AbordagemEF.pdf

9
Motrivivência Ano XX, Nº 31, P. 223-240 Dez./2008 Resumo Na década de 1980, nosso país foi marcado por um processo de abertura política, que, no campo da Educação Física, gerou um momento de discussão e reflexão a respeito da legitimidade e importância dessa disciplina nas escolas, disciplina que vinha sendo pautada predominantemente pela perspectiva da aptidão física. Como resultados, surgiram diversas concepções, abordagens e perspectivas, que buscaram dar um novo norte para a Educação Física escolar. Nesse viés, Abordagens, Concepções e Perspectivas de Educação Física Quanto à Metodologia de Ensino nos Trabalhos Publicados na Revista Brasileira de Ciências do Esporte (Rbce) em 2009 1 Acadêmica de Educação Física Licenciatura na Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR). É bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/SESu. 2 Estudante da Universidade Estadual de Maringá; bolsista do Programa de Educação Tutorial - PET/SESu desde 2008. 3 Possui mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2000) e doutorado em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009). É professora de Fundamentos de Educação Física na Universidade Estadual de Maringá. Aline Fabiane Barbieri 1 ; Ana Beatriz Gasquez Porelli 2 ; Rosângela Aparecida Mello 3 Abstract In the 1980s, our country was marked by a process of political opening, which in the field of Physical Educa- tion, led a moment of reflection and discussion on the legitimacy and im- portance of discipline in schools, dis- cipline that was being guided mainly by the prospect physical fitness. As a result, there were several concepts, approaches and perspectives, which sought to give a new direction for the school physical education. This bias, in the following article we proposed to analyze the articles published in 224 no seguinte trabalho nos propomos a analisar os artigos publicados na RBCE em 2009 quanto à metodologia de ensino escolar e através disso verificar se ainda existe a predominância de alguma perspectiva. Palavras-chave: Educação Física; Metodologia de ensino; Teorias. Introdução Podemos considerar que o papel fundamental da educação consiste na transmissão do conhe- cimento historicamente produzido e acumulado pelo homem às novas gerações. Dessa forma, a educação atua na produção e reprodução da vida humana (SAVIANI, 2005). E a educação, assim como todas as demais práticas e fenômenos sociais, sofre transformações contí- nuas devido às relações sociais e de produção estabelecidas pelo homem, como confirma Mello (2009, p. 10): “(...) as instituições, os complexos so- ciais, toda a práxis humana, são frutos das relações sociais estabelecidas em determinados períodos históricos, respondendo a determinadas neces- sidades humanas”. Para o estabelecimento e funcionamento do atual modo de organização social –capitalista- o processo de transmissão de conhe- cimento às novas gerações, teve que ser redirecionado à formação de um novo homem: forte, ágil e empreendedor, adaptado aos me- canismos sociais exigidos por este sistema. Nesse contexto, a Educa- ção Física tomou lugar de destaque social, pois, ao mesmo tempo em que contribuía para educação de corpos para o trabalho, contribuía também para moldar mentes e ditar comportamentos. Esse papel da Educa- ção Física, de desenvolver a aptidão física, higiene e formação moral dos trabalhadores, seguiu hegemônico no Brasil até por volta da década de 1980, quando ocorre um momento de abertura política. Este foi um período da história da educação física brasileira em que, buscou-se, sobretudo, refletir sobre questões referentes à identidade e legitimi- dade da educação física, pautada na perspectiva da aptidão física, como parte do currículo da Educa- ção Básica, ou seja, procurava-se uma justificativa para a presença da Educação Física nas escolas. the RBCE in 2009 on the methodol- ogy to school and thereby determine whether there is still a predominance of some perspective. Keywords: Physical Education; Teach- ing methodology; Theories.

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Motrivivência A

no XX

, Nº 31, P. 223-240 D

ez./2008

Resu

mo

Na década de 1980, nosso país

foi marcado por um

processo de abertura política, que, no cam

po da Educação Física, gerou um

mom

ento de discussão e reflexão a respeito

da legitimidade e im

portância dessa disciplina nas escolas,

disciplina que vinha sendo pautada predom

inantemente pela perspectiva

da aptidão física. Com

o resultados, surgiram

diversas concepções, abordagens e perspectivas, que

buscaram dar um

novo norte para a Educação Física escolar. N

esse viés,

Ab

ord

agens, C

on

cepçõ

es e Persp

ectivas d

e Edu

cação Física Q

uan

to à M

etod

olo

gia d

e Ensin

o n

os T

rabalh

os P

ub

licado

s n

a Revista B

rasileira de C

iências d

o

Espo

rte (Rb

ce) em 2

00

9

1

Acadêm

ica de Educação Física Licenciatura na Universidade Estadual de M

aringá (UEM

-PR). É

bolsista do Programa de Educação Tutorial PET/SESu.

2

Estudante da Universidade Estadual de M

aringá; bolsista do Programa de Educação Tutorial -

PET/SESu desde 2008.3

Possui mestrado em

Educação pela Universidade Estadual de M

aringá (2000) e doutorado em

Educação pela Universidade Federal de Santa C

atarina (2009). É professora de Fundamentos de

Educação Física na Universidade Estadual de M

aringá.

