ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO...

141
MÔNICA NORRIS RIBEIRO ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O USO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS (2004-2006) Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde. Orientadora: Prof a . Dr a . Miriam Struchiner RIO DE JANEIRO 2008

Transcript of ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO...

Page 1: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

MÔNICA NORRIS RIBEIRO

ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL:

ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O USO DE

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

NO ENSINO DE CIÊNCIAS (2004-2006)

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia

Educacional nas Ciências da Saúde, Núcleo de

Tecnologia Educacional para a Saúde,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Tecnologia Educacional nas

Ciências da Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Miriam Struchiner

RIO DE JANEIRO

2008

Page 2: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

2

Ribeiro, Mônica Norris

Abordagens de inclusão digital: análise da produção acadêmica sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação no ensino de ciências (2004-2006) / Mônica Norris Ribeiro. – Rio de Janeiro: UFRJ / Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, 2008.

138 f. : il. ; 31 cm

Orientador: Miriam Struchiner

Dissertação (mestrado) -- UFRJ, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, 2008.

Referências bibliográficas: f. 102-112 1. Ciências naturais – educação. 2. Ensino - tendências. 3. Tecnologia da informação – análise. 4. Tecnologia educacional - tendências. 5. Desenvolvimento tecnológico. 6. Aprendizagem. 7. Acesso à informação. 8. Indicadores de produção científica. 9. Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde - Tese. I. Struchiner, Miriam. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde. III. Título.

Page 4: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

3

Mônica Norris Ribeiro

ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL:

ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O USO DE

TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

NO ENSINO DE CIÊNCIAS (2004-2006)

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde, Núcleo de Tecnologia

Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Tecnologia

Educacional nas Ciências da Saúde.

Rio de Janeiro, 29 de Fevereiro de 2008.

______________________________________________

Prof a Dr. Miriam Struchiner – UFRJ

______________________________________________

Prof a Dr. Maria Helena Cautiero Horta Jardim – UFRJ

______________________________________________

Prof. Dr. Luiz Augusto Coimbra de Rezende Filho- UFRJ

______________________________________________

Prof.. Dr. Luiz Manoel Silva de Figueiredo – UFF

Page 5: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

4

Dedico esse trabalho ao meu pai, Iracy, em gratidão pelo exemplo de vida e o apoio incondicional e aos meus filhos, Mário Luiz e Maurício,

como exemplo de que vale a pena lutar por aquilo que se acredita.

Page 6: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

5

AGRADECIMENTOS

Existem mistérios na vida que são mesmo para serem indecifráveis. Assim são os encontros que

surgem com pessoas essenciais no rumo das nossas vidas. Pessoas que nos acompanham desde sempre, aquelas que, de repente, não mais estão aqui, se foram, às vezes temporariamente, às vezes um tempo sem volta... pessoas que surgem e se tornam fundamentais para a realização daquele projeto, para concretizar aquela vitória. São estas pessoas que gostaria de agradecer por esta vitória tão especial. Não só agradecer, mas também compartilhar, porque esta vitória também é delas.

A Deus que soube guiar meus passos com sabedoria para que eu trilhasse, mesmo que com momentos de dificuldades, o caminho que fosse necessário para chegar até aqui, semeando esta trajetória com amizade, compreensão e amor que recebi de tantos que deixaram suas marcas durante este período.

À minha orientadora, Miriam Struchiner, muito mais que professora, uma pessoa de fato muito especial. Um misto de paciência, sabedoria, compreensão e tolerância, que sem desmerecer nenhum esforço e estimular sempre, me provou que conhecimento se constrói com disciplina e cooperação. Meu respeito, minha admiração e minha eterna gratidão.

Ao meu pai, Iracy, meu “companheirão” das horas mais difíceis, que sempre me pediu este presente, terminar o mestrado, custasse o que custasse. O seu exemplo, dedicando-se aos estudos já com certa idade, foi um grande incentivo de também deixar este exemplo aos meus filhos.

À minha mãe Eunice que, mesmo distante, tenho certeza, sempre zelou por mim. Aos meus filhos, Mário Luiz e Maurício, meus dois presentes, razão de muitas alegrias e

sacrifícios, as minhas desculpas pelos momentos de ausência e o meu “muito obrigada” pela compreensão e apoio, sempre demonstrando sua cumplicidade e companheirismo.

Ao meu avô Orvil Marion Norris pelos momentos de convivência, verdadeiras aulas. À minha família. Àqueles que estiveram ao meu lado, segurando a minha mão, como meus Tios

Célio e Vera, minha prima, mais irmã do que prima, Gina e aos outros membros, primos, tios.....e também, e porque não, àqueles que, por opção, não estão ao meu lado para assistirem de perto este momento. Que pena!

Aos meus amigos. Velhos amigos, novos amigos. Graças a Deus são tantos que terei que buscar alguns representantes, me desculpem. Ao meu trio indescritível, Sueli Venâncio, Sônia Reis, Leninha Borges. Minhas irmãs. Ao meu amigo Maurício Bueno, culpado de eu estar no mestrado. Aos meus amigos de infância, Eliete, Dodores. Aos meus amigos novos Geralda, Viviane, Paulo, Ediane. Aos meus amigos de trabalho da SME - Secretaria Municipal de Educação de Piraí e Piraí Digital.

À família NUTES que quebrou todas as barreiras que imaginava sobre a frieza do mundo acadêmico e transformou a minha convivência neste espaço muito mais leve e prazerosa. Regina, Edite, Sílvia, Elison, Lúcia, Ricardo, Paulo, Val, Mara e tantos outros. Aos companheiros alunos Fabiano, Cláudia Valéria, João, Luciana, Fábio, Marina, Leonel e minhas duas “co-orientadoras”, minhas amigas Paula e Taís, presentes que Deus colocou na minha vida. Obrigada pela força e pelos momentos de terapia.

Aos meus professores de todos estes tempos, desde minha eterna professora Maria Helena Cautiero Horta Jardim, 1ª dentre tantos, até a equipe docente do NUTES, com quem aprendi muito.

Aos meus companheiros de turma, grandes incentivadores com quem dividi muitas alegrias e sufocos. A eles, um agradecimento em especial à Leninha que me acompanhou nesta louca aventura de iniciar um mestrado para quem nem sabia como chegar na UFRJ.

Ao Marcus Paulo, antes de tudo, um grande e especial amigo. Com quem hoje tenho o prazer de dividir minhas alegrias e tristezas. De quem sempre recebi muito apoio e incentivo. Obrigado por me fazer tão feliz.

Page 7: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

6

RESUMO

RIBEIRO, Mônica Norris. Abordagens de Inclusão Digital: preservação análise da produção acadêmica sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação no ensino de ciências (2004-2006). Rio de Janeiro, 2008. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde)- Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008

Considerando a importância atual de se discutir a questão da inclusão digital como promotora de inclusão social, essa dissertação pretende contribuir para avaliar os conceitos e abordagem de Inclusão Digital na produção acadêmica do Ensino de Ciências. Nós analisamos artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais de ensino de Ciências e Matemática no período de 2004-2005. O critério para seleção dos estudos partir do Portal CAPES foi: (1) o contexto do estudo poderia ser Educação Básica ou Média, e (2) estudo poderia relatar o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação, especialmente Internet no processo de ensino-aprendizagem. O aporte teórico para o estudo sobre inclusão digital foi baseado nos estudos (Keniston (2003); Corgozinho (2003); King (1998); Pacheco (2006); Norris (2001); Ba(2001); Cruz (2004); Ryder (2005); Resnick (2001); Warschauer (2002, 2003); Sil Silveira(2003), Pinkett (2001). Os artigos de pesquisa foram analisados de acordo com as abordagens de inclusão digital em diferentes aspectos a partir de suas visões de inclusão digital e a literatura em educação tais como: (1) familiaridade no uso de tecnologia; (2) modelos de acesso à tecnologia; (3) papel da tecnologia; e (4) impacto ou benefício pelo uso de TICs. Baseado nos resultados, nossa principal conclusão foi que estes aspectos de inclusão digital não foram ainda considerados na produção acadêmica sobre o uso de TICs no Ensino de Ciências. Nós sugerimos que as abordagens de Ciência Tecnologia e Sociedade poderiam servir como uma orientação para estes experimentos educacionais utilizando tecnologia.

Palavras-chave: INCLUSÃO DIGITAL, ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA, ENSINO DE CIÊNCIAS, TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO; PRODUÇÃO ACADÊMICA.

Page 8: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

7

ABSTRACT

RIBEIRO, Mônica Norris. Abordagens de Inclusão Digital: preservação análise da produção acadêmica sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação no ensino de ciências (2004-2006). Rio de Janeiro, 2008. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde)- Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008

Considering the importance of discussing digital inclusion as an element of social

inclusion, this dissertation aimed at contribuitng for the examination about the concepts and approaches of digital inclusion in Science Education academic production.We analysed the 15 articles published in Science and Mathematical Education National and International academic journals in period of 2004-2005. The criteria for selecting the research studies in CAPES periodical site were: (1) the context of the study should be in Basic ou Middle Education; and (2) the study should report the use of Information and Communication Technology, specially Internet in the teaching-learning process.The conceptual famework for studying digital inclusion was based on previous work of (Keniston (2003); Corgozinho (2003); King (1998); Pacheco (2006); Norris (2001); Ba(2001); Cruz (2004); Ryder (2005); Resnick (2001); Warschauer (2002, 2003); Sil Silveira(2003), Pinkett (2001). The research studies were analysed according to their approaches to digital inclusion in different aspects drawn from de digital inclusion and the educational literature such as: (1) user familiarity with the technology; (2) access to technology models; (3) role of technology; and (4) impact and benfits from using tecnology. Based on the results, our main conclusion was that these facets of digital inclusion are still not consired in the academic production about the use of TICs in Science Education. We suggest that a Science Technology and Society approach should serve as an orientation for theses educational experiments using technology.

Key-words: DIGITAL INCLUSION; SCIENTIFIC AND ACADEMIC LITERACY; SCIENCE EDUCATION; INFORMATION AND COMMUNICATION TECHNOLOGY; ACADEMIC PRODUCTION.

Page 9: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

8

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Análise dos Conceitos de Inclusão Digital por Autor e suas Respectivas Visões de Aspecto........20

Quadro 2 – Enquadramento dos Autores de Acordo com Seus Conceitos de Inclusão Digital.........................23

Quadro 3 – Autores e suas Respectivas Conceituações de Alfabetização Científica ..............40

Quadro 4 – Habilidades e Indicadores de Desempenho em TICs. ..........................................65

Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas e Tecnológicas e Inclusão Digital..70

Quadro 6 – Relação de Artigos Selecionados com as Temáticas Alfabetização Científica e

Tecnológica ..............................................................................................................................72

Quadro 7 – Nível de Inclusão Digital e Seus Indicadores .......................................................84

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Diferentes Níveis de Abrangência do Conceito de Inclusão Digital ......................22

Figura 2: Fluxograma do Processo de Seleção dos Artigos para Análise ..............................79

Page 10: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

9

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Lista de Periódicas CAPES ...................................................................................114

Tabela 2: Lista de Periódicos Selecionados ............................................................................78

Tabela 3: Caracterização dos Periódicas e suas Publicações .............................................117

Tabela 4: Relação de Artigos Selecionados .............................................................................81

Tabela 5: Relação das Categorias e seus Respectivos Indicadores ........................................83

Tabela 6: Distribuição dos Artigos por País de Origem .........................................................85

Tabela 7: Distribuição dos Artigos por Língua de Origem .....................................................85

Tabela 8: Distribuição dos Artigos por Temática de Estudo...................................................86

Tabela 9: Distribuição dos Artigos por Disciplina ou Área de Estudo ..................................87

Tabela 10: Natureza do Estudo................................................................................................87

Tabela 11: Distribuição dos Diferentes Usos das TICs ...........................................................88

Page 11: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................................................12

CAPÍTULO 1 – INCLUSÃO DIGITAL ..................................................................................14

1.1 – CONCEITUANDO INCLUSÃO DIGITAL ........................................................................... 14

1.2 – A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE INCLUSÃO DIGITAL.............................................. 24

1.3 – INICIATIVAS DE INCLUSÃO DIGITAL............................................................................. 27

1.4 – CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 36

CAPÍTULO 2 – ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - ACT ..................37

2.1 – CONCEITUANDO ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA........................ 37

2.2 – MOVIMENTO CIÊNCIA TECNOLOGIA E SOCIEDADE - CTS ....................................... 43

2.3 – ESTABELECENDO ASSOCIAÇÃO ENTRE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA,

ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA, ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA E

INCLUSÃO DIGITAL ..................................................................................................................... 47

2.4 – CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 48

CAPÍTULO 3 – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE

CIÊNCIAS ...............................................................................................................................50

3.1 – CONCEITUAÇÕES E VISÕES DE TECNOLOGIA............................................................. 50

3.2 – A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA ESCOLA........................ 53

3.3 – A TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO - TICS NO ENSINO DE

CIÊNCIAS........................................................................................................................................ 59

3.4 – MODALIDADES PEDAGÓGICAS E O USO DE TICS....................................................... 64

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................71

4.1 – SELEÇÃO DOS ARTIGOS PARA ANÁLISE....................................................................... 71

4.1.1 - Técnicas da Análise de Conteúdo...................................................................................................73

Page 12: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

11

4.2 – ETAPAS DE ANÁLISE.......................................................................................................... 76

4.2.1 - Pré-Análise.................................................................................................................. .....................76

4.2.2 - Exploração do Material...................................................................................................................78

4.2.3 - Tratamento dos Resultados Obtidos e Interpretação...................................................................82

CAPÍTULO 5 - ANÁLISE E DISCUSSÃO.............................................................................85

5.1 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS ARTIGOS SELECIONADOS ............................................. 85

5.2 – ANÁLISE DAS ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL APRESENTADAS NOS

ARTIGOS ......................................................................................................................................... 89

5.2.1 - Nível de Habilidade no Uso de TICs..............................................................................................89

5.2.2 - Visão de Tecnologia.........................................................................................................................91

5.2.3 - Visão de Ciência...............................................................................................................................92

5.2.4 - Impacto ou Benefício pela Integração de TICs.............................................................................93

5.2.5 - Visão de Acesso................................................................................................................................96

5.2.6 - Modalidades Pedagógicas pela Integração de TICs.....................................................................97

5.3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................... 98

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................104

ANEXOS ................................................................................................................................113

Page 13: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

12

INTRODUÇÃO

No contexto atual, torna-se importante discutir diferentes concepções de acesso e de

inclusão digital dos indivíduos em nossa sociedade. Isto porque, para acessar as novas formas

de organização do conhecimento e de interação entre indivíduos e grupos sociais, bem como

para o fortalecimento dos diferentes contextos sócio-econômicos e culturais no âmbito da

“Sociedade do Conhecimento”, as tecnologias da informação e da comunicação se constituem

em ferramentas estratégicas.

Desta forma, um conceito maior de inclusão social alia-se hoje ao conceito de inclusão

digital (Warschauer, 2003), que se apóia numa perspectiva educacional que busca uma

formação de habilidades e competências, capazes de proporcionar uma autonomia ao

indivíduo ao longo de sua vida, integrando-o aos avanços tecnológicos.

Partindo destas questões, e como primeiro passo para nos aproximarmos desta

temática, buscamos analisar:

• Como a escola tem se apropriado desta nossa função, a de promotora também

de inclusão digital?

• Como a área de Ensino de Ciências apresenta este conceito de Inclusão

Digital?

• Em especial, na área de Ensino de Ciências, como as iniciativas da área

abordam esta questão?

• A produção acadêmica apresenta iniciativas realizadas com abordagens que

demonstrem a finalidade de inclusão digital?

Partindo destas questões, buscamos analisar, como objetivo principal desta

dissertação, as abordagens de inclusão digital presentes na produção acadêmica na área de

Ensino de Ciências. Para tal, optou-se em selecionar artigos encontrados em periódicos

presentes no Portal CAPES, na área de Ensino de Ciências e Matemática.

A fim de atender a este objetivo, esta dissertação possui a seguinte estruturação:

Page 14: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

13

No capítulo 1, realizou-se uma discussão sobre o conceito de Inclusão Digital-ID a

partir de diferentes autores. Estes conceitos apresentados foram analisados e sistematizados

no conceito presente neste trabalho, houve uma reflexão da importância do estudo deste tema

e foram descritos projetos de inclusão digital nacionais e internacionais.

No 2º capítulo, abordamos o conceito de Alfabetização Científica e Tecnológica-ACT

a fim de promover uma interface entre os dois conceitos: inclusão digital e alfabetização

científica e tecnológica. A proposta de análise deste conceito surgiu da observação de que, na

área de Ensino de Ciências não encontrávamos discussões sobre ID, mas havia discussões

sobre ACT que em muito se assemelhavam. Foram discutidos também o Movimento Ciência,

Tecnologia e Sociedade- CTS e realizou-se uma associação entre estes conceitos.

O 3º capítulo apresenta a metodologia aplicada neste estudo. Optamos pela “Análise

de conteúdo” em conjunto com uma metodologia desenvolvida pelo “Evidence for Policy and

Practice Information and Co-ordinating Center ( the EPPI-Center)” ( Bennett J et al, 2003).

Esta metodologia, desenvolvida pelo próprio centro, é utilizada para revisão sistemática de

literatura em educação.

Por fim, no 4º capítulo apresentamos os resultados obtidos demonstrando uma análise

descritiva dos artigos selecionados, análise dos indicadores de Inclusão digital e concluímos

com as considerações finais realizando uma síntese do estudo, com especial ênfase na

interface construída entre os conceitos de ID e ACT e a sua articulação com o contexto

educacional no Brasil.

Page 15: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

14

Capítulo 1 – INCLUSÃO DIGITAL

Este capítulo tem como objetivo contextualizar e conceituar inclusão digital. Pretende

fazer uma revisão dos principais conceitos e iniciativas de inclusão digital para que, a partir

das diferentes significados presentes na literatura, seja possível optar pela concepção de

inclusão digital que orientará este trabalho.

As tecnologias da informação e da comunicação vêm se constituindo em ferramentas

estratégicas para o acesso às novas formas de organização do conhecimento e de interação

entre indivíduos e grupos sociais, bem como para o fortalecimento dos diferentes contextos

sócio-econômicos e culturais no âmbito da “Sociedade do Conhecimento”. Nesse contexto,

torna-se importante discutir diferentes concepções de acesso e de inclusão digital dos

indivíduos em nossa sociedade.

Segundo Warschauer (2003), não há como desvincular uma visão de inclusão digital

de um conceito maior de inclusão social, visto que a primeira se apóia numa perspectiva

educacional que aposta na formação de habilidades e competências, capazes de proporcionar

uma autonomia ao indivíduo ao longo de sua vida, integrando-o aos avanços tecnológicos.

Estas referências servirão de base para a posterior análise da produção acadêmica na

área de Ensino de Ciências, no que diz respeito aos estudos sobre a utilização de tecnologia da

informação e comunicação no processo de ensino-aprendizagem.

1.1 – CONCEITUANDO INCLUSÃO DIGITAL

Para conceituar inclusão digital, podemos começar buscando o significado destas

palavras. Segundo Ferreira (1986), o vocábulo inclusão está relacionado à ação de incluir.

1.Compreender,abranger. 2.Conter em si. 3.Inserir,introduzir. 4. Estar incluído ou compreendido, fazer parte. A palavra digital significa relativo aos dedos; que tem analogia com os dedos; relacionado com dígitos; relativo aos dados codificados ou convertidos em valores numéricos utilizando o sistema binário (os dígitos 0 e 1, associados a impulsos elétricos). (FERREIRA, 1986, p. 931)

Page 16: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

15

A expressão "inclusão digital", segundo Villar (2005), nasceu do termo "digital

divide", que, em inglês, significa algo como "divisória digital". Hoje, a depender do contexto,

é comum ler expressões similares como democratização da informação, universalização da

tecnologia e outras variantes.

Por sua vez, Sadao (2002) afirma que o termo exclusão digital, "digital divide", tem

sua origem em meados da década de 1990 com a publicação de um artigo de Jonathan

Webber e Amy Harmon no jornal Los Angeles Times em 1995.

Assim, muitos são os conceitos apresentados pela literatura para inclusão digital e

faremos, a partir de agora, a análise de alguns deles.

Dentre os vários conceitos de inclusão digital apontados na literatura, Pinkett (2001)

aborda a questão do acesso sob o ponto de vista da informação e classifica os indivíduos

como ricos em informação (“information rich”) e pobres em informação (“information

poor”); os que têm acesso à informação e os que não têm (“digital haves” e “digital have

nots”). Aponta que a lacuna existente entre eles, caracteriza aqueles que se beneficiam e

aqueles que não se beneficiam das novas tecnologias. O autor utiliza a pesquisa desenvolvida

pela National Telecommunications and InformationAdministration (NTIA) do US Department

of Commerce, “Falling Trough the Net”, realizada em 1999, para afirmar que estas

disparidades se baseiam em aspectos como: renda, nível educacional, raça e mais

especificamente, a interação entre os fatores raça e renda. Aborda ainda uma conceituação que

vai da exclusão digital para a oportunidade digital (“from digital divide to digital

opportunity”), ou seja, através da melhoria das políticas voltadas ao acesso a tecnologias, os

cidadãos poderão passar da situação de marginalizados pelo mundo digital, para a condição de

favorecidos pela oportunidade que este mundo digital lhes oferece.

Resnick (2001) afirma que, mesmo quando há acesso à informação, ainda pode existir

uma lacuna na fluência tecnológica dos indivíduos – “from access gap to fluency gap”,

reafirmando que não basta oferecer somente o acesso. Lembra que o custo da tecnologia vem,

ao longo dos anos, diminuindo e, por isso, facilitando o acesso inclusive a áreas rurais. No

entanto, mesmo desconsiderando outros aspectos relativos à visão do que seja acesso, aqui já

citados por outros autores, Resnick destaca em seus estudos a importância desta fluência na

utilização dos recursos. Em sua visão, fluência significa as habilidades necessárias para

usufruir de maneira satisfatória das potencialidades da tecnologia. Para ele, é necessário,

Page 17: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

16

então, construir algo significativo com as ferramentas tecnológicas, não apenas utilizá-las.

Não apenas acessar as páginas de web, mas produzir as suas próprias.

A partir destes princípios, defende que esta geração não deva ser mera expectadora da

tecnologia disponível como aconteceu com a geração na época do advento da televisão. Estas

tecnologias devem servir de alavancas para a construção de conceitos antes difíceis de serem

compreendidos. No entanto, alerta-nos sobre a superação da visão de inclusão como mero

acesso aos computadores, conduzindo-nos para a visão de fluência tecnológica, que exige

novas atitudes sobre tecnologia e sobre o conhecimento.

Warschauer (2002) indica a divisão binária entre os que têm acesso à Internet (haves)

e os que não têm acesso (no haves). Inicialmente, conceituar inclusão, de acordo com o senso

comum, significa pensar em ter ou não acesso. Mas, na verdade, o que se entende como

acesso?

Warschauer (2002) concorda que é necessário discutir primeiro o que é considerado

como acesso para então discutir o papel da tecnologia na inclusão digital. Afirma que o

modelo mais comum de acesso é, de fato, baseado no conceito de posse, ou disponibilidade de

um dispositivo, neste caso, o computador. Cabe lembrar as dificuldades desta disponibilidade,

como custo, recursos de telecomunicação, diferenças nas habilidades de uso, conteúdos online

que atendam às necessidades dos usuários, especialmente quanto à linguagem, bem como o

controle ou limitações governamentais em uso irrestrito da internet. Neste caso, o autor

ressalta que não importa melhorar somente os dispositivos - conceito de conduit model, mas

sim, a possibilidade de os cidadãos utilizarem estes meios físicos para práticas sociais

significativas.

Avançando na discussão sobre modelos de acesso, Warschauer (2002) destaca o

conceito de literacy (alfabetização), que propõe algumas semelhanças com o conceito de uma

prática de alfabetização socialmente contextualizada. Neste caso, as semelhanças seriam: (1)

ambos os conceitos revelam avanços na comunicação humana e nos meios de produção de

conhecimento; (2) o acesso à TIC é um pré-requisito à participação no estágio informativo do

capitalismo, enquanto a alfabetização é um pré-requisito ao estágio industrial; (3) todos os

dois necessitam de um suporte físico; (4) ambos envolvem não só recepção de informação,

mas também, a produção; (5) por fim, estes relacionam-se a questões sociais controversas:

great literacy divide (grande divisão da alfabetização) e digital divide (divisão digital).

Page 18: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

17

O autor defende, também, a visão de que as tecnologias de informação e comunicação

são capazes de promover a inclusão social. A visão de inclusão social deste autor se refere à

maior participação e ao controle do cidadão sobre as decisões que o afetam individualmente,

ou a toda sociedade. Vários fatores são levados em conta em relação a este processo de

inclusão social e não somente o fator sócio-econômico. Outros como idade, sexo e questões

políticas também estão envolvidos. Além disso, o conceito de inclusão social associado à

tecnologia reflete os imperativos da atual conjuntura social baseada na informação, na qual

questões de identidade, linguagem, participação social, comunidade e sociedade civil têm

ponto central na discussão. Sua visão de um processo de inclusão digital, além do mero

acesso ao computador e à Internet, em muito se aproxima do conceito de alfabetização

científica e tecnológica - ACT. Warschauer (2003) destaca que a questão-chave se encontra,

não apenas no acesso desigual, mas na maneira desigual como o computador é usado.

Portanto, a preocupação em apropriar-se dos conceitos científicos e tecnológicos, com uma

postura mais crítica de efetiva prática da cidadania, um dos princípios de ACT (SANTOS &

MORTIMER, 2001), encontra-se presente também nos objetivos dos projetos de inclusão,

marcando efetivamente uma convergência de propósitos.

Compartilhando desta visão de acesso, Ba (2001) enquadra o conceito de acesso entre

“dois pontos limites” que considera ser a aquisição de hardware e software até a extremidade

do uso complexo da tecnologia para projetos e produção. Dentre estes extremos, encontram-se

outras dimensões por ele apontadas que precisam ser analisadas quando se refere ao acesso: a

qualidade e os recursos oferecidos pelo software e hardware, ferramentas com conteúdo

educacional e/ou atividades de lazer, suporte técnico e educacional. E, além disso, a questão

do acesso deve ser clarificada em termos de fatores sociológicos, econômicos e políticos.

No Brasil, de acordo com os autores pesquisados, há uma tentativa de conceituar a

inclusão digital a partir de uma visão mais social deste processo, relacionando-o a processos

de inclusão social mais do que a mera oferta de tecnologia. Silveira (2003, p.33) considera “a

definição mínima de inclusão digital como a universalização do acesso ao computador

conectado à Internet, bem como, ao domínio da linguagem básica para manuseá-lo com

autonomia”. Desta forma, aponta não só o aspecto físico da oferta de acesso, mas alia esta

oferta aos conhecimentos mínimos necessários para utilizá-la de forma a atender suas

necessidades cotidianas.

Page 19: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

18

A inclusão digital, segundo Corgozinho (2003), implica saber usar, de forma eficiente,

os recursos e colocá-los a serviço das pessoas e das comunidades. Tão importante quanto o

acesso é a educação para o acesso e a criação de soluções flexíveis para as pessoas. Isto deve

significar disponibilizar soluções acessíveis, tanto aos usuários mais básicos em

conhecimentos de informática, quanto aos mais avançados.

Cruz (2004) desenvolve um conceito de inclusão digital que apresenta uma visão mais

sócio-econômica, pois significa a aplicação de TIC a processos que contribuam p/ o

fortalecimento das atividades econômicas, da capacidade de organização, do nível

educacional, da auto-estima de indivíduos e de suas comunidades, da comunicação entre as

comunidades e demais com suas entidades e serviços locais, com o objetivo de obter melhor

qualidade de vida. Isso só é possível quando ela representa um incentivo à utilização de TIC

de forma crítica, mas também empreendedora, com o objetivo de promover o

desenvolvimento pessoal e das comunidades (PACHECO, 2006). Isto é o que diferencia o

acesso ao hardware e o acesso ao conhecimento verdadeiramente construído pelo indivíduo

que o acessa.

Ao desenvolver no indivíduo as competências necessárias para que se aproprie das

TIC e dos conhecimentos de como utilizá-las, espera-se que ele passe a ter acesso às

informações e às trocas comunicativas que o habilitem a desenvolver as consciências política

e ética, associadas à cidadania e à transformação social. É a inclusão digital promovendo a

inclusão social, a partir do desenvolvimento de competências inclusivas. Pacheco destaca

como competências inclusivas: auto-estima, seleção crítica, interpretação e síntese, correlação

e assimilação, criatividade e independência, cooperação mútua, auto-avaliação e

aprendizagem permanente. Com estas habilidades, o indivíduo é capaz, ao mesmo tempo, de

ampliar seu horizonte pessoal permitindo a busca de qualificação profissional em caráter

permanente. “Criar oportunidades para que os aprendizados feitos a partir dos suportes

técnicos digitais possam ser empregados no cotidiano da vida e do trabalho” (Rondelli,

2003, p.1)

Buscando a sistematização do conceito de Inclusão digital, analisamos os aspectos

discutidos neste trabalho de acordo com as visões destes autores sobre os seguintes aspectos

que consideramos relevantes: usuário, acesso, tecnologia e impactos ou benefícios envolvidos

no uso da tecnologia.

Page 20: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

19

1. Usuário (RESNICK, 2001)

• nível básico - possui habilidades básicas de manuseio da tecnologia • nível intermediário – possui, além das habilidades básicas, algum nível de autonomia para aplicar os recursos tecnológicos a serviço de suas necessidades cotidianas de acesso a serviços • nível avançado - possui habilidades básicas, algum nível de autonomia para aplicar os recursos tecnológicos para suprir suas necessidades cotidianas de acesso a serviços, e além disso, demonstra autonomia e desenvoltura para, a partir da tecnologias disponíveis, criar e produzir conhecimento, como, por exemplo, conteúdos digitais ou novas tecnologias e métodos de aplicação de tecnologias, enfim, com capacidade produtiva

2. Acesso (WARSCHAUER, 2002) • “conduit model” – modelo de acesso via recursos físicos: baseado no conceito de posse ou disponibilidade de um dispositivo, no caso, computadores e rede de Internet. • “literacy model” – modelo de acesso via letramento: utilização de meios tecnológicos para práticas sociais significativas, assemelhando-se à alfabetização pela necessidade de suporte físico, envolvimento com produção e relacionamento com questões sociais.

3. Tecnologia ( FEENBERG, 2003)

• visão instrumental – a tecnologia como subordinada aos valores estabelecidos em outras esferas sociais (por exemplo, a política e a cultura). Sob esta visão, reside a idéia do senso comum de que as tecnologias são ferramentas preparadas para servir aos propósitos daqueles que as utilizam, são portanto, neutras e humanamente controláveis, sua implementação não acarreta mudanças nos valores sociais; • visão determinista - a tecnologia tem um aspecto neutro e autônomo, assume uma força própria e molda a sociedade às exigências da eficiência e do progresso. Caráter fatalista como um caminho quase natural que traria desenvolvimento social e econômico. Posição usualmente “progressista e otimista”, por seus adeptos considerarem a tecnologia como o “servo das necessidades humanas e idealizarem um final sempre feliz”. • visão substantiva – atribui à tecnologia uma força cultural autônoma que anula todos os valores tradicionais ou em concorrência. A sua argumentação é que a tecnologia constitui um novo tipo de sistema cultural que reestrutura todo o mundo social como um objeto de controle. Este sistema é caracterizado por uma dinâmica expansiva que, finalmente, influencia decisivamente qualquer ambiente pré-tecnológico e configura toda a vida social. Ao escolhermos a tecnologia, estamos fazendo uma série de escolhas implícitas, pois ela não é um simples meio, mas se transformou em um ambiente e em uma forma de vida: é este o seu impacto “substantivo”. É uma visão crítica, nada otimista, e acredita que a autonomia da tecnologia é ameaçadora, podendo se tornar imperialista; • visão crítica – argumenta que a tecnologia não é uma “coisa” no sentido geral do termo, mas sim um processo “ambivalente” de desenvolvimento suspenso entre duas possibilidades. Esta “ambivalência” se distingue da neutralidade pelo papel que atribui aos valores sociais no projeto e não somente pelo simples uso dos sistemas técnicos. Assim, a tecnologia não é um destino, mas uma cena de luta. A tecnologia deve ser “reprojetada”segundo critérios alternativos com características democráticas, e tendo seus objetivos subvertidos.

