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ABSENTEÍSMO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DO MUNICÍPIO DE OLINDA-PE EDNA ALEXANDRE DE MELO RESUMO A ausência ao trabalho do profissional de enfermagem, seja qual for o motivo, representa um indicador sério frente à qualidade da assistência prestada aos usuários dos serviços de saúde, pela diminuição de produtividade dos profissionais que permanecem presentes, bem como pelos custos operacionais. Nessa perspectiva, o presente estudo desenvolve-se com uma abordagem descritiva, de natureza quantitativa e retrospectiva, com o objetivo geral de traçar o perfil do absenteísmo dos profissionais de enfermagem da Unidade de Pronto Atendimento Peixinhos, Olinda, no período de junho/2010 a maio de 2011, a partir dos registros das fichas do Sistema de Informação Gerencial (SIG) do Setor de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde, entre os meses de junho e agosto de 2012, e cujos objetivos específicos são verificar a relação entre o absenteísmo e variáveis como categoria profissional, sexo, turno de trabalho, idade, tempo de serviço, identificar suas causas, e calcular a média de dias perdidos de trabalho por profissional. A população da pesquisa conta com 100% da equipe de enfermagem do SPA, ou seja, 87 profissionais entre 18 (21%) enfermeiros/as e 69 (79%) técnicos(as)/auxiliares de enfermagem. Por sua vez, a amostra do estudo representada pelos profissionais do SPA com registro de ausentismo aponta que aproximadamente 93% da população profissional apresentaram registros de ausências não previstas, isto é, 81 trabalhadores/as. Na consolidação dos dados chega-se à caracterização do perfil da equipe de enfermagem com absenteísmo na unidade de saúde através de variáveis como categoria profissional, sexo, faixa etária, turno de trabalho e tempo de serviço, em que é possível destacar que 15 (19%) dos profissionais com absenteísmo são de enfermeiros/as, enquanto 66 (81%) são de técnicos(as)/auxiliares de enfermagem. Pela distribuição da média de ausentismo, observa-se uma prevalência de ausências entre os profissionais do sexo masculino, do turno da noite e das faixas etárias de 34 a 41 anos (enfermeiros/as) e 18 a 25 anos (técnicos(as)/auxiliares de enfermagem), figurando como principais causas de ocorrência problemas no sistema osteomuscular e tecido conjuntivo (21%) e problemas no sistema geniturinário e reprodutor (15%). Por fim, o cálculo de dias perdidos por profissional da unidade em virtude do absenteísmo apresenta uma média de 12 dias, resultado abaixo de outros observados em pesquisas sobre o tema. Na esteira das recomendações presentes na literatura específica é possível destacar como estratégias para redução das ausências não previstas a utilização do instrumento de dimensionamento de pessoal da enfermagem, bem como o desenvolvimento de ações preventivas mediante a adoção de boas práticas de suporte administrativo e/ou pela instituição de um programa de saúde do trabalhador. Espera-se que o entendimento deste fenômeno sirva como fomento para propostas mais assertivas de promoção da saúde do trabalhador. DESCRITORES: Absenteísmo. Enfermagem. Saúde do trabalhador.

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ABSENTEÍSMO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE

DE PRONTO ATENDIMENTO DO MUNICÍPIO DE OLINDA-PE

EDNA ALEXANDRE DE MELO

RESUMO

A ausência ao trabalho do profissional de enfermagem, seja qual for o motivo, representa um

indicador sério frente à qualidade da assistência prestada aos usuários dos serviços de saúde,

pela diminuição de produtividade dos profissionais que permanecem presentes, bem como

pelos custos operacionais. Nessa perspectiva, o presente estudo desenvolve-se com uma

abordagem descritiva, de natureza quantitativa e retrospectiva, com o objetivo geral de traçar

o perfil do absenteísmo dos profissionais de enfermagem da Unidade de Pronto Atendimento

Peixinhos, Olinda, no período de junho/2010 a maio de 2011, a partir dos registros das fichas

do Sistema de Informação Gerencial (SIG) do Setor de Recursos Humanos da Secretaria de

Saúde, entre os meses de junho e agosto de 2012, e cujos objetivos específicos são verificar a

relação entre o absenteísmo e variáveis como categoria profissional, sexo, turno de trabalho,

idade, tempo de serviço, identificar suas causas, e calcular a média de dias perdidos de

trabalho por profissional. A população da pesquisa conta com 100% da equipe de

enfermagem do SPA, ou seja, 87 profissionais entre 18 (21%) enfermeiros/as e 69 (79%)

técnicos(as)/auxiliares de enfermagem. Por sua vez, a amostra do estudo representada pelos

profissionais do SPA com registro de ausentismo aponta que aproximadamente 93% da

população profissional apresentaram registros de ausências não previstas, isto é, 81

trabalhadores/as. Na consolidação dos dados chega-se à caracterização do perfil da equipe de

enfermagem com absenteísmo na unidade de saúde através de variáveis como categoria

profissional, sexo, faixa etária, turno de trabalho e tempo de serviço, em que é possível

destacar que 15 (19%) dos profissionais com absenteísmo são de enfermeiros/as, enquanto 66

(81%) são de técnicos(as)/auxiliares de enfermagem. Pela distribuição da média de

ausentismo, observa-se uma prevalência de ausências entre os profissionais do sexo

masculino, do turno da noite e das faixas etárias de 34 a 41 anos (enfermeiros/as) e 18 a 25

anos (técnicos(as)/auxiliares de enfermagem), figurando como principais causas de ocorrência

problemas no sistema osteomuscular e tecido conjuntivo (21%) e problemas no sistema

geniturinário e reprodutor (15%). Por fim, o cálculo de dias perdidos por profissional da

unidade em virtude do absenteísmo apresenta uma média de 12 dias, resultado abaixo de

outros observados em pesquisas sobre o tema. Na esteira das recomendações presentes na

literatura específica é possível destacar como estratégias para redução das ausências não

previstas a utilização do instrumento de dimensionamento de pessoal da enfermagem, bem

como o desenvolvimento de ações preventivas mediante a adoção de boas práticas de suporte

administrativo e/ou pela instituição de um programa de saúde do trabalhador. Espera-se que o

entendimento deste fenômeno sirva como fomento para propostas mais assertivas de

promoção da saúde do trabalhador.

DESCRITORES: Absenteísmo. Enfermagem. Saúde do trabalhador.

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ABSTRACT

The absence from work of nursing staff, whatever the reason, is a serious marker in the

quality of care received by users of health services, by decreasing the productivity of

professionals who remain present as well as the operating costs. In this perspective, the

present study develops with a descriptive approach, quantitative and retrospective nature,

with the overall objective of profiling the absenteeism of nurses of the Emergency Unit

Minnows, Olinda, from June / 2010 May 2011, from the records of the forms of the

Management Information System (GIS) of the Department of Human Resources

Department of Health, between June and August 2012, and whose specific objectives are

to investigate the relationship between absenteeism and variables such as job category,

sex, shift work, age, length of service, identify its causes, and calculate the average

number of days lost from work per professional. The research population includes 100%

of the nursing staff of the SPA, ie 87 professionals from 18 (21%) nurses / and the 69

(79%) technical (as) / nursing assistants. In turn, the study sample represented by

professionals with SPA registration absenteeism indicates that approximately 93% of the

professional population had records of unplanned absences, ie 81 workers / the. In

consolidating the data arrives to the characterization of the profile of the nursing staff

with absenteeism in the health unit through variables such as job category, gender, age,

shift work and length of service, it is possible to highlight that 15 (19 %) of the

professionals are nurses with absenteeism / as, while 66 (81%) are technical (as) /

nursing assistants. The distribution of average absenteeism, there is a prevalence of

absences among male professionals, the night shift and age groups 34-41 years (nurses /

as) and 18-25 years (technical (as) / nursing assistants), appearing as the main causes of

problems occurring in the musculoskeletal system and connective tissue (21%) and

problems in the genitourinary and reproductive system (15%). Finally, the calculation of

days lost per unit of work because of absenteeism has an average of 12 days following

result observed in other research on the topic. Following recommendations present in the

literature it is possible to highlight strategies for reducing unplanned absences using the

instrument sizing of the nursing staff, as well as the development of preventive actions

through the adoption of best practices in administrative and / or support the institution of

a program of worker health. It is hoped that the understanding of this phenomenon serves

as encouragement for more assertive proposals to promote worker health.

DESCRIPTORS: Absenteeism. Nursing and Worker’s Health.

INTRODUÇÃO

A relação do homem no seu ambiente de trabalho sempre foi controversa.