Alin

e Fa

bia

ne

Ba

rbie

ri 1;

Ana

Be

atriz G

asq

ue

z Po

relli 2;

Ro

sâng

ela

Ap

are

cida

Me

llo3

Ab

stractIn the 1980s, our country w

as marked

by a process of political opening, w

hich in the field of Physical Educa-

tion, led a mom

ent of reflection and discussion on the legitim

acy and im-

portance of discipline in schools, dis-cipline that w

as being guided mainly

by the prospect physical fitness. As a

result, there were several concepts,

approaches and perspectives, which

sought to give a new direction for the

school physical education. This bias, in the follow

ing article we proposed

to analyze the articles published in

22

4no seguinte trabalho nos propomos a

analisar os artigos publicados na RB

CE

em 2009 quanto à m

etodologia de ensino escolar e através disso verificar

se ainda existe a predominância de

alguma perspectiva.

Palavras-ch

ave: Educação Física; M

etodologia de ensino; Teorias.

Intro

du

ção

Podemos considerar que

o papel fundamental da educação

consiste na transmissão do conhe

-

cimento historicam

ente produzido e acum

ulado pelo homem

às novas gerações. D

essa forma, a educação

atua na produção e reprodução da vida hum

ana (SAV

IAN

I, 2005).E a educação, assim

como

todas as demais práticas e fenôm

enos sociais, sofre transform

ações contí-nuas devido às relações sociais e de produção estabelecidas pelo hom

em,

como confirm

a Mello (2009, p. 10):

“(...) as instituições, os complexos so

-

ciais, toda a práxis humana, são frutos

das relações sociais estabelecidas em

determinados períodos históricos,

resp

ondendo a d

ete

rmin

adas n

ece

s-

sidades humanas”.

Para o estabelecimento e

funcionamento do atual m

odo de o

rganização

social –

capitalista- o

processo de transmissão de conhe

-

cimen

to às n

ovas geraçõ

es, teve

que ser redirecionado à formação

de um novo hom

em: forte, ágil e

empreendedor, adaptado aos m

e-

canismos sociais exigidos por este

sistema. N

esse contexto, a Educa-

ção Física tomou lugar de destaque

social, pois, ao mesm

o tempo em

q

ue co

ntrib

uía p

ara edu

cação d

e corpos para o trabalho, contribuía tam

bém para m

oldar mentes e ditar

comportam

entos.

Esse papel da Educa-ção Física, de desenvolver a aptidão física, higiene e form

ação moral dos

trabalhadores, seguiu hegemônico

no Brasil até por volta da década de

1980, quando ocorre um m

omento

de ab

ertura p

olítica. Este fo

i um

p

eríod

o d

a histó

ria da ed

ucação

física brasileira em que, buscou-se,

sobretudo, refletir sobre questões referentes à identidade e legitim

i-dade da educação física, pautada n

a persp

ectiva da ap

tidão

física, com

o parte do currículo da Educa-

ção Básica, ou seja, procurava-se

uma justificativa para a presença da

Educação Física nas escolas.

the RB

CE in 2009 on the m

ethodol-ogy to school and thereby determ

ine w

hether there is still a predominance

of some perspective.

Keyw

ord

s: Physical Education; Teach-

ing methodology; Theories.

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An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

22

5

Com

o frutos deste mom

en-

to histórico, surgiram então, diver-

sas teorias de Educação Física, clas-sificadas por C

astellani Filho (1999) co

mo

: teorias n

ão-p

rop

ositivas,

englobando a abordagem fenom

e-

nológica, abordagem “sociológica”

e abordagem “cultural”; teorias de

educação física propositivas, onde se

desta

cam

as n

ão

-sistem

atiz

ad

as

as quais se incluem a concepção

desen

volvim

entista, a co

ncep

ção construtivista, educação física “plu

-

ral”, concepção de “aulas abertas” e a concepção crítico em

ancipatória. O

auto

r destaca ain

da, as teo

rias propositivas sistem

atizadas, repre-

sentadas pelas perspectivas da apti-dão física e a crítico-superadora.

Mesm

o com esse leque de

abordagens e concepções pedagógi-cas p

ub

licad

as a

partir d

os a

no

s de

1980, no entanto, a educação física esteve atrelada durante boa parte d

e sua h

istória à p

erspectiva d

a aptidão física, tendo com

o foco de trabalho nas aulas, principalm

ente, o conteúdo esportivo. Perspectiva essa que, de acordo com

Soares, Taffarel, V

arjal et al. (1992, p. 36) “(...) tem

contribuído historicamente

para a defesa dos interesses da clas-se no poder, m

antendo a estrutura da sociedade capitalista”.

Tendo isso em vista, com

o

intu

ito geral d

e pro

mo

ver um

a discu

ssão ace

rca do p

anoram

a atual

da prática pedagógica do educador

físico em âm

bito escolar e identifi-

car se a perspectiva da aptidão física ainda é a predom

inante, a seguinte pesquisa trará um

a pequena amos-

tra da prevalência de utilização de abordagens e concepções quanto à m

etodologia de ensino de Educação Física, analisando artigos, referentes à educação física escolar, publica

-

dos na RB

CE em

2009.