Page 21: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

20

4. Impacto ou Benefício (PACHECO, 2005; NORRIS, 2001; CRUZ, 2004) • econômico – melhoria do desenvolvimento econômico do país, maior produtividade, crescimento na produção tecnológica • social – inclusão social como qualidade de vida (sobrepõe a igualdade sócio-econômica), surgimento de novos grupos sociais, ampliação da integração entre as comunidades • político – ampliação da participação política, engajamento nas decisões políticas, maior transparência nas ações de governo • pessoal – melhoria da empregabilidade, auto-estima, desenvolvimento de habilidades pessoais cognitivas e interpessoais

Quadro I – Análise dos Conceitos de Inclusão Digital por Autor e suas respectivas Visões de Aspectos como: Usuário, Acesso, Tecnologia e Impacto ou Benefícios envolvidos no Uso da Tecnologia:

Autores/ Visões Usuário Acesso Tecnologia Impacto ou Benefícios

Ba (2001)

intermediário literacy model visão determinista

social pessoal

econômico Corgozinho

(2003) intermediário literacy model visão

determinista

social pessoal

Cruz (2004)

intermediário literacy model visão determinista

social pessoal

econômico Keniston

(2003) intermediário conduit model visão

determinista

social pessoal

econômico Kling (1998)

intermediário literacy model visão determinista

social pessoal

Norris (2001)

intermediário literacy model visão determinista

político econômico

Pacheco (2006)

intermediário literacy model visão determinista

social pessoal

Pinkett (2001)

avançado literacy model visão determinista

social pessoal

Resnick (2001)

avançado literacy model visão determinista

social pessoal

Ryder (2005)

intermediário literacy model visão crítica social pessoal político

Page 22: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

21

Silveira (2003)

básico conduit model visão determinista

pessoal

Warschauer (2002; 2003)

avançado literacy model visão crítica social pessoal político

Levando em consideração todos estes aspectos relativos ao acesso e suas dimensões,

conceituar inclusão não pode se resumir apenas a uma polarização do digital "haves" ou

digital "have nots" (PINKETT, 2001), como tem sido discutido de forma simplista, o que

pode levar a um fácil entendimento da questão, porém com esforços minimizados para

resolvê-la, pois envolve inúmeras outras questões (WARSCHAUER, 2003). Tal conceito

apresenta uma gradação em nível de abrangência sempre focando que, o que de fato importa

não é a tecnologia, mas sim, a transformação.

Os diferentes autores apresentados conceituam inclusão digital buscando destacar

diferentes aspectos. Dentre as conceituações estão aquelas que representam uma visão

reducionista da inclusão digital, como o acesso ao computador e à Internet com

conhecimentos básicos para isto (SILVEIRA, 2003), até a visão de um uso criativo e crítico

das tecnologias (RESNICK, 2001).

As conceituações acima apontam, portanto, diferentes níveis de abrangência do

conceito de inclusão digital, à medida que sugerem uma gradação de incorporação de

tecnologias no cotidiano do usuário.

Estes níveis de abrangência buscam demonstrar os diferentes usos de tecnologia

considerados como inclusão digital, em um crescente quanto a sua aplicação. Rondelli (2003)

aponta “quatro passos para a inclusão digital” que serviram de base para esta discussão. Ela

afirma que estes passos sejam um caminho para se alcançar a definição do conceito de

inclusão, visto que não acredita que a mera disponibilidade da ferramenta computacional seja

o suficiente para a conceituação de inclusão digital. Há outros passos a seguir, a fim de tornar

mais abrangente esta conceituação.

A partir dos passos traçados por Rondelli (2003), podemos ilustrar esta gradação de

abrangência dos conceitos de inclusão digital a partir da Figura 1.

Page 23: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

22

Figura 1: Diferentes níveis de abrangência do conceito de Inclusão Digital.

Disponibilidade

Uso

Aplicabilidade

Ampliação

Criação

A Figura 1 aponta, como primeiro nível, a disponibilidade do computador, como se a

presença do equipamento promovesse, por si só, o processo de inclusão. Em um segundo

nível de abrangência do processo de inclusão, além da disponibilidade do equipamento,

destaca-se a importância de habilidades básicas para que seja possível o uso da tecnologia,

habilidades que podem ser adquiridas de maneira formal, em treinamentos ou capacitações ou

de maneira informal, com o próprio interesse do usuário. Considera-se como um terceiro nível

de abrangência quando o computador passa a ser aplicado em atividades cotidianas

demonstrando um avanço nos conhecimentos adquiridos. Em um estágio de utilização mais

avançado, verificamos a tecnologia como ferramenta para ampliação de conhecimentos, sejam

eles acadêmicos ou não, mas como um espaço e uma oportunidade para apropriação destes.

Por fim, o usuário, após este processo, atingirá um nível em que o acesso ao computador

possa ser um caminho para a produção, criação e socialização deste conhecimento produzido

a partir da tecnologia.

Retomando os níveis de abrangência, que devem ser alcançados ao longo do processo

de inclusão digital, relacionamos estes níveis com os aspectos analisados no quadro I, a partir

das conceituações de diferentes autores anteriormente apresentados.

Page 24: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

23

Quadro II- Enquadramento dos autores de acordo com seus conceitos de Inclusão Digital, relacionando os

diversos aspectos apresentados no quadro I com os níveis de abrangência do conceito de inclusão digital

apresentados neste estudo:

Níveis de Abrangência da Inclusão Digital

Disponibilidade Uso Aplicabilidade Ampliação Criação

________ Silveira (2003)

Keniston (2003)

Corgozinho (2003)

Kling (1998)

Pacheco (2006)

Norris (2001)

Ba (2001)

Cruz (2004)

Ryder (2005)

Pinkett (2001)

Resnick (2001)

Warschauer (2002, 2003)

A partir de todas essas discussões, o conceito de inclusão digital adotado neste

trabalho diz respeito ao uso crítico da informação para uma maior interação social, apoiando-

se no princípio de que a inclusão digital significa muito mais do que a disponibilização de

recursos. Esta se relaciona com a participação e a tomada de decisão na vida pessoal e

comunitária, em um empoderamento de conhecimentos e uso dos recursos. Como a

tecnologia da informação transforma o modo de produção e circulação do conhecimento,

incluir-se significa integrar esta rede de conhecimento, buscando, produzindo e socializando

para a melhoria da qualidade de vida coletiva ( WARSCHAUER, 2003; PACHECO, 2006;

CORGOZINHO, 2003; RESNICK, 2001).

Este estudo buscará, portanto, associar esta visão de inclusão digital a outros conceitos

relacionados à Educação em Ciências, como o conceito de alfabetização científica e

tecnológica que muito se aproxima da utilização consciente e crítica das tecnologias.

Page 25: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

24

1.2 – A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DE INCLUSÃO DIGITAL

Nas últimas décadas, o mundo vem sofrendo o acelerado ritmo da circulação de

informações e conhecimento, o que é geralmente chamado de "Era da Informação". Na

verdade, essa transformação começou há algum tempo com o desenvolvimento das

tecnologias voltadas à comunicação. Porém, nos últimos anos, houve uma explosão na

disseminação do uso de TIC, cada vez mais presente nas relações econômicas, políticas e

sociais. Esta revolução é, por Keniston (2003), comparada à revolução industrial, porém com

um impacto ainda maior e extremamente mais veloz. Relembrando, ele afirma que alguns

avanços da humanidade, como a imprensa, por exemplo, levou um século para atingir 50

milhões de indivíduos, o rádio, 38 anos para o mesmo número de pessoas e a TV, 30 anos. No

entanto, a Internet, em apenas quatro anos, atingiu a marca de 50 milhões.

Ainda segundo Keniston (2003), a revolução da tecnologia da informação trouxe

consigo a visão dos otimistas e fantasiosos que acreditaram que esta traria transparência para

os governos, racionalidade para os mercados, acesso universal à informação, enfim,

prosperidade, saúde e melhoria da qualidade de vida para todos.

Porém, a realidade vem se mostrando outra. Como comprova um estudo da empresa

norte-americana e Marketer 1 a Era da Informação vem acontecendo somente para uma

minoria. Em 2002, menos de 5% dos seis bilhões da população mundial tinham acesso

doméstico à web. No final de 2005, este total atingiu um bilhão de pessoas. Os Estados

Unidos ainda ocupam o primeiro lugar, com 175 milhões de usuários e a América Latina

destaca-se como a região com o maior crescimento percentual.

Esta situação continua despertando preocupação a partir do momento em que estas

tantas pessoas, sequer foram tocadas por essa nova ordem mundial. Keniston (2003) destaca a

enorme diferença de acesso à tecnologia entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, entre

ricos e pobres, entre brancos e negros, entre letrados e não-letrados. As diferenças antes

existentes entre os países do Norte e os do Sul se tornaram ainda mais acentuadas dadas às

facilidades trazidas pela tecnologia no âmbito do crescimento econômico.

1 www.emarketer.com/

Page 26: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

25

Esta realidade chamada exclusão digital, possui o termo referente em inglês como

“digital divide” (WARSCHAUER, 2002), que significa “divisor digital” e visa ressaltar o

aspecto de divisão por exclusão – “apartheid digital” - de uma grande parcela da população

ao mundo digital. No contexto dessa sociedade globalizada, a exclusão digital é, ao mesmo

tempo, sintoma e causa. Segundo Castells (2003:225): “A Internet é de fato uma tecnologia

da liberdade – mas pode libertar os poderosos para oprimir os desinformados, pode levar à

exclusão dos desvalorizados pelos conquistadores do valor”.

"Digital divide", na visão de Ryder (2005), funciona como uma lacuna entre aqueles

que se beneficiam das TIC e os que não têm esta oportunidade, assim como Pinkett (2001)

também destacava. Ryder (2005) alerta que a exclusão digital é um problema de múltiplas

dimensões e que, por isso não tem uma solução focada em apenas um aspecto como a oferta

de equipamentos. Ele compara a importância desta questão com o acesso à comida e à água

potável, colocando a informação como essencial, tendo implicações morais e éticas que dão

ao assunto o mérito de impulsionar políticas públicas voltadas à iniciativas concretas neste

sentido.

Sendo um problema com múltiplas dimensões, é, portanto, analisado por diferentes

visões. King (1998) analisa a “digital divide” em duas vertentes: o aspecto técnico referente à

infra-estrutura e o aspecto social, habilidades para utilização destes recursos.

Keniston (2003) apresenta um olhar social para a questão, quando ressalta a distinção

entre grupos ou parcelas da sociedade: (1) dentre os habitantes de uma mesma nação

distanciados pelo nível econômico e cultural, ou seja, entre ricos e pobres, letrados e não-

letrados; (2) entre os que falam ou não a língua inglesa, já que os conteúdos disponíveis na

web encontram-se, em sua maioria, nesta língua e não abordam ou respeitam as culturas

locais; (3) entre aqueles que habitam regiões tecnologicamente desenvolvidas ou não, nações

desenvolvidas ou não; (4) e, finalmente, a formação de uma nova elite denominada "digerati",

composta por aqueles que possuem um modo de vida, uma qualidade de vida advinda do

sucesso, e conseqüentemente, do poder proveniente do conhecimento em tecnologia, o que

gera, em países como a Índia, uma nova "casta".

Abordando uma visão mais ampla, com implicações políticas e econômicas, Norris

(2001) destaca a "digital divide" em três níveis: (1) global divide (divisão global) – refere-se à

divergência de acesso entre as nações industrializadas ou não, o que causa enorme impacto

em investimentos, bens e serviços, no mercado mundial; (2) social divide ( divisão social) -

Page 27: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

26

referente às desigualdades entre os "information rich" (ricos em informação) e "information

poor" (pobres em informação) em cada nação, isto em relação à ocupação, idade, gênero,

etnia; (3) democratic divide (divisão democrática) - faz diferença entre aqueles que fazem e

os que não fazem uso de recursos para o engajamento, a mobilização e a participação na vida

pública.

Dentre aqueles que vêm pensando esta questão, no Brasil, destaca-se Sérgio Amadeu

Silveira. Em uma de suas propostas, afirma que “a idéia de transformar a inclusão digital em

política pública consolida, no mínimo, quatro pressupostos” (SILVEIRA, 2003, p. 43). Com

esta idéia ele faz referência, primeiro, à exclusão digital como ampliação da miséria e

elemento dificultador do desenvolvimento humano. Em segundo lugar, destaca que o mercado

não incluirá os menos favorecidos, e em terceiro, que a velocidade é decisiva para que sejam

aproveitadas as oportunidades de desenvolvimento e geração de inovações e, por último, o

engano de acreditar na liberdade de expressão e no direito de se comunicar, destinados

somente à minoria.

Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas e o CDI-Comitê para Democratização

da Informação-, datado de 2003, Mapa da Exclusão Digital, traça o perfil do brasileiro que

possui computador, reafirma que fatores como o nível educacional, etnia, situação sócio-

econômica interferem no processo de inclusão digital. Este brasileiro “incluído digital” é

branco, mora na região Sudeste, tem idade entre 40 e 50 anos, renda superior à média da

maioria e tem pelo menos 12 anos de estudo formal, ou seja, educação básica completa. Neste

contexto, temos dois Brasis num só, dois estados em um, duas cidades em uma. Isto acontece

quando confrontamos, neste estudo, os dados referentes ao Distrito Federal e Maranhão, às

cidades Niterói e São Francisco de Itabapoana- RJ, e os bairros da cidade do Rio de Janeiro,

Lagoa e Complexo do Alemão.

Mais recentemente, a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – Pnad

(2005), realizada pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apresentou uma

melhoria nestes índices. Por exemplo, no ano de 2001, segundo esta mesma pesquisa, o

percentual de domicílios com microcomputador era de 12,6% e cresceu para 18,8%. Como

tema suplementar, o acesso à internet, foi também investigado e repetiu as diferenças

ocorridas entre as regiões do país referentes à renda e ao nível de escolaridade já

demonstradas em estudo anterior. Um dado interessante é que este “internauta” mais assíduo

tem idade entre 15 e 17 anos e é, com pequena maioria, do sexo feminino.Este estudo revela,

Page 28: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

27

então, que houve um crescimento nos índices relativos à questão da inclusão digital. Diante de

um índice de 79% de brasileiros sem acesso algum à internet, afirmamos que ainda há muito o

que fazer.

Retomando o estudo apresentado pela FGV- Mapa da Exclusão Digital (2003),

observamos que este faz uma análise preliminar da inclusão digital na escola e afirma que “a

melhor forma de combater o apartheid digital, a longo prazo, é investir diretamente nas

escolas, de modo que os alunos possam ter acesso desde cedo às novas tecnologias.”. Esta

seria uma alternativa mais viável para atingir vários aspectos das múltiplas dimensões que

envolvem o processo de inclusão.

Como vimos nestes estudos apresentados, podemos reconhecer que temos conseguido

alguns progressos, estes demonstrados na melhoria dos índices brasileiros relativos à questão

de inclusão. O perfil deste usuário de internet como um jovem adolescente é um sinal de que a

oferta de acesso em escolas, telecentros, centros comunitários tem sido um espaço para que

esta clientela obtenha o acesso físico. No entanto, é preciso questionar outros aspectos deste

acesso mencionados neste estudo: como é esta utilização, com que finalidade, qual o conteúdo

acessado e que ressignificação é dada a esta oferta de conteúdos e tecnologia, em que isto

implica na prática de cidadania?

Buscar a inclusão digital em um conceito tão mais amplo significa o envolvimento na

superação de muitas questões sociais que não são de fácil solução e nem são de

responsabilidade exclusiva de uma instituição social. Porém, uma utilização adequada pela

escola pode, e muito, atingir algum avanço neste processo e é isto que motiva a discussão

deste tema relacionando à educação, em especial à educação em ciências da qual trataremos

no próximo capítulo.

1.3 – INICIATIVAS DE INCLUSÃO DIGITAL

Discutir o conceito de inclusão remete diretamente à idéia de exclusão que, em nossa

sociedade, pode ser retratada em diferentes contextos como, por exemplo, o de portadores de

necessidades especiais, aos quais direitos são negados por limitações físicas. Incorporado a

Page 29: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

28

questões tecnológicas, o conceito de inclusão contrapõe-se àqueles, cujos direitos são também

cerceados, neste contexto, pela falta de informação veiculada pela tecnologia disponível

atualmente.

Porém, a exclusão digital não se apresenta da mesma forma em toda a sociedade.

Existem graus variados de exclusão que necessitam de atenção específica de acordo com as

demandas de cada comunidade que integra a sociedade. A partir de cada situação

diagnosticada, o agente planeja e realiza os projetos de intervenção que julga adequados.

Silveira (2003) aponta como ponto relevante na discussão sobre o processo de inclusão

digital, a definição de seu foco principal. Em geral, são apontados como focos: a ampliação da

cidadania, o mercado de trabalho e a educação. Estes pontos não são considerados

conflitantes, mas em muitos casos interligados. No entanto, será determinante observar, nas

iniciativas desenvolvidas, as estruturas de acessibilidade oferecidas, pois estas apontarão o

que os executores de cada projeto compreendem, de fato, como inclusão digital.

A superação da "digital divide", ou seja, a promoção da inclusão, segundo Pinkett

(2001), virá a partir do encontro de: (1) acesso – como disponibilidade e habilidade ; (2)

treinamento e suporte individual e comunitário – uso para fins individuais e coletivos; (3)

conteúdo e informação – contribuição na infra-estrutura de informação; (4) motivação –

iniciativa para o uso.

Segundo Silveira (2003), as ações governamentais de inclusão digital precisam ter

interesses estratégicos específicos segundo cada instância administrativa, levando em conta

que promover e ampliar a inclusão digital é uma tarefa que mobiliza os mais amplos setores

da sociedade civil organizada e se inscreve nos esforços mais amplos de reduzir a exclusão

social. Apesar de cada setor ter seus próprios interesses e perspectivas em relação ao papel

que as TIC desempenham na sociedade, isso não impede o estabelecimento de parcerias entre

eles.

Apesar dessas iniciativas e da participação de voluntários, qualquer projeto de inclusão

digital só cumpre sua finalidade quando se orienta por diretrizes educacionais mais amplas,

que incorporem a tomada de consciência de que a aprendizagem - seja ou não em relação à

tecnologia- não se esgota na escola, mas se estende ao longo de toda a vida.

O Brasil enfrenta muitos obstáculos para conseguir ampliar as iniciativas de inclusão

digital. A distribuição de renda, a infra-estrutura de telefonia e de energia elétrica e os baixos

Page 30: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

29

índices de escolaridade são alguns obstáculos mais evidentes. No entanto, várias iniciativas de

sucesso têm surgido.

Na área não-governamental, destaca-se o CDI- Comitê para Democratização da

Informática2, criado por Rodrigo Baggio em 1995, atualmente também com bases em

diferentes países. Esta ONG- organização não-governamental- , segundo informações

disponibilizadas em seu site oficial, tem por missão favorecer a inclusão social dos menos

favorecidos utilizando as tecnologias como instrumentos para a construção e o exercício da

cidadania. Para isto, cria Escolas de Informática e Cidadania- EIC, principalmente em

parceria com organizações comunitárias, implementando programas educacionais com o

objetivo de mobilizar os segmentos excluídos da sociedade para a transformação da sua

realidade.

São atendidos em seus projetos as comunidades de baixa renda, públicos com

necessidades especiais, portadores de transtornos psiquiátricos, jovens em situação de rua,

presidiários, populações indígenas e comunidades carcerárias, entre outros. Isto porque, a

organização tem por objetivo promover a apropriação social da tecnologia por diversos tipos

de públicos, utilizando-a como ferramenta para estimular a cidadania ativa e o

empreendedorismo, fomentando o desenvolvimento político, social e econômico dos países

nos quais a organização atua. O CDI acredita que o domínio das novas tecnologias não só cria

oportunidades de trabalho e geração de renda, como também possibilita o acesso a fontes de

informação e espaços de sociabilidade que propiciam a busca coletiva de soluções para os

problemas enfrentados pelas comunidades. A instituição afirma que seu objetivo está de

acordo com valores como: solidariedade, protagonismo, transparência, co-responsabilidade,

eqüidade, inovação e excelência, incentivar a liberdade de escolha e, por isso, trabalham tanto

com software proprietário quanto livre, procurando oferecer aos alunos a possibilidade de

optar pelo uso das ferramentas que mais se adeqüem às suas necessidades.

Retomando conceitos de inclusão digital, temos nas iniciativas do CDI, uma visão de

inclusão digital que se aproxima da concepção citada por Pinkett (2001), na qual se consegue

alcançar a “oportunidade digital” e se beneficiar das possibilidades que a tecnologia oferece,

desde que seja ultrapassada a idéia somente da oferta de computadores e esta seja acrescida de

objetivos educacionais, que, no caso do CDI, seguem os pressupostos freirianos. Estes

2 www.cdi.org.br

Page 31: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

30

pressupostos destacam a apropriação social da tecnologia, a conscientização dos indivíduos, a

criação de espaço para discussão, a participação e a ação comunitária e construção de

conhecimento útil capaz de garantir seu crescimento econômico e social.

Outra iniciativa de sucesso é o Programa Estação Futuro, da Ong Viva Rio3, que

atende a moradores das favelas cariocas (SORJ, 2003). Neste projeto são instaladas salas em

comunidades de baixa renda que têm por objetivo tornarem-se espaços para o

desenvolvimento da economia local e da cidadania. São ali promovidas iniciativas que,

segundo seus coordenadores, visam a benefícios econômicos, sociais e culturais através de

cursos de qualificação profissional, democratização da Internet e geração de renda e emprego.

As ações desenvolvidas pelo projeto concentram-se em: (1) formação para o trabalho

qualificando profissionalmente e promovendo a empregabilidade, (2) qualificação profissional

com cursos de telemarketing, assistente administrativo e bancário, técnico de vendas,

atendimento ao cliente e desenvolvimento de websites, entre outros, (3) digitação e

atendimento para as próprias estações futuro, (4) inserção no mercado de trabalho através da

parceria com empresas para a inserção do jovem no mercado de trabalho. Além disso, são

oferecidos serviços como: (1) cursos de informática em diferentes níveis, (2) curso de gestão

de negócios, (2) acesso à internet , (3) apoio aos artistas locais, com a oportunidade de

comercializar seus produtos no espaço da estação.

As preocupações do Viva Rio com este projeto voltam-se para a instrumentação e o

acesso à tecnologia, objetivando o mercado de trabalho e a melhoria das condições

econômicas e sociais das comunidades onde está inserido. Com estes objetivos, espera-se que

o cidadão seja capaz de dar uma aplicabilidade cotidiana, bem como colocar a tecnologia a

serviço da comunidade, buscando promover o empreendedorismo e a empregabilidade, em

um processo de inclusão digital conforme nos apontam Silveira (2003) e Pinkett (2001).

Um ponto em comum entre as propostas citadas acima, CDI e Viva Rio centralizam o

fortalecimento das iniciativas de empreendedorismo e empregabilidade, estimulando o

desenvolvimento de atividades econômicas, sinalizadas por Cruz (2004) através da

capacidade de organização, do nível educacional, da auto-estima de indivíduos e

comunidades, com o objetivo de obter melhor qualidade de vida.

3 www.vivafavela.com.br

Page 32: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

31

Na área governamental, alguns projetos têm surgido nos diferentes âmbitos:

municipal, estadual e federal.

Uma dessas propostas, no governo federal, é o Projeto Casa Brasil4, iniciado em 2004.

Tem como característica reunir esforços de diferentes ministérios, órgãos públicos, bancos e

empresas estatais.

Consiste na implantação de espaço comunitário com objetivos múltiplos de

atendimento à comunidade local, todos eles voltados à temática de "Inclusão Digital e

Sociedade da Informação". Este espaço comunitário, de uso gratuito e acesso irrestrito, tem

como finalidade funcionar como um centro de alfabetização tecnológica, divulgação da

ciência, cultura e arte, gerando inclusão social e ampliação da cidadania. Para isto, o espaço

constitui-se de: telecentro, biblioteca popular, auditório, estúdio multimídia, laboratório de

divulgação da ciência, oficina de rádio.

Busca, através do uso de equipamento público, estimular o uso das tecnologias em

atividades de cultura, lazer e cidadania, capacitando, desta forma, esta população

marginalizada, quebrando a cadeia de reprodução da pobreza, reduzindo a desigualdade social

e proporcionar a inserção crítica das comunidades na sociedade do conhecimento.

No contexto municipal, desde 2002, Piraí-RJ vem desenvolvendo o Projeto Piraí

Digital 5com o objetivo de democratizar o acesso aos meios de informação e comunicação,

gerando oportunidades de desenvolvimento econômico e social e ampliando os horizontes da

cidade. Este projeto surgiu da implantação de um Programa de Desenvolvimento Econômico

Local e encontrou, na integração de tecnologias de comunicação e informação, um caminho

para a melhoria de qualidade de vida de seus cidadãos. Sua estrutura lógica abrange 4 pontos,

assim por ele considerados: (1) .gov: ações referentes à administração municipal; (2) .org:

ações relacionadas à comunidade, buscando envolvê-la como ator no projeto; (3) .com: ações

relacionadas às empresas locais, visando o crescimento destas através de oportunidades que a

tecnologia pode oferecer para melhoria do desempenho econômico; (4) .edu: voltado a toda e

qualquer ação educacional, seja ela relacionada a qualquer segmento da população, porém, em

especial, à rede municipal de ensino. Nesses campos, o projeto enfrenta desafios constantes:

(1) o envolvimento comunitário com a participação de voluntários, (2) a manutenção e

4 http://www.casabrasil.gov.br/ 5 http://www.pirai.rj.gov.br

Page 33: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

32

ampliação da rede de dados implantada e gerenciada pelo próprio município, (3) a capacitação

de recursos humanos, seja a comunidade em geral, os funcionários municipais e, em especial,

os professores, (4) a produção de conteúdos digitais, (5) a construção de uma metodologia de

integração de TIC no cotidiano escolar.

O reconhecimento desta iniciativa pôde proporcionar ao município diversas parcerias

que possibilitaram o desenvolvimento de outros projetos simultâneos ao Piraí Digital, como o

Projeto ELL, uma parceria com a Sequoia Foundation para alfabetização bilíngüe e o Projeto

X-Cross, uma parceria com a comunidade européia, que visa à melhoria da qualidade do

ensino de ciências utilizando a integração de tecnologias como fator de destaque neste

processo.

Estas duas iniciativas governamentais demonstram uma preocupação com o

desenvolvimento comunitário, tornando as TICs um apoio para a superação de problemas

econômicos e sociais. Esta visão de inclusão, que objetiva promover a superação de “gaps”

sociais (PINKETT, 2001), traduz-se nas diferentes frentes que estes projetos abrem, no campo

econômico e cultural. No entanto, no Projeto Piraí Digital, diferentemente do Projeto Casa

Brasil, o envolvimento com a comunidade específica daquele município fez da iniciativa uma

ação com uma visão de inclusão mais ampla, à mediada em que se preocupou com diferentes

aspectos do acesso (WARSCHAUER, 2002; BA, 2001) como o desenvolvimento de sua

própria rede de dados até a produção de conteúdos por sua comunidade local. Lembrando a

importância de se discutir a visão de acesso, ao se analisar o conceito de inclusão digital,

nesta iniciativa, o acesso extravasou a limitação de simples oferta de hardware, possibilitando

a promoção de uma inclusão digital de forma mais ampla, na visão conceitual, e mais

abrangente, no atendimento ao seu público-alvo, a população municipal.

Internacionalmente conhecido e com sede também no Brasil – São Paulo, o Intel

Computer Clubhouse, um projeto do http://www.mos.org/doc/1252 Boston's Museum of Science em

parceria com o MIT Media Laboratory6. O Computer Clubhouse, segundo informações

disponibilizadas por seus coordenadores, oferece desenvolvimento da aprendizagem fora do

horário escolar para jovens de comunidades carentes, onde estes trabalham sob a supervisão

de tutores explorando suas idéias, desenvolvendo habilidades e construindo auto-estima

através do uso da tecnologia. Nesta iniciativa, os jovens de periferia têm a oportunidade de

6 http://www.computerclubhouse.org/

Page 34: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

33

criar seus projetos através da disponibilidade de equipamentos, sempre com o objetivo de

superar uma necessidade ou resolver algum problema. Outros projetos voltados à expressão

artística como, por exemplo, a música eletrônica ou a arte gráfica, que também são

desenvolvidos. Esta produção criativa a partir de recursos tecnológicos, alcança a fluência

tecnológica para a construção de algo significativo através deles, na visão de inclusão

destacada por Resnick (2001).

Iniciativa do MIT- Massachusetts Institute of Technology- o Projeto OLPC 7– One

Laptop per Child, tem como objetivo prover as crianças ao redor do mundo com novas

oportunidades para explorar, experimentar e se expressarem através do uso de tecnologia.

Acreditam seja este um meio para superar a má qualidade da educação oferecida e,

principalmente oportunizar educação àqueles que não têm. Idealizado por Seymond Papert,

este projeto foi apresentado ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em junho de 2005 e,

desde então, o Brasil vem estudando sua viabilidade. O OLPC seguiu mundo afora sendo

implantado em diversos países. No Brasil, após estudos e avaliações, suas idéias se tornaram

no que hoje é conhecido como Projeto UCA- Um Computador por Aluno.O Projeto UCA é

uma iniciativa do Governo Federal que visa distribuir a cada estudante da Rede Pública do

Ensino Básico Brasileiro um laptop voltado à educação. A intenção do Programa é inovar os

sistemas de ensino para melhorar a qualidade da educação no país. Dentro desse contexto,

acredita-se que o laptop seja uma ferramenta fundamental para preparar os alunos para serem

agentes criativos, já que auxilia o aprendiz na criação e compartilhamento do conhecimento,

através da interação na rede tecnológica. A constante troca de experiências e informações

entre os próprios alunos e entre as crianças e suas comunidades poderá aproximar Escola e

Comunidade, motivando os alunos a produzirem conhecimento. Por ser um projeto recente e

estar sendo implantado neste momento, existem ainda algumas discussões em seus espaços-

piloto, visto que, a princípio será implantado em somente cinco escolas distribuídas pelo país:

(1) Palmas-TO, (2) Porto Alegre-RS, (3) São Paulo-SP, (4) Piraí-RJ, (5) Brasília-DF. A

intenção é, através da distribuição destes equipamentos aos alunos, promover também a

integração da família neste processo de inclusão digital. Por estas características, entende-se

que este projeto busca ampliar o processo de inclusão de simples oferta de hardware à

produção significativa com o uso de tecnologias, porém as ações estão só começando,

impossibilitando avaliações no momento.

7 http://www.laptop.org/

Page 35: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

34

Outras três iniciativas internacionais são citadas por Warschauer (2002). Como

primeiro exemplo, apresentamos “Hole in the Wall”, em Nova Deli na Índia. Neste caso, o

trabalho se desenvolveu de acordo com a linha minimally invase education, onde não havia

então professores ou instrutores para orientar as crianças que se utilizavam dos terminais

instalados no quiosque de um bairro pobre da cidade. Acreditavam na utilização de acordo

com o ritmo de cada uma delas. No entanto, esta visão se mostrou insatisfatória já que as

crianças, apesar de aprenderem sozinhas, ou com os colegas, noções básicas de manuseio,

exploraram o mínimo de possibilidades de aprendizagem, concentrando-se em joguinhos sem

cunho educativo. Não havia nenhum programa educacional especialmente desenvolvido e os

conteúdos de internet não estavam disponíveis na língua Hindi, sua língua nativa. Não havia

uma participação de ONGs para colaboração com o programa.Os pais começaram a não

gostar da participação dos filhos porque deixavam os afazeres de escola para fazerem algo

sem orientação nenhuma, o que, para eles, era uma perda de tempo. Tal experiência trouxe a

confirmação da necessidade de análise mais profunda de que visão de inclusão estamos

pretendendo?

Outra experiência internacional, “Information Age Town”, ocorreu em Ennis na

Irlanda. Uma companhia de telecomunicação irlandesa promoveu um concurso nacional de

projetos para cidades digitais com o objetivo de superar a gap entre a posição de grande

centro produtor de tecnologia e o uso limitado de TIC pela população e empresas locais de

pequenas cidades. A cidade vencedora foi Ennis que recebeu um grande quantia para

implementar seu audacioso projeto de uma máquina por família com acesso à web.No

entanto, três anos depois, foi verificado que o desempenho desta cidade ficou bem atrás das

outras vencedoras que receberam muito menos em verbas para a implementação. A diferença

encontrada entre as práticas foi a questão do preparo de recursos humanos. Em Ennis, a

população não incorporou em seu cotidiano a utilização de TIC, preferindo serviços de

atendimento locais, em lugar de atendimentos virtuais, inclusive vendendo as máquinas que

receberam. Em contrapartida, nas outras cidades houve um planejamento comunitário para o

desenvolvimento dos projetos. Vários serviços online foram disponibilizados de acordo com a

demanda apontada pela comunidade. Houve também a preocupação de planejar ações nas

escolas para a incorporação destas tecnologias no cotidiano escolar. Em um estudo realizado a

partir desta experiência, comprovou-se que estas cidades demonstraram um esforço muito

maior em promover inclusão social através da tecnologia.