Demarcada pelos fatores do tempo, o homem teve que se adaptar às transformações históricas,

políticas, culturais e sociais que ocorreram no âmbito organizacional. Fonte de status, prazer e

formação da identidade, o trabalho também aparece representado como desgastante e

desmotivador, contribuindo para o surgimento de problemas físicos ou psíquicos que podem

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vir a desencadear ou determinar adoecimentos. Estes, inclusive, podem ser os responsáveis

pelo elevado número de absenteísmo nas instituições.

O absenteísmo é entendido como o conjunto das ausências intencionais do

trabalhador e de caráter repetitivo, em função de doença ou enfermidade, excluindo-se as

ausências por férias, luto, gravidez ou sanções disciplinares (MAZZILLI, 2004). Dentre as

várias causas que levam ao absenteísmo destacam-se àquelas relacionadas à natureza e

condições do trabalho que refletem na satisfação do trabalhador como, supervisão ineficiente,

falta de controle; às que estão principalmente ligadas a políticas de pessoal como, baixos

salários, péssimas condições de trabalho.

Segundo Penatti, Zago e Quelhas (2006), uma parcela das pesquisas tem

concluído que o absenteísmo é inversamente proporcional à satisfação no trabalho, e a

ausência do trabalhador pode ser considerada uma forma de se afastar de pequenas situações

indesejáveis que envolvem principalmente problemas nas relações interpessoais e condições

precárias de trabalho, não sendo diferente entre os profissionais de enfermagem.

Ao analisar o trabalho em unidades de saúde, observam-se diversos agravantes à

integridade da saúde dos profissionais relacionados com as condições ambientais, políticas e

gerenciais (COSTA; VIEIRA; SENA, 2009). As condições de trabalho dos profissionais de

enfermagem, em específico, implicam em longas jornadas, trabalho em turnos desgastantes,

repetitividade e monotonia, ansiedade, esforços físicos e posições incômodas, propiciam as

faltas e ausências imprevistas.

Um estudo de absenteísmo num grupo profissional, em geral, almeja a avaliação

do perfil de saúde dos trabalhadores, desempenhando um papel de grande importância ao

permitir o conhecimento dos fatores associados ou situações predisponentes para o

estabelecimento de doenças, servindo como base para questionamentos a respeito das

melhorias das condições de trabalho, além de fornecer informações que retratem a questão

socioeconômica que o absenteísmo representa para instituição.

Apesar da relevância, a temática da prevalência de absenteísmo e suas principais

causas entre profissionais de enfermagem em unidades de saúde pública ainda possui baixa

produção bibliográfica. A falta de conhecimento de vários aspectos impede uma exploração

do absenteísmo de forma integrada para a adoção de medidas corretas e efetivas que

favoreçam tanto o trabalhador quanto o seu ambiente de trabalho.

Dessa forma, a fim de contribuir com a investigação sobre absenteísmo na

enfermagem, objetiva-se com esta pesquisa analisar os registros de ausências não previstas

dos funcionários, coletados no setor de Recursos Humanos da SSO, para a determinação do

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perfil e da prevalência de absenteísmo da equipe de enfermagem da Unidade de Pronto

Atendimento de Peixinhos no município de Olinda – PE, entre junho de 2010 e maio de 2011,

analisar as diversas variáveis. Além de ampliar o debate e a literatura brasileira de saúde

pública sobre absenteísmo, o trabalho visa permitir um melhor planejamento da política de

Saúde do Trabalhador dos profissionais de saúde do município, para o controle e a prevenção

do problema.

Ao longo dos próximos capítulos são esclarecidos os passos seguidos na

elaboração desta pesquisa. No próximo capítulo mostrar-se a justificativa do projeto. Na

sequência, será mostrado: a revisão da literatura; os objetivos geral e específico; e a

metodologia. No capítulo 6 constituirá as análises dos resultados e as discussões adicionais.

No último capítulo demonstrado as conclusões obtidas com o estudo. Ao final são

apresentadas as referências utilizadas como suporte para a execução desta pesquisa e,

finalmente, os Anexos.

Cujo objetivo: Traçar o perfil do absenteísmo dos profissionais de enfermagem de

uma Unidade de Pronto Atendimento do Município de Olinda-PE.

Já os objetivos específicos:

Levantar a incidência do absenteísmo dos profissionais de enfermagem de uma

Unidade de Pronto Atendimento do Município de Olinda-PE;

Apresentar a média de dias perdidos de trabalho por profissional do SPA, em

decorrência do absenteísmo;

Verificar relação entre absenteísmo e variáveis como categoria profissional, sexo,

turno de trabalho, idade e tempo de serviço;

Identificar causas do absenteísmo.

1 MARCO TEÓRICO

1.1 Concepções de absenteísmo

O absenteísmo, absentismo ou ausentíssimo é uma expressão utilizada para

designar a falta do empregado ao trabalho. Isto é, a soma dos períodos em que os empregados

de determinada organização se encontram ausentes do trabalho, não sendo a ausência

motivada por desemprego, doença prolongada ou licença legal (CHIAVENATTO, 2000).

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A partir de uma análise etimológica do termo absentismo contata-se sua derivação

do latim absens, cujo significado é ausente (MALTEZ, 2003). Inicialmente, essa

denominação era aplicada aos proprietários rurais que abandonavam o campo para viver nas

cidades. Mas com o advento da Revolução Industrial, o termo começou a ser aplicado aos

trabalhadores com tendência de faltar ao serviço (MARQUES NETO, 2006).

Já a palavra absenteísmo, modo popularmente conhecido, de acordo com

Magalhães et al. (2011), tem sua origem no francês absentéisme e significa falta de

assiduidade ao trabalho ou a outras obrigações sociais.

Segundo a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e Trabalho

(1997), o absenteísmo pode ser concebido como a incapacidade temporária, prolongada ou

permanente para trabalhar, em função de uma doença ou enfermidade. Por sua vez, o

absenteísmo trabalhista é o não cumprimento, por parte do trabalhador da jornada trabalhista,

tanto por atrasar ou adiantar sua saída diária, como por não fazer o trabalho em uma jornada

completa, ou em várias.

Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o absenteísmo é o período

de ausência laboral que se aceita como atribuível a uma incapacidade do indivíduo, exceção

para aquela derivada de gravidez normal ou prisão, compreendendo-se por ausência laboral o

período ininterrupto de falta ao trabalho, desde seu começo, independentemente da duração

(SILVA; PINHEIRO; SAKURAI, 2008).

O absenteísmo pode ser compreendido também como um escape do trabalhador,

uma busca por equilíbrio diante da insatisfação no ambiente de trabalho, uma opção quando

se chega ao limite. Nessa perspectiva, seria possível visualizar o problema como uma forma

de resistência/resiliência frente às demandas de um trabalho "adoecedor", ou seja, uma forma

encontrada pelo profissional para resistir, escapar, fazendo um enfrentamento possível à

situação que se encontra (DEJOURS, 1992).

A questão da ausência ao trabalho motivada por episódio de doença é tema

particularmente de interesse na esfera do emprego público, dada à percepção de um grande

volume de licenças médicas e de dias não trabalhados nesse grupo de trabalhadores (SALA et

al., 2009).

Diversas são as definições para o termo na literatura: período exato durante o qual

o profissional não se apresenta em seu posto de trabalho – mesmo sabendo que lá deveria

estar-, sendo essa ausência independente das razões que possa invocar para justificá-la; para

além da ausência física, o termo contempla um conjunto de comportamentos de ausência. Isto

porque o trabalhador pode estar presente no seu local de trabalho, mas improdutivo, ou ainda

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que presente no ambiente de trabalho, não em seu posto de trabalho, saindo repetidamente

para tomar café, conversar com colegas ou exagerando no tempo dedicado aos intervalos das

refeições etc. (MAZZILLI, 2004).

Midorikawa (2000) lembra que a presença precária no trabalho, decorrente de

problemas de saúde, além de comprometer diretamente a produtividade, pode provocar – em

razão dos desequilíbrios da homeostase que envolvem a dor e a desconcentração – ansiedade,

depressão, e irritabilidade, dentre outros efeitos predisponentes a erros técnicos, conflitos

interpessoais e acidentes do trabalho. Para o autor o absenteísmo pode ser classificado em

dois tipos: o absenteísmo pela falta ao trabalho e o absenteísmo de corpo presente. O primeiro

deles (absenteísmo tipo I) é mais fácil de ser mensurar e de ter o seu custo calculado, uma vez

que considera a falta pura e simples do profissional ao trabalho, que leva à perda de produção

das horas não trabalhadas. O segundo (absenteísmo tipo II) é aquele que ocorre quando o

profissional está com algum problema de saúde que não permite um melhor desempenho e,

embora ele não falte ao serviço, tem sua produtividade reduzida.