Meto

do

logia e o

bjetivo

O segu

inte artigo

é de

caráter bibliográfico e teve como

principais bases teóricas a tese de M

ello (2

00

9) in

titulad

a: “A N

e-

cessidad

e Histó

rica da Ed

ucação

Física na Esco

la: a Eman

cipação

Hum

ana como Finalidade” e a tese

de Castellani Filho (1999) intitula

-da “A

Educação Física no Sistema

Edu

cacion

al Brasileiro

: Percu

rso,

Paradoxos e Perspectivas”. P

artind

o d

esse sup

orte

teórico em direção à com

preensão m

aterialista histórica, nossa pesqui-sa teve co

mo

ob

jetivo id

entificar

a prevalên

cia das ab

ord

agens e

con

cepçõ

es de ed

ucação

física quanto às m

etodologias de ensino presentes nos trabalhos publicados na R

evista Brasileira de C

iências do Esporte (R

BC

E) em 2009. A

classifi-

cação das abordagens e concepções foi realizada com

base nas Teorias d

a Edu

cação Física a

pre

sen

tad

as

por Castellani Filho (1999). N

esse

22

6

sentido, os trabalhos foram classifi

-

cad

os c

om

o e

stan

do

pau

tad

os n

as

teorias de Educação Física não-pro-

positivas, propositivas, propositivas n

ão sistem

atizadas e p

rop

ositivas

sistematizadas.

1- A

s Teo

rias Não

Pro

positivas

e a Edu

cação Física esco

lar

As teorias não propositivas

são assim

den

om

inad

as po

r Cas-

tellani Filho (2009, p. 152) porque não apresentam

uma m

etodologia de ensino da Educação Física, um

a vez que o term

o meto

do

logia

de

en

sino é entendido por este autor

como sendo:

(...) a explicitação de uma dinâ

-

mica curricular que contem

ple a relação do tratam

ento a ser dispensado

ao conhecim

ento (desde sua seleção até sua or-ganização no sistem

a escolar, associados à questão de tem

po e espaço pedagógicos) com

o projeto de escolarização ineren

-

te ao projeto pedagógico da es-cola, tudo isso sintonizado com

um

a determinada configuração

da normatização desse projeto

de escolarização na expressão de um

a determinada form

a de gestão educacional.

Nesse sentido, as teorias

com

ponente

s das te

orias n

ão p

ropo-

sitivas são conceituadas como abor-

dagens, sendo elas: a abordagem

fenomenológica; “Sociológica” e

a abordagem “C

ultural”.A

seguir, cad

a con

cep-

ção, ab

ord

agem e p

erspectiva

serão

sinte

ticamente

apre

sentad

as

com o objetivo de destacar seus

principais apontamentos à Educa

-

ção Física escolar.

1.1

- Ab

ord

agem

Fen

om

en

o-

lógica

De acordo com

Castellani

Filho (1999), os principais teóricos dessa abordagem

são Silvino San-

tin e Wagner W

ey Moreira. B

asei (2

00

8) sin

aliz

a im

po

rtan

tes p

on

tos

acerc

a d

o e

nte

nd

imen

to d

o te

rmo

feno

men

olo

gia. Enten

de q

ue, eti-

mo

logicam

ente, fen

om

eno

logia

significa o estudo ou a ciência do fenôm

eno. Concretizou-se e se de

-

senvolveu com H

usserl como um

m

ovimento filosófico que constituiu

um

a d

as p

rincip

ais c

orre

nte

s de

pensamento do século X

X.

Merleau-Ponty (a

pu

d BA

-

SEI, 2008, p. 1) nos trás uma defi

-

nição interessante sobre o que seja fenom

enologia:

[...] fenomenologia é o estudo

das essências, é uma filosofia

que recoloca

as essências

na existência; um

a filosofia para a

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An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

22

7

qual não se pode compreender o

homem

e o mundo senão a partir

de sua facticidade; é uma filosofia

transcendental que coloca entre parênteses para se com

preender as afirm

ações da atitude natural e, além

disso, a tentativa de uma

descrição direta de nossa experi-ência tal com

o é, sem levar em

conta a sua gênese psicológica e as explicações causais do cientis-ta. Sendo assim

, ela é um cons-

tante recomeçar, um

problema,

ela está sempre em

estado de as-piração – desejando alcançar um

determ

inado objetivo.

Em âm

bito escolar, a abor-dagem

fenomenológica tem

como

foco o movim

entar-se humano e a

relação do indivíduo com o m

eio: sujeito-espaço, sujeito-tem

po, sujei-to-objetos, etc.

Busca-se nas aulas de Edu

-

cação Física d

esenvo

lver a capa-

cid

ad

e d

e to

mad

a d

e d

ecisã

o e

autonomia dos alunos, bem

como

propiciar a estes uma prática lúdica,

de cooperação e socialização com

os demais colegas de classe.

1.2

- Abord

agem “So

cioló

gica”

Castellan

i Filho

(19

99

) e Palafox e N

azari (2007) aponta com

o principal teórico correspon-

dente à abordagem “Sociológica”

Mauro B

etti.

Mauro B

etti é o autor da obra “Educação Física e Sociedade”, u

ma d

as p

rincip

ais o

bra

s acerc

a

da abordagem “sociológica”. Este

autor destaca a relação fenômeno

esportivo e instituição escolar como

entendimento fundam

ental para os adeptos a essa abordagem

, assim a

define como:

(...) não é difícil definir o objeti-vo da Educação Física na escola, in

cluin

do o

esp

orte

com

o u

m d

e

seus conteúdos: introduzir o alu-

no no universo cultural das ativi-dades físicas, de m

odo a prepa-

rá-lo para elas usufruir durante toda sua vida. (...) D

eve-se en-

sinar o basquetebol, o voleibol (a dança, a ginástica, o jogo...), visando

não apenas

o aluno

presente, mas o cidadão futuro,

que vai partilhar, produzir, re-

produzir e transformar as form

as culturais da atividade física. Por isso, na Educação Física escolar, o esporte não deve restringir-se a um

‘fazer’ mecânico, visando

um

rendim

ento

exte

rior ao

indi-

víduo, mas tornar-se um

‘com-

preender’, um ‘incorporar’, um

‘aprender’ atitudes, habilidades e conhecim

entos, que levem o

aluno a dominar os valores e pa-

drões da cultura esportiva (BET

-

TI, 1991 p.16).