Page 36: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

35

Por fim, “Model Computer Lab”, no Egito, partiu da iniciativa da United States

Agency for Internacional Development (USAID) que resolveu doar um laboratório modelo

para a Faculdade de Educação da maior universidade do Egito. A finalidade era estabelecer

um modelo de treinamento de professores in computer-assisted learning em um dos

departamentos da faculdade. Este seria um laboratório sofisticado e a faculdade teria a função

de controlar todas as despesas e operações tais como pagar pelo acesso à internet, manter a

rede local e operar o laboratório. No entanto, surgiram problemas administrativos que

impediram a utilização do laboratório e, portanto, a operacionalização do projeto. Outros

departamentos da faculdade começaram a questionar a diferença de recursos de entre eles,

visto que o departamento participante do projeto teria mais recursos financeiros e materiais

que outros, e gastando na manutenção do projeto, o que “desviaria”, ou seja, direcionaria os

recursos para somente uma área, desprestigiando outros projetos. Como conseqüência, os

computadores ficaram por mais ou menos um ano sem serem utilizados, fazendo com que

perdessem uma parte de seu valor.

Os problemas encontrados nestes projetos se repetem em vários outros ao redor do

mundo, que freqüentemente, valorizam a instalação de hardwares e softwares em detrimento

da atenção necessária aos “sistemas humanos e sociais que devem mudar para que a

tecnologia faça a diferença” (WARSCHAUER, 2003).

O acesso significativo abrange muito mais que computadores e conexões de internet.

Envolve também aspectos físicos, digitais, humanos e sociais. Também devem ser levados em

conta, para um acesso significativo, o conteúdo e a linguagem, alfabetização e educação bem

como, estruturas comunitárias e institucionais. Por tudo isso é que avaliamos que iniciativas

como as aqui citadas são de importância para a superação desta lacuna, porém, serão apenas

iniciativas se não forem integradas a outras de ações mais contundentes de enfrentamento a

graves problemas sociais como: desemprego, fome, violência. A inclusão digital é um dos

caminhos para a superação destes problemas sociais (WARSCHAUER, 2003; RESNICK,

2001), mas não conseguirá fazê-lo isoladamente.

Page 37: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

36

1.4 – CONCLUSÃO

Neste capítulo, buscamos definir o conceito de inclusão digital que adotamos neste

trabalho após uma revisão dos conceitos disponíveis na literatura. Visões conceituais

encontradas diferem, basicamente, na visão do que consideram como acesso, desde a mera

distribuição de hardware até a oferta de possibilidades de integração da tecnologia para a

melhoria da qualidade de vida da comunidade (WARSCHAUER, 2003).

Foi também destacada a relevância da discussão a respeito do tema inclusão digital a

partir da contexto atual de utilização de TIC nas atividades econômicas, sociais e

educacionais. Nesta oportunidade, pesquisas confirmaram a realidade de exclusão atual.

Como referência para a análise de ações no campo da inclusão digital, foram descritas

iniciativas nacionais e internacionais. Cada uma delas apontou para uma visão conceitual de

inclusão.

Tais reflexões servirão de base para a discussão do capítulo seguinte que buscará, no

campo educacional, especificamente, no ensino de ciências, a incorporação da tecnologia, e

com que visão esta incorporação tem ocorrido. Será que há alguma relação desta incorporação

com a necessidade atual de inclusão digital? Que conceito neste campo educacional apresenta

uma interface que se relacione com o conceito de inclusão digital? E com qual conceito de

inclusão? Nesta ocasião, buscaremos estas respostas através da análise da produção

acadêmica nesta área do conhecimento.

Page 38: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

37

Capítulo 2 - ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA - ACT

Este capítulo tem por objetivo conceituar Alfabetização Científica e Tecnológica –

ACT. Nesta conceituação, buscaremos destacar o que se considera como alfabetização, e sua

incorporação nos campos da ciência e da tecnologia. Além disso, para a análise do movimento

surgido no campo do Ensino de Ciências, que se apóia neste conceito como fundamentação

para uma nova proposta de trabalho. Tal movimento, surgido em meados da década de 70,

objetiva uma postura mais consciente e crítica diante das questões relativas à ciência e

tecnologia e argumenta ser a escola o espaço formador do indivíduo que será um cidadão

participativo e crítico capaz de tomar decisões de responsabilidade social.

Estes princípios serão, a partir deste ponto, relacionados aos conceitos que

descrevemos no capítulo anterior sobre inclusão digital. Buscaremos relacionar os pontos em

comum entre estes dois conceitos e construir assim, uma interface entre eles, com o objetivo

de buscar desenvolver um arcabouço de indicadores, de características relacionadas.

2.1 – CONCEITUANDO ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Segundo Ferreira (1986, p. ), alfabetização significa “ato ou ação de ensinar a ler”.

Alfabetização também significa “levar à aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar o código da

língua escrita, ensinar as habilidades de ler e escrever” (SOARES, 1985, p.20).

Para Freire (1987), que considera que o processo de alfabetização não se limite

somente a estas habilidades, alfabetizar significa “ler o mundo” e ser capaz de compreender o

caráter simbólico da escrita para servir-lhe como instrumento de comunicação e participação

social em um processo contínuo.

É neste sentido que incorporamos a expressão “alfabetização científica” ou “educação

científica”, assemelhando-se muito ao que, nos anos oitenta, foi denominado letramento: “o

resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que

Page 39: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

38

adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da

escrita”. (SOARES, 1998, p.18)

Neste contexto então, ao citar letramento, faz-se referência ao termo na língua inglesa literacy, usado na

área da Lingüística para designar não só o processo de aquisição da leitura e da escrita, mas também as práticas

sociais que utilizam a escrita.

Lembrando a ciência aprendida na escola, observamos que, neste espaço, o que se

passa por alfabetização científica, ainda tem, por vezes, de característica somente semântica,

vocábulos sem correspondência conceitual e, na pior das hipóteses, o sentimento de conhecer

alguma coisa sem o comprometimento com uma compreensão do que se trata (TEIXEIRA,

2004) tendo, por isso, pouca permanência após a etapa escolar.

No entanto, a educação científica inspirada nas idéias de Paulo Freire, busca

transformar este processo de forma que este viabilize aos alunos os instrumentos necessários à

“leitura de mundo” e à interpretação/reflexão sobre os acontecimentos presentes em nossa

realidade (TEIXEIRA, 2004). Já dizia Paulo Freire (1996) que o homem não se faz no vazio,

pois a educação deste homem não acontece fora das sociedades. Portanto, a alfabetização

científica significa adquirir entendimento para participar de forma consciente dos debates

públicos sobre questões de ciência e tecnologia (HAZEN & TREFIL, 1995). Não se trata de

entender o discurso de especialistas, mas sim, do conhecimento mais genérico e menos

formal. Entender notícias de teor científico, lidar com informações do campo científico da

mesma forma como lida com outro assunto qualquer. Com esta visão, a educação científica se

contrapõe a uma educação neutra, desvinculada do contexto social.

Segundo Fourez (2003), a alfabetização científica busca a formação, a inserção e a

estimulação da capacidade criativa do cidadão na sociedade. Conclui-se, portanto, que a partir

desta ótica, alfabetizar cientificamente envolve aspectos de natureza humanista, social,

econômica e política. Além disso, é importante ressaltar que o sujeito deste processo não está

isolado. Ele compõe uma coletividade, que também vivencia esta carência. Portanto, para ele,

alfabetização científica significa desenvolver conceitos científicos que promovam a

participação crítica nas decisões relativas à ciência; o desenvolvimento de habilidades para

aplicação destes conceitos na vida cotidiana, bem como, de um olhar mais criterioso em

relação à produção científica e seu impacto na sociedade.

Page 40: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

39

Outros autores, além de Fourez, também contribuem conceituando a educação

científica (DELIZOICOV & LORENZETTI, 2001). No entanto, para analisarmos estas

diferentes conceituações, utilizaremos as noções de alfabetização científica definidas por Shen

(1975). A autora distingue três noções de alfabetização científica, onde as diferenças entre

elas referem-se não só aos seus objetivos, mas freqüentemente ao público considerado, ao seu

formato e aos seus meios de disseminação. Estas três formas foram nomeadas de

alfabetização científica prática, cívica e cultural: (1) alfabetização científica prática é “um

tipo de conhecimento científico e técnico que pode ser posto em uso imediatamente, para

ajudar a melhorar os padrões de vida” (SHEN, 1975, p. 265); (2) alfabetização científica

cívica é ...tornar-se mais informado sobre a ciência e as questões relacionadas a ela, tanto que ele e seus representantes possam trazer seu senso comum para apreciá-lo e, desta forma, participar mais intensamente no processo democrático de uma sociedade crescentemente tecnológica. (SHEN, 1975, p. 266);

(3) alfabetização científica cultural é

...motivada por um desejo de saber algo sobre ciência, como uma realização humana fundamental; ela é para a ciência, o que a apreciação da música é para o músico. Ela não resolve nenhum problema prático diretamente, mas ajuda abrir caminhos para a ampliação entre as culturas científicas e humanísticas. (SHEN, 1975, p. 267)

A partir destas distinções, organizamos o quadro III, que apresentamos a seguir, com

as diferentes conceituações e suas respectivas análises, segundo a classificação de Shen

(1975). Levamos em conta que, determinado autor possa trazer em sua conceituação visões

múltiplas do processo de alfabetização científica, o que não invalida o seu posicionamento.

Utilizaremos no quadro III, a seguinte legenda para registrar a visão sobre

alfabetização científica, segundo Shen (1975): (ACP) para alfabetização científica prática;

(ACC) para alfabetização científica cívica; (ACCul) para alfabetização científica cultural.

Page 41: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

40

Quadro III – Autores e suas respectivas conceituações de Alfabetização Científica

Autores Nomeação de Alfabetização Científica (Shen, 1975)

Conceituações

Fourez (1994)

ACP ACC

“um tipo de saber, de capacidade ou de conhecimento e de saber-ser que,em nosso mundo técnico-científico, seria uma contraparte ao que foi alfabetização no último século”.

Leal & Souza (1997) ACP

“entendida como o que um público específico – o público escolar -- deve saber sobre ciência, tecnologia e sociedade (CTS) com base em conhecimentos adquiridos em contextos diversos (escola, museu, revista, etc.); atitudes públicas sobre ciência e tecnologia e, informações obtidas em meios de divulgação científica e tecnológica”.

Krasilchik (1992) ACC

Relaciona-se à mudança dos objetivos do ensino de ciências, em direção à formação geral da cidadania, tendo hoje papel importante no panorama internacional, estando "estreitamente relacionado à própria crise educacional e a incapacidade de a escola em dar aos alunos os elementares conhecimentos necessários a um indivíduo alfabetizado".

Hurd (1998)

ACP ACC

Envolve a produção e utilização da Ciência na vida do homem, provocando mudanças revolucionárias na Ciência com dimensões na democracia, no progresso social e nas necessidades de adaptação do ser humano.

Hazen & Trefil (1995) ACC

“conhecimento necessário para entender os debates públicos sobre as questões de ciência e tecnologia”. Este conceito envolve um conjunto de fatos, vocabulários, conceitos, história e filosofia do conhecimento científico.

Miller (1983)

ACP ACC

“... quando se fala em alfabetização, normalmente não se percebe que a expressão ser alfabetizado apresenta dois significados diferentes: um, mais denso, estabelece uma relação com a cultura, a erudição. Por conseguinte, o indivíduo alfabetizado é aquele que é culto, erudito, ilustrado. O outro fica reduzido à capacidade de ler e escrever”.

No entanto, se o segundo significado da expressão ser alfabetizado – ser capaz de ler e escrever – for ampliado, a expressão alfabetização científica pode vir a ser entendida como a “capacidade de ler, compreender e expressar opinião sobre assuntos de caráter científico”.

Page 42: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

41

Ao analisarmos o quadro podemos observar que, a maioria dos autores preocupa-se

com uma conceituação de alfabetização científica relacionada a questões de vida prática e

cotidiana, capaz de promover a melhoria da qualidade de vida, bem como estimular a

participação política diante das questões relacionadas à tecnologia e ciência.

Complementando a visão de uma “alfabetização” relacionada às posturas referentes às

questões de C&T, discute-se também a “alfabetização tecnológica”, que compreende a

discussão sobre o uso de tecnologia sem reduzi-la apenas às questões técnicas, mas apontando

para a influência de aspectos culturais (SANTOS & MORTIMER, 2002).

Segundo Pfuetzenreiter (2001), ainda não há consenso na literatura sobre a distinção

entre a alfabetização científica e a tecnológica, bem como sobre sua conceituação. Quando os

autores se referem ao conceito, normalmente estão tratando dos objetivos e propósitos da

alfabetização científica (e da tecnológica). Fourez (1994) diferencia ambas pelos objetivos e

lugar de aplicação: enquanto as ciências enfocam principalmente o conhecimento, as

tecnologias voltam a sua atenção para a ação.

Observando que o crescimento científico e tecnológico não tem sido acompanhado do

mesmo avanço social e moral (SACHS, 1996), Freire (1987,1996) nos lembra que educação

relaciona-se com “conhecimento crítico da realidade”, com “desvelamento da realidade”, o

que justifica a preocupação de integração destas “alfabetizações”, expandindo para

“alfabetização científica e tecnológica” – ACT. Este termo envolve vários significados que

podem ser traduzidos em popularização da ciência, divulgação científica, entendimento

público da ciência e democratização da ciência (AULER & DELIZOICOV, 2001).

Estes autores destacam também que a Alfabetização Científica e Tecnológica pode ser

concebida segundo duas perspectivas, ou seja, o sentido reducionista e o ampliado.

Na concepção reducionista de ACT, há uma transmissão unidirecional do

conhecimento científico, numa tentativa de manter-se a visão neutra, pouco crítica, da

influência da CT na sociedade. Assim, encontram-se implícitos três princípios básicos: as

controvérsias públicas sobre questões científicas e técnicas são atribuídas a um entendimento

inadequado; a visão de mundo oferecida pela ciência é considerada única e privilegiada; a

ciência é retratada como uma atividade neutra, desprovida de valores. Estes princípios

demonstram a crença em “mitos” como, por exemplo, a neutralidade da Ciência-Tecnologia

Page 43: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

42

(CT) que aponta para a idéia de que a tecnologia não traz em suas concepções nenhuma

ideologia, em uma visão ingênua sobre a perspectiva salvacionista da CT; o determinismo

tecnológico que propõe a vulnerabilidade social frente aos avanços e ações da tecnologia.

Em contrapartida, na perspectiva ampliada de ACT, o fato de apoiar-se em referenciais

freireanos (FREIRE, 1987, 1996) contribui para a superação dos princípios acima citados.

Partindo de idéias como “uma leitura crítica do mundo” para o “desvelamento da realidade”,

buscam-se reais visões de interação entre Ciência-Tecnologia-Sociedade. Em outras palavras,

o ensino de conceitos e a discussão sobre temas relevantes e contextualizados auxiliam no

desvelamento de mitos vinculados à CT e remete, a partir daí, à discussão sobre a dinâmica de

produção e apropriação do conhecimento científico-tecnológico.

Fourez (1994, p. 62) enumera três conseqüências de um processo de alfabetização

científica e tecnológica:

Eu consideraria, pois, a alguém como alfabetizado científica e tecnologicamente quando seus saberes lhe forneceram uma certa autonomia (possibilidade de negociar suas decisões frente às pressões naturais ou sociais), uma certa capacidade de comunicar (encontrar as maneiras de ‘dizer’), e um certo domínio e responsabilidade, frente a situações concretas (como o contágio,o congelamento, o computador, um fax, um motor diesel, etc.). ( FOUREZ, 1994, p. 62)

Assim, uma necessidade do mundo contemporâneo é a alfabetização dos cidadãos em

ciência e tecnologia (SANTOS E SCHNETZLER, 1997). Não repetir o que a mídia já faz,

mostrando as maravilhas da ciência, mas sim, despertar no cidadão a compreensão do

discurso dos especialistas, a fim de que ele possa agir e tomar decisões de forma mais

consciente (FOUREZ, 1994).

A preparação do aluno para a tomada de decisões, o que vem sendo tratado como

educação para a ação social responsável (SANTOS & MORTIMER,2001), constitui parte do

processo de letramento científico e busca desenvolver nos alunos um senso de

responsabilidade para com os problemas sociais e ambientais, tanto atuais quanto futuros.

Esta preparação visa ao controle social da ciência e da tecnologia a partir de uma educação de

valores éticos para o compromisso com a sociedade.

Page 44: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

43

2.2 – MOVIMENTO CIÊNCIA TECNOLOGIA E SOCIEDADE – CTS

Em meados da década de 70, o Movimento CTS surgiu como resposta à inquietação

de muitos intelectuais preocupados com as questões éticas e com a qualidade de vida da

sociedade industrializada. A degradação ambiental e a militarização exagerada da tecnologia e

da ciência fizeram com que se tornassem alvos de debates políticos. Os movimentos sociais,

influenciados pelo lançamento do livro Silent Spring (1962) da bióloga Raquel Carsons,

questionavam a gestão tecnocrática de assuntos sociais, políticos e econômicos, denunciando

os prejuízos causados por esta política. Havia, portanto, a necessidade de contraposição ao

pressuposto cientificista, que valorizava a ciência por si mesma, confiando cegamente nos

resultados por ela apresentados.

Desta crítica, surgiram reflexões sobre a filosofia e sociologia da ciência que mudaram

sua postura reconhecendo as limitações, responsabilidades e cumplicidades dos cientistas em

relação a sua postura cientificista, que depositava uma fé cega na ciência, passando então a

enfocar a ciência e a tecnologia (C&T) como processos sociais (SANTOS & MORTIMER,

2001).

Além desta mudança de postura, este movimento reivindicava a tomada de decisão em

relação à CT com uma visão mais democrática, com a participação de mais atores sociais,

abandonando as decisões de fundo meramente tecnocrático. Esta nova mentalidade contribuiu

para a superação do modelo linear de progresso. Neste modelo, o desenvolvimento científico

(DC) gera desenvolvimento tecnológico (DT), este gerando o desenvolvimento econômico

(DE) que determina, por sua vez, o desenvolvimento social (DS – bem-estar social): DC

→DT→ DE→ DS2 (modelo tradicional/linear de progresso) (AULER, 2003).

Em suas reflexões, os defensores do movimento CTS consideravam a importância da

sociedade participar ativamente de discussões que envolvessem decisões públicas, porém

consideravam também o despreparo dos cidadãos para esta participação. Reconheciam que a

estrutura curricular apresentada pelos sistemas de ensino, especificamente na área do Ensino

de Ciências, não atendia a esta formação. Desta forma, estudos na área da epistemologia da

ciência contribuíram para a ênfase nestas questões. Surgiram então propostas de ensino

voltadas à Ciência, Tecnologia e Sociedade – CTS (SANTOS & MORTIMER, 2001).

Page 45: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

44

Este movimento no Ensino de Ciências se iniciou nos países industrializados, como

Estados Unidos, Canadá, Austrália e Europa estendendo-se, mais tarde, ao Brasil. As

inovações curriculares ocorridas no Brasil passaram por uma visão de ciência como produto

de uma época ou contexto econômico, social e político e, mais tarde, por volta dos anos 80,

por uma análise das implicações sociais do desenvolvimento científico e tecnológico.

Atualmente, esta preocupação com a estrutura curricular referente à CT que,

diretamente pressupõe a formação para a cidadania, encontra “apoio legal” na Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que estabelece, como finalidade da educação

básica, “a formação comum indispensável para o exercício da cidadania (Lei nº 9394/1996,

cap. II, seção I, art. 22) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), na versão para o

Ensino Médio, em sua página de apresentação, afirma que as transformações ocorridas no país

“exigem que a escola possibilite aos alunos integrarem-se ao mundo contemporâneo nas

dimensões fundamentais da cidadania e do trabalho”. (PCN,1998, p. 5)

Apresentando uma visão mais detalhada da proposta de currículos CTS, seus

elementos podem ser assim destacados:

• Objetivos:

Como objetivos gerais, Santos e Mortimer (2002, p. 4) apontam: (1) aquisição de

conhecimentos, (2) utilização de habilidades e (3) desenvolvimento de valores. Dentre os

conhecimentos e habilidades a serem desenvolvidos, destacam ainda: a auto-estima, a

comunicação escrita e oral, o pensamento lógico e racional para solucionar problemas, a

tomada de decisão, o aprendizado colaborativo/cooperativo, a responsabilidade social, o

exercício da cidadania, a flexibilidade cognitiva e o interesse em atuar em questões sociais.

Dentre estes objetivos, destaca-se o desenvolvimento de valores para esta participação social,

valores que envolvem solidariedade, fraternidade, compromisso social, respeito ao próximo.

• Estrutura conceitual:

Alguns temas compõem a estrutura conceitual dos cursos em CTS: conceitos

científicos e tecnológicos, que enfatizam aspectos relacionados ao interesse pessoal, à

preocupação cívica e às perspectivas culturais e processos de investigação e interações entre

ciência, tecnologia e sociedade, que possibilitam a participação ativa do aluno na resolução de

problemas, e nos passos posteriores e anteriores a esta, como a coleta de informações e a

tomada de decisões.

Page 46: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

45

A utilização de temas locais, políticas públicas e temas globais serve de instrumento

para a interação entre ciência, tecnologia e sociedade. No entanto, é relevante destacar o que

os currículos CTS relacionam a estes campos.

Como ciência, vem se destacando uma visão muito crítica a respeito, desarticulando-a

de uma “serviçal de interesses econômicos”, na busca da superação da ciência determinista e

neutra ainda presente nos currículos escolares.

Enfim, os conteúdos dos currículos CTS apresentam uma visão mais ampla da ciência,

demonstrando também seu caráter provisório e inacabado, seu novo modo de produção e

outros aspectos além da natureza da investigação científica e do significado dos conceitos

científicos.

Em relação à tecnologia, observa-se que o cidadão só passa a perceber as

interferências que a tecnologia tem em sua vida, e que ele pode intervir nesta área na medida

que ele amplia sua visão além do seu aspecto técnico e destaca, também, os seus aspectos

organizacionais e culturais. Este processo permite compreender como a tecnologia é

dependente dos sistemas sócio-políticos e dos valores e ideologias da cultura, enfim, do

contexto em que se encontra.

Por fim, como sociedade, os currículos baseados em CTS buscam articular temas

científicos e tecnológicos que se tornem relevantes deste ponto de vista social. Nos estudos de

Ramsey (1993), ele apresenta três critérios para identificar um tema social relativo à

ciência:(1) se é um problema de natureza controvertida; (2) se o tema tem significado social e

(3) se o tema relaciona-se, em alguma dimensão, com a ciência e a tecnologia.

Há, ainda, entre os estudiosos do assunto, algumas divergências quanto ao estudo de

temas regionais ou globais, bem como, quanto às áreas de seleção destes. Enfim, o

interessante é relacioná-los sempre às questões sociais ampliando a visão de ciência e

tecnologia anteriormente enraizadas.

• Estratégias de ensino:

Em geral, as abordagens em CTS caracterizam-se pelas seguintes etapas: (1)

introdução de um problema social; (2) análise da tecnologia relacionada ao tema social; (3)

estudo do conteúdo científico definido em função do tema social e da tecnologia introduzida;

(4) estudo da tecnologia correlata em função do conteúdo apresentado e (5) discussão da

questão social original (SANTOS & MORTIMER, 2002).

Page 47: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

46

Para a introdução de problemas sociais e, aplicação da seqüência de atividades acima

descrita, o estudo de temas apresenta-se como a estratégia mais adequada. Desta forma, a

solução do problema para posterior tomada de decisão é levantada após discussão das diversas

possibilidades, todas elas surgidas a partir de conhecimentos científicos envolvidos na

questão.

Diversas outras atividades são sugeridas, tais como: palestras, demonstrações, sessões

de discussão, solução de problemas, jogos de simulação e desempenho de papéis, fóruns e

debates, projetos individuais e de grupo, redação de cartas a autoridades, pesquisa de campo e

ação comunitária.

Santos & Mortimer (2002) citam também como exemplos de atividades: estudo de

caso, construção de modelos e artefatos tecnológicos, discussão em grupo sobre vídeos e fatos

históricos, seminários, e demais trabalhos cooperativos.

Enfim, o principal objetivo de currículos CTS, ainda segundo esses autores, é o

letramento científico e tecnológico para que os alunos possam atuar como cidadãos, tomando

decisões e agindo com responsabilidade social. Neste caso, o letramento científico e

tecnológico refere-se àquele que não só reconhece a linguagem, mas que também faz uso

deste conhecimento em práticas sociais. A este também se denomina alfabetização científica e

tecnológica. Como exemplo, podemos citar o estudo do conteúdo energia. Neste caso, várias

propostas poderiam ser feitas, dentre elas discutir as diferentes fontes de energia, as formas de

obtenção e produção desta energia, seu impacto ambiental, a energia como fonte vital de

sobrevivência humana, e economia relacionada à energia, pesquisas realizadas com fontes

alternativas de energia, sempre promovendo discussões para provocar um posicionamento

diante das diversas situações relacionadas à aplicação da energia para o bem-estar

comunitário.

Page 48: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

47

2.3 – ESTABELECENDO ASSOCIAÇÃO ENTRE A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA, ALFABETIZAÇÃO TECNOLÓGICA, ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA E INCLUSÃO DIGITAL:

Fleming (1988) considera que uma pessoa letrada tecnologicamente tem potencial para

examinar e questionar situações relacionadas ao impacto social das tecnologias. Destaca

questões como custo-benefício, modelos econômicos, idéias de progresso, consumo de

produtos tecnológicos, enfim, questões relativas ao acesso e ao uso crítico as tecnologias.

No campo das pesquisas em Educação em Ciências, a “alfabetização científica e

tecnológica” tem sido considerada pelo Movimento CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade

como um aspecto decisivo e fundamental para inserção crítica na sociedade, por meio de

abordagens curriculares diferenciadas das tradicionalmente neutras, desprovidas de caráter

sócio-político, e conseqüentemente, reforçadoras de uma sociedade com nítidas relações de

exploração/ exclusão (ANGOTTI & AUTH, 2001). Este movimento procura oferecer ao

Ensino de Ciências uma abordagem multidisciplinar, com uma visão de ciência ampla, em

que se discutem aspectos além da natureza da investigação científica e do significado de

conceitos científicos. Estas concepções relativas à ciência e à tecnologia encontram-se muito

próximas da formação cidadã também enfocada nas reflexões sobre inclusão digital, na qual

não só importa o domínio das ferramentas tecnológicas, mas o desenvolvimento de uma visão

crítica diante das informações acessadas (TAKAHASHI, 2000).

Retomando as conceituações de inclusão digital discutidas no capítulo anterior, ao

levantarmos a questão sobre a abrangência da inclusão digital, além da oferta de hardware e

software, em um nível de acesso de “conduit model”, limitado à disponibilidade de

instrumentos, podemos relacionar estes instrumentos aos conceitos vazios de significados

também oferecidos no campo do Ensino de Ciências. Estes conceitos sem as habilidades

básicas para sua aplicabilidade são como a tecnologia nas mãos de alguém sem

conhecimentos mínimos pra fazê-la funcionar de forma crítica e apropriada para o seu

contexto. Na medida em que esses conceitos são discutidos e ressignificados tomam sua

função social de instrumentos na solução de problemas individuais e coletivos e servem de

Page 49: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

48

alicerce para a construção de uma postura cidadã para a maior compreensão da nossa

sociedade, de tomada de decisões e busca de soluções.

Esta lógica de pensamento com relação à postura do indivíduo é aplicável tanto à

utilização de recursos tecnológicos, quanto aos conceitos e relações estabelecidas no campo

da ciência.Warschauer (2002) defende a visão de que as tecnologias de informação e

comunicação são capazes de promover a inclusão social. Destaca também, baseado neste

princípio, que a questão-chave encontra-se não apenas no acesso desigual, mas na maneira

desigual como o computador é usado. Portanto, a preocupação demonstrada em apropriar-se

dos conceitos científicos e tecnológicos com uma postura mais crítica de efetiva prática da

cidadania marca efetivamente uma convergência de propósitos entre a inclusão digital e a

alfabetização científica e tecnológica.

2.4 – CONCLUSÃO

Neste capítulo traçamos a conceituação de alfabetização científica, discutindo as

diferentes visões sobre este tema. A questão central de que este processo deva contribuir para

a formação de um cidadão crítico, participativo e atuante nas decisões referentes à CT, nasceu

no contexto destas discussões.

A partir deste ponto, foi discutido o conceito de alfabetização tecnológica que,

segundo Pfuetzenreiter (2001), há ainda restrições de alguns autores sobre sua distinção em

relação à alfabetização científica.

Nesta mesma linha, aprofundamos o conceito de alfabetização científica e tecnológica

-ACT, apontando que duas perspectivas são possíveis: a reducionista e a ampliada ( AULER

& DELIZOICOV, 2001).Destaca-se na diferença entre estas visões, o fato de estimular a

autonomia e a ressignificação dos conceitos trabalhados.

Estas conceituações permitiram relatar, em seguida, o contexto do surgimento do

Movimento CTS, que data da década de 70. Tal movimento, com objetivos bem claros de

tomar para os atores sociais a participação em decisões relativas à CT, propõe a formação de

cidadãos mais críticos e envolvidos com estas questões a partir de uma mudança na estrutura

Page 50: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

49

curricular da área de Ensino de Ciências. São discutidos seus objetivos, estrutura conceitual e

estratégias de ensino.

Finalmente, relacionamos os conceitos discutidos no presente capítulo e o conceito de

inclusão digital apresentado no capítulo anterior. A interface encontrada aponta para a

construção da cidadania através da aplicação significativa dos conhecimentos em prol da

resolução de problemas e produção de soluções adequadas ao bem-estar individual e coletivo.

Desta forma, podemos supor que um processo de integração das TICs no currículo

escolar e no desenvolvimento de materiais deveria levar em conta tais discussões.

Page 51: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

50

Capítulo 3 – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO

ENSINO DE CIÊNCIAS

Este capítulo visa discutir como a tecnologia pode estar presente no cotidiano escolar.

Para isto, iniciamos com a discussão do conceito de tecnologia. Em seguida, abordamos as

diferentes visões de tecnologia relacionando-as com a Informática Educativa e, por fim,

destacamos a tecnologia na escola, com enfoque especial ao Ensino de Ciências. Esta

aproximação busca relacionar as visões de alfabetização científica e tecnológica e inclusão

digital, antes debatidas na construção de uma interface destes conceitos, porém a partir de

agora, presentes no contexto escolar, por meio das práticas pedagógicas ali desenvolvidas.

3.1 – CONCEITUAÇÕES E VISÕES DE TECNOLOGIA

Ao afirmarmos que vivemos atualmente numa sociedade tecnológica, um comentário

de senso comum, desconsideramos que a tecnologia já faça parte do dia-a-dia desde o início

da civilização humana e, de forma tão natural que pouco notamos sua presença.

Neste sentido, é importante destacar que, quando se trata de tecnologia, um dos riscos

é o de só considerar como tecnologia aquelas de invenção mais recente. Esta visão reflete uma

descontextualização, visto que a cada etapa da evolução humana, podemos notar a aplicação

de tecnologias de grande valia àquele contexto histórico. No entanto, o processo de

incorporação ao cotidiano, ao longo do tempo, ocorreu de forma tão integrada que,

atualmente, não nos vemos sem tais tecnologias, mas também sequer as destacamos como

uma grande evolução tecnológica que um dia foram, tamanha sua integração ( KENSKI,

2003).

Segundo Simondon (apud KENSKI, 2003, p.21), o processo de humanização se inicia

a partir do momento em que ele se utiliza dos recursos disponíveis na natureza para benefício

próprio, portanto, “a evolução social do homem confunde-se com as tecnologias

desenvolvidas e empregadas em cada época.” Isto confirma, portanto, ser a tecnologia uma

Page 52: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

51

produção basicamente humana, um dos primeiros sinais de cultura que permitem superar as

limitações da natureza. Porém, estes avanços surgidos do progresso tecnológico também

acarretam uma acumulação de estruturas de poder que se perpetuam ou se transformam nas

mesmas formas de organização e controle social.

Kenski (2003, p.19) afirma que “a tecnologia é o conjunto de tudo isso: as

ferramentas e as técnicas que correspondem aos usos que lhes destinamos, em cada época”.

Mas a própria autora afirma que as tecnologias não apenas feitas de produtos e equipamentos.

Poderíamos conceituar também como tecnologias outras ferramentas e outros usos que nos

permitem a adaptação necessária ao ambiente. Neste sentido, as tecnologias não se resumem a

instrumentos, existem outros tipos de tecnologia.

Comecemos refletindo sobre o que Sancho (1998) considera como as “Tecnologias

Organizadoras”. A autora destaca, neste grupo, como exemplos, a gestão e controle da

aprendizagem, a disciplina, a gestão da atividade produtiva, das relações humanas, técnicas de

mercado.