Outra classificação divide o absenteísmo em cinco categorias (INOUE;

MATSUDA, 2009):

Absenteísmo-doença (ausência justificada por doença ou procedimento médico, exceto

os infortúnios profissionais);

Absenteísmo por patologia profissional (causado por acidente de trabalho e/ou doença

profissional);

Absenteísmo legal (ausência ao trabalho respaldada por lei, como gestação, serviço

militar, doação de sangue e outras);

Absenteísmo compulsório (é o impedimento ao trabalho, mesmo que não seja da

vontade do trabalhador, a exemplo da suspensão imposta pela chefia, por prisão ou por

outro impedimento de comparecer ao trabalho);

Absenteísmo voluntário (ausência por razões particulares não justificadas, é

considerada falta sem amparo legal).

Há uma ênfase de que no caso da ausência por motivo de saúde a ausência ou não

ao trabalho depende em muito da percepção que cada indivíduo tem em relação ao

absenteísmo, envolvendo-se nessa decisão o grau de motivação e de satisfação do profissional

em relação ao seu trabalho, a gravidade de seu estado de saúde, o clima organizacional da

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instituição, a pressão dos colegas ou da chefia, as regras da instituição à qual está vinculado

frente às promoções, à perda de remuneração e a normatização do sistema de seguridade

social referente às doenças (GRAÇA, 1999). Na opinião do autor, são essas variáveis que

fazem com que muitos trabalhadores decidam comparecer ao trabalho mesmo quando

enfermos ou incapacitados. Nessa situação, depara-se com um comportamento que difere do

absenteísmo comportamental culpável, isto é, tem-se o absenteísmo tipo II (absenteísmo de

corpo presente), o que, não raras vezes, implica a presença precária no posto de trabalho.

No mesmo sentido, enfatiza-se que: a capacidade de ir ao trabalho pode ser

reduzida por obstáculos, como doenças ou acidentes, responsabilidades familiares e

problemas com transporte. A motivação para ir ao trabalho é influenciada por práticas

organizacionais, cultura organizacional e por atividades, valores e metas do empregado. A

frequência e a duração têm a ver com a satisfação no trabalho (BOUDREAU e MILKOVICH,

2000).

Segundo MacDonald & Shaver (1981 apud LIMA, 2009), as causas dos

afastamentos não previstos podem ser classificadas em três categorias: causas intrínsecas,

extrínsecas e de personalidades.

As causas intrínsecas são aquelas relacionadas à natureza e condições do trabalho

e refletem a satisfação do trabalhador, a exemplo de:

O trabalho em si;

Supervisão ineficiente;

Falta de controle;

Sobrecarga de trabalho e exaustão física.

Por outro lado, as causas extrínsecas estão interligadas às políticas de pessoal da

organização, a saber:

Política de pessoas condolentes com as faltas;

Política de pessoal liberal em fornecer licenças de saúde;

Falta de canais de comunicação com a administração;

Falta de seleção, treinamento e orientação adequados;

Falta de eficácia em alocar funcionário em setores apropriados;

Baixos salários e condições de trabalho.

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E finalmente, as causas de personalidades que dizem respeito ao comportamento

do próprio profissional:

Empregados que criam conflito entre os membros do grupo;

Personalidades mais propensas às faltas como: hipocondríaco imaturo, fugitivo,

abusivo e desmotivado;

Problemas pessoais relacionados ao uso de drogas ou de álcool.

Numa outra visão Pires; Magalhães; Menezes; Costa, (2014), temos também a

classificação dos fatores desencadeantes do absenteísmo a partir do tripé: fatores naturais

como condição climática e meteorológica; fatores socioeconômicos como conjuntura

econômica, sexo, idade, estado civil, categoria, tempo de empresa, condições de trabalho e

nível salarial; fatores inerentes à instituição, ou seja, sua política, pessoal, porte, supervisão,

chefia e benefícios implantados nas áreas de assistência médica, condução e alimentação.

Salienta-se que o fato das causas do absenteísmo estarem ligadas a múltiplos

fatores, faz com que este problema se torne crucial, complexo e de difícil gerenciamento tanto

para os gestores de organizações públicas quanto aos das privadas (PAWLINA; CAMPOS;

RIBEIRO, 2009).

1.2 As categorias profissionais na enfermagem

Dados recente do Conselho Federal de Enfermagem apontam que o Brasil conta

com aproximadamente 1,4 milhões de profissionais registrados, entre as categorias de

enfermeiros/as, técnicos/as e auxiliares de enfermagem (Tabela 1). A predominância das

categorias obedece à seguinte ordem: técnicos/as (43%), auxiliares de enfermagem (37%) e

enfermeiros/as (20%). Ainda de acordo com o levantamento da autarquia, a tendência é de

crescente aumento no número de formações na área (COFEN, 2011).

São as referidas categorias que integram a equipe profissional e que desenvolvem

a enfermagem hospitalar. O/a enfermeiro/a é o profissional com formação em nível superior;

o/a técnico/a de enfermagem, com formação de nível médio; o auxiliar de enfermagem, em

nível fundamental.

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TABELA 1 – Profissionais de enfermagem por categoria no Brasil (2011)

TOTAL %

CATEGORIA PROFISSIONAL

Enfermeiro/a 287.119 20

Técnico/a de enfermagem 625.862 43

Auxiliar de enfermagem 533.422 37

Fonte: Adaptado de COFEN (2011). Dados da pesquisa

O exercício da profissão de enfermagem é regulamentado pela Lei 7498, de 25 de

junho de 1986, que em seu Art. 2º diz: "A enfermagem e suas atividades auxiliares somente

podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de

Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício". Segundo essa legislação (Art.

11), entre as competências privativas ao cargo de enfermeiro/a, está: “planejamento,

organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de enfermagem”.

É geralmente responsabilidade do/a enfermeiro/a a administração de um setor de enfermagem,

que entre outras funções deve manter um número suficiente de auxiliares para a realização

dos cuidados de enfermagem. Percebe-se, com isso, a importância desse profissional,

destacado no ambiente hospitalar, a fim de garantir e prover o cuidado aos usuários do serviço

de saúde (COFEN, 2011).

Por sua vez, a regulamentação da atividade de técnico de enfermagem é regida

pela Lei do Exercício Profissional, em seu Art. 12, tendo-se o que se segue: “atividade de

nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau

auxiliar; de participação no planejamento e ações assistenciais de enfermagem, compondo a

equipe de saúde". O Art. 13 é dedicado ao auxiliar de enfermagem, que prevê: "atividades de

nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços auxiliares de enfermagem sob

supervisão, bem como a participação em nível de execução simples, em processos de

tratamento". Essa lei evidencia a exigência de orientação e supervisão do/a enfermeiro/a nas

atividades de nível médio, o que destaca o perfil do serviço de enfermagem como equipe

interligada e interconectada entre si, e com a instituição provedora do cuidado, com foco no

bem-estar do usuário do serviço (BARBOZA, 2010).

Parra (2003) lembra que o sucesso da assistência ao paciente na enfermagem, seja

no nível do/a enfermeiro/a, técnicos/as ou auxiliares de enfermagem, depende de vários

fatores, sendo possível destacar como fundamental o bom treinamento e a capacitação

profissional.

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1.3 O absenteísmo na enfermagem

A profissão de enfermeiro/a, técnico/a e auxiliar de enfermagem é caracterizada

por ter, em sua essência, o cuidado e por grande parte da carga do trabalho ser no contato

direto com pacientes e familiares. Do ponto de vista da organização do trabalho, situações de

indefinição do papel profissional, frequente sobrecarga de trabalho em razão de falta de

pessoal, bem como a ausência de autonomia e autoridade na tomada de decisões, podem levar

os trabalhadores a um estado de estresse crônico. Segundo Moreira (2009), a enfermagem é

classificada como a quarta profissão mais estressante no setor público e a de maior incidência

de casos de Síndrome de Burnout, tendo como algumas de suas consequências a deterioração

na qualidade de serviços de instituições de saúde e os altos índices de absenteísmo dos

profissionais dessa área.

Na maioria das vezes, a ausência de um ou mais profissionais durante um turno de

trabalho é responsável pela alteração na qualidade da assistência prestada ao usuário. O

problema toma maiores proporções quando a falta ocorre sem que haja a comunicação

antecipada para a equipe e a respectiva chefia e tende a se agravar à medida que as ausências

vão se repetindo ao longo do tempo, propiciando influências negativas no ambiente de

trabalho seja por meio do descontentamento, da desmotivação e até pela perda da qualidade

do serviço. Dessa forma, é possível considerar o absenteísmo na enfermagem como um

problema de ordem administrativa, por estar intrinsecamente ligado ao desenvolvimento das

atividades profissionais (PARRA, 2003).