Nesse sen

tido

, po

dem

os

concluir que, para Betti, o conteúdo

22

8

prin

cipal d

a Edu

cação Física em

âm

bito

escolar é o

espo

rte. Po

is, m

esmo fazendo referência aos ou

-tros conteúdos da Educação Física, enfatiza-se o conteúdo esporte, a cultura esportiva.

1.3

- Ab

ord

agem “C

ultu

ral”

Nesta abordagem

, o prin-

cipal autor representante é Jocimar

Daolio. Para o m

esmo, a Educação

Física é con

siderad

a com

o p

arte d

a cultu

ra hu

man

a, ou

seja, ela se constitui num

a área de conhe-

cimen

to q

ue estu

da e atu

a sob

re um

conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao m

ovimento, criadas pelo

homem

ao longo de sua história: os jogos, as ginásticas, as lutas, as danças e os esportes.

O corpo é um

a síntese da cultu-

ra, porque

expressa elem

entos específicos da sociedade da qual faz parte. O

homem

, através do seu corpo, vai assim

ilando e se apropriando dos valores, norm

as e costum

es sociais, num proces-

so de inCO

RPO

ração (a palavra é significativa). M

ais do que um

aprendizado intelectual, o indiví-duo adquire um

conteúdo cultu-

ral, que se instala no seu corpo, no conjunto de suas expressões (D

AO

LIO, 1995, p. 25).

Ain

da d

e a

co

rdo

co

m o

autor, o profissional de Educação

Física deve resp

eitar as diversas

culturas e, dessa forma, ficar aten

-

to, p

ois, q

uan

do

trabalh

a com

o hom

em através de seu corpo, estão

trabalhando com a cultura im

pres-sa nesse corpo e expressa por ele. O

u seja, trabalhar com o corpo é

interferir na sociedade na qual este corpo faz parte.

2- T

eo

rias p

rop

ositiv

as n

ão

sistem

atizadas e a ed

ucação

física esco

lar

Dentro do grupo de teo

-

rias propositivas, ou seja, daquelas p

edago

gias qu

e pro

em u

ma

metodologia de trabalho, C

astellani Filho (1999) ainda divide as teorias de educação física em

sistematiza

-

das e não sistematizadas. A

s teorias n

ão

sistem

atiz

ad

as sã

o d

itas p

elo

auto

r com

o sen

do

con

cepçõ

es, ten

do

em vista q

ue asp

iram u

ma

nova conformação para a aula de

educação física, sem, contudo, sis-

tematizar os conteúdos que devam

ser trabalhados.

2.1

- Co

ncep

ção

Dese

nvo

lvi-

men

tistaA concepção desenvolvi-

men

tista de Ed

ucação

Física tem

como principal referencial teórico

Go Tani. D

e acordo com este autor,

as aulas de Educação Física devem

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An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

22

9

proporcionar às crianças oportunida-des que as possibilitem

ter um pleno

desenvolvimento m

otor, de modo

que aos 12 anos ela já tenha desen-

volvido um grande repertório m

otor de todas as habilidades básicas.

O co

nd

icion

amen

to fí-

sico ad

equ

ado

, desen

volvim

ento

afetivo-social e cognitivo da criança seriam

, de acordo com essa concep

-

ção, baseados no desenvolvimento

mo

tor (M

AN

OE

L; K

OK

UB

UN

; TA

NI et al. 1988).

Em resum

o:

[...] os movim

entos são de fun-

damental

importância

para a

vida do ser humano em

seus di-ferentes aspectos. O

nde existe vida, existe m

ovimento; e vida

é im

possível sem

m

ovimento

(MA

NO

EL; K

OK

UB

UN

; TA

NI

et al. 1988, p. 13).

Nesse sen

tido

, o m

ovi-

mento, nessa concepção, é consi-

derado como o objeto de estudo e

aplicação da Educação Física.

2.2

- Concep

ção C

onstru

tivista

Co

mo

prin

cipal referen

-

cial teórico

desta co

ncep

ção d

e Educaçao Física, podem

os destacar João B

atista Freire.D

e a

co

rdo

co

m e

ssa c

on

-

cepção

, para q

ue as ativid

ades

físicas e noções lógico-matem

áticas,

necessárias para as atividades es-co

lares, se desen

volvam

adeq

ua-

damente nas crianças, a Educação

Física deve contribuir para o desen-

volvimento m

otor destas.O

s jogo

s e brin

cadeiras

que estimulem

a cognição, a mo

-

tricidade, socialização e afetividade da criança, bem

como a utilização

de m

ateriais alternativo

s, são o

s conteúdos privilegiados nas aulas de Educação Física pautadas nessa concepção.

Palafo

x e Nazari (2

00

7)

destacam com

o objeto de estudo da concepção construtivista a m

o-

tricidade humana, entendida com

o o

con

jun

to d

e hab

ilidad

es qu

e perm

item ao hom

em produzir co

-

nhecimento e se expressar. Q

uanto ao seu conteúdo básico, seria traba-lhado, inicialm

ente, a cultura dos próprios alunos, de m

odo a tornar, o conhecim

ento significativo a estes. O

foco é trabalhar com a educação

dos sentidos, educação da motrici-

dade, educação do símbolo.