A linguagem oral, a escrita e a linguagem digital (dos computadores) são exemplos

paradigmáticos do que Sancho denomina como Tecnologias Simbólicas (1998). A autora

acredita que essas tecnologias, consideradas construções internalizadas nos espaços da

memória das pessoas, foram criadas pelos homens para avançar no conhecimento e aprender

mais. Afirma ainda que pouco paramos para pensar como as tecnologias simbólicas e

organizadoras configuram e transformam o nosso mundo.

Avançando um pouco mais, chamamos “Tecnologias de comunicação e informação”

àquelas articuladas às tecnologias da inteligência e que, por meio de seus suportes (mídias,

como o jornal, o rádio, a televisão...), realizam o acesso, a veiculação das informações e todas

as demais formas de ação comunicativa, em todo o mundo (KENSKI, 2003).Uma de suas

características é que não se limitam aos suportes. Estes são mais do que ferramentas, pois

participam de nosso mundo natural e social (REEVES & NASS, 1996).

Analisando a evolução tecnológica, principalmente no que diz respeito às tecnologias

de comunicação e informação - TIC, concluímos que ela não se resume ao surgimento ou aos

novos usos dados às ferramentas, mas também altera comportamentos, pois muda a maneira

de pensar, agir, se relacionar, se comunicar e produzir conhecimento (KENSKI, 2003).

Page 53: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

52

Portanto, as TICs interferem em nosso modo de pensar, sentir, agir, de nos

relacionarmos socialmente e adquirirmos conhecimentos, influenciando a criação de uma

nova cultura e de um novo modelo de sociedade.

A democratização do acesso a esses produtos tecnológicos - e a conseqüente

possibilidade de utilizá-los para a obtenção de informações - é um grande desafio para a

sociedade atual e demanda esforços e mudanças nas esferas econômicas e educacionais de

forma ampla.

Porém, Sancho (1998) alerta que a oportunidade de acesso à informação que os

indivíduos das sociedades influenciadas pelas tecnologias de informação e comunicação

possuem, apresenta alguns paradoxos: a incapacidade real de comprovar as informações

recebidas; o acesso à informação não acarreta, necessariamente, o aumento da capacidade

para se pronunciar sobre o valor e o sentido, não só das descobertas e do conhecimento

elaborado, mas sobre a sua relevância e conseqüências para explorar, resolver ou agravar os

problemas sociais; ter informação, elaborar um julgamento informado e crítico sobre algo e

não poder agir, mesmo que esta ação também precisasse ser submetida a julgamento crítico,

leva ao desassossego, ao desinteresse, ao cinismo.

Estes paradoxos implicam em diferentes visões diante do desenvolvimento

tecnológico. Estas visões de tecnologia e a forma de relação entre a humanidade e suas

técnicas têm sido objeto de estudo para teóricos como Feenberg que se dedica à compreensão

da visão filosófica de tecnologia.

O filosófo Feenberg (2003) para descrever as visões de tecnologia se baseia em dois

aspectos: os valores intrínsecos na tecnologia e o controle sobre a tecnologia.

Segundo ele, na visão instrumental, a tecnologia é subordinada aos valores

estabelecidos em outras esferas sociais (por exemplo, a política e a cultura). Sob esta visão,

reside a idéia do senso comum de que as tecnologias são ferramentas preparadas para servir

aos propósitos daqueles que as utilizam.

A visão determinista destaca que a tecnologia tem um aspecto neutro e autônomo,

assume uma força própria e molda a sociedade às exigências da eficiência e do progresso.

Apresenta uma característica fatalista na medida em que considera o desenvolvimento social e

econômico como um caminho quase natural. Assim, possui uma posição usualmente

Page 54: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

53

“progressista e otimista”, por seus adeptos considerarem a tecnologia como o “servo das

necessidades humanas e idealizarem um final sempre feliz”.

A visão substantiva atribui à tecnologia uma força cultural autônoma que anula todos

os valores tradicionais ou em concorrência. A sua argumentação é a de que a tecnologia

constitui um novo tipo de sistema cultural que reestrutura todo o mundo social como um

objeto de controle. Este sistema é caracterizado por uma dinâmica expansiva que, finalmente,

influencia decisivamente em qualquer ambiente pré-tecnológico e configura toda a vida

social. A transição para a modernidade é considerada um progresso (eficiência =

modernidade). Ao optarmos pelo uso da tecnologia, estamos fazendo uma série de escolhas

implícitas, pois ela não é um simples meio, mas se transformou em um ambiente e em uma

forma de vida: é este o seu impacto “substantivo”.

Finalmente, apresenta a visão crítica que argumenta que “tecnologia é ideologia” e,

portanto, problematiza o design e seu controle, ponderando que, se este se adequa à

sociedade, design diferentes poderiam contribuir para uma sociedade mais democrática.

Partindo deste princípio, afirma que “onde quer que as relações sociais sejam mediadas pela

tecnologia moderna, é possível introduzir controles mais democráticos” (FEENBERG, 2004,

p. 3). De acordo com esta teoria, a tecnologia não é uma “coisa” no sentido geral do termo,

mas sim um processo “ambivalente” de desenvolvimento suspenso entre duas possibilidades.

Esta “ambivalência” se distingue da neutralidade pelo papel que atribui aos valores sociais no

projeto e não somente no simples uso dos sistemas técnicos. Assim, a tecnologia não é um

destino, mas uma “cena de luta”, visto que envolve interesses sociais.

Assim, a partir destas reflexões acerca da conceituação de tecnologia e as visões

sobre ela, é possível discutir então a incorporação da TIC no espaço escolar.

3.2 – A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA ESCOLA

Levando em consideração as diferentes formas de tecnologia destacadas por Sancho

(1998), que ampliam o conceito de tecnologia, desde computadores até as tecnologias

simbólicas (linguagem, representações icônicas etc.) e tecnologias organizadoras (gestão e

Page 55: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

54

controle da aprendizagem, disciplina etc.) presentes no processo educativo, podemos afirmar

que algumas delas integram o cotidiano escolar desde muito tempo.

No momento social e tecnológico em que vivemos, no qual as tecnologias estão em

constante mudança, o estado permanente de aprendizagem surge como conseqüência natural.

Portanto, “abrir-se para novas educações - resultantes de mudanças estruturais nas formas de

ensinar e aprender possibilitadas pela atualidade tecnológica - é o desafio a ser assumido por

toda a sociedade” (KENSKI, 2003, p. 27), caracterizando o atual estágio do conhecimento

como um saber ampliado e mutante.

Neste sentido, um dos grandes desafios da escola é viabilizar-se como espaço crítico

em relação ao uso e à apropriação das tecnologias de comunicação e informação. Umberto

Eco (1996) destaca a necessidade de uma “sabedoria nova” que nos ajude a criar uma nova

forma de competência crítica, uma arte ainda desconhecida de seleção e de decodificação da

informação. Isso se torna mais evidente quando se observa que a incorporação de tecnologias

interfere nas noções de espaço, tempo, memória e realidade, que se alteram neste processo

(KENSKI, 2003).

Neste “casamento” entre esta nova mídia e a educação (DEMO, 2005), que pode ser

visto como uma disputa de espaços para determinar o que será o fim e o que será o meio,

Sancho (1998) destaca duas posturas diante da possibilidade de considerar o conhecimento

tecnológico nos processos de ensino: tecnofilia e tecnofobia. A primeira revela a postura

otimista daqueles que acreditam estar na tecnologia a solução mágica para seus problemas

vivenciados no campo educacional. Por outro lado, na segunda postura, encontramos

opositores que consideram um perigo eminente a utilização de tecnologia. Posturas

extremistas que, por analogia, nos remetem à visão de “Deus e o Diabo na Terra do Sol”8

Encontramos em Ramos (2005) uma discussão que apresenta um paralelo entre as

visões de Feenberg (2003) e estas posturas levantadas por Sancho (1998). Um dos extremos

registra a coincidência entre a “tecnofobia” e a “visão substantiva”, pessimista e contrária a

toda tecnologia, enquanto que em outro extremo, a “tecnofilia” coincide com a visão “visão

8 Deus e o diabo na terra do sol é um filme brasileiro de 1964, do gênero drama, dirigido por Glauber Rocha. É

considerado um marco do cinema novo.

Page 56: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

55

determinista”, otimista e acrítica. A análise deste paralelo conclui que as diferenças de

posturas propostas por Sancho se baseiam em valores que nos levam a crer que, ao se mostrar

neutra, a tecnologia represente eficiência à educação, mas ao ser carregada de valores,

represente um risco. No entanto, Ramos (2005, p. 71) complementa que “é o controle humano

que faz com que a tecnologia não se situe em nenhum dos extremos” mas sim, o efeito da

tecnologia seja determinado pelo controle humano.

Analisando a partir de um olhar da informática educativa, podemos afirmar que

relacionando as visões de tecnologia aqui discutidas com as posturas e práticas pedagógicas,

incorporando uma visão determinista que afirma como positiva toda inovação tecnológica, a

solução para os problemas educacionais se encontra na simples oferta de tecnologia.

A visão instrumentalista, por usa vez, se apresenta em materiais meramente

instrucionais, de puro treinamento e transmissão do conhecimento, oferecendo um ar de

modernidade a práticas tradicionais. O fato de aplicar novas técnicas e novos materiais, mais

sofisticados, pode significar, muitas vezes, uma mera “maquiagem” ao que vem sendo feito

há tempos, com a mesma visão tradicional de educação. “Não se trata também de ensinar os

velhos conteúdos de forma eletrônica, por meio de telas iluminadas, animadas e

coloridas”.(ALMEIDA, M; ALMEIDA, F, 1998, p. 50)

Na visão substantiva, é importante refletir ao relacioná-la ao contexto escolar, sob o

prisma de que “é preciso problematizar a origem dos meios técnicos, indicando não apenas as

conseqüências positivas, como também as nocivas apontando a contradição da tecnologia”

(RAMOS, 2005, p. 73). Nesta visão, o computador traz em si os valores da eficiência e da

eficácia, não permitindo, desta forma, sua aplicação na formação do cidadão.

Para discutir a visão crítica, podemos seguir o exemplo apresentado por Feenberg

(2003) sobre uma experiência com educação a distância. O autor destaca uma divergência

criada por um grupo formado por estrategistas de mercado, políticos, administradores que

tratam a questão apenas como um produto e, que, portanto, refletem no modelo de educação a

distância uma visão tradicional de educação ignorando a potencialidade dos recursos para

uma educação mais interativa. Por outro lado, encontram-se os acadêmicos que defendem a

humanização da informação, valendo-se dos recursos tecnológicos para a promoção de uma

educação mais dinâmica e interativa, posição também defendida por este autor.

Page 57: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

56

No espaço escolar, ao se discutir a integração da informática na educação, é

importante refletir sobre que estas visões, visto que este desenvolvimento científico e

tecnológico transforma não só o espaço, mas, especialmente os atores do processo

educacional.

Por exemplo, os professores desconsideram, ao colocar-se em oposição ao uso de

tecnologias, que existem tecnologias diferenciadas sendo utilizadas em seu cotidiano da sala

de aula o que consiste, de certa forma, em um comportamento contraditório.

As próprias escolas são uma tecnologia (SANCHO, 1998), uma solução à necessidade

de proporcionar educação a todos os cidadãos e cidadãs de certas idades - tecnologia da

educação. A educação pode ser concebida como um tipo de tecnologia social e um educador

como um tecnólogo da educação.

Então, um educador que resista ao apelo das tecnologias produzidas e utilizadas na

contemporaneidade, está, no mínimo, dificultando aos seus alunos a compreensão da cultura

do seu tempo e o desenvolvimento do juízo crítico sobre elas. Além do que, as tecnologias

podem e devem contribuir para o processo ensino-aprendizagem, conforme nos indicam os

PCN. A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma atuação ativa, crítica e criativa por parte de alunos e professores. (BRASIL.MEC.PCN,1998 p.125)

Esta inserção de TICs na escola coloca desafios a serem enfrentados por toda a

comunidade escolar. É necessário repensar o próprio papel da escola nesta sociedade em

mudança, em que a única certeza é a incerteza, já que a tecnologia não pára de evoluir. Assim,

desafiam-se os papéis estabelecidos, uma vez que a geração mais jovem está mais preparada

em termos técnicos do que a geração precedente. A partir daí, é necessário que educadores re-

avaliem o papel da educação e o seu papel como professores. Talvez nosso maior desafio seja

compreender a transitoriedade que a evolução constante das TICs impõem à vida moderna e à

Educação.

Destacando ainda mais as possibilidades de contribuição da tecnologia à educação,

podemos afirmar que: Tecnologia eletrônica pode ser utilizada para gerar situações de aprendizagem com maior qualidade, ou seja, para criar ambientes de aprendizagem em que a problematização, a atividade reflexiva, atitude crítica, capacidade decisória e a autonomia sejam privilegiados.

Page 58: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

57

Os meios eletrônicos de comunicação oferecem amplas possibilidades para ficarem restritos apenas à transmissão e memorização de informações. Permitem a interação com diferentes formas de representação simbólica. (BRASIL.MEC.PCN, 1998, p. 141)

Porém, Prado (2005) nos alerta que esta integração, educação e informática,

corresponderá aos objetivos esperados à medida que sejam compreendidas as especificidades

dos campos envolvidos: educação e informática, para que suas potencialidades e

características não sofram o feito de uma justaposição ou subutilização. Este “casamento”

pressupõe que a informática, na sala de aula, não pode se propor apenas à interação com o

computador e com softwares. Deve estar integrada ao currículo escolar e a serviço de uma

perspectiva abrangente e interdisciplinar. Nesse pressuposto, o desenvolvimento de projetos

surge como uma estratégia pedagógica que atende à incorporação de práticas inovadoras que

ultrapassam as paredes da sala de aula. Os projetos são oportunidades excepcionais para nossas escolas, porque possibilitam um arranjo diferente nas dinâmicas de aprendizagem. Propõem o contato com o mundo fora da sala de aula, fora dos muros da escola, na busca de problemas verdadeiros. Pressupõem a ação dos alunos na busca e seleção de informações e experiências. (ALMEIDA; F. J, 2000, p. 35).

É interessante observar os pontos comuns presentes entre a informática e os projetos

(SANTOS, 2006). A visão interdisciplinar dos conteúdos e a abordagem não linear destes são

bons exemplos. Em ambos os aspectos, destaca-se o ensino e a aprendizagem realizados em

ambientes de interação e interatividade. Embora, a interação e a interatividade aparentemente

signifiquem a mesma coisa, por ambas se utilizarem de meios midiáticos, telemáticos,

tecnológicos e computacionais para a construção de conhecimentos, segundo Oliveira (2006),

é interessante destacar que a interatividade se caracteriza pela possibilidade de interagir

ofertada pelo meio eletrônico que está sendo utilizado, através de seus hardwares e softwares;

ao passo que a interação significa a ação de interagir com outras pessoas que pode ocorrer

através da tecnologia disponível, ou em outros ambientes que promovam esta interação.

Neste contexto, os projetos de aprendizagem são alternativas significativas e

estimuladoras que oportunizam ao aluno se aproximar da realidade e estabelecer relações

entre ação e reflexão, bem como entre teoria e prática. Com essas alternativas, os alunos

descobrem novas dimensões, novos contextos, vivenciam, constroem e experimentam novas

aprendizagens. Desta forma, é oferecido aos alunos um movimento contínuo, dinâmico e

gradativo para a concretização dos conhecimentos e operacionalização da informática na sala

de aula como um enriquecimento do currículo escolar (PRADO, 2005).

Page 59: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

58

A construção de conhecimento se dá gradativamente no percurso da vida, o que ocorre

no cotidiano escolar do aluno através da prática de ensino do professor, em especial com a

vivência em projetos educativos. Nesta pedagogia de projetos, as ferramentas tecnológicas

funcionam como meios dinâmicos que colaboram para o processo de aprendizagem. Assim,

como exemplo, podemos citar a internet como uma ferramenta que propicia uma

aprendizagem autônoma através da pesquisa.

Com relação à Internet e ao seu potencial para a pesquisa, ao utilizá-la encontramos

uma avalanche de informações disponíveis que, necessariamente, não correspondem a

conhecimento, visto que para isso é necessário analisar, selecionar e contextualizar as

informações para que se torne um conhecimento. “Se, por um lado, o conhecimento depende

de informação, por outro, a informação por si só não produz novas formas de representação e

compreensão da realidade” (BRASIL. MEC. PCN, 1998, p. 96). Neste processo, a intervenção

do professor é determinante, porque, sem seu direcionamento, esta tecnologia pode se

transformar somente em um “verniz” para práticas conservadoras, restringindo seu potencial.

Piaget (1985) destaca que o desenvolvimento da inteligência depende da ação do

sujeito sobre o objeto, ou seja, o desencadeamento das sucessivas operações estimula a busca

do conhecimento pelo aprendiz, sendo este sujeito ativo e construtor de sua própria

aprendizagem. Há assim, quando se trata da aplicação da internet no processo de

desenvolvimento, um movimento dialético entre sujeito e objeto, visto que a internet propicia

esse movimento. Na teoria piagetiana, é através das interações e da construção de idéias que o

sujeito desenvolve o conhecimento. Essas construções podem ser realizadas nas listas de

discussões e nos fóruns eletrônicos, nas videoconferências e em trabalhos em grupos. Os

saberes poderão ser construídos por meio das informações e das diversas linguagens e

ferramentas que a internet oferece. A quantidade de informações ou de ferramentas

eletrônicas não garantirá uma aprendizagem significativa (HOLLIMAN & SCALON, 2004;

SCHANK, 1998) para o aluno, mas a mediação do professor diante destas ferramentas, sim.

Valente (2007, p.1) afirma que “para a implantação do computador na educação são

necessários basicamente quatro ingredientes: o computador, o software educativo, o professor

capacitado para usar o computador como meio educacional e o aluno.” Isto implica dizer que

o processo de inserção da Informática na Educação, no ambiente escolar, ocorre através de

alguns “movimentos” (SANTOS, 2006):

Page 60: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

59

5. O movimento inicial é o de conhecer o computador como instrumento: a exploração da máquina;

6. Depois, o movimento de apropriação dos recursos que as ferramentas computacionais disponibilizam;

7. Em seguida, o movimento de elaborar formas de usar as ferramentas no contexto da aprendizagem. Nesse momento, deve haver uma contextualização dos conteúdos curriculares de forma interdisciplinar. Para tanto, é muito importante a mediação do professor na busca de organização e reorganização do saber, de maneira que o aluno tenha chance de sistematizá-lo significativamente.

Enfim, esta visão de integração da informática no contexto escolar não propõe que esta

se constitua em um componente curricular. Como também, afirma que a simples presença das

TICs na escola não garante uma melhoria dessa qualidade, pois uma aparente modernidade

pode esconder um ensino tradicional baseado na recepção e na memorização de dados.

O computador pode ser um transmissor de informações muito mais eficiente do que o professor. Cabe ao professor assumir a mediação das interações professor-aluno-computador de modo que o aluno possa construir o seu conhecimento em um ambiente desafiador, em que o computador auxilia o professor a promover o desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da auto-estima do aluno. (ALMEIDA, 1998, p. 66).

Portanto, o que se pretende é que a concepção educacional norteadora na incorporação das TICs no ambiente escolar objetive a mobilização das dimensões cognitiva, social e afetiva dos alunos. Assim, enfatizará a contextualização e a construção do conhecimento, que servirá de base para a busca de alternativas às problemáticas contextuais e a transformação da realidade. (SEED, MEC, 2005, p. 72).

3.3 – TICS NO ENSINO DE CIÊNCIAS

A crescente evolução do conhecimento científico e as mudanças provocadas por este

desenvolvimento, a rapidez na produção de informações e descobertas, e também a

constatação da complexidade da compreensão dos fenômenos acerca do mundo em que

vivemos, vêm influenciando o Ensino de Ciências. Neste contexto, a preocupação com a

formação, não só do aluno, mas principalmente do cidadão, que deverá se posicionar diante

deste quadro, provoca uma reavaliação desta área do conhecimento no que se refere ao

alcance de seus objetivos e, até mesmo, no desenho de seus propósitos (SANTOS &

MORTIMER, 2002).

Page 61: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

60

Fourez (2003) considera o momento atual como sendo de crise no Ensino de Ciências,

e destaca como atores principais desta questão: os alunos, os professores de Ciências, os

dirigentes da economia, os pais, os cidadãos. Embora o autor destaque que esta análise seja

marcada pela sua situação local, ou seja, a Bélgica, seus argumentos são plenamente

aplicáveis à análise de situações relativas ao ensino também em outras partes do mundo

industrializado, como, por exemplo, no Brasil.

Um dos pontos levantados pelo autor como um sintoma desta crise é o afastamento

dos jovens das carreiras dita “científicas”. A alegação é a de que estas formações direcionem

para a formação de cientistas e que em nada se aproximariam da compreensão necessária do

mundo em que vivem estes estudantes, motivo pelo qual eles passam a optar por áreas ligadas

às ciências sociais, como sociologia e psicologia, que consideram mais se aproximem destas

necessidades apontadas por eles.Este distanciamento da realidade cotidiana nega a

importância da ciência no aprofundamento e na solução de questões culturais, sociais,

econômicas entre outras.

Com relação aos professores, a realidade se mostra difícil por estes serem atingidos

por questões provenientes da própria crise educacional, como a desvalorização da escola e

seus profissionais, além de sua própria dificuldade pela deficiência em sua formação inicial.

Esta formação limitada, segundo Fourez (2003, p. 2), centrou-se mais sobre “o projeto de

fazer dos professores técnicos em ciências do que fazê-los educadores”. Em seus estudos,

houve uma rápida iniciação pedagógica, pouca preocupação em discutir questões

epistemológicas, históricas e sociais, e nenhuma menção à prática tecnológica, nem à maneira

como ciências e tecnologias se integram, tão pouco houve uma preocupação em destacar as

iniciativas interdisciplinares. Desprovidos de fundamentação que os permita reagir diante de

sua área de atuação, muitos professores permanecem estáticos, perpetuando esta situação.

Em relação àqueles que Fourez (2003, p. 3) denomina “dirigentes de nosso mundo

econômico e industrial”, suas preocupações se fixam na diminuição da oferta de pessoal

qualificado, o que, imperiosamente, será sentida na produção de riquezas. Esta visão reafirma

que o mundo industrializado apenas possui o olhar técnico e econômico do problema.

Quanto aos pais e cidadãos, podemos dizer que, estes atores apresentam suas visões

voltadas, basicamente, para as mesmas questões dos dirigentes econômicos, ou seja,

preocupam-se com a formação para o mercado de trabalho e consideram mais a evolução

tecnológica como grande avanço, sem uma visão mais crítica a respeito. Desta maneira,

Page 62: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

61

demonstram uma visão incompleta do problema visto que desconsideram os diversos fatores

anteriormente discutidos.

Faz-se necessário também discutir neste momento, algumas controvérsias levantadas

por Fourez (2003) acerca desta crise. A primeira delas diz respeito à quantidade de matéria

“ensinada” versus a qualidade da formação do aluno, que provoca uma polarização de

posicionamentos dos professores que defendem os resultados a ensinar em contraposição aos

que valorizam os métodos. Esta visão conteudista defendida por alguns cria uma compreensão

distorcida do que seja ciência. A compreensão do que é Ciência por meio desta perspectiva enciclopédica, livresca e fragmentada não reflete sua natureza dinâmica, articulada, histórica e não neutra, conforme é colocada atualmente. Está ausente a perspectiva da Ciência como aventura do saber humano, fundada em procedimentos, necessidades e diferentes interesses e valores. (BRASIL. MEC. PCN, 1998, p. 27)

Outra questão de debate se refere às finalidades do Ensino de Ciências. Este deve

formar cientistas ou promover uma formação que possa proporcionar sua inserção na

sociedade? Nesta polêmica, destacamos a promoção da alfabetização científica e tecnológica

como opção para esta formação cidadã, a partir de seus fins humanistas, sociais e econômicos

o que corresponde ao que se propõem os currículos com visão CTS.

Os objetivos humanistas visam proporcionar ao indivíduo o reconhecimento de seu

mundo através da amplitude de visão crítica oferecida pela ciência, possibilitando uma

participação na cultura de seu tempo. Os objetivos sociais se revelam na diminuição de

desigualdades que o conhecimento científico pode proporcionar, permitindo uma maior

participação em debates democráticos que envolvem interesses comunitários a respeito de

questões técnico-científicas. E, por último, os objetivos econômicos direcionam para a

participação na produção industrial, inclusive no estímulo à vocação para atividades da área.

Enfim, o que se discute são as possibilidades de objetivos dados ao Ensino de Ciências, que

podem promover a formação do cidadão ou a preparação de especialistas. Nesta discussão,

pode-se chegar a levantar a hipótese de que a promoção da alfabetização científica e

tecnológica seja capaz de instigar a vocação de jovens à carreira científica a partir da

oportunidade destes conhecerem e valorizarem o sentido do que se pode “fazer com as

ciências”. É um meio de atingir a dois objetivos aparentemente opostos, mas que podem ser,

desta forma, complementares.

Page 63: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

62

Analisando um pouco mais a questão da alfabetização científica e tecnológica como

uma finalidade do Ensino de Ciências, cabe debater a forma mais adequada de abordagem, se

individual ou coletiva, e de que forma isto poderia ocorrer. Ambas as abordagens são

possíveis e ocorrem em diferentes contextos e situações, por isso é interessante destacar os

pontos pertinentes a cada uma. Quando se trata de processo individual, a escola, dada a sua

tradição na formação do indivíduo, ocupa-se de efetuar esta tarefa, porém, dado ao significado

da formação coletiva, a escola pode também, através de práticas de debate e discussão em

grupo, promover a integração das diversas competências deste coletivo. Assim, a prática

pedagógica pode favorecer tanto a formação individual quanto à coletiva, visto que uma não

caminha sem a outra (FOUREZ, 2003).

Outro ponto a ser discutido se refere aos materiais e aparelhos de experiências e de

situações estudadas. Muitos professores debatem o valor de materiais improvisados ou

reaproveitados, enquanto outros exigem objetos mais específicos e elaborados. Quais

atenderiam melhor? Não há como não apontar esta realidade vivenciada nos espaços escolares

e muito discutida pelos professores, porém, é importante destacar que os meios precisam ser

considerados como suporte para o alcance dos fins.

Neste sentido, existem algumas especificidades para o atendimento de situações de

aprendizagem em que não só os instrumentos são suficientes. Há a necessidade de

demonstrações e práticas nem sempre adequadas ao ambiente escolar por apresentarem riscos

(reações químicas) ou proibições legais (utilização de animais). Nestes casos, o uso de

tecnologia é bastante satisfatório com a aplicação de ferramentas de simulação e

apresentações em vídeo, slides, disponibilizando materiais audiovisuais. Além destas

aplicações, as ferramentas de comunicação, proporcionando a integração entre alunos e

professores, e os ambientes de aprendizagem, compõem as várias possibilidades de integração

das tecnologias que motivam e promovem uma aprendizagem mais significativa. Dizer que o aluno é o sujeito de sua aprendizagem significa afirmar que é dele o movimento de ressignificar o mundo, isto é, de construir explicações, mediado pela interação com o professor e outros estudantes e pelos instrumentos culturais próprios do conhecimento científico. (BRASIL.MEC.PCN, 1998, p. 28)

A superação da postura de um Ensino de Ciências focado no estudo de Ciências

Naturais, limitado à descrição de teorias e experiências, levanta, como meta, mostrar a

ciência como elaboração humana para a compreensão do mundo (MEC, PCN, 1998). Fourez

Page 64: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

63

(2003) reafirma esta observação apontando que os objetivos das ciências, vistos com esse

olhar das ciências naturais, descartam qualquer referência ao humano e às finalidades

humanas, e acrescenta ainda que o mundo dos alunos não é um “mundo natural”, e sim, tecno-

natural, pois são expostos a situações em que tecnologia e natureza estão articuladas em um

universo de finalidades. Esses pensamentos destacam que os objetivos dessa área precisam

refletir as questões éticas e culturais, como a tecnologia.

Os professores, por sua vez, consideram a tecnologia como mera aplicação das

ciências, desconhecendo que esta surge de contextos sociais, históricos, econômicos e sociais.

A partir da compreensão pelos alunos que as implicações sociais influenciam a produção de

tecnologia, é possível promover a discussão crítica sobre o assunto e partir então para uma

análise da influência da tecnologia em seus cotidianos, como representá-la e gerenciá-la. É preciso trazer tais questões críticas para a discussão em sala de aula, evitando a visão ingênua ao idealizar a tecnologia como sinônimo inquestionável de progresso social e conforto individual. (BRASIL.MEC.PCN, 1998, p. 49)

Retomando as discussões levantadas, consideramos que o Ensino de Ciências possa

promover o desenvolvimento de uma postura reflexiva e investigativa, desde que seja

embasado em tendências pedagógicas coerentes com estes objetivos.

O Movimento Ciência, Tecnologia e Sociedade - CTS apresenta-se como uma

tendência por possuir as seguintes proposições: formação para a cidadania, da necessidade da

educação tecnológica, da importância de uma formação adequada para a tomada de decisões e

da divulgação de uma visão da ciência mais coerente com seu papel na sociedade

(TEIXEIRA, 2004). Por isso, esta visão CTS é apontada, neste estudo, como uma tendência

promotora de alfabetização científica e tecnológica.

A abordagem aqui apresentada para o trabalho com tecnologia sugere uma prática com

projetos, com um propósito interdisciplinar e crítico, direcionando à produção e autoria,

estimulando a interação e a interatividade. Todos esses princípios retomam os aspectos

levantados na discussão sobre Inclusão Digital: um processo de formação de um usuário

crítico, capaz de dispor da tecnologia ao seu alcance na resolução de suas questões individuais

e coletivas, considerando a tecnologia como uma ferramenta para sua autoria e participação

social, mas vista com um olhar crítico.

Page 65: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

64

Com a finalidade de analisar esta integração de tecnologia ao ensino de ciências, este

trabalho busca, através de revisão bibliográfica, apontar como as experiências desenvolvidas

nesta área de conhecimento vêm levando em consideração as abordagens de alfabetização

científica e tecnológica e de inclusão digital.

3.4 – MODALIDADES PEDAGÓGICAS E O USO DAS TICS

Várias podem ser as modalidades pedagógicas de aplicação das TICs no espaço

escolar,e, a cada uma delas, corresponderá um desempenho específico por parte de

professores e alunos. Preocupada em monitorar este desempenho, a International Society for

Tecnology in Education (ISTE) propôs um instrumento que pudesse auxiliar neste

acompanhamento. Tal modelo, adotado pela Unesco - Organização das Nações Unidas para

Educação, Ciência e Cultura e Estados Unidos, serve como base para obtenção de dados

quanto ao desempenho do professor e do aluno em tecnologias de informação e comunicação.

A ISTE definiu seis categorias, criando um modelo que conecta indicadores de desempenho

com perfis desejados de alfabetização tecnológica:

Page 66: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

65

Quadro IV - Habilidades e indicadores de desempenho em tecnologias de comunicação e informação. Categoria Habilidades Indicadores de desempenho

Operações básicas e conceitos

Demonstrar entendimento da natureza e operações de sistema tecnológicos. Ser proficiente no uso das tecnologias mais acessíveis.

Saber escolher dentre os sistemas, recursos e serviços disponíveis para uso. Usar dos dispositivos e ferramentas tecnológicas comuns. Solucionar problemas rotineiros de hardware e software.

Questões sociais, éticas e humanas relacionadas à tecnologia

Entender os problemas éticos, culturais e sociais relacionados ao uso (ou não) da tecnologia. Revelar uso responsável e desenvolver atitudes positivas frente às TIC's.

Identificar capacidade, limitações e potencial dos recursos tecnológicos emergentes. Analisar vantagens e desvantagens do uso das TIC's.

Ferramentas de produtividade

Usar ferramenta para aprimorar aprendizagem e ampliar produtividade. Usar ferramentas para colaborar na construção de aprimoramentos tecnológicos e realizar tarefas com criatividade.

Usar tecnologias na gestão pessoal e profissional da informação. Revelar uso rotineiro e eficaz de recursos de informação online para produtividade.

Ferramentas de comunicação

Usar TIC para colaborar, publicar e interagir. Utilizar diferentes mídias para comunicação eficiente.

Usar tecnologias na comunicação pessoal e profissional. Revelar uso rotineiro e eficaz de recursos de informação online para colaboração e comunicação.

Ferramentas de pesquisa

Usar tecnologias para localizar, avaliar, e coletar informações de fontes variadas. Usar TIC para processar dados coletados e comunicar resultados. Avaliar e selecionar novos recursos e inovações tecnológicas apropriadas para tarefas específicas.

Avaliar opções para aprendizagem continuada baseada em tecnologia, incluindo educação à distância. Revelar uso rotineiro e eficar de recursos de informação online na pesquisa e para publicação. Investigar e aplicar sistemas especialistas, agentes inteligentes e simuladores em situações de pesquisa.

Ferramentas de resolução de problemas

Usar recursos tecnológicos para solucionar problemas e para tomada de decisões.