Segundo Gehring Junior (2007), o ambiente de trabalho na enfermagem pode ser

um agente catalisador do processo de desgaste do trabalhador, culminando em doenças A

periculosidade e a insalubridade faz parte do trabalho dos profissionais da área, que

diariamente sofrem exposição a microrganismos patogênicos (risco biológico), a radiações

(risco físico) e a substâncias tóxicas (risco químico), entre outras. Outrossim, o caráter penoso

deste trabalho é influenciado pela grande quantidade de atividades que exigem esforço físico,

em condições precárias de ambiente de trabalho envolvendo tensões nas relações

interpessoais.

Para entender as causas da ausência ao trabalho, vários autores apontam possíveis

variáveis. Sendo através dessas variáveis (categoria profissional, sexo, idade, etc.) que se

estruturam os mais diversos estudos para encontrar o melhor jeito de combatê-las.

Estudo realizado por Sancinetti (2011), com os profissionais de enfermagem de

um hospital público de São Paulo, no primeiro semestre de 2008, constatou que o índice

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médio de absenteísmo era de 5,6% para os enfermeiros/as e de 9,7% para

técnicos(as)/auxiliares de enfermagem. As ausências que mais contribuíram para esses índices

referiram-se aos afastamentos por doença. Além dos dados obtidos evidenciando o principal

motivo de absenteísmo, através do trabalho houve a sinalização para a necessidade de

mudanças nas políticas de contratação dos profissionais de enfermagem, além da revisão dos

processos de trabalho, visando favorecer melhores condições de saúde a esses profissionais.

Em sua pesquisa, Costa, Vieira e Sena (2009) relatam que a ocorrência de maior

número de afastamentos do trabalho entre os profissionais de nível médio e com a natureza do

trabalho desenvolvido (tarefas que exigem maior esforço físico, execução de atividades

repetitivas e monótonas).

Sobre as representações dos profissionais quanto ao absenteísmo em uma unidade

de internação, Alves (1996) constatou que, enquanto as enfermeiras o focalizam como uma

questão administrativa, apontando como consequências do mesmo à desorganização do

trabalho da equipe de enfermagem e o ônus para a organização, para as auxiliares, o

absenteísmo é focalizado a partir das dificuldades na prestação direta ao paciente. O consenso

entre as categorias ocorre sobre as consequências do absenteísmo: a sobrecarga de trabalho, a

desestruturação da equipe e a queda na qualidade da assistência, com prejuízo para os

profissionais e para os usuários.

Na relação absenteísmo-idade, Reis (2003) demonstrou através de pesquisas que

os profissionais de enfermagem mais jovens afastam-se mais do trabalho por motivo de

doença. Em sentido contrário, Inoue (2009) verificou através de seu estudo que os

profissionais de enfermagem com idade igual ou superior a 40 anos perderam mais dias de

trabalho, que os mais jovens, tendo em média mais que o dobro de dias perdidos por

trabalhador em relação às outras faixas etárias. Para ratificar a tese, Frutuoso (2005) lembra

que os profissionais com idades mais avançadas têm mais agravos à saúde pelo próprio

processo de declínio das funções fisiológicas do desenvolvimento humano, com menor

capacidade de responder às exigências do trabalho. Uma vez que há sobrecarga de trabalho, o

corpo não tem mais a mesma vitalidade para responder positivamente à demanda de trabalho,

pois se superestima as capacidades do trabalhador e, consequentemente, refletem a fadiga e o

absenteísmo no trabalho.

O absenteísmo interfere diretamente no desenvolvimento das atividades,

acarretando prejuízos significativos. Dessa maneira, é bastante comum encontrar a busca da

minimização do absenteísmo através do aumento de medidas de controle. Contudo, há a

necessidade de estabelecer enfoques que ultrapassem as medidas tomadas após o problema já

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estabelecido. Havendo, portanto, a recomendação de que sejam implantadas, de forma

permanente, ações de prevenção e promoção da saúde, proporcionando, então, melhores

condições de trabalho e, consequentemente, de qualidade de vida para os profissionais

(MARTINATO et al., 2010).

2 METODOLOGIA

2.1 Tipo de estudo

O estudo foi do tipo exploratório, documental, retrospectivo e de caráter

quantitativo. A pesquisa quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumento estatístico,

tanto na coleta quanto no tratamento dos dados. Toda a pesquisa quantitativa baseia-se nos

instrumentos estatísticos para transformar as respostas obtidas. Portanto, o propósito da

pesquisa quantitativa é de medir os resultados de forma objetiva (PEREIRA, 2000).

Ao se referir à pesquisa exploratória, Andrade (2002) ressaltou algumas

finalidades primordiais, como: proporcionar maiores informações sobre o assunto que foi

investigada, facilitando a delimitação do tema de pesquisa; orientar a fixação dos objetivos e a

formulação das hipóteses; descobrir um novo tipo de enfoque sobre o assunto para que

possam ser pesquisadas por estudos posteriores.

O presente estudo foi de natureza retrospectiva, com o objetivo de caracterizar o

absenteísmo entre profissionais de enfermagem de um Serviço de Pronto Atendimento,

identificando variáveis como cargo, motivo e tempo de afastamento.

2.2 Local de estudo

Foi realizado no Serviço de Pronto Atendimento, localizado na Rua Oscar

Carneiro s/nº- Peixinhos/Olinda-PE.

Olinda é um município brasileiro da região metropolitana do Recife, capital do

estado de Pernambuco. Está situado a 08° 00' 32" de latitude sul e 34° 51' 18" de longitude

oeste, distante 7 km da capital estadual, e com território de 43,548km². Em 2013 sua

população foi estimada em 388.127 habitantes (IBGE, 2013).

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Desde 2008, o SPA adulto desenvolve atendimento de urgência clínica, sutura,

nebulização, drenagem de abscesso, imunização contra tétano e antirrábica, teste rápido de

HIV, laboratório de análises clínicas 24 horas e assistência farmacêutica.

2.3 População e amostra

A população deste estudo foi toda a equipe de enfermagem da Unidade de Pronto

Atendimento de Peixinhos, representada por 87 profissionais, sendo: 18 enfermeiros/a; 69

auxiliares e técnicos/as de enfermagem.

A amostra baseou-se nos profissionais da equipe de enfermagem que

apresentaram alguma ocorrência de absenteísmo no período de 01 de junho de 2010 a 30 de

maio de 2011. Dos 81 trabalhadores com registro de ausências não previstas, 15 eram

enfermeiros/a e 66 auxiliares e técnicos/as de enfermagem.

2.4 Critérios de inclusão e exclusão

Critérios de Inclusão: Todos os membros da equipe de enfermagem que tiveram

ausência não prevista no decorrer do período da investigação.

Critério de exclusão: Foram excluídos deste estudo os dados com fichas do

Sistema de Informações Gerenciais (SIG)1 incompletas ou ilegíveis e os de os casos de

absenteísmo legal2 dos profissionais de enfermagem.

2.5 Período de estudo

A pesquisa foi realizada a partir dos registros funcionais da equipe de enfermagem

do SPA Olinda referente ao período de 01 de junho de 2010 a 30 de maio de 2011, sob guarda

do Setor de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde de Olinda, entre os meses de junho e

agosto de 2012.

1 As fichas do Sistema de Informações Gerenciais (SIG) são utilizadas em todas as unidades de saúde para

alimentar os registros do setor de Recursos Humanos da Secretaria de Saúde de Olinda.

2 Considera-se absenteísmo legal a ausência ao trabalho respaldada por lei (ex: gestação, serviço militar, doação

de sangue, etc).

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2.6 Procedimentos para coleta e tratamento de dados

Os dados foram coletados e registrados em instrumento estruturado (APÊNDICE

A), contendo 07 (sete) questões elaboradas pela própria autora de forma a garantir o alcance

dos objetivos propostos, através da folha de frequência dos trabalhadores e das fichas (SIG).

Nas análises dos resultados foram utilizados métodos descritivos, agrupando-se as

respostas em tabelas e gráficos.

Pela ausência de distinção entre as atividades dos auxiliares e técnicos de

enfermagem, optou-se por agrupar as duas categorias profissionais.