Nessa co

ncep

ção a Ed

u-

cação Física tem com

o conteúdos principais:

[...] brincadeiras populares, jogo sim

bólico e jogo de regras. Sua finalidade é a construção do co

-

nhecimento através do resgate

de conhecimento do aluno para

a solução de problemas. A

te-

mática principal fica por conta

23

0

da cultura popular, do jogo e do que é lúdico (V

ALD

AN

HA

N

ETTO, 2006, p. 1).

2.3

- Edu

cação Física “P

lural”

Os p

rincip

ais a

uto

res d

es-

sa concepção são Jocimar D

aolio e Tarcísio M

auro Vago. A

pedagogia dita Educação Física “Plural” origi-nou-se da abordagem

“Cultural”.

Para Daolio (1996, p. 41),

a proposta de uma Educação Física

Plural tem com

o condição mínim

a e prim

eira que:

(...) as aulas atinjam todos os alu

-

nos, sem discrim

inação dos me-

nos hábeis, ou das meninas, ou

dos gordinhos, dos baixinhos, dos m

ais lentos. Esta Educação Física Plural parte do pressupos-to que os alunos são diferentes, recusando o binôm

io igualda-

de/desigualdade para compará-

los. Sendo eles diferentes e ten-

do a aula que alcançar todos os alunos, alguns padrões de aula terão que, necessariam

ente, ser reavaliados. Parece que é o que vem

acontecendo com as aulas

mistas. O

s professores, não sem

dificuldades, tem

lidado

com

as diferenças entre meninos e

meninas.

objetivo não

será a

aptidão física dos alunos, nem a

busca de um m

elhor rendimen

-

to esportivo. Os elem

entos da cu

ltura

co

rpo

ral se

rão

trata

do

s

como conhecim

entos a serem

sistematizados e reconstruídos

pelos alunos.

A sistem

atização dessa con-

cepção tem em

vista propiciar oportu-

nidades motoras aos alunos, afim

de que eles explorem

sua capacidade de m

ovimentação, descubra expressões

corporais e domine seu corpo.

2.4

- Co

ncep

ção

de “A

ula

s A

bertas”A

con

cepção

de m

eto-

dologia de ensino denominada de

“Aulas A

bertas” tem com

o idealiza-

dor Reiner H

ildebrandt e, de acordo com

Hirai e C

ardoso (2006), aponta para aulas orientadas nos alunos, no processo, na problem

atização e na com

unicação. Nessa concepção, o

professor deixa de ter papel central nas aulas de educação física, sen

-do o ensino orientado ao aluno. Já M

ezzaroba, Coelho e C

ardoso (2

00

7) ch

amam

essa con

cepção

de “m

étod

o d

e aulas ab

ertas às exp

eriências”, e ap

on

tam co

mo

suas p

rincip

ais características: 1- ação sim

ultânea de professor e alu

no

no

pro

cesso

de a

pre

nd

iza-

gem; 2

- o esp

orte é d

etermin

ado

como um

a peça modificável; 3- o

modo de transferir conhecim

entos deve deixar espaço para um

jogo de ações, perm

itindo que o aluno aja autonom

amente, visando o de

-

Page 5: AbordagemEF.pdf

An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

23

1

senvolvimento de sua criatividade,

com

un

icação e co

op

eração; 4

- o aluno é o sujeito de seu processo de aprendizagem

.Em

síntese, uma aula de

Educação Física pautada nessa con-

cepção, tem com

o:

Objetivos

Gerais:

Trabalhar o

mundo do m

ovimento em

sua am

plitu

de e

co

mp

lexid

ad

e c

om

a intenção de proporcionar, aos participantes,

autonomia

para as capacidades de ação. Seria

-

ção Escolar: Pode ser trabalhada d

en

tro d

a a

tual e

strutu

ra c

urri-

cular escolar. Preocupa-se mais

em com

o trabalhar, acessar e tornar

significativo os

conteú-

dos aos participantes. Conteú

-

dos Básicos: O

mundo do m

o-

vimento e suas relações com

os outros e as coisas (PA

LAFO

X;

NA

ZA

RI; 2007, p. 1).

2.5

- Concep

ção C

rítico-Em

an-

cipató

riaEssa concepção indica que as aulas de Educação Física devem

proporcionar às crianças o aprendi-zado das m

odalidades esportivas e, por m

eio desta, contribuindo para a form

ação do aluno.T

em co

mo

prin

cipal re

-

ferência Elen

or K

un

z. Qu

e desse

modo K

unz (1996) aponta a dife-

rença entre a proposta da Educação

Física hoje e o que se entende como

co

mp

rom

isso e

du

cacio

nal e

sco

lar

só p

od

e ser resolvid

a qu

and

o a

Educação Física conseguir transfor-m

ar as suas especificidades práticas em

tarefas pedagógicas desejáveis, o

u seja, n

ão exclu

ir a prática d

o esporte, m

ovimentos e jogos, m

as, por m

eios deles, desenvolver a fun-

ção social e política que é inerente a toda ação pedagógica. Para ele com

preender e discutir a situação da Educação Física escolar se faz n

ecessário co

nsid

erar os fato

res individuais, biológicos, sociais (fa

-

miliares), históricos, culturais que,

envolvem e determ

inam a relação

do indivíduo, no caso, aluno com a

prática da Educação Física.D

e acordo com K

unz, nes-sa concepção, a Educação Física de

-

verá proporcionar ao aluno conhe-

cimentos que transcendam

apenas os da prática esportiva, proporcio

-

nando as estes o desenvolvimento

de sua comunicação, não apenas

den

tro d

a prática esp

ortiva, m

as tam

bém no seu relacionam

ento so-

cial, político, econômico e cultural,

além de levar até os alunos diver-

sos outros tipos de conhecimento,

como por exem

plo, conhecimentos

relacionados à saúde.B

usso

e Ven

ditti Ju

nio

r (2

00

5, p

. 1) en

tend

em q

ue au

las d

e Edu

cação Física p

autad

as na

con

cepção

crítico-em

ancip

atória

objetiva, sobretudo:

23

2

[...] alcançar, objetivos primor-

diais do ensino, e através das atividades

com

o m

ovimento

humano, o desenvolvim

ento de com

petências como a autono

-

mia, a com

petência social e a com

petência objetiva.

Os au

tore

s ainda d

estacam

que a concepção crítico-em

ancipa-

tória tem com

o temática principal

aplicar o conhecimento conscien

-tem

ente e refuncionalizar o conhe-

cimento hum

ano, com o objetivo

fundamental de identificar o esporte

e suas transformações sociais por

meio do m

ovimentar-se hum

ano.

3- T

eorias p

rop

ositivas siste

-m

atizadas e a ed

ucação

física esco

lar

As únicas teorias a respeito

da metodologia de ensino da educa-

ção física que, de acordo com C

as-

tellani Filho (1999) são propositivas e sistem

atizadas são as perspectivas d

a aptid

ão física e a p

erspectiva

crítico-superadora.

3.1

- Persp

ectiv

a d

a A

ptid

ão

Física

Essa persp

ectiva de Ed

u-

cação Física tem

com

o p

rincip

al teó

rico n

a atualid

ade V

itor M

at-sudo e com

o base fundamental as

ciências biológicas e foi de grande im

portância para o estabelecimento

e manutenção da sociedade capita

-lista no sentido em

que contribuiu para a form

ação de um novo ho

-m

em: forte, ágil e em

preendedor, ad

ap

tad

o a

os m

ecan

ismo

s socia

is exigid

os p

or este sistem

a. Neste

sentido, o conteúdo esporte é pri-vilegiad

o, m

ais especificam

ente:

o vô

lei, futeb

ol, b

asqu

ete e han

-debol (PA

LAFO

X; N

AZ

AR

I, 2007; SO

AR

ES; TAFFA

REL; V

AR

JAL et al.

1992; MELLO

, 2009)

Tab

ela 1: Principais pontos da m

etodologia de ensino e objetivo da Edu-

cação Física escolar na perspectiva da aptidão física.

Prin

cipais p

on

tos d

a m

eto

do

logia

de e

nsin

oO

bje

tivo

da a

ula

- Modelos de aulas são estabelecidos pelo professor com

base na repetição de exercícios e m

ovimentos;

- Exposição oral do professor;- R

igidez e disciplina nas aulas (visão militarista);

- A

usência de

mom

entos de

reflexão pedagógica

sobre os

conteúdos;- A

ulas no formato de treinam

ento esportivo;- A

ulas marcadas por três partes: aquecim

ento, parte principal e volta à calm

a.

- Ap

rimo

ram

en

to

da aptidão física dos alunos, visando o desenvolvim

ento d

a c

ap

acid

ad

e

física máxim

a destes.

* Principais referenciais utilizados para a construção da tabela: Cordeiro Júnior e Ferreira (1999) e

Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992).

Page 6: AbordagemEF.pdf

An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

23

3

3.2

- Persp

ectiv

a C

rítico

-Su

-p

erado

raA p

erspectiva crítico

-su-

peradora foi explicitada no ano de 1

99

2 co

m a p

ub

licação d

o livro

“Meto

do

logia d

o En

sino

de Ed

u-

cação Física” escrito

po

r Soares,

Taffarel, Varjal, B

racht, Castellani

Filho e Escobar, grupo conhecido com

o “Coletivo de A

utores”.A

seguin

te pro

po

sta de

trabalh

o co

m a Ed

ucação

Física tem

como raiz teórica a perspectiva

materialista-histórica de K

arl Marx e

entende a Educação Física como:

(...) um

a prática

pedagógica que, no âm

bito escolar, temati-

za formas de atividades expres-

sivas corporais como: jogo, es-

porte, dança, ginástica, formas

estas que configuram um

a área de conhecim

ento que podemos

chamar de cultura corporal (SO

-

AR

ES, TAFFA

REL; V

AR

JAL et al.

1992, p. 50).

Essa perspectiva tem três

características específicas d

e re-

flexão p

edagó

gica: é diagn

óstica

porque constata e lê os dados da realid

ade; é tam

bém

jud

icativa, um

a vez que julga essa constatação a partir de um

a ética proveniente de in

tere

sses d

e d

ete

rmin

ada classe

so-

cial e, por fim, é teleológica por que

tem um

objetivo específico. Assim

,

tendo em vista as determ

inações de classes o projeto político-pedagógi-co representa um

a intenção, a qual o professor deve ter bem

definida (SO

AR

ES; TA

FFAR

EL; VA

RJA

L et al. 1992).T

end

o co

mo

con

teúd

os

específicos os elementos da cultura

corporal, as aulas de Educação Físi-ca na perspectiva crítico-superadora d

evem p

artir do

s con

hecim

ento

s que os alunos já tem

sobre os con-

teúdos a serem trabalhados. D

eve ser levad

o em

con

ta, tamb

ém, a

realidade histórico-social a qual os alunos estão inseridos, para que as au

las p

rop

orc

ion

em

a e

stes u

ma

leitura d

a realidad

e. Em su

ma, o

conhecimento escolar seria tratado

desd

e sua gên

ese, perm

itind

o ao

alun

o en

tend

er-se com

o su

jeito h

istórico

capaz d

e interferir n

a sociedade.N

a escola essa perspectiva d

e Edu

cação Física p

od

e con

tri-buir para os interesses populares, su

bstitu

ind

o a in

divid

ualid

ade

pela solidariedade, a disputa pela cooperação, enfim

. Nesse processo,

Soares, Taffarel, Varjal et al. (1992)