Selecionar e aplicar ferramentas TIC na análise de informação, resolução de problemas e tomadas de decisão.

Adaptado do ISTE (2000) / Estudo de validade de uma escala de desempenho em tecnologias para estudantes

Page 67: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

66

Em consonância com este modelo apresentado pela ISTE (2000), e também baseando-

se nos estudos de Brandão e Tróccoli (2007), pode-se assim classificar o uso de TICs:

• Uso instrumental das TICs

Nessa fase o indivíduo possui o nível de compreensão e aplicação orientada sobre o uso das TICs. Reconhece ferramentas e conceitos, e as utiliza. É capaz de demonstrar habilidades para aplicação pessoal e lazer, demonstrando entendimento da natureza e operações dos sistemas tecnológicos. É proficiente no uso das tecnologias mais acessíveis.

• Uso autônomo das TICs

Nessa fase o indivíduo possui o nível de aplicação autônoma e análise sobre o uso das TICs. Com as informação e conhecimentos disponíveis, consegue resolver problemas como um mínimo de supervisão e as utiliza para sua automação pessoal, realizando tarefas otimizadas com o uso das tecnologias, resolvendo problemas e tomando decisões. Avalia a informação de forma correta, crítica e competente, colaborando com o aprimoramento da aprendizagem e produtividade, gerando informações e conhecimentos. É capaz de pesquisar informações e utilizar serviços da Internet, como o correio eletrônico. Utiliza a informação de forma correta criativa, integrando a informação para conhecimento próprio.

• Uso social das TICs

Nessa fase, o indivíduo possui o nível de síntese. Nesta etapa participa de redes sociais, comunidades de práticas, de aprendizagem virtual e de colaboração, além de utilizar as TICs de forma criativa, sustentável e inovadora, para ganho social e comunitário.

• Uso criativo das TICs

Nessa fase o indivíduo possui o nível de avaliação. Identifica novos problemas e propõe soluções colaborativas com o uso das TICs, do conhecimento e da rede social estabelecida.

• Uso sustentável das TICs

Nessa fase também possui o nível de avaliação, no entanto além de identificar alternativas de uso das TICs na solução de problemas, atua da maneira inovadora para o ganho social e comunitário, preservando valores, identidades culturais e recursos ambientais.

Page 68: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

67

Ao nos referirmos ao uso de internet, um dos aspectos necessários ao processo de

inclusão digital, poderemos utilizar como referência a classificação estudada por Sugrue

(2000) que define este uso em quatro diferentes modalidades pedagógicas, a partir de suas

relações com os processos cognitivos de construção do conhecimento: “Acesso e organização

da informação”, “Atividades autênticas”, “Aprendizagem colaborativa” e “Modelagem dos

estudantes”.

Como “Acesso e organização da informação”, Sugrue (2000) relaciona a modalidade

relativa à aquisição de conhecimentos declarativo e factual. A autora destaca a característica

de linguagem hipertextual e hipermídia da internet. Segundo ela, esta forma de organização de

conhecimento em modelos não lineares, muito se aproxima do sistema de memória e

raciocínio humano, ou seja, não se baseia no armazenamento ou recuperação de conteúdos,

mas sim nos esquemas mentais na relação entre eles (JONASSEN, 1992; NOVAK, 1998).

Porém, a simples oferta de modelos hipermídia não garante a construção destes processos

cognitivos, e nem torna a aprendizagem mais significativa. Segundo Struchiner et al (2005, p.

2) “esses sistemas ainda não se encontram amplamente difundidos no contexto educacional e

a falta de familiaridade com sua estrutura de conteúdo pode, de certa forma, oferecer algumas

dificuldades de orientação aos alunos mais experientes com outros materiais”. Portanto, cabe

às instituições educativas a função de preparar seus alunos, tanto tecnicamente, para o uso da

internet, quanto criticamente para a publicação, seleção e reutilização da informação, visto

que, como leitores e produtores de hipertextos, devem aprender não só a se orientarem diante

de uma nova estrutura textual, mas também, como a selecionar os conteúdos navegados e

organizar aqueles a serem disponibilizados.

Ainda para a autora, para que, efetivamente, o grande potencial para a aquisição de

conhecimentos que a Internet oferece, como ferramenta para o “Acesso e organização da

informação”, possa ser concretizado, é importante que outras possibilidades de uso de

internet, como as que serão citadas adiante, sejam integradas. Assim, estes conhecimentos

poderão ser transferidos e aplicados a outras situações, compartilhados, analisados e

reconstruídos.

Para definir a modalidade de usos pedagógico das TICs chamada “Atividades

autênticas”, Sugrue (2000) apresenta o conceito de aprendizagem situada - “situated learning”

discutido por Greeno (1992), que destaca que o conhecimento é mais facilmente internalizado

e transferido em contextos similares àqueles onde ele será aplicado. A autora afirma que

Page 69: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

68

“atividades autênticas” potencializam os processos de aprendizagem situada e servem de base

conceitual para abordagens educacionais como a instrução ancorada (anchored instruction,

COGNITION AND TECHNOLOGY GROUP AT VANDERBILT, 1997; BRANSFORD ET

AL, 1999) e aprendizagem baseada em problemas (problem-based learning, BROWNES,

1988; SAVERY E DUFFY, 1996). Linn (2004) em seus estudos sobre uso da internet no

ensino de ciências, apresenta, como uma de suas categorias, “Tornar o pensamento visível”.

Esta categoria assemelha-se à proposta de Sugrue, por destacar a complexidade envolvida na

compreensão dos processos científicos que precisam ser apoiados e “modelados” por

estratégias que facilitem a visualização, experimentação e reflexão.

Sugrue propõe duas principais formas de se utilizar a Internet em atividades educativas

autênticas: a partir de propostas de construção de atividades e materiais baseados nas TICs e

também a partir de contextos de ensino-aprendizagem baseados em casos/problemas.

Consideramos como propostas de construção de atividades e materiais baseados em

TICs aquelas nas quais os alunos possam experimentar o desenvolvimento e a publicação de

conteúdos digitais, sejam eles apresentações, sites, recursos audiovisuais, enfim, produtos a

partir da utilização das ferramentas disponibilizadas e aplicadas aos conteúdos que desejam

socializar. Quando os alunos se tornam designers de recursos informacionais, eles são

forçados a se aprofundarem nos conteúdos trabalhados e nas suas várias interações, assim

como nas formas possíveis de organizá-los e publicá-los (JONASSEN & REEVES, 1996).

Os contextos de ensino-aprendizagem baseados em casos/problemas apontam

metodologias distintas: “aprendizagem baseada em casos” e a “aprendizagem baseada em

problemas”. No entanto, estas metodologias estão enraizadas nos mesmos princípios

fundamentais: ambas trabalham os conhecimentos de forma problematizada e

contextualizada, buscando a formação de um aluno autônomo, capaz de relacionar teoria e

prática, de buscar informações e utilizá-las no processo de tomada de decisão nas mais

diversas áreas do conhecimento (STRUCHINER & GIANNELLA, 2005).

A aprendizagem colaborativa apontada por Sugrue é baseada no construtivismo social,

e enfoca a participação ativa e interativa de todos os atores envolvidos nos processos

educativos, a partir da visão de que o conhecimento é uma construção social (VYGOTSKY,

1978). Diante da diversidade de ferramentas oferecidas pela Internet, um dos grandes

potenciais dos ambientes virtuais de aprendizagem é a construção de comunidades

Page 70: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

69

colaborativas que explorem as diversas especialidades e conhecimentos de seus membros,

enriquecendo e diversificando a atividade educativa (SUGRUE, 2000).

Discutindo especificamente sobre o campo de ensino de ciências, Linn (2000) aponta

que o potencial comunicativo da Internet favorece o levantamento de hipóteses,

questionamento, contraposição e compartilhamento de idéias, elementos fundamentais do

processo de investigação científica.

Estudos sobre a modalidade “atividades autênticas” e sobre “aprendizagem

colaborativa” apontam que ambas se fundamentam nas teorias construtivistas e apresentam

enfoque na dimensão social do processo de aprendizagem, desenvolvendo conceitos como

“zona de desenvolvimento proximal” (VYGOSTISKI, 1978), “internalização e

externalização” (VYGOTSKI, 1978; JONASSEN, 1996) “expertises distribuídas” (BONK &

CUNNINGHAM, 1998) e “apropriação participatória” (ROGOFF, 1998).

Giordan (2005), baseado na linha teórica construtivista, faz uma reflexão sobre como

as pesquisas em Educação em Ciências podem contribuir para a compreensão das

potencialidades e limitações do uso do computador nas salas de aula. Segundo este autor, as

modalidades de uso do computador (ex. tutoriais, animações, simulações e linguagens de

programação), principalmente as que envolverem situações de colaboração entre alunos e

professores, dentre outras, podem ter maior relevância para a aprendizagem das ciências.

Desta forma, destaca que a comunicação mediada por computador (CMC) é uma das formas

de aplicação mais investigadas nos contextos formais de ensino de ciências.

Como última modalidade apontada por Sugrue (2000) temos a “modelagem do aluno”

(student modeling) que se baseia no desenvolvimento de Sistemas Tutoriais Inteligentes. Estes

programas computacionais apresentam técnicas de inteligência artificial como suporte a

atividades de ensino-aprendizagem e criam um modelo do perfil de navegação e de utilização

do programa pelos alunos, indicando quando eles cometem erros e sinalizando possíveis

soluções, além de registrarem as experiências válidas propostas por eles e utilizá-las em

etapas posteriores (GIORDAN,2005). Além destas possibilidades, podem também monitorar

tanto os processos de busca e acesso à informação quanto a performance de elaboração de

tarefas (LINN et al, 2000) e eventos de aprendizagem colaborativa (SUGRUE, 2000).

Considerando estas categorias, os artigos da produção acadêmica selecionados serão

analisadas, buscando perceber o uso das tecnologias, em especial, o uso da Internet, no Ensino

Page 71: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

70

de Ciências. E, para sistematizar as discussões apresentadas neste capítulo e direcionar as

posteriores análises destes artigos, apresentamos o quadro a seguir com os conceitos que

servirão de base para estas ações.

Quadro V - Visões integradas de aspectos de Alfabetização Científica e Tecnológica e Inclusão Digital

Tecnologia (Feenberg, 2003

Visão crítica de tecnologia - percebe que há na tecnologia uma duplicidade de valores que direcionam para posições antagônicas diante das questões apresentadas, porém destaca a importância de se posicionar criticamente frente a estas questões e às possíveis soluções e recursos tecnológicos.

Ciência (Santos & Mortimer, 2001)

Visão ampla de ciência - supera a visão empirista de ciência, que valoriza a ciência por si mesma, considerando-a neutra, discute além de aspectos da natureza de investigação científica e do significado de conceitos científicos, apresentando uma visão crítica da ciência.

TICs na escola (SEED, MEC, 2005)

A concepção educacional norteadora na incorporação das TICs no ambiente escolar objetiva a mobilização das dimensões cognitiva, social e afetiva dos alunos. Assim, enfatiza a contextualização e a construção do conhecimento, que servirá de base para a busca de alternativas às problemáticas contextuais e a transformação da realidade.

Uso pedagógico de Internet

(Sugrue, 2000) Acesso e organização da informação: utilização de materiais disponíveis na web para pesquisas e descobertas, além da organização das informações obtidas.

Atividades autênticas: estratégias de aprendizagem baseadas em casos/problemas e construção de atividades baseadas em TICs. Aprendizagem colaborativa: a interação entre os alunos e professor como elemento fundamental no processo ensino-aprendizagem. Modelagem dos estudantes: utilização de tutores inteligentes que mapeiam o processo de aprendizagem dos alunos.

Page 72: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

71

Capítulo 4 – METODOLOGIA: MATERIAIS E MÉTODOS

Este capítulo apresenta a metodologia e os procedimentos metodológicos que

embasaram este estudo. Primeiramente, apresenta os critérios de seleção do material de

análise. Em seguida, descreve como foi realizada a análise qualitativa a partir das categorias

descritas.

4.1 – SELEÇÃO DOS ARTIGOS PARA ANÁLISE

Para compreender as abordagens relativas à inclusão digital presentes na produção

acadêmica da área de Ensino de Ciências, iniciamos os primeiros estudos em periódicos

nacionais identificados pela ABRAPEC – Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em

Ciências. Esta iniciativa buscava selecionar artigos, no período de 2000 a 2005, que tratassem

de “inclusão digital”. Neste levantamento inicial nenhuma referência direta relativa a este

tema foi encontrada. No entanto, encontrou-se nos trabalhos discussões relativas ao conceito

“alfabetização científica e tecnológica”, que, como vimos em capítulo dedicado a este

conceito, possui pontos em comum com o conceito de inclusão digital estudado. Desta forma,

esta pesquisa inicial buscou trabalhos que se destacassem nesta ótica de uma interface entre os

conceitos de “inclusão digital” e “alfabetização científica e tecnológica”. Assim, foram

destacados quatro artigos que serviram de referência para o estudo apresentado no V ENPEC

Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (REIS & STRUCHINER, 2005). O

quadro 5 apresenta a relação destes artigos.

Page 73: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

72

Quadro VI – Relação de Artigos Selecionados com as Temáticas Alfabetização Científica e Tecnológica

Autores Título Periódicos Complementar

ANGOTTI, J. & AUTH, M.

Ciência e Tecnologia: Implicações Sociais e o

Papel da Educação

Revista Ciência e Educação

v. 7,n.1, p.15-27,2001.

AULER, D. & DELIZOICOV, D.

Alfabetização Científico-Tecnológica para quê?

Revista Ensaio – Pesquisa em Educação

em Ciências

v. 3,n.1, p.1-13, jun.2001.

AULER, D. Alfabetização Científico-

Tecnológica: um novo “paradigma”?

Revista Ensaio – Pesquisa em Educação

em Ciências

v. 5,n.1, p.1-16, mar.2003.

SANTOS, W. & MORTIMER, E.

Tomada de decisão para Ação Social Responsável

no Ensino de Ciências

Revista Ciência e Educação

v. 7,n.1, p.95-110, 2001.

Como extensão deste estudo, nos propusemos a realizar a análise de artigos científicos

em periódicos nacionais e internacionais na área de Ensino de Ciências (em português, inglês

e espanhol), no período de 2004 a 2006, que relacionam a utilização de TICs em processos

educativos nesta área. Esta análise buscou responder o problema em questão neste estudo:

Que abordagem de inclusão digital está presente nas iniciativas de integração de tecnologias

de informação e comunicação apresentadas na produção acadêmica do Ensino de Ciências e

Matemática?

A proposta da análise destes artigos busca apontar as abordagens de inclusão digital

presentes nestas produções acadêmicas. Para isso, optamos por aplicar, como metodologia, a

análise de conteúdo.

Minayo (2000) afirma que a análise de conteúdo configura-se em uma técnica que

tem, por princípio, ultrapassar o nível do senso comum e do subjetivismo na

interpretação e alcançar uma vigilância crítica frente à comunicação de documentos,

textos literários, biografias, entrevistas ou observação. Para tal, a análise do conteúdo

parte de uma leitura de primeiro plano para atingir um nível mais aprofundado, que

ultrapassa os significados manifestos.

Page 74: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

73

Bardin (2004) define a análise de conteúdo como:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações, visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 2004, p. 37)

Tal análise surgiu, inicialmente, como a continuidade de uma tradição histórica de

análise e interpretação de textos e foi, historicamente influenciada por metodologias

quantitativas, sendo sua lógica baseada na interpretação cifrada do material de caráter

qualitativo. Enfim, mesmo sofrendo fortes influências da hermenêutica, “a arte de interpretar

os textos sagrados ou misteriosos”, segundo Bardin (2004, p.14), a partir do séc. XX, a

contribuição das técnicas desenvolvidas pelas ciências humanas mudou a atitude

interpretativa. A partir daí, desvendar um “discurso aparente” através de uma interpretação

guiada “por processos técnicos de validação” tornou-se a intenção nos trabalhos de análise de

conteúdo – AC (BARDIN, 2004, p. 14).

Dessa maneira, para alcançar os significados manifestos e latentes no material a ser

analisado, têm-se desenvolvido algumas técnicas de análise de conteúdo, de modo que

enfatizam pressupostos diferentes. A seguir, essas técnicas de análise serão descritas de

maneira simplificada, abordando-se os pressupostos que baseiam cada técnica e suas

finalidades. A análise temática, técnica utilizada no presente trabalho, será detalhada.

4.1.1 – Técnicas da Análise de Conteúdo

De acordo com o tipo de material e o objetivo da pesquisa, podem ser utilizadas cinco

técnicas para aplicação da análise de conteúdo, quais sejam: a) análise de expressão; b)

análise das relações; c) análise de avaliação ou representacional; d) análise da enunciação ; e)

análise temática (BARDIN, 2004).

Page 75: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

74

A análise da expressão considera que haja uma correspondência entre o tipo de

discurso e as características do locutor e de seu meio. Partindo então deste pressuposto,

enfatiza que os traços pessoais do autor que fala precisam ser compreendidos. Por estas

características, essa técnica é mais aplicada na investigação de autenticidade de documentos,

para a psicologia clínica, para a análise de discursos públicos e/ou persuasivos (MINAYO,

2000).

A análise das relações não se fixa apenas na análise de freqüência de aparição dos

elementos, mas é uma técnica que se detém nas relações que os vários elementos de um texto

mantêm entre si. Sua aplicação tem sido mais comum no esclarecimento das estruturas da

personalidade e preocupações latentes tanto individuais como coletivas (BARDIN, 2004).

A análise de avaliação ou representacional assume o pressuposto que a linguagem

representa e reflete quem a utiliza. Dessa maneira, visa medir as atitudes do locutor a partir

dos objetos de que fala (MINAYO, 2000).

A análise da enunciação compreende que na produção da palavra acontecem dois

fenômenos: a elaboração de um sentido e a ocorrência de transformações. Por isto considera a

comunicação como processo e não como dado estático. Assim, sua aplicação mais freqüente é

na entrevista aberta, visto que se trata de um discurso dinâmico.

A análise categorial é a mais antiga e a mais utilizada técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2004).

Esse tipo de análise, operacionalmente, se baseia na divisão do texto em categorias. Dentre as possibilidades de

análise categorial, a análise temática foi utilizada no presente estudo. Essa técnica consiste na divisão do texto em

temas, que são definidos como afirmações sobre determinado assunto. O tema “comporta um feixe de relações e

pode ser graficamente apresentado através de uma palavra, uma frase, um resumo” (MINAYO, 2000, p. 208).

Esta técnica destaca os núcleos de sentido que “compõem uma comunicação, onde o significativo para a análise

são a sua presença ou freqüência” ( MINAYO, 2000, p. 209).

Tradicionalmente, a análise temática se baseava na contagem de freqüência das

unidades de significação para definir o caráter do discurso. Contudo, com um enfoque

qualitativo, a presença de determinados temas, expressa os valores de referência e os modelos

de comportamento presentes no discurso.

Dessa maneira, para fazer uma análise temática, é preciso “descobrir os núcleos de

sentido que compõem uma comunicação, cuja freqüência ou ausência signifiquem alguma

coisa para o objetivo analítico visado” (MINAYO, 2000, p. 210). Vista de uma perspectiva

Page 76: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

75

qualitativa, a presença de determinados temas denota os valores de referência e os modelos de

comportamento presentes no discurso (MINAYO, 2000).

O processo de explicitação, sistematização e expressão do conteúdo de mensagens,

promovido pela análise de conteúdo, é organizado em três etapas realizadas diferentes. De

acordo com Bardin (2004) e Minayo (2000), essas etapas compreendem:

a) a pré-análise: fase de organização e sistematização das idéias, em que ocorre a escolha dos

documentos a serem analisados, a retomada das hipóteses e dos objetivos iniciais da pesquisa em relação ao

material coletado, e a elaboração de indicadores que orientarão a interpretação final. A pré-análise pode ser

decomposta em quatro etapas: leitura flutuante, na qual deve haver um contato exaustivo com o material de

análise; constituição do Corpus, que envolve a organização do material de forma a responder a critérios de

exaustividade, representatividade, homogeneidade e pertinência; formulação de hipóteses e objetivos, ou de

pressupostos iniciais flexíveis que permitam a emergência de hipóteses a partir de procedimentos exploratórios;

referenciação dos índices e elaboração dos indicadores a serem adotados na análise, e preparação do material ou,

se for o caso, edição;

b) a exploração do material: trata-se da fase em que os dados brutos do material são codificados para se

alcançar o núcleo de compreensão do texto. A codificação envolve procedimentos de recorte, contagem,

classificação, desconto ou enumeração em função de regras previamente formuladas, e

c) tratamento dos resultados obtidos e interpretação: nessa fase, os dados brutos são

submetidos a operações estatísticas, a fim de se tornarem significativos e válidos e de

evidenciarem as informações obtidas. De posse dessas informações, o investigador propõe

suas inferências e realiza suas interpretações de acordo com o quadro teórico e os objetivos

propostos, ou identifica novas dimensões teóricas sugeridas pela leitura do material. Os

resultados obtidos, aliados ao confronto sistemático com o material e às inferências

alcançadas, podem servir a outras análises baseadas em novas dimensões teóricas ou em

técnicas diferentes.

Apesar de ser orientada nas três fases descritas anteriormente, a análise de conteúdo

propriamente dita, vai depender especificamente do tipo de investigação a ser realizada, do

problema de pesquisa que ela envolve e do corpo teórico adotado pelo pesquisador, bem como

do tipo de comunicações a ser analisado. Cabe ao pesquisador fazer o jogo entre as hipóteses,

entre a ou as técnicas e a interpretação (BARDIN, 2004).

Page 77: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

76

4.2- ETAPAS DE ANÁLISE

4.2.1- Pré-Análise

Como referência para seleção destes periódicos, optamos por utilizar o Portal CAPES,

versão mais completa, em comparação do Portal CAPES Gratuito, encontrado no endereço:

http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp.

Como o presente trabalho propôs-se a realizar uma revisão do material elaborado a

respeito de Ensino de Ciências e Matemática, optamos por incorporar um método sistemático

de revisão de literatura proposto pelo “Evidence for Policy and Practice Information and Co-

ordinating Center ( the EPPI-Center)” ( BENNETT J. et al, 2003). Este centro de estudos do

Instituto de Educação da Universidade de Londres, realiza estudos que embasam o Initial

Teacher Training (ITT), um programa de formação de professores da Inglaterra. Como

exemplo e como referências orientadoras do nosso método de seleção e análise adotamos dois

trabalhos deste centro : “A systematic review of the effects of context-based and Science-

Technology-Society (STS) approaches in the teaching of secondary science” ( BENNETT J.

et al, 2003) e “ICT in Science Teaching” (BENNETT J. et al, 2006). Estes estudos utilizam e

discutem uma metodologia desenvolvida pelo próprio centro para revisão sistemática de

literatura em educação. Esta revisão envolve processos sistemáticos que possuem as seguintes

fases:

identificação da área de revisão, no caso, a área de Ensino de Ciências e

Matemática;

formulação da questão de pesquisa para direcionar a revisão;

identificação de critérios para inclusão e exclusão de periódicos e estudos;

busca por estudos que poderiam ser aceitos pelos critérios de inclusão;

caracterização dos estudos incluídos (organizando um mapa sistemático sobre

estes estudos);

seleção dos artigos para uma revisão profunda;

sumarização e avaliação dos conteúdos de cada um dos estudos incluídos na

revisão mais aprofundada;

elaboração das conclusões de acordo com a questão levantada no estudo.

Page 78: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

77

A partir daí, para a definição do material de estudo, foram determinados alguns

critérios de inclusão para os periódicos disponíveis no Portal Capes.

Os periódicos comporiam a amostra do estudo se:

• Pertencessem à área de conhecimento das Ciências Humanas, Ensino de Ciências e

Matemática

• Apresentassem publicações durante todo o período de 2004 a 2006

• Fossem publicados em inglês, espanhol ou português

• Disponibilizassem em seus artigos uma estrutura composta por título, resumo,

palavra-chave e texto completo

A partir destes critérios de inclusão, a revisão destes periódicos foi direcionada aos

periódicos que tratassem das áreas de Ciências e Saúde, de acordo com os objetivos do

Programa de Pós-graduação Educação em Ciências e Saúde/NUTES a que se destina e aos

objetivos deste trabalho, que se referem ao campo de Ensino de Ciências, estendendo-se à

Matemática, de acordo com o portal escolhido. Nesta etapa inicial foram selecionados 54

periódicos (ver Tabela 1, em anexo).

Embora o estudo preliminar realizado a partir dos periódicos identificados pela

ABRAPEC tenha sido feito no período de 2000 a 2005, optou-se por determinar o período

para este estudo, de 2004 a 2006, possibilitando uma visão mais recente que demonstrou uma

realidade próxima, um contexto mais atual apresentado nas línguas mais representativas, que

abrangem grande parte das comunidades acadêmicas mundiais: inglês, português e espanhol.

Diante da necessidade de uma forma específica de busca dos artigos disponíveis,

decidimos selecioná-los a partir de critérios de exclusão traçados, abaixo relacionados, a partir

dos títulos, resumos e palavras-chave, tendo assim aceito somente os periódicos que seguiam

tal formatação em suas publicações.

Para a identificação e definição dos periódicos que comporiam este estudo, foram

aplicados os seguintes critérios de exclusão:

Exclusão 1: exclusão na área de conhecimento (não Ensino de Ciências e

Matemática) Exclusão 2: exclusão a aspectos das disciplinas de ciências (ex: não à Ciência da

Informação)

Page 79: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

78

Exclusão 3: data (não àqueles que não publicassem durante todo o período de 2004 a 2006)

Exclusão 4: linguagem ( não aos que publicassem em outra língua que não o português, inglês ou espanhol)

Exclusão 5: estrutura dos artigos ( não àqueles que não disponibilizassem abstract e/ou key words e textos completos

4.2.2- Exploração do Material

Após esta seleção, colecionamos um total de 26 periódicos e, em cada um, foram levantados os

seguintes dados:

- o número de publicações por ano

- total de publicações no período de 2004 a 2006

- o número de artigos por publicação

- o número de artigos por ano

Tabela 2 - Listagem de Periódicos Selecionados

Títulos Cell Biology Education Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular Revista Brasileira de Ensino de Física Educational studies in mathematics Foundations of chemistry: philosophical, historical, educational and interdisciplinary of Chemistry Internacional journal of computers for mathematical learning International journal of science and mathematics education Journal of Mathematical Behavior Journal of Mathematical Psychology Journal of Mathematics Teacher Education Advances in Physiology Education Ciência e Educação Investigações em Ensino de Ciências Journal of Biological Education Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Journal of Science Education and Technology Journal of Science Teacher Education Science and Education: Contributions from History, Philosophy and Sociology of Science and Mathematics Mathematics teacher Mathematics teaching in the middle school Mathematics teaching Mathematics and Computer Education Mathematics in School Research in science education Science Activies Teaching Mathematics and its aplications

Page 80: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

79

Após a identificação desses dados, foram selecionados artigos para uma análise

aprofundada, a partir da busca em seus resumos e/ou palavras-chave, baseada nos seguintes

critérios de exclusão:

• Exclusão 1: segmento de ensino (foram excluídos os artigos que não se referiam à Educação Básica)

• Exclusão 2: tema (foram excluídos os artigos que não tratassem de tecnologia da informação e comunicação)

• Exclusão 3: tipo de tecnologia (foram excluídos os artigos que não tratassem do uso de Internet)

Figura 2 - Fluxograma do processo de seleção dos artigos para análise ETAPA 1 Identificação dos periódicos do Portal CAPES para estudo ETAPA 2 Aplicação dos critérios de exclusão e inclusão para a seleção dos periódicos

ETAPA 3 Aplicação dos critérios de exclusão e inclusão para a seleção dos artigos ETAPA 4 Levantamento de características e Análises Quantitativa e Qualitativa

Periódicos referentes à área de Ensino de Ciências e Matemática

no Portal CAPES

No=54

Periódicos

No=54

Total inicial de artigos levantados

No= 3118

Artigos sob levantamento e Análise

No = 15

Periódicos excluídos No= 20

Artigos selecionados para análise

No=15

Periódicos repetidos No= 1

Critério de exclusão 1 No = 0 2 No = 6 3 No = 5 4 Nº = 2 5 Nº = 7

Periódicos incluídos

No=26

Artigos excluídos No= 3103

Critério de exclusão 1 No = 2377 2 No = 635 3 No = 91

Page 81: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

80

A definição destes critérios de exclusão partiu do interesse em identificar as iniciativas

presentes no segmento de Educação Básica, especificamente com alunos de Ensino Médio,

relacionados ao uso de tecnologia de informação e comunicação, especialmente aquelas

realizadas a partir de recursos de web. Esta escolha deve-se a vários fatores:

A importância da Educação Básica no âmbito educacional. Segundo Cury (2002),

este segmento de ensino é considerado: ...dentro do art. 4º da LDB, um direito do cidadão à educação e um dever do Estado em atendê-lo mediante oferta qualificada. E tal o é por ser indispensável, como direito social, a participação ativa e crítica do sujeito, dos grupos a que ele pertença, na definição de uma sociedade justa e democrática. (CURY, 2002, p. 170)

Tal autor define desta forma a importância da Educação Básica, baseado nas

finalidades deste segmento de ensino previstos na LDB- Leis de Diretrizes e Bases da

Educação. A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. (LDB- Leis de Diretrizes e Bases da Educação, 1996, Art 22)

Ao que preconizam as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

(1998), que organizam os conteúdos curriculares em áreas de ensino, todas elas relacionando seus princípios à integração de tecnologias: Linguagens, códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias. A partir deste documento, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio prevêem que:

...a formação do aluno deve ter como alvo principal a aquisição de conhecimentos básicos, a preparação científica e a capacidade de utilizar as diferentes tecnologias relativas às áreas de atuação. (Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, 2000, p. 5)

• Aos esforços para a integração das TICs como recurso educacional, discutidos no capítulo anterior

• Às possibilidades de ampliação dos conhecimentos dos alunos, através das diferentes aplicações pedagógicas da Internet e, em especial, do processo de Inclusão Digital

Page 82: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

81

Como resultado da aplicação destes critérios de exclusão, temos abaixo a relação dos

artigos selecionados: Tabela 4 - Relação dos artigos selecionados Artigo Periódico Título Autor Ano

1 Cell Biology Education Molecular and Cellular Biology Animations: Development and Impact on Student Learning

Phillip Mc Clean, Christina Johnson, Roxanne Rogres, lisa Daniels, John Reber, Brian M. Slator, Jeff Terpsha, Alan White

2005

2 Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e biologia molecular

Bioquímica de Alimentos na web: proposta de um site de apoio às aulas experimentais presenciais ou à distância

Karina Aparecida de Freitas Dias de Souza e Valdir Augusto Neves

2006

3 Revista Brasileira de Ensino de Física

Tecnologias de Informação e Comunicação para ampliar e motivar o aprendizado de Física no Ensino Médio.

Marcelo Antonio Pires e Eliane Angela Veit

2006

4 Internacional Journal of computers for mathematical learning

Students’ Activity In Computer-Supported Collaborative Problem Solving In Mathematics

Tarja-Riitta Hurme e Sanna Ja¨ Rvela 2005

5 Ciência e Educação A Visão dos Pesquisadores-Orientadores de Um Programa de Vocação Científica Sobre A Iniciação Científica de Estudantes de Ensino Médio

Ana Filipecki, Susana de Sousa Barros, Marcos da Fonseca Elia

2006

6 Journal of Biological Education

The Lego analogy model for teaching gene sequencing and biotechnology

Rebecca Rothhaar, Barry R Pittendrigh e Kathryn S Orvis

2006

7 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

The impact of web-Based Assessment and Practice on Students

Diem M. Nguyen Yi-Chuan, Jane Hsieh G. Donald Allen

2006

8 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

Correlates of Achievement with online and classroom-based MBL Physics activities

David Slykhuis, John Park 2006

9 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

Online Assessment Feedback: competitive, Individualistis, or...preferred form!

Matt Bower 2005

10 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

Changing Epistemology of Science learning through inquiry with computer-supported collaborative learning

Wei Ying Lim, Seng Chee Tan, Yeo e Ai Choo Jennifer

2005

11 Journal of Science Education and Technology

Emerging Conceptual Understanding of Complex Astronomical Phenomena by Using a Virtual Solar System

Elhanan Gazit, Yoav Yair e David Chen 2005

12 Journal of Science Education and Technology

The Interface Design and the Usability Testing of a FossilizationWeb-Based Learning Environment

Shiang-Kwei Wang e Chiachi Yang 2005

13 Journal of Science Education and Technology

The brink of change: gender in technology-rich collaborative learning environments

Jessica Goldstein e Sadhana Puntambekar

2004

14 Journal of Science Education and Technology

Fostering distributed science learning through collaborative technologies

Jesus Vasquez-Abad, Nancy Brousseau, Guillermina Waldegg C. , Mylene Vezina, Alicia Martinez D., Janet Paul de Verjovsky

2004

15 Research in science education

An Online Questionnaire for Evaluating Students' and Teachers' Perceptions of Constructivist Multimedia Learning Environments

Dorit Maor e Barry J. Fraser 2005

Page 83: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

82

Segundo Bennett J. et al (2003), o passo seguinte da pesquisa, de acordo com esta

metodologia, consiste na caracterização dos artigos selecionados que pôde ser analisada a

partir de um questionário (ver Formulário 1, em anexo) onde pudemos identificar:

país de origem língua disciplina natureza do estudo temática do estudo diferentes usos de TICs

A caracterização dos artigos selecionados encontra-se em Anexos.