2.7 Aspectos bioéticos

O projeto foi analisado e aprovado pela Secretaria de Saúde da cidade de Olinda –

PE, através de carta de anuência (ANEXO A), atendendo a exigências formais contidas na

Resolução 466/12, sobre pesquisas que envolvem seres humanos (BRASIL, 2012).

A pesquisadora assume a responsabilidade quanto ao uso apropriado dos dados

(apenas para estudo e publicação), resguardando os princípios de confidencialidade,

privacidade e proteção da imagem das pessoas envolvidas na pesquisa.

Tendo em vista que a obtenção dos dados da pesquisa foi realizada através de

fichas funcionais, sem a necessidade de entrevistas ou observação do público-alvo desta

monografia, é que não se procedeu à inscrição da presente pesquisa no Comitê de Ética da

Funeso, conforme entendimento da aluna, da professora orientadora e da coordenadora do

curso.

2.8 Limitações metodológicas

Em virtude do surgimento de aspectos relevantes para a pesquisa durante a

consolidação dos resultados, foi necessário efetuar a coleta de dados em mais de um

momento. O primeiro e principal momento ocorreu em 2012 (ver item 4.5). Já algumas

informações complementares foram coletadas no primeiro semestre de 2014.

O interstício entre as coletas, bem como mudanças ocorridas no acesso às

informações trouxeram limitações para o estudo.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados do trabalho são apresentados e discutidos, seguindo a estrutura do

instrumento de coleta. Inicialmente, discute-se o perfil dos profissionais de enfermagem

absentas e, posteriormente, a caracterização do absenteísmo e os motivos dos afastamentos.

3.1 Perfil dos profissionais com absenteísmo

A equipe de enfermagem do SPA Peixinhos/Olinda, no período de junho/2010 a

maio/2011, contava com um total de 87 profissionais, entre os quais 18 (21%) eram

enfermeiros/as e 69 (79%), de técnicos(as) /auxiliares de enfermagem.

TABELA 2 – Distribuição dos profissionais com absenteísmo e dos profissionais da equipe

PROFISSIONAIS COM

ABSENTEÍSMO (n=81)

PROFISSIONAIS DA

EQUIPE (n=87)

CATEGORIA PROFISSIONAL TOTAL % TOTAL %

Enfermeiro/a 15 19 18 21

téc./aux. enfermagem 66 81 69 79

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Desse grupo, 81 (93%) apresentaram absenteísmo entre junho/2010 e maio/2011,

sendo 15 (19%) destes enfermeiros/as e 66 (81%) técnicos(as)/auxiliares de enfermagem

(Tabela 2 e Gráfico 1).

GRÁFICO 1 – Relação de profissionais sem absenteísmo x profissionais com absenteísmo

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

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Resultado idêntico é encontrado na pesquisa de Magalhães et al. (2011) num

hospital universitário do Rio de Janeiro, em que dentro de uma população investigada de 70

(100%) profissionais de enfermagem, 65 (93%) apresentaram afastamentos por motivos de

doença, enquanto 5 (7%) não registraram absenteísmo.

Na Tabela 3 é apresentada a distribuição dos profissionais de enfermagem com

registro de absenteísmo segundo as variáveis elaboradas no instrumento para coleta de dados.

TABELA 3 – Distribuição da equipe de enfermagem com absenteísmo

TOTAL (n=81) %

CATEGORIA PROFISSIONAL

Enfermeiro/a 15 19

téc./aux. enfermagem 66 81

SEXO

feminino 65 80

masculino 16 20

TURNO

diurno 36 44

noturno 45 56

FAIXA ETÁRIA

18 a 25 anos 2 2

26 a33 anos 15 19

34 a 41 anos 21 26

42 a 49 anos 17 21

50 a 57 anos 22 27

Mais de 58 anos 4 5

TEMPO DE SERVIÇO

≤ 2 anos 3 4

2 e ≤ 4 anos 12 15

4 e ≤ 6 anos 10 12

6 e ≤ 8 anos 14 17

8 e ≤ 10 anos 16 20

10 e ≤ 15 anos 11 14

15 anos 15 19

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Diversos autores destacam que a evolução da história da enfermagem no Brasil

sempre foi acompanhada por uma espécie de marginalização profissional, tendo uma série de

fatores contribuindo nesse sentido, como por exemplo: ser uma atividade eminentemente

feminina e ter sua origem vinculada com o doar-se e servir no cuidado do outro (HARBS;

RODRIGES; QUADROS, 2008).

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Em relação à distribuição da população absenta de acordo com o sexo, a mulher

prevalece em todas as categorias profissionais da enfermagem perfazendo 80% da equipe

(Gráfico 2), dada a tendência observada na profissão de prevalência do perfil feminino.

Em estudo realizado pelo Ministério da Saúde, em 2000, sobre o perfil de

médicos/as e enfermeiros/as no Programa de Saúde da Família (PSF), pode-se observar que a

saúde pública (predominantemente trabalho assalariado) é um espaço de concentração de

trabalho feminino. A composição da enfermagem, nesse programa institucional, era de

90,91% de mulheres.

GRÁFICO 2 – Distribuição dos profissionais com absenteísmo por sexo

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Com relação ao perfil dos trabalhadores com ausentismo por turno de trabalho, a

maioria dos profissionais com registro de afastamentos no SPA exerce suas atividades no

turno da noite 45 (56%), contra 36 (44%) no turno diurno. A distribuição dos

técnicos(as)/auxiliares entre os turnos diurno e noturno é 31 (47%) e 35 (53%),

respectivamente. Obedecendo à sequência anterior, a proporção de enfermeiros/as absentas

por turno é de 1:2, ou seja, enquanto o turno diurno conta com 5 (33%) enfermeiros/as, o da

noite possui 10 (67%), (Gráfico 3).

GRÁFICO 3 – Distribuição dos enfermeiros/as com absenteísmo por turno de trabalho

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

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Aproximadamente 27% dos profissionais da equipe de enfermagem com registro

de afastamentos (excetuados os casos previstos pelo critério de exclusão) estão concentrados

na faixa etária de 50 a 57 anos e 26%, de 34 a 41 anos (Tabela 3).

Do universo observado de profissionais absentas, temos 16 (20%) somando mais

de 8 a 10 anos de tempo de serviço e 15 (19%) com mais de 15 de atuação.

3.2 Caracterização do absenteísmo

TABELA 4 – Distribuição de dias de absenteísmo no SPA (junho/2010 a maio/2011)

TOTAL DIAS (n=1081) % Média Máximo Mínimo

CATEGORIA PROFISSIONAL

Enfermeiro/a 206 19

téc./aux. enfermagem 875 81

SEXO

feminino 814 75

masculino 267 25

TURNO

diurno 428 40

noturno 653 60

FAIXA ETÁRIA

18 a 25 anos 36 3

26 a33 anos 200 19

34 a 41 anos 411 38

42 a 49 anos 174 16

50 a 57 anos 214 20

Mais de 58 anos 46 4

TEMPO DE SERVIÇO

≤ 2 anos 49 5

2 e ≤ 4 anos 168 16

4 e ≤ 6 anos 176 16

6 e ≤ 8 anos 226 21

8 e ≤ 10 anos 278 26

10 e ≤ 15 anos 77 7

15 anos 107 10

AFASTAMENTOS 12 60 1

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Entre junho/2010 e maio/2011, foram registrados no SPA Peixinhos/Olinda 1081

dias de ausências não previstas (absenteísmo) para todas as categorias do conjunto de

trabalhadores de enfermagem da unidade de saúde. A partir dos dados consolidados encontra-

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se uma média aproximada de 123 dias perdidos de trabalho por profissional, com dias de

afastamento máximo e mínimo de 60 e 1, respectivamente (Tabela 4). Ao observar o volume e

os motivos de ausências por doenças da equipe de 647 auxiliares, técnicos de enfermagem e

enfermeiros de um hospital de São Paulo, Sancinetti (2009) constatou o registro de 11.948

dias de absenteísmo, o que representa uma média de 18 dias de ausências não previstas, no

período de janeiro a dezembro de 2010. Portanto, é possível afirmar que para o período

analisado o SPA possui resultados de ausentismo abaixo do registrado na literatura.

Continuando a análise por segmento, podemos destacar a prevalência de dias de

absenteísmo entre: os/as técnicos(as)/auxiliares de enfermagem (81%); sexo feminino (75%);

turno noturno (60%); faixa etária de 34 a 41 anos (38%); e tempo de serviço de mais de 8 até

10 anos (26%).