destacam a grande im

portância da presença da técnica e da tática no processo de ensino/aprendizagem

. A

observação realizada é referente à lim

itação q

ue o

pro

fessor vem

dando em

suas aulas à técnica e a tática, ou seja, de acordo com

esta perspectiva de trabalho na Educa

-

23

4

ção Física a técnica não deve ser vista com

o objetivo, como fim

, mas

sim, com

o meio para proporcionar

o d

esenvo

lvimen

to co

mp

leto d

o aluno (B

AR

BIER

I, 2010).A

proposta metodológica

dessa perspectiva consiste em, so

-

bretudo, substituir o sistema vigente

de ensino, organizado por séries, p

ela ado

ção d

e ciclos d

e escola

-

rização, o

rganizad

os d

a seguin

te m

aneira:

- 1º C

iclo: Organização da Identifi

-

cação da Realidade, abordando 1º e

3º séries do ensino fundamental;

- 2º C

iclo: Iniciação à Sistem

atiza-

ção do Conhecim

ento, englobando

da 4º a 6º séries do Ensino Funda-

men

tal;

- 3º C

iclo: A

mpliação da Sistem

a-

tização do Conhecim

ento, corres-pondente 7º a 8º séries do Ensino Fundam

ental;- 4

º Cic

lo: Sistematização do C

o-

nh

ecim

en

to, m

aterializ

ada n

o período de 1º a 3º séries do Ensino M

édio.

A segu

ir, estão ap

resen-

tado

s, de fo

rma sin

tetizada, o

s p

rincip

ais po

nto

s meto

do

lógico

s p

rop

osto

s, bem

com

o o

ob

jetivo n

orte

ad

or d

e u

ma a

ula

pau

tad

a

nessa perspectiva:

Tab

ela 2: Principais pontos da m

etodologia de ensino e objetivos da edu-

cação física escolar na perspectiva crítico-superadora.

Prin

cipais p

on

tos d

a m

eto

do

logia

de e

nsin

oO

bje

tivo

s da a

ula

- Regate histórico do conteúdo a ser trabalhado em

aula;- A

ulas em diversos espaços;

- Ponderada rigidez/disciplina nas regras de convívio social;-

Trabalhos em

pequenos

grupos utilizando

o recurso

da problem

atização;- U

tilização de diversos materiais (oficiais e alternativos);

- Diálogo entre professor e aluno;

- Aulas m

arcadas pelos mom

entos: introdução, desenvolvimento

e avaliação final.

- Aprendizagem

dos conteúdos da cu

ltura

co

rpo

ral

pelo

alu

no

;

- Leitura da re

alid

ad

e;

- Desenvolvim

ento hum

ano.

* Principais referenciais para a construção da tabela: C

ordeiro Júnior e Ferreira (1999) e Soares, Taffarel, V

arjal et al. (1992).

Page 7: AbordagemEF.pdf

An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

23

5

4- A

nálise d

os artigo

s publicad

os

em 2

009 n

a revista brasileira d

e ciên

cias do esp

orte (rb

ce)A

Revista B

rasileira de

Ciências do Esporte (R

BC

E) é um

do

s mais tra

dic

ion

ais e

imp

orta

nte

s

perió

dico

s científico

s brasileiro

s n

a área da Ed

ucação

Física. Essa revista p

ub

lica anu

almen

te três exem

plares, sendo o primeiro no

mês de janeiro, o segundo no m

ês de m

aio e o terceiro em setem

bro. N

o an

o d

e 20

09

, suas ed

ições

foram com

postas por 13, 14 e 12 artigos originais, respectivam

ente. Foi publicado, tam

bém, de form

a adicional, o C

adern

os d

e F

orm

açã

o

RB

CE, no m

ês de setembro, com

-

posto por 8 artigos, totalizando 47 artigos publicados em

2009.

Tendo em vista o objetivo

de nossa pesquisa - identificar a pre-

valência das abordagens e concep-

ções de Educação Física quanto às m

etodologias de ensino presentes nos trabalhos publicados na R

BC

E em

2009 – foram analisados apenas

artigos que tratassem da educação

física em âm

bito escolar. Alguns au

-

tores não explicitaram a abordagem

/co

ncep

ção a q

ual p

autaram

suas

pesquisas. Nesse sentido, algum

as classificações foram

feitas mediante

as características apresentadas no decorrer dos textos. N

o total, foram

selecion

ado

s para an

álise apen

as 11 artigos, apresentados na tabela a seguir:

Tab

ela 3: Lista de artigos analisados e abordagens/concepções destes.