4.2.3 – Tratamento dos resultados obtidos e interpretação

Nesta análise, como primeira etapa, foi dada continuidade à caracterização destes

trabalhos utilizando como roteiro um formulário (ver Formulário 1 – 2ª Parte). Este

formulário auxiliou na tarefa de identificar os indicadores que integram as concepções

abordadas nos capítulos anteriores: usuário, acesso, tecnologia, impacto ou benefício, visão de

acesso apresentada e as modalidades pedagógicas de uso de internet aplicadas no estudo.

A partir daí, foram formuladas categorias, que surgiram da escolha do tema Inclusão

Digital, com o objetivo de servir de base para a classificação das abordagens presentes na

produção acadêmica de Ensino de Ciências. Estas categorias, apontadas na tabela abaixo, são

identificadas pela presença dos seguintes indicadores:

Page 84: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

83

Tabela 5 – Relação das Categorias e seus respectivos Indicadores

Categorias Indicadores

Usuário usuário básico usuário intermediário usuário avançado

Acesso modelo de acesso via recursos físicos (conduit model) modelo de acesso via letramento (literacy model)

Tecnologia

8. visão instrumental 9. visão determinista 10. visão substantiva 11. visão crítica

Impacto ou benefício

econômico social político pessoal

Acompanhamos a presença destes indicadores nos textos, o que demonstrou as

tendências dos autores com relação à inclusão digital, e seus posicionamentos em cada

abordagem, demonstrando postura contrária, favorável ou indiferente, manifestada na

intensidade como defendiam determinado conceito em suas propostas de ação ou

simplesmente não mencionavam tal conceituação, como se esta não apresentasse importância

em seus estudos.

Após a categorização, os resultados foram analisados e associados às referências deste

estudo, entendendo-se cada um deles como significativos para a analise do conteúdo das

mensagens divulgadas.

A partir desta discussão, buscou-se classificar, nos artigos selecionados, o que se

chamou “Nível de Inclusão Digital”. Esta classificação reuniu os indicadores levantados

agrupando-os de acordo com a proposta de cada nível.

Page 85: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

84

Quadro VII – Nível de Inclusão Digital e seus Indicadores:

Nível de Inclusão Indicadores

Inclusão Digital Básica (IDB)

Usuário básico “conduit model” de acesso visão determinista de tecnologia impacto pessoal

Inclusão Digital Intermediária (IDI)

Usuário intermediário • “literacy model” de acesso • visão intrumental de tecnologia • impacto pessoal e/ou social

Inclusão Digital Avançada (IDA)

Usuário Avançado “literacy model” de acesso visão crítica de tecnologia impacto abrange vários aspectos simultaneamente

podendo ser pessoal, social, econômico, político

Após a análise do nível de inclusão digital descrito nos artigos selecionados, buscou-se

relacionar esta classificação com a visão de ciência (SANTOS & MORTIMER, 2001) e a

modalidade pedagógica do uso de Internet (SUGRUE, 2003) utilizada no trabalho a fim de

apontar a influência destes dois aspectos como fatores na determinação do nível de inclusão

digital.

Page 86: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

85

Capítulo 5 - ANÁLISE E DISCUSSÃO

Este capítulo apresenta e analisa os resultados obtidos nesta pesquisa sobre a

abordagem de inclusão digital encontrada na produção acadêmica da área de Ensino de

Ciências, discutindo e relacionando-os com os referenciais que fundamentam este estudo.

5.1 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS ARTIGOS SELECIONADOS

A partir do levantamento dos artigos estudados foi possível identificar os seguintes

dados característicos do universo de pesquisa:

Tabela 6 - Distribuição dos artigos por País de Origem

País de Origem Nº de artigos Percentual

USA 5 33.3% Brasil 3 20% Austrália 2 13.3% Finlândia 1 6.6% Inglaterra 1 6.6% Israel 1 6.6% China 1 6.6% México/Canadá 1 6.6%

Tabela 7 - Distribuição dos artigos por Língua de Origem

Língua de Origem Nº de artigos Percentual

Inglês 12 80% Português 3 20%

Estes dois aspectos iniciais analisados visavam localizar a produção analisada. Assim,

pudemos observar que maioria dos artigos foi produzida nos USA, cinco artigos (33.3%), ou

em países de língua inglesa, portanto a produção nesta língua predomina, 12 artigos (80%).

Um dos trabalhos foi realizado em sistema de cooperação entre diferentes países, o México e

o Canadá. Interessante destacar a produção significativa do Brasil, com três artigos (20%),

único representante em língua portuguesa.

Page 87: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

86

Tabela 8 - Distribuição dos artigos por Temática de Estudo

Temática do Estudo Nº de artigos Percentual

Avaliação 2 13.3% Processo ensino e aprendizagem 7 46.6% Aplicação de recurso de TICs 6 40%

Neste item buscou-se analisar a temática de estudo, destacando os seguintes temas:

• Avaliação: discussões teóricas sobre o assunto, resultados ou formas de avaliação em sala ou avaliações externas, instrumentos de avaliação;

• Processo ensino e aprendizagem: discussões teóricas sobre o tema ou relato de experiência destacando a metodologia, atividades desenvolvidas, recursos, participação dos alunos;

• Aplicação de recursos de TICs : utilização de recursos como instrumentos para o desenvolvimento de trabalhos;

• Currículo: estudos teóricos sobre diferentes áreas do currículo, inovações, reformulações em conteúdos das diferentes áreas.

• Políticas em implantação ou sendo discutidas para a aplicação em educação ou inclusão de tecnologias.

Analisar a temática de estudo buscava indicar qual aspecto relacionado à educação os

artigos tratavam ou davam maior enfoque. As temáticas de estudo mais apresentadas, com

quase o mesmo índice percentual, foram o processo de ensino e aprendizagem, sete artigos

(46.6%) e a aplicação de recursos de TICs como instrumento para o desenvolvimento dos

trabalhos, seis artigos (40%). É interessante destacar que embora alguns artigos

mencionassem mais de uma temática de estudo em seu texto, para a análise foi considerada a

temática de maior destaque. Em contrapartida, as temáticas Políticas de implantação de

tecnologias para a educação e Currículo não foram consideradas discutidas com destaque e,

portanto, não foram apontadas nesta análise.

Page 88: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

87

Tabela 9 - Distribuição dos artigos por Disciplina ou Área de estudo

Disciplina Nº de artigos Percentual

Ciências 4 26.6% Biologia 2 13.3% Física 2 13.3% Matemática 3 13.3% Outras: Bioquímica de Alimentos Astronomia

1 1

6.6% 6.6%

Interdisciplinar 2 13.3%

A identificação da disciplina nesta seleção de artigos teve a intenção de apontar a

integração das TICs presente em cada uma delas isoladamente ou de forma interdisciplinar. A

disciplina em que mais foram identificados trabalhos foi a disciplina de Ciências, quatro

artigos (26.6%), na verdade, uma área de conhecimento. Isto, porque, em algumas práticas, os

recursos e atividades destinavam-se à área como um todo e não, a uma disciplina específica.

Em seguida, a disciplina de Matemática, três artigos (20%) foi a que se destacou com a

utilização de ferramentas tecnológicas em suas atividades. Isto se justifica pela utilização de

recursos como softwares produzidos especificamente para conteúdos destas áreas. Notamos

uma moderada parcela de trabalhos interdisciplinares, porém significativa se comparada a

outras disciplinas. Este fato é interessante já que a integração das tecnologias possui a

característica promover propostas interdisciplinares.

Tabela 10 – Natureza do Estudo (GIL, 1991)

Natureza do Estudo Nº de artigos Percentual

Pesquisa experimental ou quase-experimental 5 33.3% Levantamento/Estudo Descritivo 3 20% Estudo de caso 5 33.3% Pesquisa-ação 1 6.6% Pesquisa participante 1 6.6%

Quanto à análise da natureza do estudo, destacou-se que, uma boa parte dos estudos

optou por realizar pesquisas experimentais ou quase-experimentais, cinco artigos (33.3%), nas

quais os alunos foram submetidos à utilização de recursos tecnológicos diversos, testando a

Page 89: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

88

eficácia de determinada ferramenta ou o efeito da aplicação desta no processo ensino-

aprendizagem. Bem utilizado foi o estudo de caso que analisava experiências específicas,

cinco artigos (33.3%).

Tabela 11 – Distribuição dos diferentes usos das TICs (PETERS, 2001)

Diferentes usos das TICs Nº de artigos Percentual

Apresentação de informação para os alunos 5 33.3% Obtenção de dados e informações 1 6.6% Comunicação distribuída 1 6.6% Colaboração distribuída 1 6.6% Simulação e realidade virtual 3 20% Apresentação de informação aos alunos e Simulação e realidade virtual 1 6.6%

Comunicação distribuída e Colaboração distribuída 1 6.6%

Produção e apresentação de multimídia pelos alunos, Obtenção de dados e informações, Comunicação distribuída e Colaboração distribuída

1 6.6%

Buscamos analisar as diferentes TICs utilizadas nos estudos a partir das seguintes

ferramentas:

• Apresentação de informação para os alunos: apresentação de slides, sites, textos, animação, vídeos, áudios.

• Produção e apresentação de multimídia pelos alunos: textos, gráficos, imagem, vídeo, áudio, animação.

• Obtenção de dados e informações em bancos de dados internos ou externos, tais como: páginas ou sites de internet, bibliotecas, dicionários e revistas eletrônicas.

• Comunicação distribuída abrange discussões entre professores e alunos, mas também com outras pessoas através dos instrumentos: e-mail, fórum, chat, grupo de discussão.

• Colaboração distribuída refere-se a um conjunto de atividades de planejamento, desenvolvimento e avaliação que podem ser realizados com recursos comunicacionais.

• Simulação e realidade virtual: espaço de experimentação de situações como observação de fenômenos e viagens virtuais.

Dentre os recursos tecnológicos disponíveis, os mais utilizados foram os de

apresentação de informação para os alunos, como os slides, textos, animações, vídeos, áudios,

cinco artigos (33.3%), os de simulação e realidade virtual, três artigos (20%) ou a combinação

destes dois recursos, um artigo (6.6%). A opção por estes tipos de recursos reflete a

modalidade pedagógica de uso de internet. O acesso e organização de informação no qual o

aluno teria à sua disposição materiais para suas pesquisas (66.6%). Estes recursos indicam

Page 90: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

89

uma organização de atividade onde o aluno torna-se um receptor do que a tecnologia pode

oferecer, demonstrando uma visão mais tradicional de ensino diante do uso da tecnologia.

Os recursos de comunicação, um artigo (6.6%) e colaboração, um artigo (6.6%)

também foram bem utilizados, seja desta maneira isolada, ou seja conjugando estes dois

recursos, um artigo (6.6%), ou em conjunto com outros recursos, dois artigos (13.3%),

demonstrando uma preocupação com a aprendizagem colaborativa.

No entanto, é importante destacar que não foi observada a produção de multimídia

realizada pelos alunos, que seria um dos recursos interessantes para o estímulo à autoria e à

socialização de conhecimento.

5.2 – ANÁLISE DAS ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL

De acordo com a metodologia adotada, “análise de conteúdo”, alguns indicadores

foram levantados a fim de constituir as categorias conforme apresentadas no capítulo anterior.

Assim, a partir do instrumento de análise, buscamos verificar a abordagem de inclusão digital

presente na produção acadêmica no Ensino de Ciências.

5.2.1 – Nível de Habilidade no uso de TICs (RESNICK, 2001)

Com relação ao nível de habilidade dos alunos, em sua maioria, os artigos não fazem

referência ao nível de desenvoltura no uso das tecnologias aplicadas. Apenas quatro artigos

(26.6%) dos textos citam esta característica, sendo um artigo (6.6%) de usuários básicos e três

(20%) de usuários de nível intermediário. Portanto, não há referências a usuários de nível

básico em 14 artigos (93.3%), em 12 artigos não houve referência a usuários de nível

intermediário (80%), e no caso de usuário avançado não houve referência em nenhum dos

artigos. De certa forma, ao não mencionarem o nível de conhecimento tecnológico dos alunos,

porém citando resultados obtidos na aplicação destas ferramentas, é possível inferir que o

usuário tenha o conhecimento necessário para seu manuseio, ao menos um conhecimento

básico. No entanto, esta conclusão não é confirmada durante a leitura dos textos.

Page 91: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

90

Nos artigos nº10 e nº14, os participantes foram observados em seu uso de TICs e

submetidos a um treinamento para a utilização das ferramentas oferecidas nestes estudos,

demonstrando uma preocupação com o nível de habilidade deste usuário como uma das

variáveis que poderiam interferir nos resultados. A iniciativa de observar as habilidades dos

alunos, como primeiro passo, verificando e estimulando sua autonomia no uso do recurso,

demonstra a preocupação de que estes tivessem maior familiaridade e autonomia no uso dos

recursos, o que os caracteriza como usuários intermediários. Isto pode ser verificado no

seguinte relato: “It starts with a short step to familiarize students with the technology used

(mainly learning to use the platform)” (BROUSSEAU et al, 2004, p. 229). Isto é “Isto começa

com um pequeno passo para familiarizar os estudantes com a tecnologia utilizada

(principalmente o uso da plataforma)” (tradução nossa).

Em outro estudo, artigo nº13, são analisadas as diferenças de utilização de tecnologias

entre os gêneros feminino e masculino diante de um ambiente de aprendizagem. Esta análise

aponta diferentes atitudes, afirmando que as meninas tendem a valorizar a tecnologia em sua

função social, enquanto que os meninos voltam-se mais para a máquina em si. Em suas

preferências, ao utilizar o computador, indicam os usuários como intermediários por sua

autonomia de uso. Observe: “In contrast to boys who seem to enjoy a competitive enviroment,

females tend to prefer cooperation and collaboration” ( J.GOLDSTEIN & S.

PUNTAMBEKAR, 2004, p. 506). Traduzindo, “Em contraste com os meninos que parecem

gostar de ambientes competitivos, as meninas tendem a preferir cooperação e colaboração”

(tradução nossa).

Os artigos que nada citam em relação às habilidades dos alunos, usuários de TICs,

demonstram esta pouca preocupação como pode ser observado no artigo nº 2, a partir do

seguinte relato:“O site apresenta-se sob a forma de textos interativos, incluindo uma

introdução teórica aos tópicos de interesse à Bioquímica de Alimentos e roteiros para a

realização dos experimentos, sempre acompanhados de uma seqüência de fotografias

demonstrativas que permitem ao usuário acompanhar o experimento virtualmente”. (SOUZA

& NEVES, 2006, p. 1).

Outro exemplo pode ser encontrado no artigo nº 1: “An in-class research experiment

demonstrated that student retention of content material was significantly better when students

received a lecture coupled with the animations and then used the animation as an individual

study activity” (P. MCCLEAN et al, 2004, p.169). Isto significa “Em uma classe de pesquisa

experimental demonstrou que a retenção de material de conteúdo foi significativamente

Page 92: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

91

melhor quando os estudantes receberam a animações em conjunto com as leituras e quando

usaram a animação como uma atividade de estudo individual” (tradução nossa).

5.2.2 – Visão de Tecnologia (Feenberg, 2003)

Na análise da visão de tecnologia, buscou-se observar se esta correspondia a uma

visão crítica na qual se percebe que há na tecnologia uma duplicidade de valores que

direcionam para posições antagônicas diante das questões apresentadas, porém destaca a

importância de se posicionar criticamente frente a estas questões e às possíveis soluções e

recursos tecnológicos.

Embora estejam relatando trabalhos desenvolvidos com tecnologia, em geral, os

autores pouco explicitam sua visão de tecnologia 11 artigos (73.3%). Aqueles poucos que

demonstram sua visão, acreditam na necessidade de uma postura crítica diante desta realidade

tecnológica quatro artigos (26.6%), isto é, os autores demonstram perceber que há esta

necessidade.

No artigo nº4, por exemplo, o autor deixa explícita sua visão de tecnologia ao

direcionar o uso de uma ferramenta de forma participativa, propondo, no estudo, o uso de um

ambiente de aprendizagem colaborativa, o CSCL – Computer-supported collaborative

learning:“In CSCL, technology is used as a mediational tool to support collaboration between

the participants.” (HURME& JÄRVELÄ, 2005, p. 49). Isto é, “No CSCL, a tecnologia é

usada como uma ferramenta mediadora para suportar a colaboração entre os participantes.”

(tradução nossa)

No artigo nº3, Pires & Veit (2006), ao relatarem sua experiência, mostram as

contradições do uso de tecnologia, explicitando sua visão ao optarem por uma aplicação que

estimule o uso significativo dos recursos oferecidos, promovendo uma análise mais crítica das

informações apresentadas. De um modo geral os colégios pretensamente se preocupam com o ensino de Informática como

algo essencial na formação do cidadão, mas este conhecimento é apresentado de modo isolado, em vez

de ser tratado como um instrumento de ensino-aprendizagem de Física, de Matemática, entre outras

disciplinas. Bale ressaltar a ênfase dada atualmente pelos parâmetros curriculares nacionais que

estimulam o aprendizado da tecnologia usada para o desenvolvimento do conhecimento da disciplina.

As atividades propostas visaram motivar os estudantes a envolverem-se com informática e fazerem uso

dos recursos da web para o seu aprendizado, tornando significativo seu conhecimento em informática,

Page 93: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

92

especialmente apresentando a web como uma alternativa a mais para o aprendizado e não apenas como

entretenimento, e o computador como uma ferramenta cognitiva para a aprendizagem de Física. (PIRES

& VEIT, 2006, p. 247)

Como a maioria dos artigos não menciona explicitamente suas visões sobre o uso das

TICs, é importante apresentar aqui como esta postura foi interpretada a partir de determinadas

passagens nos textos dos artigos. Como exemplo, temos um trecho do artigo nº 6: “A related

lesson (BASICS) on the CD-Rom used in this study explains some of introductory concepts in

inheritance and genetics” (ROTHHAAR et al, 2006 p167). Isto é “A lição relatada no CD-

ROM usada neste estudo oferece alguns conceitos introdutórios em herança e genética”

(tradução nossa).

Em mais um exemplo, no artigo nº5, podemos observar continuar observando esta

postura:

“O propósito deste trabalho é descrever o processo de levantamento das

representações dos pesquisadores do Programa de Vocação da Fundação Oswaldo

Cruz (Provoc/ Rio de Janeiro) sobre os objetivos da I.C. para estudantes de Ensino

Médio e as estratégias de orientação que utilizam. O mapeamento utilizou um

questionário on-line elaborado para esse fim. (FILIPECKI, A et al., 2006, p. 200)

Em ambos os casos, a não citação da visão de tecnologia direciona as conclusões para

inferir que a tecnologia é um instrumento para enriquecer os conteúdos. Isto pode acontecer a

partir da observação da forma como a tecnologia é utilizada, como repasse de informações e

ilustração de conceitos sem a interação com o aluno que apresenta um comportamento

passivo. Desta maneira demonstram uma visão somente instrumental da tecnologia.

5.2.3 – Visão de Ciência ( SANTOS & MORTIMER, 2001)

O que se buscou com relação à visão de ciência, referiu-se à superação de uma visão

empirista de ciência, que valoriza a ciência por si mesma, considerando-a neutra. Isto é, uma

visão que discute além de aspectos da natureza de investigação científica e do significado de

conceitos científicos, apresentando uma abordagem que discute uma visão crítica da ciência.

A visão demonstrada pelos autores a respeito da ciência aparece dividida entre aqueles

que não fazem referência ao assunto (9 artigos- 60%) e aqueles que demonstram ter uma visão

crítica (46%) acreditando na discussão além de conceitos científicos e aspectos da natureza.

Page 94: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

93

Hurme& Järvelä (2005), no artigo nº4, enfatizam a visão sua visão crítica de ciências

ao destacarem a finalidade do ensino de Matemática: “Mathematics learning is no longer

seen as merely acquisition of knowledge but also as learning to participate in the discourse of

the mathematical community.” (HURME& JÄRVELÄ, 2005, p. 50). Traduzindo “A

aprendizagem de Matemática não está mais distante de parecer meramente uma aquisição de

conhecimentos, mas também como aprendizagem para participar do discurso de uma

comunidade matemática”.(tradução nossa).

Compartilhando esta postura, D. Maor & B.J. Fraser (2005), no artigo nº15, descrevem

o que seria, em sua visão, o objetivo central da educação em ciências, a partir de sua visão da

área: “A central goal of science education is to help students to develop higher-order thinking

skills (BYBEE & BEBOER, 1994), wich are a set of intellectual skills that enable students to

think critically, ask critical questions, reason and solve problems.” (MAOR, D. & FRASER,

B.J, 2005, p. 222) “O objetivo central da educação em ciências é ajudar os estudantes a

desenvolverem altas habilidades de pensamento que forma um conjunto de habilidades

intelectuais que habilitem os estudantes a pensar criticamente, produzir questões críticas,

argumentar e resolver problemas”. (tradução nossa)

Ilustrando os 60% de artigos selecionados que não mencionam sua visão de ciência,

podemos ilustrar suas abordagens neste sentido, a partir do artigo nº9:

“ Students completed a Web-based quadratics equations learning module followed by

a randomly generated online quiz that they could practise as often as they liked” (BOWER,

M, 2005, p. 121). Isto é “os estudantes completaram modulo de aprendizagem de equações

seguindo um quiz disponível online que eles podiam praticar na freqüência que desejassem”

(tradução nossa).

5.2.4 – Impacto ou benefício pela integração de TICs (PACHECO, 2005; NORRIS, 2001; CRUZ, 2004)

Ao analisar os impactos e benefícios, foram observados os seguintes pontos:

• econômico – melhoria do desenvolvimento econômico do país, maior

produtividade, crescimento na produção tecnológica

• social – inclusão social como qualidade de vida (sobrepõe a igualdade sócio-econômica), surgimento de novos grupos sociais, ampliação da integração entre as comunidades

Page 95: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

94

• político – ampliação da participação política, engajamento nas decisões

políticas, maior transparência nas ações de governo

• pessoal – melhoria da empregabilidade, auto-estima, desenvolvimento de

habilidades pessoais cognitivas e interpessoais

Em seus resultados, os artigos apontam que os maiores benefícios de seus trabalhos

estão no âmbito pessoal (12 artigos- 80%), no desenvolvimento de habilidades cognitivas,

com relação à compreensão de conceitos anteriormente de difícil compreensão. Alguns

fenômenos científicos somente são perceptíveis através da ferramenta computacional

tornando-se mais concretos através da utilização de imagens ou simulações.

No artigo nº 1, McClean et al (2005) comenta que “Learning research has

demonstrated that visualizing processes in three dimensions aids learning, and animations

are effective visualization tools for novice learners and aid with long-term memory

retention.” (MCCLEAN et al, 2005, p.169) “Pesquisas em aprendizagem tem demonstrado

que o processo de visualização em três dimensões estimula a aprendizagem, e animações são

ferramentas de visualização efetivas para jovens aprendizes aumentam a retenção de memória

por longo tempo”.(tradução nossa)

Gazit et al (2005), no artigo nº11, destaca a partir de seu objeto de estudo, um

ambiente virtual de aprendizagem _ Virtual Solar System (VSS) a importância da aplicação

deste ambientes na aprendizagem.“In a VR (virtual reality) environment learners can easily

and without effort visit places and view objects from different points of view, and can

experiment by manipulating variables that cannot be manipulated in the real world”. (GAZIT

et al, 2005, p. 460) “No ambiente VR (realidade virtual) aprendizes podem facilmente e sem

esforço, visitar lugares e ver objetos de diferentes pontos de vista, e podem experimentar por

várias manipulações o que não poderiam manipular no mundo real”. (tradução nossa)

Além disso, a interação promovida pelas ferramentas de comunicação de uma maneira

geral, como também por outros recursos informacionais facilita a integração entre elementos

de uma comunidade, representando um ganho também no aspecto social, cinco artigos

(33.3%).

Ao relatarem seu estudo, Hurme& Järvelä (2005), no artigo nº4, destacam a

importância dos estudantes participarem de discussões a partir de ambientes de aprendizagem

(CSCL- computer-supported collaborative learning).

Page 96: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

95

“By participating in social activity students have na opportunity not only to

learn mathematical skills and procedures, but also to explain and justify their own

thinking, to discuss their observations and observe models of how to use mathematics

effectively in different problem solving situations”.

“Através da participação em atividades sociais, os estudantes têm a

oportunidade não somente de aprender habilidades e procedimentos matemáticos, mas

também de explanar e justificar seus próprios pensamentos, discutir suas observações

e observar modelos de como usar a matemática efetivamente para resolução de

diferentes situações-problema.”. (tradução nossa)

Entretanto, é interessante apontar que outros benefícios e/ou impactos que o uso de

tecnologia poderia provocar como impactos econômicos e políticos não foram pontuados,

visto que, nenhum dos artigos mencionou estes benefícios.

Page 97: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

96

5.2.5 – Visão de Acesso (WARSCHAUER, 2002)

A discussão sobre o acesso concentrou-se nos seguintes conceitos:

12. “literacy model” – modelo de acesso via letramento : não basta a posse ou

disponibilização do equipamento, é fundamental a utilização de meios tecnológicos para práticas sociais significativas, assemelhando-se à alfabetização da linguagem pela necessidade de suporte físico, envolvimento com produção e relacionamento com questões sociais.

13. “conduit model” – modelo de acesso via recursos físicos: baseado no conceito de posse ou disponibilidade de um dispositivo, no caso, computadores e rede de Internet.

Em cinco artigos (33.3%) dos autores demonstram acreditar que não basta o acesso às

tecnologias, mas sim, a sua utilização para práticas significativas, o que representa um modelo

de acesso via letramento.

Em sua iniciativa apresentada no artigo nº15, Maor & Fraser (2005) destacam as

possibilidades dos programas utilizados na direção de aplicações sociais. “These programs

should involve real-world contexts in wich users practice problem-solving of authentic tasks,

as well as a variety of experiences and multiple perspectives in order to promote higher-level

thinking skills and embedded learning in social context”.

“Estes programas devem envolver contexto reais nos quais os usuários

pratiquem a solução de problemas em tarefas autênticas, tão bem quanto uma

variedade de experiências e múltiplas perspectivas para promover o mais alto nível de

habilidades de pensamento e imbuir a aprendizagem em um contexto social”.

(tradução nossa)

No entanto, 10 artigos (66.6%) não indicaram uma visão explícita sobre acesso à

Tecnologia. Assim como em outras análises, tais como aquelas referentes à análise de visão

de ciência e tecnologia, esta visão pôde ser percebida na organização de suas atividades que

se apresentam de forma mais tradicional exigindo do aluno uma postura apenas de utilização

da ferramenta, sem uma produção significativa.

Page 98: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

97

Por exemplo, no artigo nº6, podemos observar estas reflexões:“The results of this

sttudy indicate that students participating in the Lego lesson learned the biotechnology and

genetics information presented to them” (ROTHHAAR et al, 2006, p.170). Isto é, “Os

resultados deste estudo indicam que os estudantes participantes no curso de Lego aprenderam

as informações de biotecnologia e genética apresentadas para eles” (tradução nossa).

O interessante deste trecho do artigo é destacar que as informações foram apresentadas

a eles, ou seja, o meio físico, o software apresentou, ofereceu as informações, sem a

necessidade ou oportunidade para uma interação entre os participantes (professores e alunos)

que proporcionasse a aprendizagem dos alunos nestes conteúdos.

5.2.6 – Modalidades pedagógicas do uso de Internet (SUGRUE, 2003)

Com relação às modalidades pedagógicas, estas foram descritas assim:

• Acesso e organização da informação: utilização de materiais disponíveis na web para

pesquisas e descobertas, além da organização das informações obtidas

• Atividades autênticas: estratégias de aprendizagem baseadas em casos/problemas e

construção de atividades baseadas em TICs

• Aprendizagem colaborativa: a interação entre os alunos e professor como elemento

fundamental no processo ensino-aprendizagem

• Modelagem dos estudantes: utilização de tutores inteligentes que mapeiam o processo

de aprendizagem dos alunos

Dentre as possibilidades de uso pedagógico da internet apresentada nos artigos

selecionados, existe um equilíbrio entre as duas mais aplicadas: acesso e organização da

informação, 10 artigos (66.6%) e atividades autênticas, 10 artigos (66.6%). Uma das

características mais marcantes da internet é a disponibilidade de informações, sendo assim, é

natural que seja bastante explorado este uso. Interessante é perceber que as estratégias

baseadas em casos e problemas também tenham sido destacadas, pois demonstra um nova

postura de utilização um pouco diferenciada da habitual à medida que exige do aluno uma

participação e uma produção.

Page 99: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

98

No artigo nº12, Wang & Yang (2005) descrevem as estratégias utilizadas:

“...the interface should enable students to combine multiple conditions and observe

how the selection might affect the result of fossil formation. Students will not passively receive

knowledge as they watch the animation of fossilization; instead, they will be empowered to

construct these very conditions. In doing so, students should be able to analyze the

characteristics of every variable (3 ecological systems and 6 physical burials) and compare

the similarity and dissimilarity among them effectively”.

“…a interface deve habilitar os estudantes a combinar múltiplas condições e observar

como a seleção pode afetar o resultado da formação fóssil. Estudantes receberão passivamente

o conhecimento como se eles olhassem a animação da fossilização, ao contrário, eles

autorizados a construir essas condições. E fazendo isso, os estudantes devem estar hábeis para

analisar as características de muitas variáveis (e sistemas ecológicos e 6 enterros físicos) e

comparar a semelhança e a diferença entre eles efetivamente”. (tradução nossa)

5.3 – Considerações finais:

Para analisar as abordagens apresentadas nos artigos selecionados de 2004 a 2006, foi

apresentado no capítulo de metodologia, um quadro sintetizando diferentes níveis de Inclusão

Digital de acordo com a análise dos indicadores presentes. De acordo com esta síntese, a

Inclusão Digital poderia ser classificada como: Inclusão Digital Básical (IDB), Inclusão

Digital Intermediária (IDI) e Inclusão Digital Avançada (IDA).

A Inclusão Digital Básica (IDB) apresenta como indicadores: nível de habilidade de

uso de TICs de usuário básico, “conduit model” de acesso- modelo de acesso via recursos

físicos, visão determinista de tecnologia, impacto pessoal.

No nível de Inclusão Digital Intermediária (IDI), os indicadores apontam um nível de

habilidade de uso de TICs de usuário intermediário, “literacy model” de acesso- modelo de

acesso via letramento, visão intrumental de tecnologia e impacto pessoal e/ou social.

Finalmente, no nível Inclusão Digital Avançada (IDA), os indicadores apresentados

são: “literacy model” de acesso- modelo de acesso via letramento, visão crítica de tecnologia

e impacto que abrange vários aspectos simultaneamente podendo ser pessoal, social,

econômico, político.

Page 100: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

99

A partir dos critérios estabelecidos, observamos nos artigos selecionados, que estes,

em geral, abordam práticas educativas voltadas para aprendizagem de conteúdos que possam

ser melhor compreendidos quando se utiliza os recursos tecnológicos. Nestas práticas não há a

preocupação em observar o perfil dos alunos, que, em sua maioria, deduz-se que possuam

habilidades básicas para o manuseio das ferramentas a serem disponibilizadas. Tais recursos,

em geral, proporcionam informações aos alunos, como apresentação de slides ou texto e

animações, em uma postura passiva, receptiva diante deste material. Nestes casos, pouco se

observou a visão de tecnologia ou mesmo de ciências de forma explícita. Esta abordagem

também pôde ser notada quando a respeito dos impactos e benefícios houve uma concentração

no impacto pessoal, referindo-se aos ganhos com o aprendizado de conteúdos e habilidades

cognitivas.