TABELA 5 – Média de absenteísmo no SPA (junho/2010 a maio/2011)

ENFERMEIRO/A TÉC./AUX. DE ENFERMAGEM

SEXO

feminino 13 dias 12 dias

masculino 20 dias 16 dias

TURNO

diurno 9 dias 12 dias

noturno 16 dias 14 dias

FAIXA ETÁRIA

18 a 25 anos - 18 dias

26 a33 anos 11 dias 14 dias

34 a 41 anos 33 dias 16 dias

42 a 49 anos 4 dias 12 dias

50 a 57 anos 5 dias 10 dias

Mais de 58 anos 1 dia 15 dias

TEMPO DE SERVIÇO

≤ 2 anos 32 dias 9 dias

2 e ≤ 4 anos 4 dias 17 dias

4 e ≤ 6 anos 2 dias 19 dias

6 e ≤ 8 anos 15 dias 17 dias

8 e ≤ 10 anos 20 dias 16 dias

10 e ≤ 15 anos 1 dia 8 dias

15 anos - 7 dias

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

3 A média de 12 dias pode ser encontrada através da divisão do número de dias de ausências não previstas (1081)

pelo número total de profissionais da unidade de saúde (87).

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A Tabela 5 que foi construída a partir da relação das Tabelas 3 e 4 a fim de

demonstrar a razão: distribuição de dias de absenteísmo/distribuição da equipe de

enfermagem com absenteísmo, ou seja, a média de dias de absenteísmo. Por meio da

proporção é possível reconhecer os principais resultados para a nossa análise.

A primeira análise pode ser visualizada no Gráfico 4, em que se apresenta a média

de absenteísmo por categoria profissional e sexo. Enquanto a média de dias de afastamento

para o sexo feminino permaneceu próximo ao da média geral, seja no caso das

técnicas/auxiliares de enfermagem (12 dias) ou das enfermeiras com aproximadamente 13

dias, a média masculina supera bastante os resultados obtidos no sexo oposto, 16 e 20 dias,

respectivamente.

Os resultados encontrados por sexo contrariam algumas pesquisas que apontam

que a mulher apresenta afastamentos superiores ao dos homens (COSTA; VIEIRA; SENA,

2009; REIS et al., 2003).

Carne (1969, apud MARQUES NETO, 2006) elenca pesquisas em que o

absenteísmo por motivo de doença é maior no sexo masculino, encontrando um valor médio

de 41,2% entre homens e de 32,3% entre mulheres por um quantitativo de 100 entre os dois

gêneros sob risco. No mesmo sentido, Enterline (1964, apud MARQUES NETO, 2006),

afirma que apenas mulheres casadas apresentam absentismo-doença maior que o dos homens.

GRÁFICO 4 – Média de absenteísmo por categoria profissional e sexo

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Vale salientar que tal resultado atípico neste trabalho deve-se ao registro de um

afastamento de 60 dias de 1 único profissional do sexo masculino, enfermeiro. Sem dúvidas,

esse dado foi preponderante para causar a elevação e distorção da média neste grupo.

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Em relação à variável do turno de trabalho, a média de absenteísmo encontrada

confirmou os resultados encontrados em geral na literatura A maior concentração dos

afastamentos entre os profissionais lotados no turno da noite se justifica pelos prejuízos

causados com a execução de atividades no referido período, sendo tais prejuízos vinculados a

mudanças dos ritmos biológicos e conflitos de ordem familiar e social (RIBOLDI, 2008) A

autora também enfatiza a influência direta da variável turno de trabalho no processo saúde-

doença da equipe de enfermagem, propiciando a ocorrência de acidentes de trabalho e

acentuando a exposição a estressores ambientais.

GRÁFICO 5 – Média de absenteísmo por categoria profissional e turno de trabalho

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Os/as técnicos(as)/auxiliares de enfermagem lotados no turno da manhã

apresentaram uma média de absenteísmo de 12 dias, ao passo que os lotados no turno noturno

registraram uma média 14 dias. Chama atenção a média de 16 dias de ausências não previstas

dos/as enfermeiros/as no turno da noite contra 9 dias para a mesma categoria profissional do

turno diurno, superando a média geral de 12 dias, encontrada para os profissionais do SPA

(Gráfico 5).

Nas Tabelas 4 e 5 ainda é possível observar o absenteísmo por faixa etária.

Aproximadamente 38% das ausências, ou seja, 411dias ocorreram entre profissionais com

idade entre 34 e 41 anos. Com um recorte por categoria profissional verifica-se a prevalência

da referida faixa etária entre os/as enfermeiros/as, com uma média de 33 dias de afastamento.

Vale salientar ainda que no período eleito para o presente estudo, o SPA não registrou

qualquer ausência não prevista em enfermeiros/as com idade de 18 a 25 anos.

Por meio do levantamento do absenteísmo de trabalhadores de enfermagem de um

hospital de Porto Alegre, Riboldi (2008) constatou a concentração das ausências entre os

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profissionais com idade entre 41 e 50 anos. Em Costa, Vieira e Sena (2009), afirma-se que a

idade média dos absentas é de 25 a 45 anos. Já num hospital universitário de São Paulo, a

idade média dos profissionais ausentes é de 40 anos (SANCINETTI et al., 2009).

Por sua vez, a predominância do absenteísmo no grupo de técnicos(as)/auxiliares

de enfermagem é da faixa etária de 18 a 25 anos (18 dias), seguida do intervalo de 34 a 41

anos (16 dias) (Gráfico 6). Essa tendência acompanha a tese de Robbins (2005) em que a

relação idade-absenteísmo é uma questão de a ausência ser ou não evitável. Observando-se

geralmente que funcionários mais velhos possuem taxas mais baixas de faltas evitáveis que os

mais jovens, apesar de registrarem taxas mais altas de faltas não-evitáveis.

Segundo Marques Neto (2006) é difícil compreender porque os indivíduos mais

jovens apresentam um maior número de ausências que a dos mais idosos. O autor aponta os

aspectos psicológicos como possível explicação do que as causas somáticas propriamente

ditas. Assim, nas faixas etárias mais jovens existiria menor senso de responsabilidade que nas

mais idosas.

GRÁFICO 6 – Média de absenteísmo por categoria profissional e faixa etária

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

A relação idade-tempo de serviço aparece em Wilson (1961, apud MARQUES

NETO, 2006), em que os índices de frequência apenas são mais altos em funcionários jovens,

com pouco tempo de serviço, entre os quais o índice de duração é baixo; entre os

trabalhadores mais velhos, com maior tempo de serviço, o contrário é verdadeiro. No estudo

de Riboldi (2008), em relação ao vínculo empregatício, profissionais de enfermagem com

maior tempo de serviço ausentam-se mais das atividades laborais.

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GRÁFICO 7 – Média de absenteísmo por categoria profissional e tempo de serviço

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Acima, o Gráfico 7 demonstra o absenteísmo por tempo de serviço. Numa visão

geral a maior frequência de ausências é registrada na faixa de mais de 8 até 10 anos de serviço

(ver Tabela 4). A partir de uma análise segmentada por grupo profissional, o resultado

anterior dissolve-se entre os demais intervalos. Entre a equipe de enfermeiros/as a prevalência

de afastamentos advém daqueles profissionais com até 2 anos de tempo de serviço, com uma

média de 32 dias de ausências. O resultado torna-se mais surpreendente ao verificarmos que o

período de 32 dias é referente a apenas 1 profissional (ao longo do período de análise, o

Serviço de Pronto Atendimento só possuía registro de 1 enfermeiro com absenteísmo e com

tempo de serviço de até 2 anos). A maior média de absenteísmo no grupo dos/as

técnicos(as)/auxiliares situa-se na faixa de tempo de serviço compreendida de mais de 4 até 6

anos (19 dias).

Os principais meses de ocorrência das ausências são dezembro, setembro e

novembro, com um total de 215, 162 e 155 dias, respectivamente. Dentro da análise por

categoria profissional, os/as técnicos(as)/auxiliares de enfermagem foram os que mais se

aproximaram da tendência geral com meses de pico, dezembro (197 dias), novembro (142

dias) e setembro (129 dias). No grupo de enfermeiros/as os três meses com maior acúmulo de

absenteísmo foram julho (41dias), março (37dias) e setembro (33 dias) (Gráfico 8 e Apêndice

B).