Au

tore

sT

ítulo

do

artig

o

Ab

ord

agem

,

con

cep

ção

ou

persp

ectiv

a

VA

GO

(20

09

)Pensar a Educação Física na Escola: para um

a formação cultural da infância

e da juventude

Propositiva não sistem

atizada:Educação Física “Plural”

RIC

HT

ER (2

00

9)

Dos lugares do Esporte nas aulas de

Educação Física: algumas possibilidades

de intervenção pedagógica

Não propositiva:

Abordagem

Fenom

enológica

NA

SCIM

ENT

O;

VA

SCO

NC

ELOS

(20

09

)

Esporte, Educação Física e Educação Infantil: Estabelecendo novos diálogos

Não propositiva:

Abordagem

Fenom

enológica

23

6

Au

tore

sT

ítulo

do

artig

o

Ab

ord

agem

,

con

cep

ção

ou

persp

ectiv

a

REZ

ER (2

00

9)

Pressupostos orientadores para o ensino dos “Futebóis” na Educação Física Escolar...

Propositiva sistem

atizada: Perspectiva C

rítico-Su

pera

do

ra

GO

LÇA

LVES;

AB

ELHA

; N

OG

UEIR

A

(20

09

)

Handebol Educacional e a O

rganização do trabalho pedagógico

Propositiva sistem

atizada:Perspectiva C

rítico-Su

pera

do

ra

LOP

ES; VIEIR

A

(20

09

)

A construção do saber ensinar

caratê nas aulas de Educação Física: Enfrentam

entos e possibilidades na prática pedagógica da EM

EF “Centro de

Jacaraípe”, Serra-ES

Propositiva siste

matiz

ad

a

Perspectiva Crítico-

Su

pera

do

ra

MELO

(20

09

)Esporte e C

inema: R

elações e Possibilidades Pedagógicas

Perspectiva da Educação Estética

STIG

GER

(20

09

)Lazer, C

ultura e Educação: Possíveis A

rticulaçõesA

bordagem Sócio-

Cultural

NA

SCIM

ENT

O;

DA

NT

AS (2

00

9)

FENST

ERSEIFER

(2

00

9)

MEN

DES; P

IRES

(20

09

)

O D

esenvolvimento H

istórico-Cultural

Da C

riança Nas A

ulas de Educação Física: Possibilidades de Trabalho a Partir da A

tividade Principal e Dos

Temas

Epstemologia e Prática Pedagógica

Desvelando a Janela de V

idro: Relato

de Experiência de Mídia- Educação e

Educação Física

Propositiva sistem

atizada:Perspectiva C

rítico-Su

pera

do

ra

Propositiva não-sistem

atizada:C

rítico-Emancipatória

Propositiva não sistem

atizada:A

bordagem

“Sociológica”

Logo, em nossa análise, foi

encontrada a seguinte prevalência de abordagens, concepções e pers-pectivas de Educação Física:

Page 8: AbordagemEF.pdf

An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

23

7

Tab

ela 4: Prevalência das abordagens/concepções/perspectivas de Educa

-

ção Física encontrada nos artigos relacionados à Educação Física escolar publicados na R

BC

E em 2009.

Ab

ord

agem

/con

cep

ção

/persp

ectiv

aN

º de

artig

os

Abordagem

Fenomenológica

2

Abordagem

“Sociológica”1

Abordagem

“Cultural”

0C

oncepção Desenvolvim

entista0

Concepção C

onstrutivista0

Educação Física “Plural”1

Concepção de “A

ulas Abertas”

0C

oncepção Crítico-Em

ancipatória1

Perspectiva da Aptidão Física

0Perspectiva C

rítico-Superadora4

Perspectiva da Educação Estética e A

bordagem Sócio-C

ultural2

Mediante esse resultado,

podemos entender que a produção

bibliográfica de artigos científicos p

ub

licado

s em 2

00

9 n

a RB

CE

encontrou-se bastante heterogênea quanto às abordagens, concepções e perspectivas de Educação Física no que se refere a m

etodologia de ensino, o que nos leva a concluir que não existe m

ais uma predom

i-nância de perspectiva com

o havia anteriorm

ente a década de 80.

Co

nsid

erações fi

nais

A análise da prevalência

das p

erspectivas em

qu

e vêem

send

o p

rod

uzid

os o

s trabalh

os

científicos faz-se relevante na me-

dida em que estes evidenciam

ou, até m

esmo, servem

de referência à

prática pedagógica do professor de Educação Física nas escolas.

Entendemos que o surgi-

men

to d

as diversas co

ncep

ções,

abordagens e perspectivas de Edu-

cação Física a partir da década de 80 vieram

estabelecer um grande avan

-

ço nessa área de conhecimento. Isso

porque estas obras e pensamentos

trouxeram, cada um

a à sua manei-

ra, um

significad

o à p

resença d

a Educação Física naquele m

omento

histórico e serviram de base para o

desenvolvimento do entendim

ento de Educação Física quanto à m

eto-

dologia de ensino no espaço escolar que tem

os atualmente.

Por outro lado, é impor-

tante salientarmos que essa hetero

-

geneidade pode gerar uma confusão

ao professor em sua prática escolar,

23

8

EF DEP

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um

a vez qu

e, em n

ossa an

álise, algu

ns artigo

s não

dem

on

straram

claramen

te em q

ue p

erspectiva

teórica estavam direcionados, fato

que poderia dificultar a transmissão

do conhecimento aos alunos.

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Dig

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Page 9: AbordagemEF.pdf

An

o X

X, n

° 31, d

ezem

bro

/2008

23

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Recebido: 11/fevereiro/2010.

Aprovado: 24/abril/2010.