Nestes casos, o nível de Inclusão Digital a que estes artigos se propuseram pode ser

considerado Inclusão Digital Básica, por ter um usuário de nível básico que não aplica a

tecnologia em algo que lhe seja significativo, até porque a tecnologia é utilizada porque, em

sua visão determinista, é necessária e não podemos fugir aos seus “encantos”, portanto, é

indispensável o contato com estas ferramentas para a formação exigida no momento:

“ ...we were interested in determining the best method or methods of incorporating

animation into the learning of cell biology”. ( P. MCCLEAN et al, 2005, p.174). Isto é,

“…nós estamos interessados na determinação do melhor método ou métodos de incorporação

de animação na aprendizagem de Biologia celular”. (tradução nossa)

Em Goldstein & Puntambekar (2004), artigo nº13, pudemos observar que a tecnologia

possui uma finalidade maior com relação ao trato com o Ensino de Ciências que busca esta

ferramenta para ampliar as discussões que a aprendizagem a partir de questionamentos pode

oferecer. Além disso, a discussão sobre os diferentes comportamentos de diferentes gêneros

em trabalhos em grupo a partir de recursos de cooperação proporciona uma reflexão a respeito

do benefício social deste tipo de iniciativa.“In this paper, we discuss gender differences in

attitudes towards technology and group work and how those differences play out in the

context of the classroom during scientific inquiry”. (GOLDSTEIN & PUNTAMBEKAR,

2004, p.505). Isto é, “Neste artigo, nós discutimos a diferenças de gênero em atitudes através

da tecnologia e do trabalho em grupo e como estas diferenças fogem do contexto de sala de

aula durante o questionamento científico”. (tradução nossa)

Page 101: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

100

Considerando esta visão de uso de tecnologia como ferramenta de comunicação e

produção de conhecimento através de questionamentos, portanto aplicada em experiências

significativas, promovendo um impacto tanto pessoal como social, além de demonstrar um

modelo de acesso baseado em letramento, podemos classificar esta abordagem em Inclusão

Digital Intermediária.

Como última classificação, podemos exemplificar a Inclusão Digital Avançada com a

experiência relatada por Hurme & Järvelä (2005), no artigo nº5, por diversos motivos.

Primeiramente, houve uma preocupação prévia em verificar a formação deste usuário: “The

students were familiar with KF as they had previously used it in a literacy course”.

(HURME& JÄRVELÄ, 2005, p. 52). Isto é, “Os estudantes estão familiarizados com KF pois

eles tiveram um uso previamente em um curso inicial”. (tradução nossa)

Este prévio contato pôde oferecer aos estudantes uma maior autonomia na utilização

da ferramenta disponível, tornando-os capazes de produzir situações semelhantes às que

foram expostos, argumentar suas idéias, levantar hipóteses sobre as questões, enfim, uma

postura de um usuário avançado que pode usufruir de todas as possibilidades que o recurso é

capaz de lhe oferecer. Além disso, para a resolução das propostas, os alunos precisavam de

um acesso que lhes permitisse não só a disponibilidade dos meios físicos, mas,

principalmente, possibilitasse a resolução de questões contextualizadas relacionadas a

questões sociais, especificamente neste caso, na área de Matemática. As atividades foram

voltadas para a resolução em grupo, promovendo a colaboração e a discussão de hipóteses.

Este artigo demonstra, não só o acesso e a organização, mas principalmente a promoção de

atividades autênticas (SUGRUE, 2003) como modalidade pedagógica de uso da internet.

Sendo assim, os impactos podem ser percebidos tanto no âmbito social, quanto pessoal.

A partir destes resultados torna-se possível identificar a interface entre inclusão digital

e alfabetização científica e tecnológica. A princípio, ambas propõem uma postura diante do

avanço científico-tecnológico que, em uma visão mais social, seja capaz de corresponder às

necessidades do cidadão e que possa contribuir para melhoria de sua qualidade de vida. Além

disso, consideram que esta postura também possa contribuir na internalização de conceitos

científicos de forma que estes sirvam de instrumento na construção de novos conhecimentos e

na relação destes com outros anteriormente construídos (SANTOS & MORTIMER, 2001).

Em ambos os processos, o sujeito ativo, participativo, com habilidades avançadas no

uso de tecnologia de informação e comunicação, capaz de produzir e socializar suas

Page 102: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

101

produções e, principalmente, um sujeito capaz de tomar decisões ou posicionar-se de forma

responsável diante de questões relativas à ciência e tecnologia, a partir de sua “leitura de

mundo” (FREIRE, 1987), visando o bem-estar individual e coletivo (FOUREZ, 1995).

Este sujeito traz consigo uma visão contrária à visão empirista da ciência, na qual a

tecnologia é apresentada como uma atividade neutra, sem valores subliminares, voltada

apenas à promoção do progresso e ao uso para o benefício de todos. Esta visão determinista

da tecnologia demonstra um modelo tradicional/linear de progresso no qual o avanço

científico promove o avanço tecnológico, o que culmina no desenvolvimento econômico

promotor de bem-estar (FEENBERG, 2003). Ambos os processos – ID e ACT- apontam para

uma visão crítica de tecnologia, na qual os avanços tecnológicos e suas produções trazem

consigo a ambivalência de valores e, portanto, precisam ser avaliados e analisados com

criticidade para que possam ser utilizados como instrumentos adequados aos objetivos

pretendidos.

Em se tratando de processos relacionados à tecnologia, é redundante afirmar que o

acesso a estes instrumentos tecnológicos é de fundamental importância. Porém, este acesso

não pode resumir-se ao conceito de posse, e sim, precisa estender-se à condição de aplicação

destes instrumentos em práticas sociais significativas, ou seja, práticas contextualizadas e que

sirvam como contribuições sociais (WARSCHAUER, 2002).

Considerando o espaço escolar como espaço promotor de ID e ACT, as práticas

pedagógicas ali realizadas são determinantes para que estes processos se concretizem. De

acordo com as visões anteriormente descritas: nível de habilidade do usuário

(RESNICK,2001), tecnologia (FEENBERG, 2003), ciência (SANTOS & MORTIMER,

2001), impacto ou benefício (PACHECO,2005; NORRIS, 2001; CRUZ, 2004), acesso

(WARSCHAUER, 2002) e modalidades pedagógicas (SUGRUE, 2003), e levando em

consideração uma visão de educação mais adequada às necessidades atuais de formação, ou

seja, de um cidadão mais participativo e atuante, com as habilidades e competências

necessárias para gerir sua própria formação, bem como para a sua melhor integração com os

demais cidadãos, alguns princípios estão essencialmente presentes, tais como: atividades de

caráter colaborativo, voltadas à produção e pesquisa, essencialmente interdisciplinares e

contextualizadas.

Desta forma, os impactos advindos da ID e da ACT podem ser vistos em nível pessoal,

social, político e econômico, de acordo com a abrangência que se coloca (PACHECO, 2005;

Page 103: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

102

NORRIS, 2001; CRUZ, 2004). Em nível pessoal, este impacto pode ser observado na auto-

estima, empregabilidade, enfim, no desenvolvimento de habilidades pessoais sejam elas

cognitivas ou interpessoais. Os impactos sociais se revelam na inclusão social promovida a

partir da melhoria da qualidade de vida proporcionada, através também de uma maior

integração entre comunidades e grupos sociais. Os impactos políticos se apresentam na maior

participação política e engajamento nas decisões, como também na utilização das tecnologias

como instrumento de transparência e acesso às ações governamentais. E, por fim, os impactos

econômicos relacionam-se com a melhoria do desenvolvimento econômico do país, maior

produtividade e crescimento, levando também em conta, a produção tecnológica.

Sintetizando a interface entre os processos aqui relatados de ID- inclusão digital e

ACT- alfabetização científica e tecnológica, destacamos que estes processos estão presentes

no espaço escolar e, em especial, no Ensino de Ciências, e que, nesta área de conhecimento, a

integração das TICs só tem a contribuir para a construção e ressignificação de conceitos

científicos. Muitos destes conceitos necessitam de uma visão mais próxima possível, do

concreto, seja na demonstração de estruturas ou na reprodução e simulação de processos

(GAZIT et al, 2005). Além, é claro, da possibilidade da aprendizagem colaborativa e da

quebra das noções de espaço e tempo, ampliando a interação entre os elementos envolvidos

no processo ensino-aprendizagem. Porém, é sempre indispensável proporcionar uma análise

criteriosa diante de cada atividade, cada instrumento, cada discussão a cerca das tecnologias,

pois é esta a intersecção entre os processos de integração desta tecnologia- ID e ACT,

principalmente no espaço escolar, para que possa ser atingido seu objetivo maior de formação

de um cidadão crítico, capaz de usufruir das tecnologias que estão disponíveis com sabedoria

e criticidade.

Documento de referência para o Ensino Médio, os Parâmetros Curriculares Nacionais

(2000) consideram que uma proposta curricular deverá incorporar as tendências apontadas

para o século XXI, que se ressente da presença da ciência e da tecnologia nas atividades

produtivas e nas relações sociais. Para isto, propõe que sejam entendidos os princípios das

tecnologias da comunicação e da informação, associando-as aos conhecimentos cientìficos, às

linguagens que lhes dão suporte e aos problemas que se propõem solucionar. Para concretizar

estes objetivos, os PCNs Ensino Médio, de acordo com as Diretrizes Curriculares do Ensino

Médio(1998) organizaram sua estrutura curricular em: Ciências Humanas e suas Tecnologias,

Page 104: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

103

Linguagens e Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza, Matemática e suas

Tecnologias.

Reconhecendo a interface entre estes conceitos, analisamos as abordagens de Inclusão

Digital presentes nos artigos selecionados, como reflexo também da visão de alfabetização

científica e tecnológica que estes possuem.

Vale finalizar estas considerações com uma reflexão sobre a produção acadêmica do

período de 2004 a 2006 sobre o uso das TICs, especialmente a Internet, nas práticas de Ensino

de Ciências. Em sua maioria, estes trabalhos não demonstraram uma preocupação com estas

visões de nível de habilidade do usuário (RESNICK,2001), tecnologia (FEENBERG, 2003),

ciência (SANTOS & MORTIMER, 2001), impacto ou benefício (PACHECO,2005; NORRIS,

2001; CRUZ, 2004), acesso (WARSCHAUER, 2002) e modalidades pedagógicas (SUGRUE,

2003), como elemento que influencie o processo ensino-aprendizagem e o desenvolvimento

dos alunos.

No entanto, cabe ressaltar a influência e especificidade do contexto selecionado para o

estudo na aferição destes resultados. O fato de selecionarmos, como objeto de pesquisa, a

produção acadêmica de determinado portal, Portal Capes, em uma determinada área do

conhecimento, Ensino de Ciências e Matemática, terminamos por circunscrever a pesquisa a

uma comunidade específica. Assim, destacamos que, o presente trabalho, mesmo objetivando

oferecer uma contribuição para a análise da produção acadêmica com relação à integração de

TICs e às abordagens de inclusão digital presentes neste processo, não se constitui em uma

revisão exaustiva e abrangente do universo de trabalhos de pesquisa em Ensino de Ciências e

Saúde que podem estar sendo publicados em outros grupos de periódicos científicos, como

por exemplo, nas áreas de Educação ou Psicologia.

Neste sentido, finalizamos apontando que será importante estimular, portanto, na área

de Ensino de Ciências, estudos que, a partir de uma visão CTS, integrem também uma

abordagem de inclusão digital que leve em conta, de forma mais explícita e monitorada, estas

variáveis, especialmente, em sistemas educativos como o da nossa sociedade, pautada em

fortes diferenças sociais.

Page 105: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

104

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, F. J. As aparências enganam. In: Salto para o Futuro: TV e informática na

educação. Brasília: MEC/SEED, 1998. p.73-80. (Série de Estudos. Educação à Distância). ALMEIDA, F. J. de, FONSECA Jr., F. M. (2000). Projetos e Ambientes Inovadores.

Coleção: Série de Estudos – Educação a Distância. MEC/ PROINFO. ALMEIDA, M. E. B.; ALMEIDA, F. J. Uma zona de conflitos e muitos interesses. In: Salto

para o Futuro: TV e informática na educação. Brasília: MEC/SEED, 1998. 112p. (Série de Estudos. Educação à Distância).

ANGOTTI, J.; AUTH, M. Ciência e Tecnologia: Implicações Sociais e o Papel da Educação.

Revista Ciência e Educação, Bauru, v.7, n. 1, p.15-27, 2001. AULER, D. ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICA: UM NOVO “PARADIGMA”? REVISTA ENSAIO –

PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, BELO HORIZONTE, V. 5, N. 1, P.1-16, 2003. AULER, D.; DELIZOICOV, D. Alfabetização Científico-Tecnológica para quê? Revista

Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, p.1-13, 2001. BA, Harouna. What is the Digital Divide? Teaching to Change LA, The Digital Divide. Los

Angeles: v. 1, n. 2, 2001. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2004. BELLONI, M. L. Tecnologia e Formação de Professores: Rumo a uma Pedagogia pós-

moderna? Educação e Sociedade, Campinas, v. 19, n. 65, p. 143-162,1998. __.A Formação na Sociedade do Espetáculo. São Paulo : Edições Loyola, 2002. __. A integração das tecnologias de informação e comunicação aos processos educacionais.

In: BARRETO, R. G. (org.) Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2003.

BENETT, J; HOGARTH, S; LUBDEN, F. A systematic review of the effects of context-

based and Science-Technology-Society (STS) approaches in the teaching of secondary science. Version 1.1 In: Research Evidence in Education Library. London: EPPI- Centre, Social, Science Research Unit, Institute of Education, 2003.

BONK, C. J & CUNNINGHAM, D. J. Search for learning-centered, constructivism, and

social components of collaborative educational learning tools. In: C.J. Bonk & K.S. Kira. Electronic Collaborators: Learner-centered technologies for literacy, apprenticeship, and discourse. Lawrence Elbourn Associates. 1998.

BOWER, Matt. Online Assessment Feedback: competitive, Individualistis, or...preferred

form!. Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching. v 24, n. 2, 121-147, 2005.

Page 106: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

105

BRANDÃO, M. F. R., TRÓCCOLI, B. T. Um Modelo de Avaliação de Projeto de Inclusão

Digital e Social: Casa Brasil. Universidade de Brasília, 2007. BRANSFORD ,John; Brown, Ann L.; Cocking, Rodney R. How People Learn: Brain,

Mind, Experience, and School. The National Academies Press. 1999. BRASIL. LEI 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. ESTABELECE AS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

NACIONAL. DIÁRIO OFICIAL [DA] REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. BRASÍLIA, DF, 23 DE DEZ. DE 1996. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL/LEIS/L9394.HTM . ACESSO EM: 02 DE ABRIL DE 2007.

BRASIL. Ministério da Educação e dos Desportos. Parâmetros Curriculares Nacionais(Ensino

Médio). 1998. BRASIL. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: ENSINO MÉDIO. BRASÍLIA, MEC, 1998. BRASIL.IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional por

Amostragem de Domicílios, 2005. BRASIL.MEC.CNE. PARECER CEB Nº 15, DE 01 DE JUNHO DE 1998. ESTABELECE AS DIRETRIZES

CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉDIO. DIÁRIO OFICIAL [DA] REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. BRASÍLIA, DF, 26 DE JUNHO DE 1998. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.SINEPE-MG.ORG.BR/LEGISLACAO/ENS_MEDIO/1598.PDF . ACESSO EM: 02 DE ABRIL DE 2007.

CASTELLS, MANUEL. A GALÁXIA DA INTERNET: REFLEXÕES SOBRE A INTERNET, OS NEGÓCIOS E A

SOCIEDADE. RIO DE JANEIRO: ED. JORGE ZAHAR, 2003. COGNITION AND TECHNOLOGY GROUP AT VANDERBILT. Looking at technology in

context: A framework for understanding technology and education research. In: BERLINER, D.C.; CALFEE, R.C. (Eds.), Handbook of educational psychology . New York, NY: Macmillan, 1996, p. 807-840.

CORGOZINHO, I. A democracia eletrônica em Minas Gerais. Fronteira Virtual, S.l., 2003.

Disponível em: <http://www.fronteiravirtual.com.br;art016.htm>. Acesso em 13 de setembro de 2007.

CRUZ, R. O que as empresas podem fazer pela inclusão digital. São Paulo: Instituto Ethos,

2004. CURY, C.R.J. A educação básica no brasil. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 80, 2002, p.

168-200. DEMO, Pedro. Nova mídia e educação: incluir na sociedade do conhecimento. Mimeo, 2005.

Disponível em < telecongresso.sesi.org.br/templates/ capa/TextoBase_4Telecongresso.doc>. Acesso em 30/06/2005.

Page 107: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

106

ECO, H. DA INTERNET A GUTEMBERG. CONFERÊNCIA APRESENTADA NA THE ITALIAN ACADEMY FOR ADVANCED STUDIES IN AMERICA, 1996. DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.HF.NTNU.NO/ANV/FINNBO/TEKSTER/ECO/INTERNET.HTM . ACESSO EM: 15/SET/2007.

FEENBERG, Andrew. Critical Theory of Technology. New York: Oxford University Press,

2002. FEENBERG, ANDREW. DO ESSENCIALISMO AO CONSTRUTIVISMO. (PUBLICAÇÃO INTERNA. SÃO CARLOS:

UFSCAR, 2003). DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW-ROHAN.SDSU.EDU/FACULTY/FEENBERG/PORTU1.HTM. ACESSO EM 01/10/2004.

FEENBERG, ANDREW. O QUE É A FILOSOFIA DA TECNOLOGIA. 2003. DISPONÍVEL EM:

<HTTP://WWW.SFU.CA/~ANDREWF/OQUEE.HTM>. ACESSO EM 23/03/2005. FERREIRA, A. B. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2ª ed. Rio de Janeiro:

Editora Nova fronteira, 1986. FILIPECKI, Ana; BARROS, Susana de Sousa; ELIA, Marcos da Fonseca. A Visão dos

Pesquisadores-Orientadores de Um Programa de Vocação Científica Sobre A Iniciação Científica de Estudantes de Ensino Médio. Ciência e Educação.v 12, n. 2, 199-217, 2006.

FLEMING, JAMES R. UNDERGRADUATE SCIENCE STUDENT’ VIEWS ON THE RELATIONSHIP BETWEEN

SCIENCE, TECHNOLOGY AND SOCIETY. INTERNATIONAL JOURNAL OF SCIENCE EDUCATION,V.10, N.4, P.449-463,1988.

FOURÈZ, GÉRARD. ALFABETIZACIÓN CIENTÍFICA Y TECNOLÓGICA. BUENOS AIRES:COLIHUE, 1994. FOURÉZ, GERARD. CRISE NO ENSINO DE CIÊNCIAS. REVISTA INVESTIGAÇÕES EM ENSINO DE

CIÊNCIAS, V.8, N.2, 2003. FREIRE, PAULO. PEDAGOGIA DO OPRIMIDO. 7ED. RIO DE JANEIRO: PAZ E TERRA, 1987. __. PEDAGOGIA DA AUTONOMIA: SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA EDUCATIVA. 6 ED. RIO DE JANEIRO:

PAZ E TERRA, 1996. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. MAPA DA EXCLUSÃO DIGITAL- WWW.CDI.ORG.BR – ACESSO EM

05 DE SETEMBRO DE 2007. GAZIT, Elhanan; YAIR, Yoav; CHEN, David. Emerging Conceptual Understanding of

Complex Astronomical Phenomena by Using a Virtual Solar System. Journal of Science Education and Technology. V 14, n. 5 e 6, 2005.

GIL, A.C. COMO ELABORAR PROJETOS DE PESQUISA. ATLAS. 1991. GIORDAN, M. A INTERNET VAI À ESCOLA: DOMÍNIO E APROPRIAÇÃO DE FERRAMENTAS CULTURAIS.

EDUC. PESQUISA. VOL.31 NO.1, SÃO PAULO. 2005.

Page 108: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

107

GOLDSTEIN, Jessica & PUNTAMBEKAR, Sadhana. The brink of change: gender in technology-rich collaborative learning environments. Journal of Science Education and Technology. v 13, n. 4, 2004.

GREENO, J. Mathematical and scientific thinking in classrooms and other situations. In:

HALPERN, D. F. (Ed.), Enhancing thinking skills in the sciences and mathematics. Hillsdale, NY: Erlbaum, 1992.

HAZEN, R.M; TREFIL, J. Saber Ciência. São Paulo: Cultura Editores Associados. 1995. HURD, P.D. Scientific literacy: new mind for a changing world. Science & Education.

Stanford, USA: n. 82, 1998, p. 407-416. HURME, Tarja-Riitta & RVELA, Sanna Ja¨. Students’ Activity In Computer-Supported

Collaborative Problem Solving In Mathematics. Internacional Journal of computers for mathematical learning, v. 10, 49-73. 2005.

JONASSEN, D. H., & REEVES, T. C. Learning with technology: Using computers as

cognitive tools. In: JONASSEN, D. H. (Ed.), Handbook of research for educational communications and technology. New York: Macmillan, 1996, p. 693-719.

JONASSEN, David H. (Ed.). Constructivism and the Technology of Instruction. Hillsdale:

Lawrence Erlbaum Associates, 1992. JONASSEN, David H. Computers in the classroom: Mindtools for critical thinking.

Columbus: Merrill/Prentice Hall, 1996. JONASSEN, David H. Objectivism vs. constructivism: Do we need a new paradigm?

Educational Technology: Research and Development. v.39, n.3, p.5-14, 1991. JONASSEN, David H.Thinking technology: Toward a constructivist design model.

Educational Technology. v.34, n.4, p.34-37, 1994. JONASSEN, David., DAVIDSON, M., COLLINS, M., CAMPBELL, J., HAAG B.B.

Constructivism and computer-mediated communication in distance education. American Journal of Distance Education, v.9, n.2, p.7-26, 1995.

KENISTON, K. Introduction: The four digital divide. In: KENISTON, K.; KUMAN, D.

(eds). IT Experience in India. Delhi: Sage Publishers, 2003. KENSKI, Vani M. Em direção a uma ação docente mediada pelas tecnologias digitais. In:

Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas: Papirus, 2004. KENSKI, Vani M. Tecnologias e ensino presencial e à distância. São Paulo : Ed.

Papirus,2003. KLING, R. Technological and social acess to computing, information, and

communication technologies. White paper for the Presidential Advisory Committee on

Page 109: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

108

High – Performance computing and communications, information technology, and the next generation internet, 1998.

KRASILCHIK, M. Caminhos do Ensino de Ciências no Brasil. Em Aberto. Brasília: ano 11,

n. 55, p. 5-8, 1992. LEAL, M.C.; SOUZA, G.G. Mito, ciência e tecnologia no ensino de ciências: o tempo da

escola e do museu. In: Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências, 1., 1997, Águas de Lindóia. Atlas...Águas de Lindóia: ABRAPEC, 1997.

LIM, Wei Ying; YEO, Seng Chee Tan; AI CHOO, Jennifer. Changing Epistemology of

Science learning through inquiry with computer-supported collaborative learning. Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching. v 24, n.4, 367-386, 2005.

LINN, M.; Davis, E.; Bell, P. (Eds.) Internet environments for science education. Mahwah,

NJ: Lawrence Erlbaum Associates, 2004. LINN, M.; DAVIS, E.A .; BELL, P.Da.Internet Environments for Science. USA:

Lawrence Erlbaum Associates, 2004. LINN, M.; SLOTTA, J.; BAUMGARTNER, E. Teaching high school science in the

information age: a review of courses and technology for inquiry-based learning. Progress report for the Miliken Family Foundation. Califórnia, 2000.

LORENZETTI, L.; DELIZOICOV, D. Alfabetização científica no contexto das séries iniciais.

Ensaio- Pesquisa em Educação em Ciências.Belo Horizonte: v. 3, n. 1, 2001, p. 1-7. LORENZETTI, Leonir & DELIZOICOV, Demétrio. Alfabetização Científica no contexto das

séries iniciais. Revista Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências, v.3,n.1,p.1-12,jun.2001

MAOR, Dorit & FRASER, Barry J. An Online Questionnaire for Evaluating Students' and

Teachers' Perceptions of Constructivist Multimedia Learning Environments. Research in science education. V 35, 221-224, 2005.

MC CLEAN, Phillip; JOHNSON, Christina; ROGRES, Roxanne; DANIELS, lisa; REBER,

John; SLATOR, Brian M; TERPSHA, Jeff; WHITE, Alan. Molecular and Cellular Biology Animations: Development and Impact on Student Learning. Cell Biology Education. Vol 4, 169-179, 2005.

MILLER, J.D. Scientific literacy: a conceptual and empirical review. Daedalus, 1983, n. 112.

p. 29-48. MINAYO, Maria Cecilia de S. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em

saúde. São Paulo: HUCITEC-ABRASCO, 1994. NÉRI, Marcelo C.: Mapa da Exclusão Digital. Rio de Janeiro : FGV/IBRE, CPS, 2003.

Page 110: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

109

NORRIS, P. Digital Divide: Civic engagement, information poverty, and the internet worldwide. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2001.

NOVAK, J. D. Construtivismo humano: um consenso emergente. Ensenãnza de las

Ciencias, Espanha: v. 6, n. 3, p. 213-223, 1988. OLIVEIRA, D. R. de. Informática na educação 2. v.2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ,

2006. OLIVEIRA, D. R. Interação e interatividade - elementos necessários nos processos de

aprendizagem mediados por computador. In: OLIVEIRA, D. R. de. Informática na educação 2. v.2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2006. p.79-90.

PACHECO, S. B. A Educação como iniciativa de inclusão. In: OLIVEIRA, D. R. de.

Informática na educação 2. v.2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2006. p.143-153. PETERS, O. Didática do ensino à distância: experiências e estágios da discussão numa

visão internacional. São Leopoldo, RS: UNISINOS, 2001. PFUETZENREITER, MÁRCIA. A RUPTURA ENTRE O CONHECIMENTO POPULAR E O CIENTÍFICO EM

SAÚDE. REVISTA ENSAIO – PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, V. 3,N.1,P.1-15,JUN.2001. PIAGET, Jean. O possível e o necessário: evolução dos possíveis na criança. Tradução

Bernardina Machado de A. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. PINKETT, RANDAL. REDIFINING THE DIGITAL DIVIDE. 2001. DISPONÍVEL EM:

<HTTP://WWW.TCLA.GSEIS.UCLA.EDU/DIVIDE/POLITICS/PINKETT.HTML> ACESSO EM : 31JUL.2005. PIRES, MARCELO ANTONIO & VEIT, ELIANE ÂNGELA. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO PARA AMPLIAR E MOTIVAR O APRENDIZADO DE FÍSICA NO ENSINO MÉDIO. REVISTA BRASILEIRA DE ENSINO DE FÍSICA.V 28, N. 2, 241-248. 2006.

PRADO, M. E. B. B. Pedagogia de Projetos: fundamentos e implicações. In: Integração das

Tecnologias na Educação. Secretaria de Educação à Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 2005. p.12-17.

RAMOS, Paula.Visões de tecnologia e educação no ensino de ciências e saúde: uma análise

das propostas de materiais didáticos informatizados.Rio de Janeiro, 2006. Dissertação (Mestrado em Tecnologia Educacional em Ciências da Saúde) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.

REEVES, B.; NASS, C. The Media Equation: How People Treat Computers, Television, and

New Media Like Real People and Places. CSLI Lecture Notes. USA: MIT Press, 1996. REIS, M. N. R.; STRUCHINER, M. Inclusão Digital e Alfabetização Científica e

Tecnológica no Ensino de Ciências: revisitando alguns conceitos. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, 5., 2005, Bauru. Caderno de resumos... Bauru: ABRAPEC, 2005, p.375.

Page 111: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

110

RESNICK, MITCHEL. CLOSING THE FLUENCY GAP. 2001. DISPONÍVEL EM : <HTTP://WEB.MEDIA.MIT.EDU/~MRES/PAPERS/CACM-3-01.HTM > ACESSO EM: 31 JUL.2005.

ROGOFF, B. Cognition as a collaborative process. In: DAMON, W.; KUHN, D.; SIEGLER,

R. S. (Eds.), Handbook of Child Psychology. Toronto: John Wiley & Sons, vol. 2, 1998, p. 679-729.

RONDELLI, E. Quatro passos para a inclusão digital. Sete Pontos. Rio de Janeiro: ano 1, n.

5, 2003, p. 111. ROTHHAAR, Rebecca; PITTENDRIGH, Barry R; ORVIS, Kathryn S. The Lego analogy

model for teaching gene sequencing and biotechnology. Journal of Biological Education, v 40, n. 4, 2006.

RYDER, M. The Digital Divide. In: Enciclopedia of Science, Technology, and Ethics.

USA: Macmillan Reference, 2005. SACHS, I. Brasil e os riscos da modernidade. Ciência Hoje. Rio de Janeiro: v.20, n.119,

1996, p.12-14. SADAO, Edson. A exclusão Digital e as Organizações Sem Fins Lucrativos da

cidade de São Paulo. IntegrAção, ano V, nº 10, Nov. 2002. Disponível em: http://integracao.fgvsp.br/ano5/20/administrando.htm . Acesso em: 18 dez. 2007.

SANCHO, JUANA. (ORG.). PARA UMA TECNOLOGIA EDUCACIONAL. PORTO ALEGRE: ARTES

MÉDICAS,1998. SANTOS, P. R. P. dos. Informática na educação 2. v.1. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ,

2006. SANTOS, WILDSON & MORTIMER, EDUARDO. TOMADA DE DECISÃO PARA AÇÃO SOCIAL

RESPONSÁVEL NO ENSINO DE CIÊNCIAS. REVISTA CIÊNCIA E EDUCAÇÃO, V. 7,N.1,P.95-110,2001. ________________.UMA ANÁLISE DE PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA ABORDAGEM C-T-S (CIÊNCIA –

TECNOLOGIA – SOCIEDADE) NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA. REVISTA ENSAIO – PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS, V. 2,N.2,P.1-18,DEZ.2002.

SANTOS, WILDSON, SCHNETZLER, ROSELI.P. EDUCAÇÃO EM QUÍMICA: COMPROMISSO COM A

CIDADANIA. IJUÍ, SC: UNIJUÍ, 1997. SAVERY, J. R. & DUFFY, T. M. - Problem based learning: An instructional model and its

constructivist framework. In: WILSON, B. G. (Ed), Constructivist learning environments: Case studies in instructional design. Englewood Cliffs, NJ: Educational Technology Publication, 1996.

SCHANK, R.C. Inside Multi-Media Case Based Instruction. London: Lawrence Erlbaum

Associates, 1998. SHEN, B. Science Literacy . American Scientist, v. 63, p. 265-268, may.- jun.,1975.

Page 112: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

111

SILVEIRA, S. A. Software Livre e Inclusão Digital. São Paulo,SP : Conrad Editora do

Brasil,2003. SLYKHUIS, David & PARK, John. Correlates of Achievement with online and classroom-

based MBL Physics activities. Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching, v 25, n.2, 147-163, 2006.

SOARES, MAGDA. AS MUITAS FACETAS DA ALFABETIZAÇÃO. CADERNOS DE PESQUISA, N.52, P.19-

24,1985. ____________. LETRAMENTO: UM TEMA EM TRÊS GÊNEROS. BELO HORIZONTE: AUTÊNTICA, 1998. SORJ, Bernardo. [email protected] : A luta contra a desigualdade na Sociedade da

Informação. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar ; Brasília, DF: UNESCO, 2003. SOUZA, Karina Aparecida de Freitas Dias & NEVES, Valdir Augusto. Bioquímica de

Alimentos na web: proposta de um site de apoio às aulas experimentais presenciais ou à distância. Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e biologia molecular, n 2, artigo D, 2006.

STRUCHINER, M. ; GIANNELLA, T. R. . Aprendizaje y Práctica Docente en la Área de

la Salud: conceptos, paradigmas y innovaciones. 1. ed. Washington, DC: OPS. v. 1. 120 p. , 2005.

STRUCHINER, Miriam ; GIANNELLA, Tais R. . Educação a Distância: reflexões para a

prática nas universidades brasileiras. 1. ed. Brasília: Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, v. 1. 56 p. 2001.

SUGRUE, BRENDA. COGNITIVE APPROACHES TO WEB-BASED INSTRUCTION. IN: SUSANNE LAJOIE.

COMPUTERS AS COGNITIVE TOOLS, VOLUME TWO: NO MORE WALLS. LAWRENCE ERLBAUN ASSOCIATES, 2000.

TAKAHASHI, TADAO. SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: LIVRO VERDE .BRASÍLIA: MINISTÉRIO DA

CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2000. DISPONÍVEL EM : <HTTP://WWW.SOCINFO.ORG.BR/LIVRO_VERDE/DOWNLOAD.HTM > ACESSO EM 30 JUL.2005.

TEIXEIRA, P.M.M. EDUCAÇÃO CIENTÍFICA E MOVIMENTO CTS NO QUADRO DAS TENDÊNCIAS

PEDAGÓGICAS NO BRASIL. REVISTA DA ABRAPEC, V.4, N.2, P.88-102, MAI/AGO, 2004. Universidade Estadual de Maringá, Comitê de Redação do Grupo de Trabalho da Sociedade

Civil em Conteúdos -www.comunicacao.pro.br/setepontos/5/4passos.htm Acesso em 22 de agosto de 2007.

VASQUEZ-ABAD, Jesus; BROUSSEAU, Nancy; WALDEGG C., Guillermina; VEZINA,

Mylene; MARTINEZ D., Alicia; VERJOVSKY, Janet Paul. Fostering distributed science learning through collaborative technologies. Journal of Science Education and Technology. v 13, n.2, 2004.