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GRÁFICO 8 – Evolução mensal do absenteísmo no SPA (junho/2010 a maio/2011)

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

3.3 Causas do absenteísmo

Em um documento elaborado para combater o absenteísmo, Stockmeier (2004)

elenca alguns espécies de causas podem afetar o nível de absenteísmo nas instituições em

geral:

a) Cúmplices Pessoais Internos: como chefes e encarregados que não monitoram a

presença de seus subordinados no setor onde deveriam estar, muito menos medem

então sua produtividade (pulso fraco);

b) Cúmplices Pessoais Externos: como elementos de repartição pública que justificam

a visita do funcionário por um prazo maior do que realmente ocorreu;

c) Cúmplices Ambientais Internos: Presença de cantinas, cafezinhos, fumódromos,

serviços médicos assistenciais cúmplices e refeições demoradas;

d) Cúmplices Ambientais Externos: Festas típicas regionais, cultos religiosos,

catástrofes e outros motivos diversos.

e) Problemas Socioeconômicos: Baixos salários, não participação em lucros e

resultados, ausência de um plano de carreira;

f) Problemas pessoais no trabalho: desavenças com chefes ou encarregados,

desentendimento com colegas (ambiente psicopatológico de trabalho);

g) Problemas de desadaptação ao trabalho: trabalho em turnos noturnos, trabalho

insalubre, trabalho perigoso, desadaptação ou aversão pessoal a tarefa realizada,

desestímulo a tarefa a ser feita;

h) Problema de abuso de drogas: Uso abusivo de álcool, uso de outras drogas.

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No caso de equipes de enfermagem com atividades em unidades de saúde o que

fica evidenciado é que o ambiente de trabalho predispõe os profissionais ao adoecimento e

consequentemente ao absentismo. Ou seja, as patologias relacionadas ao trabalho possuem

associação direta com as condições e a organização do trabalho e à medida que os

profissionais de enfermagem executam suas atividades em condições desfavoráveis ficam

cada vez mais predispostos ao desenvolvimento dessas doenças (ALVES, GODOY e

MOREIRA, 2006).

Na literatura, duas pesquisas apontaram o adoecimento do sistema osteomuscular

dos profissionais da equipe de enfermagem como principal causa das ausências não previstas

(SANCINETTI et al., 2009; COSTA; VIEIRA; SENA, 2009). Sendo identificados como

decorrente do risco ergonômico a que os trabalhadores são submetidos no próprio ambiente de

trabalho, a doença osteomuscular está bastante presente no cotidiano dos profissionais de

enfermagem.

Em relação às doenças osteomusculares, a OMS designou o decênio de 2000 a

2010 como a década do osso e da articulação, devido a importância crescente entre as doenças

e lesões osteoarticulares que incidem na população mundial. Para o ano de 2015, estima-se

que estas serão a primeira causa de maiores gastos em saúde, considerando que se constitui

em uma das causas mais frequentes de absenteísmo laboral e invalidez permanente.

Outro tipo de doença bastante prevalente nesse grupo profissional é a de caráter

mental e comportamental. Segundo Magalhães et al. (2011), uma vez que o profissional de

enfermagem precisa lidar diariamente a angústia e o sofrimento dos pacientes assistidos por

ele, é que o risco de transtornos mentais, ocasionado por pressões psicológicas, é

característico do próprio objeto de trabalho da enfermagem.

FIGURA 1 – Prevalência dos grupos de doenças (CID-10) que geram absenteísmo

Fonte: Sancinetti (2009).

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Em uma pesquisa sobre absenteísmo por doença na equipe de enfermagem,

Sancinetti (2009) verificou que os dois grupos de doenças com maior impacto na quantidade

de dias de afastamento eram, respectivamente: grupo de doenças do sistema osteomuscular e

tecido conjuntivo com 41,5% e transtornos mentais com 28,4% (Figura 1).

Também no estudo de Magalhães et al. (2011) o principal problema gerador de

afastamento está relacionado às doenças do sistema osteomuscular, totalizando 36 (55,3%).

Na sequência, um importante problema de saúde que aparece com significativa relevância está

relacionado às doenças mentais e comportamentais com 15 (23%).

Em outro estudo, Murofase (2004), através da análise dos diagnósticos médicos

registrados nos atendimentos aos trabalhadores de 23 unidades de uma instituição hospitalar e

com base no CID-10, encontrou que os problemas de saúde estavam distribuídos nos

seguintes grupos: fatores que influenciam o estado de saúde (20,15%); doenças do sistema

osteomusculares (11,83%); transtornos mentais e comportamentais (11,40%); doenças

respiratórias (10,69%); doenças do aparelho circulatório (8,62%) e lesões, envenenamento e

causas externas (8,25%).

Para a apresentação dos resultados deste trabalho, as doenças foram agrupadas

com base no CID-10, segundo cada categoria profissional abordada. Os agravos à saúde

foram agrupados em 14 categorias. Nota-se a partir do Gráfico 9 que o principal motivo dos

afastamentos está relacionado às doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo

(21%). Percebe-se que esta patologia já vem sendo abordada na literatura como importante

doença do trabalho, apesar de não estar relacionada exclusivamente ao universo laboral da

enfermagem.

GRÁFICO 9 – Principais motivos de afastamentos por doença no SPA

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

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É importante destacar que apesar de sua grande representatividade neste estudo e

do impacto da lesão por esforço repetitivo (LER) e distúrbio osteomuscular relacionado ao

trabalho (DORT), as doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo não se tratam de um

problema atual, uma vez que desde a década de 90, o tema é discutido entre grupos de

especialistas da área de saúde, previdenciários, sociais e políticos com a finalidade de reduzir

seu impacto sobre a saúde do trabalhador, embora os esforços não tenham sido suficientes

para superar as polêmicas e controvérsias envolvidas com a questão dessa doença relacionada

ao trabalho.

Godoy (2006) afirma que a sobrecarga osteomuscular e o estresse, presentes nas

situações de trabalho hospitalar podem ser aplicados para estabelecer o nexo causal da

lombalgia com o trabalho. Na enfermagem, grupo majoritário quantitativamente numa

unidade de saúde, é apontado, com frequência, a má postura corporal dos trabalhadores e a

inadequação do espaço físico e mobiliário, como predisponentes à ocorrência de problemas

osteomusculares.

TABELA 6 – Distribuição de ocorrências dos afastamentos por CID

CID Enfermeiros/

as

Téc./Aux.

Enfermagem

Tota

l %

MOTIVOS DOS AFASTAMENTOS

doenças infecciosas parasitárias A00 - B99 - 2 2 1

doenças neoplásicas malignas e benignas C00 - D48 - 2 2 1

doenças do sangue e transtornos imunológicos D50 - D89 - 2 2 1

doenças endócrinas nutricionais e metabólicas E00 - E90 4 3 7 4

doenças mentais e comportamentais F00 - F99 7 10 17 9

doenças do sistema nervoso G00 - G99 5 8 13 7

doenças dos órgãos sensoriais H90 - H95 7 2 9 5

doenças do sistema circulatório I00 - I99 - 7 7 4

doenças do sistema respiratório J00 - J99 8 9 17 9

doenças do sistema digestivo K00 - K93 3 - 3 2

doenças do sistema osteomuscular e do tecido

conjuntivo

M00 - M99 20 21 41

2

1

doenças do sistema geniturinário e reprodutor

N00 - N99 13 16 29 1

5

sintomas, manifestações e condições mal definidas

V01-Y98 10 13 23 1

2

fatores que influenciam o estado de saúde e contato

com serviços de saúde

Z00-Z99 11 15 26

1

3

Fonte: SPA/DP/SSO. Dados da pesquisa

Outro importante problema de saúde que aparece com significativa relevância no

levantamento está relacionado às doenças do sistema geniturinário e reprodutor (15%). Esse

problema possivelmente está relacionado à categoria profissional estudada ser tipicamente

feminina.

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Na sequência, as demais principais doenças responsáveis pelo absenteísmo da

equipe profissional de enfermagem do SPA Olinda foram: fatores que influenciam o estado de

saúde e contato com serviços de saúde (13%); sintomas, manifestações e condições mal

definidas (12%); doenças mentais e comportamentais (9%); doenças do sistema respiratório

(9%).

Por terem apresentado um reduzido número de ocorrências, 8 grupos de doenças

ficaram fora da análise gráfica acima apresentada. Contudo, o resultado completo das 14

categorias pode ser apreciado abaixo (Tabela 6).

Vale lembrar que numa unidade de saúde pública existem certos benefícios como

licença-prêmio, faltas abonadas, troca de plantões e folgas, o que pode levar a um

“mascaramento” do absenteísmo, até mesmo à subnotificação e ao subdiagnóstico dos

verdadeiros motivos que levam ao afastamento, apesar de se afastarem mais que os

funcionários contratados pelo regime celetista (ARAÚJO; MESSIAS; BARBOSA, 2009).

CONCLUSÃO

A falta de um tratamento adequado, tanto preventivo quanto repressivo, do

absenteísmo nas instituições gera diversos tipos de problemas. Entre as principais

consequências do absentismo, pode-se destacar: sobrecarga de trabalho; insatisfação

(individual e do grupo); perda da noção do trabalho em equipe; prejuízo da imagem

institucional; prejuízo da imagem pessoal do profissional; insatisfação dos usuários; prejuízo

à saúde dos usuários etc.

O tratamento do absenteísmo deve ser realizado não somente através de dados

quantitativos, mas também através da compreensão dos problemas socioeconômicos e

culturais em toda a sua complexidade, conhecendo a individualidade de cada profissional.

Já o dimensionamento de pessoal de enfermagem, nas palavras de Fugulin (2002),

é um processo sistemático que tem como objetivo a previsão da quantidade e qualidade por

categoria profissional (enfermeiro/a, técnico/a e auxiliar de enfermagem) necessária para

atender, direta ou indiretamente, às necessidades de assistência de enfermagem dos usuários

de determinado serviço de saúde. O dimensionamento é considerado uma ferramenta

estratégica na redução do absenteísmo por se tratar de um instrumento gerencial que permite

uma adequação dos recursos humanos às reais necessidades de assistência (ANTUNES, 2003

apud MARTINATO et al., 2010).

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Para Nicola (2005, apud MARTINATO et al., 2010), o dimensionamento

fundamenta e enriquece o poder de argumentação da equipe de enfermagem frente à

administração, determinando o número e a categoria profissional requerida para prover os

cuidados de enfermagem que mantenham a qualidade. É um importante instrumento de

auxílio e suporte para o/a enfermeiro/a prover o quantitativo e qualitativo suficiente de

trabalhadores para a realização das atividades de enfermagem. Projetado para ser um

instrumento com base nas reais necessidades a serem ofertadas numa determinada unidade,

promove consequentemente a melhoria da qualidade na assistência de enfermagem e não

sobrecarrega o trabalhador.

Apesar de ser considerada uma importante ferramenta para redução do

absenteísmo, é importante ter em mente que na maioria das vezes o dimensionamento não é

realizado da forma adequada, favorecendo a manutenção da insatisfação dos profissionais

com as condições de trabalho.

Com base nos objetivos formulados para este estudo, verificou-se que ocorreram

1081 dias de afastamentos do trabalho no período de junho/2010 a maio/2011, envolvendo 81

trabalhadores de enfermagem. Através da população da equipe de enfermagem foi possível

obter uma média global de 12 dias de afastamento por profissional do SPA (número médio de

dias perdidos por cada profissional do SPA no período de estudo), e na análise com outras

variáveis observou-se que: a média de absenteísmo dos profissionais do sexo masculino

superou a das mulheres em todas as categorias profissionais; a média de dias de afastamento

no turno da noite foi maior que no turno diurno (tanto entre os/as técnicos(as)/auxiliares de

enfermagem quanto para os enfermeiros/as); as faixas etárias que se destacaram em relação às

médias de ausências foram de 34 a 41 anos (enfermeiros/as) e de 18 a 25 anos

(técnicos(as)/auxiliares de enfermagem).

As principais causas das ausências não previstas dos profissionais ocorreram por

problemas no sistema osteomuscular e tecido conjuntivo (em todas as categorias

profissionais), vindo em seguida as doenças do sistema geniturinário e reprodutor.

Com os resultados do presente trabalho, espera-se contribuir para a análise dos

processos de gestão da instituição estudada e também de outros contextos, especialmente na

área de planejamento e adequação de recursos humanos. Os achados também poderão

alavancar subsídios para ações gerenciais mais direcionadas e eficazes, tanto em nível

institucional quanto do próprio trabalhador. Além disso, possibilitam a construção de outras

pesquisas sobre o assunto, visto que a temática é ampla e ainda há lacunas de conhecimento a

serem preenchidas para seu melhor entendimento.

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A investigação ainda permitiu que se traçassem linhas de intervenção para o

absenteísmo, com enfoque na qualidade de vida desses trabalhadores, seja através de

programas preventivos ou dimensionamento da equipe. Portanto, sugere-se que estes sejam

centrados na resposta diária do trabalhador de enfermagem, proporcionando e estimulando

estratégias adaptativas ante as situações de maior impacto biopsicossocial.

RECOMENDAÇÕES

Entre as estratégias para minimizar o absenteísmo na enfermagem, duas se

destacam na literatura: a utilização de ações preventivas, para tornar as condições de trabalho

mais adequadas e o uso de instrumentos de dimensionamento de pessoal da enfermagem

(MARTINATO et al., 2010).

Por ações preventivas entendem-se as políticas de suporte administrativo,

relacionamento interpessoal e divisão adequada de trabalho com número suficiente de

profissionais de enfermagem, que tornam as condições de trabalho mais adequadas e reduzem

o adoecimento, sendo imprescindível que essas estratégias sejam apoiadas pelo gerenciamento

para possibilitar a redução de estresse laboral e desenvolver um programa de saúde do

trabalhador.

Pires, Magalhães, Menezes e Costa (2014) elencam exemplos importantes de

medidas preventivas:

Manutenção periódica de equipamentos e área física para obtenção de um ambiente

salubre;

Adaptação de móveis e bancadas segundo o conceito de ergonomia e redução de

esforço físico;

Contratação de profissionais de Educação Física, para promoção de aulas diárias ou

semanais, com objetivo de relaxamento, alongamento e resistência muscular;

Criação de grupos de conversa ou de apoio com a participação de um psicólogo e/ou

um psiquiatra, permitindo o enfrentamento melhor do estresse;

Elaboração de estratégias que favoreçam a organização de grupos de autoajuda para

encaminhamento de solução de problemas pessoais relacionados à dinâmica familiar e

do serviço;

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Promoção de exames médicos periódicos, permitindo a identificação precoce de

problemas de saúde que poderiam manifestar tardiamente;

Intensificação das campanhas de prevenção de doenças infecciosas, relembrar medidas

de higiene pessoal que podem prevenir doenças diarreicas e infecções intestinais, e

incentivar a lavagem das mãos após cada procedimento e o uso de EPI adequado;

Aprofundamento da comunicação, pois a informação escrita é insuficiente. Isso inclui

tempo hábil para passagem de serviço entre as equipes, reuniões regulares da equipe

de saúde, o que garante maiores informações sobre o usuário e a melhor qualidade de

cuidados, aliviando a ansiedade;

Adoção de comportamento de segurança, englobando formação, educação continuada,

supervisão qualificada, organização do trabalho, recursos materiais para cumprimento

rigoroso dos procedimentos profissionais indicados para o cuidado em doenças

infecciosas;

Atenção de uma equipe de Segurança do Trabalho, que conheça as condições de

trabalho da instituição e possa intervir nos principais fatores que levam ao

absenteísmo; dotação de material adequado a todos os casos, bem como para o

transporte de pacientes.

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APÊNDICE – A – INSTRUMENTO ESTRUTURADO PARA COLETA DE DADOS

Iniciais do funcionário ___________________

1) Sexo Masculino Feminino

2) Idade

18 a 25 anos 42 a 49 anos

26 a 33 anos 50 a 57 anos

34 a 41 anos Mais de 58 anos

3) Função

Técnico(a)/Auxiliar de Enfermagem

Enfermeiro/a

4) Tempo de Serviço na função:

≤ 2 anos 10 e ≤ 15 anos

2 e ≤ 4 anos 15 anos

4 e ≤ 6 anos

6 e ≤ 8 anos

5) Total de absenteísmo mensal:

Jun

2010

Jul

2010

Ago

2010

Set

2010

Out

2010

Nov

2010

Dez

2010

Jan

2011

Fev

2011

Mar

2011

Abr

2011

Mai

2011

6) Turno de lotação: Diurno Noturno

7) CID dos afastamentos: ______________________________________________________

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APÊNDICE B – TABELA COM EVOLUÇÃO MENSAL DO ABSENTEÍSMO NO SPA

Enfermeiros/as Téc./Aux. Enfermagem

MÊS

junho/2010 6 42

julho/2010 41 78

agosto/2010 3 53

setembro/2010 33 129

outubro/2010 12 88

novembro/2010 13 142

dezembro/2010 18 197

janeiro/2011 32 70

fevereiro/2011 5 24

março/2011 37 50

abril/2011 4 1

maio/2011 2 1

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ANEXO A – CARTA DE ANUÊNCIA DA SECRETARIA DE SAÚDE DE OLINDA PARA

A REALIZAÇÃO DA PESQUISA

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ANEXO B – REGISTRO DA PESQUISA NA COMISSÃO DE ÉTICA EM PESQUISA

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