislação. A

regulamentação existe, mas se o consumidor não fizer o papel dele, a cadeia toda

não vai funcionar”. O cidadão deve seguir fazendo a sua parte.

Jogar o resíduo eletrônico no lixo comum já faz com que os metais se espalhem

e contaminem todo o resto com substâncias tóxicas.

A proposta é instalar nos condomínios residenciais o “E-lixo”.

Para adotar esse processo no condomínio o síndico irá precisar de:

- 1 recipiente de tamanho médio (pode ser um pote de plástico)

- 1 etiqueta para colar no recipiente

- 3 (ou mais) cartazes para afixar nas áreas comuns, elevadores, etc.

- Informar o zelador e os porteiros sobre a campanha

- Programar retirada do material e levá-lo até um posto de coleta gratuita;

O investimento é mínimo e no caso de condomínios de grande porte, é possível

até gerar receita com a venda do material reciclável para empresas compradoras de

sucata, que recolhem no local.

CONCLUSÃO

A Política Nacional de Resíduos Sólidos é um marco na área ambiental

prevendo mecanismos para o maior equilíbrio entre o desenvolvimento social,

econômico e ambiental. O desenvolvimento econômico envolvendo a incorporação

de obrigações ambientais e sociais é um desafio e esta ocorrendo efetivamente.

O mercado de equipamentos celulares apresenta crescimento intenso no Brasil

e no mundo. O desenvolvimento e crescimento do setor é de total interesse

econômico mas devemos considerar que a popularização do celular vem

promovendo um maior consumo e consequentemente aumento dos materiais

descartados e poluentes no meio ambiente. A logística reversa surge como uma

proposta eficaz na reciclagem desses aparelhos.

A implantação do sistema de logística reversa envolve a participação não só do

fabricante mas também do poder público e consumidor final. Somente com a

colaboração integrada seus resultados serão eficazes.

Organizações que se utilizam dessa estratégia ganham vantagem competitivas

por utilizarem produtos reciclados em seus processos, reduzindo custos e

fortalecendo sua marca ao implementar um projeto que respeita o meio-ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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