Page 113: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

112

VILLAR, Lúcio F.S.; PIRES, Igor A.; AMARAL, Juliana M.; RIBEIRO, Deividson B. Inclusão Digital para Operários da Construção Civil. In: ENCONTRO DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS, 8., 205, Belo Horizonte. Anais

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998. WANG, Shiang-Kwei & YANG, Chiachi. The Interface Design and the Usability Testing of a

FossilizationWeb-Based Learning Environment. Journal of Science Education and Technology. V 14, n. 3, 2005.

WARSCHAUER,MARK. RECONCEPTUALIZING THE DIGITAL DIVIDE. 2002. 2003 DISPONÍVEL EM:

<http://www.firstmonday.dk/issues/issue7_7/warschauer/> ACESSO EM : 01 AGO.2005. YI-CHUAN, Diem M. Nguyen & ALLEN, Jane Hsieh G. Donald. The impact of web-Based

Assessment and Practice on Students. Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching, v 25, n. 3, 251-79, 2006.

Page 114: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

113

Anexos

Page 115: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

114

Tabela 1 - Lista de Periódicos CAPES por Área de Conhecimento / Ciências Humanas / Ensino de Ciências e Matemática

Resultados 0 - 54 de 54 na pesquisa por assunto.

Título Mostrar informações detalhadas ACM SIGCSE Bulletin (Special Interest Group on Computer Science Education) Advances in Physiology Education Arithmetic Teacher Biochemical Education Biochemistry and Molecular Biology Education Cell Biology Education Chemical Educator Ciência Hoje das Crianças: Revista de Divulgação Científica para Crianças Ciência e Educação Ciência e Ensino Convergence: Where Mathematics, History and Teaching Interact Educational Studies in Mathematics Electronic Journal of Science Education Electronics Education Eureka: A Revista da Olimpíada Brasileira de Matemática Focus on Learning Problems in Mathematics Foundations of Chemistry: Philosophical, Historical, Educational and

Interdisciplinary Studies of Chemistry

Geoscience Online: Das Magazin für Geo- und Naturwissenschaften International Journal of Computers for Mathematical Learning International Journal of Science and Mathematics Education Investigações em Ensino de Ciências = Investigaciones en Enseñanza de las

Ciencias = Investigations in Science Education

Journal of Biological Education Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Journal of Elementary Science Education Journal of Mathematical Behavior Journal of Mathematical Psychology Journal of Mathematics Teacher Education Journal of Online Mathematics and its Applications : JOMA Journal of Science Education and Technology Journal of Science Teacher Education Journal on Educational Resources in Computing : JERIC Mathematics Teacher Mathematics Teaching in the Middle School Mathematics Teaching Mathematics and Computer Education Mathematics in School Micromath: A Journal of the Association of Teachers of Mathematics Nova Escola Online Physical Review Focus: Selections from Physical Review and Physical Review

Letters Explained for Students and Researchers in all Fields of Physics

Page 116: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

115

Physical Review Special Topics. Physics Education Research Physics Review Physik und Didaktik in Schule und Hochschule Research in Science Education Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular Revista Brasileira de Ensino de Física School Science and Mathematics School Science and Mathematics Science Activities Science Weekly Science and Education: Contributions from History, Philosophy and Sociology of

Science and Mathematics

Teaching Children Mathematics Teaching Mathematics and its Applications Tech Directions

Technology Teacher

Page 117: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

116

Tabela 2 - Listagem de Periódicos Selecionados

Títulos Cell Biology Education Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular Revista Brasileira de Ensino de Física Educational studies in mathematics Foundations of chemistry: philosophical, historical, educational and interdisciplinary of Chemistry Internacional journal of computers for mathematical learning International journal of science and mathematics education Journal of Mathematical Behavior Journal of Mathematical Psychology Journal of Mathematics Teacher Education Advances in Physiology Education Ciência e Educação Investigações em Ensino de Ciências Journal of Biological Education Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Journal of Science Education and Technology Journal of Science Teacher Education Science and Education: Contributions from History, Philosophy and Sociology of Science and Mathematics Mathematics teacher Mathematics teaching in the middle school Mathematics teaching Mathematics and Computer Education Mathematics in School Research in science education Science Activies Teaching Mathematics and its aplications

Page 118: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

117

Tabela 3 - Caracterização dos Periódicos e suas Publicações

Título Publicações Artigos Ed. Básica

Tecnologia (TICs) Internet

Cell Biology Education 16

2004 (3+2+2+4) = 11 2005 (3+4+3+6) = 16 2006 (4+9+7+5) = 25 Total = 52

16 4 1

Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e biologia molecular

4

2004 = 5 2006 = 5 2006 = 20 (edição especial) 2006/2= 5 Total = 55

3 2 1

Revista Brasileira de Ensino de Física 12

2004 (14+12+12+15) = 53 2005 (17+16+22+16) = 71 2006 (13+13+15+18) = 59 Total = 183

17 4 1

Educational studies in mathematics 21

2004 (13+8+13+8+7+3+) = 52 2005 (7+7+7+12+6+6+6) = 51 2006 (11+7+6+7+5+4+9+6) = 86 Total = 189

42 3 0

Foundations of chemistry: philosophical, historical, educational and interdisciplinary of Chemistry

9

2004 (11+5+9) = 25 2005 (8+6+12) = 26 2006 (7+6+9) = 22 Total = 73

0 0 0

Internacional journal of computers for mathematical learning

9

2004 (4+5+5) = 14 2005 (3+3+4) = 10 2006 (4+4+5) = 13 Total = 37

8 7 1

International journal of science and mathematics education

14

2004 (7+7+9+6+6) = 35 2005 (6+7+7+6+9) = 35 2006 (7+8+8+9) = 32 Total = 102

27 4 0

Journal of mathematical behavior 11

2004 (8+8+8+10) = 34 2005 (8+7+19) = 34 2006 (8+9+7+9) = 33 Total = 101

20 2 0

Journal of mathematical psychology 18

2004 (12+8+10+11+10+13) = 64 2005 (16+11+10+18+11+10) = 66 2006 (13+11+14+13+13+13) = 77 Total = 207

0 0 0

Journal of Mathematics teacher education 14

2004 (4+4+6+5) = 19 2005 (4+5+5+4+4+6) = 28 2006 (5+5+5+4+3) = 22 Total = 69

12 2 0

Advances in Physiology Education 25

2004 (7+10+11+13) = 41 2005 (8+18+11+11) = 48 2006 (12+10+9) = 31 Total = 120

0 0 0

Ciência e Educação 16

2004 (10+10+20) = 40 2005 (12+12+12) = 36 2006 (8+8) = 16 Total = 92

27 3 1

Investigações em Ensino de Ciências 21

2004 (4+4+5) = 13 2005 (5+6+6) = 17 2006 (12+10+9) = 31 Total = 61

19 0 0

Page 119: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

118

Journal of Biological Education 28

2004 (6+9+8+9) = 32 2005 (8+8+8+7) = 31 2006 (7+8+8+9) = 32 Total = 95

32 1 1

Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

28

2004 (5+5+5+5) = 20 2005 (5+5+4+4) = 18 2006 (4+5+4+4) = 17 Total = 55

23 18 4

Journal of Science Education and Technology

29

2004 (11+15+12+9) = 47 2005 (10+9+7+6) = 32 2006 (11+8+11+9) = 39 Total = 118

47 32 4

Journal of Science Teacher Education 28

2004 (4+4+4+3) = 15 2005 (4+5+4+4) = 17 2006 (4+4+7+4) = 19 Total = 51

4 0 0

Science and Education: Contributions from History, Philosophy and Sociology of Science and Mathematics

38

2004 (6+7+14+7+14) = 48 2005 (5+4+15+4+9) = 37 2006 (4+12+5+6+12) = 39 Total = 124

10 1 0

Mathematics teacher 21

2004 (12+13+8+12+9+9+15+12+11+ 13) =114 2005 (12+10+11+13+18+10+11+13+ 11) = 109 2006 (11+13) = 24 Total = 247

50 7 0

Mathematics teaching in the middle school 18

2004 (7+12+6+12+10+10+9) = 66 2005 (11+7+12+11+8+11+8+9+8) = 85 2006 (9+9) = 18 Total = 169

169 4 0

Mathematics teaching 13

2004 (17+15+13+14) = 59 2005 (16+13+17+17) = 63 2006 (20+21+17+14+22) = 94 Total= 216

25 2 0

Mathematics and computer education 9

2004 (26+11+19) Total = 56 2005 (23+16+20) Total = 59 2006 (21+23+21) Total = 65 Total = 180

7 4 0

Mathematics in School 16

2004 (16+8+11+14+18+14) = 81 2005 (10+12+16+20+17) = 75 2006 (22+18+19+19+19) = 97 Total = 253

24 0 0

Research in science education 10

2004 (6+6+4+10) = 26 2005 (8+10+5) = 23 2006 (7+7+6) = 20 Total = 69

23 2 1

Science Activies 12

2004 ( 6+6+5+8) = 25 2005 (11+8+12+14) = 45 2006 (12+11+17+15) = 65 Total = 135

28 6 0

Teaching Mathematics and its aplications 11

2004 (4+4+4+5) = 19 2005 ( 5+9+7) = 21 2006 ( 5+8+7+5) = 25 Total= 65

12 0 0

Total 451 3118 749 108 15

Page 120: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

119

Tabela 4 - Relação dos artigos selecionados Artigo Periódico Título Autor Ano

1 Cell Biology Education Molecular and Cellular Biology Animations: Development and Impact on Student Learning

Phillip Mc Clean, Christina Johnson, Roxanne Rogres, lisa Daniels, John Reber, Brian M. Slator, Jeff Terpsha, Alan White

2005

2 Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e biologia molecular

Bioquímica de Alimentos na web: proposta de um site de apoio às aulas experimentais presenciais ou à distância

Karina Aparecida de Freitas Dias de Souza e Valdir Augusto Neves

2006

3 Revista Brasileira de Ensino de Física

Tecnologias de Informação e Comunicação para ampliar e motivar o aprendizado de Física no Ensino Médio.

Marcelo Antonio Pires e Eliane Angela Veit

2006

4 Internacional Journal of computers for mathematical learning

Students’ Activity In Computer-Supported Collaborative Problem Solving In Mathematics

Tarja-Riitta Hurme e Sanna Ja Rvela

2005

5 Ciência e Educação A Visão dos Pesquisadores-Orientadores de Um Programa de Vocação Científica Sobre A Iniciação Científica de Estudantes de Ensino Médio

Ana Filipecki, Susana de Sousa Barros, Marcos da Fonseca Elia

2006

6 Journal of Biological Education The Lego analogy model for teaching gene sequencing and biotechnology

Rebecca Rothhaar, Barry R Pittendrigh e Kathryn S Orvis

2006

7 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

The impact of web-Based Assessment and Practice on Students

Diem M. Nguyen Yi-Chuan, Jane Hsieh G. Donald Allen

2006

8 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

Correlates of Achievement with online and classroom-based MBL Physics activities

David Slykhuis, John Park 2006

9 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

Online Assessment Feedback: competitive, Individualistis, or...preferred form!

Matt Bower 2005

10 Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching

Changing Epistemology of Science learning through inquiry with computer-supported collaborative learning

Wei Ying Lim, Seng Chee Tan, Yeo e Ai Choo Jennifer

2005

11 Journal of Science Education and Technology

Emerging Conceptual Understanding of Complex Astronomical Phenomena by Using a Virtual Solar System

Elhanan Gazit, Yoav Yair e David Chen

2005

12 Journal of Science Education and Technology

The Interface Design and the Usability Testing of a FossilizationWeb-Based Learning Environment

Shiang-Kwei Wang e Chiachi Yang

2005

13 Journal of Science Education and Technology

The brink of change: gender in technology-rich collaborative learning environments

Jessica Goldstein e Sadhana Puntambekar

2004

14 Journal of Science Education and Technology

Fostering distributed science learning through collaborative technologies

Jesus Vasquez-Abad, Nancy Brousseau, Guillermina Waldegg C. , Mylene Vezina, Alicia Martinez D., Janet Paul de Verjovsky

2004

15 Research in science education An Online Questionnaire for Evaluating Students' and Teachers' Perceptions of Constructivist Multimedia Learning Environments

Dorit Maor e Barry J. Fraser 2005

Page 121: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

120

Formulário 1: Formulário para a Caracterização dos Artigos Selecionados:

(1ª Parte)

Identificação Título

Autor

Periódico

Ano

Volume

País de origem

Língua

Contextualização Temática de estudo ( ) Avaliação: discussões teóricas sobre o assunto, resultados ou formas de

avaliação em sala ou avaliações externas, instrumentos de avaliação ( ) Currículo: estudos teóricos sobre diferentes áreas do currículo, inovações, reformulações em conteúdos das diferentes áreas ( ) Processo ensino e aprendizagem:discussões teóricas sobre o tema ou relato de experiência destacando a metodologia, atividades desenvolvidas, recursos, participação dos alunos ( ) Aplicação de recurso de TICs : utilização de recursos como instrumentos para o desenvolvimento de trabalhos ( ) Políticas em implantação ou sendo discutidas para a aplicação em educação ou inclusão de tecnologias ( ) Outras (favor especificar)

Disciplina(s) ( ) Ciências ( ) Biologia ( ) Química ( ) Física ( ) Ciências Ambientais ( ) Matemática ( ) Outras (favor especificar)

Natureza do estudo(Gil, 1991)

( ) Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. ( ) Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico. ( ) Pesquisa Experimental ou quase-Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. ( ) Levantamento/Estudo Descritivo: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

Page 122: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

121

( ) Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. ( ) Pesquisa Expost-Facto: quando o “experimento” se realiza depois dos fatos. ( ) Pesquisa-Ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. ( ) Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. ( ) Outros (favor especificar)

Diferentes usos das TICs (Otto Peters, 2001)

( ) Apresentação de informação p/ os alunos: apresentação de slides, sites, textos, animação, vídeos, áudios ( ) Produção e apresentação de multimídia pelos alunos : textos, gráficos, imagem, vídeo, áudio, animação ( ) Obtenção de dados e informações: informações podem ser buscadas em bancos de dados internos ou externos, tais como: páginas ou sites de Internet, bibliotecas, dicionários e revistas eletrônicas ( ) Comunicação distribuída: Discussões entre professores e alunos, mas também com outras pessoas através dos instrumentos: e-mail, fórum, Chat, grupo de discussão ( ) Colaboração distribuída: Com a ajuda da comunicação (item anterior) um conjunto de atividades de planejamento, desenvolvimento e avaliação conjuntos pode ser feito ( ) Simulação e realidade virtual: espaço de experimentação de situações como observação de fenômenos e viagens virtuais

Formulário para Revisão Aprofundada nos Artigos Selecionados:

Objetivo do artigo

o Claramente explicitado pelo autor o Parcialmente explicitado o Não explicitado

Problema de pesquisa

Page 123: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

122

(2ª Parte) Legenda: 1- o artigo apresenta postura intensamente contrária à afirmativa correspondente ao teor do indicador; 2- o artigo apresenta uma postura contrária à afirmativa correspondente ao teor do indicador; 3- o artigo não faz referência ao teor do indicador; 4- o artigo concorda com a afirmativa correspondente ao teor do indicador; 5- o artigo concorda de maneira intensa com a afirmativa correspondente ao teor do indicador.

Indicadores 1 2 3 4 5 nível básico - possui habilidades básicas de manuseio da tecnologia.

nível intermediário – possui, além das habilidades básicas, algum nível de autonomia para aplicar os recursos tecnológicos a serviço de suas necessidades cotidianas de acesso a serviços

Usuário (Resnick, 2001)

nível avançado - possui habilidades básicas, algum nível de autonomia para aplicar os recursos tecnológicos a serviço de suas necessidades cotidianas de acesso a serviços, e além disso, demonstra autonomia e desenvoltura para, a partir da tecnologias disponíveis, criar e produzir conhecimento, como, por exemplo, conteúdos digitais ou novas tecnologias e métodos de aplicação de tecnologias, enfim, com capacidade produtiva

Visão de tecnologia (Feenberg, 2003)

Visão crítica de tecnologia – percebe que há na tecnologia uma duplicidade de valores que direcionam para posições antagônicas diante das questões apresentadas, porém destaca a importância de se posicionar criticamente frente a estas questões e às possíveis soluções e recursos tecnológicos.

Visão de ciência (Santos & Mortimer, 2001)

Visão ampla de ciência – supera a visão empirista de ciência, que valoriza a ciência por si mesma, considerando-a neutra, discute além de aspectos da natureza de investigação científica e do significado de conceitos científicos, apresentando uma visão crítica da ciência

Page 124: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

123

econômico – melhoria do desenvolvimento econômico do país, maior produtividade, crescimento na produção tecnológica

social – inclusão social como qualidade de vida (sobrepõe a igualdade sócio-econômica), surgimento de novos grupos sociais, ampliação da integração entre as comunidades

político – ampliação da participação política, engajamento nas decisões políticas, maior transparência nas ações de governo

Impacto ou benefício pela integração de TICs (Pacheco, 2005; Norris, 2001; Cruz, 2004)

pessoal – melhoria da empregabilidade, auto-estima, desenvolvimento de habilidades pessoais cognitivas e interpessoais

Visão de acesso (Warschauer, 2002)

“literacy model” – modelo de acesso via letramento: não basta a posse ou disponibilização do equipamento, é fundamental a utilização de meios tecnológicos para práticas sociais significativas, assemelhando-se à alfabetização da linguagem pela necessidade de suporte físico, envolvimento com produção e relacionamento com questões sociais

acesso e organização da informação : utilização de materiais disponíveis na web para pesquisas e descobertas, além da organização das informações obtidas

atividades autênticas : estratégias de aprendizagem baseadas em casos/problemas e construção de atividades baseadas em TICs

aprendizagem colaborativa : a interação entre os alunos e professor como elemento fundamental no processo ensino-aprendizagem

Modalidades pedagógicas do uso de Internet (Sugrue, 2003)

modelagem dos estudantes : utilização de tutores inteligentes que mapeiam o processo de aprendizagem dos alunos

Page 125: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

124

Descrição dos Artigos Selecionados

Artigo No. 01

I - Identificação Título Molecullar and Cellular Biology Animations: Developmente and Impact on

Student Learning Autor Phillip Mc Clean, Christina Johnson, Roxanne Rogers, Lisa Daniels, Jonh

Reber, Brian M. Slator, Jeff Terpstra and Alan White Periódico Cell Biology Education Ano 2005 Volume 4 Nº - País USA Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs Disciplina Biologia Natureza do Estudo Pesquisa Experimental Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos

III – Objetivo do Artigo Desenvolver e testar o impacto/eficiência da animação “VCell Animation Project”no ensino e a melhor forma de integrá-la.

IV – Problema de Pesquisa Dificuldades dos estudantes em visualizar as complexidades dos mais essenciais processos moleculares e celulares. Qual é o uso mais eficiente da animação de biologia celular?

Page 126: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

125

Artigo No. 02

I - Identificação Título Bioquímica de alimentos na Web: Proposta de um site de apoio às as

aulas experimentais presenciais ou a distância Autor Karina Aparecida de Freitas Dias de Souza e Valdir Augusto Neves Periódico Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular Ano 2006 Volume Nº 2 País Brasil Língua Português

II - Contextualização Temática de Estudo Processo ensino aprendizagem Disciplina Outras: Bioquímica de Alimentos Natureza do Estudo Estudo de caso Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos

III – Objetivo do Artigo Apresentar uma ferramenta de aprendizagem que serve de apoio tanto para alunos com para professores para as aulas práticas em laboratório.

IV – Problema de Pesquisa As práticas laboratoriais são importantes para compreensão das teorias discutidas em sala de aula e desenvolvimento de habilidades e competências. No Brasil, há pouco investimento para o desenvolvimento de atividades práticas em laboratórios na Educação Básica. Como criar alternativas para a realização das aulas em laboratório?

Page 127: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

126

Artigo No. 03

I - Identificação Título Tecnologias de Informação e comunicação para ampliar e motivar o

aprendizado de Física no Ensino Médio Autor Marcelo Antônio Pires, Eliane Angela Veit Periódico Revista Brasileira de Ensino de Física Ano 2006 Volume 28 Nº 2 País Brasil Língua Português

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs , Currículo, Processo ensino-

aprendizagem e Políticas para aplicação de TICs Disciplina Física Natureza do Estudo Pesquisa-ação Diferentes usos das TICs

Simulação e realidade virtual

III – Objetivo do Artigo Descrever uma experiência didática em que foi introduzido o uso de TICs no Ensino de Física em nível médio a fim de ampliar as possibilidades de produzir ganhos na aprendizagem dos estudantes.

IV – Problema de Pesquisa Aumentar virtualmente a carga horária de Física, propiciando uma extensão da sala de aula. Isto sugere uma alternativa para minimizar os efeitos da redução histórica da carga horária de Física no Ensino Médio.

Page 128: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

127

Artigo No. 04

I - Identificação Título Student’s Activity in Computer-supported collaborative problem

solving in Mathematics Autor Tarja-Riitta Hurme and Sanna Järvelä Periódico International Journal of Computers for Mathematical Learning Ano 2005 Volume - Nº 10 País Finlândia Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Processo ensino-aprendizagem Disciplina Matemática Natureza do Estudo Pesquisa Experimental Diferentes usos das TICs

Comunicação e colaboração distribuída

III – Objetivo do Artigo Considerar a aplicabilidade da aprendizagem através de trabalhos na net ( ambiente de aprendizagem Knowledge Forum – KF). Examinar os processos de metacognição usados em projetos de aprendizagem colaborativa suportada por computadores em Matemática.

IV – Problema de Pesquisa Que tipo de processo metacognitivo aparece durante a aprendizagem em matemática suportada por ferramenta colaborativa?

Page 129: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

128

Artigo No. 05

I - Identificação Título A Visão dos Pesquisadores-Orientadores de um Programa de

Vocação Científica sobre a Iniciação Científica de Estudantes de Ensino Médio

Autor Ana Filipecki, Susana de Souza Barros, Marcos da Fonseca Elia Periódico Ciência e Educação Ano 2006 Volume 12 Nº 2 País Brasil Língua Português

II - Contextualização Temática de Estudo Avaliação Disciplina Ciências Natureza do Estudo Levantamento Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos

III – Objetivo do Artigo Descrever o processo de levantamento das representações dos pesquisadores do Programa de Vocação Científica da Fundação Oswaldo Cruz ( Provac/Rio de Janeiro) sobre os objetivos da iniciação científica para estudantes de Ensino Médio e as estratégias de orientação que utilizam.

IV – Problema de Pesquisa A relação pesquisador-orientando contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional do jovem?

Page 130: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

129

Artigo No. 06

I - Identificação Título The Lego® analogy model for teaching gene sequencing and

biotechnology Autor Rebecca Rothhaar, Barry R Pittendrigh e Kathryn S Orvis Periódico Journal of Biological Education Ano 2006 Volume 40 Nº 4 País USA Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Processo ensino-aprendizagem Disciplina Biologia Natureza do Estudo Pesquisa Experimental Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos

III – Objetivo do Artigo Avaliar a eficácia do uso do jogo The Lego® analogy model for teaching gene sequencing and biotechnology na aprendizagem dos alunos na área de biotecnologia e medir o efeito de curto prazo nas atitudes em relação a biotecnologia

IV – Problema de Pesquisa Apesar de a biotecnologia ser muito usada na agricultura e na medicina e um tema que gera muita controvérsia e debate, o conhecimento do público em geral sobre o assunto é muito pequeno. Os estudantes do Estado de Indiana (EUA) estão se formando sem ter um conhecimento mais profundo sobre o assunto. Tal fato pode ser ocasionado pelas dificuldades apresentadas pelos estudantes na aprendizagem da área de genética. Isso faz com que a população não participe ou se isente de participar de debates sobre que podem trazer influências na vida pessoal de cada indivíduo e da sociedade.

Page 131: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

130

Artigo No. 07

I - Identificação Título The impact of web-based Assessment and Practice on Students Autor Diem M. Nguyen, Yi-Chuan, Jane Hsieh G. , Donald Allen Periódico Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Ano 2006 Volume 25 Nº 3 País USA Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Avaliação Disciplina Matemática Natureza do Estudo Pesquisa Experimental Diferentes usos das TICs

Simulação e realidade virtual

III – Objetivo do Artigo Descobrir os efeitos da prática e da avaliação baseada na web presente nas atitudes de estudantes de Matemática.

IV – Problema de Pesquisa Qual o efeito da avaliação e da prática baseada na web nas atitudes de aprendizagem de estudantes de Matemática do nível médio? Diferenciam as atitudes de aprendizagem matemática entre estudantes de grupos de gênero e etnias diferentes?

Page 132: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

131

Artigo No. 8

I - Identificação Título Correlates of Achievement with Online and Classroom-based MBL

Physics Activities Autor David Slykhuis, John Park Periódico Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Ano 2006 Volume 25 Nº 2 País USA Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Processo ensino-aprendizagem Disciplina Física Natureza do Estudo Estudo de Caso Diferentes usos das TICs

Comunicação distribuída

III – Objetivo do Artigo Comparar e analisar o desenvolvimento de grupos de estudantes de Física em que o conteúdo é apresentado de forma online e outro, de maneira tradicional.

IV – Problema de Pesquisa A forma com que as atividades são apresentadas aos alunos, ou sejam, de forma dita “tradicional”ou relacionada ao uso de computador, influencia no sucesso do aluno de Física?

Page 133: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

132

Artigo No. 9

I - Identificação Título Online Assessment Feedback: competitive, individualistis,

or...preferred form! Autor Matt Bower Periódico Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Ano 2005 Volume 24 Nº 2 País Austrália Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs Disciplina Matemática Natureza do Estudo Pesquisa Experimental Diferentes usos das TICs

Obtenção de dados e informações

III – Objetivo do Artigo Investigar os efeitos da recepção de retorno de desempenho, em forma online, em estudantes de nível médio de Matemática. Observar estes efeitos de acordo com o formato do retorno, se individual ou coletivo.

IV – Problema de Pesquisa Prover os estudantes com um retorno de seu desempenho de forma online cada vez mais tem prevalecido em contextos educacionais mundiais. No entanto, a forma como isto acontece e quais os efeitos causados por esta forma na performance ou nas atribuições de sucesso acadêmico destes estudantes.

Page 134: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

133

Artigo No. 10

I - Identificação Título Changing Epistemology of Science learning through inquiry with

computer-supported collaborative learning Autor Wei Ying Lim, Seng Chee Tan, Ai Choo Jennifer Yeo Periódico Journal of Computers in Mathematics and Science Teaching Ano 2005 Volume 24 Nº 4 País China Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs e Processo ensino-aprendizagem Disciplina Ciências Natureza do Estudo Estudo de caso Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos, Comunicação distribuída e Colaboração distribuída

III – Objetivo do Artigo Apresentar e discutir uma pesquisa sobre a mudança no status epistemológico do ensino secundário de ciências por meio do desenvolvimento de habilidades de investigação científica em estudantes através da aprendizagem colaborativa com apoio de computador (CSCL), especificamente do ambiente de aprendizagem “Knowledge Fórum”.

IV – Problema de Pesquisa Estudo exploratório visa responder a questão: Como um curso de pesquisa científica, desenhado segundo a abordagem de “inquiry-learning” e complementado pela aprendizagem colaborativa suportada por computadores (CSCL) contribui para desenvolver as habilidades de investigação científica dos alunos? Questões específicas: - o curso, assim desenhado, contribui para melhorar as habilidades de investigação científica dos alunos? Como? - o curso assim desenhado contribui para mudar as percepções dos alunos sobre ciência? - os alunos serão capazes de transferir as habilidades de investigação científica desenvolvidas para a resolução de problemas do dia-a-dia? - como os alunos percebem o Knoledge Fórum enquanto plataforma online de aprendizagem e de investigação colaborativa?

Page 135: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

134

Artigo No. 11

I - Identificação Título Emerging Conceptual understanding of complex Astronomical

phenomena by using a Virtual Solar System Autor Elhanan Gazit, Yoav Yair, David Chen Periódico Journal of Science Education and Tecnology Ano 2005 Volume 14 Nº 3 País Israel Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs Disciplina Outras: Astronomia Natureza do Estudo Estudo de caso Diferentes usos das TICs

Simulação e realidade virtual

III – Objetivo do Artigo Os principais objetivos deste estudo são descrever e analisar o desenvolvimento conceitual de alunos do ensino médio na compreensão de fenômenos durante interações em tempo real com o sistema solar e monitorar a emergência possível de conceitos alternativos.

IV – Problema de Pesquisa Estudos prévios tem reportado que estudantes de todas as idades tanto quanto professores, possuem concepções intuitivas sobre astronomia. Assim, discutimos um ambiente de realidade virtual que represente abstrato fenômeno cientifico que possa ser manipulado para a aprendizagem.

Page 136: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

135

Artigo No. 12

I - Identificação Título The interface design and the usability testing of a Fossilization Web-

based Learning Enviroment Autor Shiang-Kwei Wang, Chiachi Yang Periódico Journal of Science Education and Tecnology Ano 2005 Volume 14 Nº 3 País USA Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs, Currículo , Processo ensino-

aprendizagem e Políticas para a aplicação de TICs Disciplina Biologia Natureza do Estudo Estudo de caso Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos e Simulação e realidade virtual

III – Objetivo do Artigo Descrever questões práticas relativas ao design e ao desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem online para estudantes do Ensino Médio.

IV – Problema de Pesquisa A dificuldade dos estudantes em entender o processo de fossilização, que é um fenômeno complexo e que é afetado por muitos fatores.

Page 137: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

136

Artigo No. 13

I - Identificação Título The brink of change: gender in tecnology-rich collaborative learning

environments Autor Jessica Goldstein, Sadhana Puntambekar Periódico Journal of Science Education and Tecnology Ano 2004 Volume 13 Nº 4 País USA Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Processo ensino-aprendizagem Disciplina Ciências Natureza do Estudo Levantamento Diferentes usos das TICs

Colaboração distribuída

III – Objetivo do Artigo Contribuir para um pequeno, porém crescente, corpo de conhecimento sobre a influência do gênero nos ambientes de aprendizagem colaborativos.

IV – Problema de Pesquisa As diferenças de gênero apresentam-se nas atitudes quando do uso de tecnologia em trabalhos em grupo? Como estas diferenças se apresentam no contexto de classe durante atividades de ciências baseadas em questionamentos?

Page 138: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

137

Artigo No. 14

I - Identificação Título Fostering distributed science learning through colaborative technologies Autor Jesus Vasquez-Abad, Nancy Brousseau, Guillermina Waldegg C. ,

Mylene Vezina, Alicia Martinez D. , Janet Paul de Verjovsky Periódico Journal of Science Education and Tecnology Ano 2004 Volume 13 Nº 2 País Canadá, México Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs e Processo ensino-aprendizagem Disciplina Ciências Natureza do Estudo Pesquisa Participante Diferentes usos das TICs

Produção e apresentação de multimídia pelos alunos, Obtenção de dados e informações, Comunicação distribuída e Colaboração distribuída

III – Objetivo do Artigo Discutir o processo de criação de uma comunidade de aprendizagem composta por pesquisadores, alunos de graduação de universidades, professores e alunos de escolas do Canadá e do México, com o suporte das TICs, para o ensino de ciências. Foram realizados um estudos-piloto em 2001 com objetivo de testar a adequação dos tópicos e subtópicos escolhidos para aprendizagem. Em 2001-2002 foi feita a primeira implementação completa com objetivo de testar o modelo de aprendizagem, as ferramentas (TICs) e iniciar as pesquisas. A segunda implementação foi em 2002-2003 para testar o novo LMS, aumentar a autonomia e ajustar o modelo pedagógico.

IV – Problema de Pesquisa Não é apresentado nenhum problema específico. O artigo apenas descreve a experiência.

Page 139: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

138

Artigo No. 15

I - Identificação Título An Online Questionnaire for Evaluating Student’s and Teacher’s

perceptions of Constructivist Multimedia Learning Enviroments Autor Dorit Maor, Barry J. Fraser Periódico Research in Science Education Ano 2005 Volume 35 Nº - País Austrália Língua Inglês

II - Contextualização Temática de Estudo Aplicação de recursos de TICs e Processo ensino-aprendizagem Disciplina Ciências Natureza do Estudo Levantamento Diferentes usos das TICs

Apresentação de informação para os alunos

III – Objetivo do Artigo Descrever o desenvolvimento, validação e uso de um instrumento de avaliação de ambientes de aprendizagem chamado “Constructivist Multimedia Learning Enviroment Survey – CMLES.

IV – Problema de Pesquisa Que instrumento utilizar para avaliar ambientes de aprendizagem?

Page 140: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 141: ABORDAGENS DE INCLUSÃO DIGITAL: ANÁLISE DA PRODUÇÃO ...livros01.livrosgratis.com.br/cp061270.pdf · Quadro 5 – Visões Integradas de Aspectos de Alfabetização Científicas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo